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AN02FREV001/REV 3.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 3.0 2 CURSO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 3.0 3 SUMÁRIO MÓDULO I 1 HISTÓRIA DO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR 1.1 NORMATIZAÇÃO E REGULAÇÃO DO SAMU 2 SISTEMA DE ASSISTÊNCIA ÀS EMERGÊNCIAS 2.1 O SOCORRISTA 2.1.1 Atribuições e Responsabilidades dos Socorristas 3 PRECAUÇÕES UNIVERSAIS 3.1 NOÇÕES FUNDAMENTAIS 4 INTRODUÇÃO A ANATOMIA E FISIOLOGIA 4.1 SISTEMAS DO CORPO HUMANO 4.1.1 Sistema Musculoesquelético 4.1.2 Sistema Nervoso 4.1.3 Sistema Cardiovascular 4.1.4 Sistema Respiratório 4.1.5 Sistema Digestório 4.1.6 Sistema Urinário 4.1.7 Sistema Reprodutivo 4.1.8 Sistema Endócrino 4.1.9 Sistema Tegumentar MÓDULO II 5 FERIDAS 5.1 FERIDAS FECHADAS 5.2 FERIDAS ABERTAS 5.3 FERIDAS PERFURANTES 5.4 AVULSÕES 5.5 AMPUTAÇÕES TRAUMÁTICAS AN02FREV001/REV 3.0 4 5.6 EVISCERAÇÃO 5.7 LESÕES OCULARES 5.8 ESMAGAMENTO 6 AVALIAÇÃO DA VÍTIMA 6.1 EXAME DA CENA 6.1.1 Segurança 6.1.2 Mecanismo do Trauma 6.1.3 Número de Vítimas 6.2 AUTOPROTEÇÃO 6.3 EXAME DA VÍTIMA 6.3.1 Nível de Consciência 6.3.2 Avaliação da Vias Aéreas com Estabilização Cervical 6.3.3 Respiração 6.3.4 Circulação 6.4 DECISÕES CRÍTICAS E DE TRANSPORTE 6.5 EXAME SECUNDÁRIO 7 RESPIRAÇÃO 7.1 ABERTURA DAS VIAS AÉREAS 7.1.1 Abertura da Boca 7.1.2 Inclinação da Cabeça e Elevação do Queixo 7.1.3 Elevação da Mandíbula 7.1.4 Elevação da Mandíbula Modificada 7.2 RESPIRAÇÃO ARTIFICIAL 7.2.1 Ventilação Boca a Boca 7.2.2 Ventilação Boca-Nariz 7.2.3 Ventilação Boca-Máscara 7.2.4 Ventilação Bolsa-Máscara (Ambú) 8 OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS 8.1 VÍTIMAS CONSCIENTES 8.2 VÍTIMAS INCONSCIENTES 9 CIRCULAÇAO 9.1 PARADA CARDÍACA AN02FREV001/REV 3.0 5 9.2 RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR 9.2.1 Compressões Torácicas 9.3 TÉCNICAS DE RCP PARA BEBÊS E CRIANÇAS 9.4 DESFIBRILADOR SEMIAUTOMÁTICO 9.4.1 Operação do Desfibrilador Semiautomático 10 AFOGAMENTOS E ACIDENTES DE MERGULHOS 10.1 CLASSIFICAÇÕES DO AFOGADO 10.2 ABORDAGEM E CONDUTA 11 TRAUMAS 11.1 TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE) 11.1.1 Lesões no Couro Cabeludo 11.1.2 Fraturas de Crânio 11.1.3 Lesões Cerebrais 11.1.4 Avaliação e Abordagem da Vítima 11.1.5 Escala de Coma de Glasgow 11.2 TRAUMATISMO DA COLUNA VERTEBRAL 11.2.1 Mecanismos Específicos de Lesão 11.2.2 Avaliação e Abordagem da Vítima 11.2.3 Imobilização da Coluna Vertebral 11.3 TRAUMATISMO DE TÓRAX 11.3.1 Fratura de Costelas 11.3.2 Tórax Instável 11.3.3 Contusão Pulmonar 11.3.4 Pneumotórax Hipertensivo 11.3.5 Pneumotórax Aberto 11.3.6 Contusão Cardíaca 11.3.7 Tratamento e Condutas 11.4 TRAUMA DE ABDOME 11.4.1 Traumatismos Fechados 11.4.2 Traumatismos Penetrantes 11.4.3 Abordagem e Condutas 11.5 TRAUMA MUSCULOESQUELÉTICO AN02FREV001/REV 3.0 6 11.5.1 Fraturas Abertas e Fechadas 11.5.2 Luxações 11.5.3 Entorses 11.5.4 Distensões 11.5.5 Amputações Traumáticas 11.5.6 Abordagem e Condutas (Gerais) 11.5.7 Condutas nas Amputações 12 IMOBILIZAÇÕES 12.1 EQUIPAMENTOS DE IMOBILIZAÇÃO 12.1.1 Colar Cervical e Imobilizador Lateral 12.1.2 Prancha Longa 12.1.3 KED 12.2 TÉCNICAS DE IMOBILIZAÇÃO 12.2.1 Rolamento de 90 Graus 12.2.2 Rolamento de 180 Graus 12.2.3 Elevação a Cavaleiro 12.2.4 Imobilização com a Vítima Sentada 13 PARTICULARIDADES NO ATENDIMENTO DE BÊBES E CRIANÇAS MÓDULO III 14 HEMORRAGIA 14.1 CLASSIFICAÇÃO DAS HEMORRAGIAS 14.1.1 Hemorragias Externas 14.1.2 Hemorragias Internas 14.2 CONSEQUÊNCIAS DAS HEMORRAGIAS 14.3 RECONHECIMENTO DAS HEMORRAGIAS 14.4 ABORDAGEM DA VÍTIMA E CONDUTAS (HEMORRAGIAS EXTERNAS) 14.5 CONTROLE DAS HEMORRAGIAS INTERNAS 15 CHOQUE 15.1 CHOQUE HIPOVOLÊMICO 15.2 CHOQUE CARDIOGÊNICO AN02FREV001/REV 3.0 7 15.3 CHOQUE ANAFILÁTICO 15.4 CHOQUE NEUROGÊNICO 15.5 CHOQUE SÉPTICO 15.6 TRATAMENTO DO CHOQUE 15.6.1 Transfusões 15.6.2 Soluções Cristaloides 15.6.3 Soluções Coloides 15.7 ACESSO VENOSO 15.7.1 Técnica de Punção Venosa 16 QUEIMADURAS 16.1 CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS 16.1.1 Quanto à Profundidade 16.1.2 Quanto à Extensão 16.1.3 Quanto à Localização 16.2 QUEIMADURAS TÉRMICAS 16.2.1 Conduta 16.3 QUEIMADURAS QUÍMICAS 16.3.1 Condutas 16.4 QUEIMADURAS ELÉTRICAS 16.4.1 Condutas 17 EMERGÊNCIAS AMBIENTAIS 17.1 EMERGÊNCIAS CAUSADAS PELO CALOR EXCESSIVO 17.1.1 Insolação 17.1.2 Intermação 17.2 EMERGÊNCIAS CAUSADAS PELO FRIO 17.2.1 Hipotermia 17.2.2 Congelamento MÓDULO IV 18 DIMINUIÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA 18.1 ABORDAGEM E CONDUTA AN02FREV001/REV 3.0 8 19 SÍNCOPE 20 CONVULSÃO E EPILEPSIA 20.1 ABORDAGEM E CONDUTA 21 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) 21.1 CAUSAS DO AVE 21.2 FATORES DE RISCO 21.3 SINAIS E SINTOMAS DO AVE 21.4 ABORDAGEM E CONDUTA 22 ANGINA DE PEITO 23 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM) 23.1 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 23.2 ABORDAGEM E CONDUTAS 24 O PACIENTE DIABÉTICO NA EMERGÊNCIA 24.1 O DIABÉTICO NA EMERGÊNCIA COM INFECÇÃO 24.1.1 Pneumonia na Comunidade 24.1.2 Infecção Urinária 24.1.3 Infecção de Partes Moles 24.2 DESCOMPENSAÇÃO DIABÉTICA 24.3 DIABÉTICO COM DISTÚRBIO NEUROLÓGICO 24.3.1 Com Déficit de Consciência 24.3.2 Sem Déficit de Consciência 24.4 DIABÉTICO COM DISTÚRBIO CARDÍACO 24.5 DIABÉTICO COM UREMIA NA EMERGÊNCIA 25 O PACIENTE ALCOOLISTA NA EMERGÊNCIA 25.1 CARACTERÍSTICAS E FARMACOCINÉTICA DO ETANOL 25.2 PACIENTE ETILISTA COM PROBLEMAS NEUROLÓGICOS NA EMERGÊNCIA 25.3 PACIENTE ETILISTA COM PROBLEMAS CARDIOVASCULARES NA EMERGÊNCIA 25.4 PACIENTES ETILISTA COM SINTOMAS GASTROINTESTINAIS NA EMERGÊNCIA 25.5 PACIENTE ETILISTA COM SINTOMAS RESPIRATÓRIOS NA EMERGÊNCIA AN02FREV001/REV 3.0 9 25.6 SINTOMAS E SINAIS ASSOCIADOS AO USO DE ETANOL MÓDULO V 26 INTOXICAÇÕES 26.1 INTOXICAÇÕES POR INGESTÃO 26.2 INTOXICAÇÃO POR INALAÇÃO 26.3 INTOXICAÇÃO POR ABSORÇÃO (CONTATO) 27 ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS 27.1 ENVENENAMENTO OFÍDICO 27.1.1 Micrurus (Corais) 27.1.2 Crotalus (Cascavéis) 27.1.3 Bothops (Jararacas) 27.1.4 Lachesis (Surucucus) 27.1.5 Condutas 27.2 ACIDENTES COM ARANHAS 27.3 ACIDENTES COM ESCORPIÃO 27.3.1 Reconhecimento 28 RAIVA 28.1 CONDUTAS 29 TRIAGEM E SITUAÇÕES ESPECIAIS 30 RESGATE E TRANSPORTE 30.1 EXTRICAÇÃO 30.1.1 Indicações 30.1.2 Técnica de Extricação 30.2 TRANSPORTE DE EMERGÊNCIA 30.2.1 Técnicas com um Socorrista 30.2.2 Técnicas com Dois ou Mais Socorristas 30.2 EQUIPAMENTOS DE EXTRICAÇÃO E TRANSPORTE 31 CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AN02FREV001/REV 3.0 10 MÓDULO I 1 HISTÓRIA DO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR O atendimento de emergência surgiuda necessidade da retirada e assistência de combatentes feridos em campos de batalha. Foi a partir das guerras que desenvolveu e iniciou-se o emprego de transporte de tração animal, e atualmente o emprego de sofisticados aparelhos e veículos de locomoção aérea ou terrestre. Nos dias de hoje, este tipo de assistência é de grande importância no atendimento à população, carente de cuidados imediatos, no transcorrer do seu cotidiano. Atendimento pré-hospitalar (APH) é definido como o conjunto de procedimentos técnicos realizados no local da emergência e durante o transporte, com objetivo de manter a vida da vítima, até a chegada em uma unidade hospitalar. E emergência é uma situação crítica, acontecimento perigoso ou fortuito incidente. No Brasil, os primeiros registros acerca do serviço de atendimento pré-hospitalar datam de 1893, quando o Senado da República aprovou uma lei que pretendia estabelecer o socorro médico de urgência na via pública, no Rio de Janeiro, no momento capital do país. Em 1899, o Corpo de Bombeiros (CB), pertencente à capital do país, colocava em ação a primeira ambulância (de tração animal) para realizar o atendimento de urgência, fato este que caracteriza sua tradição na prestação desse serviço. Em meados de 1950, instala-se o Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência (SAMDU), na cidade de São Paulo, órgão da então Secretaria Municipal de Higiene. A partir da década de 80, o atendimento pré-hospitalar passou a ser aplicado de forma mais sistematizada pelo Corpo de Bombeiros, os quais deram início à estruturação dos Serviços de Atendimento Pré-Hospitalar (SvAPH). Paralelamente aos Serviços de Atendimento Pré-Hospitalar, foi iniciado em 1988, pelo Corpo de AN02FREV001/REV 3.0 11 Bombeiros Militar do Rio de Janeiro, o socorro extra-hospitalar aeromédico. Outro modelo proposto pelo Ministério da Saúde (MS) consiste no Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma e Emergências (SIATE), implantado inicialmente em 1990, o atendimento era realizado pelos socorristas do Corpo de Bombeiros e médicos dentro do sistema regulador. O SIATE serviu de modelo para uma reestruturação do atendimento pré-hospitalar em nível nacional. Iniciou a partir de 1990 com a criação do Programa de Enfrentamento às Emergências e Traumas (PEET) pelo Ministério da Saúde, cujo objetivo era a diminuição da incidência e morbimortalidade por agravos externos por meio de intervenção nos níveis de prevenção, atendimento hospitalar, atendimento pré- hospitalar e reabilitação. Em meados de 1995, iniciou-se a implantação do SAMU. Este serviço pré- hospitalar desenvolvido no Brasil tende-se a basear no modelo americano ou francês. O SAMU do sistema francês foi criado por anestesistas e intensivistas devido à necessidade da assistência pré-hospitalar dos pacientes que chegavam ao hospital com agravo do caso ou mesmo mortos, por não receberem atendimento precoce e adequado. Esse sistema tem como referencial o médico, tanto na regulação do sistema, como no atendimento e monitorização do paciente, até a recepção hospitalar. É um serviço ligado ao Sistema de Saúde, hierarquizado e regionalizado, possuindo comunicação direta com os Centros Hospitalares. Já o sistema norte-americano trabalha com paramédicos, os quais passam por um período de formação de três anos após o segundo grau. A implantação de serviços pré-hospitalares no Brasil, seja municipal ou estadual, segue o modelo metodológico de cada sistema de acordo com suas realidades, demandas, perfis, morbimortalidade, recursos técnicos, tecnológicos e financeiros. 1.1 NORMATIZAÇÃO E REGULAÇÃO DO SAMU O Atendimento Pré-Hospitalar no Brasil surgiu sem muito sucesso, mas, hoje AN02FREV001/REV 3.0 12 é considerado um serviço primordial e tem demonstrado importantes resultados para a sociedade. A Portaria nº 2048/MS, em 5 de novembro de 2002, normatiza a implantação do SAMU e considera que a área de Urgência e Emergência constitui- se em um importante componente da assistência à saúde. E, de acordo com o § 2º, este regulamento é de caráter nacional, devendo ser utilizado pelas Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios na implantação dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência, com ou sem vínculo com a prestação de serviços aos usuários do Sistema Único de Saúde. Como descreve a Portaria citada acima, a área de urgência e emergência constitui-se em um importante componente da assistência à saúde. A expansão de serviços nesta área nos últimos anos tem contribuído decisivamente para a sobrecarga dos serviços de urgência e emergência disponibilizados para o atendimento da população, conforme ressalta o Ministério da Saúde: O Ministério da Saúde, ciente dos problemas existentes e em parcerias com as Secretarias de Saúde dos estados e municípios tem contribuído para reversão deste quadro amplamente desfavorável à assistência da população. O sistema estadual de urgência e emergência deve se estruturar a partir da leitura ordenada das necessidades sociais em saúde e sob o imperativo das necessidades humanas nas urgências. O diagnóstico dessas necessidades deve ser feito a partir da observação e da avaliação dos territórios sociais com seus diferentes grupos humanos, da utilização de dados de morbidade e mortalidade disponíveis e da observação das doenças emergentes. Atendendo a necessidade do atendimento emergencial foi implantado pelo governo federal o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-192), um serviço de socorro pré-hospitalar móvel que chega rapidamente às pessoas, em qualquer lugar ou qualquer problema de saúde urgente que possa levar ao sofrimento ou até mesmo a morte. São feitos atendimentos por equipes de profissionais de saúde, que recebem as chamadas gratuitas, feitas pelo telefone, e como resposta envia uma ambulância, com técnico de enfermagem ou com enfermeiro e médico, ou mesmo uma simples orientação. O Ministério da Saúde considera como nível pré-hospitalar, na área de urgência e emergência, aquele atendimento que procura chegar à vítima nos AN02FREV001/REV 3.0 13 primeiros minutos. Após ter ocorrido o agravo à saúde, agravo este que possa levar à deficiência física ou mesmo à morte, sendo necessário, portanto, prestar-lhe atendimento adequado e transporte a um hospital devidamente hierarquizado e integrado ao Sistema Único de Saúde. A equipe de atendimento pré-hospitalar realiza procedimentos de reanimação cardiorrespiratória, oxigenoterapia, contenção de hemorragias, imobilizações, intubação, punção venosa com reposição de volume e medicação, entre outros. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) deve ser composto por uma equipe multiprofissional oriundos da área de saúde, sendo o coordenador do serviço, responsável técnico (médico), responsável de enfermagem (enfermeiro), médicos reguladores, médicos intervencionistas, enfermeiros assistenciais, auxiliares e técnicos de enfermagem. Além dessa equipe de saúde, em situações de atendimento às urgências relacionadas às causas externas ou de pacientes em locais de difícil acesso, deverá haver uma ação integrada com outros profissionais, com bombeiros militares, policiais militares e rodoviários e outros. Essa equipe deve trabalhar em conjunto, visando um só objetivo, ou seja, o atendimento sistematizado, dinâmico e com qualidade ao cliente e sua família. A portaria 824/99, adaptada pelo Ministério da Saúde, define que o sistema de atendimento pré-hospitalar é um serviço médico, sua coordenação, regulação e supervisão direta é a distância e deve ser efetuada unicamentepor médico, tem na Central de Regulação Médica o elemento ordenado e orientador da atenção pré- hospitalar, sendo o médico regulador o responsável pela decisão técnica em torno dos pedidos de socorro e decisão gestora dos meios disponíveis. Diversos pontos de interesse no atendimento pré-hospitalar são discutidos por organizações médicas, como por exemplo, a Sociedade Brasileira de Cardiologia, que desde julho de 1999 define as “Diretrizes sobre o Tratamento de Infarto Agudo do Miocárdio”. E, ainda, aborda em parte o atendimento pré-hospitalar no infarto agudo do miocárdio, demonstrando que um melhor preparo das equipes de atendimento pré-hospitalar, a eficiência dos treinamentos, o uso de algumas drogas, a assistência via telefonia, colocação rápida da ambulância junto à vítima e a conscientização da população possivelmente reduzirão os óbitos por mal súbitos. AN02FREV001/REV 3.0 14 2 SISTEMA DE ASSISTÊNCIA ÀS EMERGÊNCIAS Milhões de vidas são salvas a cada ano pelo atendimento médico. Os avanços no campo da saúde, nos últimos 50 anos, foram significativos. No século passado, a maioria dos pacientes de emergência que entravam nos hospitais, acabava morrendo. Hoje se observa que, em grande parte, os pacientes conseguem recuperar-se e retornam a uma vida normal. Mal súbito, doenças graves e os traumas produzidos pelos acidentes podem ocasionar a morte, antes mesmo de o paciente chegar ao hospital. O sistema de saúde procura prevenir tais mortes, ampliando o seu campo de atuação. A assistência começa no local da emergência e continua durante o transporte ao hospital. Após o transporte, efetuado pelo serviço de emergência, ocorre a transferência do paciente para o pronto-socorro, assegurando a continuidade do atendimento. Essa assistência profissional é acompanhada por uma cadeia de recursos humanos, que trabalhando em conjunto, formam o Sistema de Assistência às Emergências em Saúde (SAES). A base da organização do Sistema de Assistência às Emergências é o hospital ou outro estabelecimento de saúde. Médicos, enfermeiros e outros profissionais estão aptos a oferecer a assistência integral ao paciente. A falta de pessoal suficientemente treinado para o atendimento às emergências, antes da chegada do serviço de atendimento pré-hospitalar, representa o elo mais fraco na organização do SAES. Acredita-se que o treinamento de socorristas pode contribuir para a diminuição deste problema. 2.1 O SOCORRISTA O socorrista é um cidadão, que foi treinado para prestar primeiros-socorros e auxiliar o pessoal do atendimento pré-hospitalar, no local da emergência. É normalmente a primeira pessoa treinada a entrar em contato com o paciente. Nos AN02FREV001/REV 3.0 15 Estados Unidos foi criado um programa de treinamento de socorristas, onde centenas de pessoas completaram os cursos formais e auxiliam na assistência às emergências e a manutenção da vida. Em quase todas as regiões dos EUA, os socorristas tornaram-se parte importante do sistema de saúde e os cuidados, por eles prestados, reduziram o sofrimento, diminuíram sequelas adicionais e salvaram muitas vidas. 2.1.1 Atribuições e Responsabilidades dos Socorristas A primeira atribuição do socorrista, no local da emergência, é com a segurança pessoal. O desejo de ajudar as pessoas que têm necessidade de atendimento pode favorecer o esquecimento dos riscos no local. O socorrista deve ter segurança ao aproximar-se da vítima e permanecer em segurança, enquanto presta o atendimento. Parte das preocupações do socorrista com a sua segurança pessoal está relacionada com a própria proteção contra as doenças infecciosas. Ao avaliar ou prestar atendimento às vítimas, deve evitar contato direto com o sangue do paciente, fluidos corpóreos, mucosas, ferimentos e queimaduras. O socorrista tem quatro deveres relacionados aos pacientes, que devem ser cumpridos no local da emergência. Estes deveres são: 1. Ter acesso ao paciente, com segurança e utilizando instrumentos manuais, quando necessário; 2. Identificar o que está errado com o paciente e providenciar a assistência de emergência necessária; 3. Elevar ou mobilizar o paciente apenas quando for preciso e realizar tal procedimento sem ocasionar lesões adicionais; 4. Transferir o paciente e as informações pertinentes para os profissionais do serviço de emergência. As responsabilidades do socorrista no local da emergência incluem o cumprimento das seguintes atividades: AN02FREV001/REV 3.0 16 • Controlar o local do acidente de modo a proteger a si mesmo, ao paciente e prevenir outros acidentes; • Ter certeza de que a central do sistema de emergência foi notificada, permitindo a chegada dos profissionais no local da ocorrência, com o menor tempo possível; • Identificar o que está errado com o paciente, utilizando-se das informações obtidas no local e pelo exame físico do paciente; • Fazer o melhor possível, dentro de sua capacidade; • Obter ajuda do pessoal presente no local da emergência e controlar suas atividades; • Transferir as informações pertinentes, sobre a ocorrência, para os profissionais do serviço de emergência; • Auxiliar os profissionais do serviço de emergência no local da ocorrência e trabalhar segundo sua orientação. 3 PRECAUÇÕES UNIVERSAIS Existem situações em que o profissional de emergência sofre risco de contaminação de doenças infecciosas. Por isso, é importante estar ciente dos riscos decorrente da sua atuação, conhecer estas doenças e seguir as normas sanitárias de controle de infecção. A maioria das pessoas preocupa-se mais com a possibilidade de contrair AIDS do que entrar em um edifício em chamas. Não há dúvida em que doenças infecciosas são realmente perigosas para os profissionais. Contudo, o aprendizado, o uso de procedimentos de segurança e de equipamentos de proteção individual diminuirá consideravelmente estes riscos. AN02FREV001/REV 3.0 17 3.1 NOÇÕES FUNDAMENTAIS Infecções são doenças causadas por organismos que penetram o corpo. Doença contagiosa é aquela que pode ser transmitida de uma pessoa para outra. A contaminação pode ocorrer pelo ar ou contato com sangue ou outros fluidos corporais. Lesões pequenas, às vezes, despercebidas nas mãos, face ou partes expostas ou mucosas, como nariz e olhos. Até pequenas lesões encontradas em volta das unhas podem ser porta de entrada. Partículas disseminadas por via aérea podem ser transmitidas pela tosse, respiração ou espirros do paciente. As partículas podem ser inaladas ou entrar em contato com as mucosas. É impossível saber se os pacientes são portadores de doenças contagiosas apenas com a inspeção visual. O sangue e certos fluidos corporais devem ser encarados como infectantes em potencial. A esta conduta se dá o nome de Precauções Universais. O profissional de emergência deve sempre utilizar dispositivos de barreira para entrar em contato com a vítima. Os equipamentos de proteção individual (EPI) são as luvas, máscaras ou protetores faciais, protetor ocular, avental e gorro. As doenças que podem ser adquiridas pelos professorais de emergência são: • Sangue: SIDA, Hepatite B, Hepatite C; • Respiração: Tuberculose, Meningite Meningocócica, Gripe, Resfriado comum e algumas viroses; • Pele: Herpes e escabiose, Impetigo e Pediculose; • Mucosas: Herpes e Conjuntivite; • Fezes: Hepatite A e Diarreia infecciosa. Devido estas doenças, as normas sanitárias estabelecem os procedimentos denominados de “Precauções Padrão” ou “Precauções Universais” ou ainda“Normas de Biossegurança”, como um meio de proteção ao contato de secreções corporais. Estes padrões atualmente são adotados no mundo inteiro. Os procedimentos de proteção devem ser usados com todos os pacientes. AN02FREV001/REV 3.0 18 As recomendações que podem auxiliar a diminuir os riscos de doenças transmissíveis, principalmente nos ambientes de trabalho, são: 1. Providenciar vacinação contra hepatite B – um procedimento rotineiro e seguro, que protege contra a infecção do Vírus da Hepatite B; 2. Ensinar os meios de transmissão das doenças infecciosas pelo sangue e treinar as práticas de segurança, incluindo o uso de equipamento de proteção individual; 3. Estabelecer procedimentos de segurança no local de trabalho; 4. Abastecer o local de trabalho com equipamentos de proteção individual tais como: luvas, aventais, máscaras e protetor ocular do tamanho certo e equipamento de ressuscitação cardiopulmonar, incluindo a máscara facial de bolso; 5. Instalar recipientes especiais para descarte de agulhas e outros materiais perfurocortantes, higienização das mãos e rótulos para os recipientes com material contaminado; 6. Providenciar um local para limpeza do equipamento, separado das áreas destinadas para o preparo de alimentos; 7. Assegurar que há recipientes de descarte apropriados e disponíveis de acordo com a regulamentação; 8. Implementar um protocolo de seguimento das ocorrências de acidentes perfurocortantes com os profissionais, de modo a identificar as causas do incidente, documentar o evento e registrar a evolução dos funcionários. O programa de controle de infecção somente funcionará se os profissionais aprenderem e seguirem corretamente os procedimentos. Estes profissionais têm a obrigação de manterem-se fiéis às práticas seguras de trabalho em relação à própria proteção, de suas famílias e do público, lavando as mãos regularmente, usando luvas e outros itens do equipamento de proteção individual e tornando um hábito as práticas seguras no trabalho. Os profissionais que praticam o controle de infecção podem sentir-se confiantes, pois não estão arriscando suas vidas. AN02FREV001/REV 3.0 19 4 INTRODUÇÃO A ANATOMIA E FISIOLOGIA A anatomia é o estudo da estrutura do corpo humano e a fisiologia é o estudo de seu funcionamento. As estruturas de uma estrutura do corpo humano com a outra são descritas pelo uso de termos anatômicos. Estes termos são sempre aplicados imaginando-se o corpo em posição anatômica, ou seja, posição em que o indivíduo está de pé, com os pés juntos paralelos e braços estendidos junto ao corpo, com as palmas das mãos para frente. FIGURA 1 – DESCRIÇÕES DO CORPO HUMANO FONTE: Disponível em: <http://www.sogab.com.br/floresdias/1homeostase5a.jpg>. Acesso em: 20 set. 2010. AN02FREV001/REV 3.0 20 O corpo humano se divide em quatro regiões: cabeça, pescoço, tronco e membros. E possui cavidades onde os órgãos se situam. 4.1 SISTEMAS DO CORPO HUMANO Quando várias células que executam uma função específica são agrupadas em conjunto, um tecido é formado. Um órgão é uma estrutura composta por vários tipos de tecidos para executar uma finalidade específica, por exemplo, o intestino contém vários tipos de tecido que permitem que ele execute as funções relacionadas à digestão. Um sistema reúne vários órgãos para executar uma função complexa. A seguir estão enumerados os sistemas que compõem o corpo humano. 4.1.1 Sistema Musculoesquelético Sistema formado pelos ossos (em um total de 206), articulações, músculos esqueléticos e tendões. Tem como funções a sustentação e conformação do corpo; a proteção de órgãos internos; o armazenamento de Ca (Cálcio) e P (Fósforo); a produção de células sanguíneas (na medula óssea) e sistema de alavancas que movimentadas pelos músculos permitem deslocamento do corpo. O tecido muscular compreende de 40 a 50% de peso do corpo. Os músculos esqueléticos são controlados voluntariamente. Eles obedecem aos estímulos nervosos. Uma vez estimulados, podem rapidamente contrair-se e depois relaxar, prontos para uma nova contração. O sistema dispõe de 501 músculos esqueléticos, necessários para a realização dos movimentos, coordenação da postura corporal e produção de calor. A ligação entre os músculos e os ossos é feita pelos tendões. AN02FREV001/REV 3.0 21 4.1.2 Sistema Nervoso O sistema nervoso inclui o cérebro, a medula espinhal e os nervos. Essas estruturas são classificadas topográficas e funcionalmente como: Sistema Nervoso Central (SNC), Sistema Nervoso Periférico e Sistema Nervoso Autônomo. O Sistema Nervoso Central é constituído pelo cérebro e medula espinhal. Os nervos sensoriais (entrada dos estímulos) e os nervos motores (saída das respostas) compõem o Sistema Nervoso Periférico. Os nervos do Sistema Nervoso Autônomo estão dispostos paralelamente à medula espinhal, sendo involuntária a estimulação. Os impulsos nervosos são gerados no Sistema Nervoso Central, eles podem estimular ou inibir determinadas atividades. 4.1.3 Sistema Cardiovascular O sistema circulatório é composto pelo coração, pelos vasos sanguíneos e pelo sangue, que é o fluido movimentado sob pressão. O coração é um órgão muscular que tem como função bombear através das artérias. Está localizado no tórax protegido anteriormente pelo esterno e posteriormente pela coluna. A parede do coração possui três camadas: o epicárdio, que é a porção externa, o miocárdio, a camada média muscular e o endocárdio que é a camada interna. É envolvido pelo pericárdio, que possui uma camada interna (visceral) e uma camada externa (parietal). Entre estas camadas existe uma pequena quantidade de líquido pericárdio que tem função lubrificante. Existem três tipos de vasos sanguíneos: as artérias, as veias e os capilares. As artérias transportam o sangue para fora do coração, dando origem a múltiplas ramificações, que diminuem de tamanho, até formarem vasos sanguíneos microscópicos denominados capilares, onde ocorrem as trocas entre o sangue e as células. Os capilares dão origem a pequenas veias, que são os vasos sanguíneos AN02FREV001/REV 3.0 22 que transportam o sangue em direção ao coração, às veias vão-se unindo e aumentando de tamanho até chegar ao coração. FIGURA 2 – SISTEMA CARDIOVASCULAR 1 FONTE: Disponível em:<http://static.infoescola.com/wp-content/uploads/2009/08/veia- arteria-capilar.jpg>. Acesso em: 20 set. 2010. FIGURA 3 - SISTEMA CARDIOVASCULAR 2 FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_5LadX6BIwII/TEpcDACvRGI/AAAAAAAAACw/nRtrJVrgLyg/s1600/6.jpg>. Acesso em: 20 set. 2010. AN02FREV001/REV 3.0 23 4.1.4 Sistema Respiratório Sistema composto pelos pulmões e vias aéreas. Tem como função captar e efetuar as trocas de oxigênio e gás carbônico entre o corpo humano e a atmosfera. As estruturas que compõem as vias aéreas são: nariz, laringe, traqueia, brônquios e árvore brônquica. Os pulmões são dois órgãos cônicos que possuem brônquios, bronquíolos e alvéolos. Cada pulmão é dividido em lobos: o pulmão direito com três lobos e o esquerdo com dois lobos. 4.1.5 Sistema Digestório O sistema Digestório é formado pelo trato digestório e por várias estruturas de apoio e glândulas acessórias. O trato inicia na cavidade oral com a participação efetiva dos dentes e da língua; as glândulas salivares excretam saliva na cavidade bucal, ajudando na digestão dos alimentos. A partir desta cavidade, o bolo alimentarpassa pelo esôfago, esfíncter da cárdia e estômago. No estômago o bolo sofre ação dos ácidos e enzimas gástricas formando o quimo. Este passa para o intestino delgado através do esfíncter pilórico. Enzimas digestivas provenientes do pâncreas e a bile, produzida pelo fígado, são adicionadas ao quimo. O processo de digestão e absorção é completado no intestino delgado. Os movimentos peristálticos transportam os resíduos dos alimentos digeridos e pela válvula ileocecal entram no intestino grosso. Por fim, ao chegarem ao reto, os resíduos são excretados pelo ânus. 4.1.6 Sistema Urinário Têm a função de filtrar o sangue e eliminar o excesso de água, sal e outras AN02FREV001/REV 3.0 24 excretas sob a forma de urina. Os rins filtram o sangue e reabsorvem substâncias essenciais, formando a urina. A urina é transferida pelos ureteres até a bexiga onde é estocada para ser eliminada. A bexiga é esvaziada durante o ato de urinar. A uretra é o caminho de Aída da urina vinda da bexiga. 4.1.7 Sistema Reprodutivo Os órgãos reprodutivos masculinos são os testículos, localizados no escroto. Os testículos produzem os espermatozoides, que vão até a próstata, onde se misturam às secreções e formam o sêmen que é ejaculado através da uretra. Os órgãos femininos localizados na pelve são os ovários, as trompas de falópio, o útero e a vagina. 4.1.8 Sistema Endócrino O sistema endócrino é também um sistema regulatório. As glândulas secretam substâncias químicas chamadas hormônios, que influenciam funções do corpo a distância. São exemplos de hormônios as insulinas, que controlam o metabolismo da glicose, e a noradrenalina, produzida na suprarrenal, que é liberada em situações de estresse. 4.1.9 Sistema Tegumentar Tem a função de recobrir o corpo, protegendo-o do meio ambiente. É composto pela pele, anexos (pelos e unhas) e tecido subcutâneo. A pele e suas estruturas associadas compõem o maior órgão do corpo humano. Serve como uma AN02FREV001/REV 3.0 25 barreira à invasão de bactérias e impede a perda de água e calor, permitindo as sensações de tato, dor, pressão e temperatura. --------------------FIM DO MÓDULO I--------------------- AN02FREV001/REV 3.0 26 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 3.0 27 CURSO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 3.0 28 MÓDULO II 5 FERIDAS As feridas são resultados das agressões sofridas pelas partes moles, produzindo lesão tecidual. Os ferimentos podem ser abertos ou fechados. Os ferimentos abertos são aqueles em que há perda da integridade da superfície da pele. Nos ferimentos fechados não ocorre por definição perda da integridade da pele. 5.1 FERIDAS FECHADAS Um impacto ou uma compressão podem causar rompimento de vasos sanguíneos, causando o extravasamento de líquido ou sangue. Estas lesões são chamadas de contusões, podem acometer somente estruturas superficiais, mas, em casos de aplicação de força intensa, pode haver lesão de órgãos internos. Normalmente, se houver apenas acometimento superficial, o paciente apresenta dor e inchação (edema) da área afetada. Se houver hemorragia, o local adquire uma coloração preta ou azulada, que é chamada equimose. AN02FREV001/REV 3.0 29 FIGURA 4 – FERIDAS FECHADAS FONTE: Disponível em: <http://www.sobresaude.com.br/wp-content/uploads/2010/04/lesao- abdomen-300x225.jpg>. Acesso em: 20 set. 2010. 5.2 FERIDAS ABERTAS São feridas abertas as escoriações, as incisões e as lacerações. As escoriações são lesões da camada superficial da pele ou mucosas que apresentam sangramento discreto, mas costumam ser extremamente dolorosas. Não representam risco ao paciente quando isoladas. As incisões são lesões teciduais cujos bordos são regulares, sendo produzidas por objetos cortantes. Podem causar sangramento de variados graus e danos a tendões, músculos e nervos. As lacerações são lesões teciduais e bordos irregulares, produzidas por objetos rombos por meio de trauma fechado sobre superfícies ósseas. O socorrista deve controlar o sangramento por compressão direta e aplicação de curativo e bandagens. AN02FREV001/REV 3.0 30 FIGURA 5 – FERIDAS ABERTAS Disponível em: <http://www.imagemnews.com/arquivos/imagensnews/4A4_piranha04.jpg>. Acesso em: 20 set. 2010. 5.3 FERIDAS PERFURANTES São lesões causadas por perfuração da pele e dos tecidos subjacentes por um objeto. O orifício de entrada pode não corresponder à profundidade da lesão. As lesões penetrantes de tórax devem ser ocluídas o mais rápido possível, para evitar a aspiração de ar para o espaço pleural com a formação de pneumotórax aberto. Verificar a presença de orifício de saída, mas nunca explorando a ferida. Tratar as condições que causem risco iminente de vida. As vítimas com lesões penetrantes de tronco e abdome devem ser removidas o mais rápido possível para o hospital que disponha de equipe cirúrgica, pelo alto risco de hemorragias internas. AN02FREV001/REV 3.0 31 FIGURA 6 – FERIDAS PERFURANTES FONTE: Disponível em: <http://www.ai5piaui.com/wp-content/uploads/2010/09/faca1.jpg>. Acesso em: 20 set. 2010. 5.4 AVULSÕES São lesões em que ocorre descolamento da pele em relação ao tecido subjacente, que pode se manter ligado ao tecido sadio ou não. Apresentam graus variados de sangramento, geralmente de difícil controle. A localização mais comum ocorre em mãos e pés. Recomenda-se colocar o retalho em sua posição normal e efetuar a compressão direta da área, para controlar o sangramento. Caso as avulsões sejam completas, transportar o retalho ao hospital. A preparação do retalho consiste lavá-lo com solução salina, evitando o uso de gelo direto sobre o tecido. 5.5 AMPUTAÇÕES TRAUMÁTICAS As amputações são definidas como lesões em que há separação de um membro ou de uma estrutura protuberante do corpo. Podem ser causadas por objetos cortantes, por esmagamento ou por forças de tração. Estão frequentemente AN02FREV001/REV 3.0 32 relacionadas a acidentes industriais e automobilísticos, tendo maior prevalência em homens jovens. Seu tratamento inicial deve ser rápido pela gravidade da lesão, que pode causar a morte por hemorragia, e pela possibilidade de reimplante do membro amputado. O controle da hemorragia é crucial na primeira fase do tratamento. O membro amputado deve ser preservado sempre que possível, porém a maior prioridade é a manutenção da vida. Condutas nas amputações traumáticas: a) Abrir as vias aéreas e prestar assistência ventilatória, caso necessário; b) Controlar a hemorragia; c) Trataro estado de choque, caso ele esteja presente; d) Cuidados com o segmento amputado: • Limpeza com solução salina, sem imersão em líquido; • Envolvê-lo em gaze estéril seca ou compressa limpa; • Cobrir a área cruenta (ensanguentada), com compressa úmida em solução salina; • Proteger o membro amputado com dois sacos plásticos; • Colocar o saco plástico em recipiente de isopor com gelo ou água gelada; • Jamais colocar a extremidade em contato direto com gelo. FIGURA 7 – AMPUTAÇÃO TRAUMÁTICA FONTE: Disponível em:<http://www.sobresaude.com.br/wp- content/uploads/2010/02/amputado-300x225.jpg>. Acesso em: 20 set. 2010. AN02FREV001/REV 3.0 33 5.6 EVISCERAÇÃO Lesão em que ocorre extrusão (exteriorização) de vísceras. Nas lesões com eviscerações, a conduta deve ser a seguinte: a) Não tentar reintroduzir os órgãos eviscerados; b) Cobrir as vísceras com curativo estéril umedecido em solução salina; c) Utilizar compressas, não fazendo uso de materiais aderentes; d) Envolver o curativo com bandagens; e) Transportar o paciente em posição supina e com os joelhos fletidos. FIGURA 8 - EVISCERAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://www.famema.br/gallery2/main.php?g2_view=core.DownloadItem&g2_itemId=82&g2_serialNu mber=2>. Acesso em: 20 set. 2010. 5.7 LESÕES OCULARES Podem ser produzidas por corpos estranhos; queimaduras por exposição ao calor; luminosidade excessiva, agentes químicos; lacerações e contusões. Em traumatismos severos pode haver exteriorização do globo ocular de sua órbita (extrusão). Conduta pré-hospitalar: AN02FREV001/REV 3.0 34 • Irrigação ocular com soro fisiológico durante vários minutos em caso de lesão por agentes químicos ou na presença de corpos estranhos; • Não utilizar medicamentos tópicos (colírios e anestésicos) sem prescrição de um oftalmologista; • Não tentar remover objetos. Estabilizá-los com curativo apropriado; • Oclusão ocular bilateral, com gaze umedecida, mesmo em lesões unilaterais. Esta conduta objetiva reduzir a movimentação ocular e o agravamento da lesão; • Em caso de extrusão de globo ocular, não tentar recolocá-lo. Efetuar a oclusão ocular bilateral; • A remoção de lentes de contato deve ser efetuada somente em vítimas inconscientes com tempo de transporte prolongado, que não apresentem lesão grave. FIGURA 9 – LESÕES OCULARES FONTE: Disponível em:<http://4.bp.blogspot.com/_1xcCviN1G4Q/S5w-LR- E2bI/AAAAAAAAADw/JeUwwK0KIUo/s320/faca+no+olho.jpg>. Acesso em: 20 set. 2010. 5.8 ESMAGAMENTO Trata-se de lesão comum em acidentes automobilísticos, desabamentos e acidentes industriais. Pode resultar em ferimentos abertos e fechados. Existe dano AN02FREV001/REV 3.0 35 tecidual extenso das estruturas subjacentes. Pode ser causa de amputação de extremidades. Os esmagamentos de tórax e abdome causam graves distúrbios circulatórios e respiratórios. O profissional de emergência deve preocupar-se com a síndrome de reperfusão, após a liberação de uma extremidade esmagada, pois pode ocorrer passagem de toxinas para a circulação. As condutas são: • Realizar ABCD; • Administrar oxigênio em alto fluxo; • Solicitar autorização ao coordenador médico para iniciar infusão de soro fisiológico 0,9% IV. FIGURA 10 - ESMAGAMENTO FONTE: Disponível em: <http://lh3.ggpht.com/_KENgthPJn2o/SXPonFsbMHI/AAAAAAAAAN8/de- aZOb3vvg/clip_image077_thumb%5B1%5D.jpg?imgmax=800>. Acesso em: 20 set. 2010. 6 AVALIAÇÃO DA VÍTIMA Na emergência, a vítima não pode receber uma assistência adequada se seus problemas de saúde não forem corretamente identificados. A avaliação da AN02FREV001/REV 3.0 36 vítima é um procedimento que auxilia a identificação das possíveis causas da doença ou do trauma e ajuda o profissional de emergência a tomar decisões sobre os cuidados mais adequados. A avaliação orientada para o cuidado é um método adotado na emergência. Uma queixa ou problemas podem ser observados, mas inicialmente procura-se identificar as alterações que colocam em risco a vida da vítima e oferece- se cuidados de Primeiros Socorros. Se não existe risco de morte o profissional de emergência busca identificar as condições que poderiam agravar o estado da vítima, preocupa-se com o conforto e a continuidade da assistência de emergência. A assistência às emergências é desenvolvida em etapas, tais como: 6.1 EXAME DA CENA O exame da cena tem o objetivo de preservar a segurança da equipe de socorro e auxiliar no diagnóstico das lesões sofridas pela vítima. 6.1.1 Segurança A cena deve ser avaliada quanto à presença de situações de risco antes do profissional de emergência se aproximar, para que os mesmos preservem sua segurança. A segurança da equipe é a prioridade número um. A ambulância deve ser estacionada no local seguro mais próximo e, caso necessário deve ser acionado outros recursos para o local como policiamento. Os exemplos de situações de risco são: colisão, atropelamento, desabamento, incêndio, explosão, contaminação por produtos tóxicos, eletrocussão e agressão. AN02FREV001/REV 3.0 37 6.1.2 Mecanismo do Trauma Ao se aproximar da cena, o profissional de emergência já pode constatar o que ocorreu, observando, por exemplo, a presença de veículos danificados e a posição da vítima. Nos acidentes automobilísticos, deve-se observar a posição da vítima, utilização do cinto de segurança, estado do veículo, condições do para-brisa dianteiro e da barra de direção. É importante procurar no local evidência de uso de drogas, medicamentos e álcool. Em vítimas de traumatismos por arma de fogo é importante saber, se possível, o tipo de armamento, munição e distância que o tiro foi transferido. 6.1.3 Número de Vítimas Avaliar o número de vítimas e a necessidade de outras ambulâncias para apoio. Caso o número de vítimas exceda sua capacidade de atendimento, peça auxílio imediatamente. FIGURA 11 - ACIDENTE FONTE: Disponível em: <http://colunas.tv.globo.com/files/733/2009/03/1acidente.jpg>. Acesso em: 20 set. 2010. AN02FREV001/REV 3.0 38 6.2 AUTOPROTEÇÃO O profissional de emergência não pode se transformar em uma nova vítima. A área de atendimento deve estar segura, sinalizada e isolada para prevenir novos acidentes. Todas as precauções devem ser tomadas durante o exame e a manipulação da vítima para evitar lesões corporais, contaminação por agentes biológicos ou substâncias tóxicas. Caso o local de socorro ofereça riscos que não possam ser neutralizados, remover rapidamente a vítima para local seguro, mas sempre que possível fazer a avaliação e estabilização do paciente. 6.3 EXAME DA VÍTIMA Divide-se em duas fases, sendo realizado ao mesmo tempo em que a execução de medidas terapêuticas emergenciais. A primeira fase do exame é denominada exame primário e consiste na avaliação de todas as condições clínicas que causem risco iminente de morte, que são: obstrução de vias aéreas, respiração ineficaz ou ausente, lesões de coluna cervical instável e deficiência na circulação sanguínea (o exame primário é denominado ABCD). A segunda etapa ou exame secundário consiste em uma avaliação mais detalhada da vítima (exame físico). 1. O líder deve ajoelhar-se ao lado da vítima no nível de seus ombros, pois nesta posição é possível ter acesso à cabeça e ao tronco da vítima e permite o início de uma ressuscitação cardiopulmonar (RCP) rapidamentesem mudança de posição. 2. O auxiliar se posiciona ajoelhado atrás da cabeça do paciente, para efetuar a abertura das vias aéreas, estabilização da coluna cervical e respiração artificial da vítima. Deve estar com todo o material de assistência respiratória. Deve levar todo o equipamento essencial até a cena para evitar perda de tempo com retornos. O seguinte equipamento é considerado essencial ao atendimento: AN02FREV001/REV 3.0 39 • Equipamentos de proteção individual – EPI´s (luvas, óculos); • Prancha longa com imobilizador de cabeça; • Colar cervical; • Oxigênio, bolsa de ventilação, máscaras, cânulas orofaríngeas, aspirador e cânulas de aspiração; • Bandagens. O exame primário deve ser completado em dois minutos ou menos. Não deve ser interrompido, exceto em caso de obstrução das vias aéreas ou parada cardiorrespiratória (PCR). Outras emergências devem ser atendidas pelos socorristas auxiliares. 6.3.1 Nível de Consciência Estimular a vítima verbalmente, identificando-se mesmo que a vítima pareça inconsciente antes de qualquer manipulação. A resposta verbal do paciente identifica que há circulação cerebral, vias aéreas abertas e presença de respiração. Não havendo resposta a estímulos verbais, é realizada a estimulação dolorosa sobre o esterno. 6.3.2 Avaliação da Vias Aéreas com Estabilização Cervical Caso a vítima esteja inconsciente, deverá ser alinhada e posicionada em decúbito dorsal com técnica de rolamento. Suspeitar de lesão de coluna cervical em todo paciente inconsciente. Vítimas de trauma devem ter a cabeça e o pescoço mantidos em posição neutra, a não ser que haja dor ou resistência a seu alinhamento. As vias aéreas devem ser mantidas abertas com a manobra de elevação da mandíbula, que é a menos traumática para a coluna cervical. AN02FREV001/REV 3.0 40 Observar a presença de corpos estranhos, vômito ou sangue na cavidade oral, retirar manualmente corpos estanhos, caso necessário. Nunca introduzir os dedos na boca da vítima que apresente reação. A coluna cervical deve permanecer estabilizada manualmente até que seja imobilizada por meio de equipamento apropriado. FIGURA 12 – EXEMPLO DE ESTABILIZAÇÃO VERTICAL Disponível em:< http://www.defesacivil.gov.br/imagens/escola/macaerj_05.jpg. Acesso em: 20 set. 2010. 6.3.3 Respiração a) Avaliar a frequência (rápida, normal ou lenta) e profundidade das respirações. O profissional deve aplicar a técnica de ver, ouvir e sentir, que consiste em posicionar a face junto à do paciente, com o ouvido próximo do nariz da vítima, procurando durante um período de cinco segundos detectar a respiração do paciente utilizando todos os sentidos: • Ver a expansão; • Ouvir o movimento aéreo pela boca e nariz e ruídos anormais; • Sentir o ar sendo expirado. b) Observar dificuldade respiratória e a coloração da pele e mucosas (cianose); AN02FREV001/REV 3.0 41 c) Iniciar respiração artificial nas vítimas com ausência de movimentos respiratórios (apneia) ou com respiração lenta e superficial; d) Administrar oxigênio em todos os pacientes politraumatizados sob máscara (12 L/min.) FIGURA 13 – SENTINDO A RESPIRAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://www.medicina.ufmg.br/edump/ped/Image5.jpg>. Acesso em: 20 set. 2010. 6.3.4 Circulação Observar a coloração da pele, pacientes com coloração rosada raramente têm hipovolemia crítica. A palidez ou tom acinzentado de pele indica problema circulatório. • Palpar pulso carotídeo ao mesmo tempo em que o pulso radial; Na vítima não reativa: • A presença de pulso carotídeo indica atividade cardíaca e o pulso radial indica grosseiramente que a pressão arterial sistólica é maior que 80mmHg e que qualquer distúrbio circulatório está em fase compensada; AN02FREV001/REV 3.0 42 • Verificar se o pulso está fino e avaliar se está lento ou rápido. Pulsos rápidos e fracos são associados ao quadro de choque; • Avaliar a temperatura da pele, o choque é sugerido pela presença de pele fria; • Iniciar reanimação cardiopulmonar (RCP) na ausência de pulso carotídeo com massagem cardíaca externa. • Observar hemorragias discretas; • Hemorragias externas graves deverão ser controladas sem interromper o exame primário; • Testar o enchimento capilar das extremidades superiores, comprimindo a ponta do dedo e observando o retorno da coloração normal, que se dá em menos de dois segundos. Este é um sinal precoce de choque. • Inspeção (deformidades, contusões, escoriações, perfurações, queimaduras, lacerações, inchaço); Na vítima reativa: Nos pacientes reativos o primeiro pulso a ser avaliado é o radial bilateralmente, pois o paciente não está em PCR. A sequência descrita é a seguinte • Palpação (dor, instabilidade, crepitação, pulso, motricidade, sensibilidade); As figuras abaixo ilustram o ABCD primário. AN02FREV001/REV 3.0 43 FIGURA 14 – SENTINDO A CIRCULAÇÃO Nível de Consciência Respiração Ver, ouvir e sentir Circulação FONTE: Disponível em: <http://www.cvb.org.br>. Acesso em: 20 set. 2010. 6.4 DECISÕES CRÍTICAS E DE TRANSPORTE Após o exame primário (ABCD), o paciente deve ser colocado sobre a prancha longa. No caso de paciente estável, suas fraturas devem ser imobilizadas antes desta manobra, mas em caso de instabilidade não é feita à imobilização para poupar tempo. Pacientes instáveis devem ser transportados para o hospital sem perda de tempo, para que seja realizado o tratamento definitivo. São considerados pacientes críticos: 1. Traumatismo cranioencefálico (TCE), com nível de consciência diminuído, ou ferimento penetrante na cabeça; 2. Respiração anormal; 3. Parada cardiorrespiratória; AN02FREV001/REV 3.0 44 4. Choque ou sinais ou condições que causam o choque rapidamente; 5. Mecanismo de lesão grave mesmo que a vítima aparentemente esteja estável. O paciente mais grave deve receber prioridade no atendimento. 6.5 EXAME SECUNDÁRIO A realização do exame secundário pode ser feita na cena caso a vítima esteja estável ou a caminho do hospital em vítimas instáveis. O exame secundário consiste no exame físico, porém mais detalhado, incluindo a verificação dos sinais vitais periodicamente (pulso, respiração, pressão arterial e temperatura) utilizando lanternas, esfigmomanômetro, estetoscópio e oxigênio em casos de traumas. Deve ser realizado sobre a prancha. O exame secundário consiste: 1. Exame das pupilas (usar lanterna); 2. Verificar a presença de objetos estranhos e/ou secreções na boca; 3. Verificar a saída de líquor e/ou sangue pelo nariz e/ou ouvidos; 4. Verificar sinais vitais. A reavaliação periódica do paciente deve ser realizada a cada cinco minutos nos casos em que este se encontra instável, ou cada vez que ocorrer uma alteração no quadro do paciente ou que for realizada uma intervenção. É realizada a reavaliação clínica, reavaliação das vias aéreas e reavaliação de lesões. Deverá ainda ser feita a comunicação e o preenchimento de documentação, se for o caso. 7 RESPIRAÇÃO Respiração é o ato de respirar. As trocas de oxigênio e gás carbônico ocorrem nos pulmões. A respiração é essencial. Se este processo básico parar ou tornar-se insuficiente, todos os outros processos da vida cessarão. Uma vez que a AN02FREV001/REV 3.0 45 respiraçãopara, o coração também irá parar de bater pouco tempo depois. Quando isso ocorre, um dano irreversível nas células do cérebro começa dentro de quatro a seis minutos. Após 10 minutos, as células do cérebro começam a morrer. Em um período de tempo pequeno, as células de vários órgãos e estruturas do corpo são destruídas. A morte das células cerebrais não é um processo reversível. Se muitas células morrerem, a pessoa também irá a óbito. Por isso, o acesso às vias aéreas tem prioridade sobre todos os aspectos da reanimação (exceto a desfibrilação). Deve ter como objetivo manter permeabilidade, evitar a broncoaspiração e efetuar respiração artificial. Durante o exame primário a avaliação de vias aéreas e respiração devem ser completadas em 10 a 15 segundos. As causas de obstrução de vias aéreas podem ser divididas em dois grandes grupos: causas tratáveis e não tratáveis pelos profissionais de emergência. As causas tratáveis são: queda de língua, corpos estanhos, vômitos, secreções e sangue. Nestes casos o profissional de emergência pode atuar mesmo totalmente desprovido de equipamentos, por meio de manobras manuais. O simples reposicionamento da cabeça e do pescoço desloca a língua da parede posterior da faringe. As causas não tratáveis com reações alérgicas graves, edema de glote e infecções de trato respiratório superior com edema. É importante reconhecer estes quadros precocemente para não perder tempo com tentativas de resolver o problema no pré-hospitalar. 7.1 ABERTURA DAS VIAS AÉREAS 7.1.1 Abertura da Boca • Verificar inconsciência; AN02FREV001/REV 3.0 46 • Cruzar o polegar e o indicador; • Colocar o polegar nos incisivos superiores da vítima e o indicador nos inferiores; • Fazer um movimento de abertura em tesoura com estes dois dedos; • Efetuar limpeza manual da orofaringe. FIGURA 15 – ABERTURA DAS VIAS AÉREAS FONTE: Disponível em: <www.bombeirosemergencia.com.br>. Acesso em: 21 set. 2010. 7.1.2 Inclinação da Cabeça e Elevação do Queixo É a manobra mais eficaz para queda de língua. A técnica é a seguinte: • Colocar uma de suas mãos na fronte da vítima e a utilizar para inclinar a cabeça para trás; • Deslocar a mandíbula para frente com os dedos da outra mão colocados no queixo da vítima; • Não utilizar na suspeita de lesão de coluna cervical. AN02FREV001/REV 3.0 47 FIGURA 16 - INCLINAÇÃO DA CABEÇA E ELEVAÇÃO DO QUEIXO FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_3eqYl4gbvqg/Sgr9cjJr6gI/AAAAAAAAAU8/4- AUFNaCJok/s400/abertura+das+vias+a%C3%A9reas.gif>. Acesso em: 21 set. 2010. 7.1.3 Elevação da Mandíbula Essa técnica é indicada para vítimas com queda de língua que possam ter ou tenham lesão de coluna cervical. A técnica consiste em: • Posicionar-se atrás da cabeça da vítima em decúbito dorsal; • Segurar com as mãos os ângulos da mandíbula, deslocando-a para frente enquanto faz a abertura da boca; • Estabilizar ao mesmo tempo em que a coluna cervical da vítima. FIGURA 17 – ELEVAÇÃO DA MANDÍBULA FONTE: Disponível em: <http://geicpe.tripod.com/adm/interstitial/remote.gif>. Acesso em: 21 set. 2010. AN02FREV001/REV 3.0 48 7.1.4 Elevação da Mandíbula Modificada Essa técnica é indicada para paciente inconsciente com suspeita de lesão de coluna cervical. A técnica é a seguinte: • Posicionar-se por trás da vítima; • Empurrar os ângulos da mandíbula com o polegar, deslocando-a para cima; • Estabilizar ao mesmo tempo a coluna cervical do paciente com as mãos, evitando sua lateralização. Os equipamentos básicos para abertura das vias aéreas consistem nas cânulas orofaríngeas e nos equipamentos de aspiração. A cânula orofaríngea ou cânula de Guedel é um aparelho semicircular feito de plástico ou borracha, cuja função é a de evitar a queda da língua sobre a parede posterior da faringe e permitir a introdução de cânulas de aspiração. A aspiração das vias aéreas tem como finalidade a remoção de sangue, vômito e de outros materiais das vias aéreas. FIGURA 18 – EQUIPAMENTOS BÁSICOS PARA ABERTURA DAS VIAS AÉREAS FONTE: Disponível em: <http://www.souzalins.com.br/images/canula%20de%20Guedell.jpg>. Acesso em: 21 set. 2010. AN02FREV001/REV 3.0 49 7.2 RESPIRAÇÃO ARTIFICIAL Após a abertura da via aérea, se o paciente não apresentar respiração adequada, será necessário instituir ventilações sob pressão positiva. Ventilar é insuflar ar nos pulmões. Quando o volume de ar é menor que o normal diz-se que o paciente está hipoventilando, se é maior, diz-se que está hiperventilando. É possível um paciente hipoventilar mesmo com frequência respiratória alta desde que sua respiração seja superficial. Existe técnica para ventilação sem e com equipamentos, são elas: 7.2.1 Ventilação Boca a Boca • Abrir a via aérea com manobra de inclinação da cabeça e elevação do queixo; • Pinçar as narinas do paciente com a mesma mão que inclina a cabeça; • Manter em posição próteses dentárias completas; • Remover próteses dentárias incompletas que estão deslocadas; • Aplicar sua boca sobre a da vítima (na criança, por ser impossível a oclusão exclusiva da boca, realiza-se ao mesmo tempo a manobra de oclusão da boca e do nariz); • Efetuar duas ventilações completas (se adulto) e uma ventilação completa (se criança ou bebê), com duração de um segundo a um segundo e meio, ventilações mais rápidas causam distensão do estômago (lembre-se que a ventilação no bebê é feita apenas com o ar que está na boca do socorrista e não com ar de dentro dos pulmões); • Observar a expansão do tórax da vítima; • Efetuar as ventilações posteriores em intervalos de cinco segundos no adulto, resultando na frequência de 12 expirações/min.; AN02FREV001/REV 3.0 50 FIGURA 19 – VENTILAÇÃO BOA A BOCA 1 FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_e-uZLFCGo- Y/S2mxpHtB6XI/AAAAAAAAASQ/1xkIdCskMCw/s320/boca-a-boca.JPG>. Acesso em: 21 set. 2010. FIGURA 20 - VENTILAÇÃO BOA A BOCA 2 FONTE: Disponível em: <http://www.bombeirospraia.com/Imagens/manobras/respiracao_boca.jpg>. Acesso em: 21 set. 2010. 7.2.2 Ventilação Boca-Nariz Esta técnica é indicada para a vítima que necessita de respiração artificial em situações que impeçam a abertura de sua boca ou se tem dimensões que impeçam sua oclusão pela boca do socorrista. A técnica consiste: AN02FREV001/REV 3.0 51 • Abrir vias aéreas com as manobra anteriormente descritas; • Ocluir a boca da vítima durante a ventilação, utilizando a mão que segura o queixo; • Ventilar a vítima pelo nariz; • Abrir aboca da vítima nos intervalos da ventilação para facilitar a expiração. 7.2.3 Ventilação Boca-Máscara É preferível aos métodos anteriores, pois oferece maior proteção aos socorristas. • Ajoelhar-se atrás da vítima; • Aplicar a máscara de tamanho mais adequado; • Utilizar os polegares e indicadores das duas mãos para fixar a máscara à face da vítima, enquanto o quarto e quinto dedos elevam a mandíbula; • Ventilar por meio da máscara. FIGURA 21 – VENTILAÇÃO BOA-MÁSCARA FONTE: Disponível em: http://lib.store.yahoo.net/lib/emass/ABTHBHQR.jpg. Acesso em: 21 set. 2010. AN02FREV001/REV 3.0 52 7.2.4 Ventilação Bolsa-Máscara (Ambú) Sempre que possível deve ser executada por dois socorristas, pois é difícil manter o selamento da máscara com a face usando apenas uma das mãos.O tamanho da bolsa (ambú) utilizado em adultos é diferente do utilizado em crianças (ver figura abaixo). • Um socorrista aplica e fixa a máscara à face do paciente com polegares e indicadores das duas mãos e eleva a mandíbula com quarto e quinto dedos; • Outro socorrista comprime a bolsa de ventilação; • Um socorrista fixa a máscara e abre as vias aéreas; • O outro comprime a bolsa. FIGURA 22 - VENTILAÇÃO BOLSA-MÁSCARA FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_P- MzoBY5JIc/S1ZANnVlG0I/AAAAAAAAAp8/KJVlZhAif94/s400/ambu.bmp>. Acesso em: 21 set. 2010. AN02FREV001/REV 3.0 53 8 OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS 8.1 VÍTIMAS CONSCIENTES O quadro clínico das obstruções completas é típico, o paciente apresenta-se agitado, com grave dificuldade respiratória, cianótico, incapaz de tossir, respirar e falar. Caso não seja instituído tratamento, o paciente evolui rapidamente para inconsciência e óbito. Assume a postura típica de colocar os dedos ao redor do pescoço. Antes de qualquer intervenção, o profissional de emergência deve perguntar se a vítima está sufocando e verificar sua capacidade de emitir sons (tossir ou falar). Caso o paciente emita sons a obstrução não é completa. Com obstruções parciais o paciente pode apresentar uma respiração suficiente para manter a vida ou respiração insuficiente. Se houver respiração eficiente, o paciente deve ser estimulado a tossir e observado atentamente em suas tentativas de expelir o objeto ao mesmo tempo em que se administra oxigênio suplementar. A respiração ineficaz se caracteriza por tosse fraca, ruído agudo durante a inspiração (estridor), dificuldade respiratória grave. Caso o paciente apresente respiração ineficaz desde o início ou deteriore para uma respiração ineficaz devem ser instituídas manobras de desobstrução como se o paciente tivesse obstrução completa. A conduta nas obstruções completas é aplicar a manobra de desobstrução, chamada manobra de Heimlich. O seu objetivo é expulsar o corpo estranho por meio da eliminação do ar residual dos pulmões, criando uma espécie de tosse artificial. A técnica é a seguinte: • Abraçar a vítima por trás com os seus braços na altura do ponto entre a cicatriz umbilical e o apêndice xifoide. A mão do profissional em contato com o abdome da vítima está com punho fechado e o polegar voltado para dentro. A outra mão do profissional é colocada sobre a primeira; AN02FREV001/REV 3.0 54 • Fazer compressões abdominais sucessivas, direcionadas para cima, até desobstruir a via aérea ou o paciente perder a consciência; • Em mulheres grávidas, obesos e lactentes, as compressões são efetuadas no tórax, no mesmo ponto da massagem cardíaca externa. As complicações desta técnica são lesões de vísceras abdominais como: fígado e o baço e a regurgitação de material do estômago com broncoaspiração. FIGURA 23 - MANOBRA DE HEIMLICH EM VÍTIMA CONSCIENTE FONTE: Disponível em: <http://oprovocador.zip.net/images/heimlich.JPG>. Acesso em: 21 set. 2010. 8.2 VÍTIMAS INCONSCIENTES Quando o profissional de emergência assiste uma vítima consciente obstruída que se torna inconsciente, o diagnóstico é fácil. A obstrução por corpo estranho deve ser suspeitada em vítimas inconscientes quando encontra dificuldade excessiva para insuflar seus pulmões durante as manobras de respiração artificial. A técnica para desobstrução de vias aéreas em vítimas inconscientes é a seguinte: • Reposicionar a cabeça da vítima e tentar a respiração artificial; • Caso a obstrução das vias aéreas da vítima já esteja sendo tratada, tentar a varredura digital; AN02FREV001/REV 3.0 55 • O profissional de emergência deve ficar ajoelhado a cavaleiro sobre a vítima em decúbito dorsal ou ao seu lado; • Posiciona as mãos uma sobre a outra entre a cicatriz umbilical e o apêndice xifoide. Em mulheres grávidas, obesas e lactentes, as compressões são efetuadas no tórax, no mesmo ponto da massagem cardíaca externa. • Efetua até cinco compressões abdominais direcionadas para o epigástrico da vítima; • Ventilar pacientes duas vezes; • Varredura digital; • Remove se possível, o corpo estranho; • Repete a sequência; • Prosseguir até remover o corpo estranho ou um médico assumir o paciente. FIGURA 24 - TÉCNICA PARA DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS EM VÍTIMAS INCONSCIENTES FONTE: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_5r3lmSKnwpc/SLf1FLrVYnI/AAAAAAAAAAo/eI- rUbfN7BI/s320/image013.jpg>. Acesso em: 21 set. 2010. 9 CIRCULAÇAO O sistema circulatório mantém o sangue em movimento constante e em fluxo unidirecional. O centro desta atividade é o coração. Quando o coração bate, age AN02FREV001/REV 3.0 56 como bomba. O sangue do corpo é trazido de volta para o coração e posteriormente vai para os pulmões. Há uma forte relação entre a respiração, a circulação e certas atividades cerebrais. Esta relação pode ser comprovada de acordo com os seguintes aspectos: • Se a respiração cessa o sangue que é bombeado para o cérebro não terá o oxigênio suficiente. Devido à falha cerebral e a falta de oxigênio em seus próprios tecidos, o coração funcionará inadequadamente e depois deixará de bater completamente. • Quando o coração para de bombear o sangue, a parada respiratória ocorre quase que imediato. 9.1 PARADA CARDÍACA Ocorre quando o coração para de bombear o sangue ou a circulação é subitamente alterada por contrações irregulares de alta frequência dos ventrículos (fibrilação ventricular). Os sinais da parada cardíaca são: • O paciente não responde (inconsciência); • O paciente não respira (a respiração normalmente para dentro de 30 segundos, após a parada cardíaca); • Ausência de pulsação e de ausculta de batimentos cardíacos; • Palidez excessiva; • Mãos, unhas e lábios arroxeados. As causas de PCR podem ser divididas em dois grupos: primária e secundária. As causas primárias de parada cardíaca estão relacionadas a um problema do próprio coração, causando uma arritmia cardíaca, geralmente a fibrilação ventricular. A causa principal é a isquemia cardíaca caracterizada pela chegada de quantidade insuficiente de sangue oxigenado ao coração. AN02FREV001/REV 3.0 57 As causas secundárias são as disfunções do coração que são causadas por problemas respiratórios ou por uma causa externa. São as principais causas de PCR em crianças e vítimas de traumatismos: a) Oxigenação deficiente: obstrução de vias aéreas e doenças pulmonares; b) Transporte inadequado de oxigênio: hemorragias graves, estados de choque e intoxicação pelo monóxido de carbono; c) Ação de fatores externos sobre o coração: drogas e descargas elétricas. FIGURA 25 – FREQUENCIAS CARDÍACAS FREQUÊNCIA CARDÍACA NORMAL – A frequência normal dos batimentos cardíacos é de 60 a 100 ciclos por minuto. BRADICARDIA SINUSAL – Quando a frequência cardíaca é menor que 60 batimentos por minuto. TAQUICARDIA VENTRICULAR - Quando a frequência cardíaca é maior que 100 batimentos por minuto. AN02FREV001/REV 3.0 58 FIBRILAÇÃO VENTRICULAR - A fibrilação ventricular é um tipo de arritmia cardíaca. Acontece quando não existe sincronicidade na contração das fibras musculares cardíacas (miocárdio) dos ventrículos. É indicado o uso de desfibrilador automático. 9.2 RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR Ressuscitação Cardiopulmonar ou RCP é um procedimento de emergência aplicado quando as atividades do coração e do pulmão cessam. Cardiose refere ao coração e pulmonar refere-se aos pulmões. É adotada para retardar a lesão cerebral até a instituição de medidas de suporte avançado. Os componentes da técnica de RCP incluem: avaliação do nível de consciência, ativação do socorro especializado, abertura de vias aéreas, avaliação da respiração, realização de respiração de resgate (ventilações artificiais), verificação de pulso e compressões torácicas. Os objetivos da RCP são: a) Oxigenar e circular o sangue até que seja iniciado o tratamento definitivo; b) Retardar ao máximo a lesão cerebral; c) Prolongar a duração da fibrilação ventricular impedindo que ela se transforme em assistolia, e permitir que a desfibrilação tenha sucesso; d) Reverter a parada cardíaca em alguns casos de PCR por causas respiratórias. Os princípios que conduzirão à aplicação da RCP devem ser: AN02FREV001/REV 3.0 59 1. Verificar inconsciência - O paciente está respondendo? Pacientes que requerem RCP não estarão conscientes; 2. Posicionar o paciente; 3. Desobstruir as vias aéreas; 4. Verificar a respiração – Use o método ver, ouvir e sentir; 5. Ventilar duas vezes, adequadamente – Se houver obstrução nas vias aéreas, fazer a desobstrução e ventilar duas vezes; 6. Verificar o pulso carotídeo; 7. Se o paciente não respirar e não houver pulso, iniciar a RCP. 9.2.1 Compressões Torácicas As compressões torácicas consistem em aplicações rítmicas de pressão sobre o terço inferior do esterno. O aumento generalizado da pressão no interior do tórax e a compressão do coração fazem com que o sangue circule. Mesmo com aplicação perfeita da técnica a quantidade de sangue que circula está entre 10% e 30% do normal. A técnica de compressão torácica é a seguinte: • Com a mão, localizar a margem inferior do rebordo costal da vítima; • Percorrer o rebordo costal até identificar o apêndice xifoide; • Colocar dois dedos acima do apêndice xifoide sobre o esterno; • Apoiar a palma de uma das mãos sobre a metade inferior do esterno; • Colocar a outra mão sobre a primeira. Os dedos podem ficar estendidos ou entrelaçados, mas não devem ficar em contato com o esterno; • Deve manter os braços esticados, com os ombros diretamente sobre as mãos. A compressão deve ser efetuada diretamente sobre o esterno; • A força da compressão deve ser provida pelo peso do tronco do socorrista e não pela força dos seus braços. A utilização da força dos braços causa rapidamente o cansaço do socorrista; AN02FREV001/REV 3.0 60 • O esterno deve ser deprimido cerca de 3,8 a 5,1 cm para o adulto normal. O ideal é verificar se a compressão efetuada é suficiente para gerar um pulso carotídeo palpável; • A compressão deve ser aliviada completamente sem que o socorrista retire suas mãos do tórax do paciente, para que não seja perdida a posição correta das mãos; • A compressão deve se mantida por aproximadamente 50% do tempo de duração do ciclo; • As compressões torácicas e as respirações artificiais devem ser combinadas para que a RCP seja eficaz. A relação ventilações/compressões varia com a idade da vítima e com o número de socorristas; • O sincronismo das ventilações e massagens cardíacas externas no adulto realizadas é de duas insuflações (ventilações) e 30 massagens cardíacas externas (02x30), verificando o pulso a cada cinco ciclos. • A frequência das compressões torácicas deve ser mantida em 80 a 100/min. Com a pausa que é efetuada para ventilação a frequência real de compressões cai para 60/min. Mesmo quando efetuada seguindo os padrões técnicos, as compressões torácicas podem produzir fratura de costelas em alguns pacientes, especialmente em idosos. Outras lesões são as separações entre as costelas e o esterno, a fratura de esterno, pneumotórax, contusões pulmonares e hemotórax. O traumatismo de órgãos abdominais também pode ser ocasionado por compressões torácicas baixas sobre o apêndice xifoide. A prevenção destas complicações é realizada seguindo a técnica correta de RCP. As mãos devem ser posicionadas no local correto com a identificação precisa dos pontos de referência. Os dedos do socorrista não devem tocar o tórax do paciente, a compressão lateral aumenta o risco de lesão na costela. A aplicação de força excessiva e súbita também aumenta a probabilidade de danos à parede torácica. Entre as compressões, o socorrista deve aliviar a pressão sobre o tórax sem perder o contato de sua mão com a parede do tórax. AN02FREV001/REV 3.0 61 FIGURA 26 – COMPRESSÕES TORÁCICAS FONTE: Disponível em: <http://www.cvb.org.br. Acesso em: 21 set. 2010. 9.3 TÉCNICAS DE RCP PARA BEBÊS E CRIANÇAS Pessoas treinadas em primeiros-socorros consideram a RCP em bebês e crianças um ponto mais delicado no atendimento de emergência. Os profissionais sabem, teoricamente, como fazer a RCP em bebês e crianças, porém, têm menos oportunidade de praticar, pois poucas crianças precisam da técnica fora do ambiente hospitalar. É considerado bebê até um ano de idade e crianças de um a oito anos de idade. Como o paciente adulto, bebês e crianças devem ser colocados deitados, em decúbito dorsal, em uma superfície dura. O tamanho grande da cabeça do bebê ou da criança farão com que a cabeça flexione para frente quando o paciente estiver deitado. O simples alinhamento anatômico da cabeça possibilita a abertura das vias aéreas. Avalie a respiração por meio da técnica de ver, ouvir e sentir. Verifique o pulso. No bebê deve verificar o pulso braquial, que é encontrado na região média da parte superior do braço do paciente (na criança verifica o pulso carotídeo). Para realização de compressões em crianças deve usar a base de apenas uma mão, no AN02FREV001/REV 3.0 62 mesmo ponto que se fazem as compressões no adulto. O esterno das crianças deve ser deslocado de 2,5 a 3,5 cm. • O sincronismo das ventilações e massagens cardíacas externas na criança (1 a 8 anos) realizadas é de uma insuflação (ventilações) e cinco massagens cardíacas externas (1x5), verificando o pulso a cada 10 ciclos. A posição das compressões externas no bebê é diferente do paciente adulto. Aplique as compressões no esterno, usando as pontas de um ou três dedos abaixo de uma linha imaginária entre os mamilos. O esterno de bebê deve ser deslocado de 1,5 a 2,5 cm. • O sincronismo das ventilações e massagens cardíacas externas no bebê realizadas com um socorristas é de uma insuflação (ventilações) e três massagens cardíacas externas (1x3), verificando o pulso a cada 10 ciclos (AEHLERT, 2007). FIGURA 27 - TÉCNICAS DE RCP PARA BEBÊS E CRIANÇAS FONTE: Disponível em: <http://www.cvb.org.br. Acesso em: 21 set. 2010. 9.4 DESFIBRILADOR SEMIAUTOMÁTICO AN02FREV001/REV 3.0 63 A primeira Lei de Suporte Básico de Vida (BLS) da América Latina foi aprovada, tornando obrigatório a estabelecimentos de grande circulação de pessoas como shopping, rodoviárias, estádios e hipermercados. Também o treinamento de seu pessoal em (BLS) e a aquisição de, no mínimo, um desfibrilador semiautomático. O desfibrilador semiautomático serve para corrigir as disfunções no ritmo cardíaco por meio do choque, para que em seguida seja ministrada a técnica de massagem cardíaca, evitando sequelas no paciente. De acordo com a American Heart Association, a chance de sobreviver ao ataque cardíaco súbito diminui de 7% a 10% a cada minuto a partir do momento do ataque. Após apenas 10 minutos, as possibilidades de sobrevivência tornam-se praticamente inexistentes, aumentando o risco de danos cerebraisirreversíveis. O equipamento ao ser colocado em contato com a vítima analisa o ritmo cardíaco, decide se é necessário aplicar um choque e instrui os operadores, em português, quais ações são necessárias para administrar o choque. O aparelho mantém a monitoração do batimento cardíaco e pode aplicar choques adicionais, se necessário. Operadores são instruídos para verificar as vias aéreas e realizar a ressuscitação cardiopulmonar. O equipamento também grava o ritmo cardíaco digitalmente que, mais tarde, pode ser usado para auxiliar médico nos diagnósticos. A desfibrilação precoce é somente uma parte do tratamento da morte súbita cardíaca. Ela somente terá sucesso quando estiver ligada ao conceito da Corrente da Sobrevivência. O conceito dos elos de uma corrente aplica-se tanto a paradas cardíacas no hospital como para mortes súbitas cardíacas no ambiente pré-hospitalar. Cada conjunto de ações ou elos dessa cadeia deve ser realizado o mais rápido possível. Se algum anel for fraco, demorado ou inexistente, as chances de sobrevida e recuperação do paciente estarão muito diminuídas. FIGURA 28 - DESFIBRILADOR SEMIAUTOMÁTICO AN02FREV001/REV 3.0 64 FONTE: Disponível em: <http://img512.imageshack.us/i/desfibrilador05.gif/>. Acesso em: 21 set. 2010. 9.4.1 Operação do Desfibrilador Semiautomático • Colocar o aparelho, se possível, próximo à orelha da vítima; • Realizar os procedimentos ao lado do paciente; • Ligar o aparelho; • Conectar as pás adesivas ao tórax do paciente, uma na borda esternal superior direita e a outra no ápice cardíaco; • Cessar toda movimentação do paciente; • O socorrista deve dizer em voz alta: “afastar-se do paciente”; • Pressionar o botão de análise do ritmo; • Seguir a mensagem gravada do aparelho; • Em adultos, caso o aparelho indique choque, o operador deve pressionar o botão e o desfibrilador efetuará a descarga única de 360J (é obrigatório observar o paciente e certificar-se de que ninguém o toque). Caso após uma das análises de ritmo a mensagem do desfibrilador seja “choque não indicado”, palpar o pulso carotídeo por cinco segundos reiniciando a ressuscitação cardiopulmonar (RCP) por um minuto, se ele estiver ausente. Após um minuto de RCP o pulso AN02FREV001/REV 3.0 65 carotídeo é verificado e, caso ausente, repetir a análise do ritmo (se o aparelho indicar, reiniciar o choque); • Em pediatria a desfibrilação é indicada na proporção de 4J/Kg (máximo de 03 choques) (AEHLERT, 2007); • Se o pulso estiver presente, avaliar a ventilação do paciente, iniciando respirações artificiais, se necessário, ou apenas a administração de oxigênio suplementar. 10 AFOGAMENTOS E ACIDENTES DE MERGULHOS Afogamento é todo acidente por submersão em que a vítima morre dentro das primeiras 24 horas. Quase afogamento é todo acidente por submersão em que a vítima sobrevive no mínimo por 24 horas, independentemente do resultado final. O afogamento é uma causa comum de morte acidental em crianças e adultos jovens. A prevenção é o principal instrumento para redução nos casos de afogamento, por intermédio da educação da população e do aumento do número de guarda-vidas nas praias. Os tipos de afogamentos são: • Afogado molhado: associado à aspiração de líquido, tem pior prognóstico e representa 85% dos afogamentos fatais; • Afogado seco: não apresenta aspiração pulmonar de líquido devido ao espasmo da musculatura da laringe. Cerca de 10% dos óbitos por afogamento ocorrem por asfixia verdadeira. As vítimas que não aspiram líquidos geralmente respondem melhor ao tratamento, quando resgatadas a tempo. Do ponto de vista prático o quadro dos pacientes que se afogam em água doce ou salgada é idêntico, devido à pequena quantidade de fluido que normalmente é aspirada. É necessário que o profissional de emergência informe ao médico se o atendimento ocorreu em água poluída ou contaminada por produtos químicos e qual era a temperatura da água, pela possibilidade de a hipotermia coexistir com o afogamento. AN02FREV001/REV 3.0 66 A maioria dos afogamentos segue um padrão comum, após um período de pânico, a vítima tenta se manter em apneia enquanto luta para emergir. É frequente a deglutição de água que causa distensão do estômago e vômitos. Com a queda da oxigenação ocorrem respirações involuntárias durante a submersão e aspirações de quantidade variáveis de água. A passagem de líquido pela laringe causa nas fases iniciais um intenso laringoespasmo (oclusão da glote devido à contração dos músculos laríngeos) que previne a aspiração de maiores quantidades de água. 10.1 CLASSIFICAÇÕES DO AFOGADO • Resgate • : Paciente tem tosse e falta de ar; Grau I • : Paciente lúcido, apresentando tosse seca. Inicialmente o paciente está taquicárdico e taquipneico, mas melhora rapidamente à medida que se acalma. Não há aspiração pulmonar significativa e tratamento na cena: repouso, aquecimento e oxigênio; Grau II • : Lucidez ou agitação: elevação moderada das frequências respiratória e cardíaca, taquipneia, sem grande dificuldade respiratória. Há presença de tosse seca e vômitos. Existe pequena quantidade de espuma na boca e no nariz. Óbito em 0,6% dos casos; Grau III • : Paciente agitado e pouco colaborativo devido à falta de oxigênio. As frequências cardíaca e respiratória estão elevadas e o paciente apresenta grave dificuldade respiratória, muitas vezes com cianose. Ocorre tosse com espuma esbranquiçada ou rósea em quantidade. A mortalidade é elevada neste grupo. Óbito em 5,2% dos casos; Grau IV • : Semelhante ao grau III, porém o pulso radial está fraco ou ausente, indicando sinais de choque. Óbito em 19,4% dos casos; Grau V • : Presença de parada respiratória. Óbito em 44% dos casos; Grau VI: Presença de PCR. Óbito em 93% dos casos. AN02FREV001/REV 3.0 67 Obs.: esta classificação não tem caráter evolutivo. 10.2 ABORDAGEM E CONDUTA • Remover a vítima da água o mais rápido possível (resgate geralmente realizado por bombeiros e não profissionais de saúde); • Avaliar a segurança do local; • Manter o paciente na horizontal em paralelo à água e executar a avaliação primária (ABCD); • Abrir as vias aéreas é a prioridade por meio de técnicas usuais. Observar cuidados com a coluna cervical se houver evidência de trauma; • Iniciar ventilação pulmonar se houver indicação, utilizando oxigênio suplementar; • Administrar oxigênio sob máscara em pacientes, ventilando espontaneamente com fluxo de 12L/min; • Não tentar retirar a água dos pulmões ou do estômago. A utilização da manobra de Heimlich para esvaziar o estômago distendido só aumenta o risco de aspiração pulmonar. A manobra só deve se utilizada se houver suspeita de obstrução de vias aéreas por corpos estranhos; • Caso o paciente inconsciente apresente vômitos, coloque-o em posição lateral de segurança; • Não colocar a vítima com a cabeça mais baixa que o corpo. A reanimação deve ser feita em paralelo com praia; • Iniciar RCP na ausência de pulso carotídeo mesmo em indivíduos que ficaram submersos por longos períodos, pois a água fria protege o indivíduo da morte cerebral. Caso a ambulância esteja equipada com desfibrilador semiautomático, deve ser realizada a rotina de análise do ritmo. As compressões torácicas só devem ser iniciadas após a retirada da vítima da água; • Aquecer os pacientes, secando-os e cobrindo-os com cobertores; AN02FREV001/REV 3.0 68 • Prevenir a aspiração pulmonar em vítimas com respiração espontânea,colocando o paciente em decúbito lateral esquerdo (posição lateral de segurança); • Todas as vítimas de submersão, mesmo as que só necessitaram de mínima reanimação, devem ser submetidas à avaliação médica. Às vezes a lesão pulmonar ocorre horas após o episódio de submersão. 11 TRAUMAS 11.1 TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE) O trauma de crânio é responsável por 50% das mortes em pacientes traumatizados. São as principais causas de óbito nas vítimas de acidentes automobilísticos. A maioria das vítimas está na faixa etária de 15 aos 24 anos. E mesmo quando não causam a morte, pode causar sequelas graves, incompatíveis com uma vida produtiva. O tratamento adequado é eficaz para diminuir essas complicações. Os traumatismos da cabeça podem envolver, isoladamente ou em qualquer combinação, o couro cabeludo, crânio e encéfalo. 11.1.1 Lesões no Couro Cabeludo Podem causar hemorragias importantes devido à sua intensa vascularização. Nos adultos, os hematomas subgaliais (galos) são úteis para determinar a força do traumatismo. Os sangramentos devem ser controlados com compressão. Na presença de fratura com depressão, efetuar a compressão na margem da lesão para evitar agravamento. AN02FREV001/REV 3.0 69 FIGURA 29 – LESÕES NO COURO CABELUDO FONTE: Disponível em: <http://www.malthus.com.br/mg_02045/02051_b.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010. 11.1.2 Fraturas de Crânio As fraturas de crânio não implicam, necessariamente, presença de lesão encefálica, mas indicam a severidade do trauma e maior probabilidade de ocorrer lesão intracraniana. Podem ser classificadas em: • Fraturas, linear ou simples: representam 80% das fraturas de crânio, são lineares e sem desvio; • Fraturas abertas: localizam-se sob lesões do couro cabeludo e têm maior potencial para infecção; • Fraturas deprimidas: ocorrem geralmente após lesão de baixa velocidade com impactos de pequenos objetos. Têm maior potencial para causar lesão cerebral, pois fragmentos ósseos penetram na massa encefálica; • Fraturas de base de crânio: a presença de sangramento pelo nariz (rinorragia) ou pelo ouvido (otorragia) indica a possibilidade desta lesão. A equimose periorbitária (olhos de guaxinim) surge algumas horas após o trauma. A equimose de mastoide é um sinal tardio (mais de 24 horas após a lesão). AN02FREV001/REV 3.0 70 FIGURA 30 – FRATURAS DE CRÂNIO FONTE: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_jttoLB3SPIM/SU6iAm- otkI/AAAAAAAAABo/6s3FUvXe-s0/s400/Imag007.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010. 11.1.3 Lesões Cerebrais a) Concussão: episódio de alteração do nível de consciência após um violento choque, com retorno rápido ao normal. Não há lesão cerebral definida. O quadro clínico é a perda da consciência por alguns segundos ou minutos, confusão, amnésia e vômitos. b) Contusão cerebral: ocorre geralmente nas áreas em que o cérebro entra em contato com protuberâncias ósseas, caracteriza-se por áreas de hemorragia no cérebro. Pode causar déficits permanentes ou se resolver totalmente. As lacerações cerebrais podem ocorrer nas mesmas situações das contusões cerebrais. c) Hematomas intracranianos: existem três tipos de hematomas (epidurais, subdurais e intracerebrais); Hematomas epidurais: ocorrem em quase todos os casos de fratura de crânio, não ocasionando sequelas graves. Criam um aumento da pressão intracraniana em poucas horas. São responsáveis por 5 a 10% dos óbitos por TCE; Hematomas subdurais: ocorre quando o sangramento está presente entre a dura-máter e a aracnoide. Geralmente de natureza venosa, tendo uma velocidade AN02FREV001/REV 3.0 71 de expansão menor. Podem ser classificados de acordo com a apresentação clínica em agudos, subagudos e crônicos; Hematomas intracerebrais FONTE: Disponível em: <http://hon.nucleusinc.com/imagescooked/28392W.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010. 11.1.4 Avaliação e Abordagem da Vítima : são causados por dano vascular no momento do impacto. O quadro clínico depende da região do cérebro que foi afetada. FIGURA 31 – LESÕES CEREBRAIS • Avaliar a cena; • Realizar a sequência ABCD (abertura das vias aéreas, boa ventilação, verificação da circulação com controle de hemorragias); • Realizar miniexame neurológico (escala de coma de Glasgow); • Avaliar pupilas (tamanho, simetria, responsividade à luz); AN02FREV001/REV 3.0 72 • Movimentos das extremidades (comparar a simetria entre o lado direito e esquerdo do corpo); • Transportar rapidamente para o serviço apropriado para reduzir a gravidade das lesões. E diminuir a mortalidade das vítimas. 11.1.5 Escala de Coma de Glasgow É utilizada para avaliação e comparações repetidas no nível de consciência em intervalos frequentes. São atribuídos valores numéricos às seguintes respostas da vítima: abertura ocular, respostas motora e verbal. A pontuação obtida é somada e reflete o status neurológico da vítima de TCE. A pontuação mínima é três e a máxima 15, pontuações menores ou iguais a oito são compatíveis com o estado de coma. Abertura Ocular Espontânea 4 Ao comando verbal 3 À dor 2 Ausente 1 Resposta Motora Obedece a comandos 6 Localização à dor 5 Flexão inespecífica (retirada) 4 Flexão hipertônica 3 Extensão hipertônica 2 Sem resposta 1 Resposta Verbal Orientado e conversando 5 Desorientado e conversando 4 Palavras inapropriadas 3 Sons incompreensíveis 2 Sem resposta 1 AN02FREV001/REV 3.0 73 11.2 TRAUMATISMO DA COLUNA VERTEBRAL A ideia mais difundida em relação aos acidentes é que “não se deve remover a vítima”, uma vez que a remoção inadequada pode causar danos irreversíveis. Tal preocupação é fundada, principalmente, no risco de lesão de coluna vertebral. Essa, se não reconhecida e adequadamente tratada, pode deixar a pessoa paralítica por toda a vida ou levá-la à morte imediata. Este tipo de traumatismo é mais comum em jovens (entre 16 e 35 anos), tendo como causas mais frequente: acidentes automobilísticos, mergulhões em águas rasas, acidente de motocicletas e quedas. A proteção da coluna cervical deve ser uma das prioridades do tratamento pré-hospitalar, a não ser que outra situação esteja produzindo risco de vida iminente. 11.2.1 Mecanismos Específicos de Lesão • Sobrecarga Axial – esta compressão da coluna ocorre mais comumente quando a cabeça atinge um objeto e o peso do corpo, ainda em movimento, vai de encontro à cabeça. Exemplos: vítima sem cinto de segurança que vai de encontro ao para-brisa em colisão frontal, ou indivíduo que bate a cabeça durante mergulho em águas rasas; • Flexão excessiva, lateralização, extensão ou hiper-rotação – a coluna é mais susceptível à flexão lateral, sendo necessário um menor grau de movimento para produzir lesão do que na extensão e flexão anteroposteriores. Um choque lateral causa danos mais facilmente que um impacto anterior ou posterior; • Estiramentos - ocorrem quando a cabeça é mantida em uma posição fixa enquanto o movimento de tronco tende a separá-los. Este é o mecanismo de lesão dos enforcamentos; AN02FREV001/REV 3.0 74 As lesões medulares podem ser classificadas do ponto de vista clínico em completas e incompletas. As completas resultam em perda total de função, ao exame o paciente não tem movimentação ou sensações abaixo do nível da lesão; nas incompletas, há preservação de algumas funções. Mesmo algumas lesões queparecem completas podem melhorar. Desse modo, todos os pacientes devem ser tratados com o máximo de cuidado para evitar o segundo trauma e danos secundários à medula espinhal. FIGURA 32 – MECANISMOS ESPECÍFICOS DE LESÃO FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_5nI68tta0Sc/SuHrTuPDMtI/AAAAAAAAB4Y/7XwoM_vmzZk/s320/lesao- coluna.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010. 11.2.2 Avaliação e Abordagem da Vítima • Avaliar da cena; • Realizar a sequência ABCDE (Abertura das vias aéreas, boa ventilação, verificação da circulação com controle de hemorragias, verificarem déficits neurológicos e exposição da vítima prevenindo resfriamentos); AN02FREV001/REV 3.0 75 • Observar sinais e sintomas indicativos de lesão da coluna como dor ao movimento, pontos de maciez, deformidade e defesa; • Observar sinais e sintomas neurológicos indicativos como paralisia bilateral, paralisia parcial, fraqueza (paresia), “dormência” do membro, sensação de fincadas, formigamento e choque neurológico. • Imobilizar da vítima; • Adaptar a vítima à prancha longa, em decúbito dorsal e em posição neutra; • Reavaliar a imobilização, periodicamente, durante o transporte. Pode estar “frouxa”, colocando a coluna em risco, ou muito apertada, comprometendo a circulação nos membros. Todos os passos devem ser seguidos sem movimentação da cabeça ou da coluna vertebral. Se há possibilidade de lesão da coluna vertebral, considerar como certeza até que essa possa ser excluída. 11.2.3 Imobilização da Coluna Vertebral A cabeça, pescoço, tórax, abdome e pelve devem ser imobilizados em bloco. Os pacientes com indicação de cuidados especiais devem ter a coluna imobilizada, quer se encontrem de pé, sentados ou deitados no momento do socorro. A posição mais estável para o transporte é o decúbito dorsal, que permite fácil acesso a todos os segmentos corporais. AN02FREV001/REV 3.0 76 FIGURA 33 - IMOBILIZAÇÃO DA COLUNA VERTEBRAL FONTE: Disponível em: <http://www.marimar.com.br/resgate/colares/ked4.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010. 11.3 TRAUMATISMO DE TÓRAX Os traumatismos de tórax causam aproximadamente 25% das mortes nos pacientes politraumatizados. Cerca de 60% dos politraumatizados que evoluem para o óbito apresentam lesões torácicas. Os traumatismos podem ser fechados ou penetrantes, dependendo da integridade da parede torácica. Os fechados podem ser por compressão dos órgãos torácicos ou por aceleração-desaceleração e são mais frequentes que os penetrantes. Os traumatismos penetrantes podem ser causados por arma branca ou arma de fogo. São mais evidentes e a trajetória do projétil ou lâmina pode ser imaginada, determinando o local de lesões em órgãos. As lesões específicas no trauma de tórax são: AN02FREV001/REV 3.0 77 11.3.1 Fratura de Costelas As fraturas mais comuns são as laterais entre a terceira e oitava costelas. Elas são longas, finas e pouco protegidas. Fraturas simples isoladas quase nunca trazem risco de morte. Podem ser detectadas por dor ao movimento ou palpação e, às vezes, crepitação local. As fraturas de costelas mais baixas podem ser associadas com lesões do fígado (à direita) e, baço (à esquerda). FIGURA 34 – FRATURA DE COSTELA FONTE: Disponível em: <http://www.clinicadeckers.com.br/imagens/orientacoes/14_costela_lesionada.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010. 11.3.2 Tórax Instável O tórax instável é causado geralmente por um impacto no esterno ou na parede lateral com fraturas de duas ou mais costelas adjacentes em dois ou mais pontos, deixando uma parte da parede “solta”. Esta porção perde o suporte ósseo e passa a fazer movimento contrário ao resto do tórax em cada respiração. É uma lesão grave e pode levar à hipóxia e à morte, se associada à contusão pulmonar e AN02FREV001/REV 3.0 78 não tratada adequadamente. O tratamento consiste em medicação para dor e, em alguns casos, suporte ventilatório por aparelhos. 11.3.3 Contusão Pulmonar A compressão do pulmão pode produzir hemorragia dentro dos alvéolos, reduzindo a capacidade do pulmão de transferir oxigênio para o sangue. Deve-se suspeitar se houver sinais de trauma importante do tórax, como fraturas de várias costelas, tórax instável e equimoses. Crianças podem apresentar contusões graves sem qualquer sinal de lesão externa ou fratura de costela. O tratamento específico somente será realizado em ambiente hospitalar ou por unidade de suporte avançado. FIGURA 35 – CONTUSAO PULMONAR FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_VMFYTb5Xd00/S- bQtliz4ZI/AAAAAAAAAC0/mV0TKoBIUFg/s1600/trauma+perfurocortante+t%C3%B3rax+3.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010. AN02FREV001/REV 3.0 79 11.3.4 Pneumotórax Hipertensivo Pneumotórax significa a presença de ar no espaço entre pleuras. Pode ser resultante de lesão aberta no tórax (facada, por exemplo), ou lesão do próprio pulmão (após ser atingido por um fragmento de costela quebrada, por exemplo), ou ambos. À medida que o ar entra para o espaço pleural ele impede o pulmão de expandir-se e de realizar as trocas gasosas. Se o ar estiver entrando em um mecanismo de válvula (entra e fica aprisionado), haverá compressão total do pulmão do mesmo lado com desvio do mediastino para o lado oposto, levando à redução do retorno de sangue para o coração e ao choque. Normalmente, há grande dificuldade respiratória, taquicardia, hipotensão arterial e distensão do lado do tórax afetado. Nessa situação, o ar pode escapar para debaixo da pele, podendo ser detectado pela palpação e sendo chamado enfisema subcutâneo. O pneumotórax hipertensivo poderá matar a vítima em poucos minutos, se não for detectado. Tratamento específico só em ambiente hospitalar, ou por equipe de suporte avançado de vida. Consiste na drenagem do ar, permitindo expansão pulmonar. FIGURA 36 - PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_3TLnErjyzOc/Sh84GwPdZpI/AAAAAAAAAKI/4BduH- _cM3U/s400/pneumotorax.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010. AN02FREV001/REV 3.0 80 11.3.5 Pneumotórax Aberto É produzido quando um ferimento penetrante conecta o espaço pleural com a atmosfera. Quando maior que 2/3 do diâmetro da traqueia torna o paciente incapaz de encher os pulmões durante a inspiração, pois o ar tende a entrar pela ferida e não pelas vias aéreas. 11.3.6 Contusão Cardíaca A contusão cardíaca pode produzir lesão miocárdica. Devem-se suspeitar quando a vítima apresenta contusão ou fratura esternal. Devido a sua posição anterior e subesternal o ventrículo direito é mais afetado que o esquerdo. Tem como complicações as arritmias, hipotensão e rupturas de miocárdio ou válvulas. FIGURA 37 – CONTUSÃO CARDÍACA FONTE: Disponível em:<http://www.medicinageriatrica.com.br/wp- content/uploads/2007/05/traumacard.JPG>. Acesso em: 25 ago. 2010. AN02FREV001/REV 3.0 81 11.3.7 Tratamento e Condutas • Avaliação da cena; • Realizar a sequência ABCDE (Abertura das vias aéreas, Boa ventilação, verificação da circulação com controle de hemorragias, verificar déficits neurológicos e exposição da vítima, prevenindo resfriamentos); • Transporte imediato para centro de saúde de referência. 11.4 TRAUMA DE ABDOME O trauma de abdome ocorre em 20 a 40% dos politraumatizados, causando 50% das mortes evitáveis por trauma. A mortalidade elevada é explicada pelofato de que, frequentemente, o paciente não é diagnosticado na avaliação inicial, na emergência. O óbito pode ocorrer devido à hemorragia extensa proveniente de lesão aberta (trauma abdominal penetrante) ou lesão fechada (trauma abdominal contuso). Complicações tardias também podem surgir se lesões pequenas passarem despercebidas, principalmente quando confia no aspecto externo da vítima e não valoriza o potencial de dano causado pelo acidente, sobretudo no trauma contuso. A completa ausência de sintomas e sinais locais não descarta a possibilidade de trauma abdominal. Os traumatismos podem ser fechados ou penetrantes, dependendo da integridade da parede abdominal. 11.4.1 Traumatismos Fechados Os traumatismos fechados podem ocorrer por compressão dos órgãos abdominais ou por aceleração-desaceleração e são cinco vezes mais frequentes que os penetrantes. As vítimas podem não ter dor ou evidências de trauma ao exame. AN02FREV001/REV 3.0 82 FIGURA 38 - TRAUMATISMOS FECHADOS FONTE: Disponível em: <http://www.famema.br/gallery2/main.php?g2_view=core.DownloadItem&g2_itemId=102&g2_serialNu mber=2>. Acesso em: 25 ago. 2010. 11.4.2 Traumatismos Penetrantes Os traumatismos penetrantes podem ser causados por arma branca ou arma de fogo. São mais evidentes e a trajetória do projétil ou lâmina pode ser imaginada, determinando o local de lesões em órgãos. A mortalidade é bem mais elevada em ferimentos por arma de fogo, pois as lesões aos órgãos abdominais são bem mais frequentes. FIGURA 39 – TRAUMATISMOS PENETRANTES FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_wj8si01CvYk/Sogkkir9hhI/AAAAAAAAAOE/- v9h91icly4/s400/DSC00665.JPG>. Acesso em: 25 ago. 2010. AN02FREV001/REV 3.0 83 11.4.3 Abordagem e Condutas • Avaliar da cena; • Realizar a sequência ABCDE (Abertura das vias aéreas, Boa ventilação, verificação da circulação com controle de hemorragias, verificar déficits neurológicos e exposição da vítima prevenindo resfriamentos); • Administração de oxigênio; • Imobilização rápida; • Acesso venoso e infuso de soro (somente com supervisão e/ou orientação médica); • Transporte imediato para o centro de saúde de referência. A avaliação e o tratamento cirúrgico são os elementos básicos para a redução da mortalidade dessas vítimas. Por isso, qualquer medida que retarde a chegada da vítima até esse recurso deve ser bem justificada. O tempo de chegada ao centro de saúde de referência é crucial. 11.5 TRAUMA MUSCULOESQUELÉTICO Lesões musculoesqueléticas ou de extremidades são muito comuns. Pequenos acidentes domésticos, recreativos ou esportivos levam a esse tipo de lesão, na maioria das vezes, sem maiores consequências. O principal mecanismo pelos quais essas lesões podem representar uma ameaça à vida é a perda sanguínea, que pode causar choque, dano a vasos sanguíneos e nervos. Os tipos de lesões musculoesqueléticas são: AN02FREV001/REV 3.0 84 11.5.1 Fraturas Abertas e Fechadas Ocorre interrupção na continuidade do osso. Nas fraturas fechadas a pele está intacta, e na fraturas abertas ocorre sobre a lesão de continuidade da pele, que pode ser produzida pelos próprios fragmentos ósseos ou por objetos penetrantes. FIGURA 40 – FRATURAS ABERTAS FONTE: Disponível em:<http://www.firstai.de/previews/images/aid106.png>. Acesso em: 25 ago. 2010. FIGURA 41 – TIPOS DE FRATURAS FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_5nI68tta0Sc/StPLXN9aUiI/AAAAAAAAAjM/pit1tpIbTAE/s320/fraturas.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010. AN02FREV001/REV 3.0 85 11.5.2 Luxações São lesões em que a extremidade de um dos ossos que compõem uma articulação é deslocada de seu lugar. O dano a tecido mole pode ser muito grave, afetando vasos sanguíneos, nervos e a cápsula articular. FIGURA 42 - LUXAÇÕES FONTE: Disponível em: <http://www.clifisio.com/editor/userfiles/image/4012591424_b2d5ca0d32.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010. 11.5.3 Entorses São lesões aos ligamentos. Podem ser de grau mínimo ou grave, causando ruptura completa do ligamento. As formas graves produzem perda da estabilidade da articulação, às vezes acompanhada por luxação. AN02FREV001/REV 3.0 86 FIGURA 43 – ENTORSE DO TORNOZELO FONTE: Disponível em:<http://www.clinicadeckers.com.br/imagens/orientacoes/34_ent_tornozelo.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010. 11.5.4 Distensões São lesões aos músculos ou seus tendões, geralmente são causados por hiperextensão ou por contrações violentas. Em casos graves pode haver ruptura do tendão. FIGURA 44 - DISTENSÕES FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_YutlH53fVA8/Sw3fRWwtJ4I/AAAAAAAAAKo/ttR5HBMaZRs/s1600/distens ao.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010. AN02FREV001/REV 3.0 87 11.5.5 Amputações Traumáticas As amputações traumáticas são lesões em que há separação de um membro ou de um uma estrutura protuberante do corpo. Podem ser causadas por objetos cortantes, esmagamentos ou tracionamento. As causas por acidentes industriais e automobilísticos são mais comuns em jovens. FIGURA 45 - AMPUTAÇÕES FONTE: Disponível em:<http://www.szpilman.com/imagens/biblioteca/primeiros_socorros/avulsao.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010. 11.5.6 Abordagem e Condutas (Gerais) • Avaliar da cena; • Realizar a sequência ABCDE (Abertura das vias aéreas, Boa ventilação, verificação da circulação com controle de hemorragias, verificar déficits neurológicos e exposição da vítima prevenindo resfriamentos); • Imobilização adequada (se lesão óssea, imobilizar incluindo uma articulação acima e uma abaixo; e se lesão articular, imobilizar incluindo um osso em cima e um abaixo); • Transporte para o centro de saúde de referência (realizar radiografia). AN02FREV001/REV 3.0 88 11.5.7 Condutas nas Amputações O tratamento inicial deve ser rápido pela gravidade da lesão, que pode causar a morte por hemorragia e pela possibilidade de reimplante do membro amputado. O controle ABC é crucial na primeira fase do tratamento. O membro amputado deve ser protegido com pano limpo e o sangramento comprimido. O uso de torniquete não é recomendado, pois reduz as chances de reimplante com sucesso. Observar sinais de choque hipovolêmico, devido à hemorragia. As partes amputadas devem ser enxaguadas com solução salina normal ou água limpa, colocadas em um saco plástico e mantidas frias durante o transporte para o hospital. Não devem ser colocadas em contato direto com gelo. Transportar a vítima e o membro amputado o mais rápido possível para o hospital. Quanto mais precocemente o atendimento, mais chance tem de reconstituição. 12 IMOBILIZAÇÕES A maioria das vítimas de trauma necessitará de algum tipo de imobilização e a totalidade necessitará de transporte. O objetivo da imobilização é a condução das vítimas à assistência especializada sem causar danos adicionais, principalmente no que diz respeito à coluna vertebral. AN02FREV001/REV 3.0 89 12.1 EQUIPAMENTOS DE IMOBILIZAÇÃO 12.1.1 Colar Cervical e Imobilizador Lateral É importante que a vítima tenha sua cabeça e coluna cervical imobilizadas manualmente até que elas estejam fixadas em dispositivo próprio. Para imobilizar parcialmente a coluna cervical da vítima, emprega-se um dispositivo de resinaresistente que envolve o seu pescoço como se fosse um colar. O colar cervical, isoladamente, não imobiliza o pescoço, apenas limita os movimentos de flexão. Utiliza-se então, o imobilizador lateral (bachal) ou fitas adesivas e rolos de pano para fixação na prancha longa. FIGURA 46 - COLAR CERVICAL FONTE: Disponível em: <http://www.idealonline.com.br/Images/Grandes/17.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010. AN02FREV001/REV 3.0 90 FIGURA 46 - COLAR CERVICAL FONTE: Disponível em: <http://www.idealonline.com.br/images/grandes/73.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010. FIGURA 47 - IMOBILIZADOR LATERAL FONTE: Disponível em: <http://www.almedical.com.br/esqueleto_arquivos/imobilizador_cabeca.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010. 12.1.2 Prancha Longa É o equipamento indicado para a remoção de vítimas encontradas em decúbito (deitadas). Eventualmente, pode ser utilizada como suporte secundário AN02FREV001/REV 3.0 91 quando outros materiais são empregados. É feita de compensado naval ou resina resistente. Possui saliência para que o socorrista possa introduzir seus dedos e elevar a prancha, e sua espessura deve ter poucos centímetros para facilitar a colocação do paciente. Sua superfície deve ser lisa para facilitar o deslizamento da vítima. A maioria das pranchas encontradas no mercado suporta até 150 Kg. A vítima deve ser fixada na prancha por, pelo menos, três cintos (tirantes), que devem estar posicionados nos ombros, no quadril e acima dos joelhos. Após o ajuste do tronco e das pernas, fixa-se a cabeça. Só neste momento pode-se liberar a imobilização manual. As técnicas para colocação de pacientes na prancha longa devem respeitar a estabilização da coluna vertebral, movimentando a vítima em bloco. As mais utilizadas são as manobras de rolamento. FIGURA 48 – PRANCHA LONGA FONTE: Disponível em:<http://catalogohospitalar.com.br/img/produtos/4143/imagem-de-pranchas-de- imobilizacao-em-polietileno_g.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010. 12.1.3 KED O KED (Kendrick Extrication Device) é um dispositivo utilizado na imobilização da coluna cervical, vertebral e lombar em uma posição anatômica, AN02FREV001/REV 3.0 92 permitindo que a vítima seja imobilizada, extricada e transportada na posição sentada. FIGURA 49 - KED FONTE: Disponível em:<http://www.med-worldwide.com/media/ss/240/660030MAIN.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010. 12.2 TÉCNICAS DE IMOBILIZAÇÃO Dois indivíduos podem ser suficientes para a execução destas técnicas, porém, o ideal são três. Existem rolamentos de 90 e 180 graus. O princípio básico consiste em estabilizar inicialmente a cabeça e o pescoço mediante tração manual e, em seguida, em alinhar os membros. Rola-se, então, o paciente em bloco, preferencialmente pelo lado menos lesado. 12.2.1 Rolamento de 90 Graus É utilizado para vítimas encontradas em decúbito dorsal, devendo o socorrista ficar ajoelhado por trás de sua cabeça, promovendo a estabilização AN02FREV001/REV 3.0 93 manual da coluna cervical. Aplica-se o colar cervical a partir da parte anterior do pescoço por outro socorrista. Posiciona a prancha paralelamente à vítima, do lado oposto ao rolamento. Os dois socorristas ajoelham-se do mesmo lado, no nível dos ombros e dos quadris da vítima. É feito o alinhamento dos membros. Ao comando do líder (aquele que assume a cabeça), o paciente é rolado em bloco, ficando de lado. A prancha é deslizada até encostar-se ao corpo da vítima. Sob novo comando, a vítima retorna ao decúbito dorsal, sobre a prancha. Se houver necessidade de ajuste de posição, este deverá ser feito com deslizamento lateral, em bloco, sempre mantendo a estabilização manual da cabeça. Em seguida é feita a fixação dos tirantes. FIGURA 50 – ROLAMENTO DE 90 GRAUS FONTE: Disponível em:<http://www.detran.pa.gov.br/menu/educacao/cursos/images/image009.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010. 12.2.2 Rolamento de 180 Graus É utilizada em vítimas que se encontram em decúbito ventral. O socorrista posiciona ajoelhado atrás da cabeça da vítima e estabiliza a cabeça e pescoço. A prancha é posicionada no lado para qual a vítima será rolada. Os outros dois socorristas se posicionam ajoelhados sobre a prancha, no nível dos ombros e dos AN02FREV001/REV 3.0 94 quadris. Os membros devem ser alinhados. Após comando verbal, é feito meio rolamento na direção da prancha, ficando a vítima de lado. Os dois socorristas saem da prancha ficando sobre o solo. Ao novo comando, completam o rolamento, deitando a vítima sobre a prancha. Coloca-se então, o colar cervical e completa-se a imobilização. FIGURA 51 – ROLAMENTO DE 180 GRAUS FONTE: Disponível em: < http://img.youtube.com/vi/QAMPFkPl5-8/2.jpg>. Acesso em: 28 ago. 2010. 12.2.3 Elevação a Cavaleiro Indicada em locais estreitos. Um socorrista posiciona-se a cavaleiro nível dos ombros do paciente, estabilizando manualmente sua cabeça e seu pescoço. O colar cervical é aplicado por outro socorrista. Posiciona-se a prancha próximo aos pés da vítima, no sentido de orientação de seu corpo. Outro socorrista posiciona-se o cavaleiro sobre a vítima no nível do seu quadril e outro no nível dos pés. Promove então, alinhamento dos membros, no eixo do corpo e, ao comando, a pessoa é elevada em bloco, cerca de 20 cm. O socorrista próximo aos pés desliza a prancha por baixo do corpo da vítima. Mediante novo comando, o paciente é colocado sobre a prancha e devidamente fixado. AN02FREV001/REV 3.0 95 FIGURA 52 – ELEVAÇÃO A CAVALEIRO FONTE: Disponível em:<http://www.buzios.rj.gov.br/noticias/saude/imagens/curso-de-resgate.jpg>. Acesso em: 25 ago. 2010. 12.2.4 Imobilização com a Vítima Sentada Este procedimento é realizado com o uso de “KED” (colete de imobilização dorsal). Antes de iniciar o procedimento cria-se um acesso para se chegar atrás da vítima, onde irá promover a estabilização manual da cabeça e do pescoço. Outro socorrista se encarrega da colocação do colar cervical. O KED é alocado entre o banco e as costas da vítima. São, então, presos os tirantes médio, inferior, das coxas e, por último, o do tórax. Em seguida, fixa-se a cabeça, liberando-se a imobilização manual. Um socorrista aborda a vítima pelas pernas e pelo quadril e outro pelas alças do colete. Promovem, então, rotação, deixando a vítima de costas para a porta e com os pés sobre o banco do passageiro. A prancha longa será colocada com sua extremidade inferior sob as nádegas da vítima e a extremidade superior apoiada por outro socorrista. A vítima é, então, deitada sobre a prancha e deslizada para adaptação a esta. Os tirantes da coxa são liberados para que as pernas possam ser estendidas. Em seguida, fixa a vítima à prancha. AN02FREV001/REV 3.0 96 FIGURA 53 - IMOBILIZAÇÃO COM A VÍTIMA SENTADA FONTE: Disponível em: <http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://resgate2005.tripod.com/media/Trauma1.jp>. Acesso em: 25 ago. 2010. 13 PARTICULARIDADES NO ATENDIMENTO DE BÊBES E CRIANÇAS De uma forma geral, a avaliação e tratamento das enfermidades e traumas do bebê e na criança são basicamente os mesmos indicados para os adultos. Porém, deve considerar as características peculiares do bebê e da criança, pois sua fisiologia e respostas emocionais são especiais. Um exemplo da anatomia característica dos bebês e das crianças está na cabeça, que é maior e mais pesada, em proporçãoao resto do corpo. Em traumas suspeite especialmente de danos na coluna vertebral e na cabeça. Também, manipule a cabeça de uma criança de até 18 meses com extrema precaução. Não aplique pressão nas estruturas delicadas como as fontanelas. A área da superfície do corpo de um bebê ou de uma criança é grande se comparada à sua massa corporal. Isso os faz mais vulneráveis a hipotermia. Cobrindo o paciente, especialmente a cabeça, ajudará mantê-lo aquecido. Não espere pelo aparecimento de sinais e sintomas de choque no bebê. Se o trauma ou a enfermidade apresentam risco potencial, providencie antecipadamente os cuidados de emergência. Deve lembrar de que uma criança tem menos sangue que um adulto. Uma perda de sangue relativamente pequena pode AN02FREV001/REV 3.0 97 oferecer risco de morte. As crianças respiram pelo nariz, que se estiver obstruído, não os fará abrirem a boca para respirar. Por isso, deve preocupar em limpar o nariz das secreções. Lembrar também de que a língua é proporcionalmente maior em crianças, que é uma possível causa de obstrução das vias aéreas. Quando manusear as vias aéreas de um bebê, tenha certeza de que a cabeça está numa posição neutra, nem hiperfletida e nem hiperestendida. Qualquer alteração respiratória em bebê e crianças é grave. Para insuficiência respiratória, providenciar oxigênio por meio de uma máscara de tamanho pediátrico. Para insuficiência respiratória severa ou parada respiratória, providenciar ventilações ou ventilador manual (ambu) com oxigênio suplementar e transportar imediatamente para o hospital. As crianças toleram febre alta melhor que os adultos, mas uma febre que sobe rapidamente pode causar convulsões. Providenciar transporte para a criança, o mais rápido possível. Também encaminhar a criança com diarreias e vômitos para a assistência médica. Fique atento para necessidades emocionais e para o sofrimento do paciente vítima de maus-tratos, abuso sexual ou negligência. Nesses casos, deve ser discreto nas suspeitas, na presença do possível indivíduo que praticou o abuso, mas, deve defender a criança e informar as suspeitas para as autoridades competentes. Os cuidados gerais para traumas de bebê ou criança são: • Assegurar as vias aéreas permeáveis. Usar a manobra de tração da mandíbula para proteger a coluna cervical; • Assegurar que as vias aéreas estejam limpas. Fazer aspiração, se necessário; • Providenciar oxigênio pela máscara ou fazer ventilações com um ventilador manual com máscara e oxigênio suplementar, seguindo o protocolo; • Imobilizar a coluna vertebral; • Providenciar transporte o mais rápido possível para o centro de saúde de referência; • Durante o transporte, reavaliar sempre as condições do bebê ou criança e oferecer os cuidados adequados. AN02FREV001/REV 3.0 98 Quando for determinar prioridade de transporte para o bebê ou criança, considere alta prioridade se: • O estado geral da criança não for bom; • O paciente estiver diferente ou apático; • Paciente com vias aéreas comprometidas; • Dificuldade respiratória ou respiração inadequada; • Possibilidade de choque; • Hemorragia descontrolada. Deve-se prestar atenção para condições de risco de vida e lembrar que uma resposta indiferente da criança necessitará de cuidados imediatos. ------------------FIM DO MÓDULO II------------------- AN02FREV001/REV 3.0 99 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 3.0 100 CURSO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA MÓDULO III Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 3.0 101 MÓDULO III 14 HEMORRAGIA A importância do sangue é inquestionável. O sangue é o meio onde é realizado o transporte de oxigênio e nutrientes para as células e gás carbônico e outras excretas para os órgãos de eliminação. O corpo humano possui normalmente um volume sanguíneo de aproximadamente 70ml/Kg de peso corporal para adultos e 80ml/Kg para crianças, ou seja, um indivíduo com 70ml/Kg possui aproximadamente 4.900ml de sangue. Hemorragia é definida como a perda de sangue devido ao rompimento de um vaso sanguíneo. Quanto maior a quantidade perdida de sangue, mais grave será a hemorragia. Geralmente a perda de sangue não pode ser medida, mas pode ser estimada por meio da avaliação do paciente e dos sinais de choque. Quanto mais rápida a hemorragia, menos eficientes são os mecanismos compensatórios do organismo. Um indivíduo pode suportar a perda de um litro de sangue, que ocorre em um período de horas, mas não tolera esta mesma perda se ela ocorrer em minutos. Os mecanismos normais que o corpo possui para limitar as hemorragias são as contrações da parede dos vasos sanguíneos, diminuindo o tamanho da abertura por onde o sangue está drenando e a coagulação do sangue, que é uma sequência complexa de reações químicas que resultam na formação de um coágulo de fibrina, impedindo assim a drenagem do sangue pelo orifício de vaso lesado. Estes mecanismos têm como objetivo a hemostasia, ou seja, o controle do sangramento pelo organismo isoladamente, defendendo-o, ou em associações com técnicas básicas e avançadas de tratamento médico. Os pacientes com distúrbios no mecanismo de coagulação, por exemplo, os hemofílicos, podem apresentar hemorragias graves por traumas banais. AN02FREV001/REV 3.0 102 14.1 CLASSIFICAÇÃO DAS HEMORRAGIAS 14.1.1 Hemorragias Externas Sangramento de estruturas superficiais com exteriorização do sangue. Podem ser controladas utilizando técnicas básicas de primeiros-socorros. As hemorragias podem ser: arterial, venosa e capilar. FIGURA 54 – HEMORRAGIAS EXTERNAS FONTE: Disponível em: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/hemo.gif>. Acesso em: 23 set. 2010. 14.1.2 Hemorragias Internas É o extravasamento de sangue para o interior do corpo. O sangramento de estruturas profundas pode ser oculto ou se exteriorizar como, por exemplo, hemorragia do estômago com hematemese. As medidas básicas de socorro não funcionam, pois é necessário um atendimento especializado realizado em uma unidade hospitalar. AN02FREV001/REV 3.0 103 14.2 CONSEQUÊNCIAS DAS HEMORRAGIAS As hemorragias graves não tratadas ocasionam o desenvolvimento do estado de choque. As hemorragias lentas e crônicas causadas por uma úlcera, por exemplo, causam anemia, ou seja, a diminuição dos níveis de hemoglobina no sangue circulante. O quadro clínico varia de acordo com a quantidade perdida de sangue, velocidade do sangramento, estado prévio de saúde e idade da vítima. Perdas de até 15% do volume sanguíneo (750 ml em adultos) geralmente não causam alterações. São totalmente compensadas pelo corpo com, por exemplo, doação de sangue. Perdas maiores que 15% e menores que 30% (entre 750 a 1.500 ml) geralmente causam estado de choque sem hipotensão arterial. Os sinais e sintomas são: Ansiedade; Sede; Taquicardia; Pulso radial fraco; Pele fria; Palidez cutânea; Suor frio; Taquipneia; Enchimento capilar lento. Perdas acima de 30% (maiores que 1.500) levam ao choque descompensado com hipotensão. Os sinais e sintomas são: Alterações das funções mentais; Agitação; Confusão ou inconsciência; Sede intensa; Pele fria; Palidez cutânea; AN02FREV001/REV 3.0 104 Suor frio; Taquicardia; Pulso radial ausente; Taquipneia importante; Enchimento capilar lento. A perda de mais de 50% do volume sanguíneo leva o indivíduo a óbito. 14.3 RECONHECIMENTO DAS HEMORRAGIAS As hemorragias externas podem muitas vezes ser reconhecidas durante a inspeção. O sangue pode ser absorvido pelas vestes da vítima, pelo solo ou tapetes, dificultando a avaliação pelo profissional de emergência. Os pacientes politraumatizados com sinais de choque e lesões externas pouco importantes provavelmente apresentam lesão interna. Os locais mais frequentes de hemorragia interna são o tórax e o abdome. Observar presença de lesões perfurantes, equimoses ou contusões na pele sobre estruturas vitais. Os órgãos abdominais que frequentemente produzem sangramentos graves são o fígado e o baço. Algumas fraturas, especialmente de quadril e fêmur, podem produzir hemorragias internas graves. Observar extremidades com deformidade, dor e instabilidade pélvica. A distensão abdominal com dor após traumatismo sugere hemorragia interna. Algumas hemorragias internas podem se exteriorizar, por vezes, no tórax produzindo hemoptise, que é a expectoração sanguínea ou sanguinolenta por meio da tosse, proveniente de hemorragia na árvore respiratória. O sangramento do esôfago, estômago e duodeno podem se exteriorizar por meio da hematemese, que é a saída de sangue pela boca com origem no sistema gastrointestinal. O sangue eliminado pode ser vermelho vivo ou com aparência de borra de café, caracterizando a digestão deste sangue. Neste caso, o socorrista pouco pode fazer no atendimento pré-hospitalar para controlar a hemorragia. As condutas visam o AN02FREV001/REV 3.0 105 suporte da vida, principalmente a manutenção da permeabilidade das vias aéreas e respiração, até a chegada ao hospital. 14.4 ABORDAGEM DA VÍTIMA E CONDUTAS (HEMORRAGIAS EXTERNAS) 1. Realizar ABCDE; 2. Desobstruir vias aéreas e efetuar assistência ventilatória, se necessário. Suplementar oxigênio em alta concentração, utilizando máscara com reservatório e fluxo de 12L/min.; 3. Elevar extremidades com sangramento acima do nível do coração; 4. Colocar compressa sobre o ferimento, efetuando a compressão direta da lesão, com a mão enluvada. Caso a compressa fique encharcada de sangue, coloque novas compressas secas sem retirar a primeira. O objetivo é não retirar o coágulo; 5. Fixar a compressa sobre o ferimento com bandagem ou, caso não disponha de bandagem, manter a compressão manual. 6. Se houver persistência da hemorragia, ocluir a artéria próxima ao ferimento, para diminuir a circulação no local. A compressão direta e a elevação do membro são os principais métodos para deter uma hemorragia, pois não diminuem a irrigação sanguínea em outros locais. FIGURA 55 – ABORDAGEM E CONDUTA FONTE: Disponível em: <http://portal.ua.pt/projectos/mermaid/jpgs/12_1.jpg>. Acesso em: 24 set. 2010. AN02FREV001/REV 3.0 106 14.5 CONTROLE DAS HEMORRAGIAS INTERNAS O controle pré-hospitalar de hemorragias internas é impossível, o tratamento é cirúrgico. Pacientes com hemorragias internas devem ser removidos rapidamente para o hospital, mantendo os cuidados de suporte básico de vida. Em focos de fratura é possível reduzir a perda sanguínea por meio de manipulação adequada e imobilização. 15 CHOQUE Choque é uma síndrome caracterizada pela incapacidade de o sistema circulatório fornecer oxigênio e nutrientes aos tecidos de forma a atender as suas necessidades metabólicas. A insuficiência circulatória causa dano celular e lesão em vários órgãos, que podem tornar-se irreversível se o choque não for rapidamente corrigido. Não se deve definir choque com base apenas na pressão arterial, já que existem condições em que pode haver hipotensão sem choque, com oferta e consumo adequados de oxigênio. O conceito atual de choque e toda sua fisiopatologia envolvem um desequilíbrio entre a oferta e a demanda celular de oxigênio. Para que as necessidades metabólicas celulares sejam atendidas, deve haver uma adequada oferta de oxigênio. Esta oferta é a quantidade total de oxigênio transportada aos tecidos, e é dependente de três fatores: a concentração de hemoglobina, o débito cardíaco e o conteúdo de oxigênio no sangue arterial. Após o estabelecimento do quadro de choque, vários mecanismos compensatórios ocorrem para preservar o suprimento de oxigênio a órgãos vitais como coração e o cérebro, atuando para restaurar pelo menos parcialmente o volume intravascular efetivo e aumentar o débito cardíaco. A moderna classificação do choque foi proposta por Weil em 1972, utilizando quatro categorias, baseadas na AN02FREV001/REV 3.0 107 causa primária da anormalidade perfusional. Estas categorias, contudo, não são isoladas entre si, havendo considerável superposição entre os diversos tipos. 15.1 CHOQUE HIPOVOLÊMICO No choque hipovolêmico o desarranjo inicial é a perda de volume circulante, com redução do retorno venoso e diminuição do débito cardíaco e da oferta de oxigênio. A pressão arterial isoladamente não é um bom indicador da severidade do choque hipovolêmico, pois pode ser mantida em níveis próximos da normalidade devido à vasoconstrição intensa, especialmente em pacientes jovens e sem patologia prévia, devendo ser analisada em conjunto com outros parâmetros na avaliação da gravidade do choque. Nas fases iniciais o choque hipovolêmico é rapidamente reversível pela restauração apropriada do volume intravascular. Contudo, se a perfusão tissular e a oferta de oxigênio permanecem severamente diminuídas, dano celular irreversível pode ocorrer. O choque hipovolêmico pode ser classificado em hemorrágico e não hemorrágico. O choque hipovolêmico hemorrágico caracteriza-se por baixas pressões de enchimento ventricular e pressão capilar pulmonar associada a níveis reduzidos de hemoglobina e hematócrito. Pode ocorrer por perdas sanguíneas externas ou por sangramentos ocultos, não exteriorizados. O choque hipovolêmico não hemorrágico é resultante de perda apenas do componente líquido do compartimento intravascular. Geralmente estes casos são devido à perda excessiva de líquidos pelos tratos gastrointestinal ou urinário. Também pode ser resultado de transudação para o meio extravascular, como ocorre nas queimaduras, traumatismos extensos em partes moles, peritonites, pancreatites e obstrução intestinal. Achados que suportam o diagnóstico de choque hipovolêmico não hemorrágico incluem baixas pressões de enchimento e hematócrito normal ou elevado. AN02FREV001/REV 3.0 108 15.2 CHOQUE CARDIOGÊNICO Choque cardiogênico pode ser definido como uma incapacidade primária do coração de fornecer um débito cardíaco suficiente para as necessidades metabólicas, na presença de um volume circulante adequado. Pode ser encontrado em diversas situações clínicas, porém, sua principal causa é a perda súbita de massa muscular por infarto agudo do miocárdio (IAM). O choque cardiogênico ocorre em cerca de 7 a 10% dos casos de IAM, com mortalidade de 70 a 90%, sendogeralmente associado à perda superior a 40% da massa muscular do ventrículo esquerdo. Esta perda pode ocorrer em consequência de um grande infarto ou com infartos menores sucessivos. O resultado do tratamento clínico no choque cardiogênico é extremamente desfavorável. A mortalidade é alta e os sobreviventes apresentam baixa expectativa de vida devido ao avançado grau de insuficiência cardíaca que se estabelece. A infusão de drogas inotrópicas deve ser iniciada imediatamente. Vasodilatadores como a nitroglicerina ou nitroprussiato de sódio podem ser benéficos, pois diminuem a pré e pós-carga, reduzindo a congestão pulmonar e facilitando o esvaziamento ventricular. O uso de dispositivos de assistência circulatória mecânica, o balão intra- aórtico, pode ser uma alternativa terapêutica nos casos de grande perda de massa ventricular. 15.3 CHOQUE ANAFILÁTICO As reações alérgicas do tipo I, ou anafiláticas, são mediadas por anticorpos da classe IgE. Como parte da reação ao antígeno, os anticorpos são gerados e ligados a receptores de superfície nos mastócitos e basófilos com alta afinidade por sua porção Fc. Se a porção Fab dos anticorpos se ligarem a um antígeno, ocorre a ativação de múltiplos sistemas enzimáticos intracelulares, levando à produção e liberação de vários mediadores químicos vasoativos como a histamina, AN02FREV001/REV 3.0 109 prostaglandinas e leucotrienos, causando vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular e inflamação. A reação que ocorre pouco tempo após a exposição ao antígeno é caracterizada por sensação de sufocamento, broncoespasmo, edema laríngeo, angiodema, respiração ruidosa, transudação pulmonar e alterações cutâneas agudas urticariformes. As seguintes alterações hemodinâmicas são encontradas: Baixas pressões de enchimento ventricular; Débito cardíaco baixo; Resistência vascular sistêmica reduzida; Hematócrito elevado. 15.4 CHOQUE NEUROGÊNICO A insuficiência circulatória periférica aguda de causa neurogênica acontece nos casos de sofrimento intenso do tronco cerebral, precedendo a morte encefálica, com falência hemodinâmica e vasodilatação generalizada por perda do tônus vasomotor simpático ou em lesões da medula espinhal alta, caracterizando o “choque medular”. Este último inclui hipotensão arterial secundária a vasodilatação periférica pela deficiente atividade autonômica simpática e pela hipotonia e paralisia musculares. A diminuição da inervação simpática resulta em redução do débito cardíaco, pois provoca redução da contratilidade miocárdica e do retorno venoso pelo aumento do volume sanguíneo no sistema capacitância venosa secundária e venodilatação. Finalmente, reflexos cardíacos em nível espinal também estão abolidos, pois a lesão T1 a T4 leva à perda de inervação simpática cardíaca, facilitando a bradicardia uma vez que a inervação vagal parassimpática permanece preservada. AN02FREV001/REV 3.0 110 15.5 CHOQUE SÉPTICO Este termo refere-se ao estágio avançado de uma síndrome progressiva, denominada sepse. Termos como sepse, septicemia, bacteriemia, síndrome séptica, choque endotóxico, choque séptico são usados como sinônimos, dando margem a confusões e um conhecimento impreciso da fisiopatologia. Choque séptico pode ser causado por uma variedade de microrganismos. Os mais frequentemente envolvidos são as bactérias gram-negativas (50% dos casos) e gram-positivas (30 a 35% dos casos). O restante abrange bactérias menos comuns, fungos, vírus e até protozoários. Apesar de a sepse poder afetar qualquer faixa etária, o risco maior é para pessoas acima dos 65 anos, pois a defesa contra infecções requer uma complexa interdependência de diversos sistemas que podem ser comprometidos pela idade avançada e pela presença de condições comórbidas que aumentam a suscetibilidade às infecções. Fatores que predispõem à sepse por qualquer agente incluem desnutrição, alcoolismo, diabetes mellitus, neoplasias, AIDS, doenças leucoproriferativas, cirrose hepática, queimaduras, tratamento com imunossupressores e procedimentos invasivos. O processo, na sepse, começa com a proliferação do microrganismo no foco da infecção. O organismo pode invadir a corrente sanguínea diretamente, levando as hemoculturas positivas, ou pode proliferar apenas localmente e liberar várias substâncias na circulação. O choque séptico é caracterizado inicialmente por débito cardíaco reduzido, devido à hipovolemia e ao baixo retorno venoso que existe na maior parte dos casos. Diversos fatores contribuem para a diminuição do volume intravascular: a) Desidratação produzida por febre, taquipneia, redução da ingestão de líquidos e eventualmente vômitos, diarreia, poliúria, sangramentos e sequestração em cavidades; b) Aumento da permeabilidade vascular e transudação para o espaço extravascular; c) Aumento da capacitância venosa por venodilatação; AN02FREV001/REV 3.0 111 d) Síntese proteica redirecionada para a produção de diversas proteínas da fase inflamatória aguda em detrimento da síntese de albumina, com redução da pressão coloidosmótica intravascular. Após a adequada reposição volêmica, os achados típicos do choque séptico são: débito cardíaco elevado e resistência vascular reduzida, com tendência ao aumento progressivo da resistência vascular pulmonar. 15.6 TRATAMENTO DO CHOQUE A maior parte dos casos de choque requer administração de volume intravascular. O maior desafio neste ponto é restaurar rapidamente as pressões de enchimento ventricular a um nível ótimo sem comprometer secundariamente a função respiratória por sobrecarga hídrica. 15.6.1 Transfusões Os principais motivos que levam à transfusão de sangue em pacientes em estado crítico são hemorragia aguda e aumento da capacidade transportadora de oxigênio. A ocorrência de efeitos adversos com as transfusões faz com que as suas indicações sejam cada vez mais criteriosas. 15.6.2 Soluções Cristaloides Soluções isotônicas como soro fisiológico a 0,9% e a solução de Ringer é universalmente reconhecido como expansores volêmicos primários. Uma dificuldade que surge com seu uso é a necessidade de grandes volumes para a ressuscitação, AN02FREV001/REV 3.0 112 muitas vezes resultando em edema pulmonar e periférico. Estas soluções equilibram-se rapidamente entre compartimentos intra e extravascular. Apresentam efeitos hemodinâmicos máximos no término da infusão, não produzindo efeitos duradouros. 15.6.3 Soluções Coloides Os coloides têm seu efeito máximo duas a três horas após o término da infusão, com persistência de 12 a 24 horas. Sua utilização baseia-se na presença de grandes moléculas relativamente impermeáveis às membranas capilares, produzindo uma efetiva pressão osmótica no intravascular com pouco extravasamento para o extravascular. O efeito final é uma marcada redução no volume infundido necessário para a expansão volêmica. As principais soluções coloides utilizadas são: Albumina, Plasma, Gelatina (Haemacel®), Dextrans, Amido hidroxietílico (Plasmasteril®), Drogas vasoativas (Dopamina, Dobutamina, Noradrenalina, Nitroprussiato de Sódio). 15.7 ACESSO VENOSO O cateterismo venoso periférico é indicado para permitir reposição volêmica e administração de medicamentos por via intravenoso. Os acessos venosos recomendados pela facilidade e segurança são as veias periféricas de membros superiores. Caso todas as veias de uma extremidade superior estejam inacessíveis, pode ser necessário posicionarum cateter venoso em uma extremidade inferior e, neste caso, a veia recomendada é a safena anteriormente ao maléolo medial da tíbia. Devido às condições encontradas em ambientes pré-hospitalares, nem sempre é possível manter níveis adequados de assepsia durante a obtenção do AN02FREV001/REV 3.0 113 acesso venoso. Após a estabilização do paciente no hospital, os cateteres venosos devem ser substituídos durante o primeiro atendimento. Os cateteres para punção venosa podem ser de vários tipos: cateter dentro da agulha (intracath), cateteres sobre a agulha (jelco) e tipo scalp. Cateteres sobre agulha são os mais utilizados no ambiente pré-hospitalar, pois são fáceis de colocar, têm um diâmetro interno maior que a agulha e diminuem o extravasamento. Os cateteres dentro da agulha são pouco utilizados no ambiente pré- hospitalar, pois apresentam maior incidência de extravasamento, têm o orifício de introdução mais largo que o cateter e costumam ser menos calibrosos do que os anteriores. 15.7.1 Técnica de Punção Venosa • Colocar o paciente em posição de conforto, em decúbito dorsal, com a extremidade que vai ser utilizada para a punção repousando sobre uma superfície firme; • Aplicar o garrote acima da fossa antecubital, prendendo-o de modo que possa ser removido com apenas uma das mãos; • Se possível, solicitar ao paciente que abra e feche suas mãos para auxiliar a visualização da veia; • Selecionar uma veia apropriada. Os melhores locais são o aspecto radial do antebraço junto ao punho e o dorso da mão. A veia não necessita ser visualizada para ser cateterizada com sucesso; • Realizar a assepsia do local escolhido; • Segurar o conjunto agulha-cateter diretamente com sua mão dominante; • Inserir o conjunto agulha-cateter através da pele em um ângulo de 10º a 20º sobre a veia ou o seu lado; aplicar tração na pele distal ao sítio de punção; AN02FREV001/REV 3.0 114 • Ao penetrar a luz da veia se observará o sangue fluindo; continuar inserindo o conjunto por 4 a 6 mm e observar o retorno do sangue; • Manter a agulha em posição e empurrar somente o cateter para dentro da veia; • Ocluir a veia em local proximal ao cateter e remover a agulha; • Soltar o garrote; • Conectar o equipo ao cateter e iniciar a infusão; • Fixar o cateter com esparadrapo. FIGURA 56 – TÉCNICA DE PUNÇÃO VENOSA FONTE: Disponível em: <http://www.enfermeriadeurgencias.com/>. Acesso em: 24 set. 2010. 16 QUEIMADURAS A maior parte das queimaduras que ocorre nas residências é de pequena gravidade. Somente 3 a 5% dos casos são graves. As queimaduras têm o potencial de desfigurar, causar incapacitações temporárias ou permanentes ou mesmo a morte. A principal consequência da queimadura é a perda de líquidos, que saem dos AN02FREV001/REV 3.0 115 vasos sanguíneos e espalham-se entre as células, causando edema e redução do volume circulante, com consequente insuficiência circulatória (choque). A gravidade da queimadura depende da causa, profundidade, percentual de superfície corporal queimada, localização, associação com outras lesões, comprometimento de vias aéreas e o estado prévio da vítima. 16.1 CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS 16.1.1 Quanto à Profundidade 1º Grau – se restringem à epiderme e são causadas por exposição ao sol, líquidos quentes ou contato rápido com cáusticos. Manifestam por vermelhidão, dor leve a moderada e, algumas vezes, bolhas muito pequenas; 2º Grau – acometem epiderme e derme e são caracterizadas pela presença de bolhas. Levam, dependendo da extensão, à perda de líquido significante, podendo causar choque. São causadas por exposição prolongada aos agentes anteriores, mas também por chama; 3º Grau – acomete toda a extensão da pele (epiderme, derme e subcutâneo) e, em alguns casos, tecidos mais profundos (músculos, tendões e ossos). Apresenta coloração tipo marmórea ou enegrecida e consistência firme, como couro. Apesar de a queimadura de 3º grau não ser dolorosa, quase sempre existem áreas de 2º grau em suas proximidades. Por isso, deve-se sempre considerar que o paciente sente dor intensa. Queimaduras estão entre as mais dolorosas lesões que o ser humano pode experimentar. AN02FREV001/REV 3.0 116 FIGURA 57 – TIPOS DE QUEIMADURAS FONTE: Disponível em: <http://saudavel.blogs.sapo.pt/arquivo/graus-queimadura.jpg>. Acesso em: 24 set. 2010. 4º Grau – Geralmente é uma queimadura elétrica. Envolve a completa destruição de todos os tecidos (carbonização), desde a epiderme até o tecido ósseo subjacente. Haverá uma ferida de entrada que estará carbonizada e deprimida. Onde a eletricidade deixou o corpo haverá também uma ferida de saída, que normalmente exibe bordas explosivas. Se a ocorrente foi forte o suficiente, também poderão ocorrer fraturas do osso subjacente. Para o fechamento das feridas, além do enxerto cutâneo, pode-se ter necessário a implantação de retalhos locais ou regionais para cobertura definitiva. FIGURA 58 – QUEIMADURA DE QUARTO GRAU FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_LDHVqT7YQY4/SWvPoXZ96bI/AAAAAAAAAOw/IJ4exJcec0s/s400/Queim aduras3.jpg>. Acesso em: 24 set. 2010. AN02FREV001/REV 3.0 117 16.1.2 Quanto à Extensão A extensão é estimada pela regra dos nove. A cabeça e cada membro superior representam 9% da superfície corporal, cada membro inferior 18% e o tronco 36% da superfície corporal. Em crianças pequenas deve-se atribuir maior valor à cabeça (18%) e menor valor às extremidades inferiores (13,5%). FIGURA 59 – QUEIMADURA QUANTO À EXTENSAO FONTE: Disponível em: <http://www.dicaspraticas.com.br/images/articles/Queimaduras-7.gif>. Acesso em: 24 set. 2010. 16.1.3 Quanto à Localização Queimaduras nas seguintes áreas são consideradas lesões graves: - Mãos e pés: podem produzir incapacidade permanente após o processo de cicatrização devido às retrações; - Face: associa-se com queimaduras de vias aéreas, inalação de fumaça, intoxicação por monóxido de carbono e desfiguração; - Olhos: podem causar cegueira; AN02FREV001/REV 3.0 118 - Períneo: tem alta incidência de infecção, sendo de difícil tratamento. 16.2 QUEIMADURAS TÉRMICAS Causadas pela condução de calor através de líquidos, sólidos, gases quentes e do calor de chamas. Uma queimadura superficial ou pouco profunda (1º e 2º graus) envolvendo pequena porção do corpo do paciente tem menor gravidade, exceto quando envolver o sistema respiratório, face, mãos, pés, virilha, nádegas e articulações. Se estas aéreas apresentarem queimaduras graves ou se as queimaduras cobrirem inteiramente uma parte do corpo, trate o paciente como um grande queimado. FIGURA 60 – QUEIMADURA TÉRMICA FONTE: Disponível em: <http://www.jatinstrumentacao.com.br/img/queimadura-termica.jpg>. Acesso em: 24 set. 2010. 16.2.1 Conduta • Avaliar a cena; • Realizar ABCDE; • Resfriar a área queimada; AN02FREV001/REV 3.0 119 • Envolver a queimadura com curativo frouxo, estéril ou limpo; • Oferecer cuidados especiais às áreas que são consideradas lesões graves; • Umedecer o curativo; • Providencie cuidados para o choque (em caso de grande queimado); • Transporte para o hospital Obs.: Na avaliação da vítima de queimaduras, nunca arranque suas roupas aderidas ao corpo, pois pode provocar maiores danos aos tecidos queimados. 16.3 QUEIMADURAS QUÍMICASExistem numerosas substâncias capazes de causar lesões. Algumas podem ser voláteis e causar lesão por inalação ou mesmo envenenamentos As queimaduras químicas colocam em risco os socorristas, por isso, o material de segurança específico é necessário. FIGURA 61 – QUEIMADURA QUÍMICA FONTE: Disponível em: <http://minicastle.files.wordpress.com/2009/08/hand_burnt_by_ln2.jpg>. Acesso em: 24 set. 2010. AN02FREV001/REV 3.0 120 16.3.1 Condutas • Use luvas, óculos de proteção e vestes especiais; • Realizar ABCDE; • Remova as vestes contaminadas da vítima; • Escove resíduos sólidos da pele da vítima antes da irrigação; • Irrigue com água por 15 minutos os produtos químicos, a não ser que a condição seja crítica e se necessite transportar a vítima mais precocemente; • Mantenha o ABCDE. 16.4 QUEIMADURAS ELÉTRICAS A lesão nas queimaduras elétricas é causada pela eletricidade atravessando os tecidos e sendo convertida em calor. As extremidades geralmente sofrem maior dano, pois têm menor diâmetro e resultam em maior fluxo de corrente. A corrente elétrica pode causar, imediatamente, arritmias cardíacas e paradas cardiorrespiratórias. Outras lesões são queimaduras da pele nos sítios de entrada e saída, geradas pelo arco elétrico. As roupas do paciente podem se incendiar e causar queimaduras de pele adicional. A passagem da corrente através dos músculos pode causar violenta contração muscular com fraturas e luxações. A lesão de órgãos internos como o fígado e o baço são raros. O dano tecidual profundo é desproporcional ao aspecto da lesão. AN02FREV001/REV 3.0 121 FIGURA 62 – QUEIMADURA ELÉTRICA FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_TFaflqw9q- 0/SSyKQH3XqKI/AAAAAAAAMKg/wixRZOiDURY/s200/queimadura+el%C3%A9trica.jpg>. Acesso em: 24 set. 2010. 16.4.1 Condutas • Avaliar a cena; • Realizar ABCDE; • Transporte o paciente para avaliação médica, pois é impossível dizer a extensão do dano no pré-hospitalar; • Preparar para assistir a ventilação ou para uma parada cardiorrespiratória; • Monitorar o paciente; • Obter acesso venoso e início de reposição volêmica com soro fisiológico (com autorização médica). AN02FREV001/REV 3.0 122 17 EMERGÊNCIAS AMBIENTAIS 17.1 EMERGÊNCIAS CAUSADAS PELO CALOR EXCESSIVO Emergências podem resultar de exposição excessiva ao calor. O corpo é incapaz de livrar-se sozinho do calor excessivo por meio dos mecanismos naturais de radiação, transpiração e expiração. 17.1.1 Insolação A maior parte dos relatos dessas emergências diz respeito a uma produção prolongada de calor corporal interno. O calor externo, que o paciente está exposto, não precisa ser maior que a temperatura ambiental normal. Com a transpiração continua, água e sais minerais são perdidos pelo corpo, ocasionando cãibras musculares dolorosas ou cãibras produzidas pelo calor. Os sinais e sintomas são: severas cãibras musculares, esgotamento, vertigem, fraqueza e perda da consciência, pulso fraco e respiração rápida e superficial, sudorese intensa. FIGURA 63 - INSOLAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://www.grupoescolar.com/a/b/4B6FA.jpg>. Acesso em: 24 set. 2010. AN02FREV001/REV 3.0 123 Condutas: • Realizar ABCDE; • Conduzir o paciente para um local fresco e colocá-lo em posição confortável; • Afrouxar ou remover as roupas em excesso; • Providenciar oxigênio; • Fornecer água se o paciente estiver consciente; • Aplicar compressas úmidas sobre a pele para resfriá-la; • Se necessário, transporte para um hospital, para realizar reposição volêmica. 17.1.2 Intermação Quando uma pessoa é exposta ao calor excessivo, os mecanismos termorreguladores do organismo falham. A emergência, com risco de vida, é conhecida por choque pelo calor, pode estar se desenvolvendo. A pele apresenta-se quente e usualmente a pessoa para de transpirar. Muitos casos de intermação são relatados em dias quentes e úmidos. Entretanto, decorrem da exposição ao calor seco (exemplo: uma pessoa que trabalha em caldeiras com altas temperaturas). Essa é uma real emergência, requerendo resfriamento do paciente e seu transporte para um hospital. Os sinais e sintomas incluem: respiração profunda, seguida de superficial, pulso rápido e forte, seguido de pulso fraco, fraqueza, escassez ou ausência de transpiração, pupilas dilatadas, inconsciência, convulsões ou contrações musculares podem ser observadas. Condutas: • Realizar ABCDE; AN02FREV001/REV 3.0 124 • Conduzir o paciente para um local fresco e colocá-lo em posição confortável; • Resfrie o paciente de qualquer maneira, retire suas roupas em excesso, molhe-o. A temperatura do corpo deve ser abaixada rapidamente ou o paciente corre risco de morrer; • Bolsas de gelo, se possível, devem ser colocadas nas axilas, punhos, tornozelos, virilhas e pescoço do paciente ou imergir o paciente em água fria; • Monitorar os sinais vitais; • Providenciar oxigênio; • Transporte para um hospital. 17.2 EMERGÊNCIAS CAUSADAS PELO FRIO Acidentes por resfriamento podem ocorrer. Alguns desses problemas são vistos até mesmo em ambientes com temperaturas moderadas, especialmente se o paciente for idoso ou tenha abusado de álcool ou drogas. 17.2.1 Hipotermia O esfriamento geral do corpo humano é conhecido como hipotermia. Exposição ao frio reduz a temperatura do corpo. Com o tempo, o corpo fica incapaz de manter sua temperatura interna. Se a hipotermia continuar, poderá levar à morte. Os sinais e sintomas de hipotermia são: a) Calafrios (observados em estágios iniciais); b) Sensação de entorpecimento; c) Sonolência e desinteresse até mesmo para atividades simples; d) Respiração e pulsos rápidos (nas fases iniciais); AN02FREV001/REV 3.0 125 e) Respiração e pulsos lentos (observados quando a hipotermia se prolonga); f) Articulações e músculos rígidos; g) Perda da coordenação e habilidade para pegar e segurar objetos; h) Alterações na cor da pele em face, orelhas e dedos. Inicialmente vermelhos depois cianóticos; i) Falha na acuidade visual (observada em casos de hipotermia prolongada); j) Inconsciência, usualmente com o paciente apresentando um olhar parado (observa em casos extremos). FIGURA 64 - HIPOTERMIA FONTE: Disponível em: <http://drsergio.com.br/IMGsos/interma%E7ao.jpg>. Acesso em: 24 set. 2010. Os cuidados aos pacientes com hipotermia moderada (ativo com calafrios e talvez algum entorpecimento). a) Realizar ABCDE; b) Realize a assistência ao paciente e uma entrevista para determinar a extensão do problema; c) Mantenha o paciente seco. Remova roupas molhadas e envolva-o com mantas; AN02FREV001/REV 3.0 126 d) Use calor para elevar a temperatura do corpo do paciente. Mova-o para um local aquecido. Aplique calor ao corpo do paciente, na forma de bolsas de água quente, garrafas com líquidos quentes, acolchoados elétricos ou o calor de seu próprio corpo e de acompanhantes; e) Se o paciente estiver consciente, dê líquidos quentes. Não dê bebidas alcoólicas; f) Providencie cuidado para o choque e administre oxigênio; g) Monitore os sinais vitais; h) Transporte para um centro de saúde de referência. Considere um paciente em severa hipotermia quando apresentar os seguintes sinais: • Inconsciência; • Respiração lenta ou paradarespiratória; • Pulso lento ou parada cardíaca; • Confusão mental ou apatia; • Rigidez muscular. Nestes casos, os cuidados de emergência devem ser: a) Dirija-se ao paciente gentilmente. Manipulações bruscas podem provocar ritmos cardíacos letais; b) Assegure vias aéreas permeáveis. Providencie oxigênio, se estiver autorizado. Uma fonte aquecida de oxigênio é recomendada; c) Envolva o paciente com mantas; d) Esta é uma emergência, requer um avançado suporte à vida e transporte imediato. AN02FREV001/REV 3.0 127 17.2.2 Congelamento É uma forma de resfriamento local. A pele e as camadas inferiores dos tecidos estão congeladas. É causa de ulceração profunda. Requerem manipulação cuidadosa para evitar danos adicionais. Os sinais e sintomas incluem: • A área afetada da pele terá aspecto branco, como que revestida por cera; • A área afetada estará gelada na superfície; • A pele poderá tornar-se manchada ou com bolhas. A cor branca pode tornar cinza-amarelada e, por fim, cinza azulada; • No local do resfriamento, a pele terá sua superfície gelada e as camadas de tecidos abaixo poderão apresentar-se, também, endurecidas. Os cuidados oferecidos a este paciente devem ser: a) Realizar ABCDE; b) Prevenir o choque e administrar oxigênio se estiver autorizado; c) Cuidadosamente leve o paciente a um local aquecido; d) Reaqueça a parte do corpo afetada como foi descrito nos casos de hipotermia; e) Aplique uma fonte fixa de calor sobre o local afetado; f) Transporte para um centro de saúde de referência. FIGURA 65 - CONGELAMENTO FONTE: Disponível em: <http://static.hsw.com.br/gif/freezing-cold-2.jpg>. Acesso em: 24 set. 2010. AN02FREV001/REV 3.0 128 ----------------------FIM DO MÓDULO III------------------ AN02FREV001/REV 3.0 129 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 3.0 130 CURSO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA MÓDULO IV Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 3.0 131 MÓDULO IV 18 DIMINUIÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA As alterações da consciência são desafios para medicina em geral. Salienta-se que a alteração de consciência é meramente um sintoma, a expressão clínica comum a muitas patologias que põem em risco a vida do paciente, exigindo atuação adequada e urgente. Define-se inconsciência como ausência de qualquer resposta psicologicamente compreensível a qualquer estímulo externo ou necessidade interna. Os quadros clínicos responsáveis pelos quadros de inconsciência podem ser prolongados ou de curta duração, dependendo de suas causas. O estado de inconsciência somente em 20% dos casos é causado por lesões cerebrais (traumatismos da cabeça, derrames cerebrais e meningite). A maioria dos estados de inconsciência é causada por condições extracranianas como: • Hipoglicemia (frequente em pacientes diabéticos que tomam insulina); • Choque; • Diminuição dos níveis de oxigênio no sangue; • Intoxicações por álcool e outras drogas. O primeiro passo no atendimento ao paciente com rebaixamento do nível de consciência é o suporte vital. Contudo, a história clínica (atual e pregressa) deve ser pormenorizada, com informações acuradas e em quantidade, obtidas quase que simultaneamente ao atendimento. Nos distúrbios da consciência deve-se reunir os dados da história, exame físico geral e neurológico, tentando realizar um diagnóstico. O paciente, na maioria das vezes, não pode fornecer informações adequadas. Assim, testemunhas, quando presentes, devem ser entrevistadas, promovendo diagnósticos diferenciais importantes. Sintomas gerais, febre, cefaleia, AN02FREV001/REV 3.0 132 antecedentes epidemiológicos e doenças preexistentes, tais como, epilepsias, diabetes, hipertensão arterial, insuficiência hepática ou renal, devem ser investigadas. Verificar causa de pioras como infecções, sangramentos, paradas do uso de medicação apropriada. A próxima fase do atendimento é a realização sistemática de exame físico, avaliando-se o paciente da cabeça aos pés, incluindo o dorso. Lesões cervicais devem ser sempre consideradas e a mobilização para o exame deve ser feita de forma cuidadosa. Dor espontânea ou à palpação na região cervical sempre sugere trauma. Ferimentos na língua e na mucosa jugal (região entre a bochecha e a gengiva) lembram crise convulsiva recente. Quando há lacerações, ferimentos no couro cabeludo e face deve-se suspeitar de trauma craniano. A febre alerta para a presença de um quadro infeccioso do sistema nervoso. A hipotermia pode representar hipotireoidismo, exposição ao frio ou uso de barbitúricos. É importante diferenciar o estado confusional agudo do estado de demência. O nível de consciência pode ser avaliado descritivamente ou por meio de “Escala de Coma de Glasgow”. 18.1 ABORDAGEM E CONDUTA • Realizar ABCDE; • Posicionar o paciente em decúbito dorsal; • Desobstruir as vias aéreas com manobras manuais; • Assistir a respiração em pacientes bradipneicos ou em apneia. Administrar oxigênio sob máscara; • Estabilizar a coluna vertebral; • Verificar a presença de pulso carotídeo, caso ausente iniciar RCP; • Pacientes com evidências de choque devem ser colocados em decúbito dorsal com os membros inferiores elevados; AN02FREV001/REV 3.0 133 • Não permitir a administração de líquidos e/ou sólidos ao paciente, devido o risco de aspiração pulmonar; • Transporte rápido para o centro de saúde de referência. 19 SÍNCOPE Síncope ou desmaio é a perda temporária, súbita e breve da consciência e consequentemente da postura, devido à isquemia cerebral transitória generalizada, caracterizado por redução na irrigação de sangue para o cérebro. Síncopes simulam crises de ausência simples ou crises parciais complexas com perda da consciência desde o início. A abordagem inicial de pacientes com síncope envolve diversos passos, como por exemplo, o suporte básico de vida antes da suspeita de uma crise epiléptica. Verificação da condição hemodinâmica, pesquisa de distúrbios metabólicos ou hipóxia fazem parte desta rotina. A síncope é um problema frequente, sendo responsável por 1 a 6% de todas as admissões hospitalares. Cerca de 30% das pessoas têm pelo menos uma síncope nas suas vidas; em 40% existe recidiva, sobretudo após os primeiros 12 meses após o primeiro episódio. As causas principais são as alterações vasovagais, ou seja, uma hipersensibilade do reflexo vasovagal, ocasionando dor intensa, estresse, emoção. Ou secundária a fatores cardíacos (arritmia cardíaca e/ou cardiopatia obstrutiva) ou mais frequentemente devido à alteração da resposta neuromediada do sistema nervoso autônomo que controla a pressão arterial e a frequência cardíaca. As outras causas são devido à hipotensão postural, após mudança rápida para posição de pé e medicamentos como anti-hipertensores, antiarrítmicos e antidepressivos,que são os fármacos normalmente associados à perda de consciência (estas drogas podem tornar o doente mais susceptível para mudanças de pressão sanguínea). AN02FREV001/REV 3.0 134 Na síncope, nem sempre existe uma diferenciação tão clara e os achados de exames diagnósticos podem ser inespecíficos. FIGURA 66 - SÍNCOPE FONTE: Disponível em: <http://www.bibliomed.com.br/images/articlesimg/sincope.gif>. Acesso em: 24 set. 2010. 20 CONVULSÃO E EPILEPSIA O cérebro controla as funções do nosso organismo por meio do envio de estímulo elétrico para os diversos sistemas. Chama-se convulsão, ou crise convulsiva, a atividade elétrica desorganizada e descontrolada que envia impulsos intermitentes para o organismo. Pode-se manifestar por movimentos repetidos, hipertonia, taquicardia e inconsciência. Em algumas, a pessoa mantém-se consciente. Aquelas em que a pessoa, mesmo com os olhos abertos não responde a estímulos dolorosos e fica se debatendo, são as mais graves. A crise pode durar minutos e ceder espontaneamente. Caso se prolongue por mais de 30 minutos, ou se repita neste período sem que a pessoa recupere a consciência entre uma crise e outra, recebe o nome de status epilépticus. O status epilépticus é uma emergência médica. O prolongamento das crises leva a uma atividade cerebral intensa, sem que o fluxo sanguíneo atenda às suas necessidades. AN02FREV001/REV 3.0 135 Assim, sem a chegada de oxigênio e glicose suficientes, ocorre sofrimento cerebral, podendo resultar em graves sequelas neurológicas ou em morte. A principal causa de convulsão é a epilepsia, porém existem tipos de epilepsia que não estão associados a convulsões e existem convulsões por outras condições diferentes da epilepsia. A crise convulsiva tipo grande pode ser precedida dos casos que duram alguns segundos e envolvem sensações como alucinações visuais ou gustativas. Geralmente as convulsões são de curta duração, cessando espontaneamente sem necessidades de medicação. Divide-se em duas fases distintas: • Fase Tônica: dura de 15 a 20 segundos e se caracteriza por perda da consciência e contração muscular contínua, inclusive do diafragma. No início desta fase a contração da musculatura abdominal força o ar pela laringe fechada, produzindo um grito. • Fase Clônica: tem geralmente entre 30 e 60 segundos de duração. Ocorre alternância entre contrações musculares intensas e relaxamento em rápida sucessão. Pode haver parada respiratória e perda do controle esfincteriano. Caracteristicamente, ocorre salivação excessiva (sialorreia). Após a cessação das convulsões segue-se o estado pós-comicial, quando ocorre o embotamento, ou seja, o estado de sonolência e desorientação, após um episódio convulsivo que dura de cinco minutos a algumas horas. As epilepsias constituem um conjunto de síndromes caracterizadas por crises epilépticas periodicamente recorrentes e com manifestação eletroencefálica característica. Há certa polêmica quanto à sua classificação como doença. Independente disto, o termo “epilepsia” refere-se a um grupo maior, compreendendo tanto os quadros idiopáticos, sintomáticos, criptogênicos, primários ou secundários. O quadro clínico, aliado ao eletroencefalograma, determina a melhor terapêutica a ser empregada. Daí a importância da caracterização e classificação das crises epilépticas. Considera-se como epiléptico o indivíduo que passa por dois episódios de crises não provocadas com intervalo de tempo de pelo menos 24 horas. Esta definição determina que mesmo um surto de várias crises consecutivas dentro de 24 AN02FREV001/REV 3.0 136 horas ou um estado de mal epiléptico não caracterizam uma epilepsia, pois podem ser decorrentes de fatores causais externos e não de epilepsia propriamente dita. É importante conseguir uma descrição pormenorizada do evento, com testemunhas. Deve pesquisar ativamente sinais podrômicos, o momento do início da perda de contato, presença de movimentos automáticos, abalos, torções da face ou dos olhos, tempo de duração do fenômeno, liberação esfincteriana e eventuais traumatismos e ferimentos decorrentes. As crises podem ser parciais ou generalizadas. As crises parciais caracterizam-se por descargas epilépticas que acometem um lobo ou um hemisfério. Se o paciente preserva a plenitude cognitiva são chamadas de crises parciais simples. Se a crise parcial atinge o complexo amígdalo-hipocampal, o paciente apresenta perda da plenitude cognitiva. Nesta situação teremos uma crise parcial complexa, que pode ser acompanhada de movimentos automáticos ou não. As crises generalizadas caracterizam-se por alterações eletroencefalográficas de início simétrico e síncrono em ambos os hemisférios cerebrais. Quando estas crises apresentam manifestação motora, elas acometem os dois lados do corpo. 20.1 ABORDAGEM E CONDUTA • Avaliar a cena; • Procurar sinais de consumo de drogas ou envenenamentos; • Uso de EPI´s; • Realizar ABCDE; • Verificar o nível de consciência da vítima e se a mesma ainda apresenta convulsões; • Solicitar auxílio; • Tranquilizar pacientes lúcidos; não tentar introduzir objetos na boca do paciente durante a convulsão; AN02FREV001/REV 3.0 137 • Não tentar conter a vítima; • Proteger a cabeça do paciente colocando um apoio; • Afastar do paciente de objetos perigosos; • Aguarde a crise seguir sua evolução natural; • Em caso de convulsão em criança febril, resfriá-la com toalhas molhadas com água em temperatura ambiente; • Abrir a via aérea com manobras manuais após a cessação das convulsões; • Assistir a ventilação, caso esta não retorne após a convulsão; • Preparar para a ocorrência de novo episódio convulsivo, se a vítima não recupera a consciência nos primeiros 10 minutos; • Caso a vítima apresente vários episódios de crises convulsivas sem recuperar a consciência, o profissional de emergência estará diante de um estado de grande mal epiléptico, devendo providenciar transporte imediato para um centro de saúde de referência. Esta é uma emergência médica. 21 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) O acidente vascular encefálico (AVE) é uma condição frequente, que representa uma das causas mais comum de óbito. Há também o potencial de produzir sequelas graves nos sobreviventes. O acidente vascular encefálico ocorre quando a circulação cerebral é interrompida por coágulos sanguíneos ou hemorragias, causando algum tempo a necrose da área do cérebro suprida pelos vasos obstruídos. AN02FREV001/REV 3.0 138 21.1 CAUSAS DO AVE O acidente vascular encefálico é produzido pela oclusão ou ruptura de um vaso sanguíneo que irriga o cérebro. Existem dois tipos básicos de acidente vascular encefálico: • Acidente vascular encefálico isquêmico: é o tipo mais comum, deriva da oclusão de um vaso sanguíneo por coágulo, que pode se originar do próprio vaso obstruído (trombo) ou do coração ou de outro vaso (êmbolo), condição esta menos comum que a primeira. • Acidente vascular encefálico hemorrágico: secundário à ruptura de um vaso sanguíneo cerebral. O sangramento pode ocorrer em um vaso adjacente ao cérebro (hemorragia subaracnoide) ou dentro da substância cerebral (hemorragia intracerebral); 21.2 FATORES DE RISCO O melhor tratamento para acidente vascular encefálico é o preventivo; assim, as pessoas com fatores de riscos devem ser identificadas e educadas para reconhecer os sinais de AVE. Estes pacientes têm que ser acompanhadas permanentemente por um médico. Os pacientes comdoenças cardíacas, diabéticos e hipertensos têm maior chance de sofrer um acidente vascular encefálico. Geralmente as vítimas de acidente vascular encefálico são idosas, porém jovens podem apresentar esta condição. Mais de 70% das vítimas têm mais de 65 anos. Os fatores de risco que podem ser controlados são: • Hipertensão; • Colesterol elevado; • Diabetes; • Tabagismo; AN02FREV001/REV 3.0 139 • Doença cardíaca. 21.3 SINAIS E SINTOMAS DO AVE O acidente vascular encefálico deve ser suspeitado em qualquer paciente com perda súbita de função neurológica ou alteração no nível de consciência. Os sinais e sintomas mais comuns, que podem ocorrer isolados ou em combinação, são: • Alteração do nível de consciência (sonolência, torpor ou coma); • Cefaleia (dor de cabeça) intensa de início súbito. Qualquer cefaleia associada à alteração do nível de consciência e dor cervical; • Fala incoerente ou dificuldade de entender a fala; • Paralisia ou fraqueza facial. Pedir ao paciente que sorria para tornar este sinal mais evidente; • Incoordenação, fraqueza, paralisia ou perda sensorial em um membro ou diminuída (metade) do corpo; • Perda do equilíbrio; • Perda da visão; • Convulsões. Os sinais e sintomas podem atingir o máximo de severidade desde o início, piorar gradativamente ou flutuar. Por vezes é impossível distinguir os acidentes vascular encefálico isquêmicos dos hemorrágicos, mas a cefaleia acompanhada de náuseas e vômitos são mais proeminentes com as hemorragias. A perda da consciência é mais frequente no acidente vascular encefálico hemorrágico. Muitos pacientes apresentam sintomas de um acidente vascular encefálico com duração menor que 24 horas, são os chamados ataques isquêmicos transitórios. Estes ataques muitas vezes precedem o acidente vascular encefálico, devendo servir como um alerta para o risco. Os profissionais de emergência não AN02FREV001/REV 3.0 140 devem tentar diferenciar um acidente vascular encefálico de um ataque transitório e o paciente deve ser levado para o hospital de referência mais próximo. 21.4 ABORDAGEM E CONDUTA Até pouco tempo não havia tratamento hospitalar específico para o acidente vascular encefálico, os pacientes eram colocados em um protocolo geral de “Alteração do Nível de Consciência”. Porém, com o desenvolvimento de novos tratamentos à base de drogas, que dissolvem coágulos, tornou-se importante que estes pacientes sejam removidos rapidamente para o hospital, mesmo que aparentemente sua situação não seja crítica, pois três horas após o início do quadro este tratamento não é mais eficaz. O profissional de emergência deve ter a seguinte conduta: • Avaliar a cena; • Realizar exame primário (ABCD); • Observar cuidados com a coluna cervical em situações nas quais se suspeita que o paciente possa ter sofrido algum traumatismo (em caso de queda); • Abrir as vias aéreas é prioridade caso o paciente esteja inconsciente ou sonolento; • Iniciar a ventilação pulmonar, caso necessário. A respiração inadequada piora ainda mais as condições cerebrais e pode aumentar a área de necrose; • Administrar oxigênio sob máscara em todos os casos e manter a oximetria monitorizada acima de 92%; • Prevenir a broncoaspiração, colocando o paciente em decúbito lateral, caso ocorram vômitos; • Caso o paciente apresenta sinais de choque, iniciar o tratamento; • As alterações dos sinais vitais são comuns após o acidente vascular encefálico, particularmente a pressão arterial; AN02FREV001/REV 3.0 141 • Exame secundário com avaliação neurológica: escala de coma de Glasgow e escala de Cincinatti; • Transportar para um centro de saúde de referência. Na alteração súbita no nível de consciência e paralisia podem preceder a obstrução de vias aéreas ou a aspiração de vômito. Muitos pacientes com acidente vascular encefálico não podem falar, mas podem entender o que é falado. As complicações do acidente vascular encefálico podem ser: Coma; Obstrução de vias aéreas por queda de língua; Broncoaspiração; Distúrbio respiratório; Hipertensão arterial; Convulsões. 22 ANGINA DE PEITO Angina é a dor ou desconforto que surge no tórax, causado pela chegada de quantidade insuficiente de sangue oxigenado ao miocárdio. É descrita como uma sensação de peso intenso ou aperto, mas pode ser do tipo queimação. Um fato importante é que a dor pode estender-se e irradiar para o braço esquerdo, com caráter de dor ou formigamento, ou para o lado esquerdo do pescoço ou até para a mandíbula. A angina é causada pela obstrução parcial das coronárias por uma placa de gordura, que limita a capacidade do coração de aumentar a chegada de sangue oxigenado em resposta a um aumento de consumo de oxigênio. Pode ser desencadeada por um aumento das necessidades de oxigênio do coração, ou que não pode ser atendida pelas coronárias obstruídas devido a exercícios físicos, febre, emoções fortes e traumatismos. Nos casos em que a dor dura até cinco minutos e pode ser aliviada pelo repouso ou por medicamentos específicos, ela pode ser considerada menos grave. AN02FREV001/REV 3.0 142 Se a dor não desaparecer em menos de cinco minutos ou se não for aliviada completamente por medicação, o paciente deverá ser levado o mais precocemente possível para avaliação médica. Deve ser evitado qualquer tipo de esforço físico por parte da vítima, inclusive andar até em carro. Quando a dor for prolongada, podemos ter duas situações: ou o paciente tem uma angina grave, chamada de angina instável, ou um infarto agudo do miocárdio. Ambos são considerados uma emergência. Deve ser transportado imediatamente para o hospital. 23 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM) O infarto agudo do miocárdio (IAM) refere-se ao processo pelo qual áreas de células miocárdicas no coração são destruídas de maneira permanente. Como a angina instável, o infarto agudo do miocárdio é usualmente causado por fluxo sanguíneo reduzido em uma artéria coronária devido à aterosclerose e oclusão de uma artéria por um êmbolo ou trombo. As outras etiologias do infarto agudo do miocárdio incluem: Vasoespasmo (constrição ou estreitamento súbito) de uma artéria coronária; Suprimento de oxigênio diminuído (em razão da perda sanguínea aguda); Demanda aumentada de oxigênio (em razão de uma frequência cardíaca rápida ou ingestão de cocaína). Oclusão coronariana, ataque cardíaco e infarto agudo do miocárdio são termos usados como sinônimos. A área de infarto leva tempo para se desenvolver. À medida que as células são privadas de oxigênio, a isquemia se desenvolve, ocorre a lesão celular e, com o passar do tempo, a falta de oxigênio resulta em infarto ou morte das células, que não pode mais ser revertida. AN02FREV001/REV 3.0 143 A expressão “tempo é músculo” reflete a urgência do tratamento apropriado para melhorar os resultados do paciente. 23.1 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A dor torácica que ocorre de forma repentina e contínua, apesar do repouso e medicamento, é o sintoma apresentado na maioria dos pacientes com um infarto agudo do miocárdio. Esta dor pode irradiar para os braços (principalmente o esquerdo), ou pescoço. Alguns pacientes podem apresentar dor epigástrica, dorsal, no membro superior direito e nos ombros. A dor pode associar-se a vômitos, sudorese, ansiedade, inquietação e falta de ar. Geralmente os sintomas se iniciam em repouso, pioram gradualmente e duram horas caso não tratado. Os sinais vitais são inespecíficos,pois podem estar dentro dos parâmetros normais. As complicações do infarto agudo do miocárdio são classificadas como elétricas (arritmias) e mecânicas (falência cardíaca), a fibrilação ventricular é a principal causa de óbito por arritmias em pacientes infartados. A maioria das mortes ocorre nas primeiras 24 horas, especialmente na primeira hora (50% dos óbitos). O profissional de saúde pode atuar com eficácia utilizando o desfibrilador semiautomático e transportando a vítima rapidamente ao hospital. 23.2 ABORDAGEM E CONDUTAS • Realizar a avaliação primária ABCD e colher informações; • Perguntar sobre outros episódios de dor, diagnósticos prévios e uso de medicações; AN02FREV001/REV 3.0 144 • Todo paciente adulto com dor torácica aguda e de forte intensidade deve ser considerado como vítima de infarto agudo do miocárdio, até que prove ao contrário; • Manter a vítima em repouso absoluto; • Tranquilizar pacientes lúcidos; • Caso o paciente se torne inconsciente, abrir as vias aéreas e assistir a respiração; • Administrar oxigênio suplementar sob máscara e todos os casos; • Caso o paciente já tenha o diagnóstico de angina de peito, faça o uso de medicação prescrita por médico e tenha o medicamento em seu poder; • O transporte rápido é fundamental, pois quanto mais rápido o paciente chegar a um centro de saúde de referência, maiores são as possibilidades de reduzir a área de infarto; • Obter acesso venoso periférico em membro superior, mantendo-o com solução glicosada 5%, desde que prescrito pelo médico; • Reavaliar frequentemente o paciente; • Preparar para complicações súbitas como parada cardíaca, choque ou edema pulmonar agudo. 24 O PACIENTE DIABÉTICO NA EMERGÊNCIA O diabetes mellitus é uma de doença metabólica caracterizada por níveis elevados de glicose no sangue, ou seja, hiperglicemia decorrente dos defeitos na secreção e/ou na ação da insulina. Normalmente, determinada quantidade de glicose circula no sangue. As principais fontes dessa glicose são: a absorção do alimento ingerido no trato gastrointestinal e a formação de glicose pelo fígado a partir das substâncias alimentares. A insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas, controla o nível da glicose no sangue ao regular a produção e o armazenamento de glicose. No estado AN02FREV001/REV 3.0 145 diabético, as células podem parar de responder à insulina ou o pâncreas pode parar totalmente de produzi-la. Isso leva à hiperglicemia, a qual pode resultar em complicações metabólicas agudas. Existem vários tipos de diabetes mellitus. Eles podem diferir quanto à causa, evolução clínica e tratamento. As principais classificações do diabetes são: • Diabetes do tipo 1 • – originalmente referido como diabetes mellitus insulinodependente, caracteriza-se pela destruição das células beta pancreáticas. Acredita-se que os fatores genéticos, imunológicos e, possivelmente, ambientais combinados contribuam para a destruição da célula beta; Diabetes do tipo 2 O paciente portador de diabetes mellitus dos tipos 1 ou 2 procura atendimento médico em pronto-socorro por vários motivos: a) Por descompensação de seu quadro metabólico, desde uma hiperglicemia moderada até as síndromes de maior gravidade como a cetoacidose diabética e coma hiperosmolar; b) Devido a efeitos colaterais dos medicamentos, particularmente hipoglicemia provocada por insulina ou sulfonilureia; c) Por distúrbios agudos de consciência, que podem ser eminentemente metabólicos ou neurológicos; e) Por cardiopatia aguda podendo haver insuficiência coronariana ou arritmias; f) Devido à agudização de sintomas urêmicos em um portador de insuficiência renal crônica. – originalmente referido como diabetes mellitus não insulinodependente, está caracteriza-se pela resistência à insulina e a secreção de insulina comprometida. AN02FREV001/REV 3.0 146 24.1 O DIABÉTICO NA EMERGÊNCIA COM INFECÇÃO A ideia que pacientes diabéticos apresentam aumento da incidência de infecção em geral não tem respaldo científico. Entretanto, algumas infecções específicas são mais comuns em diabéticos e algumas ocorrem exclusivamente neles. Outras infecções ainda apresentam severidade aumentada, com risco acentuado de complicações nos portadores de diabetes mellitus. Inúmeras variáveis facilitam o aparecimento de infecções em pacientes com diabetes mal controlado: desidratação, desnutrição, insuficiência vascular, neuropatia, redução da fagocitose e da atividade bactericida dos leucócitos polimorfonucleares. 24.1.1 Pneumonia na Comunidade Há aumento da morbidade, da mortalidade e do risco de bacteremia na pneumonia pneumocócica em diabéticos, havendo também aumento frequência de pneumonia por Staphylococcus aureus e bacilos gram-negativos. 24.1.2 Infecção Urinária Bacteriúria é mais comum em mulheres diabéticas. Há também maior incidência de infecção em trato urinário alto, bilateralmente e com maior taxa de complicações. Frente a um paciente diabético com disúria e polaciúria deve-se fazer o diferencial entre cistite bacteriana aguda e cistite fúngica. Se a apresentação clínica for de dor em flancos e febre, faz-se a hipótese de pielonefrite aguda, colhe- se sedimento urinário e urocultura, e inicia-se antibioticoterapia. AN02FREV001/REV 3.0 147 24.1.3 Infecção de Partes Moles São necrotizantes, podendo envolver pele, subcutâneo, fáscia e músculo. A maioria é originada por úlceras de decúbito, ou nas extremidades inferiores em locais de lesões cutâneas preexistentes, ou traumas mínimos. No “pé diabético” encontra desde pequenas úlceras causadas por Staphylococcus aureus ou estreptococos, até úlceras profundas com celulite de causa polimicrobiana. 24.2 DESCOMPENSAÇÃO DIABÉTICA Cetoacidose diabética (CAD) é uma complicação metabólica aguda do diabetes mellitus. Embora a maior parte dos pacientes já tenha diagnóstico de diabetes, um percentual razoável apresenta-se em primodescompensação no pronto-socorro. Num paciente com diabetes do tipo 1, a deficiência de insulina e os níveis elevados de glucagon, catecolaminas, GH e cortisol levam a um aumento de catabolismo proteico e lipólise, gerando níveis séricos elevados de aminoácidos, glicerol e ácidos graxos livres, havendo então aumento da neoglicogênese com consequente hiperglicemia. Os sintomas e sinais são geralmente inespecíficos. Classicamente ocorre poliúria, polidpsia, náusea, vômito, fraqueza e alteração de sensório. 24.3 DIABÉTICO COM DISTÚRBIO NEUROLÓGICO Os pacientes diabéticos podem procurar o serviço de emergência em virtude de quadros neurológicos agudos. Estes eventos podem ser com ou sem déficit de consciência. AN02FREV001/REV 3.0 148 24.3.1 Com Déficit de Consciência Diante de qualquer paciente que apresente distúrbio de consciência, desde uma discreta confusão mental até um coma profundo, devemos fazer uma glicemia capilar para descartar principalmente hipoglicemia, além de uma anamnese com os familiares e um exame clínico e neurológico completos. O diagnóstico diferencial neste caso pode ser: acidente vascular cerebral, hipoglicemia, descompensação diabética. 24.3.2 Sem Déficit de Consciência O paciente diabético pode procurar o pronto-socorro devido à mononeuropatia geralmente de início súbito e assimétrico. Pode ser de pares cranianos ou periféricos. 24.4 DIABÉTICO COM DISTÚRBIO CARDÍACO Doençacardiovascular é a principal causa de morte em diabéticos. A maior incidência é a coronariopatia, sendo também importante insuficiência cardíaca congestiva. Diabetes mellitus, hipertensão arterial, resistência à insulina e obesidade estão claramente interligados e isso contribui significativamente para o desenvolvimento da valvulopatia. AN02FREV001/REV 3.0 149 24.5 DIABÉTICO COM UREMIA NA EMERGÊNCIA Diabetes mellitus é a principal causa de insuficiência renal crônica, seguida por hipertensão arterial. Falência renal é importante causa de morte, particularmente em diabéticos tipo 1. Os principais eventos que ocasionam tal agudização são: a) Desidratação decorrente de mau controle do diabetes, levando à hiperglicemia, à poliúria, à hipovolemia e ao aumento dos níveis de ureia e creatinina; b) Uso de drogas com potencial nefrotóxico, como anti-inflamatórios não hormonais, ou antibióticos como aminoglicosídeos e anfotericina B; c) Infecção urinária em especial se houver papilite necrotizante ou pielonefrite enfisematosa; d) Nefrotoxidade dos radiocontrastes iodados utilizados em exames como tomografia computadorizada e urografia excretora. Os diabéticos são particularmente susceptíveis a esta complicação; e) Hipertensão arterial mal controlada deteriorando a função renal. O desenvolvimento de complicações agudas do diabetes secundárias ao controle inadequado dos níveis glicêmicos pode estar associado a outros problemas de saúde por causa das alterações no nível de atividade e alterações fisiológicas e na dieta relacionadas com o próprio problema de saúde primário. Portanto, o paciente deve ser monitorado para as complicações agudas e devem ser implementadas medidas para as suas prevenções e tratamentos precoces. 25 O PACIENTE ALCOOLISTA NA EMERGÊNCIA Bebidas fermentadas são utilizadas pela humanidade há aproximadamente 8.000 anos. Acreditava-se, nesta época, que o etanol teria o poder de curar todas as patologias conhecidas até então. Atualmente, o álcool é a mais comum das drogas relacionadas não apenas ao abuso, mas também à dependência. Esta situação é AN02FREV001/REV 3.0 150 agravada pela associação frequentemente com outras drogas ilícitas. O consumo de etanol sofreu, nas últimas décadas, um incremento da ordem de 30%, sendo, portanto considerado como um dos maiores problemas médico-sociais em todo o mundo. A dependência do consumo de álcool está associada à tolerância, abstinência e incapacidade em interromper o uso, apesar do desenvolvimento de sequelas clínicas. Fatores genéticos estão relacionados ao consumo de etanol. Em decorrência das características intrínsecas dos serviços de emergência em geral, a saber, número excessivo de pacientes com diferentes níveis de gravidade, a abordagem ao paciente usuário de álcool no pronto-socorro tende a ser suficiente. Entretanto, deve-se salientar que o atendimento de emergência a esta população não deve absolutamente ser subestimado, já que geralmente os indivíduos usuários de álcool buscam os serviços de emergência por apresentarem situações clínicas bastantes complexas concomitantes ao alcoolismo propriamente dito. 25.1 CARACTERÍSTICAS E FARMACOCINÉTICA DO ETANOL O etanol presente em todas as bebidas alcoólicas é derivado da fermentação de açúcares presentes em cereais, vegetais e frutas. O conteúdo de álcool, normalmente expresso em volume percentual, varia de acordo com o tipo de bebida alcoólica, girando em torno de 2%. O álcool etílico é tanto lipossolúvel como hidrossolúvel. Atravessa, portanto, facilmente as membranas, atingindo todos os segmentos do organismo. Em virtude das suas características, uma vez ingerido, o etanol é rapidamente absorvido pelo trato gastrointestinal, também facilmente distribuído por todos os tecidos e fluidos corpóreos. O etanol é armazenado nos diversos tecidos e fluidos numa proporção que obedeça ao conteúdo de água local. O sistema nervoso central, por ser extremamente vascularizado, apresenta concentrações teciduais muito semelhantes às plasmáticas. AN02FREV001/REV 3.0 151 25.2 PACIENTE ETILISTA COM PROBLEMAS NEUROLÓGICOS NA EMERGÊNCIA Várias podem ser as manifestações neurológicas em um paciente usuário de etanol que procura serviços de emergência. Como regra geral, não se deve assumir que a diminuição de nível de consciência no paciente alcoolizado é simplesmente causada pela intoxicação alcoólica aguda. Este paciente deve ser cuidadosamente investigado para a exclusão de traumatismo cranioencefálico, hipoglicemias, intoxicações por outras drogas ilícitas, infecções, cetoacidose alcoólica, estado pós-ictais, acidente vascular cerebral, entre outras situações. A intoxicação alcoólica é tão comum que frequentemente se esquece que a mesma pode ser fatal. A tolerância, entretanto, faz com que a sintomatologia não tenha correlação com a concentração sérica. Paradoxalmente, alguns indivíduos podem ter excitação intensa, delírios, alucinações e comportamento violento. Alguns têm ainda períodos de amnésia, embora permaneçam alerta. Traumatismo craniano, com hemorragia intraparenquimatosa ou hematoma subdural, constitui o diagnóstico diferencial mais importante em paciente etilista com quadro neurológico. O indivíduo alcoolizado está mais propenso a sofrer acidentes, com risco de hematoma extradural subdural agudo e contusão cerebral. A hipoglicemia, muito comum no paciente etilista, é resultado da má alimentação, doença hepática, depleção de glicogênio e principalmente deficiência de niconamida-adenina-dinucleotídeo, que bloqueia a neoglicogênese. Comportamento bizarro, agitação psicomotora, sonolência, coma e convulsão podem ocorrer como manifestações da queda dos níveis plasmáticos de glicose. O uso crônico de etanol está associado à ocorrência de doenças vasculares cerebrais, que por sua vez estão relacionadas à mortalidade elevada desta população quando comparada a indivíduos não usuários de álcool. Pacientes com intoxicação alcoólica são mais propensos a cometer suicídio, sendo a dependência alcoólica o segundo fator de risco mais importante para tal. O alcoolismo é comumente associado a distúrbios afetivos, principalmente depressão. AN02FREV001/REV 3.0 152 A abordagem de emergência a um paciente com alteração mental inclui um acesso intravenoso, administração de glicose (25g) e tiamina (50mg). A suspeita de traumatismo craniano deve ser investigada. As vias aéreas devem estar pérvias e a ventilação adequada, ou medidas pertinentes terão que ser adotadas. O emergencista tem que estar atento e suspeitar de hipoglicemia, infecção, hemorragia intracraniana e gastrointestinal, falência hepática e insuficiência cardíaca no paciente alcoólatra ou que tenha ingerido álcool com alteração no nível de consciência. 25.3 PACIENTE ETILISTA COM PROBLEMAS CARDIOVASCULARES NA EMERGÊNCIA O consumo crônico de etanol está relacionado a uma série de acometimentos no aparelho cardiovascular, destacando-se falência cardíaca, hipertensão arterial, morte súbita e acidente vascular cerebral. Em fases precoces, muitas destas alterações são totalmente reversíveis após a interrupção do consumo. No entanto, em fases mais avançadas, a suspensão do uso de etanol está associada, na maioria das vezes, a uma redução na sintomatologia. 25.4 PACIENTES ETILISTA COM SINTOMAS GASTROINTESTINAIS NA EMERGÊNCIA Todos os órgãos do sistema gastrointestinal são muito afetados pelo álcool. Sintomas inespecíficos como: náuseas, vômitos, sangramentos, diarreiae dor abdominal são comuns. A esteatose é a primeira manifestação de doença alcoólica hepática que pode se desenvolver após poucos dias de ingestão pesada. Ocorre fibrose precoce, que por sua vez pode associar a uma hepatite alcoólica levando à cirrotização. A infecção por vírus de hepatite B e C é mais comum em alcoólatras, AN02FREV001/REV 3.0 153 independentemente de outros fatores de risco. O abuso de álcool está associado à gastrite erosiva aguda. A gastrite crônica no alcoólatra é devida principalmente à infecção pelo Helicobacter pylori e geralmente responde à erradicação deste agente. 25.5 PACIENTE ETILISTA COM SINTOMAS RESPIRATÓRIOS NA EMERGÊNCIA Agudamente, o álcool pode induzir depressão respiratória e predispor à aspiração, com consequentes pneumonite e edema pulmonar. Pneumonias bacterianas são muito comuns em pacientes etilistas em decorrência da baixa imunidade, condições de vida desfavoráveis, carências nutricionais entre outros. Tuberculose constitui outro diagnóstico que deve ser aventado no indivíduo sintomático respiratório por mais de três semanas. O alcoólatra tem maior predisposição à aspiração mesmo sem grande depressão respiratória, com maior incidência de pneumonite e edema. Atelectasias também são mais comuns que na população geral. Entre os alcoólatras também há maior prevalência de tabagismo, aumentando os fatores de comorbidade. 25.6 SINTOMAS E SINAIS ASSOCIADOS AO USO DE ETANOL Frente aos achados listados a seguir, o emergencista é obrigado considerar o etanol como um dos possíveis fatores envolvidos no quadro clínico apresentado pelo paciente: • Alteração do nível de consciência; • Tontura; • Convulsões; • Ataxia; • Cefaleia; • Náuseas e vômitos; AN02FREV001/REV 3.0 154 • Dor abdominal; • Diarreia; • Palpitações-taquicardia; • Hipertensão; • Insuficiência cardíaca; • Perda de peso e sinais de desnutrição; • Achados de hipertensão portal como ascite, esplenomegalia, circulação colateral; • Icterícia; • Sangramentos digestivos. ------------------FIM DO MÓDULO IV-------------------- AN02FREV001/REV 3.0 155 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 3.0 156 CURSO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA MÓDULO V Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 3.0 157 MÓDULO V 26 INTOXICAÇÕES Um tóxico é qualquer substância que, quando ingerida, inalada, absorvida, aplicada à pele ou produzida dentro do organismo em quantidades relativamente pequenas, lesiona o corpo por sua ação química. A intoxicação por inalação e ingestão de materiais tóxicos, tanto intencional quanto inadvertida, constitui um perigo importante para a saúde e é um a situação de emergência. Os tóxicos apresentam variado grau de morbimortalidade para o homem, daí a importância da abordagem bibliográfica entre os temas de emergências clínicas. A constituição química do toxicante, quantidade utilizada, início da intervenção terapêutica, uso de substâncias simultâneas, presença de comorbidades, suscetibilidade individual, entre outros fatores, influenciam a evolução clínica dos casos de intoxicação por esses “agentes externos”. O estímulo às medidas de prevenção e a suspeita clínica imediata são a chave para o sucesso do prognóstico nesse tipo de patologia. Medidas simples como o armazenamento de produtos químicos para uso doméstico em embalagens resistentes, associado ao hábito de armazená-lo em local seguro, fora do alcance de crianças e/ou idosos demenciados reduzem de modo comprovado os altos índices de intoxicações acidentais registrados nos centros de toxicologia. A orientação da população sobre os riscos das intoxicações por medicamentos de uso comum, assim como dos familiares de crianças e indivíduos com antecedentes de tentativa de suicídio, são alternativas para reduzir a frequência de intoxicações nos prontos-socorros. As informações obtidas dos acompanhantes do paciente, em uma anamnese detalhada e um exame físico minucioso (logo que a estabilidade hemodinâmica do intoxicado assim o permita), na maioria das vezes, serão suficientes para dar origem a um diagnóstico sindrômico até que um diagnóstico definitivo seja estabelecido. AN02FREV001/REV 3.0 158 Durante a história clínica sobre a etiologia do quadro do paciente é importante tentar obter receituários antigos, embalagens, os produtos encontrados próximos à vítima, determinar o tempo entre a ingestão ou inalação do produto até chegada ao serviço médico, os antecedentes patológicos pregressos (história de tratamento psiquiátrico, uso de lítio, antidepressivos cíclico, neurolépticos, analgésicos, opioides, digitálicos, anticonvulsivantes, dependência de drogas, etc.). São associados aos dados de exame físico como o grau de orientação, suas condições de fornecer ou não informações adequadas, hálito, presença de picadas ou manchas na pele, reflexo pupilar, alterações motoras e/ou hemodinâmicas permitirão ao médico socorrista elaborar um diagnóstico e, ao mesmo tempo, muitas vezes, inferir a etiologia. Intoxicação por drogas(s) adentra no diagnóstico diferencial de qualquer paciente com alteração do estado mental. Entra no diagnóstico de quaisquer sinais ou sintomas inexplicados em crianças menores de cinco anos ou adultos jovens. As intoxicações, geralmente, não requerem análises toxicológicas, embora o suporte de departamento de bioquímica e hematologia seja necessário. As maiores finalidades que justificam esse procedimento são a necessidade de um tratamento específico e do uso de antídoto para a droga suspeitada. Compostos como lítio, acetaminofen e metanol são exemplos de poucas substâncias que devem ser avaliadas qualitativa e quantitativamente, para melhor eficácia da assistência ao paciente vítima de intoxicação por elas. De acordo com a epidemiologia das intoxicações no Brasil, por tipo de agente, os medicamentos lideram as estatísticas (ácido acetilsalicílico, barbitúricos, antidepressivos cíclicos, neurolépticos, benzodiazepínicos, digoxina, lítio, codeína), seguidos pelos produtos de limpeza de uso doméstico (saneantes); desengordurantes (destilados do petróleo: querosene, gasolina, tinner) e cáusticos (soda cáustica). Os produtos químicos industriais (sulfeto de hidrogênio, CO, tolueno, xileno) são citados mais frequentemente em medicina ocupacional. Em quarto lugar encontramos os praguicidas (raticidas, principalmente), seguidos pelos agrotóxicos de uso doméstico (inseticidas do grupo dos clorados, fosforados, carbamatos e com AN02FREV001/REV 3.0 159 menor toxidade, os piretos) e em sexto lugar aparecem as drogas como cocaína, maconha, opioides, isto é, drogas de abuso. Os envenenamentos ou intoxicações predominam em crianças (<12 anos), principalmente entre um e quatro anos. Geralmente, por supervisão inadequada dos pais, ou pela acessibilidade de produtos caseiroscom potencial tóxico. Os adultos entre 15 e 40 anos são os mais afetados, a maioria do sexo feminino, e de modo intencional. 26.1 INTOXICAÇÕES POR INGESTÃO No caso provável de intoxicação por ingestão, devem-se obter informações rapidamente. Se possível, levantar a história enquanto faz o exame físico. Ver se há vômitos. Conferir se há qualquer substância nas roupas da vítima. A cena pode estar associada a algum tipo específico de envenenamento. Os sinais e sintomas de intoxicação por ingestão podem ser identificados durante a avaliação da vítima. Eles podem incluir: • Queimadura ou mancha ao redor da boca da vítima; • Odores incomuns da respiração, no corpo, nas roupas do paciente ou no ambiente; • Respiração anormal; • Pulsação com frequência e características anormais; • Sudorese; • Pupilas dilatadas ou contraídas; • Produção excessiva de saliva ou presença de espuma na boca; • Dores na garganta ou na boca ou deglutição dolorosa; • Dor no estômago ou abdominal; • Convulsões; • Estado alterado de consciência; AN02FREV001/REV 3.0 160 Na maioria dos casos o cuidado de emergência consistirá em: • Realizar ABCDE; • Diluir a substância no estômago da vítima; • Administrar o carvão ativado para absorvê-la; • Nunca tente provocar vômito se a vítima estiver inconsciente. 26.2 INTOXICAÇÃO POR INALAÇÃO Obtenha o máximo de informações e o mais depressa possível da vítima e das pessoas presentes no local. Procure identificar a substância inalada. As possíveis fontes podem ser os escapamentos dos automóveis, fogões a gás, solventes industriais e latas de spray. Os sinais e sintomas de intoxicação por substâncias inaladas variam e dependem do tipo de substância. A reação do organismo para casos de intoxicação por gases tóxicos frequentemente pode demorar. Respiração rápida e tosse são indicadores característicos. A frequência do pulso é normalmente muito rápida e/ou muito lenta. Provavelmente poderá perceber a irritação dos olhos e danos das vias aéreas. Irritações de pele e olhos podem ser tratadas com água corrente. A prioridade do profissional de emergência deve ser cuidar dos danos às vias aéreas da vítima. Em caso de inalação de fumaça deve ter as seguintes condutas: • Remover a vítima com segurança para áreas livres de fumaça; • Executar avaliação inicial e medidas de suporte básico de vida, e de acordo com a necessidade (ABCD); • Se a vítima estiver consciente e sem sinais de lesão no pescoço ou coluna, coloque-o em posição sentada ou semissentada. Esta posição facilita a respiração; • Monitorar a vítima e preparar para uma perda de consciência; • Proporcione cuidados para o choque; AN02FREV001/REV 3.0 161 • Transporte para um centro de saúde de referência. 26.3 INTOXICAÇÃO POR ABSORÇÃO (CONTATO) As intoxicações por absorção normalmente irritam a pele e os olhos. Porém, há casos raros em que a substância é absorvida com mínimo ou nenhum dano à pele. Os sinais e sintomas de intoxicação por absorção incluem uma ou todas as seguintes reações: • Reação cutânea – irritações moderadas de queimaduras por substâncias químicas; • Prurido; • Irritação nos olhos; • Cefaleia; • Temperatura da pele aumentada; • Choque por alergia (choque anafilático) Os cuidados de emergência para intoxicações por absorção incluem remover a vítima da fonte da substância e lavar imediatamente com água corrente todas as áreas expostas. Depois desta conduta inicial, remova as vestes contaminadas e lave as áreas afetadas da pele da vítima com água e sabão, continue banhando abundantemente com água corrente. Transporte para o hospital. 27 ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS São acidentes causados por ofídios, escorpiões, aranhas, vespas, abelhas e algumas formas marinhas de vida animal que se constitui em um tipo de envenenamento, cujo veículo de introdução, no coro humano, se faz através de AN02FREV001/REV 3.0 162 presas, ferrões, etc. A toxidade do veneno varia em função do tamanho e estado de nutrição do animal agressor, a quantidade de veneno inoculada, o peso e estado de saúde da vítima. Como profissional de emergência, não é necessário ser capaz de classificar insetos, aranhas, artrópodes e ofídios, porém, deve saber o mínimo indispensável sobre estes animais, para que seja possível utilizar a técnica adequada a cada situação. 27.1 ENVENENAMENTO OFÍDICO O acidente por picada de cobra venenosa é denominado ofidismo. O Brasil é o país que possui a mais rica variedade de ofídios do mundo, e as não venenosas existem em grande maioria. Podemos classificar as serpentes venenosas, no Brasil, em quatro grandes gêneros, que são: 27.1.1 Micrurus (Corais) Conhecidas vulgarmente como Corais. São encontradas nas regiões Centro- Oeste, Sul e Nordeste. A ação do veneno dos Corais no organismo é muito rápida, de grande potência e mortal, se não for cuidado a tempo. Por isso, os sintomas e sinais aparecem em questão de minutos. São eles: • Dificuldade em abrir os olhos; • “Cara de bêbado”; • Falta de ar; • Dificuldade em engolir; • “Formigamento” e “Adormecimento”; • Insuficiência respiratória aguda. AN02FREV001/REV 3.0 163 FIGURA 67 - CORAL FONTE: Disponível em: <http://www.zoopets.com.br/serpentes/Advertencia_Micrurus%20decoratus_1_Otavio%20Marques.jp g>. Acesso em: 24 set. 2010. 27.1.2 Crotalus (Cascavéis) São as famosas Cascavéis, facilmente reconhecidas pelo “guizo” existente na ponta da cauda. Ocorrem nas regiões Sul e Centro. A ação do veneno limita-se a um pequeno e discreto inchaço, ao redor do ferimento, que pode passar despercebido. Mas o veneno das cascavéis é de muita potência, sendo os acidentes provocados por essas cobras muito graves, levando à morte, caso não sejam tomadas providências. São alguns sinais e sintomas de envenenamento: • Dificuldade de abrir os olhos; • “Cara de bêbado”; • Visão dupla; • Visão turva; • Dor muscular; • Sensação de formigamento no membro afetado; • Dificuldade de falar. Após 6 a 12 horas: • Escurecimento da urina. AN02FREV001/REV 3.0 164 FIGURA 68 - CASCAVEL FONTE: Disponível em: <http://s190.photobucket.com/albums/z257/americanwildlife/Reptile/Crotalus_enyo.jpg>. Acesso em: 24 set. 2010. 27.1.3 Bothops (Jararacas) São as mais comuns e as mais numerosas, vulgarmente chamadas de Jararacas, estas serpentes são responsáveis por cerca de 90% dos acidentes ofídicos do Brasil e são encontradas em todo território nacional. O seu veneno provoca hemorragia. A ação do veneno no organismo apresenta as seguintes manifestações locais: • Dor imediata; • Inchaço (edema); • Calor e rubor no local da picada; • Hemorragia no local da picada ou distante dele. As complicações que podem surgir: • Bolhas; • Gangrenas; • Abscesso; • Insuficiência renal aguda. AN02FREV001/REV 3.0 165 FIGURA 69 - JARARACA FONTE: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_r8CAcPTrVU8/Sd_0deOoM4I/AAAAAAAABk4/pURnF- e6sgY/s1600/c_jararaca1.jpg>. Acesso em: 24 set. 2010. 27.1.4 Lachesis (Surucucus) São serpentes pouco conhecidas, chamadas de Surucucu ou Surucutinga, sendo encontradas na região Amazônica e Zona da Mata Nordestina. Os acidentes com Surucucus são muito raros no Brasil. O seu veneno no organismo do acidentado provoca reações semelhantes ao veneno das Jararacas. São eles:• Inchaço no local da picada; • Diarreia; • Hemorragia. FIGURA 70 - SURUCUCU FONTE: Disponível em: <http://www.achetudoeregiao.com.br/animais/gif_animal/cobras.gif/surucucu1.jpg>. Acesso em: 24 set. 2010. AN02FREV001/REV 3.0 166 27.1.5 Condutas • Avaliar ABCD; • Procure identificar o animal agressor (não perca tempo em fazer isto), se o capturar, leve-o morto para o hospital; • Avalie os sinais vitais; • Limpe o local da picada com água ou solução de PVPI; • Administre oxigênio; • Mantenha o paciente deitado; • Em caso de acidente com Botrópico (Jararaca), e se a vítima estiver com edemas no membro, eleve o membro para aliviar o edema; • É importante que se faça um círculo em volta do local da picada com uma caneta, a fim de marcar o local da inoculação do veneno; • Trate o choque, caso necessário; • Transporte para um centro de saúde de referência. 27.2 ACIDENTES COM ARANHAS Acidentes leves e benignos causados por Armadeiras e Viúvas-Negras causam apenas dor discreta no local da picada, enquanto os provocados pela Tarântula e Aranha-Marron provocam equimose local ou pequena necrose. Nos casos graves originados pelas aranhas Armadeira e Viúva-Negra, a dor é bem mais interna, e a vítima apresenta sudorese, náuseas, vômitos, hipertermia e hipertensão, evoluindo para coma e choque. Nos casos graves originadas por picadas de Aranha-Marrom produzem dor forte no local da picada, náuseas, vômitos, hipertermia e grandes equimoses no membro afetado, geralmente acompanhados por flictenas hemorrágicas. As AN02FREV001/REV 3.0 167 condutas a serem realizadas em casos de acidentes com aranhas são as mesmas realizadas com acidentes ofídicos. FIGURA 71 - ARANHAS FONTE: Disponível em: <http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/aranha_loxosceles_gaucho1.jpg>. Acesso em: 24 set. 2010. 27.3 ACIDENTES COM ESCORPIÃO A incidência real do acidente com escorpiões é ainda pouco conhecida, pois à semelhança dos acidentes aracnídeos, a maioria dos dados restringe-se àqueles casos onde houve envenenamento e utilização de soro específico. A maioria dos acidentes ocorre nos meses quentes e chuvosos, mais frequentes de setembro a novembro, atingindo predominantemente os membros superiores, principalmente as mãos e os antebraços. A letalidade situa-se em 0,5 como médias nacional (aproximadamente 35 óbitos/ano no período de 1990-1993) sendo que a maior proporção é registrada em indivíduos menores de 14 anos. AN02FREV001/REV 3.0 168 27.3.1 Reconhecimento • Procure identificar e capturar o animal agressor, porém não perca tempo neste trabalho; • Dor local muito intensa; • Náuseas e vômitos; • Dores abdominais; • Convulsões; • Entorpecimento e formigamento no membro afetado; • Espasmo do músculo do maxilar causando dificuldade de abrir a boca; • Choque; • Edema. O tratamento é o mesmo utilizado para ofídicos. FIGURA 72 - ESCORPIÃO FONTE: Disponível em: <http://www.hospvirt.org.br/enfermagem/imagens/escorp.jpg>. Acesso em: 24 set. 2010. 28 RAIVA A raiva, também chamada hidrofobia (medo de água), é uma doença sempre fatal, que leva à morte, se não for tratada imediatamente. É provocada por AN02FREV001/REV 3.0 169 um vírus que ataca o sistema nervoso. Seu período de incubação é de 40 a 50 dias, às vezes pode aparecer mais precocemente (a partir do 10º dia). Poucas vezes depois de três meses. Inicialmente ocorrem pruridos, no local da mordida, cefaleia e irritabilidade, além de intolerância aos ruídos fortes. Às vezes ocorrem sensações de medo. Pode haver rouquidão e dificuldade para engolir. Após um ou dois dias aparece o período da excitação. 28.1 CONDUTAS • Lavar o ferimento com água e sabão; • Caso seja possível, o animal agressor deve ser capturado e deixado em observação pelo período de 10 dias, para se saber se ele está ou não contaminado pelo vírus da raiva; • Em caso de morte do animal, deve-se enviar a carcaça do mesmo a uma repartição do serviço de saúde local; • Procurar o órgão de saúde da cidade e comunicar a ocorrência; • O tratamento antirrábico (vacina) será necessário, se o animal: o Morrer por qualquer motivo, em menos de 10 dias, após a mordida; o Desaparecer em menos de 10 dias, após a mordedura; o For desconhecido; o Desenvolver a raiva ou outra doença; • O esquema de tratamento profilático depende do tipo de agressão: • Se Leve • Se , observar o animal durante 10 dias após exposição, se o animal permanecer sadio no período de observação, encerrar o caso. Grave , observar o animal durante 10 dias após exposição, iniciar tratamento com duas doses, uma no dia do acidente e outra no terceiro dia após a exposição. Se o animal permanecer sadio no período de observação encerrar o caso. AN02FREV001/REV 3.0 170 29 TRIAGEM E SITUAÇÕES ESPECIAIS Triagem é a classificação de pacientes em categorias de prioridade de cuidados, baseado em traumas e emergências clínicas. Esse processo é usado em situações de acidentes com múltiplas vítimas e emergências. Quando há mais vítimas do que profissionais de emergência treinados, a triagem se torna essencial. Se a triagem não for feita, um paciente com um dano menor poderá receber cuidado, enquanto alguém que poderia estar com uma parada respiratória não seria notado. A triagem também é feita para determinar a ordem de transporte de pacientes. Pacientes com ataque cardíaco, com choque anafilático, múltiplos danos ou em choque têm prioridade sobre àqueles com danos menores. O exame do paciente é muito importante durante a triagem. Sinais vitais e outras alterações principais são usados. Pulso, respiração, temperatura, coloração da pele, tamanho e reação das pupilas, estado de consciência, paralisia e perda de sensação são dados levantados no exame físico inicial. O profissional de emergência deve usar a classificação para triagem adotada pela sua localidade. Algumas vezes os pacientes são classificados como maior, média e menor prioridade. A maioria das jurisdições usa uma forma de triagem que têm quatro categorias de vítimas. Eles classificam as vítimas de maior prioridade em: média prioridade, tardia ou morta. Em alguns sistemas, máxima prioridade é chamada de: classe 1 grave, emergência, imediato. A segunda prioridade é chamada de classe 2, moderada, urgente, ou alta prioridade. A baixa prioridade, às vezes, é chamada de classe 3: prioridade tardia, não emergencial. A última categoria pode ser chamada de classe 4 ou morte provável. A seguir, um exemplo das quatro categorias de triagem: 1. Prioridade máxima (número 1, imediata): • Parada cardiorrespiratória ou obstrução de vias aéreas; • Artéria seccionada: com hemorragia severa; AN02FREV001/REV 3.0 171 • Dano na coluna cervical; • Danos severos na cabeça e inconsciência; • Ferimentos torácicos e abdominais abertos; • Queimaduras graves ou complicadas; • Choque severo; • Queimadura na área respiratória; • Ferimento torácico com aparente perfuração do pulmão; • Inconsciência; • Fraturas ou outros danos de extremidades sem pulso distal; • Danos severos para o fêmur • Ferimento aberto do olho. 2. Prioridade moderada (número 2): • Danos nas costas, com ou sem suspeita de lesão da coluna cervical; • Perda moderada de sangue, normalmente menos que meio litro; • Fraturas expostas ou múltiplas; • Traumas abdominais estáveis; • Traumas sériosna cabeça (consciente); • Overdose de drogas com quadro estável; • Queimaduras moderadas e pequenas. 3. Prioridade mínima (número 3, controlada): • Hemorragia pequena; • Pequena dilaceração de tecido mole; • Fraturas simples; • Luxações; • Vítimas que, por causa de severidade dos danos, tenham pequenas chances de sobrevivência. 4. Sem prioridade (morte evidente): • Decapitação; AN02FREV001/REV 3.0 172 • Sem pulsação por mais de 20 minutos (exceto em casos de afogamento em água gelada e hipotermia extrema); • Tronco cortado; • Queda de lugares muito altos com múltiplos danos e fraturas, sem respiração; • Incineração. Vários fatores podem interferir nas prioridades durante a triagem. Estes fatores incluem o tipo e o local do acidente, números de casos, tipos de danos e número de profissionais. Uma mudança principal nas prioridades de triagem, normalmente, é o resultado de limitações em que o resgate poderá atuar em determinada situação. 30 RESGATE E TRANSPORTE O conhecimento de várias técnicas de resgate, incluindo suas indicações e contraindicações, é muito importante para a prática do atendimento pré-hospitalar. O emprego de técnica incorreta pela equipe de resgate é arriscado para a vítima, que pode desenvolver o “Segundo Trauma”, e para o próprio profissional de emergência, que pode desenvolver lesões musculares ou de coluna vertebral. A escolha da estratégia de transporte varia com a situação, riscos no local, número de resgatistas e estabilidade do paciente. Ao levantar uma vítima, os músculos utilizados são os da coxa, pois são os mais fortes do corpo humano. A musculatura das costas é fraca e mais propensa a lesões secundárias a esforço. A técnica de levantar um peso consiste em: • Manter sempre a coluna ereta antes de elevar um peso; • Flexionar os joelhos; • Posicionar-se de cócoras para elevar um paciente do solo; • Ficar bem próximo à vítima; AN02FREV001/REV 3.0 173 • Movimentar-se sempre em conjunto com outros socorristas. 30.1 EXTRICAÇÃO Palavra derivada do termo inglês extrication. Significa um conjunto de manobras que tem por objetivo retirar o indivíduo de um local de onde ele não pode ou não deve sair por seus próprios meios. Este conceito é mais abrangente que o desencarceramento (retirar uma pessoa presa por obstáculos físicos). 30.1.1 Indicações • Obstáculos físicos; • Inconsciência; • Risco de lesões secundárias pelo uso dos próprios músculos; • Combinação destes fatores. As manobras de extricação requerem pessoal treinado e experiente e, em alguns casos, de equipamento especial. Devido ao risco de segundo trauma, é importante que os socorristas antes de imobilizar o paciente efetuem o exame primário, dando especial importância à motricidade e sensibilidade da vítima. 30.1.2 Técnica de Extricação Existem duas técnicas de extricação e a escolha entre elas é feita de acordo com as condições do local e a gravidade do paciente. AN02FREV001/REV 3.0 174 1 – Padrão: serve para cenas seguras e vítimas estáveis e emprega equipamentos de imobilização. Deve ser a técnica preferida pela sua segurança quando as condições da vítima e do local permitem; 2 – Rápida: está indicada em pacientes instáveis ou na presença de risco no local, utilizando pouco ou nenhum equipamento. FIGURA 73 - TÉCNICA DE EXTRICAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://www.centercare.com.br/images/dbig9.jpg>. Acesso em: 27 set. 2010. 30.2 TRANSPORTE DE EMERGÊNCIA Em situações de risco iminente no local é necessário remover o paciente rapidamente. O transporte de emergência é empregado em situações de perigo para a vítima e para o profissional. A manobra a ser utilizada depende do peso do paciente, tipo de terreno, equipamentos e número de profissionais de emergência. Pode haver segundo trauma, pois existe movimentação significativa da coluna. AN02FREV001/REV 3.0 175 30.2.1 Técnicas com um Socorrista • Arrastar a vítima no sentido da cabeça, utilizando camisa ou casaco como ponto de apoio; Arrastamento pela roupa • Preferir a técnica anterior, pois é menos lesiva ao paciente; Arrastamento com cobertor • Rolar a vítima sobre o cobertor; • Arrastar o cobertor no sentido do maior comprimento. FIGURA 74 - ARRASTAMENTO FONTE: Disponível em: <http://www.inf.furb.br/sias/sos/textos/tecnic2.gif>. Acesso em: 27 set. 2010. • Utilizada em pacientes capazes de andar; Apoio lateral simples • Passar o braço da vítima sobre seus ombros atrás do pescoço; AN02FREV001/REV 3.0 176 • Segurar firmemente o braço da vítima; • Envolver com seu outro braço a cintura da vítima. FIGURA 75 – APOIO LATERAL SIMPLES FONTE: Disponível em: <http://www.inf.furb.br/sias/sos/textos/tecnic1.gif>. Acesso em: 27 set. 2010. 30.2.2 Técnicas com Dois ou Mais Socorristas • O primeiro socorrista posiciona ajoelhado junto à cabeça do paciente, enquanto outro socorrista se ajoelha ao lado do paciente no nível de seus joelhos; Transporte pelas extremidades • Enquanto o primeiro socorrista levanta a vítima, o segundo socorrista puxa pelos braços em sua direção; • O primeiro socorrista apoia o tronco da vítima passando seus braços sob suas axilas; • O segundo segura a vítima pelos membros inferiores passando suas mãos pela região poplíteas; • O paciente é elevado em um movimento sincronizado dos dois socorristas; • O transporte das vítimas é efetuado no sentido de seus pés. AN02FREV001/REV 3.0 177 FIGURA 76 – TRANSPORTE PELAS EXTREMIDADES FONTE: Disponível em: <http://www.clinicadeckers.com.br/imagens/primeiros_socorros/resgate_acidente.jpg>. Acesso em: 27 set. 2010. • Dois socorristas se posicionam um de cada lado da vítima; Apoio lateral com seis socorristas • Os braços da vítima são apoiados sobre os ombros dos socorristas; • Os socorristas seguram os punhos da vítima; • Os socorristas envolvem a cintura da vítima abraçando-a. AN02FREV001/REV 3.0 178 FIGURA 77 - APOIO LATERAL COM SEIS SOCORRISTAS FONTE: Disponível em: <http://www.detran.pa.gov.br/menu/educacao/cursos/images/image027.jpg >. Acesso em: 27 set. 2010. 30.2 EQUIPAMENTOS DE EXTRICAÇÃO E TRANSPORTE O transporte da vítima politraumatizada deve ser efetuado em imobilizador, que mantenha a estabilidade de toda a coluna vertebral. O decúbito dorsal é a posição preferida, pois permite estabilização da coluna e início das medidas de suporte de vida. A vítima deve permanecer estabilizada manualmente até estar fixada no imobilizador. Os equipamentos utilizados para esta imobilização é a prancha longa, colar cervical e imobilizador lateral. FIGURA 78 - EQUIPAMENTOS FONTE: Disponível em: <http://images.americanas.com.br/produtos/item/2835/2/2835250g.gif>. Acesso em: 27 set. 2010. AN02FREV001/REV 3.0 179 31 CONSIDERAÇÕES FINAIS O atendimento a uma vítima que tenha apresentado alguma intercorrência, urgência ou emergência é uma experiência que todos os profissionais que trabalham com emergências enfrentam. Para a grande maioria destes profissionais, entretanto, trata-se de um desafio pouco frequente e que pode revestir-se de aspectos nem sempre muito confortáveis. Às vezes chega a ser um ambiente desgastante, pois ocorre de forma inesperada e pode implicar atendimento prestado em ambiente pouco familiar e em condições precárias.Resta o consolo de saber que, mesmo para aqueles que estão habituados a trabalhar em pronto-socorros, o serviço de emergência constitui-se, não raramente, em um complexo desafio. ----------------------FIM DO MÓDULO V---------------------- AN02FREV001/REV 3.0 180 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERGERON, J. D.; BIZJAK. G. Primeiros Socorros. São Paulo: Atheneu, 1999. EID, Carlos Alberto G. APH. Disponível em: <http:/www.aph.com.br/atend_infarto_agudo_miocardio.htm. Acesso em: 18 ago. 2005. MARTINS, F. J. A. A Primeira Resposta: Manual de Socorros Básicos de Emergência. 8. ed. Belo Horizonte: Feldar, 2001. MARTINS, P. P. S.; PRADO, M. L. Enfermagem e Serviço de Atendimento Pré- Hospitalar: descaminhos e perspectivas. Brasília: Revista Brasileira de Enfermagem, 2003. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Política Nacional de Atenção às Urgências. Brasília, 2004. REVISTA NURSING. Serviço 192 de APH: A enfermagem conquistando novos rumos. Nursing Revista Técnica de Enfermagem, abril de 2001. ROCHA, P. K.; PRADO, M. L.; RADUNZ, V.; WOSNY, A. M. Assistência de Enfermagem em Serviço Pré-Hospitalar e Remoção Aeromédica. Revista Brasileira de Enfermagem. Brasília (DF), nov/dez 2003. p. 56(6). SANTOS, R. R.; CANETTI, M. D.; JÚNIOR, C. R.; ALVAREZ, F. S. Manual de Socorro de Emergência. São Paulo: Atheneu, 2005. SERGIO, D. G.; HERMETO, M. V.; MOURA, A.D.; FERREIRA, F.L. Manual de Emergências. Belo Horizonte: Folium, 2001. SMELTZER, S.; BARE, B. G.; Brunner e Suddarth: Tratado de enfermagem médico-cirúrgico. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. VELASCO, I. T. Propedêutica na Emergência. São Paulo: Atheneu, 2005. AN02FREV001/REV 3.0 181 ----------------------FIM DO CURSO!--------------------- MÓDULO II MÓDULO III MÓDULO IV MÓDULO V