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Infografia parte 2 informação em imagem

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INFOGRAFIA
EM JORNALISMO
informação em imagem
Patrícia Sá Rêgo ● UVA ● Twitter: @patisa ● Instagram: Patrícia Sá
A infografia surge nos discursos jornalísticos 
contemporâneos em consequência, principalmente, de 
avanços tecnológicos e de mudanças no modo de se 
fazer jornalismo.
Imagem e texto se juntam para formar um significado.
Trata-se de uma nova forma de fazer jornalismo.
imagem + texto = uma nova maneira de narrar os fatos
imagem + texto
União para que a notícia possa ser explicada com maior 
clareza e para facilitar a compreensão de temas mais 
complexos sem precisar do puro texto.
A presença indissociável de imagem e texto em uma 
construção narrativa permite a compreensão de um 
fenômeno específico como um acontecimento 
jornalístico ou o funcionamento de algo complexo ou 
difícil de ser escrito em uma narrativa convencional.
"A infografia pode ser entendida como um esforço de 
apresentar, de maneira clara, informações complexas o 
bastante para serem transmitidas apenas por texto". 
Ary Moraes (1998, p.111)
Jornalismo infográfico é uma modalidade discursiva ou 
um subgênero do jornalismo informativo.
Não é para embelezar jornal.
As informações de uma infografia jornalística devem 
ser relevantes para a compreensão ou contextualização 
do acontecimento.
Para isso, o infográfico é composto por elementos 
icônicos e tipográficos e pode ser constituído por...
mapas
fotografias gráficos
ilustrações
outros recursos 
visuais
"Esta relação entre imagem e texto, indissociável, é 
para nós uma das principais características da 
infografia jornalística."
Teixeira, 2010, p. 18
No entanto, há autores que defendem que a infografia 
não tem que ter palavras, necessariamente.
Tomam como principal referência trabalhos como o de 
Nigel Homes em “Worldless Diagrams” (2005).
How to curtsy (Como fazer uma reverência) ● Fonte: Holmes (2005, p. 35)
Para Teixeira, neste caso, o que se há são diagramas 
que podem ou não ser usados em um infográfico.
Na internet, a produção de infográficos pode incluir 
ainda recursos multimídia, como vídeos e áudios.
Evolução da folia ● Fonte: O Globo
Em infográficos dinâmicos, o leitor pode ainda interagir 
com informações disponibilizadas em banco de dados.
● Fonte: The Guardian
infografia no mundo e no Brasil
O jornal londrino “The Times” publicou o esquema de 
uma batalha naval entre a frota inglesa e a 
dinamarquesa, em 20 de abril de 1801. 
O diagrama explicava a estratégia adotada, que 
garantiu a vitória britânica sobre a dinamarquesa.
Peltzer e outros autores defendem que o 1º infográfico 
publicado pela grande imprensa foi o Mr. Blight's 
House, veiculado na primeira página do “The Times”, 
em 7 de abril de 1806.
A casa de Mr. Blight ● Fonte: Peltzer (1991, p.108)
A figura trazia detalhes da ação do assassino dentro da 
casa, a trajetória da bala que matou Isaac Blight e o 
local da morte.
Era uma versão rudimentar de infográfico jornalístico.
Na década de 1930, revistas começavam a se destacar 
com gráficos ilustrativos e primeiras páginas em cores. 
No final da década de 1970, a 
revista “Time” se destacava 
ao trazer sempre páginas com 
gráficos de Nigel Holmes, 
considerado um dos pioneiros 
no uso da infografia, ao lado 
de Peter Sullivan.
E os jornais começaram a copiar o modelo utilizado 
pelas revistas, como o “USA Today”.
Se muito antes das mudanças ocorridas pelo uso dos 
computadores nas redações já se produziam versões de 
infográficos, foi na década de 1980 que se popularizou.
Isso aconteceu em função da evolução da tecnologia e 
também dos recursos de impressão.
Fundado em 1982, o diário “USA Today” tinha como 
aposta editorial o uso de textos curtos e o uso de cores, 
de produção de mapas (como os de tempo), de gráficos, 
de infográficos etc.
“Eu acredito que Richard Curtis viu a possibilidade do 
‘USA Today’ ser mais facilmente lido pelos leitores 
graças à informação contada visualmente. E isto de 
fato aconteceu. A média de leitores do jornal era de
6 milhões por dia."
J.Ford Huffman, um dos funddores do jornal
As propostas dos jornais dos EUA foram replicadas 
mundo afora.
E muitos passaram por redesenhos na década de 1980.
Isso tudo representava uma mudança no design da 
notícia e na forma de publicar informação.
Se o “USA Today” foi essencial para o design de 
notícias, a Guerra do Golfo, de 1991, é apontada como 
marco específico da história da infografia 
contemporânea e do jornalismo visual.
Não era a primeira vez que um confronto bélico 
obrigava os jornais a buscarem formas diferenciadas 
para narrar os acontecimentos, isto já havia acontecido 
tanto na Primeira quanto na Segunda Guerra Mundial e 
até antes, como na Guerra de Secessão (1861-1865).
No caso da Guerra do Golfo, havia uma censura grande.
A dificuldade para obter fotos do conflito em terra era 
um desafio para os jornais que ofereciam informação 
gráfica de atualidade para os leitores.
Para Alberto Cairo, do ponto de vista jornalístico, o uso 
da infografia foi problemático na Guerra do Golfo.
Havia uma preocupação maior com a beleza do que 
com a precisão da informação relatada.
"Os gráficos sobre a primeira Guerra do Golfo estavam cheios 
de meia verdades, exageros e detalhes completamente 
inventados. Estilisticamente eram muito sofisticados: a 
qualidade das ilustrações alcançou níveis nunca vistos até 
então. Eticamente, porém, a Guerra do Golfo de 1991 foi um 
ponto obscuro do jornalismo visual que haveria de marcar 
todos os conflitos posteriores até os nossos dias.”
Cairo apud Teixeira, 2010, p. 23.
Uso de ilustrações para desencadear conflitos ou para 
enfatizar a espetacularização da guerra.
Cena do “Cidadão Kane”, à esquerda, e o magnata William Randolph Hearst, do "New 
York Journal", que teria inspirado o filme.
Depois dos conflitos em Maine, em 1897, o ilustrador 
Frederic Remington, que havia sido enviado para Cuba 
por Hearst para cobrir a ação espanhola, mandou um 
telegrama avisando que tudo estava tranquilo e que 
desejava regressar aos EUA.
"Please, remain. You furnish the pictures. 
I'll furnish the war."
William Randolph Hearst, dono do “New York Journal”,
para o ilustrador Frederic Remington, em 1897
Mais recentemente, os infográficos sobre a morte de 
Osama bin Laden foram alvos de crítica, em 2011.
“O jornalista tem acesso ao relato e não ao fato.”
Ary Moraes
No Brasil, foi na década de 1990 que a infografia 
começou a ser usada de modo mais sistemático.
Mas também há registros anteriores de gráficos 
informativos usados nos jornais.
Recentemente, localizou-se o que seria uma das 
primeiras manifestações do uso de recursos gráficos 
precursores da infografia, no jornal o “Estado de 
S.Paulo”, publicada em 18 de agosto de 1909.
Em entrevista, Léo Tavejnhansky, do “O Globo”, contou 
que o jornal publicou o que ele entende ser um 
infográfico na 1ª página da sua edição n.1, em 1925.
Mostrava o aumento do número dos automóveis do Rio 
de Janeiro de um ano para outro.
Na revista “Veja”, há gráficos semelhantes que aliam 
dados estatísticos e ilustração já na década de 1970.
E, em meados de 1980, algumas versões embrionárias 
de infográficos.
“A infografia apareceu nas revistas e nos jornais no 
final dos anos 70 como uma resposta da imprensa 
escrita ao impacto visual que a televisão e o 
computador trouxeram ao universo da notícia."
A Revista do Brasil, Editora Abril apud, Teixeira, 2010, p. 25.
A preocupação com a informação gráfica também 
estava no “Projeto Folha”, em 1985-1986."Tudo deve ser explicado, esclarecido e detalhado - de forma 
concisa e exata, numa linguagem tanto coloquial e direta 
quanto possível (...). O didatismo deve estender-se também à 
disposição visual do que é editado. (...) A apreensão pelo 
leitor deve ser fácil, clara e rápida. (...) A rigor, tudo o que 
puder ser dito sobre a forma de quadro, mapa, gráfico ou 
tabela não deve ser dito sob a forma de texto.” 
Silva apud Teixeira, 2010, p. 25
Na década de 1990, as reformas gráfico-editoriais em 
jornais brasileiros se tornaram corriqueiras. 
A do jornal carioca “O Dia” foi emblemática, em 1992.
Inovou ao criar o primeiro departamento de infografia e 
ilustração do Brasil, em 1994, e ganhar um prêmio 
Malofiej, em 1996. O primeiro jornal brasileiro a ser 
premiado no concurso, o mais importante do mundo.
A Abril também investiu bastante em infografia nos 
anos 1990. E as revistas “Veja” e “Superinteressante” 
receberam muitos prêmios na área.
Atualmente, muitas empresas de comunicação possuem 
equipes de infografia que trabalham criando 
infográficos para as diferentes plataformas. 
Muitas mudanças ainda acontecendo, grandes desafios.
conceito e formas
ELEMENTOS OBRIGATÓRIOS
Todo infográfico deve conter:
(1) título
(2) texto introdutório (espécie de lead)
(3) indicação das fontes
(4) assinatura dos autores
São elementos que contribuem para a maior qualidade 
do material apresentado ao leitor.
Já sabemos que um bom infográfico costuma contar 
com recursos visuais como fotografias, mapas, tabelas, 
ilustrações, diagramas etc.
Mas um mapa é um infográfico jornalístico?
Um infográfico jornalístico pressupõe uma narrativa 
construída a partir da associação indissolúvel entre 
texto e imagem.
Narrativa é o ato de "relatar eventos de interesse 
humano enunciados num suceder temporal 
encaminhado a um desfecho".
Motta apud Teixeira, 2010, p. 33
E também uma realização que nos permite 
"compartilhar experiências e conhecimentos, a alargar 
o contexto pragmático".
Vogel apud Teixeira, 2010, p. 33
Como narrativa jornalística, cada elemento do 
infográfico deve manter uma relação evidente com 
aquilo que se compreende como realidade.
Se um carro bateu em um muro, não adianta 
representá-lo batendo em uma cerca.
Não é a mesma coisa.
O infografista-repórter não pode desconhecer essas 
diferenças, porque cada elemento também descreve, 
enquanto constrói-se a própria narrativa.
É preciso ter cuidado em todas as etapas de produção 
do infográfico, a começar pela própria apuração.
O infográfico deve passar uma informação de sentido 
complexo, favorecendo a compreensão de algo.
Nem imagem nem texto devem se sobressair a ponto de 
tornar um outro dispensável.
E deve privilegiar a informação jornalística e não a 
estética ou recursos tecnológicos.
Deve-se pensar na narrativa ao responder se um mapa 
é ou não um infográfico jornalístico.
Não temos infográfico quando se apresenta ao leitor 
uma série de informações, mas não uma narrativa; e 
quando imagem e texto não estão em simbiose. 
O mesmo pode-se dizer de alguns tipos de mapas e 
gráficos, como os snapshots, muito usados no "USA 
Today" a partir de 1982.
Não se pode confundir infografia com ilustração.
O objetivo deveria ser sempre favorecer o leitor e a 
função primordial do jornalismo como forma de 
conhecimento.
TIPOLOGIA
Modelo de Teixeira, 2010
PROTOINFOGRÁFICOS
Não usa adequadamente elementos visuais e textuais.
 
Normalmente, não apresenta título, fonte ou abertura.
Ignora a autonomia enunciativa do infográfico, que 
deve ser entendido mesmo quando é complementar.
Exemplo de Protoinfográfico ● Fonte: Revista “Vida e Saúde”, 2009
ENCICLOPÉDICO:
● Independente
● Complementar
JORNALÍSTICO:
● Independente
○ Reportagem Infográfica
● Complementar
INFOGRÁFICOS
Enciclopédico
Mais generalista.
Centrado em explicações de caráter mais universal.
Semelhante a infográficos de livros didáticos.
Exemplo de Infográfico Enciclopédico ● Fonte: Jornal “O Povo”, 2009
Jornalístico
Busca a singularidade do fato ou situação narrada a 
partir de depoimentos colhidos com as fontes.
Importa aquilo que não se repete.
Ligado ao breaking news.
Exemplo de Infográfico Jornalístico ● Fonte: “Zero Hora”, 2007
Diferença entre o jornalístico e o enciclopédico...
Diferença entre o jornalístico e o enciclopédico...
Enciclopédico Independente
Caracteriza-se por não acompanhar a notícia.
Seu uso independe de acontecimentos específicos.
Exemplo de Enciclopédico Independente ● Revista "Mundo Estranho", 2006
Enciclopédico Complementar
Está vinculado a uma matéria.
Possibilita a contextualização mais detalhada de algo.
Exemplo de Enciclopédico Complementar ● Fonte: Revista Época
Jornalístico Independente
Surge como uma forma diferenciada de narrar um 
acontecimento jornalístico.
Exemplo de Jornalístico Independente ● Fonte: “El Economista”, 2017
Jornalístico Independente -
Reportagem Infográfica
Narrativa com texto principal como introdução de uma 
reportagem seguida por infográfico ou infográficos.
Traz uma série de detalhes importantes.
Exemplo de Reportagem Infográfica ● Fonte: Revista "Superinteressante", 2008
Jornalístico Complementar
Está vinculado a uma matéria.
Ajuda a compreender o acontecimento em questão.
Costuma ser indispensável à matéria.
Exemplo de Infográfico Jornalístico Complementar ● Fonte: "O Globo", 2008
DÚVIDAS?
REFERÊNCIAS
MORAES, Ary. Infografia: história e projeto. São Paulo: Blucher, 2013.
PELTZER, Gonzalo. Jornalismo Iconográfico. Lisboa: Planeta, 1991.
TEIXEIRA, Tattiana. Infografia e Jornalismo – Conceito, análises e perspectivas. 
Salvador: EDUFBA, 2010. (Disponível na web).

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