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Trombose venosa profunda

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O que é Trombose venosa profunda 
Conhecida também por “flebite” ou “tromboflebite profunda”, a Trombose 
Venosa Profunda (TVP) é uma doença causada pela coagulação do sangue 
(desenvolvimento de um trombo) no interior das veias (vasos sanguíneos), 
responsáveis por levarem o sangue de volta ao coração, em um local ou momento 
não adequados, sendo uma consequente reação inflamatória do vaso e pode esse 
trombo determinar obstrução venosa total ou parcial. 
As veias são os vasos do sistema circulatório que trazem o sangue de volta ao 
coração, depois que as artérias levaram este sangue oxigenado a todos os órgãos do 
corpo: sistema circulatório = sistema arterial + sistema venoso. 
A coagulação é um mecanismo de defesa do organismo, ele representa a 
transformação do sangue da sua forma líquida em sólida, através de diversas reações 
químicas dos componentes sanguíneos (proteínas, hemácias, etc.). Normalmente, as 
veias mais acometidas são as dos membros inferiores (cerca de 90% dos casos). 
O “trombo” é o termo utilizado para definir a formação de um coágulo do próprio 
sangue de uma pessoa dentro de seus próprios vasos, por isso o termo “Trombose”. 
Resumindo: a trombose venosa representa a formação deste coágulo (trombo) dentro 
das veias (sistema venoso) do indivíduo. O trombo impede a passagem e o fluxo 
normal do sangue naquele vaso, criando um grave problema para todo o sistema 
circulatório. 
Fases da Trombose 
A Trombose apresenta duas fases: a fase aguda e a fase crônica, conheça: 
Fase aguda 
A trombose apresenta-se nesta fase quando o tempo entre a formação do coágulo e 
o diagnóstico não ultrapassa duas semanas. Pode ser de extremamente grave 
nesta fase, causando embolias pulmonares que podem ser fatais. 
Fase crônica 
A partir da 3ª semana, a trombose passa a ser considerada crônica, por causa das 
transformações que acontecem no coágulo, pois ele se torna uma fibrose (como se 
fosse uma cicatriz) dentro da veia. 
Depois de 2 a 4 anos com a doença, os principais problemas são causados pela 
inflamação da parede das veias que quando cicatrizam, podem ocasionar um 
funcionamento deficiente desses vasos sanguíneos. 
O conjunto das lesões (pigmentação escura da pele, grandes varizes, inchação das 
pernas, eczemas e úlceras de perna) é chamado de síndrome pós-flebítica. Esta 
complicação provoca imensos problemas socioeconômicos, devido ao tratamento ser 
muito caro, prolongado e extremamente penoso em suas repercussões sociais. 
 
 
 
Tipos de Trombose 
Existem ainda dois tipos de trombose, a venosa e a arterial, veja: 
Trombose venosa 
É a mais comum, 90% dos casos. 
Dentre os subtipos desta trombose, temos: 
• Trombose venosa profunda (TVP) quando o coágulo se forma em veias 
profundas, no interior dos músculos. 
• Trombose da veia aorta. 
• Trombose da veia renal. 
• Trombose da veia hepática (Síndrome de Budd-Chiari). 
• Síndrome de Paget-Schroetter (Trombose venosa nos membros superiores). 
• Trombose da veia porta renal (Trombose que afeta principalmente a face, 
devido a choque térmico, em alguns casos os membros superiores, conhecida 
como mal de Tairkan). 
• Síndrome do desfiladeiro torácico (a causa da maioria das tromboses venosas 
nos membros superiores que não têm relação com um trauma). 
A TVP nos membros inferiores é dividida, simplificadamente, segundo sua 
localização: 
• Proximal - quando acomete veia ilíaca e/ou femoral e/ou poplítea 
• Distal - quando acomete as veias localizadas abaixo da poplítea 
Trombose arterial 
Causada por um coágulo de sangue que se desenvolve em uma artéria. Quando a 
trombose arterial ocorre nas artérias coronárias pode causar um ataque cardíaco no 
indivíduo, se isso acontece na circulação cerebral, pode causar acidente vascular 
cerebral ou falta de oxigênio para outros órgãos 
Causas 
A trombose tem como principal causa a imobilidade prolongada, comum não só nas 
viagens aéreas e terrestres que obrigam a pessoa a ficar sentada por horas na 
mesma posição (por isso, a doença ficou conhecida impropriamente como 
“síndrome da classe econômica”), mas também nos casos de permanência no leito 
em repouso por doenças e depois de cirurgias. Também é causada devido a uma 
anomalia em um ou mais itens da Tríade de Virchow, veja a seguir: 
• Composição do sangue (hipercoagulabilidade). 
• Qualidade das paredes venosas. 
• Natureza do fluxo sanguíneo (hemodinâmica). 
Além destas causas, o choque térmico também pode levar a um tipo de trombose 
que pode ser revertido. A formação do trombo é, comumente, causada por um dano 
nas paredes do vaso, ou ainda por um trauma ou infecção, bem como pela lentidão 
ou estagnação do fluxo sanguíneo, ocasionado por alguma anomalia na coagulação 
sanguínea. 
Após a coagulação intravascular, forma-se uma massa deforme de hemácias, 
leucócitos e fibrina. Lesões nos vasos e desequilíbrio nos fatores de coagulação do 
sangue também são responsáveis pela formação de trombos. 
Grupos e fatores de risco 
• É mais frequente em pessoas portadoras de certas condições predisponentes, 
e também há situações notórias para o aparecimento da trombose: 
• Anestesias gerais prolongadas. 
• Câncer. 
• Cirurgias de médio e grande portes e as ortopédicas. 
• Imobilização prolongada. 
• Idade acima de 40 anos. 
• Fraturas. 
• Fase final da gestação e o puerpério (pós-parto). 
• Glóbulos sanguíneos em excesso sendo produzidos pela medula óssea 
(policitemia vera) tornam o sangue mais denso e lento do que o normal, o que 
facilita a formação de coágulos. 
• Uso de anticoncepcionais ou tratamento hormonal. 
• Tabagismo. 
• Presença de varizes. 
• Pacientes com insuficiência cardíaca. 
• Paralisia. 
• Quimioterapia. 
• Quaisquer situações que obrigue a uma imobilização prolongada (paralisias, 
infarto agudo do miocárdio, viagens aéreas longas, etc). 
• Tumores malignos. 
• Traumatismo. 
• Obesidade. 
• História prévia de trombose venosa. 
• Histórico de trombose anterior ou embolia pulmonar. Algumas famílias 
carregam no sangue uma desordem que facilita a coagulação sanguínea, 
chamada de hipercoagulabilidade. Essa hereditariedade não costuma ser uma 
ameaça constante para a saúde, mas se combinada com outro fator de risco 
para a trombose, é bom ficar de olho. 
• Síndrome de May-Thurner - Uma artéria comprime a veia ilíaca esquerda. A 
veia fica "presa" entre a artéria e a coluna, causando seu estreitamento e 
dificultando a passagem do sangue. 
• Trombofilias - São alterações muito específicas de alguns componentes do 
sangue, que participam no processo de formação de um coágulo. Por causa 
dessas alterações, estas pessoas tem uma tendência maior para desenvolver 
o quadro de trombose quando outros fatores aparecerem (cirurgia, parto, 
etc). 
• Infecções graves. 
Entre as condições predisponentes, a idade avançada e os pacientes com 
anormalidade genética do sistema de coagulação entram no grupo de risco. 
Sintomas da Trombose 
Os sintomas mais comuns são o inchaço e a dor, mas na maioria das vezes, a TVP 
é assintomática. Assim, os sintomas apresentam bastante variação, sendo desde 
clinicamente assintomático (cerca de 50% dos casos de trombose passam 
despercebidos) até os sinais e sintomas clássicos, como: 
• Aumento da temperatura local. 
• Cor mais escura da pele. 
• Dor. 
• Eczemas (afecção alérgica, aguda ou crônica, da pele, caracterizada por 
reação inflamatória com formação de vesículas, desenvolvimento de escamas 
e prurido). 
• Edema (inchaço). 
• Endurecimento do tecido subcutâneo. 
• Rigidez da musculatura na região em que se formou o trombo. 
• Rubor (vermelhidão). 
 
Diagnóstico 
O diagnóstico clínico é difícil.O exame mais utilizado para o diagnóstico da 
Trombose é o Eco Color Doppler. Quando ela se apresenta com os sinais e 
sintomas clássicos, poderá ser facilmente diagnosticada clinicamente. 
Na maioria das vezes, isso não acontece e são necessários exames 
complementares específicos, como: 
• Flebografia: também conhecida como venografia, é um procedimento no qual 
um raio-x das veias é realizado após a injeção de um contraste numa veia, 
usualmente do pé. 
• Eco Doppler a cores (estudo ultrassonográfico do coração): permite melhor 
avaliação do fluxo sanguíneo através das válvulas e vasos cardíacos. 
• Exame de sangue: para verificação de substâncias na corrente sanguínea 
que costumam facilitar a coagulação. 
• Ressonância nuclear magnética (RMN): é uma técnica de diagnóstico que 
utiliza um campo magnético para produzir imagens das estruturas localizadas 
no interior do corpo. Durante uma RMN, o corpo encontra-se envolvido por um 
campo magnético muito potente e sujeito a pulsos de ondas de rádio. 
• Tomografia e exames de ressonância magnética: também são opções, já 
que produzem imagens dos vasos e são capazes de identificar coagulações. 
São reservados aos casos de embolia pulmonar. 
• Ultrassom: exame de imagem para identificar os locais em que há coagulação 
de sangue. 
• Venografia: um corante é injetado nas veias para identificar locais de 
coagulação. Este é um método pouco utilizado, pois existem exames menos 
invasivos e igualmente eficientes para o diagnóstico de trombose. 
 
Tratamento para a Trombose 
A trombose tem cura quando detectada e o paciente seguir a risca o uso dos 
medicamentos. O tratamento é feito com substâncias anticoagulantes, que impedem a 
formação do trombo e a evolução da doença, ou fibrinolíticos, os quais destroem o trombo. 
Também pode ser realizado na própria residência do paciente, usando-se as heparinas de 
baixo peso molecular, um modo mais moderno ou a Varfarina, que são tipos de 
anticoagulantes. 
Os anticoagulantes são a primeira opção de tratamento para a trombose venosa profunda, 
uma vez que diminuem a capacidade do sangue para coagular, diluindo o coágulo e 
evitando a formação de novos em outros locais do corpo. 
O tratamento com anticoagulantes é feito com comprimidos e dura cerca de 3 meses, 
podendo ser mantido por mais tempo caso o coágulo seja muito grande ou demore para 
diluir. Durante o tratamento com anticoagulante, o paciente deve fazer exames de sangue 
regularmente para avaliar a espessura do sangue e evitar complicações, como hemorragias 
ou anemia, por exemplo. 
Inicialmente, faz-se o uso do anticoagulante injetável em associação com o comprimido de 
Varfarina até que os exames (INR e TPAE) evidenciem que o sangue está de fato na faixa 
de anticoagulação. Após atingir essa meta (INR entre 2,5 e 3,5), suspende-se o injetável, 
deixando apenas o comprimido oral. 
Outro tipo de tratamento é com os trombolíticos, como a Estreptoquinase, o Alteplase, são 
utilizados nos casos em que os anticoagulantes não foram capazes de tratar a trombose ou 
quando o paciente desenvolve complicações graves, como embolia pulmonar extensa. 
Normalmente, o tratamento com trombolíticos dura cerca de sete dias e, durante esse 
tempo, o paciente deverá ficar internado no hospital para tomar injeções diretamente na 
veia e evitar esforços que possam provocar uma hemorragia. 
No tratamento da Trombose tem foco prevenir a ocorrência de embolia pulmonar fatal, bem 
como evitar a recorrência, minimizar o risco de complicações e sequelas crônicas. Utilizam-
se medicações anticoagulantes (que diminuem a chance de o sangue coagular) em doses 
altas e injetáveis (via endovenosa ou subcutânea). 
E também medicamentos os anticoagulantes orais que não necessitam de 
acompanhamento laboratorial frequente, embora propiciem ao paciente a mesma 
segurança no resultado. Entre os remédios mais indicados pelo médico estão: 
• Aspirina Prevent. 
• Clexane. 
• Diosmin. 
• Marevan. 
Quanto ao procedimento cirúrgico, só é utilizado nos casos mais graves de trombose ou 
quando não é possível diluir o coágulo com o uso de anticoagulantes ou trombolíticos. 
A cirurgia para trombose venosa profunda serve para retirar o coágulo das pernas ou para 
colocar um filtro na veia cava inferior, impedindo a passagem do coágulo para os pulmões. 
Realiza-se o procedimento hemodinâmico, e em casos graves e refratários. 
Complicações 
A trombose pode resultar em grandes complicações se não tratada, ainda cerca de 
30% dos pacientes da trombose terão um evento recorrente dentro de 10 anos, com 
o maior risco dentro de 6 a 12 meses. Possíveis complicações da doença: 
Embolia pulmonar 
A grande principal complicação é a embolia pulmonar, que ocorre quando um vaso 
sanguíneo do pulmão é obstruído por coágulo de sangue, oriundo de outras partes 
do corpo, especialmente as pernas. A embolia pulmonar pode ser fatal. 
Insuficiência venosa crônica 
A complicação crônica, aquela que ocorre tardiamente, não leva à morte, porém 
pode ser bastante desagradável e se manifestar pelo aumento de varizes na perna 
acometida (geralmente as tromboses venosas ocorrem nas pernas) e pode levar ao 
desenvolvimento de úlceras varicosas, aquelas feridas relacionadas às varizes. 
Sequelas 
Sequela crônica da Trombose Venosa Profunda se chama Síndrome Pós-
Trombótica (SPT). 
A SPT caracteriza-se por apresentar os seguintes sinais: 
- Inchaço da perna 
- Cor mais escura da pele 
- Endurecimento do subcutâneo 
- Lesões de pele 
- Úlceras de perna 
É uma consequência da perda da funcionalidade da veia que foi lesionada pela 
trombose venosa, causando um aumento da pressão dentro das veias das pernas. 
Com o tempo, esses sintomas e sinais vão se agravando, por isso é fundamental o 
acompanhamento com o cirurgião vascular durante e após a ocorrência de uma 
trombose. 
 
Prevenção 
O fato da trombose ocorrer em pacientes hospitalizados que ficam muito tempo de 
cama ou em grandes cirurgias faz com que a prevenção seja necessária. Portanto, 
nestes casos, utilizam-se medicações anticoagulantes em baixas doses para 
prevenir a trombose. 
Para pessoas, em geral, o simples fato de caminhar já é uma forma de prevenção. 
Ficar muito tempo parado ou sentado propicia o aparecimento da doença. Para 
quem já tem insuficiência venosa e, por conseguinte, maior risco de trombose, o uso 
de meias elásticas é recomendado. Outras formas de prevenção são: 
• Beber muito líquido para evitar a desidratação. 
• Diabéticos e hipertensos devem seguir uma dieta rigorosa e não parar a 
medicação. 
• Fazer exercícios de rotação, flexão e extensão com as pernas e os pés 
enquanto estiver viajando. 
• Praticar regularmente exercícios físicos. 
• Usar roupas e calçados folgados e confortáveis. 
• Manter o peso equilibrado e dentro do IMC (Índice de Massa Corpórea). 
• Mulheres cuja idade seja superior a 35 anos devem tomar cuidado com o uso 
de pílulas anticoncepcionais. 
• Não fumar. 
Cuidados de Enfermagem ao Paciente com TVP 
 
• Deve-se estar atento a queixas de tosse, dispnéia, hemoptise; 
• Observar presença de cianose; 
• Ficar atento a quedas de saturação de oxigênio; 
• Medir diariamente a circunferência do membro afetado; 
• Avaliar a perfusão do membro afetado; 
• Sabe-se que todo paciente de UTI permanece no leito, mas o repouso 
absoluto é necessário; 
• Manter o paciente em Trendelemburg ( pois diminui a pressão hidrostática, 
diminui o edema e alivia dor); 
• Colocar meias elásticas de média compressão; 
• Rodiziar o local de aplicação de heparina subcutânea; 
• Se o paciente estiver usando heparina endovenosa, utilizar sempre bomba deinfusão; 
• Ficar atento a sinais de hemorragia; 
• Acompanhar diariamente os níveis de plaquetas no sangue ( risco de 
trombocitopenia) 
• Na presença de trompocitopenia, evitar punções arteriais, venosas e 
escovação dentária pelo risco de sangramento, devendo a higiene oral ser 
realizada com água e bochecho com antisséptico; 
• Aplicar pomadas antitrombóticas nos hematomas. 
 
Incidencia 
Estudos de diversos países indicaram que a incidência de trombose venosa na população é de 1.5%, 
sendo a Trombose Venosa Profunda (TPV) a terceira causa mais comum de doenças do sistema 
cardiovascular. São identificados 300.000 novos casos de trombose venosa aguda todos os anos, 
levando a aproximadamente 600.000 internações hospitalares por ano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	Cuidados de Enfermagem ao Paciente com TVP

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