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1 Processo Legislativo Brasileiro I- O Poder Legislativo Poder Legislativo é uma instituição fundamental da democracia representativa, porque se compõe de representantes do povo, para o exercício de duas funções básicas: a legislativa e a de controle sobre o governo. Sistemática do Poder Legislativo na CR/88 “Título IV- Da Organização dos Poderes”, “Capítulo I- Do Poder Legislativo”, “Seção VIII- Do Processo Legislativo”, “Subseção I- Disposição Geral”, “Seção II – Da Emenda à Constituição”, “Seção III- Das Leis”. O Poder Legislativo Federal é bicameral – significa que é composto por duas Casas Legislativas: o Senado e a Câmara dos Deputados. A Câmara dos Deputados é composta por deputados que representam o povo, eleitos pelo sistema proporcional. A Câmara possui algumas atribuições privativas definidas no art. 51 da CR/88, como declarar por maioria absoluta de seus membros a procedência ou improcedência de acusação contra Presidente da República, bem como dos Ministros de Estado; a iniciativa da tomada de contas do Presidente quando não apresentadas no prazo fixado (60 dias). O Senado Federal é composto por representantes dos Estados – Membros e do Distrito Federal. O Senado possui algumas atribuições exclusivas (indelegáveis), como julgar o presidente da República nos crimes de responsabilidade e os Ministros de Estado em crimes da mesma natureza; processar e julgar os ministros do STF e o Procurador-Geral da República nos crimes de responsabilidade; aprovar a escolha de magistrados, do Procurador- Geral da República, dos membros do Conselho Nacional de Economia, etc... Ver art. 52 da CR/88. Lembrar do princípio básico da democracia – todo poder emana do povo que o exerce de forma direta (plebiscito,referendo ou iniciativa popular) ou de forma indireta (por meio dos seus representantes) – Parágrafo Único do art. 1º do CR/88. Temos 513 deputados federais, número estipulado pela Lei Complementar nº 78/93, que regulamenta o disposto no art. 45, § 1º da Constituição da 2 República. O número de senadores é de 81. O mandato de cada deputado é de quatro anos, sendo permitida a reeleição. Cada Estado e o Distrito Federal elegem o número fixo de três senadores, sendo que o mandato de cada de senador é de oito anos, duas legislaturas. Cada senador cumpre o mandato de oito anos com dois suplentes. A renovação dos senadores eleitos ocorre de quatro em quatro anos, na proporção de 1/3 e 2/3. • Nenhum Estado da Federação pode ter menos de oito ou mais de setenta deputados. Em relação aos territórios, o número de deputados é fixo Art. 45. Requisitos para candidatura de deputados federais, nos termos do art. 14 da CR/88. 1- Ser brasileiro nato ou naturalizado; 2- Idade: maior de 21 anos; 3- Pleno exercício dos direitos políticos; 4- Alistamento eleitoral; 5- Filiação Partidária; 6- Pleno exercício dos direitos políticos. Requisitos para candidatura de senadores, nos termos do art. 14 da CR/88 1- Ser brasileiro nato ou naturalizado; 2- Idade: maior de 35 anos; 3- Pleno exercício dos direitos políticos; 4- Alistamento eleitoral; 5- Filiação Partidária; 6- Pleno exercício dos direitos políticos. OBS: A idade mínima para deputado estadual ou distrital é de 21 anos e de vereador é de 18 anos. Número de deputados estaduais: art. 27 da CR/88. A regra é a seguinte: Número de vereadores: art. 29, IV da CR/88 e Resolução nº 21.702/04 do TSE. 1- Definir, ou seja, conceituar e explicar o que são as imunidades parlamentares? Imunidades Parlamentares são prerrogativas inerentes à função 3 parlamentar, garantidoras do exercício do mandato parlamentar, com plena liberdade. 2-Explicar o que é a Imunidade Material e qual é a previsão constitucional? Também denominada inviolabilidade que implica na exclusão da prática de crime, bem como a inviolabilidade civil pelas opiniões, palavras e votos. Previsão no art.53, caput. Com o advento da EC 35, de 20 de dezembro de 2001, as imunidades parlamentares sofreram importantes alterações. As opiniões, palavras e votos tem de ser proferidas em decorrência do exercício da função. O STF entende que a inviolabilidade alcança toda manifestação do congressista onde se possa identificar um laço de implicação recíproca entre o ato praticado, ainda que fora do estrito exercício do mandato. O sentido é de garantir ao congressista que não seja perseguido em decorrência de sua atividade- garantia do regime democrático. 3-Explicar o que é a Imunidade Formal e qual é a previsão constitucional? Está relacionada à prisão dos parlamentares, bem como ao processo a ser instaurado contra eles. Em relação à prisão, o parlamentar passa a ter imunidade formal com a diplomação, antes da posse. Diplomação- atestado de que o candidato foi regularmente eleito. Previsão: § 2° do art. 53, significa que desde a expedição do diploma os parlamentares não poderão ser presos, salvo em caso de flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de 24 horas à Casa respectiva para que pelo voto da MAIORIA ABSOLUTA de seus membros a prisão seja resolvida. A votação não é secreta e sim ABERTA. Importante destacar que o STF vem entendendo que é possível a prisão em decorrência de decisão judicial com trânsito em julgado. Antes da EC 35/01, os parlamentares só poderiam ser processados com prévia licença da respectiva Casa. Os parlamentares serão submetidos a julgamento perante o STF. Após o recebimento da Denúncia pelo STF, em decorrência de crime ocorrido após a diplomação, poderá ocorrer o pedido de sustação do processo, sendo que a prescrição fica suspensa em caso de ser sustada a tramitação do processo. OBS: Fato muito comum no nosso cenário político é o afastamento de parlamentares por tempo indeterminado para exercerem o cargo de Ministro, Secretário de Estado ou Município. Vale ressaltar que, ao se afastar do cargo para o qual foi eleito, o parlamentar não manterá suas imunidades. Michel 4 Temer aponta que o STF já decidiu que o licenciado não está no exercício do mandato e, por isso, dispensa-se a licença (imunidades). Temer elucida ainda mais o assunto, ao apontar que o art. 56 da CF responde essa indagação ao prescrever que: “Não perderá o mandato o deputado ou senador investido na função de Ministro de Estado, Governador do Distrito Federal, Governador de Território, Secretário de Estado, etc. ‘Não perderá o mandato’ significa que quando cessarem suas funções executivas, o parlamentar, que não perdeu o mandato, pode voltar a exercê-lo. O que demonstra que, enquanto afastado, não se encontra no exercício do mandato, senão que interrupção de exercício. Harmoniza-se com a prescrição da impossibilidade de exercício simultâneo em Poderes diversos”. Outras Garantias dos Parlamentares: - Sigilo da fonte: de acordo com art. 53, § 6º da CR/88, os deputados e senadores não são obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. -Incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores: de acordo com o art. 53, 7º, a incorporação de militares às Forças Armadas mesmo que militares e ainda que em tempo de guerra dependerá de licença prévia da Casa respectiva. Parlamentares Estaduais: de acordo com o art. 27, § 1º da CR/88 aos deputados estaduais serão aplicadas as mesmas regras previstas na Constituição da República sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, licença e incorporação às Forças Armadas – correspondência de regras. O foro é do Tribunal de Justiça do Estado. Parlamentares Municipais: de acordocom o art. 29, VIII os Municípios reger- se-ão por lei orgânica que deverá obedecer dentre outras regras a da inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos e com a ressalva de que apenas na circunscrição do município. Vereador não tem imunidade processual, ou seja, não tem prerrogativa de foro. 5 Incompatibilidades e Impedimentos dos Parlamentares Federais – Ver artigo 54 * Desde a expedição do diploma - firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo em caso de cláusulas uniformes; Sobre as cláusulas uniformes há controvérsia doutrinária. José Afonso define que típicos são os contratos de adesão tais como o de seguro, transporte, fornecimento de gás, luz e força, prestação de serviços de telefones, contratos bancários…Uniformidade é característica que só pode estar presente em uma multiplicidade de contratos… -Aceitar ou exercer cargo ou função ou emprego remunerado nas entidades anteriores; * Desde a posse -Ser proprietário, controlador ou diretor de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público ou nela exercer função remunerada; -Ocupar cargos ou função de que sejam demissíveis ad nutum em pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, sociedades de economia mista ou empresa concessionária de serviço público. -Patrocinar causa em que seja interessada qualquer entidade acima; -Ser titular de mais de um mandato eletivo. Perda do mandato parlamentar A perda do mandato pode ser por cassação ou extinção. Cassação- ocorre quando o ato que decreta a perda do mandato decorre do cometimento de uma falta funcional, medida que depende de decisão da Câmara ou Senado por voto secreto da maioria absoluta de seus membros, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político com representação no Congresso Nacional. É assegurada ampla defesa ao acusado. Hipóteses de cassação são previstas no art. 55, I, II e VI: 6 1) infração a qualquer proibição estabelecida no art. 54 da CR/88; 2) procedimento adotado pelo parlamentar incompatível com o decoro parlamentar; situação que não é suscetível a revisão do Poder Judiciário. Reza o art. 55, § 1º da Constituição que além dos casos indicados nos regimentos internos, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas; 3) que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado; Extinção – ocorre em situações nas quais a decisão é meramente declaratória porque visa posto que apenas reconhece uma situação prevista na Constituição. Declaração de ofício da Mesa da Casa ou por provocação de qualquer de seus membros ou de partido político com representação no Congresso Nacional. Hipóteses de extinção por perda estão previstas no art. 55, III, IV e V: 1) deixar de comparecer em cada sessão legislativa à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada; 2) perda ou suspensão dos direitos políticos; 3) decreto da justiça eleitoral nos casos previstos nesta Constituição; Renúncia do Parlamentar: Art. 55, § 4º da CR/88. A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais. A declaração unilateral de vontade do deputado ou senador de renunciar ao mandato não eliminará o processo ao qual está submetido. Fica inelegível o parlamentar que perder o mandato em decorrência da cassação por falta de decoro parlamentar ou por descumprimento das hipóteses do art.54. Lei de Inelegibilidade – Lei Complementar 64/90 / Outras hipóteses em que se torna inelegível Legislatura: Período de quatro anos que corresponde ao mandato dos deputados federais. Sessão Legislativa: Nos termos do art. 57 da CR/88 definiu-se que a sessão legislativa – período anual no qual se reúnem os congressistas - será da 7 seguinte forma: De 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. Nos termos da Emenda à Constituição nº 50/2006, houve uma redução do recesso parlamentar de 90 para 55 dias. Das Comissões Parlamentares: De acordo com a definição de José Afonso da Silva, as comissões parlamentares são: “organismos constituídos em cada Câmara, composto de número geralmente restrito de membros, encarregados de estudar e examinar as proposições legislativas e apresentar pareceres”. Em conformidade com o art. 58 da CR/88, as comissões podem ser permanentes e temporárias e são constituídas nas formas e com as atribuições previstas no Regimento Interno. COMISSÕES: - Comissões Temáticas - art. 58, §2º (são as permanentes); - Comissões Especiais – RI (são temporárias); -Comissões Parlamentares de Inquérito – art. 58, § 3º (são temporárias) – poderes próprios da autoridades judiciais diz respeito apenas à fase instrutória e não à fase do juízo. Sua competência investigatória se assemelha no aspecto criminal à polícia judiciária. As CPI’s podem determinar diligências, inquirir testemunhas, requisitar informações e documentos, tomar depoimentos de autoridades. Podem requisitar a quebra de sigilo telefônico (art. 5º, XII), fiscal e bancário. Requisição de 1/3 dos membros; apuração de fato determinado e por prazo certo. As CPIs não podem nunca impor penalidades ou condenações.CPI não julga apenas investiga. -Comissões Mistas – são compostas tanto por deputados quanto por senadores (são temporárias); -Comissão Representativa durante o recesso – art. 58, § 4º. Durante o recesso haverá uma Comissão representativa do Congresso Nacional , eleita por suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no regimento comum. II – Análise e definição do Processo Legislativo 8 Definição: O processo legislativo é o processo de formação das leis. É o complexo de atos necessários à concretização da função legislativa do Estado. O processo legislativo é formal em dois sentidos. Está subordinado às formalidades previstas na Constituição. Segundo, porque é representação do que efetivamente se dá no choque dos interesses da coletividade. O ato de formação das leis é político por excelência. O processo legislativo consiste nas regras procedimentais, constitucionalmente previstas, para a elaboração das espécies normativas, regras que têm de ser observadas pelos envolvidos. O art. 59 da Constituição Federal lista / enumera os instrumentos normativos compreendidos na regulação que o constituinte desenvolve nos dispositivos seguintes. O processo legislativo moderno é informado por princípios gerais que lhe dão características: *Princípio da Publicidade – as deliberações das Casas Legislativas se realizam perante o público *Princípio da Oralidade – consiste no fato de que os debates se façam de viva voz, tanto na discussão quanto na votação, exercido por meio dos painéis eletrônicos. *Princípio da separação da discussão e votação – consistente no fato de a votação só se iniciar depois de encerrada a discussão. *Princípio da Unidade da Legislatura – a legislatura tem a duração de quatro anos. No final de cada legislatura consideram-se encerrados todos os assuntos seja qual for o estado de sua deliberação. *Princípio do exame prévio do projeto por comissões parlamentares – exame prévio nas comissões. - O vício formal: diz respeito ao processo de formação da lei, que pode se situar tanto na iniciativa quanto nas demais fases. - O vício material:diz respeito ao conteúdo da espécie normativa – à matéria. FASES DO PROCESSO LEGISLATIVO FASES Iniciativa 9 Constitutiva – deliberação parlamentar (discussão e votação) deliberação executiva (sanção e veto) Complementar – promulgação publicação 1- Iniciativa- é o momento da instauração do procedimento, deflagra-se o procedimento. É o momento de iniciação do processo legislativo. Momento da apresentação da proposição. Ver o art.61/ regra geral- qualquer deputado ou senador; comissões da Câmara ou do Senado ou do congresso; presidente da república; supremo tribunal federal; tribunais superiores; procurador-geral da república e cidadãos. Alguns dispositivos constitucionais elencam as regras de iniciativa privativa – matérias reservadas a um determinada pessoa/autoridade. Ver exemplos: art. 61, § 1º (sobre as competências privativas do Presidente da República); art. 96, II (reserva ao STF e tribunais superiores). Art. 61 – A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. § 1º – São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: I – fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas; II – disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração; b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios; c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; (Alínea com redação dada pelo art. 3º da Emenda Constitucional nº 18, de 5/2/1998.) d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria 10 Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI; (Alínea com redação dada pelo art. 1º da Emenda Constitucional nº 32, de 11/9/2001.) f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva. (Alínea acrescentada pelo art. 3º da Emenda Constitucional nº 18, de 5/2/1998.) Art. 96 – Compete privativamente: I – aos tribunais: a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos; b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva; c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição; d) propor a criação de novas varas judiciárias; e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os cargos necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança assim definidos em lei; f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente vinculados; II – ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169: a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores; b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem como a fixação do 11 subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; (Alínea com redação dada pelo art. 1º da Emenda Constitucional nº 41, de 19/12/2003.) c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores; d) a alteração da organização e da divisão judiciárias; III – aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. Emendas em projetos de iniciativa privativa É perfeitamente cabível a apresentação de emendas parlamentares em matéria de iniciativa privativa. Exceção: ver art. 63, I e II- não podem ser admitido aumento de despesa em projeto de iniciativa exclusiva do Presidente da República a não ser em relação ao orçamento. Tem que haver pertinência temática da emenda parlamentar com o projeto original; a emendas não podem acarretar aumento de despesas. Iniciativa Popular: possibilidade de o eleitorado deflagrar o processo legislativo de lei complementar ou ordinária. Como funciona? A proposta tem de ser subscrita por no mínimo por cento do eleitorado nacional, distribuído por pelo menos cinco estados e em cada um deles deve haver a subscrição de 0,3 por cento dos eleitores. Regra disposta no art. 61, § 2º c/c com o art. 14,III da Constituição Federal e Lei nº 9709/98. Exemplo de lei fruto de iniciativa popular: a Lei nº 8930/94 que modificou a lei dos crimes hediondos, na verdade encaminhado pelo presidente da república e tido como de autoria conjunta. Outro exemplo é o da Lei 11124/05, que cria o fundo nacional para moradia popular. Exclusivamente de iniciativa popular, não é de autoria conjunta. A iniciativa popular para a apresentação de pec’s é matéria controvertida. Entende Pedro Lenza e José Afonso da Silva que é possível com base em princípios constitucionais, como o da soberania popular/interpretação sistemática da Constituição. Requisitos: 1 por cento do eleitorado distribuído em no mínimo cinco estados e com a subscrição de pelo menos 0,3 por cento do eleitorado em cada um deles. Art. 61 – A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso 12 Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. § 2º – A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. 2- Constitutiva: é a fase em que temos a conjugação de vontades tanto do Legislativo (discussão e votação) quanto do Executivo (sanção e veto). Sobre a fase da deliberação, convém destacar que no Brasil, em decorrência do Bicameralismo, sempre haverá a apreciação de um projeto de lei nas duas Casas – tanto na Câmara quanto no Senado, assim uma das Casas funciona como revisora. Ver art. 64 – explicita quando a apreciaçãodo projeto se inicia primeiramente na Câmara dos Deputados, os de iniciativa popular também se iniciam nessa Casa. Lembrar que em relação ao Senado- são iniciados apenas os projetos de iniciativa dos próprios senadores e suas comissões, sendo que a Câmara realiza a função de revisora. Hipóteses de apreciação de uma proposição legislativa: -Aprovado o projeto de lei na Casa Revisora, em um só turno de discussão e aprovação (regra geral para leis ordinárias e complementares) , ele será enviado para a sanção ou veto do Chefe do Executivo. -Rejeitado o projeto de lei, ou seja, caso a Casa Revisora não o aprove, ele será arquivado só podendo ser reapresentado na mesma sessão legislativa (anual) mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional (art. 67). -Emendado, vale dizer, na hipótese de ter sido alterado o projeto original, a emenda e somente o que foi modificado deverá ser apreciado pela Casa Iniciadora, sendo vedada a apresentação de emenda à emenda (subemenda). Possibilidade de regime de urgência constitucional: O Presidente da República, nos projetos de sua iniciativa, pode solicitar urgência na apreciação. A discussão iniciar-se- á na Câmara, tal como dispõe o art. 64, devendo ser apreciada em 45 dias. Seguirá para o Senado que terá mais 45 dias. Em caso de emenda pelo Senado, sua apreciação será feita no prazo de 10 dias pela Câmara (art. 64 §§ 1º a 3º). Prazo máximo de 100 dias. Os prazos 13 não correm no período de recesso do Congresso e nem se aplicam aos projetos de código. Sobre o veto ou sanção presidencial, deve-se destacar que o prazo para sancionar ou vetar um projeto de lei é de 15 dias úteis a contar da data do recebimento. Um projeto pode receber veto parcial ou total. O silêncio do presidente da república importará no que se chama de sanção tácita, ou seja, decorrido o prazo de 15 dias sem que tenha havido nenhuma manifestação do Executivo, presume-se a sanção tácita. 3-Fase Complementar- promulgação e publicação da lei. Promulgação: É o atestado da existência válida da lei e sua executoriedade. Certifica-se o nascimento da lei.O que se promulga é a lei e não o projeto. Na hipótese de sanção tácita ou derrubada de veto, o Presidente tem 48 horas para promulgar e se não o fizer, caberá ao Presidente do Senado. Ver art. 66, §§ 3º e 5º. Publicação: Promulgada a lei, ela deverá ser publicada, ato pelo qual se levará ao conhecimento de todos do conteúdo da inovação legislativa. Regra geral: a lei começa a vigorar 45 dias após a publicação de acordo com a lei de introdução ao Código Civil. Como se chama o período compreendido entre a publicação e a vigência da lei? Vacatio Legis III - As Espécies Normativas I- Emendas à Constituição; II- Leis Complementares; III- Leis Ordinárias; IV- Leis Delegadas; V- Medidas Provisórias; VI- Decretos Legislativos; VII – Resoluções; Análise de cada espécie normativa 14 1- Emenda Constitucional Acréscimo, alteração ou supressão de normas da própria constituição. O Poder Constituinte Derivado é limitado. Iniciativa: art. 60, I,II e III Por 1/3dos membros da Câmara ou do Senado Pelo Presidente da República Mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, com manifestação da maioria relativa de seus membros. O Quorum de aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição é de 3/5 e ela deverá ser discutida e votada em cada Casa do Congresso, em dois turnos. A Emenda à Constituição é promulgada diretamente pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. A Constituição não poderá ser emendada em caso de intervenção federal, de estado de defesa e de sítio. Existem as chamadas cláusulas pétreas – normas constitucionais que não podem ser objeto de emenda. São elas: a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos poderes; os direitos e garantias individuais. Art. 60, parágrafo 4º. 2- Lei Complementar Assim como as leis ordinárias comportam as três fases do processo legislativo. As hipóteses que comportam lei complementar são taxadas no próprio texto constitucional. A própria constituição estabelece que determinada norma será regulamentada por meio de uma lei complementar. A lei complementar é aprovada com o quorum de maioria absoluta (art. 69). A maioria absoluta consiste na maioria dos total dos integrantes de cada Casa Legislativa, ou seja, o número é fixo. Na Câmara, a maioria absoluta é de 257 deputados e no Senado é de 41. Ex: art 18, parágrafos 2º, 3º, 4º, 21, IV. 3- Lei Ordinária Tudo o que não for regulamentado por lei complementar e não for matéria de decreto legislativo é matéria de lei ordinária. O quorum de aprovação é de maioria simples ou maioria relativa. A maioria simples ou maioria relativa consiste na maioria dos presentes à sessão no dia da votação. Lembrar que existe o chamado quorum de instalação, ou seja, a maioria absoluta deve estar presente. Ex: os 257 deputados têm de estar presentes no dia da sessão para que ela seja instalada e para aprovar o projeto de lei ordinária deve-se contar com o voto da maioria dos 257. 15 4- Leis Delegada A Lei Delegada consiste na autorização concedida pelo Congresso para que o Presidente da República possa legislar sobre determinada matéria, por meio de solicitação prévia. Primeiramente, o Presidente encaminha o pedido de delegação ao Congresso que deve conter expressamente o assunto sobre o qual pretende legislar. Se o Congresso concordar com o pedido de delegação, aprovará uma Resolução. Algumas matérias não podem ser delegadas e o Presidente não pode extrapolar os limites da delegação. Se houver a extrapolação, o Congresso pode sustar os efeitos da lei delegada, por meio de decreto legislativo. Matérias que não podem ser objeto de delegação: -os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49); -os atos de competência privativa da Câmara dos Deputados e do Senado (arts. 51 e 52); -matérias reservadas à lei complementar; -a legislação sobre: organização do Poder Judiciário e MP; nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. 5- Medida Provisória Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República pode adotar Medida Provisória com força de lei. A MP vigorará com o prazo de 60 dias, prorrogável por mais 60 dias, de acordo com o art. 62, parágrafo 7º. Durante o recesso parlamentar, o prazo de vigência da MP será suspenso. A prorrogação ocorre quando findo o prazo inicial de 60 dias e o Congresso ainda não tiver encerrado a votação. Se não for convertida em lei nos 120 dias, perderá sua eficácia desde o início da edição. Decreto legislativo estabelecerá como ficarão as relações jurídicas dela decorrentes, quando houver a perda da eficácia – efeitos ex tunc (retroativos). Os pressupostos da MP serão apreciados por uma comissão mista de senadores e deputados, sobretudo, os requisitos de relevância e urgência. O processo de votação se inicia na Câmara e o Senado é a Casa revisora. Se a MP não for apreciada em até 45 dias contados de sua publicação entrará em regime de urgência. Com a Emenda à Constituição nº 32/2001, há a vedação de reedição de medida provisória na mesma sessão legislativa na qual foi rejeitada ou que tenha perdido a eficácia por decurso de prazo. Em resumo, a MP pode ser 16 aprovada na sua forma original; ser aprovada com alteração; não ser apreciada no prazo (rejeição tácita); ser rejeitada expressamente. Matérias que não podem ser objeto de medida provisória: Nacionalidade, direitos políticos, direito penal, processual civil, etc – Ler oart. 62, parágrafos 1º e 2º. 6- Decreto Legislativo É o instrumento normativo pelo qual são materializadas as competências exclusivas do Congresso Nacional previstas no art. 49, I a XVII. Lembrar que para além dessas competências, o Congresso regulamentará por meio de decreto legislativo os efeitos decorrentes de MP não convertida em lei. DESTAQUE para o art. 49, I – é competência exclusiva do Congresso Nacional resolver sobre os tratados internacionais, por meio de decreto legislativo. Com a celebração do tratado internacional pelo Presidente da República, o Congresso tem a atribuição de referendar e aprovar o ato do Chefe do Poder Executivo e tal ato se configura pela edição do decreto legislativo. Inserir a parte dos tratatos internacionais e as quatro fases Tratados Internacionais – questão do concurso O processo de incorporação dos tratados internacionais no ordenamento jurídico passa por três fases: Fase A- Celebração do tratado internacional (negociação, conclusão e assinatura); Fase B- Aprovação (referendo, ratificação parlamentar), pelo Parlamento do acordo, do tratado ou ato internacional, por intermédio de decreto legislativo; Fase C- Troca ou Depósito dos instrumentos de ratificação (ou adesão caso não tenha tido prévia celebração) pelo Órgão do Poder Executivo em âmbito internacional; Fase D- Promulgação por decreto presidencial, seguida da publicação do texto em português, no Diário Oficial. Neste momento, o tratado, acordo ou ato internacional adquire executoriedade no plano do direito positivo interno, guardando paridade normativa com as leis ordinárias. - Os tratados e convenções internacionais ao serem incorporados formalmente ao ordenamento jurídico nacional qualificam-se como atos normativos infraconstitucionais. Ocorrendo a incorporação dos atos e 17 tratados internacionais pelo direito interno, essas normas situam-se no plano de validade e eficácia das normas ordinárias. - Não existe hierarquia entre as normas ordinárias de direito interno e as decorrentes de atos ou tratados internacionais. A ocorrência de eventual conflito entre essas normas será resolvida ou pela aplicação do critério cronológico, devendo a norma posterior revogar a anterior, ou pelo princípio da especialidade; - Esses atos normativos são passíveis de controle difuso e concentrado de constitucionalidade, pois apesar de originários de instrumento internacional não guardam nenhuma validade no ordenamento jurídico interno se afrontarem qualquer preceito da Constituição Federal. Acréscimo da Emenda Constitucional nº 45/04: A Emenda Constitucional nº 45/04- a conhecida Reforma do Judiciário A novidade introduzida pela referida Emenda consistiu em diferenciar os tratados internacionais sobre direitos humanos dos tratados e convenções de outra natureza. Os tratados de direitos humanos passam a ser recepcionados como emendas à constituição, desde que haja aprovação por 3/5 dos membros de cada Casa do Congresso Nacional (Câmara e Senado) e em dois turnos de votação. Os tratados de direitos humanos desde que não infrinjam as cláusulas pétreas (art. 60 § 4º). Em resumo, todos os tratados de qualquer natureza podem ser objeto de controle. O que os diferencia é o fato de que os tratados de direitos humanos têm status de norma constitucional e os demais de lei ordinária. Ler a questão da prova de 2004- Questão 108- Muito Importante 7- Resolução As resoluções tem por escopo regulamentar matérias de competência privativa da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Artigos 51 e 52. Destaque-se que é por meio de Resolução que o Congresso Nacional aprova a delegação ao Presidente da República para a elaboração de lei delegada. 18 Poder Executivo Os Elementos que constituem o Estado 1- Povo - o povo é constituído das pessoas consideradas membros do Estado. Constitui-se do conjunto dos nacionais, natos (as pessoas que nasceram no Estado) e os naturalizados (os que se tornam nacionais pelo processo de naturalização). Povo é diferente de população. A população de um determinado Estado engloba o estrangeiros. Os Estrangeiros não são membros do Estado, não exercem direitos políticos, não podem votar, nem ser votados, mas podem exercer direitos civis. E o que é um cidadão? O cidadão é o nacional nato ou naturalizado no pleno exercício dos direitos políticos. 2- Território – é o espaço geográfico do Estado composto pelo país (aspecto físico do território) e pelo espaço aéreo, mar territorial, plataforma continental ( se o país tiver mar). Em síntese, o território é o limite espacial. NÃO CONFUNDIR TERRITÓRIO COM PAÍS, O PAÍS É PARTE DO TERRITÓRIO. 3-Governo Soberano - elemento institutivo do Estado que significa a independência. Deriva da soberania. A soberania em si não é elemento e sim atributo de um dos seus elementos – o Governo. A soberania significa poder político supremo e independente. O Governo de um Estado pode ser exercido de forma autoritária, totalitária ou democrática VER DIFERENCIAÇÃO As formas de Estado existentes Basicamente apenas duas Estado Unitário – apenas um centro de poder, o controle de toda coletividade é restrito a esse centro de poder em toda a extensão do 19 território. Ex: Uruguai, França, Inglaterra. Estado Federal – o poder não é centralizado, união de coletividades políticas autônomas. Nesse caso, as unidades políticas autônomas podem ser constituídas em Estados-membro (Brasil, EUA), Províncias (Argentina). BRASIL- Forma de Estado: Federal As formas de Governo A forma de Governo se refere à maneira como se dá a instituição do poder na sociedade, como é a relação entre governantes e governados. O filósofo grego da Antiguidade definiu três formas de governo: monarquia (governo de um), aristocracia (governo de poucos) e república (governo do povo). Com Maquiavel (VER ÉPOCA) prevalece a concepção de apenas duas formas de governo: Monarquia e República. BRASIL - Forma de Governo: República Os sistemas de Governo Diz respeito à forma como se relacionam os poderes . Os principais sistemas de Governo são o presidencialismo e o parlamentarismo. Presidencialismo: independência absoluta entre o Poder Legislativo e o Poder Executivo. O Presidente da República exerce as funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo simultaneamente. Só pode existir em Estados que adotam a forma republicana de governo (Brasil e EUA). Parlamentarismo: interdependência entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo. Distinção entre as funções de Chefe de Estado (monarca ou presidente) e de Chefe de Governo (primeiro-ministro). Pode existir em países monárquicos (Inglaterra) ou republicanos (Itália e Alemanha). DEFINIR MELHOR PARLAMENTARISMO BRASIL- Sistema de Governo: Presidencialismo Os Regimes Políticos “Complexo estrutural de princípios e forças políticas que configuram determinada concepção de Estado e da sociedade e que inspiram os ordenamentos jurídicos, em cuja base se acha o fenômeno essencial da autoridade, do poder, da distinção entre governantes e governados” – 20 DEFINIR MELHOR. A idéia de regime político envolve quatro questões fundamentais: autoridade dos governantes e sua obediência; escolha dos governantes; estrutura dos governantes; limitação dos governantes. Autocracia – soberania do governante, governos autoritários, impositivos. Os regimes autocráticos recusam garantia aos direitos humanos fundamentais. Democracia – soberania do povo, o poder emana do povo que o exerce diretamente ou indiretamente. Garante o exercício de direitos humanos fundamentais. O regime político brasileiro sefunda na democracia. O povo exerce o poder diretamente ou por meio de representantes. Tipos de democracia Democracia Direta – povo exerce pó si os poderes governamentais, sem representantes, fazendo leis, administrando e julgando, constitui registro histórico antigo. Democracia Indireta – o povo exerce por meio de representantes eleitos periodicamente. Democracia Semidireta – é a democracia direta com alguns institutos de participação direta. Ex: Inciativa Popular, Referendo, Veto Popular (não existe no Brasil), Recall: os cidadãos revogam o mandato eletivo de seu representante (só nos EUA) e ação popular: visa anular atos lesivos ao interesse público. BRASIL- Regime Político: Democracia Poder Executivo Presidencialismo versus Parlamentarismo No sistema presidencialista, as funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo encontram-se nas mãos de uma única pessoa – o Presidente da República. Já no Parlamentarismo, a função de Chefe de Estado é exercida pelo Presidente da República ou Monarca, caso seja República Parlamentarista ou Monarquia Parlamentarista, respectivamente. A função de Chefe de Governo é exercida pelo Primeiro-Ministro. 21 Chefia de Estado: diz respeito à representação do Estado na sua unidade; atos de representação do Estado nas relações internacionais; nomeação para determinados cargos que não sejam de caráter político. Não há prestação de contas ao Legislativo pelos atos de chefia de estado. Chefia de Governo: orientação política geral, mediante permanente atividade voltada para a realização dos objetivos governamentais e tomada de decisões nos diversos setores da realidade do Estado. Outras características: Presidencialismo: criação norte-americana; eleição do presidente da república pelo povo para mandato determinado; ampla liberdade de escolha de ministros de estado. Parlamentarismo: produto de longa evolução histórica; contornos atuais no final do Século XIX, forte influência inglesa. O Primeiro-Ministro que é de fato o Chefe de Governo é indicado pelo Chefe de Estado com a aprovação do Parlamento. O Primeiro-Ministro não exerce mandato por prazo determinado podendo ocorrer a queda de governo por dois motivos – perda da maioria parlamentar e voto de desconfiança; possibilidade de dissolução do parlamento, com a declaração de extinção dos mandatos pelo Chefe de Estado e convocação de novas eleições. Poder Executivo na CR/88 - O exercício do Poder Executivo no Brasil Âmbito federal O Poder Executivo no Brasil é exercido pelo Presidente da República auxiliado pelos ministros de Estado, tal como dispõe o art. 76 Âmbito estadual Governador do Estado auxiliado pelos secretários de Estado – Art. 77 Âmbito distrital 22 Como dos governadores de Estado Âmbito Municipal Prefeito Municipal – art. 29 Âmbito dos Territórios: governador a ser nomeado pelo Presidente da República, após aprovação pelo Senado Federal – artigos 33, §3º/ 52,III,c / 84, XIV Atribuições do Presidente da República Vide art. 84, o qual estabelece competências privativas tanto como Chefe de Estado (representando a República Federativa do Brasil nas relações internacionais e internamente sua unidade) como Chefe de Governo (prática de atos de administração e de natureza política- participação no processo legislativo) As atribuições do Presidente da República não estão taxativas apenas no art. 84, mas também em outros dispositivos ao longo do texto constitucional). Algumas funções podem ser delegadas aos ministros - hipóteses dos incisos VI, XII e XXV. Delegações que podem ser concedidas ao Advogado-Geral da União, Procurador-Geral da República e Ministros de Estado. - dispor mediante decreto da organização e funcionamento da administração federal – não implicar aumento de despesa e nem criação ou extinção de órgãos públicos; extinção de funções ou cargos públicos quando vagos. -conceder indulto e comutar penas; -prover os cargos públicos federais, na forma da lei. Poder Regulamentar O Poder Regulamentar: poder regulamentar constitui uma das mais significativas prerrogativas do Executivo, conforme determina o art. 84, IV. É o poder conferido ao administrador, em regra ao Chefe do Poder Executivo, para edição de normas destinadas a complementar, pormenorizar o texto das leis, para o cumprimento de sua fiel execução. 23 Os atos normativos podem ser originários quando emanados de competência própria outorgada pela própria Constituição para a edição de novos direitos. Já os atos normativos derivados são aqueles que têm por objetivo a explicitação de algum conteúdo preexistente. Tipos de Regulamento: são reconhecidos dois tipos de regulamento: 1- O Regulamento Executivo, que complementa a lei, contendo normas para sua fiel execução, tal como previsto no art. 84, IV da CR/88. Esse tipo de regulamento não pode inovar na ordem jurídica, com a criação de direitos e obrigações, proibições, posto que no Estado de Direito impera o princípio da legalidade (art. 5º, II e art. 37 da CR/88). 2- O Regulamento Autônomo, que também pode ser denominado de independente, tem o poder de inovar na ordem jurídica, não se presta apenas a complementar uma lei preexistente. No nosso ordenamento, paira uma grande controvérsia sobre a possibilidade ou não da adoção de regulamentos e decretos autônomos. Para grande parte da doutrina, a nossa Constituição limita muito a adoção deste tipo de regulamento. Parte da doutrina considera a possibilidade da adoção de tais regulamentos, considerando o advento da Emenda Constitucional nº 32/2001 que deu nova redação ao art. 84, VI prevendo tal possibilidade nas seguintes hipóteses: organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; extinção e funções ou cargos públicos quando vagos. Para Hely Lopes Meirelles, Maria Sylvia, por exemplo, não há óbice para a adoção de tais regulamentos autônomos. Para Celso Antônio Bandeira de Mello, José dos Santos Carvalho Filho, Diógenes Gasparini, há óbice para a adoção de tais regulamentos autônomos. Modo de Investidura e posse no cargo de Presidente da República O presidente e o vice são eleitos pelo sistema majoritário- maior número de votos. Vide art. 77 sobre as eleições. Não haverá segundo turno se o candidato atingir o voto da maioria absoluta dos eleitores. Em municípios com mais de 200 mil eleitores será realizado o segundo turno. 24 Condições de elegibilidade do presidente e vice-presidente da república (Vide artigos 12 e 14) -ser brasileiro nato -pleno exercício dos direitos políticos -alistamento eleitoral -domicílio eleitoral na circunscrição -ter mais de 35 anos -não ser inalistável nem analfabeto -possuir filiação partidária -não ser inelegível. Posse e Mandato Eleito o presidente e vice-presidente da República tomarão posse em sessão conjunta do Congresso Nacional. Mandato de 4 anos com início em 1º de janeiro do ano seguinte às eleições. No caso de impedimento (temporário) que pode ser por doença ou férias ou em caso de vaga (definitiva) que pode ser por renúncia, morte ou cassação, o presidente da república será sucedido pelo Vice-Presidente. Substitutos Eventuais ou Legais (Caráter Temporário) Em caso de impedimento (temporário) tanto do presidente quanto do vice, a ordem para sucessão é a seguinte: -Presidente da Câmara dos Deputados; -Presidente do Senado Federal; -Presidente do STF. Mandato-tampão: eleição direta e indireta (vide art. 81 da CR/88) 25 No caso de vaga de ambos os cargos – hipótese definitiva existemduas possibilidades: -Vacância dos dois cargos nos primeiros dois anos de mandato – vide caput do art. 81 far-se-á eleição 90 dias após a vacância da última vaga. Eleição direta: sufrágio universal. -Vacância nos últimos dois anos do mandato: eleição para ambos os cargos será feita 30 dias depois da última vaga pelo Congresso Nacional – eleição indireta – vide art. 81, §1º. Presidente e vice-presidente dependem de licença do Congresso Nacional para se ausentarem do país por período superior a 15 dias, sob pena de perda do cargo – vide art. 83. Ministros de Estado São auxiliares do presidente da república no exercício do Poder Executivo e na direção superior da administração federal. Requisitos: brasileiro nato ou naturalizado (exceto ministro de estado da defesa que é privativo de brasileiro nato); idade superior a 21 anos e pleno exercício dos direitos políticos – vide art. 87. Atribuições – art. 87 Responsabilidade e juízo competente para processar e julgar os Ministros de Estado Nos termos do art. 102, I, c, os ministros de estado são julgados perante o STF se cometerem crimes de responsabilidade e crimes comuns. Na hipótese de terem cometido crimes de responsabilidade conexos com o presidente da república serão julgados perante o Senado Federal. Quando cometem crimes de responsabilidade? 26 -quando não atenderem a convocação das casas do Congresso – artigos 50, caput e 58, III; -quando as Mesas das Casas dos Congresso encaminharem pedidos escritos de informações e não receberem a resposta no prazo de 30 dias ou prestarem informações falsas, art. 50, §2º; -quando conexos com os crimes praticados pelo Presidente da Repúblicas, nos termos do art. 85; - Conselho da República: Órgão superior de consulta do Presidente da República, cujas decisões não vinculam os atos do Presidente da República, que se reúne quando convocado pelo Presidente da República. Composição – art. 89 da CR/88 Lei Regulamentadora: Lei 8.041/90 Conselho de Defesa Nacional Também é presidido e convocado pelo Presidente da República Órgão de consulta nos assuntos relacionados à soberania nacional e a defesa do Estado Democrático. Composição – art. 91 da CR/88. Lei Regulamentadora: Lei 8.193/91 EX: opinar sobre declaração de guerra; estado de defesa; estado de sítio; utilização das fronteira. Crimes de Responsabilidade Os detentores de altos cargos públicos poderão praticar, além dos crimes comuns, os chamados crimes de responsabilidade, que são infrações político-administrativas (crimes de natureza política), submetendo-se ao processo de impeachment. O art. 85 da CR/88 enumera alguns exemplos de situações em que o presidente da república incorre em crimes de responsabilidade. Ex: atos que atentem contra a existência da União; livre exercício do Poder Legislativo, do Judiciário, do MP; exercício dos direitos políticos individuais e sociais; segurança interna do país; lei orçamentária; decisões do poder judiciário. A Lei 1.079/1950 dispõe sobre normas e processo de julgamento dos crimes de responsabilidade e foi alterada pela Lei 10.028/2000. 27 Quem responde e pode perder o cargo se cometer crime de responsabilidade? - o Presidente e o Vice-Presidente da República; -ministros de estado; -os ministros do STF; -os membros do CNJ e do CNMP; -o procurador-geral da república; -o advogado-geral da união; -governadores; -prefeitos; Responsabilidade do Presidente da República: prerrogativas e imunidades O Presidente da República possui imunidades formais em relação ao processo, pois somente poderá ser processado, seja por crime comum, seja por crime de responsabilidade, após o juízo de admissibilidade da Câmara dos Deputados, por voto de dois terços de seus membros. Crime comum: processo e julgamento perante o STF; Crime de responsabilidade: processo e julgamento perante o Senado Federal. Em relação aos crimes de responsabilidade que ensejam o impeachment, o presidente ficará afastado por 180 dias de suas funções se for admitido o processo pela Câmara dos Deputados. A sentença condenatória se materializará mediante Resolução do Senado Federal, que somente será proferida por dois terços dos votos, limitando-se a condenação à perda do cargo e inabilitação para o exercício de qualquer função pública (concurso público, cargo de confiança, mandato eletivo) por oito anos, sem prejuízo das demais sanções civis e penais cabíveis (art. 52, parágrafo único). São duas penas: perda do cargo e inabilitação por oito anos para o exercício de qualquer função pública. O julgamento proferido pelo Senado não pode ser alterado pelo Poder Judiciário, tendo em vista o princípio da separação dos poderes. Lembrar da necessidade de garantia ao devido processo legal; ampla defesa e contraditório. 28 O Caso Collor Em 1 de setembro de 1992 foi apresentada a denúncia contra o então o Presidente pelos crimes de responsabilidade. Art. 85 da CR 88, IV e VI – a segurança interna do País e a lei orçamentária. A Câmara dos Deputados por 441 votos admitiu o processo e autorizou o encaminhamento do processo ao Senado. Instaurado o processo no Senado, o presidente ficou suspenso de suas funções como determina o art. 86, §1º, II. A sessão de impeachment é presidida pelo presidente do STF, nos termos do art. 52, parágrafo único. Em 29 de dezembro daquele mesmo ano, iniciaria-se o julgamento do então presidente com a presença dos 81 senadores. O Presidente renuncia ao mandato, tendo sido decidido por 73 senadores que a renúncia não extingue o processo de impeachment e, sendo assim, ficou decidida sua inabilitação por oito anos conforme preceitua o art. 52, parágrafo único. Collor impetrou um MS no STF 21.689-1 com a alegação de que sua renúncia extinguiria o processo. O STF indeferiu a liminar e não concedeu a segurança. MS indeferido. O Senado funciona como órgão judicial não cabe ao Poder Judiciário revisar a decisão do Senado, sendo que não cabe nenhum recurso. Art. 8º São crimes contra a segurança interna do país: 1 - tentar mudar por violência a forma de governo da República; 2 - tentar mudar por violência a Constituição Federal ou de algum dos Estados, ou lei da União, de Estado ou Município; 3 - decretar o estado de sítio, estando reunido o Congresso Nacional, ou no recesso deste, não havendo comoção interna grave nem fatos que evidenciem estar a mesma a irromper ou não ocorrendo guerra externa; 4 - praticar ou concorrer para que se perpetre qualquer dos crimes contra a segurança interna, definidos na legislação penal; 5 - não dar as providências de sua competência para impedir ou frustrar a execução desses crimes; 6 - ausentar-se do país sem autorização do Congresso Nacional; 29 7 - permitir, de forma expressa ou tácita, a infração de lei federal de ordem pública; 8 - deixar de tomar, nos prazos fixados, as providências determinadas por lei ou tratado federal e necessário a sua execução e cumprimento. Art. 9º São crimes de responsabilidade contra a probidade na administração: 1 - omitir ou retardar dolosamente a publicação das leis e resoluções do Poder Legislativo ou dos atos do Poder Executivo; 2 - não prestar ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas relativas ao exercício anterior; 3 - não tornar efetiva a responsabilidade dos seus subordinados, quando manifesta em delitos funcionais ou na prática de atos contrários à Constituição; 4 - expedir ordens ou fazer requisição de forma contrária às disposições expressas da Constituição; 5 - infringirno provimento dos cargos públicos, as normas legais; 6 - Usar de violência ou ameaça contra funcionário público para coagí-lo a proceder ilegalmente, bem como utilizar-se de suborno ou de qualquer outra forma de corrupção para o mesmo fim; 7 - proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decôro do cargo. Poder Judiciário O Poder Judiciário é um dos três poderes clássicos previstos pela doutrina e consagrado como poder autônomo e independente. Função típica: função jurisdicional inerente a sua natureza. Função atípica de natureza executivo-administrativa: organização de suas secretarias; concessão de licença e férias a seus membros, servidores e juízes – art. 96. Função atípica de natureza legislativa: elaboração de seu regimento interno. 30 Função de jurisdição: É uma das funções do Estado, mediante a qual se substitui aos titulares de interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflito que os envolve, com justiça. O Judiciário substitui a vontade das partes e dirime o conflito. Função de julgar em que se impõe a validade do ordenamento jurídico, de forma coativa, sempre que houver necessidade. Importante ressaltar que o Poder Judiciário só se manifesta mediante provocação. Reforma do Poder Judiciário Em 8 de dezembro de 2004, foi promulgada a Emenda Constitucional 45, após longos 13 anos de tramitação, conhecida como Reforma do Judiciário. Alguns exemplos de alterações no texto constitucional introduzidas com a referida reforma: - Princípio da celeridade processual e duração razoável do processo- art. 5º, LXXVIII; -Possibilidade de criação de varas de conflitos agrários – art. 126; -Constitucionalização dos tratados sobre direitos humanos – art. 5º, §3º; -Criação do CNJ e do CNMP – 102, I, i/ 103-B; -Extinção dos tribunais de alçada – art. 4º da EC 45/04. ETC…. Garantias do Poder Judiciário - Garantias institucionais do Judiciário A) Autonomia funcional, administrativa e financeira (art. 99): Estruturação e funcionamento dos órgãos na medida em que se atribui aos tribunais competência de eleger seus órgãos diretivos; regimento interno; estrutura administrativa geral. Os tribunais têm autogoverno e devem elaborar suas propostas orçamentárias dentro dos limites estabelecidos em conjunto com os outros poderes na LDO. 31 A EC 45/04 determinou que as custas e emolumentos sejam destinados exclusivamente ao custeio dos serviços afetos às atividades específicas da Justiça. B) Garantias funcionais do Judiciário Englobam tanto as garantias de independência de seus membros – vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios quanto as garantias de imparcialidade dos órgãos judiciários. B.1) Garantias de independência de seus membros - Vitaliciedade: art. 95, I. Significa dizer que o magistrado (também tem essa garantia os membros do MP e dos Tribunais de Contas) só perderão o cargo uma vez vitaliciados após o trânsito em julgado de sentença judicial. Os demais servidores públicos são estáveis e podem perder o cargo não só por decisão judicial como também por processo administrativo e mediante procedimento periódico de avaliação de desempenho. A vitaliciedade em primeiro grau de jurisdição só será adquirida após 2 anos de efetivo exercício no cargo desde que o magistrado supere obviamente o estágio probatório. Nos dois primeiros anos, para o juiz que ingressou na carreira por concurso público a perda do cargo somente será possível mediante deliberação do tribunal a que pertence. No caso dos advogados e membros do MP que ingressem nos tribunais superiores por meio da regra do quinto constitucional, a vitaliciedade é adquirida assim que tomam posse, sendo dispensado o estágio probatório. Os ministros do STF podem perder o cargo se cometerem crime de responsabilidade e serão julgados perante o Senado Federal. - Inamovibilidade: art. 95, II. Impossibilidade de remoção do magistrado sem o seu consentimento de local para outro, de uma comarca para outra, ou mesmo sede, cargo, tribunal, câmara, grau de jurisdição. Uma vez titular do respectivo cargo, o juiz somente poderá ser removido por iniciativa própria, salvo em uma exceção, que é por motivo de interesse público e pelo voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do CNJ, assegurada ampla defesa (art. 93, VIII) 32 -Irredutibilidade de subsídios: o subsídio do magistrado que é sua forma de remuneração não pode ser reduzido. B.2) Garantias de imparcialidade dos órgãos judiciários Vedações impostas aos magistrados no art. 95, parágrafo único, incisos Ia V tem por escopo garantir-lhes a imparcialidade no exercício de suas funções: São elas: -exercer outro cargo ou função, salvo uma de magistério; -receber a qualquer título custas ou participações em processos; -dedicar-se à atividade político-partidária; -receber a qualquer título auxílios ou contribuições de pessoas físicas físicas, entidades públicas ou privadas, salvo exceções previstas em lei; -exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração (quarentena); Estrutura do Judiciário As regras do Poder Judiciário vem estruturadas nos artigos 92 a 126 da CR/88 O STF e o STJ não pertencem a nenhuma justiça e são tanto órgão de convergência por serem a cúpula decisória nas causas de competência desse tribunal como são também órgãos de superposição posto que suas decisões se sobrepõem às decisões proferidas pelos órgãos inferiores das justiças comuns e especial. -Justiças: comum e especial Justiça Comum: 33 a) Justiça Federal (TRF’s e juízes federais) arts. 106 a 110; b) Justiça do DF e territórios (organizados e mantidos pela União); c) Justiça Estadual comum (art. 125 – juízos de primeiro grau e juizados especiais – art.98, I) – Justiça de Paz, tribunais de justiça Justiça Especial: a) Justiça do Trabalho – TST, TRT’s e Juízes do Trabalho – arts. 111 a 116; b) Justiça Eleitoral – TSE, TRE’s , juízes eleitorais e juntas eleitorais- arts. 118 a 121; c) Justiça Militar da União – STM e Conselhos de Justiça, Especial e Permanente, na sede das auditorias militares – arts. 122 a 124. d) Justiça Militar dos Estados, do DF e Territórios OBS: somente a justiça do trabalho não tem qualquer competência penal, posto que julga apenas dissídios individuais e coletivos oriundos de das relações trabalhistas A regra do quinto constitucional O art. 94 da CR/88 estabelece que um quinto (20 %) dos lugares dos TRF’s, dos tribunais dos estados e do DF e territórios será composto por membros do MP e da OAB. MP: mais de dez anos de carreira Advogados: notório saber jurídico, reputação ilibada, mais de dez anos de atividade profissional Indicação em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. 34 A regra do quinto também está prevista para os tribunais do trabalho (artigos 111-A, I e 115, I) e para o STJ (art. 104, parágrafo único). Procedimento é bem simples: a escolha pelo órgão de classe de seis nomes que preencham os requisitos e formação de lista tríplice pelo tribunal que é encaminhada ao Executivo para a escolha final. Aspectos gerais: 1- Supremo Tribunal Federal (Vide artigos 101, 102 …): Composição: 11 ministros; Investidura: o Presidente da República escolhe e indica o nome para compor o STF, devendo tal nome ser aprovado por maioria absoluta em sabatina realizada pelo Senado Federal; Requisitos: brasileiro nato; mais de 35 e menos de 65 anos de idade; cidadão (pleno exercício dos direitos políticos);notável saber jurídico e conduta ilibada; Necessariamente tem de ser jurista, tendo obrigatoriamente que ter cursado a Faculdade de Direito. - Competências do STF: A) Originária: art. 102, I, a até r B) Recursal Ordinária: art. 102, II C) Recursal Extraordinária: art. 102, III Algumas inovações trazidas pela Reforma do Judiciário: - homologação de sentença estrangeira e concessão de exequatur às cartas rogatórias: transferência da competência para o STJ; É similar à carta precatória, mas se diferencia deste por ter caráter internacional. A carta rogatória tem por objetivo a realização de atos e diligências processuais no exterior, como, por exemplo, audição de testemunhas, e não possui fins executórios; No Brasil, a competência para se conceder o exequatur (significando execute-se, cumpra-se) é do Superior Tribunal de Justiça, de acordo com o artigo 105 da Constituição Federal. O artigo 109, X, da Constituição Federal determina que compete ao juiz federal a execução de 35 carta rogatória, após o "exequatur". Basicamente este é um instrumento de intercambio processual facilitatório que agiliza os processos de objetos internacionais. Toda sentença proferida por um juiz no exterior deve ser homologada no Brasil para que tenha plena validade em nosso país. Homologar que dizer aprovar ou até mesmo reconhecer. Uma sentença estrangeira deve ser aprovada ou reconhecida pelo poder judiciário no Brasil. No Brasil, o órgão competente para receber o pedido e homologar a Sentença Estrangeira é o Superior Tribunal de Justiça. Se toda a documentação estiver correta, o prazo, em regra é de 3 meses, a partir da data do protocolo da ação. A documentação exigida é o interio teor da sentença estrangeira legalizada pelo consulado brasileiro e uma procuração assinada por ambas as partes, conferindo poderes ao advogados brasileiro para ingressar com a ação. O custo do processo não é elevado, basicamente os gastos: uma taxa de R$ 100,00, paga ao Superior Tribunal de Justiça; o valor para tradução juramentada dos documentos estrangeiros e os honorários do advogado. -nova hipótese de cabimento de RE: ampliação da competência do STF para o julgamento de Recurso Extraordinário quando julgar válida lei local contestada em face de lei federal. -CNJ e CNMP: as ações contra os membros dos dois conselhos são de competência originária do STF; -Repercussão Geral: criação do requisito da repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso para o conhecimento do recurso extraordinário – art. 102, §3º; Lei Regulamentadora é a lei 11.418/06 e a técnica funciona como verdadeiro “filtro constitucional” permitindo que o STF não julgue processos desprovidos de repercussão geral. O critério objetivo é presumir que há repercussão geral quando o recurso impugnar decisão contrária a súmula ou jurisprudência dominante do Tribunal. Art. 543 A, §1º do CPC estabelece que para os efeitos da repercussão geral será considerada existência de questões relevantes do ponto de vista econômico, social, político ou jurídico. Trata-se portanto de mais um requisito de admissibilidade do RE. A negativa de existência de repercussão geral vale para todos os recursos em tramitação na mesma situação, sobre matéria idêntica, nos termos do art. 543- A, § 5º do CPC. 36 O reconhecimento de inexistência de repercussão geral deverá ser manifestada por 2/3 dos ministros – 8 dos 11. 2 – Superior Tribunal de Justiça – STJ (Vide art. 104 e 105) Composição: pelo menos 33 ministros; Investidura: os ministros são escolhidos e nomeados pelo Presidente da República após serem sabatinados pelo Senado Federal e aprovados pelo voto da maioria absoluta . Requisitos do cargo: brasileiro nato ou NATURALIZADO; mais de 35 e menos de 65 anos de idade; notável saber jurídico e reputação ilibada; Composição: 1/3 de juízes dos tribunais regionais federais; 1/3 de des. dos TJs; 1/6 de advogados; 1/6 de membros do MP; Competência do STJ: A) Originária: art. 105, I, a até i B) Recursal Ordinária: art. 105, II C) Recursal Especial: art. 105, III Reforma do Judiciário: -Homologação de sentenças estrangeiras e concessão de exequatur às cartas rogatórias; -Preservação da competência para o julgamento de recurso especial quando a decisão recorrida julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal. Características gerais dos órgãos do Poder Judiciário 37 Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais A Justiça Federal é composta pelos Tribunais Regionais Federais e pelos Juízes Federais – Vide artigos 108 e 109 da CR/88 Composição dos TRF’s – no mínimo 7 juízes – regra do quinto constitucional; Requisitos: brasileiro nato ou naturalizado, mais de 30 e menos de 65 anos de idade; Tribunais e Juízes do Trabalho (Vide art. 114) - TST Composição: 27 ministros, sendo que 1/5 das vagas são destinadas ao quinto constitucional e os demais ministros são escolhidos dentre os juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho; Requisitos: brasileiros natos ou naturalizados e sujeição a sabatina do Senado Federal. Competência a ser estabelecida em lei, nos termos do art. 111-A, §1º; - TRT’s Composição: no mínimo 7 juízes , mais de 30 e menos de 65 anos de idade; 1/5 quinto constitucional e o restante promoção por merecimento e antiguidade de juízes do trabalho. -Juízes do Trabalho – Varas do Trabalho As Varas do Trabalho serão instituídas por lei, podendo, nas comarcas abrangidas por sua jurisdição atribuí-las aos juízes de direito com recurso para o respectivo TRT. Competência da Justiça do Trabalho: Art. 114 da CR/88 Tribunais e Juízes Eleitorais TSE: no mínimo 7 membros (juízes); Composição: 3 juízes do STF escolhidos pelos próprios ministros; 2 juízes do STJ; 2 outros juízes escolhidos dentre lista sextupla indicada pelo STF sem sabatina; 38 TRE’s Composição: 7 juízes, sendo 2 desembargadores de TJs, 2 juízes de direito; 1 juiz de TRF ou juiz federal; 2 juízes escolhidos de lista sextupla pelo Presidente da República de indicação pelo quinto constitucional; Juízes Eleitorais São os próprios juízes de direito em efetivo exercício e na ausência destes seus substitutos legais de acordo com a própria organização judiciária estadual. Tribunais e Juízes Militares Art.122, I e II Superior Tribunal Militar Composição: 15 ministros, sendo 3 oficiais-generais da Marinha, da ativa e do posto mais elevado da carreira; 3 do Exército e 3 da Aeronáutica; 5 dentre civis dos quais 3 são advogados, 1 dentre juízes auditores e 1 membro do Ministério Público da Justiça Militar. Forma de indicação: o Presidente da República aponta a indicação dos 15 ministros respeitando-se a proporção acima. Sabatina do Senado com aprovação por maioria simples. O STM juntamente com Conselhos de Justiça Militar formação a Justiça Militar em nível federal – a Justiça Militar da União que tem competência exclusivamente penal. Justiça Militar dos Estados Compete à Justiça Militar dos Estado processar e julgar os militares dos Estados nos crimes militares definidos em lei e ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação dos praças. Composição: Primeiro grau - Juízes de Direito e Conselhos de Justiça Segundo grau – Tribunal de Justiça ou Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo seja superior a 20 mil integrantes (SP,MG e RS). O STM não aprecia matéria proveniente da Justiça Militar dos Estados. 39- a Justiça Militar não julga civil; -crime militar definido em lei praticado por militar estadual contra civil (juiz de direito e não o conselho) ressalvada a competência do tribunal do júri; -crime militar praticado por militar estadual contra militar – Conselho de Justiça Especial ou Permanente); -crime doloso contra a vida praticado por militar contra militar – Conselho de Justiça presidido pelo juiz de direito da Justiça Militar Estadual. Tribunais e Juízes dos Estados Competência residual- tudo que não for atribuição das justiças especiais ou especializadas, nem da justiça federal. Conselho Nacional de Justiça Aspectos gerais e composição do CNJ A EC 45/04 institui o Conselho Nacional de Justiça composto por 15 membros, com mandato de 2 anos sendo admitida uma recondução. Desses 15 membros a divisão é assim – Vide art. 103-B, §2º: - 1 Ministro do STF (indicação do próprio STF); 1 ministro do STJ (indicação do próprio); 1 ministro do TST (indicação do próprio); 1 desembargador de TJ (indicação do STF); 1 juiz estadual (indicação do STF); 1 juiz d TRF(nomeação do CNJ); 1 juiz federal (STJ); 1 juiz de TRT (TST); um membro do MP da União (Procurador-Geral da República); 1 membro de MP Estadual (indicação Procurador-Geral da República); dois advogados (Conselho Federal da OAB); dois cidadãos de notável saber jurídico (1 pela Câmara e 1 pelo Senado). O CNJ é presidido pelo Ministro do STF Competências do CNJ – Vide Art. 103-B, §4º: controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e o cumprimento dos deveres funcionais dos juízes O CNJ é órgão administrativo e não tem atribuição para rever decisões judiciais no âmbito dos processos em tramitação. Dos Precatórios Serão melhor estudados em D. Administrativo e em Processo Civil. O Precatório Judicial é o instrumento através do qual se cobra um débito do 40 Poder Público (pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estadual, Distrital e Municipal), conforme o art. 100 da CR/88, em virtude de sentença judiciária. De acordo com o §5º do art. 100 é obrigatória a inclusão no orçamento das entidades de direito público de verba necessária ao pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários, apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte. Espécies de Precatórios e exceção no caso das obrigações de pequeno valor Existem duas espécies de precatórios: os de natureza alimentícia e os de natureza não alimentícia. Natureza alimentícia: os créditos decorrentes de salário, vencimentos, proventos, pensões, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença transitada em julgado. A obrigatoriedade da expedição de precatórios para o pagamento das dívidas públicas não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em lei como de pequeno valor que as Fazendas Públicas devam fazer em virtude de sentença transitada em julgado. Os precatórios de natureza alimentícia têm preferência sobre todos os demais débitos, exceto do art. 100, §2º. Funções Essenciais à Justiça Com o objetivo de dinamizar a atividade jurisdicional, o poder constituinte originário institucionalizou atividades profissionais (públicas e privadas), atribuindo-lhes o status de funções essenciais à Justiç. Regras nos artigos 127 a 135 da CR/88 – MP (127 a 130); Advocacia Pública (131 e 132); Advocacia (133) e Defensoria Pública (134). 1- Ministério Público O MP é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (ex: direito à vida; direito à saúde). Instituição autônoma e democrática. 41 Via de regra, consideram-se como disponíveis os direitos patrimonais. Todavia, lições do Direito de Família (direito a alimentos), do Direito do Trabalho (direito ao salário) e do Direito Administrativo (prescrição das prestações patrimoniais, mas não do "fundo do direito"), levam a estabelecer uma distinção entre direito subjetivo (eventualmente irrenunciavel e imprescritível) pretensão a prestações patrimoniais (renunciáveis e prescritíveis). Pode-se, então, afirmar que direitos fundamentais são direitos irrenunciáveis e imprescritíveis, ainda que, eventualmente, possam ser renunciáveis e prescritíveis direitos a prestações de natureza patrimonial deles decorrentes. Uma distinção correspondente encontra-se também na contraposição entre a sentença e sua execução, nas ações relativas a direitos individuais homogêneos. Organização do MP MP da União: MP Federal; MP do Trabalho; MP Militar e MP do DF e Territórios. MP dos Estados MP Eleitoral: não tem estrutura própria e sua composição é mista sendo composto de membros do MPF e do MPE. Lei 8.625/93: Lei Orgânica Nacional do MP, que dispõe sobre normas gerais referentes à organização do MP dos Estados. Lei Complementar 75/93: dispõe sobre o MP da União. Leis Complementares Estaduais: cada Estado elabora a sua. O ingresso na carreira depende de concurso público de provas e títulos, assegurada a participação da OAB, exigindo-se do bacharel em direito no mínimo três anos de atividade jurídica. Princípios do MP São princípios do MP, previstos na CR/88 Unidade: A unidade significa que os membros do MP integram um só órgão sob a direção única de um só Procurador-Geral, dentro de cada MP. Indivisibilidade: O MP é uno porque seus membros não se vinculam aos processos no quais 42 atuam, podendo ser substituídos uns pelos outros de acordo com as normas legais, posto que quem exerce os atos é a Instituição e não a pessoa do promotor de justiça ou do procurador de justiça. Independência funcional Trata-se de autonomia de convicção, na medida em que os membros do MP não se submetem a qualquer poder hierárquico no exercício de seu mister, podendo agir da maneira que melhor entenderem no processo. Órgão independente com autonomia funcional e financeira. Só se concebe a hierarquia de caráter administrativo, pela chefia do procurador-geral, nunca de índole funcional. Princípio do Promotor Natural A Constituição assegura que ninguém será processado e julgado nem sentenciado senão pela autoridade competente (art. 5º, LIII). Proíbem-se designações casuísticas que criariam a figura do promotor de exceção. Proibição de designações de promotores para as funções de outro promotor. Funções A CR/88 ampliou sobremaneira as funções do MP, transformando-o em um verdadeiro defensor da sociedade, tanto no campo penal com a titularidade exclusiva da ação penal pública quanto no campo cível como fiscal dos demais Poderes Públicos e defensor da legalidade e moralidade administrativa, inclusive com a titularidade do inquérito civil público e da ação civil pública. Funções institucionais do MP – Vide art. 129 da CR/88 – rol constitucional é exemplificativo, sendo que a própria Lei Orgânica do MP, Lei 8.625/93, em seu art. 25 estabelece outras funções do MP de grande relevância. Garantias do MP 1- Autonomia Funcional: A autonomia funcional inerente à Instituição como um todo e abrangendo todos os órgãos do MP, está prevista no art. 127, §2º da CR/88. Não submissão dos membros do MP a nenhum outro “poder”. 2- Autonomia Administrativa Prevista também no art. 127, §2º da CR/88 consiste na capacidade de direção de si próprio, autogestão, autoadministração. Assim, o MP poderá 43 propor ao Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços; provimento de seus cargos por concurso;
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