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Os impactos sociais da poliafetividade como entidade familiar 1

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Centro Unificado de Educação Barretos Ltda.
CURSO DE DIREITO
Os impactos sociais da poliafetividade como entidade familiar
Família – conceito
No entendimento histórico e ainda pelo entendimento da maioria, família possui uma abordagem concretizada através do conceito de entidade familiar, que inicialmente é constituída pela figura do marido e da mulher e através deles, com o surgimento da prole. Quando os filhos se casam, rompem os laços familiares com pai e mãe, e assim, casam-se e transformando-se em uma nova família.
O Direito é o conjunto de leis, resoluções e regulamentos criados por um Estado de acordo com os costumes, o senso comum, as normas morais e éticas, que podem ter um caráter permanente e obrigatório de acordo com a necessidade de cada um e que são de estrito cumprimento por todas as pessoas que habitam em determinada comunidade para garantir a boa convivência social.
A sociedade está em constante mudança e caso as leis não estiverem em acordo com a sociedade, esta não passará de uma folha de papel que deve ser rasgada e jogada fora, em suma, é o Direito que deve se moldar a sociedade e não a sociedade que deve se moldar as leis.
Surgiu uma necessidade com o passar dos tempos, de se criar um ramo do direito com leis próprias sobre a estrutura, organização e proteção da família, objetivando a solução de conflitos oriundos dela, ajudando em sua manutenção para que, seu integrante, possa vir a gozar dos preceitos da dignidade da pessoa humana, instituídas em nossa constituição.
Família – espécies de uniões
As famílias sofreram mudanças e variações através dos tempos, de acordo com os avanços da sociedade, cujo no meio social em que se estabeleciam, ficava evidente sua adaptação, com o ordenamento sempre buscando se adaptar afim de garantir o direito destas famílias.
É relatado através da história, diversas espécies de uniões familiares, como a família matrimonial, decorrente do casamento; o concubinato, união entre pessoas impedidas de se casar, por já serem casadas; a união estável, onde duas pessoas podem contrair o casamento, porém optam por não fazê-lo; família paralela, onde um dos parceiros participa como cônjuge em mais de um ambiente; família monoparental, constituída pelo vínculo de ascendência ou descendência; família anaparental, onde há entre seus entes somente o grau de parentesco; família pluriparental, proveniente de membros de famílias desfeitas em momento anterior que constituem assim novos ambientes familiares; família eudemonista, que é a formada somente pelo afeto entre seus membros; família homoafetiva, decorrente da união de pessoas de mesmo sexo; família unipessoal, dotada de uma única pessoa, que surgiu para a garantia constitucional do direito de moradia.
A monogamia como regra
A monogamia, que é a forma de relacionamento em que um indivíduo tem apenas um parceiro durante toda a sua vida ou durante determinados períodos, surge na sociedade com a ascensão da Igreja Católica na Idade Média, como preceito de a moral e a família em primeiro lugar, preconizando o sexo como somente para reprodução. Tem fundamento também no Romantismo – movimento artístico, político e filosófico na Europa em meados dos séculos XVIII e XIX contrário ao racionalismo e ao iluminismo, onde o indivíduo tem como meta de vida a busca incessante pelo amor platônico, e quando o encontra, deve ao mesmo fidelidade eterna.
É um dos pressupostos mais universalmente aceitos em nossa sociedade, onde o casal monogâmico seja a única estrutura válida de relacionamento sexual humano.
A predominância da propriedade privada traz à tona a questão da passagem dos bens, portanto o Direito de Família, como forma de regulação de suas garantias, traz no Código Civil de 2002 a necessidade da monogamia para o vínculo da descendência familiar, suas sucessões e a regulamentação do casamento, garantindo assim os bens e sua possível partilha futura, devidamente assegurada pelo ordenamento jurídico.
A Família - mudança no ordenamento jurídico
Com as mudanças culturais, conceituais e jurídicas que moldam a sociedade através dos tempos, uma reestruturação de seus integrantes atingindo especificamente a entidade familiar e seu modo de vida, trouxe um novo conceito.
O IBDFAM, Instituto Brasileiro de Direito de Família, traz um conceito inovador de família: “Núcleo social de pessoas unidas por laços afetivos, que geralmente compartilham o mesmo espaço em mantêm entre si uma relação solidária”. Um conceito que não remete a gênero e nem a quantidade, mas sim a pessoas em um mesmo núcleo familiar.
Um grande passo no atual ordenamento jurídico para a mudança da visão patriarcal no conceito de família, veio com o julgamento pelo STF – Supremo Tribunal Federal, da ADI 4277 e a ADPF 132, reconhecendo a união estável para casais do mesmo sexo, no sentido de dar interpretação conforme a Constituição Federal para excluir qualquer significado do artigo 1.723 do Código Civil que impeça o reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar. Normativamente, através do legislador, ainda há um Projeto de Lei do Senado (PLS) 612/2011, que visa a alteração do Código Civil para permitir o reconhecimento legal da união estável entre pessoas do mesmo sexo, pois além da interpretação conforme, entende-se que grande parte da população já aceita esses direitos, e o legislador deve trabalhar visando a pacificação das relações na sociedade, na forma da lei.
Essa conquista, abriu as portas para que outras famílias ocultas e à sombra da sociedade, viessem a se assumirem e buscarem por respeito, impondo condições de igualdade e confiabilidade às demais famílias e demais relações, incluindo a observação da Súmula 380 do STF: “Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum”.
Família – evolução através do poliafeto
O poliamor e o poliafeto surgem neste aspecto, pois buscam o amor e o afeto como institutos primordiais para a estruturação do núcleo familiar, não sendo necessário a imposição da monogamia entre seus membros. Apesar das diferenças práticas e estruturantes desta entidade familiar e das relações entre seus membros, em regra estão em pauta uma perspectiva da busca pela felicidade e da realização afetiva pessoal dos indivíduos que a compõem.
As famílias poliafetivas, são aquelas cujo, núcleo familiar é formado por mais de duas pessoas, se relacionando tendo como princípio a seriedade, a busca por uma perfeita harmonia entre seus membros, onde todos que o compõem estão ali conscientes e por livre e espontânea vontade, tendo o respeito como base e o comprometimento na busca da estruturação do lar e consequentemente, a felicidade. Historicamente, esta união esteve presente através dos tempos, porém de uma forma menos responsável e sem comprometimento com a seriedade.
Há diferenças significativas, inclusive cruciais para o Direito entre os termos poliamor e poliafeto, onde o poliamor pode ser classificado como um gênero do qual o poliafeto e as uniões estáveis poliafetivas formadas por ele são espécies.
O poliamor se dá às pessoas que não seguem a monogamia como base do amor ou de uma união, acreditando que amores simultâneos podem ser felizes, trazendo benefícios para todos que o seguem, sem a necessidade de serem classificados como promíscuos.
Já o poliafeto, é a relação em si, constituída por mais de duas pessoas em um vínculo de afetividade amoroso, com a vivência de uma união estável comum, onde não é regra a busca pelo amor platônico por uma pessoa, o ciúme possessivo e a monogamia.
O poliafeto pressupõe uma igualdade de direitos não só entre os sexos, mas entre pessoas, com respeito à individualidade de cada um, cabendo a cada membro da relação a imposição de limites, sem se limitar aos conceitos rígidos impostos pela sociedade.
A caracterização de uma relação poliafetiva, deve possuir os mesmos elementos norteadores de qualquer relação, cuja estabilidadeé um deles. Portanto, deve ser uma relação duradoura e contínua. Também deve ter notoriedade e ser transparente perante a sociedade, não que os atos praticados por seus integrantes precisam ser levados ao conhecimento de todos, mas que não deve ser de forma oculta ou clandestina, ou seja, que os membros dessa entidade familiar se comportem naturalmente com o objetivo de ser e o de formar e manter uma família. Este conceito não deve ser confundido com práticas sexuais eventuais e consentidas.
Impacto na sociedade
Como já mencionado, o Direito deve acompanhar os anseios da sociedade, e o casamento hoje é entre pessoas e não mais entre homem e mulher. Não há mais a ideia de casamento como instituição, pois hoje passou-se a proteger-se as partes, que são as pessoas que estão no casamento. Se há afeto, há casamento e deste mesmo modo, pode haver afeto entre três ou mais pessoas, e as bases para o reconhecimento desta união são as mesmas que reconhecerem o casamento homoafetivo. Se antes a legislação protegia o casamento em detrimento das pessoas, hoje o que se busca é proteger as pessoas.
O problema começa no instante em que não se tem uma legislação vigente que abranja esse tipo de relação, pois não há previsão do relacionamento poliafetivo em termos de casamento civil. O que existe é a escritura pública de união poliafetiva que cartórios no Brasil já estão reconhecendo, uma vez que isso não fere a Constituição. O próximo passo seria a conversão dessa escritura pública em casamento. A bigamia é considerada crime no Brasil, porém a bigamia é uma pessoa casada que casa novamente por uma segunda vez sem que as pessoas envolvidas saibam, diferentemente do relacionamento poliafetivo.
A Constituição Federal de 1988, em seu Art. 1º, III, expressamente abrigou a dignidade humana, elevada como fundamento do Estado Democrático de Direito, tratando um princípio de uma esfera inatingível do ser humano, que é balizador para todas as demais regras e insere em si outros princípios e valores essenciais (como, por exemplo, liberdade, igualdade, privacidade, etc.). É com ele que se deve resolver questões práticas envolvendo quaisquer relações familiares, bem como sua estrutura como entidade familiar.
Esse princípio norteia toda aplicação do Direito, caracterizando-se como fundamento para os demais ramos, e a busca pela felicidade dos cidadãos é garantida pelo livre-exercício de seus direitos, sendo livres para se constituírem como família ou não, e da forma como quiserem, sem se sujeitarem ao controle de terceiros, nem mesmo do Estado. Assim, o casamento deixa de se tornar a única instituição familiar protegida pelo ordenamento jurídico, assegurando-se o reconhecimento de outras entidades familiares cuja tutela não pode deixar mais de ser concedida.
Dada a complexidade que é a formação de uma sociedade, ainda mais quando se trata das relações amorosas, diversas variáveis devem ser consideradas, como por exemplo a superação do amor platônico e romântico nas relações interpessoais e ainda, o conceito de relação monogâmica, cuja influência é tão forte na grande maioria das pessoas, que as fazem acreditar firmemente ser esta a via única para se instituir e perpetuar-se a família.
A poliafetividade como fenômeno social expressa uma tendência de transformação profunda na sociedade, no sentido que acontece independentemente de uma ação ideológica dos que o defendem, tratando-se de uma prática social. Essa independência faz com que ocorra de forma espontânea, sem que o indivíduo sequer conheça o movimento fazendo-o perceber que faz parte de um grupo.
A falta de informação e estudos a respeito do assunto e o preconceito da sociedade são os maiores problemas deste relacionamento atualmente. O respeito à individualidade deve se mostrar essencial nas relações interpessoais pós-modernas, a partir do conceito e reconhecimento da Dignidade da Pessoa Humana.
ALUNO: Leonardo Marcondes Domingues Melotti e, Leandro Peghim 
Bibliografia
http://queconceito.com.br/direito
http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/418-693-1-pb.pdf
http://www.ibdfam.org.br/noticias/4862/novosite
http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/files/anexos/18496-18497-1-PB.pdf
http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/configuracoes-familiares-com-a-uniao-poliafetiva/
http://www.rkladvocacia.com/unioes-poliafetivas-o-reconhecimento-no-direito-brasileiro/
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2018/03/13/marta-suplicy-defende-projeto-que-permite-uniao-estavel-entre-pessoas-do-mesmo-sexo
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