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AVALIANDO O APREDIZADO. BDQ 02 DIREITO EMPRESARIAL III

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revista do tribunal de contas do estado de minas gerais
julho | agosto | setembro 2010 | v. 76 — n. 3 — ano XXviii
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revista do tribunal de contas do estado de minas gerais
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Caroline Lima Paz
bacharel em direito pela universidade Federal de Juiz de Fora. 
Pós-graduada no curso de especialização em ciências Penais 
pela universidade Federal de Juiz de Fora. técnica de controle 
externo do tribunal de contas do estado de minas gerais.
Luisa Pinho Ribeiro Kaukal
bacharel em direito pela universidade Fumec. Pós-graduanda 
em controle externo da gestão Pública contemporânea pela 
Puc minas em parceria com a escola de contas e capacitação 
Professor Pedro aleixo. técnica de controle externo do 
tribunal de contas do estado de minas gerais.
Paula Cristina Romano de Oliveira
bacharel em direito pela universidade Fumec. Pós-graduanda 
em controle externo da gestão Pública contemporânea pela 
Puc minas em parceria com a escola de contas e capacitação 
Professor Pedro Aleixo. Oficial de Controle Externo do Tribunal 
de contas do estado de minas gerais.
Resumo: o presente estudo tem o propósito de examinar questão afeta à observância do princípio 
da anterioridade na fixação da remuneração dos agentes políticos municipais. O objetivo é 
analisar a posição da doutrina e da jurisprudência acerca do tema proposto diante das alterações 
ocorridas na constituição da república, em especial com as emendas constitucionais n. 19/98 e n. 
25/2000. Verifica-se, neste trabalho, que a observância ao princípio da anterioridade na fixação da 
remuneração dos agentes políticos municipais mostra-se pertinente diante de uma interpretação 
sistemática do texto constitucional, principalmente quando se leva em consideração os princípios 
basilares da administração Pública, em especial o da moralidade administrativa.
Palavras-chave: remuneração dos agentes políticos. subsídios. Princípio da anterioridade. 
eleições. moralidade administrativa.
Obrigatoriedade de se observar o princípio 
da anterioridade na fixação da remuneração 
dos agentes políticos municipais: análise do 
enunciado de Súmula n. 72 do TCEMG
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Abstract: the present study intends to analyze the issue related to the conformity to the 
principle of anteriority in determining the municipal political agents payment. the aim is to 
analyze the standing opinion of the jurists and the precedents in relation to the proposed issue 
after the brazil constitution amendments, especially the constitutional amendments n. 19/98 
and n. 25/2000. It is verified, after the present research, that in conformity to the principle of 
anteriority the determination of the municipal political agents payment is applicable, by means 
of a systematic interpretation of the constitution, especially when the Public administration 
founding principles are taken into consideration, especially the administrative morality.
Keywords: compensation of the political agents. legislators payment. Principle of anteriority. 
elections. administrative morality.
1 Introdução
a questão atinente à obrigatoriedade de se observar o princípio da anterioridade para a 
fixação da remuneração dos agentes políticos municipais merece um estudo detalhado ante as 
modificações trazidas pelas Emendas n. 19/1998 e 25/2000 aos incisos V e VI do artigo 29 da 
constituição da república.
em razão de tais emendas, passou-se a discutir tanto no âmbito doutrinário, quanto no 
jurisprudencial, qual a forma correta de se interpretar os referidos incisos no texto constitucional, 
levando-se em conta os princípios basilares da administração Pública, em especial, os princípios 
da moralidade administrativa e da impessoalidade.
assim, o presente artigo se propõe a realizar um estudo comparativo entre os posicionamentos 
doutrinários existentes sobre a matéria e a analisar as decisões do tribunal de contas do estado 
de minas gerais, sob a ótica do enunciado de súmula n. 72, e do tribunal de Justiça de minas 
gerais, com o propósito de demonstrar o entendimento majoritário na atualidade e de nortear 
os trabalhos das Prefeituras e câmaras municipais no estado de minas gerais.
2 Considerações iniciais sobre o enunciado de Súmula n. 72 do TCEMG
o enunciado de súmula n. 72 do tcemg foi aprovado, por unanimidade, na sessão Plenária de 
28/11/1989, com a seguinte redação: 
em face do disposto no inciso v do art. 29 da constituição Federal de 1988, 
o legislador municipal não pode legislar em causa própria, razão pela qual 
a remuneração dos agentes políticos municipais deve ser fixada em cada 
legislatura para vigorar na subsequente.
Posteriormente, na sessão Plenária de 19/11/2008, os conselheiros unanimemente deliberaram 
pela alteração do texto do enunciado, nos termos atualmente vigentes: “a remuneração dos 
agentes políticos municipais deve ser fixada em cada legislatura para vigorar na subsequente.”
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Fazendo um paralelo entre as duas redações acima transcritas, observa-se que, em ambas, a 
remuneração dos agentes políticos municipais está condicionada ao princípio da anterioridade, 
isto é, deverá ser fixada na legislatura anterior para produzir efeitos na subsequente. 
No entanto, verifica-se que a redação original do enunciado faz referência expressa ao art. 
29, v, da cr/88. À época da aprovação do verbete, em 28/11/1989, o referido dispositivo 
constitucional previa a aplicação do princípio da anterioridade na fixação da remuneração de 
Prefeitos, vice-Prefeitos e vereadores: 
art. 29. caput
[...]
V — remuneração do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores fixada pela 
câmara municipal em cada legislatura, para a subsequente, observado o que 
dispõem os arts. 37, Xi, 150, ii, 153, iii, e 153, § 2°, i; (grifo nosso).
com o advento da emenda constitucional n. 19/1998, a constituição da república passou a 
disciplinar a remuneração de Prefeitos, vice-Prefeitos e secretários municipais no art. 29, v, 
e a remuneração de vereadores no art. 29, vi. o princípio da anterioridade não se encontra 
previsto em nenhum dos dois incisos: 
art. 29. caput
[...]
V — subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Municipais fixados 
por lei de iniciativa da câmara municipal, observado o que dispõem os arts. 
37, Xi, 39, § 4°, 150, ii, 153, iii, e 153, § 2°, i; (redação dada pela emenda 
constitucional n. 19, de 1998)
VI — subsídio dos Vereadores fixado por lei de iniciativa da Câmara Municipal, 
na razão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em 
espécie, para os deputados estaduais, observado o que dispõem os arts. 39, 
§ 4°, 57, § 7°, 150, ii, 153, iii, e 153, § 2°, i; (redação dada pela emenda 
constitucional n. 19, de 1998).
Posteriormente, com o advento da emenda constitucional n. 25/2000, o art. 29, vi, da cr/88 
foi objeto de alteração, tendo sido inserida no seu texto a aplicação explícita do princípio da 
anterioridade na fixação da remuneração de Vereadores: 
art. 29. caput
[...]
VI — o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras Municipais 
em cada legislatura para a subsequente, observado o que dispõe esta 
constituição, observados os critérios estabelecidos na respectiva lei orgânica 
e os seguintes limites máximos: (redação dada pela emenda constitucional n. 
25, de 2000) (grifo nosso).
no âmbito do estado de minasgerais, o art. 179, caput, da constituição estadual de 1989 dispõe 
sobre a aplicação do princípio da anterioridade na fixação da remuneração de Prefeitos, Vice-
Prefeitos e vereadores: “art. 179. a remuneração do Prefeito, do vice-Prefeito e do vereador 
será fixada, em cada legislatura, para a subsequente, pela Câmara Municipal.”
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acrescenta-se que a redação do art. 179, caput, da CE/1989 não foi modificada desde a 
promulgação do texto constitucional, em 21 de setembro de 1989, e guarda sintonia com a 
redação do art. 29, v, da cr/88, anterior à emenda constitucional n. 19/1998.
diante do quadro acima narrado, restará comprovado, neste estudo, que, a despeito da omissão 
do art. 29, v, da cr/88 (com redação dada pela ec n. 19/1998) quanto à aplicação do princípio da 
anterioridade na fixação da remuneração de Prefeitos, Vice-Prefeitos e Secretários Municipais, 
as decisões do tcemg continuaram a reconhecer a incidência do mencionado princípio não 
apenas sobre a fixação da remuneração de vereadores, mas também sobre a dos demais agentes 
políticos municipais. 
Nesse sentido, destaca-se que a modificação sofrida pelo texto do enunciado de Súmula n. 72 na 
sessão Plenária de 19/11/2008, portanto, em data posterior às emendas constitucionais n. 19/1998 
e 25/2000, não incidiu sobre a aplicação do princípio da anterioridade na fixação da remuneração 
dos agentes políticos municipais, atendo-se a suprimir a alusão ao art. 29, v, da cr/88.
será também demonstrado que as decisões do tcemg são no sentido de que o princípio da 
anterioridade encontra-se condicionado a um marco temporal correspondente à data das 
eleições municipais.
3 Aspectos atinentes ao conteúdo do enunciado de Súmula n. 72 do TCEMG
Antes de se adentrar na questão relativa à incidência do princípio da anterioridade na fixação 
da remuneração de Prefeitos, vice-Prefeitos, secretários municipais e vereadores, serão 
abordados alguns aspectos contidos no conteúdo do enunciado de súmula n. 72, pertinentes 
à conceituação da expressão agentes políticos municipais e ao regime remuneratório ao qual 
estão submetidos. 
3.1 Conceituação de agentes políticos municipais
Primeiramente, insta ressaltar que a noção conceitual de agente político não é pacífica na 
doutrina administrativista.
bandeira de mello (2008) e carvalho Filho (2007) seguem uma linha mais restrita na conceituação 
da expressão, manifestando-se no sentido de que ela abrange apenas os chefes do Poder 
executivo (Presidente, governadores, Prefeitos e os vices respectivos), seus auxiliares imediatos 
(ministros de estado, secretários estaduais e secretários municipais) e os membros do Poder 
legislativo (senadores, deputados Federais, deputados estaduais e vereadores).
Para maior clareza, seguem transcritas as lições bandeira de mello (2008, p. 245-246) sobre os 
agentes políticos:
[...] são os titulares dos cargos estruturais à organização política do País, ou seja, 
ocupantes dos que integram o arcabouço constitucional do estado, o esquema 
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fundamental do Poder. daí que se constituem nos formadores da vontade 
superior do estado. São agentes políticos apenas o Presidente da República, 
os Governadores, Prefeitos e respectivos vices, os auxiliares imediatos dos 
Chefes do Executivo, isto é, Ministros e Secretários das diversas Pastas, bem 
como os Senadores, Deputados federais e estaduais e os Vereadores.
O vínculo que tais agentes entretêm com o Estado não é de natureza profissional, 
mas de natureza política. exercem um munus público. vale dizer, o que os 
qualifica para o exercício das correspondentes funções não é a habilitação 
profissional, a aptidão técnica, mas a qualidade de cidadãos, membros da 
civitas e, por isto, candidatos possíveis à condução dos destinos da sociedade.
a relação jurídica que os vincula ao estado é de natureza institucional, 
estatutária. seus direitos e deveres não advêm de contrato travado com o 
Poder Público, mas descendem diretamente da constituição e das leis. donde, 
são por elas modificáveis, sem que caiba procedente oposição às alterações 
supervenientes, sub color de que vigoravam condições diversas ao tempo das 
respectivas investiduras (grifo nosso).
contrariamente ao posicionamento dos autores acima citados, meirelles (2006) e oliveira (2004) 
conferem maior amplitude à categoria dos agentes políticos, ensinando que estão inseridos nessa 
qualificação os membros do Ministério Público, dos Tribunais de Contas, do Poder Judiciário e os 
representantes diplomáticos:
os agentes políticos ocupam cargos eletivos ou vitalícios. são os integrantes dos 
três Poderes do estado e, por equiparação, os integrantes do ministério Público. 
os que compõem o executivo e legislativo ocupam cargos eletivos. É o Presidente 
da república (e seus homólogos nos estados e municípios), os ministros de estado, 
bem como os que a eles são equiparados, e também os diplomatas e os secretários 
estaduais, distritais e municipais. no legislativo, os senadores e deputados 
Federais, bem como os correspondentes a estes nos estados e municípios.
são agentes políticos porque detêm e são titulares do Poder do estado, isto 
é, possuem a possibilidade jurídica de ingressar na esfera jurídica de outros, 
impondo-lhes deveres ou criando direitos. são não só os chefes do executivo, 
mas todos aqueles a quem é dada parte do exercício do Poder, isto é, os 
ministros, secretários executivos e os diplomatas. esses, representam o estado 
federal no exterior. os demais servidores das embaixadas e dos consulados são 
servidores públicos estatutários.
Os Magistrados, membros do Ministério Público e os integrantes dos Tribunais 
de Contas, igualmente são agentes políticos, ocupando cargos vitalícios, ou 
seja, são indemissíveis, salvo mediante sentença judicial (oliveira, 2004, p. 
10-11) (grifo nosso). 
importa salientar que, como o presente estudo restringe-se à análise do enunciado de súmula 
n. 72 do tcemg, serão adotados os ensinamentos da primeira corrente, a qual defende uma 
noção conceitual mais restrita de agentes políticos.
nessa linha, a corte de contas mineira, na consulta n. 811.245 (conselheira relatora adriene 
andrade, sessão de 24/02/2010), posicionou-se, unanimemente, pela impossibilidade de se 
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considerar como agentes políticos municipais chefe de gabinete, Procurador de município e 
controlador de município, aduzindo que se enquadram naquela categoria de agentes públicos 
apenas Prefeitos, secretários municipais e vereadores. 
segue transcrito excerto do voto proferido pela conselheira relatora:
[...] Filiamo-nos a essa última corrente, considerando como agentes políticos 
apenas os que desempenham atividade típica de governo, cumprindo as funções 
de executores das diretrizes traçadas pelo estado. os agentes políticos exercem, 
pois, as atividades fixadoras de metas, diretrizes e planos governamentais 
essenciais para a consecução dos objetivos públicos, sendo eles os chefes dos 
Poderes executivos federal, estadual e municipal, os ministros e secretários de 
estado, os senadores, deputados e vereadores. 
no âmbito municipal, são agentes políticos o prefeito, os vereadorese os 
secretários municipais. os chefes de gabinete, procuradores e controladores 
do município não são agentes políticos, uma vez que não exercem função de 
estado e não representam a vontade superior do Estado, não participando, 
portanto, das decisões políticas do governo, sendo escolhidos por sua aptidão 
técnica profissional.
Em relação à definição de agentes políticos na órbita municipal, mostra-se relevante a explicação 
de braz (2000, p. 32):
o governo do município é exercido por agentes políticos (Prefeito, secretários 
e vereadores), auxiliados pelos servidores públicos efetivos e comissionados. 
o Prefeito e os vereadores ocupam cargos eletivos e os secretários cargos de 
confiança, de recrutamento amplo. A eleição do Prefeito importa a do Vice-
Prefeito com ele registrado (art. 29, ii, e art. 77, § 1°, da cF).
[...]
Para o exercício dos cargos eletivos de Prefeito e vice-Prefeito municipal, a 
constituição, além da nacionalidade brasileira, do gozo dos direitos políticos, do 
alistamento eleitoral e da filiação partidária, exige a idade mínima de 21 anos. 
os mandatos do Prefeito e do vice-Prefeito correspondem a uma legislatura, 
que, pela legislação pátria em vigor, corresponde a quatro anos.
O Secretário é a pessoa de confiança do Prefeito, que ocupa função de 
coadjuvante, de auxiliar direto. o secretário, como agente político, não tem 
vínculo empregatício com o município, podendo ser nomeado e exonerado a 
qualquer tempo pelo Prefeito municipal. o cargo de secretário é criado por lei, 
que deve dispor sobre a denominação, estrutura e atribuições. o número de 
secretários varia de município para município e estes devem ser escolhidos entre 
brasileiros maiores de 21 anos, que estejam no gozo dos direitos políticos.
o vereador é o membro do Poder legislativo municipal, o agente legislativo 
municipal. Pessoa que vereia, isto é, vigia, rege e administra. [...] o número 
de vereadores de cada câmara municipal é precisado pela lei orgânica do 
Município, obedecidos os limites definidos no art. 29, IV da Constituição Federal. 
a idade mínima para o exercício do cargo de vereador é de 18 anos. o mandato 
dos vereadores é correspondente a uma legislatura.
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3.2 Regime remuneratório dos agentes políticos municipais 
inicialmente, ressalta-se que na vigência da constituição da república de 1946, da constituição 
da república de 1967 e da emenda constitucional n. 1 de 1969, a remuneração dos agentes 
políticos era denominada de subsídio e se dividia em parte fixa e em parte variável. Com o 
advento da constituição da república de 1988, o termo subsídio foi abandonado. contudo, 
a remuneração dos agentes políticos continuou a compreender uma parcela principal, fixa — 
correspondente ao vencimento-base — e uma variável, composta por vantagens pecuniárias.
a propósito, bruno e del olmo (2006, p. 149-151) contextualizam o instituto do subsídio nas 
constituições pátrias: 
o subsídio estava previsto como paga pecuniária aos deputados Federais e 
senadores, ao Presidente e ao vice-Presidente da república, no art. 66, iX 
e art. 47 da constituição Federal de 1946. além dos subsídios, os deputados 
Federais e senadores tinham direito a uma ajuda de custo (art. 47). Para 
os governadores dos estados e para os deputados estaduais, a mesma 
constituição mencionava o termo remuneração, no art. 11, com redação 
dada pelo ato institucional n. 2/65.
a constituição de 1967 também mencionava o termo subsídio para os membros 
do Congresso Nacional (art. 35) e o dividia em duas partes, uma fixa e outra 
variável, sem prejuízo da ajuda de custo. Para os legisladores estaduais, 
continuava o subsídio no art. 13 e no art. 1° do ato institucional n. 7/69.
a emenda constitucional n. 1, de 1969, que trouxe nova redação à constituição 
da república de 1967, trouxe ainda o termo subsídio aplicável aos membros 
do congresso nacional (art. 133 e art. 44, vii) e aos membros dos legislativos 
estaduais (art. 13, vii).
a constituição da república de 1988 acabou com a expressão subsídio enquanto 
sinônimo de paga pecuniária destinada aos agentes políticos pelo exercício de 
seu mandato, conservando tal expressão apenas com o sentido de incentivo 
fiscal, como nos arts. 72, 150, § 6°, 165, § 6°, 177, § 4°, II, a e art. 227, VI.
com o surgimento da ec n. 19, de 4 de junho de 1998, o vocábulo subsídio volta a ser utilizado na 
qualificação da remuneração dos agentes políticos, entretanto não no sentido empregado pelos 
textos constitucionais anteriores (cr/1946, cr/1967 e ec n. 1/1969), mas sim para designar uma 
importância paga em parcela única, sobre a qual não poderá ser acrescida qualquer gratificação, 
adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, nos termos 
do § 4° incluído ao art. 39 da cr/88:
§ 4° o membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os ministros de estado 
e os secretários estaduais e municipais serão remunerados exclusivamente, 
por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer 
gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie 
remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e Xi. 
nesse sentido, bruno e del olmo (2006, p. 149-151) ensinam: 
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Foi a ec n. 19/98 que ressuscitou o termo subsídio, agora com um sentido 
novo, sendo paga em parcela única — e não mais dividida em parte fixa e 
variável — aplicável a algumas categorias de agentes públicos expressamente 
referidas na emenda. 
[...]
além da ec n. 19/98, mencionam o termo subsídio as emendas constitucionais 
n. 25, 32, 41, 45 e 47 e, não obstante todas estas citações, é no § 4° do art. 39 
que o instituto recebe um delineamento próprio: [...].
a alteração trazida pela ec n. 19/1998 possui nítido propósito moralizador, pois, ao impedir a 
profusão de parcelas com natureza salarial, tornou mais transparente a remuneração percebida 
pelos agentes políticos e propiciou maior controle sobre dita remuneração, seja por parte do 
cidadão, seja por parte dos órgãos de fiscalização. 
Justen Filho (2005) explica que o regime de subsídio foi adotado com a intenção de assegurar o 
controle sobre a remuneração dos ocupantes de cargos e funções de mais elevada hierarquia, 
tendo em vista que, até então, era usual a fixação de vencimento-base com pequeno valor, 
agregando-se a ele, contudo, vantagens pecuniárias de grande relevo.
Portanto, após a edição da ec n. 19/1998, passaram a coexistir dois sistemas remuneratórios para os 
agentes públicos, quais sejam: o tradicional, em que a remuneração compreende uma parte fixa e 
uma variável, e o novo, em que a retribuição corresponde ao subsídio, constituído por parcela única, 
excluindo a possibilidade de percepção de vantagens pecuniárias variáveis (di Pietro, 2006).
assim, em contraposição ao regime de vencimentos, o regime de subsídios se apresenta como 
importante instrumento de simplificação da forma de remuneração de carreiras públicas, 
não somente dos agentes políticos, em relação aos quais existe imposição da constituição da 
república, por meio do art. 39, § 4°, mas também de outros agentes públicos.1
em que pese ser incontroverso o fato de os agentes políticos municipais serem remunerados 
exclusivamente por subsídio, há questionamentos a respeito das formalidades que deverão 
ser observadas na fixação dessa remuneração, destacando-se, aqui: a)a necessidade de se 
aplicar ou não o princípio da anterioridade na fixação dos subsídios de Prefeitos, Vice-Prefeitos 
e Secretários Municipais, frente às modificações trazidas pelas Emendas Constitucionais n. 
19/1998 e 25/2000 aos incisos v e vi do art. 29 e, b) a necessidade de se delimitar ou não a 
aplicação do princípio da anterioridade antes da data das eleições municipais. 
1 os agentes públicos remunerados por subsídios subdividem-se em: a) agentes públicos facultativamente remunerados por subsí-
dios, dentre os quais, encontram-se os servidores públicos organizados em carreira, nos termos do art. 39, § 8°, da cr/88 e b) 
agentes públicos obrigatoriamente remunerados por subsídios, os quais, encontram-se os b.1) membros de Poder, detentores 
de mandato eletivo (os quais estão abrangidos pela expressão membros de Poder), ministros de estado e secretários estaduais 
e municipais (art. 39, § 4°, da cr/88); b.2) membros do ministério Público (art. 128, § 5°, i, c, da cr/88); b.3) integrantes da 
advocacia geral da união e da Procuradoria geral da Fazenda nacional, Procuradores dos estados e do distrito Federal e defen-
sores Públicos (art. 135 da cr/88); b.4) ministros e conselheiros dos tribunais de contas (art. 73, § 3°, e art. 75 da cr/88) e b.5) 
servidores públicos policiais (art. 144, § 9°, da cr/88).
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4 Do princípio da anterioridade
como visto no segundo capítulo deste artigo, com o advento das emendas constitucionais n. 
19/1998 e 25/2000, a constituição da república passou a tratar expressamente da aplicação do 
princípio da anterioridade apenas na fixação da remuneração de vereadores (art. 29, VI, com 
redação dada pela EC n. 25/2000), tendo sido omissa, neste ponto, em relação à fixação da 
remuneração de Prefeitos, vice-Prefeitos e secretários municipais (art. 29, v, com redação dada 
pela ec n. 19/1998). Já a constituição do estado de minas gerais de 1989 disciplina, no art. 
179, caput, a incidência do mencionado princípio sobre a fixação da remuneração de Prefeitos, 
vice-Prefeitos e vereadores, à semelhança do que dispunha o art. 29, v, da cr/88 antes de ser 
modificado pela EC n. 19/1998. 
desse modo, diante do silêncio do art. 29, v, da cr/88, indaga-se se o princípio da anterioridade 
encontra-se adstrito à fixação da remuneração de vereadores. 
a doutrina pátria não é uníssona sobre a matéria. santana (2004, p. 68-69) entende que, após 
a EC n. 19/1998, o princípio da anterioridade permaneceu como requisito para a fixação dos 
subsídios de Prefeitos, vice-Prefeitos e secretários municipais, fundamentando seu entendimento 
nos princípios constitucionais da moralidade e impessoalidade (contidos no art. 37, caput, da 
CR/88) e nos princípios da razoabilidade e da finalidade pública. O autor aduz, ainda, que o 
diploma normativo instituidor dos subsídios deverá ser votado antes das eleições municipais:
temos que a constituição Federal não exige, expressamente, observância à 
anterioridade. mas nos parece razoável que se cumpra tal exigência e tal ocorra 
antes de conhecidos os eleitos.
até mesmo para se efetivar os princípios da moralidade administrativa, 
impessoalidade e razoabilidade.
devemos reconhecer a normatividade dos princípios e a hegemonia normativa dos 
princípios em relação às regras. na verdade, não se trata de teoria muito recente. no 
brasil já houve decisões no stF que acolheram esse entendimento já em 1951. apesar 
disso, jurisprudência e doutrina tradicional, de modo geral, ainda não admitem que 
seja aberta a possibilidade de fundamentação com base em princípios.
entendendo o princípio da razoabilidade, como o fez agustin gordillo, como 
uma das formas de expressão da legalidade; ou, como recaséns siches, que é o 
método próprio do direito, chegaremos à conclusão que propugnamos.
Não significa que o princípio da anterioridade, após a EC n. 19/98, deixou de ser 
obrigatório, quando da fixação dos subsídios para Prefeitos, Vice-Prefeitos e Secretários 
municipais. Estamos convencidos de que o critério de fixação da remuneração 
na legislatura antecedente não foi banido da Lei Maior Federal — ainda que lá 
não esteja expressamente. Assim, é importante ressaltar que a anterioridade 
decorre não do comando suprimido pela EC n. 19 de 1998, mas dos princípios 
constitucionais da moralidade e impessoalidade, contidos no artigo 37, caput, 
da Carta Política Federal, além de outros, como os da razoabilidade (princípio 
explícito em algumas constituições estaduais) e da finalidade pública.
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Significa dizer que o texto impõe às Câmaras a obrigatoriedade de a fixação dos 
subsídios ocorrer ao final de uma legislatura para vigorar na subsequente, porém, 
o ato fixador deve ser votado antes das eleições, quando ainda não se conhecem 
os eleitos, revestindo-se, assim, o ato, de imparcialidade. [...] (grifo nosso).
no mesmo sentido, explica marques (2010):
[...] do cotejo entre o texto anterior e a nova redação dada aos incisos v 
e IV do artigo 29 [da CR/88], poder-se-ia afirmar, com relação ao Prefeito 
e vice-Prefeito, o abandono do princípio da anterioridade, [...]. contudo, 
uma interpretação sistemática do texto constitucional distancia essa mera 
interpretação literal. traz-se como fundamento os princípios elencados no 
caput do artigo 37 da nossa carta magna. ora, os princípios da impessoalidade 
e da moralidade impõem a fixação da remuneração dos Prefeitos, Vice-Prefeitos 
e secretários antes do início dos seus mandatos.
contrariamente aos autores acima citados, braz (2000, p. 33) leciona que “o subsídio do Prefeito 
Municipal é fixado, em qualquer época, em moeda corrente, por lei de iniciativa da câmara 
municipal (art. 29, v, da cF), observado o que dispõem os arts. 37, Xi, 39, § 4°, 150, i, 153, iii 
e 153, § 2°, i, da constituição Federal” (grifo nosso).2
o manual básico de remuneração dos agentes Políticos municipais do tribunal de contas do 
estado de são Paulo (2007, p. 12-13) orienta que a aplicação do princípio da anterioridade 
encontra-se restrita à fixação dos subsídios de vereadores, nos termos seguintes:
[...] a constituição estabelece anterioridade (de uma legislatura para outra) 
apenas para os vereadores; caso assim quisesse para o Prefeito, vice-Prefeito e 
secretários municipais teria o legislador assim expresso no sobredito inciso v.
A justificativa recorrente para a anterioridade é a de que, se tal não ocorresse, 
estar-se-ia legislando em causa própria, com ofensa a pressupostos basilares da 
administração, como os da moralidade, impessoalidade e transparência.
No entanto, a fixação do subsídio do Prefeito e do Vice-Prefeito decorre de lei 
de iniciativa da câmara municipal; assim, referidos agentes não estabelecem 
seus próprios subsídios, vez que o processo se inicia no legislativo, descabendo 
aqui a crítica de legislar-se em causa própria. Afinal, o respectivo projeto de 
lei depende da iniciativa e da aprovação do outro Poder estatal do município.
informa-se que, dos posicionamentos acima aventados, o entendimento do tcemg, consolidado 
no enunciado de súmula n. 72, é pela obrigatoriedade de se observar o princípio da anterioridade 
na fixação dos subsídios não apenas de Vereadores, mas também de Prefeitos, Vice-Prefeitos 
e secretários municipais. conforme será visto adiante, as decisões da corte de contas mineira 
baseiam-se numa interpretação sistemática do texto constitucional, notadamente,em relação 
ao caput do art. 37 da cr/88, o qual determina à administração Pública observar, entre outros, 
o princípio da moralidade e o da impessoalidade.
2 Na mesma linha, Costa (2001, p. 70) aduz que a EC n. 19/1998 extinguiu a imposição da anterioridade da legislatura na fixação 
da remuneração dos agentes políticos municipais, “retornando apenas com referência aos vereadores pela ec n. 25/00”. 
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4.1 A data limite para a aplicação do princípio da anterioridade
Partindo-se do pressuposto de que o princípio da anterioridade deverá ser aplicado na fixação dos 
subsídios dos agentes políticos municipais, surge um segundo questionamento atinente à subordinação 
ou não do referido princípio ao marco temporal correspondente à data das eleições municipais. 
A doutrina também não é pacífica sobre a questão. Castro (2006, p. 178) leciona que “o subsídio 
do Prefeito e do Vice-Prefeito deve ser fixado, isto é, estabelecido o seu quantum, como os 
mecanismos de sua apropriação e de reajuste, no final da legislatura e antes das eleições 
municipais, a despeito até mesmo de não ser exigida aqui a anterioridade” e elucida que:
É inalterável, no curso da legislatura, o subsídio do Prefeito e do vice-Prefeito. não 
há como se lhes poder reduzir o subsídio sob pena de vulnerar, a um só tempo, os 
princípios do direito adquirido e da independência dos Poderes. não se permite, não 
se autoriza se estabeleçam outros parâmetros senão os da legislatura, já fixados, 
estabelecidos, em que a câmara municipal, na matéria, chegou à exaustão, em 
toda a sua latitude, salvo a hipótese de reajuste que acompanha o princípio da 
remunerabilidade dos agentes políticos também (p. 180).
na mesma linha, posiciona-se santana (2004, p. 85-87):
Não tendo a Constituição Federal fixado data certa para a fixação dos subsídios 
e não constando da lei orgânica tal elemento, uma interpretação sistemática 
surge como necessária.
o início da legislatura coincide com início do exercício do cargo de vereador 
(que se dá juntamente com a posse). na ordem lógica das coisas, o vereador 
que toma posse já fora eleito e diplomado. logo, as eleições já ocorreram, em 
outubro da legislatura anterior ao da vigência dos subsídios que vigorarão na 
legislatura subsequente.
Pensamos que a fixação dos subsídios deve acontecer antes do pleito eleitoral (na 
legislatura anterior, mas até esse marco limite: antes de conhecidos os pleitos).
Parece-nos que um ingrediente principiológico deve temperar o debate. 
referimo-nos à impessoalidade e à moralidade.
se, após o conhecimento dos eleitos, a câmara municipal estiver cuidando do 
assunto subsídios e sua fixação, já se saberá quem serão os prováveis agentes 
políticos que tomarão assento no governo (legislativo e executivo) na legislatura 
subsequente (para a qual os subsídios estão sendo fixados).
corre-se o risco, em tal circunstância, de se instituírem benefícios ou prejuízos, 
como o caso.
suponha-se a hipótese de reeleição (parlamentar ou não). o próprio edil estará (no caso 
dos subsídios parlamentares) fixando os seus próprios subsídios, em causa própria.
É circunstância que, por inúmeros motivos, deve ser evitada.
Noutro giro tem-se a fixação de subsídios (ainda na hipótese de já conhecidos 
os eleitos) daquele que foi o desafeto político no pleito que se encerrou. a 
precaução é óbvia.
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muito embora os mecanismos de controle estejam bem apurados, em termos 
formais, e embora o primeiro balizador constitucional (art. 29, vi) tenha face 
aparentemente aberta, propiciando situações análogas àquelas descritas, há 
outros limitadores na mesma constituição Federal que sugerem que o fato 
(fixação dos subsídios) ecloda antes de conhecidos os eleitos.
É a regra que tomamos como resultante da interpretação sistemática do disposto 
no artigo 29, VI, da CF, em conjugação dos princípios que determinam e fixam a 
moralidade, a probidade, a impessoalidade no trato da república (res + pública 
= coisa do povo).
Mas apesar de não fixada (e concretizada) a anterioridade relativamente às 
eleições municipais, nada impede, porém, tal exigência nas constituições 
estaduais, dado o alcance do princípio federativo.
com opinião divergente dos autores acima citados, Ferraz (2009, p. 78-81) argumenta que os 
subsídios de vereadores poderão ser fixados até o final da legislatura anterior, ou seja, até o dia 
31 de dezembro, considerando que o art. 29, vi, da cr/88 não restringe a aplicação do princípio 
da anterioridade a período precedente à data das eleições municipais: 
não obstante a clareza do texto constitucional, que ao prescrever o princípio 
da anterioridade, se vale da expressão legislatura — deixando ver que até o 
final desta (31/12) seria possível fixar o subsídio dos edis —, o TCEMG firmou 
entendimento, com lastro nos princípios da moralidade e da razoabilidade, 
de que a fixação do subsídio deve se dar antes da realização das eleições 
municipais, evitando que o resultado destas influencie na aludida fixação 
(tcemg — consultas n. 624.801, moura e castro; n. 657.650, eduardo carone).
[...]
Logo, não se me afigura possível, data venia, que a consulta do tcemg, 
baseando-se em princípios constitucionais que não o da legalidade estrita, 
venha a estabelecer restrição maior do que a que estabelece o art. 29, vi, da 
constituição: a fixação do subsídio dos edis poderá ocorrer até 31/12, termo 
final da legislatura anterior (grifo nosso).
Sob a mesma ótica, Costa (2001, p. 69) assevera ser descabida a exigência de se fixar os 
subsídios dos agentes políticos municipais antes do conhecimento do resultado das eleições, 
pois o texto constitucional não faz previsão alguma nesse sentido:
A fixação se impunha de uma legislatura para vigorar na subsequente, ou 
seja, poderia ser estabelecida do primeiro ao último ano de uma legislatura, 
estabelecendo a remuneração dos agentes políticos do mandato seguinte. 
Totalmente infundado afirmar que o estabelecimento da remuneração deve 
ser feito antes das eleições ou antes de conhecido o resultado das eleições, 
porque a tanto não obriga a norma constitucional, [...] (grifo nosso).3
acrescenta-se que em decisão do stF, proferida no recurso extraordinário n. 62.594,4 consta, no 
voto do ministro relator djaci Falcão, interessante transcrição do acórdão impugnado, no qual 
3 salienta-se que a opinião emitida pelo autor baseou-se na redação do art. 29, v, da cr/88 anterior à ec n. 19/1998. como visto 
no primeiro capítulo deste estudo, antes da ec n. 19/1998, o referido dispositivo constitucional previa expressamente que a 
remuneração de Prefeitos, Vice-Prefeitos e Vereadores seria fixada na legislatura anterior para vigorar na subsequente. 
4 recurso extraordinário n. 62.594, Primeira turma, relator ministro djaci Falcão, julgamento em 21/08/1969.
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se entendeu que, havendo previsão em lei de fixação de remuneração de membros do Poder 
Legislativo “em cada legislatura para a subsequente”, essa fixação deve necessariamente ocorrer 
antes das eleições para a renovação do corpo legislativo. segue abaixo fragmento do voto: 
o acórdão impugnado, de que foirelator o ilustre desembargador rodrigues 
alckimin, guarda a seguinte fundamentação: 
‘[...] Quando a lei fala em fixação de remuneração, em cada legislatura, 
para a subsequente, necessariamente prevê que tal fixação se dê antes das 
eleições que renovem o corpo legislativo. Isso decorre, necessariamente, da 
ratio essendi do preceito.
vem ele na constituição Federal (art. 47, § 2°), ao dispor que a ajuda de custo e o 
subsídio serão fixados no fim de cada legislatura. No fim de cada legislatura para 
a seguinte, afirmavam, de maneira mais completa, as Constituições de 1891, e 
de 1934. Pontes de miranda, com acerto, pondera: “agora, diz-se no fim de cada 
legislatura, em vez de no último ano de cada legislatura para a seguinte, o que 
é o mesmo” (comentários à constituição de 1946, v. 2°, pág. 251).
e como observa sampaio dória, o escopo do dispositivo legal é o de evitar que 
os legisladores fixem, a si mesmos, remunerações (comentários à constituição 
de 1946, vol. ii, p. 228).
ora, se essa fixação se desse depois das eleições para a Casa Legislativa, 
os legisladores estariam infringindo a finalidade do preceito, pois estariam, 
eventualmente, fixando os próprios subsídios, cientes, já, da permanência 
no corpo legislativo [...] (grifo nosso).’ 
no recurso extraordinário n. 213.524,5 o stF reconheceu estar em conformidade com a constituição 
da república acórdão que declarou a insubsistência de ato de câmara municipal, formalizado 
após a data das eleições municipais, que reduziu o valor dos subsídios de vereadores. Para maior 
esclarecimento, seguem transcritos a ementa e excerto do voto do ministro relator marco aurélio: 
ementa: subsÍdios — vereadores. 
Longe fica de conflitar com a Carta da República acórdão em que assentada 
a insubsistência de ato da câmara municipal, formalizado após a divulgação 
dos resultados da eleição, no sentido de redução substancial dos subsídios dos 
vereadores, afastando o patamar de vinte e cinco por cento do que percebido 
por deputado estadual e instituindo quantia igual a quinze vezes o valor do 
salário mínimo.
Voto do Ministro Relator: [...] A razão de ser de fixar-se ao término da legislatura 
em curso a nova remuneração está, justamente, em buscar-se a almejada 
equidistância, obstaculizando-se, assim, procedimento que implique legislar 
em causa própria ou em prejuízo daqueles de facção política contrária.
embora não haja previsão expressa no enunciado de súmula n. 72 do tcemg, as decisões 
da Corte de Contas defendem a necessidade de a fixação dos subsídios de Prefeitos, Vice-
Prefeitos, secretários municipais e vereadores ocorrer antes da data das eleições municipais, 
em observância aos princípios constitucionais da moralidade e da impessoalidade, o que será 
visto no capítulo posterior. 
5 recurso extraordinário n. 213.524, segunda turma, relator ministro marco aurélio, julgamento em 19/10/1999.
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5 Decisões do TCEMG
A questão atinente à aplicação do princípio da anterioridade sobre a fixação dos subsídios de 
agentes políticos municipais tem sido defendida em julgados do tribunal de contas do estado 
de minas gerais, o qual consolidou esse entendimento no enunciado de súmula n. 72.
o mencionado verbete não faz qualquer distinção entre vereadores e os demais agentes políticos 
municipais, sendo relevante reiterar que a sua redação foi objeto de revisão na sessão Plenária 
de 19/11/2008, data esta posterior às emendas constitucionais n. 19/98 e n. 25/2000.
em pesquisa às decisões do tcemg, informa-se que, nas consultas n. 774.643 (cons. rel. adriene 
andrade, sessão de 26/05/2010); 708.593 (cons. rel. gilberto diniz, sessão de 28/11/2007); 
707.175 (cons. rel. Wanderley Ávila, sessão de 15/03/2006); 694.097 (cons. rel. moura e castro, 
sessão de 01/06/2005) e 693.891 (cons. rel. moura e castro, sessão de 09/03/2005), o tribunal 
se posicionou favoravelmente à aplicação do princípio da anterioridade na fixação dos subsídios 
de agentes políticos municipais. 
na consulta n. 774.643 (sessão de 26/05/2010), a corte manifestou-se, unanimemente, pela 
aplicação do princípio da anterioridade na fixação dos subsídios de Secretários Municipais, 
independentemente de previsão em lei orgânica municipal. segue transcrito fragmento do voto 
da conselheira relatora adriene andrade:
A observância do princípio da anterioridade na fixação dos subsídios do Prefeito, 
do Vice-Prefeito e dos Secretários Municipais foi pacificada neste Tribunal com o 
entendimento de que é vedado o aumento dos subsídios desses agentes políticos 
para vigorar na mesma legislatura em que ocorreu a alteração, permitida apenas 
a recomposição da perda do valor aquisitivo da moeda, nos termos da súmula 
n. 73 desta corte. 
Assim sendo, a fixação dos subsídios de Secretários Municipais está sujeita 
ao princípio da anterioridade, por força dos princípios da moralidade e da 
impessoalidade estabelecidos no caput do art. 37 da cr/88, independentemente 
de sua previsão na lei orgânica do município.
Posteriormente, na mesma consulta, a conselheira relatora ressaltou que a aplicação do princípio 
da anterioridade restringe-se à fixação da remuneração dos agentes políticos municipais, não se 
estendendo ao sistema remuneratório dos servidores municipais:
[...] o princípio da anterioridade é de observância obrigatória apenas para 
os agentes políticos, que, em decorrência dos princípios da moralidade e da 
impessoalidade, ficam impedidos de participar da fixação de seus próprios 
subsídios.
O sistema remuneratório dos servidores públicos, por seu turno, é definido no 
plano de cargos e salários do Órgão Público, não sendo alcançado pelo princípio 
da anterioridade.
note-se que, segundo entendimento adotado por este tribunal nos autos da 
consulta n. 811.245, de minha relatoria, submetida ao Pleno em 24/02/2010, 
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agentes políticos, no âmbito do município, são apenas o Prefeito, o vice-
Prefeito, os secretários e os vereadores.
Pelo exposto, tem-se que a fixação dos vencimentos de Diretor de Departamento 
municipal não se sujeita ao princípio da anterioridade, porque os cargos em comissão 
estão subordinados às regras do plano de cargos e salários do Órgão Público.
Já na consulta n. 707.175 (sessão de 15/03/2006), o conselheiro relator Wanderley Ávila ressaltou 
que os subsídios de secretários municipais não poderão ser alterados no curso da legislatura, ainda 
que ocorra modificação na carga horária relativa àquele cargo, nos termos seguintes: 
no mérito, manifestando-me em tese, respondo também negativamente 
à questão formulada pelo Presidente da edilidade, quanto à alteração dos 
subsídios dos secretários na mesma legislatura. reitero o entendimento 
deste egrégio tribunal e da jurisprudência dominante nos outros tribunais, 
quanto à impossibilidade de alteração, na mesma legislatura, do subsídio dos 
secretários municipais, em princípio, em qualquer hipótese, ainda que tenha 
por escopo acompanhar a alteração — aumento ou redução — da carga horária 
relativa ao cargo.
[...]
[...] como já dito, a fixação e alteração da jornada de trabalho dos Secretários 
municipais constituem matéria de competência do município, no exercício de 
sua autonomia administrativa. Porém, é importante destacar que qualquer 
alteração na jornada de trabalho do secretário municipal que ocorra no curso 
da legislatura não poderá implicar na redução ou aumentodo seu subsídio. 
Reitero que a norma que implicar fixação e alteração do subsídio do Secretário 
municipal somente poderá vigorar para a legislatura subsequente àquela em 
que foi fixada ou modificada.
na consulta n. 693.891 (sessão de 09/03/2005), o conselheiro relator moura e castro deixou 
claro que o princípio da anterioridade permaneceu como requisito obrigatório para a fixação da 
remuneração de agentes políticos municipais após o advento da ec n. 19/1998: 
[...] a anterioridade da fixação dos subsídios desses agentes políticos [Prefeitos, 
vice-Prefeitos, vereadores e secretários municipais] decorre não do comando 
suprimido pela ec n. 19/98, mas dos princípios constitucionais da moralidade 
e impessoalidade, contidos no art. 37, caput, da carta Política Federal, além 
de outros, como os da razoabilidade (art. 13 da constituição mineira) e da 
finalidade pública.
todavia não devemos confundir inalterabilidade com reajustamento, pois o escopo 
deste é o de preservar o valor aquisitivo dos subsídios, já o daquela é o de impedir 
a mutabilidade ou alteração da remuneração para vigorar na mesma legislatura.
logo, é legal e constitucional o reajustamento dos subsídios dos agentes políticos 
municipais, cuja disciplina se encontra normatizada no parágrafo único do art. 
179 da constituição mineira de 1989.
salienta-se que, nos julgados acima mencionados, o tcemg ressalva a possibilidade de 
recomposição dos subsídios de agentes políticos municipais no curso da legislatura, nos termos 
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do enunciado de súmula n. 73.6 nessa esteira, explica-se que a inalterabilidade dos subsídios de 
agentes políticos municipais no curso da legislatura, em decorrência da aplicação do princípio 
da anterioridade, não se confunde com a recomposição, a qual objetiva preservar o valor 
aquisitivo dos subsídios, repondo as perdas decorrentes da inflação.
acrescenta-se que a recomposição dos subsídios de agentes políticos está assegurada no art. 
37, X, da cr/88:
art. 37. caput
[...]
X — a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 
4° do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, 
observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, 
sempre na mesma data e sem distinção de índices; (redação dada pela emenda 
constitucional n. 19, de 1998) (regulamento) (grifo nosso).
sobre a matéria, santana (2004, p. 120) ensina que 
[...] a aplicação do disposto no artigo 37, X, da constituição Federal aos subsídios 
dos agentes políticos não é incompatível com outras regras dessa mesma carta 
Política, especialmente aquela que escreve o princípio da anterioridade [...].
no mesmo sentido, consta no manual básico de remuneração dos agentes Políticos municipais 
do tribunal de contas do estado de são Paulo (2007, p. 14-15) que 
o princípio da imutabilidade dos subsídios não quer dizer que esses devam 
permanecer, durante todo o tempo, nominalmente inalterados; a própria 
constituição assegura revisão anual geral sempre na mesma data e sem distinção 
de índices (art. 37, X). 
como dito anteriormente, a despeito de não haver previsão expressa no enunciado de súmula n. 72, 
o TCEMG, em diversos julgados, vem se posicionando no sentido de que a fixação dos subsídios de 
agentes políticos municipais deve ocorrer antes da data das eleições, isto é, até o dia 30 de setembro 
do último ano da legislatura anterior. como exemplos, citam-se as consultas n. 752.708 (cons. rel. 
adriene andrade, sessão de 01/07/2009); 741.567 (cons. rel. antônio andrada, sessão de 01/07/2009); 
713.166 (cons. rel. moura e castro, sessão de 27/09/2006); 693.500 (cons. rel. Wanderley Ávila, 
sessão de 22/06/2005); 694.097 (cons. rel. moura e castro, sessão de 01/06/2005); 693.891 (cons. 
rel. moura e castro, sessão de 09/03/2005); 625.886 (cons. rel. eduardo carone costa, sessão de 
20/12/2000); 624.801 (cons. rel. moura e castro, sessão de 31/05/2000) e a Prestação de contas 
municipal n. 657.899 (cons. rel. Wanderley Ávila, 1a câmara, sessão de 03/08/2006).
na consulta n. 624.801 (sessão de 31/05/2000), o saudoso conselheiro simão Pedro, após pedir 
vista dos autos, apresentou voto afirmando que, por intermédio do princípio da moralidade, “é 
6 enunciado de súmula n. 73 do tcemg: no curso da legislatura, não está vedada a recomposição dos ganhos, em espécie, devida 
aos agentes políticos, tendo em vista a perda do valor aquisitivo da moeda, devendo ser observados na fixação do subsídio, a 
incidência de índice oficial de recomposição do valor da moeda, o período mínimo de um ano para revisão e os critérios e limites 
impostos na constituição Federal e legislação infraconstitucional.
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que se embasa a reprovação da prática de se legislar em causa própria, sobrevinda da fixação 
do subsídio após a proclamação dos resultados das urnas, em tempos de reeleição”. completa 
o ilustre conselheiro seu raciocínio aduzindo que “nesse sentido, têm entendido os tribunais, 
na aplicação da legislação eleitoral aos casos concretos, pelo que razoável se apresenta a data 
acima referida, isto é, até 30 de setembro”.
informa-se, ainda, na consulta n. 624.801 (sessão de 31/05/2000), que o conselheiro eduardo 
carone costa, em sintonia com o voto-vista do conselheiro simão Pedro, acrescentou: 
[...] como eu acho que a constituição deve ser interpretada no seu conjunto, 
não vejo como não acompanhar o eminente relator e o eminente conselheiro 
simão Pedro toledo quanto a essa cautela. mas é uma cautela respaldada em 
princípio constitucional, uma ideia filosófica de que não se deve legislar em causa 
própria. Portanto não tenho dúvida em seguir essa orientação de que, no final da 
legislatura, ao se fixar o subsídio para a subsequente, deve ser essa fixação feita 
antes da eleição que se vai realizar, para que não se legisle em causa própria.
na consulta n. 741.567 (sessão de 01/07/2009), o conselheiro relator antônio andrada, 
partindo de uma interpretação sistemática do texto constitucional, destacou que o princípio da 
anterioridade exige a fixação do subsídio não apenas em data anterior ao término da legislatura, 
mas também em data anterior à eleição municipal: 
No que concerne ao limite temporal de fixação do subsídio dos vereadores, 
destaca-se, conforme entendimento reiteradamente afirmado por esta Corte de 
contas, que a melhor hermenêutica do art. 29 da cr/88, numa visão sistemática 
do texto constitucional, é aquela segundo a qual o princípio da anterioridade 
refere-se à exigência de fixação do subsídio em data anterior não apenas ao 
fim da legislatura, mas, também, em data anterior à eleição municipal. Nesse 
sentido foram decididas as consultas de n. 694.097, 716.364 e 713.166. 
A anterioridade da fixação dos subsídios em relação ao pleito eleitoral municipal 
é, portanto, recomendada por este tribunal, tendo em vista o princípio da 
moralidade e o princípio da impessoalidade, expressamente consagrados no 
art. 37, caput, da cr/88.
Note-se que admitir a definição da remuneração dos edis após a realização da 
eleição pode ensejar a possibilidade de distorções no sentido de vantagens 
indevidas em benefício próprio, quando for majoritária a reeleição, ou, em 
situação fática diametralmente oposta, possibilitar a fixação de subsídios em 
valores desarrazoadamente baixos, como forma de retaliação política.
destaco, a esse respeito, a lição do Professorcelso antônio bandeira de mello, 
ao definir o supracitado princípio da impessoalidade:
‘[...] a administração tem que tratar a todos os administrados sem discriminações, 
benéficas ou detrimentosas. Nem favoritismos, nem perseguições são toleráveis. 
simpatias ou animosidades pessoais, políticas ou ideológicas não podem 
interferir na atuação administrativa e muito menos interesses sectários, de 
facções ou grupos de qualquer espécie’.7
7 bandeira de mello, celso antônio. Curso de direito administrativo. 25. ed. são Paulo: malheiros, 2008, p. 114.
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na Prestação de contas municipal n. 657.899 (cons. rel. Wanderley Ávila, sessão de 03/08/2006), 
a 1a câmara do tcemg, por unanimidade, determinou o ressarcimento aos cofres municipais 
pelo Presidente de câmara municipal e demais vereadores de valores recebidos a maior, a título 
de subsídios, sob a justificativa de que a resolução fixadora da remuneração dos edis, para a 
legislatura 2001/2004, foi aprovada em data posterior às eleições municipais. segue transcrito 
fragmento do voto do conselheiro relator:
o entendimento corrente nesta corte de contas, em prejulgamento da 
tese, manifestado nas respostas às consultas n. 624.801, de 28/06/2000, e 
625.886, de 20/12/2000, é no sentido de não serem consideradas, na fixação 
de subsídios de vereadores, as resoluções fixadoras que forem votadas após a 
realização das eleições.
[...]
No exercício em que ocorre o pleito eleitoral, a fixação dos subsídios deve 
observar, além do princípio da anterioridade, estatuído no inciso v do art. 
29 da constituição Federal/1988, também o princípio da moralidade previsto 
constitucionalmente no art. 37, caput.
conforme salientado nas consultas citadas, na hipótese de todos ou de a maioria 
dos vereadores serem reeleitos, a fixação após as eleições implicaria em legislar 
em causa própria e, caso fosse reeleita apenas a minoria, ou nenhum dos então 
vereadores, poderia haver fixação de subsídios em valor baixo, por razões políticas. 
Por essas razões, segundo a interpretação sistemática da constituição 
Federal/1988, o prazo máximo para fixação dos subsídios para a legislatura 
2001-2004 seria 30 de setembro de 2000, o que não foi observado pela 
Câmara Municipal, que somente aprovou o aumento no final de novembro 
daquele exercício.
diante do exposto, observa-se que as decisões do tcemg, norteadas pelos princípios 
constitucionais da moralidade e da impessoalidade, além de estarem ratificando o entendimento 
consolidado no enunciado de Súmula n. 72, determinam que a fixação dos subsídios de agentes 
políticos municipais deve ocorrer antes da data das eleições.
Finaliza-se, este capítulo, asseverando que, na hipótese de os subsídios de agentes políticos 
municipais não serem fixados na legislatura anterior, dever-se-á observar a norma estatuída no 
parágrafo único do art. 179 da constituição do estado de minas gerais: 
art. 179 — a remuneração do Prefeito, do vice-Prefeito e do vereador será 
fixada, em cada legislatura, para a subsequente, pela Câmara Municipal.
Parágrafo único — na hipótese de a câmara municipal deixar de exercer 
a competência de que trata este artigo, ficarão mantidos, na legislatura 
subsequente, os critérios de remuneração vigentes em dezembro do último 
exercício da legislatura anterior, admitida apenas a atualização dos valores.
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6 Decisões do TJMG
Primeiramente, informa-se que a jurisprudência do tJmg, tanto no controle difuso, como no 
controle concentrado de constitucionalidade, é no sentido de que os subsídios de Prefeitos, 
Vice-Prefeitos, Secretários Municipais e Vereadores deverão ser fixados na legislatura anterior 
para vigorar na subsequente, antes da data das eleições municipais. 
em sede de controle difuso de constitucionalidade, destacam-se os seguintes julgados: incidente 
de inconstitucionalidade n. 1.0133.05.023906-9/006(1) (desembargador relator roney oliveira, 
corte superior do tJmg, julgamento em 14/01/2009) e apelação cível n. 1.0133.05.023908-5/002 
(desembargador relator edgard Penna amorim, 8a câmara cível, julgamento em 25/09/2008).
no incidente de inconstitucionalidade n. 1.0133.05.023906-9/006(1), a corte superior do 
tJmg, por maioria,8 reconheceu que lei e resolução municipais afrontaram os arts. 13 e 179 
da constituição estadual,9 por terem sido aprovadas após a realização das eleições. segue 
transcrito excerto do voto do desembargador relator:
a lei municipal n. 09/2004 e a resolução n. 08/2004, em análise no presente 
incidente de inconstitucionalidade, tratam da fixação de novos subsídios para o 
quadriênio 2005/2008, a primeira para Prefeito, vice-Prefeito e secretários e a 
segunda para os vereadores e do Presidente da câmara. 
ambas as normas foram aprovadas pela câmara municipal de Fervedouro após o 
término das eleições locais, cujos resultados já eram divulgados. 
[...]
a constituição da república determina, no art. 29, vi, a anterioridade da 
fixação dos subsídios, que devem ser determinados na legislatura anterior para 
vigorarem apenas na subsequente, somente quanto aos vereadores, já que o 
inciso v do mesmo art. 29 que trata do assunto quanto ao Prefeito, vice-Prefeito 
e Secretários Municipais, foi modificado pela EC n. 19/1998. 
[...]
A Constituição do Estado, em seu art. 179, determina que a fixação de 
remuneração do Prefeito, vice-Prefeito e vereador deverá ocorrer em uma 
legislatura para vigorar apenas no quadriênio seguinte.
[...]
não consta expressamente no texto constitucional do estado de minas gerais, 
como se pode notar, a obrigatoriedade de que a fixação dos vencimentos de 
Prefeito, vice-Prefeito e vereadores ocorra antes das eleições.
no entanto, a limitação temporal encontra-se implícita naquele dispositivo, cujo 
escopo é vedar que o agente público determine sua própria remuneração, o que 
vulnera os princípios basilares do direito administrativo, tais como moralidade 
e impessoalidade, que devem nortear todos os atos da administração Pública, 
8 discordaram do voto apresentado pelo relator os seguintes desembargadores: brandão teixeira, edivaldo george dos santos, 
ernane Fidélis, duarte de Paula, cláudio costa, márcia milanez, Paulo cézar dias, selma marques, elpídio donizetti. a posição 
divergente apresentada pelos mencionados desembargadores foi no sentido de que o art. 179 da ce/1989, ao prever o princípio 
da anterioridade para a fixação dos subsídios de Prefeitos, Vice-Prefeitos e Vereadores, não determina que tal fixação ocorra 
antes das eleições municipais. 
9 art. 13, caput, da ce/1989 — “a atividade de administração pública dos Poderes do estado e a de entidade descentralizada se 
sujeitarão aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência e razoabilidade.”
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consoante o disposto no art. 37, caput, da constituição da república (cr/88) e 
o equivalente art. 13 da constituição mineira (cemg/89), [...]: 
[...]
Conclui-se, sem grande esforço, que a fixação, na legislatura anterior, dos 
subsídios que irão somente prevalecer após o resultado das eleições locais, 
permite que os agentes públicos façam juízo de valorpessoal a respeito do 
assunto, contrariando os princípios da moralidade, da impessoalidade, da 
supremacia do interesse público, [...]: 
Frente ao exposto, acolho o incidente e declaro a inconstitucionalidade da 
lei n. 09/2004 e da resolução n. 08/2004 do município de Fervedouro, por 
afrontoso aos arts. 13 e 179, da constituição mineira (cemg/89). 
na apelação cível n. 1.0133.05.023908-5/002, a 8a câmara cível do tJmg decidiu que o art. 179 
da constituição do estado de minas gerais permaneceu vigente após a emenda à constituição 
da república n. 19/1998 e reconheceu a inconstitucionalidade incidental de lei municipal que 
fixou os subsídios do Prefeito e do Vice-Prefeito após a data das eleições municipais. Segue 
transcrito trecho do voto do desembargador relator:
de fato, o art. 29, v, da constituição da república de 1988 — repetido pelo 
art. 179 da constituição do estado de minas gerais — estabelecia, antes da 
ec n. 19/1998, limitação temporal à edição de lei que alterasse o subsídio 
do Prefeito e do vice-Prefeito, a qual obrigava a câmara de vereadores a se 
antecipar às eleições do chefe do executivo municipal em caso de majoração 
do subsídio do alcaide. 
entretanto, a referida emenda constitucional suprimiu a limitação ao processo 
legislativo atinente ao subsídio do Prefeito, conservando o princípio da 
anterioridade em relação aos subsídios dos próprios vereadores, conforme se 
verifica do art. 29, incisos V e VI, da CR/1988, [...]
sob a égide das ec n. 19/98 e 25/2000, a lei municipal questionada na 
inicial foi editada em 20/12/04, para viger no período de 1°/01/2005 a 
31/12/2008, fixando, assim, o subsídio dos 2° e 3° réus, que haviam vencido 
as eleições em outubro de 2004 e tomariam posse em janeiro do ano seguinte, 
o que ensejou o ajuizamento da presente ação, pelo ilustre representante 
do ministério Público. 
a controvérsia, portanto, cinge-se a apurar se o ato legislativo do município 
estava sujeito ao imperativo do art. 179 da cemg ou se, por força da autonomia 
constitucional conferida aos entes municipais pelo art. 29, v, da cr/1988, o 
dispositivo da Constituição Mineira não subsistira à EC n. 19/98. E, por fim, se 
a lei n. 849/2004 poderia ser declarada inconstitucional com fundamento nos 
princípios da moralidade administrativa e da impessoalidade, já que a edilidade, 
ao fixar o subsídio do Prefeito e do Vice-Prefeito, no período de 2004 a 2008, 
conhecia os nomes dos candidatos eleitos para aquele quadriênio. 
ora, com a devida vênia, o art. 179 da cemg harmoniza-se com o princípio da 
anterioridade por força do caput do art. 29 da cr/1988, na medida em que este 
dispositivo garante a influência jurídica dos princípios estabelecidos nas Cartas 
estaduais sobre o microssistema constitucional traçado para os municípios, sem 
lhes exterminar a autonomia política, por óbvio. 
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[...] 
assim, deve ser reconhecida a inconstitucionalidade incidental da lei n. 
849/2004 no ponto em que majorara, a partir de 1° de janeiro de 2005 (art. 
6°), o subsídio do Prefeito e do vice-Prefeito em desrespeito ao art. 179 da 
constituição estadual, por não se tratar de mera atualização daqueles subsídios, 
mas de aumento com a finalidade de que os subsídios dos vereadores fossem 
alcançados pelos do chefe do Poder executivo local. 
informa-se que na apelação cível acima em destaque, a 8a câmara cível do tJmg não submeteu 
a questão referente à inconstitucionalidade da lei municipal em face do art. 179 da constituição 
estadual de 1989 ao órgão competente para tanto, conforme preceituado pelo art. 97 da cr/88,10 
pelo fato de a matéria já estar pacificada no âmbito da Corte Superior daquele Tribunal. Nesse 
sentido, manifestou-se o desembargador relator: 
de fato, trata-se de questão reiteradamente decidida, a unanimidade, pela 
corte superior deste egrégio tribunal, a qual, embora não tenha declarado 
inconstitucional o dispositivo ora questionado, o fizera em casos similares, o 
que configura hipótese de dispensabilidade da instauração do incidente de 
inconstitucionalidade, nos termos do art. 248, ii, do ritJmg.
em sede de controle concentrado de constitucionalidade, citam-se os seguintes julgados: adi n. 
1.0000.05.428460-9/000 (desembargador relator edelberto santiago, corte superior do tJmg, 
julgamento em 07/04/2008) e adi n. 1.0000.00.3225034-000 (desembargador relator schalcher 
ventura, corte superior do tJmg, julgamento em 14/04/2004).
na adi n. 1.0000.00.3225034-000, o desembargador reynaldo Ximenes carneiro, ao apresentar 
voto divergente do desembargador relator,11 manifestou-se no seguinte sentido: 
a inconstitucionalidade está evidenciada porque a lei municipal n. 247/02 
conflita com o disposto no art. 179 da Constituição do Estado de Minas Gerais, 
que prevê a fixação da remuneração do Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores 
em cada legislatura para vigorar na seguinte, dispositivo que tem o propósito 
moralizador de evitar que se exagere no valor estabelecido se o for no curso da 
legislatura seguinte ou a retaliação dos perdedores se for depois das eleições, 
na legislatura que se exaure. 
A regra de que deva ser antes das eleições a fixação da remuneração dos agentes 
políticos do município está implícita e se compõe com o que contém o art. 13 
da mesma constituição do estado, que sujeita a administração aos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e razoabilidade. destarte, 
o conteúdo do art. 179 se ajusta a tais princípios da impessoalidade, moralidade e 
razoabilidade, desde que não se permita que a remuneração seja fixada quando 
conhecidos os resultados das urnas, porque aí estariam os legisladores dispondo 
em benefício próprio, seja aumentando o valor, se eleitos, seja retaliando os 
que os derrotaram, aviltando a remuneração. 
10 art. 97. “somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os 
tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.”
11 o voto do desembargador relator, schalcher ventura, foi vencido, tendo sido acompanhado apenas pelo desembargador luiz 
carlos biasutti. 
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dentro desta ótica, julgo procedente a ação de inconstitucionalidade e declaro 
inconstitucional a norma questionada. 
Já na adi n. 1.0000.05.428460-9/000, o tJmg, por unanimidade, declarou a inconstitucionalidade 
da Lei n. 174/2005 do Município de Sete Lagoas, que fixou os subsídios do Prefeito, Vice-Prefeito 
e secretários municipais para a legislatura 2005/2008. seguem transcritos a ementa e trecho do 
voto do desembargador relator: 
ementa: aÇão direta de inconstitucionalidade — subsÍdio de PreFeito, 
vice e secretÁrio — FiXaÇão — PromulgaÇão da lei na mesma legislatura — 
aProvaÇão aPÓs eleiÇão municiPal — oFensa À regra da anterioridade e ao 
PrincÍPio da moralidade — inconstitucionalidade em Face dos artigos 13 e 
179 da constituiÇão do estado de minas gerais — rePresentaÇão acolHida.
voto do desembargador relator: [...] a lei municipal n. 174/05, objeto da presente 
adin, estabelece o subsídio do Prefeito municipal de sete lagoas, do vice-Prefeito 
e dos secretários para a legislatura 2005/2008. embora, ao que conste, tenha 
sido o projeto de lei votado na vigência da legislatura anterior, a promulgação da 
lei só ocorreu em 22 de janeiro de 2005, verificando-se, ainda, que o consenso 
acerca do textofinal só foi alcançado após as eleições municipais, o que viola os 
princípios constitucionais da moralidade administrativa e da impessoalidade. 
[...]
do exposto, acolho a representação e declaro inconstitucional a lei 
questionada.
7 Considerações finais
Analisando as decisões do TCEMG e do TJMG, verifica-se que, não obstante o silêncio da 
constituição da república de 1988 em relação a Prefeitos, vice-Prefeitos e secretários municipais, 
ambos os órgãos defendem a aplicação do princípio da anterioridade na fixação dos subsídios de 
todos os agentes políticos municipais, bem como a subordinação do referido princípio ao marco 
temporal correspondente à data das eleições municipais. 
as decisões do tcemg e do tJmg fundamentaram-se numa interpretação sistemática do texto 
constitucional, a partir da conjugação da redação atual do art. 29, v, da cr/88 (conferida pela 
ec n. 19/1998) e do art. 29, vi, da cr/88 (conferida pela ec n. 25/2000) com os princípios da 
moralidade e da impessoalidade, previstos no art. 37, caput, da cr/88.12
sobre a importância dos princípios na interpretação do direito, destacam-se os ensinamentos 
de grau (2006, p. 207-208):
[...] a interpretação do direito é (deve ser) dominada pela força dos princípios. os 
princípios cumprem função interpretativa e conferem coerência ao sistema.
É que cada direito não é mero agregado de normas, porém um conjunto dotado 
de unidade e coerência — unidade e coerência que repousam precisamente 
sobre os seus (dele = de um determinado direito) princípios. daí a ênfase que 
12 art. 37. “a administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da união, dos estados, do distrito Federal e dos mu-
nicípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte” 
[...] (redação dada pela emenda constitucional n. 19, de 1998).
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imprimi à demonstração de que são normas jurídicas os princípios, elementos 
internos ao sistema; isto é, estão nele integrados e inseridos.
Por isso que, de uma banda, a interpretação do direito é dominada pela força 
dos princípios.
[...]. Canotilho afirma que os princípios constitucionais ‘fornecem sempre diretivas 
materiais de interpretação das normas constitucionais’ (1983, p. 201). Jorge miranda 
(2000, p. 230): ‘a ação mediata dos princípios consiste, em primeiro lugar, em 
funcionarem como critérios de interpretação e de integração, pois são eles que dão 
a coerência geral do sistema. e, assim, o sentido exacto dos preceitos constitucionais 
tem de ser encontrado na conjugação com os princípios e a integração há de ser 
feita de tal sorte que se tornem explícitas ou explicitáveis as normas que o legislador 
constituinte não quis ou não pôde exprimir cabalmente’ [...].13
a alteração14 dos subsídios de agentes políticos municipais no curso da legislatura contraria 
o interesse público, na medida em que dá margem a práticas antiéticas,15 permitindo aos 
vereadores a prerrogativa de manipular os valores das remunerações, seja em benefício próprio 
ou de aliados políticos, seja em represália aos seus desafetos políticos. 
Nessa esteira, afirma-se que, além da imprescindibilidade de que a fixação dos subsídios 
de agentes políticos municipais ocorra em cada legislatura para vigorar na subsequente, 
o ato normativo instituidor dos subsídios deve ser constituído antes da realização das 
eleições, a fim de que os membros da Câmara Municipal não legislem em causa própria 
(o que se vislumbraria na hipótese de terem sido reeleitos para a formação do próximo 
corpo legislativo); nem privilegiem ou prejudiquem os eleitos aos cargos de Prefeito, vice-
Prefeito e até mesmo de vereadores. 
ressalta-se, por todo o exposto, que a interpretação dos dispositivos constitucionais deve ser 
feita de maneira sistemática e não literal, de modo a não permitir que princípios basilares da 
administração Pública, notadamente os da moralidade e da impessoalidade, sejam inobservados, 
em flagrante desrespeito ao interesse público. 
sobre a importância de se visualizar e de se interpretar a constituição como um todo, mostra-se 
pertinente a seguinte colocação:
a interpretação de todas as normas constitucionais vem portanto regida 
basicamente pelo critério valorativo extraído da natureza mesma do 
sistema. Faz-se assim suspeita ou falha toda análise interpretativa de normas 
constitucionais tomadas insuladamente, à margem do amplo contexto que deriva 
do sistema constitucional. de modo que nenhuma liberdade ou direito, nenhuma 
13 na mesma linha do defendido por grau (2006), bonavides (2008, p. 130) leciona: “[...] a constituição é basicamente unidade, 
unidade que repousa sobre princípios: os princípios constitucionais. esses não só exprimem determinados valores essenciais — va-
lores políticos ou ideológicos — senão que informam e perpassam toda a ordem constitucional, imprimindo assim ao sistema sua 
feição particular, identificável, inconfundível, sem a qual a Constituição seria um corpo sem vida, de reconhecimento duvidoso, 
se não impossível.”
14 reitera-se, como explicado no capítulo 5, que, no curso da legislatura, é permitida a recomposição dos subsídios de agentes 
políticos municipais, nos termos do enunciado de súmula n. 73 do tcemg. 
15 “a necessidade de se praticar condutas em conformidade com preceitos éticos faz-se presente não apenas nas relações entre a 
administração Pública e os administrados, mas também, internamente, isto é, nas relações entre a administração Pública e os 
agentes públicos que a compõem” (carvalHo FilHo, 2007). 
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norma de organização ou construção do estado, será idônea, fora dos cânones 
da interpretação sistemática, única apta a iluminar a regra constitucional em 
todas as suas possíveis dimensões de sentido para exprimir-lhe corretamente o 
alcance e grau de eficácia (BONAVIDES, 2008, p. 131). 
Por essas razões, conclui-se que o subsídio não apenas de vereadores, mas também de Prefeitos, 
Vice-Prefeitos e Secretários Municipais, deverá ser fixado na legislatura anterior para vigorar na 
subsequente, antes da data das eleições municipais. 
Referências
bandeira de mello, celso antônio. Curso de direito administrativo. 25. ed. são Paulo: 
malheiros, 2008.
bonavides, Paulo. Curso de direito constitucional. 22. ed. são Paulo: malheiros, 2008.
brasil. tribunal de contas do estado de são Paulo. Manual básico de remuneração dos agentes 
políticos municipais. 2007.
braz, Petrônio. remuneração dos agentes políticos municipais para a próxima legislatura. JAM 
— Jurídica Administração Municipal, ano v, n. 3, mar. 2000.
bruno, reinaldo moreira; del olmo, manolo. Servidor público — doutrina e jurisprudência. 
belo Horizonte: del rey, 2006.
carvalHo FilHo, José dos santos. Manual de direito administrativo. 21. ed. rio de Janeiro: 
lumen Juris, 2007.
castro, José nilo de. Direito municipal positivo. 6. ed. belo Horizonte: del rey, 2006.
costa, José rubens. Manual do prefeito e do vereador. belo Horizonte: del rey, 2001.
di Pietro, maria sylvia zanella. Direito administrativo. 19. ed. são Paulo: atlas, 2006.
Ferraz, luciano. Direito municipal aplicado. belo Horizonte: Fórum, 2009.
grau, eros roberto. Ensaio e discurso sobre a interpretação/Aplicação do direito. 4. ed. são 
Paulo: malheiros, 2006. 
Justen FilHo, marçal. Curso de direito administrativo. são Paulo: saraiva,

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