Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Contestação ESTRUTURA DA CONTESTAÇÃO Obs.: Trata-se da principal modalidade (espécie) de defesa (resposta) do reclamado, com fulcro nos princípios constitucionais do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, insculpidos nos incisos LIV e LV do art. 5.º do Texto Maior. 1. Endereçamento completo (sem abreviaturas). Obs.: Observar o endereçamento da exordial. 2. Processo número. Obs.: No Exame de Ordem Unificado, na 2.ª Fase Trabalho, o ideal é não pular muitas linhas neste momento da peça, pois o candidato tem várias Teses para desenvolver em poucas linhas. Pela nossa experiência, os candidatos estão pulando apenas 1 linha e ganhando espaço precioso para o desenvolvimento das Teses, que representam a parte mais importante da peça. 3. Qualificação completa do Reclamado (4 itens: nome completo, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ, endereço completo/CEP). Obs.: Caso o Reclamado seja uma pessoa física, como no caso do empregador doméstico, o ideal é consignar o nome completo, nacionalidade, estado civil, RG, CPF, endereço completo/CEP. 4. Advogado, procuração anexa, endereço completo/CEP. 5. Verbo: apresentar. 6. Identificação e previsão legal da peça processual (Contestação: art. 847 da Consolidação das Leis do Trabalho [CLT] combinado com os arts. 336 e seguintes do Código de Processo Civil (CPC) de 2015, aplicados subsidiária e supletivamente ao Processo do Trabalho por força do art. 769 da CLT e do art. 15 do CPC/2015. Obs.: Aplica-se o Código de Processo Civil, subsidiária e supletivamente, ao Processo do Trabalho, em caso de omissão e desde que haja compatibilidade com as normas e princípios do Direito Processual do Trabalho, na forma dos arts. 769 e 889 da CLT e do art. 15 da Lei n. 13.105, de 17.03.2015 (art. 1.º, caput, da Instrução Normativa 39/2016 do TST). 7. Qualificação do Reclamante (já qualificado nos autos da reclamação trabalhista em epígrafe). Obs.: Aqui, o reclamado já está qualificado nos autos de uma reclamação trabalhista ajuizada (em regra). 8. Fatos. Obs.: No Exame de Ordem Unificado, é aconselhável fazer um breve relato dos fatos trazidos pelo problema, pois o candidato terá que elaborar diversas Teses em poucas linhas. Ademais, consubstancia um tópico que, em regra, não vale nota no Padrão de Respostas FGV. Todavia, na praxe forense trabalhista, o advogado terá que relatar os fatos ao juiz de forma completa e minuciosa, com fulcro no princípio da primazia da realidade. 9. Defesa processual – – preliminar(es) de contestação (art. 337 do CPC/2015) – – Tese(s). Obs. 1: A contestação é regida por 2 princípios. Pelo princípio da impugnação específica (do ônus da impugnação especificada, à luz do art. 341 do CPC/2015, compete ao reclamado impugnar especificadamente cada fato/pedido ventilado na exordial pelo reclamante. Fato não impugnado especificadamente torna-se incontroverso, havendo a presunção relativa (juris tantum) de veracidade. Em regra, não cabe contestação por negativa geral. Outrossim, pelo princípio da eventualidade (concentração de defesas), insculpido no art. 336 do CPC/2015, compete ao reclamado trazer toda a matéria de defesa no bojo da contestação. Em regra, não cabe contestação por etapas, sob pena de preclusão. Com efeito, a expressão toda a matéria de defesa comporta 3 vertentes: defesa processual (preliminar de contestação), defesa indireta de mérito (prejudicial de mérito) e defesa direta de mérito. Obs. 2: Na defesa processual, baseada no art. 337 do CPC/2015, o reclamado alega alguma preliminar de contestação, trazendo vício de ordem processual. 10. Defesa indireta de mérito (prejudicial de mérito) – – Tese(s). Obs. 1: Na defesa indireta de mérito, também conhecida como prejudicial de mérito, o reclamado reconhece o fato constitutivo do direito do reclamante, mas alega a existência de algum fato impeditivo, modificativo ou extintivo desse direito. Obs. 2: Exemplos – prescrição quinquenal (parcial) e/ou bienal (total). 11. Defesa direta de mérito – – Tese(s). Obs.: Nesta vertente da defesa, o reclamado nega frontalmente os fatos/pedidos ventilados pelo reclamante na exordial. Exemplo: não cabimento do adicional de transferência. 12. Pedidos ou conclusões (acolhimento da preliminar e a consequente extinção do processo sem resolução do mérito – – art. 485, inciso..., do CPC/2015; acolhimento da prescrição e a consequente resolução do mérito – – art. 487, inciso II, do CPC/2015; improcedência dos pedidos ventilados na exordial pelo reclamante). 13. Requerimentos finais: – – Protesto por provas. Obs.: Tome cuidado para não elaborar os tópicos do requerimento de notificação do reclamado e do valor da causa. Neste momento do processo, estamos advogando em prol do reclamado (“cabeça de empregador”). 14. Encerramento: a) nesses termos, pede deferimento; b) local e data (sem identificação); c) advogado e n. OAB (sem identificação). Questão prática Leonardo promove reclamação trabalhista em face da empresa Cinza Ltda., alegando que: 1) fora admitido em 01.04.1988 na função de porteiro, para trabalhar na filial localizada na cidade de Bauru, onde residia, tendo sido despedido sem justa causa em 05.03.2011; 2) em virtude de promoção para a função de encarregado de serviços, ocorrida em 01.03.2010, foi transferido para a filial localizada na cidade de São Paulo, onde passou a residir; 3) na filial da cidade de São Paulo, trabalhava o empregado José, que fora admitido como servente em 01.05.2007 e promovido para encarregado de serviços em 28.01.2008; 4) embora exercendo idêntica função com a mesma perfeição técnica, e tivesse o reclamante mais de 20 anos de serviços prestados à empresa que o paradigma, percebia salário 30% inferior ao dele; 5) quando empregado, a empresa lhe proporcionava assistência médica e odontológica gratuitamente. Pretende a condenação da reclamada a: 1) pagamento de adicional de transferência de 25%; 2) diferenças salariais por equiparação e seus reflexos; 3) integração das parcelas referentes à assistência médica e odontológica na sua remuneração, com pagamento dos reflexos legais, ao fundamento de que se tratava de salário indireto. Questão: Como advogado da empresa, apresentar a medida judicial cabível e seus fundamentos. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA __ VARA DO TRABALHO DE __________ Processo número... (espaço: seguir orientações do edital e da prova) CINZA LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n. (número), com sede na (endereço completo/CEP), por seu advogado que esta subscreve (procuração anexa), endereço completo/CEP, vem, à presença de Vossa Excelência, nos autos da Reclamação Trabalhista que lhe move LEONARDO, com fulcro no artigo (art.) 847 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, combinado com os arts. 336 e ss. do CPC/2015, aplicados subsidiariamente ao Processo do Trabalho por força do art. 769 da CLT e do art. 15 do CPC/2015, apresentar CONTESTAÇÃO, pelos motivos de fatos e de direito a seguir expostos: I – DOS FATOS O Reclamante foi contratado pela Reclamada em 01.04.1988, e despedido, sem justa causa, em 05.03.2011. Ajuizou reclamação trabalhista alegando fazer jus ao pagamento do adicional de transferência de 25% por ter se mudado para São Paulo em 01.03.2010, em virtude da promoção para a função de encarregado de serviços gerais. Alega, ainda, fazer jus às diferenças salariais e seus reflexos baseado na equiparação salarial, sendo utilizado como paradigma outro funcionário que exerce função idêntica desde 28.01.2008, com salário superior ao do Reclamante. Pleiteou, ainda, a integração das parcelas referentes à assistência médica e odontológica e seus reflexos, alegando que se tratava de salário indireto. II – DA PREJUDICIAL DE MÉRITO (DEFESA INDIRETA DE MÉRITO): PRESCRIÇÃO QUINQUENAL/PARCIAL Os arts. 7.º, XXIX, da Constituição Federal de 1988 e 11, I, da CLT, combinados com a Súmula 308, I, do Tribunal Superior do Trabalho – TST, disciplinam a prescrição trabalhista, estabelecendo o prazo de 5 (cinco)anos na vigência do contrato individual de trabalho e, após sua extinção do contrato de trabalho, o empregado tem o prazo de 2 (dois) anos para ajuizamento da reclamação trabalhista. Com efeito, do ajuizamento da exordial, ele terá direito à reparação dos últimos 5 (cinco) anos contados do aviamento da ação (prescrição quinquenal/parcial). Assim, no presente caso, se alguma condenação for devida, que sejam observados os 5 (cinco) anos anteriores contados do ajuizamento da reclamação trabalhista, restando prescrito o respectivo período anterior, com a consequente pronúncia de mérito nos termos do art. 487, II, do CPC/2015. III – DO MÉRITO As argumentações trazidas pelo Reclamante não merecem prosperar, senão vejamos: A) DO NÃO CABIMENTO DO ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA E SEUS RESPECTIVOS REFLEXOS Alega o Reclamante que residia no município de Bauru e que se mudou para São Paulo ao ser promovido para exercer a função de encarregado de serviços gerais. Sob esta argumentação, pleiteou o pagamento do adicional de 25% (vinte e cinco por cento) por ter sido transferido. Ocorre que, contrariando ao pleiteado pelo Reclamante, a legislação trabalhista prevê no art. 469, § 3.º, da CLT, que somente nas hipóteses de transferência provisória do empregado, haverá o pagamento do adicional de no mínimo 25% (vinte e cinco por cento) sobre o seu salário até que permaneça essa situação. No presente caso, o Reclamante informa claramente que ele se mudou para o município de São Paulo, ou seja, a transferência deixou de ser provisória e passou a ser definitiva, fato este que descaracteriza o direito ao recebimento do adicional de 25% (vinte e cinco por cento). No mesmo sentido, é o entendimento do Tribunal Superior do Trabalho – TST em sua Orientação Jurisprudencial 113, da Seção de Dissídios Individuais, Subseção I, ao aduzir que o pressuposto legal apto a legitimar a percepção do mencionado adicional é a transferência provisória, pouco importando a condição do empregado. Ademais, o fato de o empregado exercer cargo de confiança ou a existência de previsão de transferência no contrato de trabalho não exclui o direito ao adicional. Esta assertiva corrobora o ideário de que a condição sine qua non do direito ao adicional é a transferência ser provisória. Deste modo, requer a Reclamada a improcedência deste pedido. B) DA NÃO CARACTERIZAÇÃO DA EQUIPARAÇÃO SALARIAL E SEUS RESPECTIVOS REFLEXOS O Reclamante, ao pleitear equiparação salarial e seus reflexos, sustenta que trabalhava há mais de 20 na empresa e que havia outro funcionário, exercendo função idêntica a sua e com salário 30% (trinta por cento) maior que o seu. O instituto da equiparação salarial está amparado nas Convenções 100, 111 e 117 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), no art. 7.º, XXX, XXXI e XXXII, da Constituição da República de 1988, nos arts. 5.º e art. 461 da CLT, e na Súmula 6 do TST. Dessarte, o ordenamento justrabalhista vigente, bem como a doutrina e a jurisprudência prelecionam inúmeros requisitos cumulativos para a obtenção da equiparação salarial, quais sejam: identidade de função; trabalho de igual valor, composto pela igual produtividade (elemento objetivo) e pela mesma perfeição técnica (elemento subjetivo); diferença de tempo de serviço na função não superior a 2 (dois) anos em favor do paradigma (elemento temporal); mesmo empregador; mesma localidade; inexistência de quadro de carreira homologado pelo Ministério do Trabalho e Emprego; simultaneidade ou contemporaneidade na prestação dos serviços. Vejamos que, no presente caso, o suposto paradigma exercia a função de encarregado de serviços gerais desde 28.01.2008. Assim, quando o reclamante (paragonado) foi promovido para exercer a referida função (01.03.2010), o paradigma já a exercia há mais de 2 anos, não atendendo o requisito plasmado no § 1.º do art. 461 do Diploma Consolidado, em interpretação sistemático-teleológica com o item II da Súmula 6 do Tribunal Superior do Trabalho. Deste modo, não há que se falar em equiparação salarial e tampouco em condenação ao pagamento dos respectivos reflexos. C) DO NÃO CABIMENTO DA INTEGRAÇÃO DAS PARCELAS DE ASSISTÊNCIA MÉDICA E ODONTOLÓGICA NO SALÁRIO / DA NÃO CARACTERIZAÇÃO DO SALÁRIO IN NATURA (UTILIDADE OU INDIRETO) O Reclamante pleiteia, ainda, a integração das parcelas referentes à assistência médica e odontológica no seu salário, consubstanciando salário-utilidade. Malgrado, o inc. IV do § 2.º do art. 458 da CLT determina que não são consideradas como salário in natura as utilidades concernentes à assistência médica e odontológica. Deste modo, requer a improcedência deste pedido. IV – DAS CONCLUSÕES E DOS REQUERIMENTOS FINAIS Diante de todo o exposto, requer o acolhimento da prescrição quinquenal na hipótese de eventual condenação e a consequente pronúncia de mérito. Requer, ainda, a total improcedência de todos os pedidos ventilados na exordial. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial prova documental, testemunhal, pericial e outras mais que se fizerem necessárias e que desde já ficam requeridas. © desta edição [2017] Termos em que, pede deferimento. Local e data. Advogado OAB n._____ 2017 - 04 - 18 Prática Trabalhista - Edição 2017 TERCEIRA PARTE - PEÇAS PRÁTICAS 8. CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO 8. Contestação com Reconvenção ESTRUTURA DA RECONVENÇÃO Obs. 1: A reconvenção é a demanda do réu em face do autor na mesma relação jurídica processual, possuindo natureza jurídica de ação autônoma conexa ao processo. Nesses termos, à luz do art. 343, § 6.º, do CPC/2015, o réu pode propor reconvenção independentemente de oferecer contestação. Atualmente, prevalece o entendimento na doutrina e na jurisprudência de que a reconvenção é compatível com o Processo do Trabalho e perfeitamente cabível na Justiça do Trabalho. Obs. 2: O Código de Processo Civil de 2015 disciplina a reconvenção no seu artigo 343. Com efeito, na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa. Assim, consubstancia um tese no bojo da própria contestação. 1. Endereçamento completo (sem abreviaturas). Obs.: Observar o endereçamento da exordial. 2. Processo número. 3. Qualificação completa do Reclamado Reconvinte (4 itens: nome completo, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ, endereço completo/CEP). Obs.: Caso o Reclamado seja uma pessoa física, como no caso do empregador doméstico, o ideal é consignar o nome completo, nacionalidade, estado civil, RG, CPF, endereço completo/CEP. 4. Advogado, procuração anexa, endereço completo/CEP. 5. Verbo: apresentar. 6. Identificação e previsão legal da peça profissional (Reconvenção: art. 847 da Consolidação das Leis do Trabalho [CLT] combinado com o art. 343 do CPC/2015), aplicados subsidiária e supletivamente ao Processo do Trabalho por força do art. 769 da CLT e do art. 15 do CPC/2015. 7. Qualificação do Reclamante Reconvindo (já qualificado nos autos da reclamação trabalhista em epígrafe). Obs.: Aqui, o reclamado já está qualificado nos autos de uma reclamação trabalhista ajuizada (em regra). 8. Fatos. 9. Fundamentos jurídicos do(s) pedido(s) – – Tese(s). Obs.: Exemplos de Teses – art. 462, § 1.º, da CLT (possibilidade de desconto no salário em caso de dano causado pelo empregado); art. 487, § 2.º, da CLT (a falta de aviso-prévio por parte do empregado dá ao empregador o direito de descontar os salários correspondentes ao prazo respectivo); devolução de equipamento da empresa; devolução de empréstimo realizado pelo empregador etc. 10. Pedido(s). Obs.: O reclamado reconvinte pede a procedência do(s) pedido(s) ventilado(s) na reconvenção. 11. Requerimentos finais: a) notificação do reclamante reconvindo; b) protesto por provas; c) distribuição por dependência. 12. Valor da causa. 13. Encerramento: a) nesses termos, pede deferimento; b) local e data (sem identificação); c) advogado e número da OAB (sem identificação). Obs. 1: A doutrinae a jurisprudência já admitiam a apresentação de uma única peça, com a reconvenção no bojo da contestação, com fulcro nos grandes princípios que fundamentam o Processo do Trabalho, como informalidade, simplicidade, oralidade, celeridade, economia processual e jus postulandi. Obs. 2: No Exame de Ordem Unificado, à luz do Edital, o candidato deverá elaborar uma única peça, sendo a reconvenção um tópico interno da contestação. Como sugestão, consignar o tópico da reconvenção logo após os fundamentos jurídicos da contestação (preliminar, prescrição e/ou teses diretas de mérito). Assim, no momento da finalização da peça, o candidato deverá elaborar o tópico dos pedidos ou conclusões da contestação e, a seguir, da reconvenção. Ademais, o candidato deverá observar as peculiaridades de cada peça, por exemplo, o valor da causa. Obs. 3: O Código de Processo Civil de 2015 disciplina a reconvenção no seu artigo 343. Com efeito, na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa. Assim, consubstancia uma tese no bojo da própria contestação. Questão prática O Banco Money S/A, em liquidação extrajudicial, demitiu, sem justa causa, após 10 anos e 9 meses de prestação de serviços, a gerente de uma de suas agências, Claudia, ocasião em que percebia o salário de R$ 6.500,00 (seis mil e quinhentos reais), mais gratificação de função correspondente a 1/3 (um terço) do salário. Por ocasião do pagamento das verbas rescisórias, o Banco não conseguiu descontar o valor de empréstimo de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) anteriormente concedido à exempregada, uma vez que outros descontos já haviam atingido o valor de um salário. Faltando um mês para se vencer o biênio prescricional, a ex-empregada, assistida por advogado de seu sindicato de classe, sem apresentar declaração de insuficiência financeira, ajuizou reclamação trabalhista, pretendendo, já que sempre laborara, de segunda a sexta-feira, 8 (oito) horas diárias, a condenação do Banco, no pagamento de 2 (duas) horas extras diárias com os acréscimos legais, bem como de sua integração em férias, 13.º salários, descansos semanais, FGTS e aviso-prévio, tudo acrescido de juros e correção monetária, além da condenação em honorários advocatícios à razão de 20%. Deu à causa o valor líquido de R$ 58.500,00 (cinquenta e oito mil e quinhentos reais), sendo R$ 52.500,00 (cinquenta e dois mil e quinhentos reais) pelas horas extras e R$ 6.000,00 (seis mil reais) pelas integrações. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA _____ VARA DO TRABALHO DE __________ Processo número... (espaço: seguir orientações do edital e da prova) BANCO MONEY S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n. (número), com sede na (endereço completo/CEP), nos autos da Reclamação Trabalhista em epígrafe, que lhe move CLAUDIA, por seu advogado que esta subscreve (procuração anexa), endereço completo/CEP, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com base no artigo (art.) 847 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, combinado com os arts. 336 e seguintes do Código de Processo Civil de 2015, aplicados subsidiária e supletivamente ao Processo do Trabalho por força do art. 769 da CLT e do art. 15 do CPC/2015, apresentar CONTESTAÇÃO, consoante os fundamentos fáticos e jurídicos a seguir expendidos: I – DOS FATOS A Reclamante trabalhou para a Reclamada exercendo a função de gerente de uma de suas agências. Percebia além do salário mensal de R$ 6.500,00 (seis mil e quinhentos reais), o adicional de 1/3 do salário a título de gratificação de função. No entanto, a Reclamante ajuizou a presente demanda objetivando a condenação da Reclamada no pagamento de 2 horas extras diárias com os acréscimos legais, bem como os reflexos em férias, 13.º salário, descansos semanais, FGTS e aviso-prévio. Tudo acrescido de juros e correção monetária, além da condenação em honorários advocatícios à razão de 20%. Deu à causa o valor líquido de R$ 58.500,00 (cinquenta e oito mil e quinhentos reais), sendo R$ 52.500,00 (cinquenta e dois mil e quinhentos reais) pelas horas extras e R$ 6.000,00 (seis mil reais) pelas integrações. II – DA PREJUDICIAL DE MÉRITO (DEFESA INDIRETA DE MÉRITO): PRESCRIÇÃO QUINQUENAL/PARCIAL Como relatado, a Reclamante ajuizou a presente Reclamação Trabalhista faltando um mês para se vencer o biênio prescricional. Os arts. 7.º, XXIX, da Constituição Federal e 11, I, da CLT, determinam que o direito de ação quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho prescreve em 5 anos para os trabalhadores urbanos, até o limite de 2 anos após a extinção do contrato de trabalho. Assim, após a extinção do contrato de trabalho, a prescrição há de ser computada a partir do ajuizamento da ação, retroagindo 5 (cinco) anos, de acordo com o estabelecido na Súmula 308, I, do Tribunal Superior do Trabalho – TST. Assim, no presente caso, se alguma condenação for devida, que sejam observados os 5 (cinco) anos anteriores contados do ajuizamento da reclamação trabalhista, restando prescrito o respectivo período anterior, com a consequente pronúncia de mérito nos termos do art. 487, II, do CPC/2015. III – DO MÉRITO A) DO NÃO CABIMENTO DAS HORAS EXTRAS E REFLEXOS Como relatado na exordial, a Reclamante exercia a função de gerente de contas e percebia, além do salário mensal, um adicional de 1/3 do salário em razão da função de confiança que exercia. O art. 224, caput, e § 2.º, da CLT estabelece que a duração normal do trabalho dos empregados de banco será de 6 horas diárias, exceto para os que exercerem cargos de confiança e desde que a gratificação não seja inferior a 1/3 do salário do cargo efetivo. Corroborando tal assertiva, a Súmula 102, itens II e IV do TST, estabelece que o bancário sujeito à regra do art. 224, § 2.º, da CLT e, desde que receba gratificação não inferior a 1/3 de seu salário, já tem remuneradas as 2 (duas) horas extraordinárias excedentes de 6 (seis), cumprindo jornada de 8 (oito) horas, sendo extraordinárias as trabalhadas além da oitava. No caso em tela, verifica-se que a Reclamante não apenas exercia cargo de confiança, como também recebia o correspondente adicional de 1/3 sobre o salário, descaracterizando, assim, o pedido de 2 (duas) horas extras diárias e reflexos. Deste modo, não merece guarida o pedido da inicial concernente ao pagamento de 2 horas extras diárias e reflexos. Em atenção ao princípio da eventualidade (ou da concentração de defesas no bojo da contestação), caso assim não entenda Vossa Excelência, os demais pedidos ventilados na exordial não merecem prosperar, senão vejamos: B) DA NÃO INCIDÊNCIA DOS JUROS No presente caso, a Reclamante pleiteia a condenação da reclamada ao pagamento de diversos haveres trabalhistas, acrescido de juros e correção monetária. Todavia, vale ressaltar que o Banco Money está sendo submetido a um processo de liquidação extrajudicial. Com efeito, a Súmula 304 do TST aduz que os débitos trabalhistas das entidades submetidas aos regimes de intervenção ou liquidação extrajudicial estão sujeitos à correção monetária desde o respectivo vencimento até seu efetivo pagamento, sem interrupção ou suspensão, não incidindo, entretanto, sobre tais débitos, juros de mora. Assim, consoante o mencionado entendimento consolidado do Órgão de Cúpula da Justiça do Trabalho, a reclamada não deve ser condenada em juros, justamente pelo fato de estar atravessando um momento de liquidação extrajudicial. C) DO NÃO CABIMENTO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS No caso em tela, a Reclamante pleiteia a condenação em honorários advocatícios à razão de 20% (vinte por cento). Nesta seara, o TST já pacificou o seu entendimento em suas Súmulas 219 e 329. Assim, na Justiça do Trabalho, os honorários advocatícios não decorrem pura e simplesmente da sucumbência, em regra, havendo a necessidade do preenchimento de 2 (dois) requisitos cumulativos, a saber: a parte deverá estar assistida pelo sindicato de sua categoria profissional (arts. 14 e seguintesda Lei 5.584/1970), bem como ser beneficiária da Justiça Gratuita. Preenchidos esses requisitos, os honorários serão revertidos ao sindicato assistente, respeitado o limite de 20% (quinze por cento). Na presente ação, a Reclamante, embora estivesse assistida por sindicato de classe, não juntou aos autos declaração de insuficiência financeira. Por conseguinte, a Reclamante não fará jus à condenação em honorários advocatícios. IV – DAS CONCLUSÕES E DOS REQUERIMENTOS FINAIS Por todo o exposto, requer, na hipótese de eventual condenação, o acolhimento da prescrição quinquenal/parcial. Ademais, requer a total improcedência dos pedidos ventilados na exordial. Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, em especial prova documental, testemunhal, pericial e outras mais que se fizerem necessárias e que desde já ficam requeridas. Nesses termos, pede deferimento. Local e data. Advogado OAB n._____ ATENÇÃO: No Exame de Ordem Unificado, à luz do Edital, o candidato deverá elaborar uma única peça, sendo a reconvenção um tópico interno da contestação. Como sugestão, consignar o tópico da reconvenção logo após os fundamentos jurídicos da contestação (preliminar, prescrição e/ou teses diretas de mérito). Assim, no momento da finalização da peça, o candidato deverá elaborar o tópico dos pedidos ou conclusões da contestação e, a seguir, da reconvenção. O Código de Processo Civil de 2015 disciplina a reconvenção no seu artigo 343. Com efeito, na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa. Assim, consubstancia uma tese no bojo da própria contestação. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA _____ VARA DO TRABALHO DE __________ Processo número... (espaço: seguir orientações do edital e da prova) BANCO MONEY S/A, já qualificado nos autos da Reclamação Trabalhista em epígrafe, que lhe move CLAUDIA, por seu advogado que esta subscreve (procuração anexa), endereço completo/CEP, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com base no art. 847 da CLT, combinado com o art. 343 do CPC/2015, aplicado subsidiária e supletivamente ao Processo do Trabalho por força do art. 769 da CLT e do art. 15 do CPC/2015, propor RECONVENÇÃO, consoante os fundamentos fáticos e jurídicos a seguir aduzidos: I – DOS FATOS A Reconvinda ajuizou Reclamação Trabalhista pleiteando a condenação do Reconvinte no pagamento de horas extras, reflexos, juros, correção monetária e honorários advocatícios. II – DA DÍVIDA DA RECONVINDA COM O RECONVINTE A Reconvinda, durante o pacto laboral, contraiu empréstimo bancário, tendo restado como saldo devedor a quantia de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). No entanto, em razão da rescisão contratual, o Reconvinte não conseguiu descontar o valor do empréstimo das verbas rescisórias, estando a Reconvinda em mora. Com efeito, o art. 586 do Código Civil estabelece que o mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Assim, a reconvinda deverá ser condenada a devolução do empréstimo auferido em decorrência da relação de trabalho. III – DOS PEDIDOS E DOS REQUERIMENTOS FINAIS Pelo exposto, requer: a) que seja a presente demanda distribuída por dependência à Reclamação Trabalhista, processo número ______, desta Vara do Trabalho; b) a procedência do pedido veiculado na presente reconvenção, condenando a reclamante reconvinda no pagamento do empréstimo contraído no valor R$ 30.000,00 (trinta mil reais); c) acréscimo de juros e correção monetária; d) notificação da reconvinda para que, querendo, apresente sua defesa, sendo que o não comparecimento importará na revelia e confissão quanto à matéria de fato. Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, em especial prova documental, testemunhal, pericial e outras mais que se fizerem necessárias e que desde já ficam requeridas. Dá-se à causa o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). Nesses termos, pede deferimento. Local e data. Advogado OAB n._____ © desta edição [2017] Obs. 1: O juiz da causa principal é também competente para a reconvenção (art. 109 do CPC/1973 – sem correspondência no CPC/2015). Obs. 2: Distribuir-se por dependência as causas de qualquer natureza quando se relacionarem, por conexão ou continência, com outra já ajuizada. Havendo reconvenção, o juiz, de ofício, mandará proceder à respectiva anotação pelo distribuídos (art. 286, I, CPC/2015).
Compartilhar