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ESTA´TICA DO CORPO RI´GIDO 1. Equilı´brio de um corpo rı´gido. • Vimos que as forc¸as externas que atuam sobre um corpo rı´gido po- dem ser reduzidas a um sistema forc¸a-bina´rio com refereˆncia em al- gum ponto arbitra´rio O. • Quando a forc¸a e o bina´rio sa˜o ambos iguais a zero, as forc¸as externas formam um sistema equivalente a zero, e diz-se que o corpo rı´gido esta´ em equilı´brio. Portanto, as condic¸o˜es necessa´rias e suficientes para o equilı´brio de um corpo rı´gido sa˜o ~R = ∑ ~F = 0, (1) e ~MRO = ∑( ~r × ~F ) = 0. (2) 1 • As duas equac¸o˜es vetoriais acima se transformam em seis equac¸o˜es escalares: ∑ Fx = 0, ∑ Fy = 0, ∑ Fz = 0, (3)∑ Mx = 0, ∑ My = 0, ∑ Mz = 0. (4) • As equac¸o˜es acima nos dizem que, para um corpo rı´gido em equilı´brio, o sistema de forc¸as externas na˜o impo˜e qualquer movimento transla- cional ou rotacional ao corpo considerado. • As equac¸o˜es acima podem ser utilizadas para determinar forc¸as de- sconhecidas aplicadas ao corpo rı´gido, bem como reac¸o˜es desco- nhecidas aplicadas ao corpo por suportes. • Para que as equac¸o˜es de equilı´brio de um corpo rı´gido sejam expres- sas corretamente, primeiramente devemos identificar todas as forc¸as que atuam sobre o corpo e assim desenhar o diagrama de corpo-livre. 2. Equilı´brio em duas dimenso˜es - reac¸o˜es nos apoios e conexo˜es. • Vamos agora considerar o equilı´brio de estruturas bidimensionais. A estrutura analisada e as forc¸as a ela aplicadas esta˜o contidas no mesmo plano. • Ale´m das forc¸as aplicadas a` estrutura, as reac¸o˜es exercidas sobre ela por apoios e conexo˜es sera˜o considerados. • Uma reac¸a˜o especı´fica esta´ associada a cada tipo de suporte. • Para solucionarmos um problema relacionado ao equilı´brio de um corpo rı´gido, devemos primeiramente desenhar um diagrama de corpo livre considerando todas as forc¸as que atuam sobre o corpo. Alguns pontos importantes sobre o diagrama de corpo livre seguem abaixo: – Todas as forc¸as externas que atuam sobre o corpo devem ser con- sideradas. Forc¸as externas sa˜o as forc¸as de interac¸a˜o do corpo com a sua vizinhanc¸a, incluindo seu peso. – Os pontos de aplicac¸a˜o de cada forc¸a devem ser considerados, i.e., as forc¸as devem ser aplicadas em cada ponto de contato do corpo com o solo ou em pontos onde o corpo estiver conectado a outros corpos/estruturas. – O peso esta´ sempre aplicado ao centro de gravidade do corpo. – Quando o corpo rı´gido e´ formado por va´rias partes, as forc¸as e- xercidas pelas va´rias partes sobre as outras na˜o devem ser con- sideradas forc¸as externas, e sim forc¸as internas ao corpo. Por essa raza˜o, tais forc¸as na˜o devem ser consideradas no diagrama de corpo livre. – Algumas forc¸as externas que atuam sobre o corpo sa˜o conheci- das, e devem ser indicadas no diagrama com sua orientac¸a˜o cor- reta. – As forc¸as externas desconhecidas tambe´m devem ser indicadas. Estas geralmente consistem em reac¸o˜es que o solo e outros cor- pos exercem sobre o corpo rı´gido com o intuito de evitar um pos- sı´vel movimento do corpo. Tais forc¸as muitas vezes sa˜o chamadas de reac¸o˜es nos vı´nculos. – Os diagramas de corpo livre tambe´m devem incluir as dimenso˜es dadas. • As reac¸o˜es exercidas sobre uma estrutura bidimensional podem ser divididas em treˆs grupos, que correspondem a treˆs tipos de apoios, ou conexo˜es: – Reac¸o˜es equivalentes a uma forc¸a com linha de ac¸a˜o conhecida: apoios e conexo˜es que causam reac¸o˜es desse tipo podem impedir o movimento em uma direc¸a˜o apenas; tais reac¸o˜es envolvem ape- nas uma inco´gnita, a saber, a intensidade da reac¸a˜o. – Reac¸o˜es equivalentes a uma forc¸a de direc¸a˜o, sentido e inten- sidade desconhecidos: apoios e conexo˜es que causam reac¸o˜es desse tipo podem impedir a translac¸a˜o do corpo rı´gido em todas as direc¸o˜es, mas na˜o podem impedir o corpo de girar em torno da conexa˜o; as reac¸o˜es desse grupo envolvem duas inco´gnitas, as quais sa˜o geralmente representadas pelas componentes x e y da reac¸a˜o. – Reac¸o˜es equivalentes a uma forc¸a e um bina´rio: essas reac¸o˜es impedem qualquer movimento do corpo e, portanto, o imobilizam totalmente. Esse tipo de reac¸a˜o pode ser reduzida a uma forc¸a e um bina´rio e envolve treˆs inco´gnitas, que geralmente consistem nos dois componentes da forc¸a e no momento do bina´rio. • Em relac¸a˜o a`s reac¸o˜es, quando o sentido de uma forc¸a ou de um bina´rio na˜o for conhecido de imediato, nenhuma tentativa de deter- mina´-lo deve ser feita. Neste caso, o sentido da forc¸a ou do bina´rio deve ser arbitrariamente assumido, e o sinal da resposta obtida dira´ se a hipo´tese inicial esta´ correta ou na˜o. • Para o caso de uma estrutura bidimensional em equilı´brio (escolhendo os eixos x e y no plano da estrutura), teremos Fz = 0, Mx =My = 0, Mz =MO, (5) para cada uma das forc¸as aplicadas a` estrutura. Portanto, as seis equac¸o˜es de equilı´brio apresentadas anteriormente se reduzem a∑ Fx = 0, ∑ Fy = 0, ∑ MO = 0, (6) onde ∑ MO = 0 deve ser satisfeita independentemente da escolha da origem O (O pode ser substituı´do por um ponto qualquer no plano da estrutura). As treˆs equac¸o˜es obtidas podem ser resolvidas para no ma´ximo treˆs inco´gnitas. • Assim, as equac¸o˜es acima podem ser utilizadas para determinar as reac¸o˜es em um ou mais vı´nculos, dependendo dos tipos de suporte e/ou conexo˜es utilizados. • Na figura abaixo, a trelic¸a mostrada esta´ sujeita a`s forc¸as ~P , ~Q e ~S. A trelic¸a e´ mantida no lugar por um pino em A e um rolete em B, o qual impede a rotac¸a˜o da trelic¸a em torno de A. Tambe´m e´ mostrado o diagrama de corpo livre da trelic¸a. • Os tipos de apoio usados no exemplo acima sa˜o tais que o corpo rı´gido na˜o pode se mover sob o efeito das cargas dadas ou sob quais- quer outras condic¸o˜es de carregamento; neste caso diz-se que o corpo rı´gido esta´ completamente vinculado. As reac¸o˜es correspon- dentes a esses apoios envolvem treˆs inco´gnitas e podem ser determi- nadas resolvendo-se as treˆs equac¸o˜es de equilı´brio. Diz-se enta˜o que as reac¸o˜es sa˜o estaticamente determinadas. • Um corpo rı´gido esta´ impropriamente vinculado sempre que os su- portes, mesmo que fornec¸am um nu´mero suficiente de reac¸o˜es, es- tiverem dispostos de tal modo que as reac¸o˜es sejam concorrentes em um mesmo ponto ou paralelas (u´ltimo exemplo a seguir). Exemplo 1: Um guindaste fixo tem uma massa de 1000 kg e e´ usado para suspender um caixote de 2400 kg. O guindaste e´ mantido na posic¸a˜o indicada na figura por um pino em A e um suporte basculante em B. O centro de gravidade do guindaste esta´ localizado em G. Determine os componentes das reac¸o˜es em A e B. O primeiro passo e´ trac¸ar o diagrama de corpo livre do guindaste: Multiplicando as massas do guindaste e do caixote por 9,81 m/s2, obtemos os pesos correspondentes, isto e´, 9,81 kN e 23,5 kN. A reac¸a˜o no pino A e´ uma forc¸a de orientac¸a˜o desconhecida, mas que pode ser representada pelos seus componentes ~Ax e ~Ay. Escolhendo A como ponto de refereˆncia, teremos: ~MRA = ∑ ~MA = 0 → ~MRA = 0 = (−1,5j) × (Bi) − (2)(9,81)k − (6)(23,5)k = (1,5B − 19,62− 141)k→ 1,5B − 160,62 = 0→ ~B = (107,1 kN)i. Vamos tomar agora a soma das componentes horizontais: Ax+B = 0→ Ax = −B = −107,1→ ~Ax = (−107,1 kN)i. A soma das componentes verticais tambe´m deve ser nula: Ay − 9,81− 23,5 = 0→ Ay = 33,31→ ~Ay = (33,31 kN)j. Para verificarmos se as respostas esta˜o corretas relembramos que a soma dos momentos de todas as forc¸as externas em relac¸a˜o a qualquer ponto deve ser nula, portanto consideramos o ponto B e calculamos: ~MRB = ∑ ~MB = (1,5)(107,1)k − (2)(9,81)k − (6)(23,5)k = (160,6− 160,6) = 0. Exemplo 2: A estrutura mostrada sustenta parte do telhado de um pequeno pre´dio.Sabendo que a tensa˜o no cabo e´ 150 kN, determine a reac¸a˜o no ponto fixo E. O diagrama de corpo livre da estrutura e do cabo BDF e´ mostrado abaixo. A reac¸a˜o na terminac¸a˜o fixa E e´ representada pelas componentes da forc¸a ~Ex e ~Ey, e tambe´m pelo bina´rio ~ME. As outras forc¸as que atuam sobre o corpo sa˜o o carregamento formado pelas quatro forc¸as de 20 kN e a tensa˜o de 150 kN no cabo, que pode ser considerada como atuando no ponto F . Considerando primeiro o somato´rio das forc¸as em x, temos ∑ Fx = 0→ Ex+ Tx = 0, onde Tx e´ a componente da tensa˜o na corda ao longo de x. O com- primento do segmento DF e´ √ (6)2+ (4,5)2 = 7,5 m, logo Tx = (150) (4,5) (7,5) = 90 kN. Assim, Ex = −Tx = −90→ ~Ex = −90i kN. Para o somato´rio das forc¸as em y, ∑ Fy → Ey − 4(20)− Ty = 0, onde Ty = (150) (6)(7,5) = 120 e´ a componente da tensa˜o na corda ao longo de y. Logo, Ey − 80− 120 = Ey − 200 = 0→ Ey = 200→ ~Ey = 200j kN. Considerando agora a soma dos momentos em relac¸a˜o a E, ME+(20)(1,8)+(20)(3,6)+(20)(5,4)+(20)(7,2)−Ty(4,5), logo MRE =ME +360− 4,5(120) =ME − 180, e MRE = 0→ME − 180 = 0→ME = 180→ ~ME = 180k kN.m. 3. Equilı´brio de um corpo sujeito a` ac¸a˜o de duas e treˆs forc¸as • Se um corpo sujeito a` ac¸a˜o de duas forc¸as esta´ em equilı´brio, as duas forc¸as devem ter igual intensidade, igual linha de ac¸a˜o, e sentidos opostos. • Um corpo sujeito a` ac¸a˜o de duas forc¸as pode ser definido, de modo mais geral, como um corpo rı´gido sujeito a` ac¸a˜o de forc¸as que atuam apenas em dois pontos. Neste caso as resultantes em cada ponto tambe´m devem ter igual intensidade, igual linha de ac¸a˜o, e sentidos opostos. • Quando um corpo rı´gido sujeito a` ac¸a˜o de treˆs forc¸as (ou de modo mais geral, quando um corpo rı´gido sujeito a` ac¸a˜o de forc¸as aplicadas somente em treˆs pontos) esta´ em equilı´brio, as linhas de ac¸a˜o das treˆs forc¸as (ou das treˆs resultantes) devem ser concorrentes ou paralelas. Equilı´brio sob a ac¸a˜o de 2 ou 3 forc¸as Exemplo 3: A trac¸a˜o necessa´ria no caboAB e´ 800 N. Determine (a) a forc¸a vertical ~P que deve ser aplicada ao pedal e (b) a correspondente reac¸a˜o em C. Temos 3 forc¸as atuando sobre o corpo: ~P , a trac¸a˜o ~TAB (na horizon- tal, dirigida para a esquerda), e a reac¸a˜o em C, ~RC , que imaginamos ter a direc¸a˜o mostrada na figura, uma vez que as treˆs forc¸as devem possuir linhas de ac¸a˜o concorrentes, ja´ que o corpo esta´ em equilı´brio. Tomando C como refereˆncia, as seguintes equac¸o˜es devem ser obe- decidas: ~R = ~P + ~TAB + ~RC = 0, ~MRC = ~MPC + ~MTC = 0. As componentes de ~RC sera˜o: sinα = RCy RC → RCy = RC sinα, cosα = RCx RC → RCx = RC cosα. Portanto as componentes da resultante sera˜o, para o eixo x, −TAB −RCx = 0→ RCx = RC cosα = −TAB = −800, (7) e para o eixo y, −P −RCy = 0→ RCy = RC sinα = −P. (8) Usando agora a equac¸a˜o do momento: P (0,4)− TABd = 0,4P − 800d = 0→ P = 800d 0,4 . (9) Pela figura verificamos que: sin 60◦ = 0,87 = d/0,18 → d = (0,18)(0,87) = 0,156 m. Logo (a), P = (800)(0,156) 0,4 = 124,8 0,4 = 312. Portanto a forc¸a ~P esta´ direcionada para baixo e tem mo´dulo 312 N. Retomando agora as equac¸o˜es (7) e (8) teremos: RC cosα = −800, e RC sinα = −312, logo (b), RC sinα RC cosα = 312 800 → sinα cosα = tanα = 0,39→ α = 21,3◦. E enta˜o: RC cosα = RC cos(21,3 ◦) = −800→ RC = −800 0,932 = −858,65. Logo a reac¸a˜o ~RC tem mo´dulo de≈ 859 N e esta´ direcionada no sen- tido contra´rio ao mostrado na figura, formando um aˆngulo de 21,3◦ com o eixo x positivo. Figuras: • http://pt.slideshare.net/thiagotoscanoferrari/4-equilibrio-de-corpos-rigidos Refereˆncias: • Beer, F. P., Johnston, E. R., Mazurek, D.F., Cornwell, P.J e Eisenberg, E.R. Mecaˆnica Vetorial para Engenheiros: esta´tica e dinaˆmica. 9. ed. McGrawHill, 2010.
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