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Apostila Noções de Gestão Pública - Completa

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>> Boas-vindas! 
 
 
Bem-vindo (a)! Certamente, você já observou que cada vez mais a Gestão Pública 
Municipal ocupa um papel preponderante na missão de orientar, corrigir distorções, 
e defender interesses e direitos do governo local. Mostra-se pertinente e apto para o 
(a) aluno (a) atuar com competência nesse segmento jurídico, realizando com maior 
facilidade e segurança as relevantes tarefas que lhes sejam afetas na gestão pública, 
além de pontuar para progressão em sua carreira, pelo conhecimento ad- quirido. 
 
Nesta Primeira Unidade da Disciplina Noções de Gestão Pública, você apren- 
derá sobre a Origem e Estrutura do Estado, Fundamentos, Objetivos e Obrigação do 
Estado. 
Também você poderá conhecer mais sobre os Direitos Políticos na Constituição 
Federal e seus Instrumentos Políticos. 
 
 
Tenha um bom estudo! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
 
Ponto de Partida 
O que você verá na Unidade 
 
Roteiro do Conhecimento 
O conteúdo desenvolvido propriamente dito. 
Ampliando os Horizontes 
Links, vídeos e textos para aprofundar o assunto. 
Dica: Para facilitar click com o botão direito do mouse 
e abra em uma nova janela. 
 
Glossário 
Aprofundamento sobre significado de palavras e leis. 
 
Referências 
Obras e links utilizados na unidade. 
 
 
ICONOGRAFIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
A origem e estrutura do Estado, como sociedade política formam o 
embasamen- to do Estado Moderno. Esse alicerce atribui elementos que 
constituem sua formação. O Estado tem um fim geral, constituindo-se em 
meio para que os indivíduos e as demais sociedades, situadas num 
determinado território, possam atingir seus respectivos fins (manter a 
ordem, assegurar a defesa, e promover o bem-estar e o progresso da 
sociedade). Nosso estudo aborda os Fundamentos, Objetivos e Obrigação 
do Estado, e amplia a compreensão sobre o Fundamento da Administração 
Pública. 
 
Ao final desta unidade, você estará apto a: 
 
Conhecer a complexa atividade do Estado que têm os aspectos jurídicos e 
con- teúdo político. 
 
Perceber a vinculação desses conceitos com a Administração Pública. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
Ponto de Partida 
Capítulo 
 
 
 
 
 
Você conhece a Origem e a Estrutura do Estado, seus Fundamentos, Princípios e 
Estrutura. Então vamos Conhecer e Aprimorar seu Aprendizado? 
 
1 ORIGENS E ESTRUTURA DO ESTADO 
 
1.1 O ESTADO 
 
A sociedade humana, após tentar inúmeras formas de regular seu relacionamento, 
desenvolveu a figura do Estado, um ser abstrato, porém com maiores poderes do que 
qualquer indivíduo. 
Delimitado em um território, formado por um povo, e politicamente organizado como um 
governo, o Estado é figura instituída na história recente da humanidade, que promete 
manter-se no tempo, haja vista ser a forma mais eficiente que a civilização encontrou para 
possibilitar a convivência em sociedade. 
A despeito da existência do germe do Estado nas cidades-estados dos sumérios, egípcios e 
gregos, o termo “Estado” apenas aparece como unidade de soberania na obra clássica de 
Niccolo Machiavelli, em 1513, denominada de “O Príncipe”. 
A ele, o Estado, incumbiu a tarefa de manter a ordem social e empenhar esforços para a 
melhoria do bem comum. Para tanto, foi-lhe outorgado o poder de exigir o cumprimento das 
regras formuladas por seus representantes, mesmo que para isto seja necessário o uso da 
força. 
Nessa vertente, Arthur Machado Paupério (1992, p.32) reforça em seu livro intitulado, 
Introdução ao Estudo do Direito que: “O Estado é a maior e a mais importante das 
sociedades de ordem temporal, abarcando todos os outros grupos naturais, cujos interesses, 
subordinados ao bem comum, procura defender e promover”. 
Por sua vez, José Roberto Dromi, citado na obra de José Carlos de Oliveira (1997, p.41), 
Concessões e Permissões de Serviços Públicos, assevera: “[...] a noção de serviço público 
está intimamente ligada com a razão de ser do Estado: a persecução do bem comum”. 
Aliás, a promoção do bem comum tem previsão legal na própria Constituição da República 
Federativa do Brasil (1988), no inciso IV, do artigo 3º, estando entre os princípios 
fundamentais, com o seguinte texto legal: 
 
4 
 
Roteiro do conhecimento 
Jean Jaques Rousseau 
Aristóteles 
 
Constituição da República Federativa do Brasil (1988), inciso IV, do artigo 3º 
 
 
Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: 
[...] 
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, 
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação; [...] 
 
 
Entretanto, Jean Jaques Rousseau (2002, p.99) em seu manuscrito, Do Contrato Social, no 
decorrer do século XVIII (1757), já declarava: 
 
Enquanto muitos homens reunidos se consideram como um só corpo, sua 
vontade é uma, a conservação comum e o bem de todos; as molas do 
Estado são vigorosa e simples, seus ditames, claros e luminosos, não há 
interesses intrincados e contraditórios, evidente se mostra em toda parte o 
bem comum. 
 
 
Por sua vez, o filósofo clássico Aristóteles (2002, p.191) em sua obra clássica, “A Política”, 
abordou sobre os governantes, ponderando que desses não exigiam: 
 
[...] uma virtude superior às humanas, nem a uma educação que requeira 
aptidões e recursos especiais, nem a uma constituição política formada a 
gosto, por assim dizer, porém a uma maneira de viver que possa ser a da 
maioria. 
 
 
Como visto, cabe ao Estado, por meio de seus administradores, nos três poderes (Executivo, 
Legislativo e Judiciário), o poder-dever de atuar em defesa dos direitos de seu povo, de 
forma individual e coletivamente, visando o cumprimento efetivo de seu papel. 
 
1.2 OS TRÊS PODERES 
 
A Constituição Federal da República Federativa do Brasil (1988) declara, no artigo 2º, que 
são poderes da União: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 
Entretanto, Montesquieu, citado na obra de Petrônio Braz (1999, p.49), assevera que: “[...] o 
poder do Estado é exercido através das funções legislativa, administrativa (executiva) e 
jurisdicional”. 
 
 
5 
https://www.ebiografia.com/jean_jacques_rousseau/
https://www.ebiografia.com/aristoteles/
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10731577/inciso-iv-do-artigo-3-da-constituicao-federal-de-1988
 
 
 
 
 
Essa divisão de poderes possui como objetivo maior a manutenção da ordem social, e o 
desenvolvimento do Estado em busca do bem de seu povo. 
Todavia, embora em funções diferenciadas e independentes, esses três poderes (Executivo, 
Legislativo e Judiciário) precisam estar harmônicos, completando-se mutuamente nas 
responsabilidades sociais. 
Nesse sentido, cada um possui também atribuições administrativas, prestando serviços 
públicos. Assim, os três poderes se relacionam com os cidadãos por meio de seus órgãos, 
de contato direto ou indireto, para a consecução de seus objetivos. 
E, segundo a visão de Lafayette Pondé (1995, p.214): “[...] toda discussão relativa ao poder 
se associa a um debate sobre seu controle”. 
 
1.3 OS ENTES DA FEDERAÇÃO 
 
De outro tanto, há de se relevar que no caso do Brasil, o Estado Nacional é formado por uma 
República Federativa (União), com a junção de vários Estados-membros e do Distrito 
Federal (conforme dispõe o art. 1º da CF) 
 
 
Nos territórios dos Estados-membros, por suas vezes, existe o desmembramento em 
Municípios, o que faz com que as ações desses poderes sejam descentralizadas. 
Assim, União, Estados-membros e Municípios, podem ser chamados de Entidades Estatais, 
ou simplesmente entes da Federação, sendo organismos maiores por meio dos quais age o 
governo ou o poder político. 
 
1.4 A DESCENTRALIZAÇÃO DAS ENTIDADES ESTATAIS 
 
 
ENTES UNIÃO ESTADOS- 
MEMBROS 
DISTRITO 
FEDERAL 
MUNICÍPIOS 
ENTIDADES 
ESTATAIS 
PODER EXECUTIVO 
Governo Federal 
(Presidente da 
República) 
Governo Estadual 
(Governador) 
GovernoDistrital 
(Governador) 
Governo Municipal 
(Prefeitos) 
 
ENTIDADES 
ESTATAIS PODER 
LEGISLATIVO 
Senado (Senado- 
res) e 
Câmara dos Depu- 
tados (Deputados 
Federais) 
Assembleia Legislati- 
va 
(Deputados Estadu- 
ais) 
Câmara Legislativa 
(Deputados Distritais) 
Câmara Municipal 
(Vereadores) 
 
 
 
6 
art. 1º da CF 
https://www.senado.gov.br/atividade/const/con1988/con1988_08.09.2016/art_1_.asp
Capítulo 
 
 
 
 
ENTIDADES ESTATAIS 
PODER JUDICIÁRIO 
Tribunais Superio- 
res STF, STJ, TSE, 
STM e TST 
(Ministros) 
Tribunais de Justiça 
dos 
Estados 
(Desembargadores) 
Tribunal do Distrito 
Federal (Desembarga- 
dores) 
Fórum da Justiça 
Local (Juízes de 
Direito) 
Porém, o Município 
não possui compe- 
tência sobre o 
Judiciário 
 
 
 
 
1.5 ÓRGÃOS PÚBLICOS PROPRIAMENTE DITOS 
 
Entendem-se como Órgãos Públicos, propriamente ditos, as divisões das entidades estatais, 
como: Ministérios, Secretarias, Departamentos, Diretorias, dentre outros. 
O Estado, de extensão territorial ampla e de competência complexa, necessita materializar- 
se em instituições de efetiva ação, para alcançar, de fato, o cidadão-membro. Por isto, cria 
formas reais de relacionamento, propiciando o atendimento das inúmeras demandas sociais, 
sempre almejando o contato material de seus mantenedores (contribuintes) com a estrutura 
estatal. 
Assim, a exemplo das instituições relacionadas na pesquisa preambularmente demonstrada, 
o Órgão Público é o estabelecimento que o cidadão-membro busca recursos detidos pelo 
Estado, os quais lhe proporcionem soluções de menor ou maior escala, sempre em prol do 
bem comum. 
Dessa forma, Hely Lopes Meirelles, citado por Petrônio Braz (1999, p.133) em seus escritos 
no Manual de Direito Administrativo, define o órgão público como sendo: “[...] todo centro de 
competência, para desempenho de funções, através de um ou vários agentes, cuja atuação 
é sempre imputada à pessoa jurídica a que pertence”. 
Nesse prisma, verificamos que nos órgãos públicos efetivamente acontecem à execução e 
oferta dos serviços públicos. 
 
 
2 FUNDAMENTOS, OBJETIVOS E OBRIGAÇÕES DO ESTADO 
 
2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 
Considerando-se que a principal finalidade do Estado é zelar pelo bem comum e pela ordem 
social, é de se concluir por óbvio que a melhor atuação estatal é aquela que atende aos 
anseios coletivos e ao interesse público. 
E para materializar essa atuação estatal, ele presta serviços públicos em todas as áreas, 
que clamarem pela sua iniciativa ou intervenção. 
 
 
7 
 
 
2.2 SERVIÇOS PÚBLICOS 
 
2.2.1 Conceito 
 
Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello (1997, p.6), em seu livro Curso de Direito 
Administrativo, define: “Serviço Público é toda atividade de oferecimento de utilidade ou 
comodidade material fruível diretamente pelos administrados, prestado pelo Estado ou por 
quem lhe faça às vezes, sob um regime de direito público”. 
Nesta mesma vertente, José Cretela Junior em sua obra Tratado de Direito Administrativo 
(1997, p.6), define serviço público como sendo: “[...] toda atividade que as pessoas jurídicas 
exercem, direta e indiretamente, para a satisfação das necessidades coletivas mediante 
procedimentos peculiares ao direito público”. 
Por sua vez, Marçal Justen Filho em seus registros denominado Curso de Direito 
Administrativo (2005, p.479) constatou: “O serviço público é a satisfação concreta de 
necessidades”. 
Com essas definições e outras de bom conceito, pode-se constatar que o serviço para ser 
considerado público precisa, a princípio, ser prestado pela Administração Pública, ou por 
uma delegação desta e estar submisso às normas e controles estatais, visando à satisfação 
de necessidades essenciais e até secundárias da coletividade, e/ou conveniência do Estado. 
Desta forma, a Carta Cidadã de 1988 (conforme a ela se referia o saudoso Ulisses 
Guimarães), relacionou exemplos de serviços públicos quando tratou das competências dos 
entes da federação (União, Estados, Municípios e Distrito Federal), nos artigos 21, 23, 25, 
30 e 32. 
Entretanto, deve-se entender, que tais indicações são de caráter exemplificativo e, não, 
exaustivo, como segue: 
 
Serviço Público pode ser compreendido no sentido estrito, como aquele prestado de forma 
obrigatória e direta pela Administração, ou no sentido de Serviço de Utilidade Pública, 
como aquele oferecido de forma facultativa pelo Estado, e/ou aquele de prestação indireta, 
por meio de autarquias, paraestatais, concessionárias, permissionárias, dentre outros. 
 
2.2.2 Serviços essenciais 
 
Muito se tem discutido, especialmente no Judiciário, acerca de serviços públicos essenciais, 
estando pacificado que esses tipos de serviços não podem ser interrompidos. 
 
 
 
 
 
 
 
8 
Poder Vinculado 
Poder Discricionário 
 
 
 
Contudo, há de se discordar do conceito de essencialidade aplicado pela maioria, pois do 
ponto de vista do indivíduo, não se pode medir a importância de determinado serviço apenas 
por sua relevância coletiva. Ou seja, mesmo não fazendo parte do rol de serviços essenciais 
definidos pelas fontes do direito, todos os demais serviços operados pelos órgãos públicos 
podem ser essenciais ao cidadão em determinado momento. 
A não obtenção de uma certidão, de uma autorização, ou qualquer outra chancela do poder 
público, por exemplo, pode resultar em prejuízo à pessoa. Prejuízo não só de ordem material, 
mas, acima de tudo, transtornos emocionais e psíquicos, de valores inestimáveis. 
 
2.2.3 A organização dos Serviços Públicos 
 
Alguns poderes específicos são atribuídos aos administradores da coisa pública. Dentre 
eles, o de organizar o funcionamento de seus órgãos. 
A ação do agente público, inclusive, pode ser manifestada por intermédio de dois tipos de 
Poder: o vinculado e o discricionário. O Poder Vinculado, como o próprio termo sugere, 
obriga o ato à obediência à lei, enquanto que o Poder Discricionário dá maior margem de 
liberdade ao administrador. 
 
 
 
É certo que ao Administrador Público, e à autoridade do Legislativo ou Judiciário nas funções 
administrativas, é dado o poder de agir pela conveniência do ato, tratando-se, neste caso, 
do Poder Discricionário. 
Todavia, neste caso, não significa que a autoridade terá integral liberdade de agir, pois terá 
que se limitar ao atendimento da conveniência e oportunidade, sem ferir os princípios 
basilares da Administração. 
Entretanto, reprisem-se, tais agentes não podem infringir dispositivos e princípios 
constituídos, sobretudo aqueles agasalhados pelo manto da Carta Magna. 
Por sua vez, Petrônio Braz, em seu Manual de Direito Administrativo (1999, p.197), pondera: 
“O ato administrativo será discricionário quando a Administração dispõe, para editá-lo, de 
liberdade de escolha da oportunidade e da conveniência, dentro dos limites da lei”. 
 
9 
https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/1367/Poder-vinculado
https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/823/Poder-discricionario
https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/1367/Poder-vinculado
https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/823/Poder-discricionario
§3º o art. 37 
 
 
 
Segundo Maximilianus Cláudio Américo Fuhrer e Maximiliano Roberto Ernesto Fuhrer, em 
Resumo de Direito Administrativo (1998, p.30) afirmam: “A discricionaridade não se 
confunde com a arbitrariedade. Esta se caracteriza quando a autoridade age fora do 
interesse público, sem competência, ou de forma ilegal”. 
Nesse sentido, Celso Antônio Bandeira de Mello, no livro Curso de Direito Administrativo 
(1994), complementa: “Ao agir arbitrariamente, o agente estará agredindo a ordem jurídica, 
pois terá se comportado fora do que lhe permite a lei”. 
Por seu turno, o Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Luiz Fux, ao relatar O Recurso 
Especial nº 575998/MG (2003/0135074-8), da 1ª Turma, em 07.10.2004, afirmou que o 
poder discricionário do Administrador Público é menor que o poderdos princípios 
constitucionais, pelo que deve submeter-se a estes. 
 
2.2.4 Direito de reclamação do usuário 
 
2.2.4.1 Previsão constitucional 
 
Luiz Carlos Bresser Pereira (2001, p.146), escrevendo a obra Reforma do Estado para A 
Cidadania asseverou: 
[...] a crença na possibilidade do planejamento e do controle central dos 
serviços do Estado por uma burocracia racional diminui a cada dia, en- 
quanto aumenta a confiança de que, no nível local, cada vez mais, é e se- 
rá possível controlar o Estado e a sua burocracia. 
 
Felizmente, a Emenda Constitucional nº 19, de 05 de junho de 1998, modificou o parágrafo 
3º do artigo 37 da Constituição Federal (1988), lançou uma fagulha de esperança sobre a 
proteção dos direitos dos usuários da Administração Pública, remetendo a questão a ser 
disciplinada por meio de lei complementar. 
 
Segundo o entendimento de Adriana da Costa Ricardo Schier (2002, p.8) a modificação do 
§3º o art. 37 da Constituição Federal (1998) significa: “[...] o fundamento de validade e 
legitimidade do direito pátrio, portanto, está novamente calcado nos alicerces da democracia 
e da justiça social”. 
 
 
 
 
 
 
 
10 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10711093/paragrafo-3-artigo-37-da-constituicao-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10711093/paragrafo-3-artigo-37-da-constituicao-federal-de-1988
Inoperosidade 
 
Ampliando os Horizontes 
Saiba mais assistindo o vídeo sobre Princípios do Código de Defesa do 
Consumidor. 
https://www.youtube.com/watch?v=TkJlomOt0y0 
 
 
 
Afirma ainda a autora: 
 
Com efeito, alarga-se as possibilidades do cidadão controlar os serviços 
públicos. Eles podem ser prestados através de um regime mais flexível, 
pois seus resultados serão apreciados por aqueles a quem devem atender: 
os usuários ou cidadãos-clientes, na terminologia adotada com a reforma 
(SCHIER, 2002, p. 216-217). 
 
E vale comemorar que, da Emenda 19 (1998) pra cá, dois dispositivos desse parágrafo em 
discussão (§3º, do art. 37) já foram regulamentados. 
 
Primeiro, foi o inciso II, que assegura o acesso dos usuários a registros administrativos e a 
informações sobre atos de governo. 
 
A Lei Federal 12.527/2011, denominada popularmente de LAI – Lei de Acesso à Informação, 
garantiu detalhadamente este direito, definindo formas e critérios. 
 
Na sequência, veio a Lei Federal 13.460/2017, apelidada de Código de Defesa dos Direitos dos 
Usuários dos Serviços Públicos, para afirmar a legitimidade de manifestações em forma de 
reclamações, denúncias, sugestões, elogios e demais pronunciamentos de usuários que tenham 
como objeto a prestação de serviços públicos e a conduta de agentes públicos na prestação e 
fiscalização de tais serviços. 
 
 
2.2.4.2 Aplicação do Código de Defesa do Consumidor 
 
Atualmente, há uma predominância da teoria de que não se aplica ao caso os princípios do 
Direito do Consumidor, por não se tratar de relação de consumo. Alega-se que no assunto 
em discussão, serviço público, aparece o Estado e o Contribuinte e não o Empresário e o 
Consumidor. 
 
11 
https://www.dicio.com.br/inoperosidade/
https://www.youtube.com/watch?v=TkJlomOt0y0
Capítulo 
art. 37 
 
Mas o relacionamento em muito se assemelha, pois em ambos os casos existem aquele que 
paga, e aquele que fornece ou presta o serviço. 
Aliás, o Código de Defesa do Consumidor (CDC), editado pela Lei n 8.078/90, equiparou o 
prestador de serviços públicos a fornecedor e o serviço a produto, mas tem gerado grande 
controvérsia. 
Porém, o que mais afronta a cidadania, é a diferença com que é tratado o Contribuinte, em 
comparação com o Consumidor. Enquanto este negocia valores, escolhe qualidades e é 
recebido com cortesia e empenho, aquele é submetido ao descaso, à arrogância, à 
imposição, sem poder esboçar reação, já que não possui o poder de escolher o órgão que 
melhor lhe atenda, mas fica sujeito às determinações do Estado. 
Ou seja: no relacionamento entre Estado e Contribuinte, inexiste a figura da concorrência, o 
que resulta em liberdade plena de atos, por parte deste. 
 
 
 
 
3 FUNDAMENTOS, PRINCÍPIOS E ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
3.1 FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
A Administração Pública é a materialização dos atos do Estado, atuando na promoção do 
bem comum e na manutenção da ordem social, utilizando-se da estrutura daquele, para a 
realização de serviços de interesse público. 
Sua existência está fundamentada na existência do próprio Estado, e sua atuação se vê 
subordinada à lei do Estado e aos princípios que lhe são aplicáveis. 
Com isso, pode-se constatar que o fundamento da Administração Pública oriunda do 
surgimento e organização estatal, sendo regulada pelos instrumentos do direito público e, 
em situações excepcionais, do direito privado. 
 
3.2 PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
3.2.1 Princípios Constitucionais (art. 37) 
 
 
 
 
12 
https://www.senado.gov.br/atividade/const/con1988/con1988_04.10.2017/art_37_.asp
http://estadodedireito.com.br/conflitosnonovo/
 
I- Legalidade 
 
No Brasil, "[...] ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei", dispõe o inciso II, do art. 5º, da Constituição Federal Brasileira de 1988. Isto 
vale para todo cidadão brasileiro! 
No entanto, tratando-se da Administração Pública, a regra é ainda mais rigorosa. O 
administrador público deverá estar sempre submisso à lei. 
A ex-primeira ministra da Inglaterra Margaret Tatcher de 1979 a 1990, denominada de “Dama 
de Ferro”, afirmava: “A Autoridade está abaixo da lei e a lei está abaixo de Deus”. 
Assim, nos ensinamentos de Di Pietro, “[...] a administração pública não pode por simples 
ato administrativo, conceder direitos de qualquer espécie, criar obrigações ou impor 
obrigações aos administrados; para tanto ela depende da lei”. 
Nesta vertente, Hely Lopes Meirelles (2006), menciona: 
 
Na administração pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto 
na administração particular é lícito fazer tudo o que a lei não proíbe, na 
Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza. A lei para o 
particular significa „pode fazer assim‟, para o administrador público significa 
„deve fazer assim. 
 
II - Impessoalidade 
 
O administrador não poderá satisfazer interesse privado, de um ou de outro, mas visar 
sempre o bem comum; a coletividade; o interesse público. 
 
É o clássico princípio da finalidade. 
O fim legal é aquele que a lei estabelece, tendo sempre um objetivo, que é o interesse 
público. 
Esse princípio também deverá ser entendido para se excluir a promoção pessoal de 
autoridades ou servidores públicos sobre suas realizações administrativas, conforme dispõe 
o artigo 37, § 1º da Constituição da República Federativa do Brasil (1988): 
 
A publicação dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos 
públicos deverão ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, 
dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizam 
promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. 
 
 
Qualquer ato administrativo que não atender ao interesse público estará sujeito, à anulação 
por desvio de finalidade. Observe que o desvio de finalidade por parte dos agentes públicos 
constitui modalidade de abuso de poder. 
É em decorrência deste princípio que temos o concurso e a licitação. 
É um princípio ligado ao da isonomia (igualdade de direitos para todos). 
 
 
13 
habeas data 
 
III- Moralidade 
 
 
É atuar com ética, com honestidade, com integridade de caráter e boa conduta. 
O ato administrativo não terá que obedecer somente à lei jurídica, mas também à lei ética 
da própria instituição, porque nem tudo que é legal é honesto, como já diziam os romanos: 
non omne quod licet honestum est (DI PIETRO, 2001). 
 
IV- Publicidade 
 
É a divulgação oficial do ato para conhecimento público e início de seus efeitos externos. 
Um ato, mesmoregular, precisa da publicação para produzir efeitos no mundo jurídico. 
É um princípio que visa não somente a divulgação oficial dos seus atos, mas, também, 
propicia o conhecimento da conduta interna de seus agentes. 
 
Além de dar efeito aos atos administrativos, assegura efeitos externos, pois leva ao 
conhecimento e controle pelos interessados diretos e pelo povo em geral, através de meios 
constitucionais, como ação popular, mandado de segurança, direito de petição, habeas data. 
 
 
 
V- Eficiência 
 
Surgiu na Constituição Federal Brasileira (1988) pela Emenda de19 de junho de 1988, e foi 
inserida no art. 5º do texto legal. 
Por esse princípio, a Administração Pública deverá investir na qualidade dos serviços 
públicos, escolhendo bem e capacitando seus servidores, para exigir deles a realização com 
competência de suas atribuições, para melhor aplicação do dinheiro público e melhores 
atendimentos à população (contribuintes). 
 
3.2.2 Princípios fundamentais da Administração Pública 
 
A Reforma Administrativa de 1967 em seu artigo 6º do Decreto-Lei 200/67 estabelece os 
princípios fundamentais de planejamento, coordenação, delegação de competência, 
controle, descentralização da Administração Federal. 
 
 
 
 
14 
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/3086/Habeas-Data
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/3086/Habeas-Data
 
 
 
I – Planejamento 
 
A Administração Pública deve realizar o planejamento, e indicar diretrizes e metas que 
deverão orientar a ação governamental. 
Para os demais entes da Federação (Estados, Distrito Federal e Municípios), mesmo não se 
submetendo a esse Decreto-Lei, deverá se submeter às normas gerais de Planejamento, 
que são a Lei Orçamentária Anual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias, e o Plano Plurianual 
de Investimento. 
O Planejamento básico da Administração está previsto na Constituição Federal (1988) em 
seus artigos 165 a 169, na Lei Complementar 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), e 
na Lei nº 4.320/64 (Lei da Contabilidade Pública). 
 
II – Coordenação 
 
O princípio da coordenação visa entrosar as atividades da Administração Pública. O objetivo 
é harmonizar todas as atividades da Administração Pública, submetendo-as ao que foi 
planejado. 
De aplicação permanente, a coordenação impõe-se a todos os níveis da Administração 
Pública, por meio das chefias individuais, de reuniões de que participem as chefias subor- 
dinadas e de comissões de coordenação em cada nível administrativo. 
 
III - Delegação de Competência 
 
Nesse princípio, as autoridades da Administração Pública transferem atribuições decisórias 
a seus subordinados. 
 
 
IV – Controle 
 
 
O controle das atividades administrativas da Administração Pública é um dos meios pelos 
quais se exercita o poder hierárquico. 
Desta forma, temos um órgão superior controlando um órgão inferior. 
 
V – Descentralização 
 
No sentido jurídico-administrativo, descentralizar significa repassar para a outrem poderes 
da Administração. 
É a existência de uma pessoa distinta do Estado, a qual, investida nos necessários poderes 
de administração, exercita atividade pública ou de utilidade pública. 
15 
COAÇÃO 
COERÇÃO 
 
 
 
O ente ou entidade descentralizada age por outorga ou por delegação. Exemplos: convênios, 
concessões, permissões e autorizações. 
 
3.2.3 Princípios Gerais da Administração Pública 
 
 
I - Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Interesse Privado 
 
Na visão de Marçal Justen Filho (2005): “[...] a supremacia do interesse público significa sua 
superioridade sobre os demais interesses existentes na sociedade. Os interesses privados 
não podem prevalecer sobre o interesse público”. 
Assim, quando a Administração desapropria um bem, está agindo em defesa do interesse 
público, mesmo que para isso esteja ignorando o interesse privado. 
Dessa forma, quando alguém é impedido em uma porta giratória de banco, por exemplo, os 
seus direitos individuais (ir e vir, privacidade) são menores que o direito de segurança 
pública, que abrangerá a muitos. 
 
II - Princípio da Razoabilidade (Parâmetro de Equilíbrio; Racionalismo). 
 
O administrador deverá pesar suas ações e decisões, para não agir com excessos e cometer 
injustiças ou prejuízos desnecessários. 
 
III - Princípio da Proporcionalidade 
 
O administrador deverá medir sempre a proporção entre seus atos, e respectivas razões e 
consequências. O uso da força pelo Estado é denominado de COERÇÃO. 
 
Não confundir com COAÇÃO, que é o constrangimento físico ou moral para alguém 
praticar algum ato. 
 
 
 
No entanto, a COERÇÃO deverá ser proporcional a cada caso. 
 
 
16 
https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/68/Coacao
https://www.dicio.com.br/coercao/
https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/68/Coacao
https://www.dicio.com.br/coercao/
art. 5º, inciso LV, da CF/98 
 
 
 
 
 
 
A desproporção nos atos do administrador poderá gerar, entre outras irregularidades, a do 
abuso de poder. 
 
IV - Princípio da Motivação 
 
É o dever que a Administração tem de justificar seus atos. 
O administrador só poderá acionar a máquina pública, desde que exista motivo legal para 
tanto. 
 
 
 
V - Princípio do Devido Processo Legal e a Ampla Defesa 
 
A atual Constituição Federal promulgada em 05/10/1988 consagrou no art. 5º, inciso LIV, da 
CF: “[...] ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. 
 
Por sua vez, preconiza o art. 5º, inciso LV, da CF/98: “[...] aos litigantes, em processo judicial 
ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla 
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. 
 
 
VI - Princípio do Controle Judicial dos Atos Administrativos 
 
Considerando que os atos do administrador poderão ter, eventualmente, algum defeito ou 
ilegalidade, o Poder Judiciário poderá anular atos administrativos. 
No entanto, a própria administração poderá REVOGAR ou ANULAR um ato administrativo, 
se detectar que ele é contrário ao interesse público, ou à conveniência administrativa. No 
caso de revogação ou anulação, poderá ser declarado o efeito do ato: 
 
- Ex nunc (o efeito não retroage, e mantém o direito até ali (presente data). 
- Ex tunc (retroage, e anula os direitos dali). 
 
 
 
 
 
 
 
17 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10728312/inciso-lv-do-artigo-5-da-constituicao-federal-de-1988
Ex tunc 
 
 
 
 
 
 
 
 
VII - Princípio da Responsabilidade do Estado por Atos Administrativos 
 
A Constituição Federal (1988) estabelece no art. 37, parágrafo sexto, prescrevendo que: 
As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado 
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus 
agentes, nessa qualidade, causarem danos a terceiros, assegurado 
o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou 
culpa. 
 
Assim, caso alguém se sinta prejudicado por ato de algum agente do Estado, poderá optar 
em acionar apenas este, já que o agente estava aos seus serviços. Exemplo: Uma 
ambulância da prefeitura bate em seu veículo; se a culpa não foi sua, você poderá buscar 
(administrativa ou judicialmente) o ressarcimento do dano diretamente contra o respectivo 
Município (Poder Executivo). 
É claro que essa é uma opção do prejudicado, já que ele poderá escolher apenas um, ou 
mesmo, os dois (agente e município, ou um ou outro).Em caso de se provar que o agente 
agiu com culpa e o Estado (Município) foi responsabilizado, este poderá (deverá) exigir o 
ressarcimento daquele. 
 
VIII - Presunção de Legitimidade 
Os atos da Administração Pública presumem-se legítimos até que se prove o contrário. 
 
 
IX – Especialidade 
 
Está associado à descentralização administrativa e à criação de entidades da administração 
indireta: autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações 
públicas. 
 
X – Tutela 
 
É o controle feito pelaAdministração Pública Direta sobre as entidades da Administração 
Pública Indireta. 
18 
Ex nunc 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ex_tunc
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ex_nunc
 
XI - Autotutela 
É o poder da Administração Pública de revogar ou anular seus próprios atos. 
 
 
XII - Continuação do Serviço Público 
 
O serviço público é essencial para a sociedade e não poderá parar. 
Princípio cuja previsão poderá ser encontrada nas Leis Federais nº 8.987/95 (das 
concessões) e nº 8.078/90 (CDC), por analogia, bem como pela consagração doutrinária e 
jurisprudencial. 
As interrupções, suspensões, ou prestação de forma reduzida, têm sido condenadas pelos 
mais ilustres doutrinadores de nossa pátria. 
Serviços Públicos oferecidos de maneira alternada, retardada ou falha é, segundo o mestre 
Hely Lopes Meirelles (2005, p.323) afronta do Estado ao direito do usuário, eis que este, por 
arcar com o ônus desses serviços, merece ser tratado com apreço e consideração. 
 
3.3 A ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA MUNICIPAL 
 
3.3.1 O Município: Organização, Autonomia e Competências. 
 
Antes do termo MUNICÍPIO, as aglomerações urbanas possuíam o nome de 
CIDADEESTADO, que surgiu com a República Romana, no ano de 753 antes de Cristo. 
O Império Romano dominou a maior parte do mundo civilizado por aproximadamente 12 
(doze) séculos. Segundo a história, o Imperador Romano Julio Cesar, para manter a paz 
sobre as cidades conquistadas, criou a figura do municipium ou municipia, quando oferecia 
aos moradores subjugados a Roma, de determinada aglomeração, o direito da 
autoorganização e de escolherem seus governantes (60 a.C.) 
Assim, o sistema de organização urbana com o nome de MUNICÍPIO, passou a fazer parte 
de todos aqueles povos e se estendendo a outras partes do mundo, chegando a Portugal. 
No Brasil Colônia, embora as repartições ganhassem outras nomenclaturas (Vilas, 
Províncias, dentre outras), o termo era aplicado na existência da Câmara Municipal. 
De Constituição a Constituição, desde a primeira do Brasil, em 1824, o Município foi 
obtendo maior importância. 
Porém, apenas na Constituição Federal de 1988, é que foi concebido o MUNICÍPIO nos 
moldes do que é hoje. 
Atualmente, o Município é tido como um dos entes (partícipe) da Federação. 
Assim, segundo o art. 1º da CF/88, a República Federativa do Brasil é formada pela UNIÃO 
dos Estados, Municípios e Distrito Federal. E, para explicar a divisão administrativa do 
 
 
 
 
 
19 
 
país, o art. 18 da Constituição Federal define que: “A organização político-administrativa da 
República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição”. 
 
3.3.2 A Criação dos Municípios 
 
A Constituição Federal Brasileira de 1988, ao prever a criação de novos Municípios, deixou 
a regulamentação para as Assembleias Legislativas dos Estados. 
Entretanto, por interesses políticos diretos dos Deputados Estaduais e outras lideranças 
locais, de1988 até 1996 foram criados mais 1.480 Municípios no Brasil, levando o número 
total para 5.562, e ainda existiam mais aproximadamente 900 em processo de criação. 
Atendendo à necessidade de controlar a desenfreada proliferação de novas cidades no país, 
o Congresso Nacional votou a Emenda Constitucional nº 15, que alterou o artigo 18, e 
remeteu para uma Lei Complementar Federal a competência para regulamentar a maté- ria. 
De lá pra cá, muita discussão jurídica, inclusive, porém praticamente cessou a criação de 
novos municípios no país. E, apesar da Emenda Constitucional 57 de 2008 ter tratado da 
matéria (convalidou a criação de alguns municípios especificamente), até agora não foi 
aprovada a Lei Complementar Federal que regulamenta a criação de Municípios no Brasil. 
Vários projetos de leis já foram aprovados no Congresso, mas foram vetados pela 
presidência da república, sob alegação de “iniciativa prejudicial ao erário”. 
No dia 15 de julho de 2015, o Senado Federal aprovou (57 votos a 9) o Projeto de Lei 
Complementar 199/2015, de autoria do senador Flexa Ribeiro, que regula a criação, 
incorporação, fusão e desmembramento de municípios, o qual foi encaminhado à Câmara 
dos Deputados. 
Em trâmite atualmente na Câmara dos Deputados com o número 137/2015, teve outro 
projeto de lei similar anexado a ele, de iniciativa do Deputado Daniel Vilela, sob o nº 
283/2016. 
No entanto, por estar em processo de criação anteriormente à Emenda nº 15, nasceram 
posteriormente mais alguns Municípios, resultando atualmente em 5.568, segundo o TSE - 
Tribunal Superior Eleitoral. 
 
3.3.3 Organização do Município 
 
A divisão político-administrativa do Município possui uma sede (cidade) e distritos, cujas 
sedes podem ser chamadas de vilas. 
 
 
 
 
 
20 
http://www.senado.leg.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_mate=120554
 
 
 
Os Poderes no Município são o Executivo e o Legislativo. 
 
 
O Executivo é comandado pelo Prefeito, a partir do Paço Municipal (Prefeitura). O Prefeito é 
eleito pelos eleitores locais, para um mandato de 04 (quatro) anos, e tem a responsabilidade 
de administrar o funcionamento da “máquina pública”, visando o fornecimento de serviços 
essenciais à população, além de orientar o planejamento urbano e promover o bem comum 
da sociedade municipal. 
 
Para tanto, poderá utilizar a administração direta (prefeitura e seus órgãos), mas poderá 
possuir entidades de administração indireta, para descentralização das competências 
(autarquias, fundações públicas, empresas de públicas ou de economia mista). 
 
Na administração direta, a prefeitura possui via de regra em sua estrutura administrativa, 
órgãos denominados de Secretarias, Departamentos, Coordenações, Gerencias, Diretorias, 
Divisões, Serviços e Setores. 
 
Os órgãos são definidos como de meios, quando oferecem condições às Secretarias para 
suas operações, destinados ao planejamento, à instrumentalização e definição das ações a 
serem realizadas. 
Geralmente, são os seguintes órgãos meios: 
- Secretaria de Governo. 
- Secretaria de Administração. 
- Secretaria de Planejamento. 
- Secretaria Jurídica. 
- Secretaria de Finanças. 
 
Como órgãos fins (aqueles que realizam as ações): 
- Secretaria de Obras. 
- Secretaria de Urbanismo. 
- Secretaria de Transportes. 
- Secretaria de Cultura e Esporte. 
- Secretaria de Saúde. 
- Secretaria de Educação. 
- Secretaria de Meio Ambiente. 
- Secretaria de Bem Estar Social. 
 
 
 
21 
Município 
arts. 158 e 159 da CF/88 
 
Para realizar suas ações, o Poder Executivo Municipal, comandado pelo Prefeito, utiliza 
trabalhadores denominados Servidores (efetivos, comissionados e temporários), ou 
terceiros, investidos em funções de agentes públicos (conselheiros, advogados contratados 
e cartorários, dentre outros). 
 
O Município, enquanto pessoa jurídica de direito público interno possui bens e rendas. Seus 
bens são divididos, em regra da seguinte forma: 
 
- DE USO ESPECIAL 
(de uso próprio da Administração, como o prédio da prefeitura, as escolas, o posto de saúde, 
as secretarias, dentre outros.) 
 
- DE USO COMUM DO POVO 
(tais como estradas municipais, ruas, parques, praças, logradouros públicos, etc.). 
 
- DOMINIAIS 
(aqueles sobre os quais o Município exerce os direitos de proprietário, porém, estão sem 
uso, e disponíveis). 
 
 
3.3.4 Fontes de Recursos Públicos Municipais 
 
Os recursos públicos dos Municípios são oriundos dos tributos arrecadados em seu território, 
ou de sua cota-parte repassada pelo respectivo Estado e pela União. 
Nos artigos 145 e 156 da CF/88, está estabelecida a competência do Município para criar e 
receber seus próprios tributos como: IPTU - ISSQN - ITBI - Contribuição de Melhoria – Taxas 
e Tarifas. 
 
Porém, os arts. 158 e 159 da CF/88 definem que certo percentual dos impostos arrecadados 
pelo Estado (ICMS – IPVA – ITCMD), respectivo, bem como, dos impostos recebidospela 
União (IR – ITR – IPI – IOF – II – IE), deverão ser devolvidos ao Município (FPM e Repasses 
específicos). 
 
Outros recursos ainda poderão perfazer a receita pública de um Município, como as 
heranças, alienações, aluguéis, indenizações, dentre outros (como as receitas não 
22 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Munic%C3%ADpio
http://www.fazenda.mg.gov.br/governo/assuntos_municipais/legislacao/constitfed1988.htm
https://pt.wikipedia.org/wiki/Munic%C3%ADpio
http://www.fazenda.mg.gov.br/governo/assuntos_municipais/legislacao/constitfed1988.htm
 
tributárias). 
 
O território do Município é dividido entre área urbana e área rural, definidas por meio de lei 
de zoneamento. 
Atualmente, o Plano Diretor define a ocupação, utilização e destinação de cada espaço no 
âmbito do Município (residencial, comercial, industrial, ambiental, dentre outros.) 
 
3.3.5 A autonomia do Município 
 
A autonomia dos Municípios, embora estivesse sempre implícita no sistema brasileiro, 
antigamente era atingida pela interpretação de cada época, em especial, nos regimes de 
exceção (autoritários...). 
 
Evoluindo e firmando a questão, os constituintes de 1988 definiram expressamente essa 
autonomia municipal, principalmente nos 
 
 
A autonomia representa a não subordinação do governo municipal a qualquer autoridade 
estadual ou federal, no desempenho de suas atribuições. 
 
Representa, ainda, que as leis municipais em assuntos de competência expressa e exclusiva 
dos Municípios, prevalecem sobre as leis - estadual e federal, inclusive sobre a Constituição 
Estadual, em caso de conflito. 
 
Os principais aspectos que indicam a autonomia dos Municípios: 
- eleição direta do Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores; 
- organização dos serviços públicos de interesse local; 
- instituição e arrecadação dos tributos de sua competência, bem como aplicação de suas 
rendas; 
- competência para legislar sobre assuntos de interesse local, inclusive suplementando a 
legislação federal e estadual, no que lhe interessar e for possível. 
 
3.3.6 Competências dos Municípios 
 
A relação é essa, indicada pela Constituição Federal de 1988: 
 
 
 
 
 
 
23 
arts. 1º, 18, 29, 30, 35, 145 e 156, da Carta Magna brasileira. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
 
Art. 30. Compete aos Municípios: 
I - legislar sobre assuntos de interesse local; 
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; 
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como 
aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar 
contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;” 
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação 
estadual; 
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou 
permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de 
transporte coletivo, que tem caráter essencial; 
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do 
Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental; 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). 
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do 
Estado, serviços de atendimento à saúde da população; 
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, 
mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da 
ocupação do solo urbano; 
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, 
observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual 
[grifos nossos]. 
 
 
3.3.7 Intervenção nos Municípios 
 
A Constituição Federal de 1988 regulamentada, nos arts. 35 e 36, as únicas exceções em 
que o Estado poderá intervir no Município. São elas: 
 
I- deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos 
consecutivos, a dívida fundada; 
II- não forem prestadas contas devidas, na forma de lei; III- 
não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na 
manutenção e desenvolvimento do ensino; 
IV- o Tribunal de Justiça der provimento a representação para 
assegurar a observância de princípios indicados na Constituição 
Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão 
judicial. 
 
3.4 PODER LEGISLATIVO MUNICIPAL 
 
3.4.1 Administração Pública 
 
Embora ocorra uma identificação maior do Poder Executivo como Administração Pública, o 
certo é que os três poderes podem realizá-la. 
Segundo o renomado doutrinador Hely Lopes Meirelles (2005): “Administração Pública é 
todo o aparelhamento do Estado, preordenado à realização de seus serviços, visando à 
satisfação das necessidades coletivas.” 
 
 
 
24 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc53.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc53.htm#art1
Vereador 
res publica 
 
 
 
Para Oswaldo Aranha Bandeira de Mello (2009, p.36) assevera: “Administrar é gerir os 
serviços públicos; significa não só prestar serviço e executá-lo, como também, dirigir, 
governar, exercer a vontade com o objetivo de obter um resultado útil”. 
Assim, todas as vezes que os outros poderes distintos do Executivo estão atuando na 
prestação de serviços públicos, serão caracterizados como Administração Pública. 
O doutrinador Celso Antônio Bandeira de Mello (2008, p.36), por sua vez, explica que a 
função administrativa pode ser exercida “[...] normalmente pelo Poder Executivo e seus 
sujeitos auxiliares e, atipicamente, por órgãos de outros Poderes”. 
Com isso, o Poder Legislativo também faz parte da estrutura da Administração Pública local. 
 
3.4.2 História e conceito de Câmara Municipal 
 
A primeira Câmara Municipal criada no Brasil aconteceu em 1534. 
O Conselho da Vila de São Vicente-SP, eleito em 1534, além de outras autoridades, era 
composto por vereadores. 
O termo Câmara tem como significado a reunião dos vereadores e se estende ao próprio 
edifício onde se reúnem, sendo referida também como conselho e os vereadores como 
conselheiros. 
A palavra vereador segundo define o dicionário de Francisco Solano Constâncio (1873) tem 
origem no verbo verear, contração de verificar, ou seja, vigiar sobre a boa administra- ção 
da vila, reger e cuidar da res publica ou bem público. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Assim, os vereadores eram definidos como membros da Câmara, Cúria, Conselho ou 
Assembleia do Município que o representam e administram as suas rendas. Os antigos 
vereadores, além de membros de uma corporação administrativa, também integravam um 
tribunal judiciário, o que lhes dava o estatuto de oficiais de justiça. 
 
25 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Vereador
https://pt.wikipedia.org/wiki/Res_publica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Vereador
https://pt.wikipedia.org/wiki/Res_publica
 
Ampliando os Horizontes 
Saiba mais sobre quais é o papel principal da Câmara Municipal e qual 
sua relação com a Prefeitura. 
Acesse: http://www.politize.com.br/camara-municipal-o-que-faz/ 
 
 
 
 
 
A primeira Constituição Brasileira, a do Império, de 1824, já previa a existência e atuação 
dos vereadores. De lá pra cá, todas as demais Constituições do Brasil (1891-1934-1937- 
1946-1967 e 1988) mantiveram a CÂMARA MUNICIPAL e o cargo de Vereador, até mesmo 
no período do Estado Novo (10.11.1937 a 18.09.1946) que Getúlio Vargas tirou os poderes 
dos parlamentos e o direito do povo escolher seus governantes. 
Atualmente, o número de Câmaras Municipais no Brasil é idêntico ao número de Município, 
perfazendo um total de 5.568. 
 
 
 
 
 
3.4.3 Principais atribuições da Câmara Municipal 
 
Segundo a doutrina predominante, as principais atribuições da Câmara Municipal, e por 
extensão dos vereadores, são: 
 
- LEGISLAR (é o exercício de aprovar leis). 
- FISCALIZAR (são os poderes: Executivo e Legislativo Municipais). 
- JULGAR (julgamento político-administrativo do prefeito e dos vereadores). 
- ASSESSORAR (ao Poder Executivo). 
- ADMINISTRAR (o funcionamento da própria câmara). 
 
3.4.3.1- Legislação 
 
Por força da Constituição Federal de 1988, os Municípios tiveram sua competência 
legislativa ampliada, passando a ter obrigação ou a faculdade de legislar sobre determinados 
assuntos. 
E tendo em vista que a sociedade contemporânea evolui rapidamente, certos assuntos 
passaram a exigir a regulamentação, para manter-se a ordem social. 
 
 
 
26 
http://www.politize.com.br/camara-municipal-o-que-faz/
 
 
 
Com isso, além de analisar e votar os projetos de leis originadas do Poder Executivo local, 
a Edilidade também poderá ter iniciativa em Projetos de Leis de sua competência, ou até 
acatar Projetos de Leis indicados pela comunidade (popular). 
Tudo, obviamente nos termos delimitados pela Lei Orgânica Municipal. 
Assim, os Atos Legislativos com força de lei, de competência da Câmara Municipal são: 
– emendas à Lei Orgânica do Município; 
– leis complementares; 
– leis ordinárias; 
– decretos legislativos, e 
– resoluções. 
 
3.4.3.2 – Fiscalização 
 
Esse papel atribuído à Câmara de Vereadores tem como objetivo verificar se as verbas, bens 
e serviços públicos, estão sendo utilizados dentro da legalidade e em prol do bem estar dos 
munícipes locais. 
Para exercer sua função fiscalizadora, a Câmara Municipal poderá desenvolver trabalhos no 
âmbito das Comissões Permanentes, em Comissões Temporárias (especialmente na CEI), 
ou ainda contar com o auxílio do Tribunal de Contas e do Ministério Público. 
Nessa função, a Câmara poderá solicitar informações de qualquer outro órgão público, 
convocar pessoas para prestar esclarecimentos, e até contratar profissionais especializados. 
 
3.4.3.3 - Julgamento 
 
A Câmara de Vereadores poderá atuar excepcionalmente como Casa Julgadora. Porém, 
possui limitações quanto às pessoas a serem julgadas, aos assuntos, e às penas. 
As únicas pessoas que poderão ser julgadas pela Câmara Municipal são o Prefeito e os 
Vereadores. 
Os assuntos objetos de julgamento deverão ater aos temas de natureza político- 
administrativos, que estão previstos no Decreto-Lei 201/67. Ou seja, se o assunto a ser 
julgado se constitui crime comum (que não seja político-administrativo), a competência para 
o julgamento será do Poder Judiciário e, não, da Câmara Municipal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
 
 
 
 
3.4.3.4 - Assessoramento 
 
A Câmara Municipal poderá também atuar no assessoramento do Poder Executivo local, por 
intermédio da Indicação. 
Indicação é uma forma de a Câmara Municipal solicitar medidas de interesse público, cuja 
iniciativa ou execução administrativa seja de competência exclusiva do Poder Executivo. 
A Indicação, após ser apresentada por um ou mais vereador, deverá ser lida na sessão e 
encaminhada pelo Presidente da Casa, independentemente de votação (a não ser que o 
autor peça para ser levada à votação). 
É certo que o Prefeito não é obrigado a atender a Indicação, no entanto, é por meio dela que 
o vereador comunica ao Chefe do Poder Executivo Municipal da existência de providência a 
ser tomada, e busca resoluções para casos específicos em sua comunidade. 
 
3.4.3.5 - Administração 
 
Compete à Câmara Municipal administrar suas próprias verbas, aplicando-as 
exclusivamente para o desempenho de suas atividades. A Casa de Leis não poderá investir 
recursos públicos em outras áreas, que não aquelas peculiares à sua atuação. 
E considerando que se trata de verbas públicas, as autoridades responsáveis por essa área 
nas Câmaras Municipais devem obedecer rigorosamente às regras legais impostas à gestão 
e aplicação do dinheiro público, visando organizar e manter sua estrutura, a fim de 
proporcionar o bom funcionamento do Poder Legislativo Municipal. 
 
3.4.4 Principais competências da Câmara Municipal 
 
3.4.4.1 De competência do Município, com sanção obrigatória do Executivo 
 
Compete à Câmara Municipal deliberar, com a sanção do Prefeito, sobre todas as matérias 
da competência do Município, especialmente: 
 
 
 
28 
 
Ampliando os Horizontes 
Saiba mais sobre as funções da Câmara Municipal, Comissões, 
Vereadores acessando o link abaixo. 
Acesse: http://www.cmc.pr.gov.br/funcao.php 
http://www.cmc.pr.gov.br/funcao.php
 
 
 
I - plano plurianual, diretrizes orçamentárias e orçamento anual; 
II - abertura de créditos especiais, suplementares e extraordinários; 
III - concessão de isenções de impostos municipais; 
IV - planos e programas municipais e setoriais de desenvolvimento; 
V - fixação do efetivo, organização e atividades da Guarda Municipal; 
VI - criação, classificação e extinção de cargos, empregos e funções 
públicas municipais, na administração direta e indireta, fixando os 
respectivos vencimentos, observados os limites dos orçamentos anuais e o 
teto remuneratório previsto no artigo 37, XI da Constituição Federal; 
VII - regime jurídico e lei de remuneração dos servidores municipais, da 
administração direta e indireta; 
VIII - autorização de operações de crédito e empréstimos internos e 
externos, para o Município, observadas a legislação estadual e a federal 
pertinentes, conforme limites fixados pelo Senado Federal; 
IX - autorização de permissão e concessão de serviços públicos de 
interesse local a terceiros; 
X - aquisição, permuta ou alienação, a qualquer título, de bens municipais, 
na forma da lei; 
XI - matérias da competência comum, constantes do artigo 8º desta lei e do 
artigo 23 da Constituição Federal; 
XII - remissão de dívidas de terceiros ao Município, e concessão de 
isenções e anistia fiscais, mediante lei municipal específica; 
XIII - cessão, empréstimo ou concessão de direito real de uso de bens 
imóveis do Município; 
XIV - política de desenvolvimento urbano, atendidas as diretrizes gerais 
fixadas pelo Estatuto da Cidade e legislação correlata e o disposto no artigo 
182 da Constituição Federal; 
 
 
3.4.4.2 Com competência de iniciativa exclusiva da própria Câmara 
 
I - eleger sua Mesa e as comissões permanentes e temporárias, conforme 
dispuser o Regimento Interno; 
II - elaborar o Regimento Interno; 
III - dispor sobre sua organização, funcionamento e segurança; 
IV - dispor sobre a criação, transformação ou extinção de cargos, empregos 
e funções de seus serviços, e a iniciativa da lei para a fixação das 
respectivas remunerações, observados os limites do orçamento anual e dos 
seus valores máximos, conforme estabelece o artigo 37, XI, da Constituição 
Federal; 
V - aprovar créditos suplementares à sua Secretaria, até o limite da reserva 
de contingência do seu orçamento anual; 
VI - fixar em cada legislatura, para ter vigência na subseqüente, os 
subsídios dos Vereadores, que deverá ser reajustado com o mesmo índice 
e na mesma data dos reajustes ou revisão geral concedidos ao 
funcionalismo municipal; 
VII - fixar, em cada legislatura para ter vigência na subseqüente, os 
subsídios do Prefeito, Vice-Prefeito, e dos Secretários do Município, cujos 
reajustes seguirão as mesmas regras do inciso anterior; 
VIII - dar posse ao Prefeito e ao Vice-Prefeito; 
IX - conhecer da renúncia do Prefeito e do Vice-Prefeito; 
X - conceder licença ao Prefeito e aos Vereadores; 
XI - autorizar o Prefeito a ausentar-se do Município por mais de quinze 
dias e do País por qualquer prazo; 
XII - criar comissões de inquérito sobre fato determinado e referente à 
Administração Municipal; 
XIII - solicitar informações ao Prefeito sobre assuntos referentes à 
administração pública municipal; 
 
29 
Mesa Diretora 
 
XIV - apreciar os vetos do Prefeito; 
XV - conceder honrarias a pessoas que, reconhecida e comprovadamente, 
tenham prestado serviços relevantes ao Município; 
XVI - julgar as contas do Prefeito, na forma desta Lei Orgânica; 
XVII - convocar os Secretários para prestarem esclarecimentos sobre 
assuntos de suas competências; 
XVIII - votar, no prazo máximo de trinta dias do recebimento, os consórcios, 
contratos e convênios dos quais o Município seja parte e que envolvam 
interesses municipais; 
XIX - processar os Vereadores,conforme dispuser a lei; 
XX - declarar a perda ou suspensão do mandato do Prefeito e dos 
Vereadores, na forma desta Lei Orgânica e do Regimento Interno da 
Câmara Municipal, respectivamente; 
XXI - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do Poder 
regulamentar; 
XXII - fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo, inclusive os da 
Administração Indireta. 
 
 
 
3.4.5 Regimento Interno da Câmara Municipal 
 
Para regulamentar a organização funcional da câmara, o processo legislativo, bem como os 
direitos e deveres dos vereadores, toda câmara municipal tem um regimento interno. 
O regimento interno é proposto, votado e aprovado pelos próprios vereadores. O regimento 
interno não poderá desobedecer (conflitar) nem com a Lei Orgânica Municipal, nem tão 
pouco com a Constituição do Estado, nem com a Constituição Federal de 1988. 
A administração da Câmara é realizada por uma Mesa Diretora (comissão, geralmente 
formada por 04 pessoas sendo: presidente, vice, secretário e 2º secretário) eleita pelos 
próprios vereadores. 
 
 
 
A Câmara Municipal possui órgãos administrativos em sua estrutura organizacional, em 
número e competência de acordo com a realidade de cada Município. 
 
Para análise dos projetos que tramitam na câmara, são formadas comissões de vereado- 
res, respeitando sempre a proporção partidária (art. 58, §1º, da CF/88). 
 
Existem comissões obrigatórias e permanentes e existem comissões temporárias. Exem- 
plos de comissões permanentes: 
 
 
 
 
30 
https://www.jurisway.org.br/v2/pergunta.asp?idmodelo=9132
art. 29 da CF 
 
 
 
- comissão de constituição e justiça; 
- comissão de redação; 
- comissão de orçamento. 
 
 
Exemplos de comissões temporárias: 
- CEI – comissão especial de investigação; 
- comissão de estudos; 
- comissão processante; 
- comissão especial; 
- comissão de representação. 
 
O processo de votação de projetos é realizado no plenário, que é o local de deliberação da 
Casa. As reuniões oficiais da Câmara são denominadas de Sessão. 
Poderá ser: 
- sessão preparatória (após as eleições, e antes do início da Legislatura); 
- sessão de instalação (início de cada legislatura); 
- sessão ordinária; 
- sessão extraordinária; 
- sessão solene (posses). 
O período do mandato completo dos vereadores (atualmente de 04 anos) é denominado 
de Legislatura. Cada ano (exercício) é denominado de Sessão Legislativa. 
 
3.5 LEI ORGÂNICA MUNICIPAL 
 
Nos Municípios e no Distrito Federal não existem constituições, existem leis orgânicas. A Lei 
Orgânica Municipal é a maior das leis municipais e trata dos assuntos de interesse público 
local (art. 29 da CF). 
 
 
Obrigatoriamente ela repete as regras básicas da Constituição Federal e da Constituição 
Estadual, e regulamenta os assuntos de sua competência exclusiva, concorrente ou 
complementar. Nesta condição, deverá ser obedecida por todas as autoridades públicas 
municipais, e respeitada pela Câmara de Vereadores quando aprovar qualquer outra lei. 
 
 
 
 
31 
http://www.senado.gov.br/atividade/const/con1988/con1988_12.07.2016/art_29_.asp
http://www.senado.gov.br/atividade/const/con1988/con1988_12.07.2016/art_29_.asp
Lei Orgânica Municipal 
Capítulo 
 
 
 
A partir da Lei Orgânica Municipal, a Câmara de Vereadores tem competência exclusiva para 
aprovar a legislação local, que possuirá legitimidade em assuntos de competência expressa 
e exclusiva dos Municípios, prevalecendo sobre as leis - estadual e federal, in- clusive sobre 
a Constituição Estadual, em caso de conflito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 ESTRUTURA DO SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO 
 
4.1 DIREITOS POLÍTICOS 
 
Obviamente que a história dos direitos políticos no mundo possui uma gama de alterações, 
com variados tipos, formas e sistemas, numa crescente evolução de tempos em tempos. 
Aqui no Brasil, pode-se afirmar que o formato atual foi alcançado com sangue, suor e 
lágrimas. 
O que se tem no momento, é fundamentado no estado democrático de direito previsto no 
art. 1º da Constituição Federal vigente, visando à manutenção da soberania popular. 
Vejamos o texto fundamental, constante dos arts. 14, 15 e 16 da Constituição Federal de 
1988: 
 
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo 
voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, 
mediante: 
I - plebiscito; 
II - referendo; 
III - iniciativa popular. 
§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são: 
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; 
II - facultativos para: 
a) os analfabetos; 
b) os maiores de setenta anos; 
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. 
 
32 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/296619/lei-organica-do-municipio
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/296619/lei-organica-do-municipio
 
 
§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o 
período do serviço militar obrigatório, os conscritos. 
§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei: 
I - a nacionalidade brasileira; 
II - o pleno exercício dos direitos políticos; 
III - o alistamento eleitoral; 
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; 
V - a filiação partidária; 
VI - a idade mínima de: 
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e 
Senador; 
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito 
Federal; 
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, 
Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; 
d) dezoito anos para Vereador. 
§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. 
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito 
Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso 
dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subseqüente. 
§ 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os 
Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem 
renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito. 
§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os 
parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do 
Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito 
Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses 
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à 
reeleição. 
§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: 
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade; 
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade 
superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para 
a inatividade. 
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os 
prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a 
moralidade para exercício de mandato considerado vida pregressa do 
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência 
do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego 
na administração direta ou indireta. 
§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no 
prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas 
de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. 
§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, 
respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé. 
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão 
só se dará nos casos de: 
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; 
II - incapacidade civil absoluta; 
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus 
efeitos; 
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, 
nos termos do art. 5º, VIII; 
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. 
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de suapublicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da 
data de sua vigência. 
 
 
 
 
33 
 
 
 
E deste capítulo sobre os direitos políticos na CF, podemos extrair as seguintes 
conclusões: 
 
4.1.1 Instrumentos Políticos: 
 
1º VOTO: 
 
- Direito (o povo escolhe sem intermediário...). 
- Secreto (é sigiloso, ninguém sabe em quem). 
- Universal (para ricos, pobres, mulheres...) 
- Periódico (de tempo em tempo...vitalício não). 
 
Obs: Cláusula pétrea – Art. 60, §4º, II, da CF (não pode ser retirado da Constituição 
Federal): 
 
2º PLEBISCITO: 
 
- Iniciativa do Congresso Nacional. 
- Forma e Sistema de Governo. 
- Pergunta para o povo e, se houver concordância, faz a LEI. 
 
3º REFERENDO: 
 
- Iniciativa do Congresso Nacional. 
- Exemplo: Desarmamento. 
- Faz a lei, depois pergunta para o povo se concorda com sua aplicação. 
 
4º INICIATIVA POPULAR: 
 
- o povo poderá propor a criação de leis. 
 
Previsto no art. 14 da Constituição Federal (inciso III), a Iniciativa Popular é estendida aos 
Municípios, pelo inciso XIII, do art. 29: "[...] iniciativa popular de projetos de lei de interesse 
específico do Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de, pelo menos, 
cinco por cento do eleitorado" 
No entanto, atualmente tem se discutido a possibilidade da Iniciativa Popular em Projetos de 
Emendas à Lei Orgânica Municipal. A matéria é desafiadora e suscita controvérsias. 
Dependerá de análise da LOM, se existe previsão definida, sobre a lista de matérias de 
iniciativa exclusiva e indelegável do Poder Legislativo local. 
Contudo, a doutrina e a jurisprudência são conflitantes nos seguintes pontos: 
 
1º - se aplicado o princípio da simetria, não poderá haver iniciativa popular em projeto de 
emenda à lei orgânica, pois na esfera federal (vide art. 60 da Constituição Federal) isso não 
é permitido. 
34 
 
Aliás, nem a Carta Magna previu participação popular em projetos de Emenda à Lei 
Orgânica Municipal, mas limitou-a aos projetos de lei. 
Vejamos o inciso XIII, do art. 29: "[...] iniciativa popular de projetos de lei de interesse 
específico do Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de, pelo menos, 
cinco por cento do eleitorado" 
 
2º - se a iniciativa popular pode apresentar projeto com matéria de iniciativa reservada. 
 
 
4.1.2 Quem pode ser votado? (Condições de Elegibilidade: art. 14, §3º) 
 
I - a nacionalidade brasileira (natos ou naturalizados; - cargos que possam 
assumir a presidência da República) 
II - o pleno exercício dos direitos políticos; 
III - o alistamento eleitoral; 
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; 
V - a filiação partidária; 
VI - a idade mínima de: 
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e 
Senador; 
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito 
Federal; 
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, 
Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; 
d) dezoito anos para Vereador. 
 
 
 
4.1.3 Quem não pode ser votado? (Inelegibilidade) 
 
Conforme preconiza o art. 14... 
[...] 
§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. 
[...] 
§ 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os 
Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem 
renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito. 
 
§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os 
parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do 
Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito 
Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses 
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à 
reeleição. 
 
§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: 
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade; 
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade 
superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para 
a inatividade. 
 
 
 
 
 
 
35 
http://loja.unipublicaonline.com.br/curso-online.php?curso=poder-de-julgamento-da-camara-municipal-cassacoes-contas-do-executivo-e-mais&amp%3Bsetor&amp%3Bid=1717
 
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os 
prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a 
moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do 
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência 
do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego 
na administração direta ou indireta.” 
 
 
Ressaltando que a Lei Complementar 64/90 atendeu essa determinação constitucional, 
fixando outros casos que levam à inelegibilidade, que é a condição impeditiva de votar e ser 
votado. 
 
4.1.4 Direito à Reeleição 
 
Conforme dispõe o art. 14... 
 
[...] 
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito 
Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso 
dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subseqüente. 
 
4.2 PARTIDOS POLÍTICOS 
 
4.2.1 Conceito de Partido Político 
 
A expressão se refere à: “Um partido político é um grupo organizado formal e legalmente 
constituído, com base em formas voluntárias de participação, em uma associação orientada 
para influenciar ou ocupar o poder político em um país determinado [grifos nossos]” 
(VIANA,2003). 
 
 
Ainda não existem partidos políticos organizados a nível mundial. 
 
 
4.2.2 Origem 
 
Na Grécia e Roma antigas, dava-se o nome de partido a um grupo de seguidores de uma 
ideia, doutrina ou pessoa. 
Mas foi só na Inglaterra, no século XVIII, que se criaram pela primeira vez, instituições de 
direito privado, com o objetivo de congregar partidários de uma ideia política: o partido Whig 
e o partido Tory. 
De fato, a ideia de organizar e dividir os políticos em partidos se alastrou muito, no mundo 
todo, a partir da segunda metade do século XVIII, e, sobretudo, depois da revolução francesa 
e da independência dos Estados Unidos. 
 
36 
Partido político 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Poder
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gr%C3%A9cia_Antiga
http://pt.wikipedia.org/wiki/Roma_Antiga
http://pt.wikipedia.org/wiki/Doutrina
http://pt.wikipedia.org/wiki/Inglaterra
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVIII
http://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_privado
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ideia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Whig
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tory
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mundo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_francesa
http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_francesa
http://pt.wikipedia.org/wiki/Independ%C3%AAncia_dos_Estados_Unidos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_pol%C3%ADtico
 
Até porque, a partir daí, a própria percepção da natureza da comunidade política se 
transforma dramaticamente. 
 
4.2.3 Partidos Políticos no Brasil 
 
 
Oficialmente, os partidos políticos já existem no Brasil há mais de cento e sessenta anos. 
Nesse tempo, surgiram mais de duzentos. 
Porém, muitos deles não duraram muito... 
No Brasil, não existem partidos centenários, como é comum, por exemplo, nos Estados 
Unidos, onde os democratas (desde 1790) e os republicanos (desde 1837) alternam-se no 
poder. 
Motivo: inconstância da vida política brasileira (mudança de regimes-revoluções, dentre 
outros). 
 
4.2.3.1 Mudanças bruscas 
 
- Implantação da República, em 1889, que sepultou os partidos monarquistas; 
 
- Revolução de 1930, que desativou os partidos republicanos “carcomidos”; 
 
- Estado Novo (1937-1945) o qual vedou a existência de partidos; 
 
- Regime Militar de 1964 que confinou os partidos num quadro de ferro. 
 
 
4.2.3.2 Partidos no império 
 
O historiador José Murilo de Carvalho foi enfático em dizer que “até 1837 não se podia 
falar em partidos políticos no Brasil”.O primeiro programa partidário foi redigido em 1864 (pelo Partido Progressista). 
 
 
4.2.3.3 Partidos na República Velha 
 
Assinado por Quintino Bocaiúva, do Manifesto Republicano em Itú, São Paulo, em 03 de 
dezembro de 1870, surgiu o PRP (Partido Republicano Paulista). 
Após a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, surgiram partidos regionais 
(Partido Republicano Paulista, Partido Republicano Mineiro, e assim por diante) e federais 
(os Partidos Republicanos Federais/ Liberais e Conservadores). 
Com a ascensão do coronelismo e suas práticas, as eleições passaram a refletir o poder do 
caciquismo, sendo que a maioria delas resultava de manipulações ou de arranjos pré- vios 
feitos entre os chefes políticos de cada estado. 
 
 
37 
 
 
 
Como eram os funcionários do governo que controlavam os procedimentos eleitorais e 
faziam à contagem dos votos, em cada estado brasileiro uma máquina político-eleitoral - 
composta pelo coronel, pelo cabo-eleitoral e pelo curral eleitoral - foi montada com a função 
básica de garantir resultados satisfatórios ao grupo governante. Esta prática feria o principio 
básico do sistema republicano que se assenta no princípio da rotatividade dos cargos e das 
funções, visto que as oposições estavam impedidas, pelo processo eleitoral legal, de 
substituírem o grupo dominante. 
Daí explodir a violência política (caso do Movimento Tenentista, de 1922-1927, da Revolução 
de 1923 no Rio Grande do Sul, ou o da Revolta da Princesa na Paraíba, em 1928). 
 
 
4.2.3.4 Partidos ideológicos 
 
Depois da Primeira Guerra Mundial, ficou a influencia do comunismo (sociedade igualitária, 
sem divisão de classes, propriedades e produção são comuns a todos) e o fascismo 
(comando por grupos autoritários). 
Em 1922, foi fundado o Partido Comunista Brasileiro (PCB), liderado por Luís Carlos Prestes. 
Dez anos depois, em 1932, foi à vez da fundação da Ação Integralista Brasileira (AIB), 
inspirada no Movimento Fascista italiano e no Movimento da Falange espanhola, 
comandada pelo chefe Plínio Salgado. 
Ambos os partidos, em momentos diferentes, tentaram depor o regime de Getúlio Vargas 
por meio de um golpe. O PCB foi o principal articulador da frente denominada ANL (Aliança 
Nacional Libertadora). 
A ANL foi responsável pela fracassada Intentona Comunista, de 27 de novembro de 1935. 
A ABI assaltou o Palácio da Guanabara, em 12 de maio de 1938, para derrubar o governo 
do Estado Novo que os excluíra do poder. Colocados na ilegalidade pelo decreto de 02 de 
dezembro de 1937, somente retornaram à vida política ao final da Segunda Guerra Mundial. 
O PCB ainda teve uma pálida atuação no Governo Goulart (1961-64), e os ex-integralistas, 
acobertados pela sigla do PRP (Partido da Representação Popular), fizeram sua última 
aparição na ditadura do Presidente Médici (1969-1973). 
 
4.2.3.5 Os partidos da república redemocratizada (1945- 1965) 
 
Totalmente proibidos durante o Estado Novo (1937-1945), os partidos políticos somente 
foram novamente legalizados em 1945. 
É certo dizer que a vida política brasileira entre 1945 e 1964, foi polarizada entre os partidos 
getulistas (PSD e PTB) e o principal partido antigetulista (a UDN). 
 
 
38 
Ato I-2, 
 
 
 
Por conseguinte, mesmo depois da morte de Vargas, em 24 de agosto de 1954, a sua 
personalidade continuou pairando sobre a sociedade brasileira por mais dez anos. 
PSD (Partido Social-Democrático), formado por lideranças rurais e por altos funcionários 
estatais. 
PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), lideranças sindicais e os operários fabris em geral. UDN 
(União Democrática Nacional), burguesia e a classe média urbana, favorável ao capital 
estrangeiro e à iniciativa privada. 
Coube à UDN o papel de ser a principal promotora das impugnações das vitórias eleitorais 
da coligação PSD-PTB (1950, 1955), bem como a maior instigadora das tentativas de golpes 
militares que se sucederam até a vitória em 1964. 
 
4.2.3.6 O bipartidarismo no regime militar 
 
Destruído o sistema partidário democrático existente desde 1945, o regime militar, a partir 
de 1965, com o Ato I-2, somente permitiram a existência de duas associações políticas 
nacionais, nenhuma delas podendo usar a palavra “partido”. 
 
 
 
 
 
 
ARENA (Aliança Renovadora Nacional), base de sustentação civil do regime militar, formada 
majoritariamente pela UDN e egressos do PSD, e o MDB (Movimento Democrático 
Brasileiro), com a função de fazer uma oposição bem-comportada que fosse tolerável ao 
regime. 
Da mesma forma, que na República Velha recorria-se à Comissão de Verificação dos 
Poderes do Congresso para afastar opositores inconvenientes, o regime militar adotou o 
sistema de cassações de mandatos para livrar-se dos seus adversários (foram 4.682 os que 
perderam seus direitos políticos). 
 
4.2.3.7 O Multipartidarismo da Nova República 
 
Em 1974, a oposição teve relevante vitória eleitoral, e começou a forçar a política da 
“abertura lenta e gradual”. Em 1984, aconteceu a Campanha das Diretas-Já. Toda a 
oposição se uniu. 
 
39 
http://www.historiaresumos.com/atos-institucionais-ai-1-ai-2-ai-3-ai-4/
http://www.historiaresumos.com/atos-institucionais-ai-1-ai-2-ai-3-ai-4/
 
No lugar da extinta ARENA surgiram o PFL (Partido da Frente Liberal) e PPB (Partido 
Popular Brasileiro). Do MDB emergiram o PMDB (Partido do Movimento Democrático 
Brasileiro) o PSDB (Partido Social-Democrático Brasileiro), o PTB (Partido Trabalhista 
Brasileiro), o PDT (Partido Democrático Trabalhista), e o PT (Partido dos Trabalhadores). 
 
Outros partidos foram criados (multipartidarismo), existindo atualmente 33 (trinta e três) 
partidos ativos no país, segundo registros do TSE-Tribunal Superior Eleitoral. 
 
4.2.4 Partidos Políticos: Representação e Governabilidade 
 
4.2.4.1 Representação: 
- levar ao poder as vontades das classes representadas; 
- programas políticos; 
- ideias e ideais; 
- princípios. 
 
4.2.4.2 Governabilidade: 
- estabilidade política; 
- bom governo das coisas; 
- desígnios de governo; 
- administração pública. 
 
Muitos governantes abriram (e abrem) mão da representatividade, para manter a 
governabilidade. Essa estratégia de sobrevivência adotada por muitos políticos de vulto, de 
evitar crises políticas graves que pudessem enfraquecer de modo irreparável o poder das 
elites. Por isto, os partidos políticos passaram a ter pouca confiança da parte da população 
brasileira em geral. Daí, haver uma preferência dos eleitores por indivíduos, por homens 
confiáveis, por “salvadores”, mas não por programas partidários ou ideológicos. 
 
4.2.5 Regras partidárias 
 
A Constituição Federal de 1988 rege sobre os partidos, anunciando a liberdade de criação e 
funcionamento, porém, impondo regras e critérios em consonância com a legislação pátria, 
para que eles existam dentro de parâmetros que não firam demais direitos e liberdades: 
 
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos 
políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o 
pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados 
os seguintes preceitos: 
I - caráter nacional; 
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou 
governo estrangeiros ou de subordinação a estes; 
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; 
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http://www.tse.jus.br/partidos/partidos-politicos/registrados-no-tse
http://www.tse.jus.br/partidos/partidos-politicos/registrados-no-tse
Legislativo Federal aprovou a Lei nº 9.096, em 1995 
 
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. 
§ 3º - Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e 
acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei. 
§ 4º - É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização para- 
militar. 
 
 
E para as minúcias regulamentares, o Legislativo Federal aprovou a Lei nº 9.096, em 1995, 
definindo, entre outros, os seguintes

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