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Toxicologia Prof. Me. Vinicius Cardoso vinicius.cardoso@uni9.pro.br Graduação em Farmácia e Bioquímica TOXICOLOGIA SOCIAL libertar dos limites de sua existência e entrar, temporariamente, em mundos fascinantes; privação do indivíduo de razão, de entendimento e da realidade; substâncias usadas pelo homem que alteram a função do Sistema Nervoso Central. HISTÓRICO HISTÓRICO Desde que o homem descobriu como chegar neste estado o vem fazendo nos mais variados momentos. As primeiras utilizações com estes fins foram a partir de plantas em ritos religiosos de culturas primitivas. Europa, na Idade Média e no Renascimento, que este uso chegou ao seu auge nos cultos praticados por feiticeiras e mágicos Principais plantas utilizadas eram a beladona (Atropa belladona), o meimendro (Hyosciamus niger) e Mandragora officinarum. HISTÓRICO HISTÓRICO Revolução Industrial, as plantas alucinógenas deram lugar às substâncias sintéticas; Crack, a cocaína, a heroína, o LSD (ácido lisérgico), o ecstase. O consumo agora de forma ilegal, como constam na Lei Antidrogas ou na Portaria 344, ao invés das situações ritualísticas. Algumas são lícitas, como o álcool e o cigarro, mas causam efeitos deletérios sobre o organismo. HISTÓRICO HISTÓRICO TOXICOLOGIA SOCIAL Estudo dos efeitos nocivos dos agentes químicos usados pelo homem individualmente ou em sociedade/grupo, capazes de induzir a toxicomania. Toxicomania: estado de intoxicação nociva ao indivíduo e à sociedade dado o consumo excessivo e repetido da droga que acarreta problemas de ordem legal, moral e ética. Dependência Química TOXICOLOGIA SOCIAL É uma síndrome comportamental, decorrente caracterizada pela perda de controle (compulsão) sobre o consumo da droga (fissura) mesmo com intensos prejuízos individuais e sociais. É uma doença crônica, incurável e sujeita à recaída. Dependência Química TOXICOLOGIA SOCIAL Alterações neuronais que ocorrem com o consumo da droga motivada pela hiperestimulação do Sistema mesolímbico dopaminérgico, ou seja, aumento de atividade do sistema de recompensa e prazer do SNC. São neurônios dopaminérgicos na área tegmentar ventral (ATV) com projeções especialmente no núcleo acumbens (NAc) e também no hipocampo e córtex frontal. Dependência Química TOXICOLOGIA SOCIAL Sistema mesolímbico dopaminérgico = recompensa e prazer Dependência Química TOXICOLOGIA SOCIAL O CID-10 (Classificação Internacional de Doenças) possui classificação para dependência. F10 a F19 – Transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de drogas de abuso Segundo ele, a dependência pode ser determinada quando se envolve três ou mais critérios abaixo, ocorrendo a qualquer momento no período de 12 horas: Dependência Química – CID-10 TOXICOLOGIA SOCIAL forte desejo ou compulsão para consumo da droga; dificuldade para controlar o comportamento de consumo (início, meio e fim); abandono progressivo de prazeres ou interesse alternativos em favor do uso; aumento do tempo necessário para obter, consumir ou recuperar-se de seu efeito; persistência do uso a despeito de clara evidência de consequências nocivas; evidência de tolerância; estado de abstinência ou consumo do fármaco/droga para alívio dos sintomas de abstinência. Consequências da dependência química TOXICOLOGIA SOCIAL 1. Potencial de Reforço = capacidade da droga gerar a auto- administração repetida sem a necessidade de outros mecanismos externos de indução. Quanto maior a capacidade de reforço de uma determinada substância, maior a probabilidade de induzir dependência. Consequências da dependência química TOXICOLOGIA SOCIAL 2. Tolerância = é o fenômeno resultante do consumo repetido da droga (uso crônico) que causam adaptações do organismo com diminuição do efeito da dose mantida, tornando-se necessário o aumento da exposição/dose para se atingir o mesmo grau de efeito inicial. Os mecanismos envolvidos são: dessensibilização de receptores da droga; internalização destes receptores; e desacoplamento da droga no receptor. Consequências da dependência química TOXICOLOGIA SOCIAL 3. Abstinência = ou Síndrome de Abstinência, é um conjunto de sinais e sintomas característicos, desencadeados após a redução abrupta ou suspensão do uso. São fenômenos resultantes de adaptações fisiológicas reversíveis. Os sinais/sintomas característicos são: sonolência; alteração de apetite; tremores; irritabilidade; alucinações e convulsões; Fadiga; humor ansioso ou depressivo. TOXICOLOGIA SOCIAL Drogas de Abuso Drogas de Abuso TOXICOLOGIA SOCIAL São substâncias que possuem um potencial de abuso, ou seja, substâncias capazes de induzir dependência química. Elas podem ser classificadas em diferentes classes ou grupos de acordo com sua ação no Sistema Nervoso Central (SNC), mas todas atuam no Sistema de Recompensa Cerebral e provocam de forma direta ou indireta o aumento da liberação de dopamina no Núcleo Accumbens. 1. Estimulantes SNC – são todas aquelas usadas para gerar ou manter estado alterado de consciência e, principalmente, de euforia Via mesolímbica dopaminérgica TOXICOLOGIA SOCIAL Cocaína: é um alcaloide obtido das folhas da planta Erytroxylum coca. Pó inalado/aspirado. É potente anestésico local e atua como poderoso agente simpaticomimético Crack: obtida como subproduto na extração da cocaína (pasta da coca). Pedra fumada em cachimbos. Induz efeitos semelhantes, além de danos respiratórios (bronqueolite, broncoespasmos, dispneia, tosse). 1. Estimulantes do SNC São todas aquelas substâncias usadas para gerar ou manter estado alterado de consciência e, principalmente, de euforia Via mesolímbica dopaminérgica TOXICOLOGIA SOCIAL 1. Estimulantes do SNC TOXICOLOGIA SOCIAL Anfetamínicos: correspondem ao grupo de substâncias composto pela anfetamina e seus derivados (clorfentermina, efedrina, metanfetamina, ecstase). No Brasil, a anfetamina é um importante fármaco de abuso entre os caminhoneiros que fazem uso dos chamados “rebites”. Sua ação estimulante do SNC é acentuada e mais persistente que da cocaína. São capazes de estimular o centro respiratório medular, aumentar a atividade motora, melhorar o humor, aumentar o limiar da fadiga e causar insônia. Tratamento de obesidade devido ao efeito anorexígeno. 2. Depressores do SNC São todas aquelas substâncias usadas para gerar ou manter estado alterado de consciência e, principalmente, de sedação Via GABAérgica Inicialmente representam uma resposta excitatória com euforia, bem-estar, desinibição e alucinações visuais e, posteriormente a resposta é de anestesia e sedação. No período de depressão central pode ocorrer: confusão, desorientação, perda do autocontrole, diplopia, cefaleia, palidez. O uso crônico pode acarretar danos no cérebro, coração, pulmão, fígado, rins e medula óssea. TOXICOLOGIA SOCIAL 2. Depressores do SNC TOXICOLOGIA SOCIAL Álcool/etanol: é uma das primeiras drogas experimentada e iniciada na juventude; Inicialmente tem ativação noradrenérgica (aumenta produção e liberação de noradrenalina) causando efeitos excitatórios/estimulantes centrais. Com a exposição mantida, o álcool inibe receptor excitatório (GABAa) = mesmo receptor dos benzodiazepínicos. Causa sedação, diminuição da ansiedade, fala lenta (pastosa), ataxia, prejuízo da capacidade de julgamento e desinibição do comportamento. 2. Depressoresdo SNC TOXICOLOGIA SOCIAL Álcool/etanol: o uso crônico pode levar à tolerância do etanol pelos receptores e despertar resposta de dependência/abstinência. Alto risco de sedação durante a associação de etanol + benzodiazepínico. 2. Depressores do SNC TOXICOLOGIA SOCIAL Solventes e gases inalantes: representado pelas colas, tíner, tintas, aerossóis, clorofórmio, lança-perfume, propelentes de aerossóis (gás de buzina). Efeito semelhante ao do etanol com excitação e desinibição inicial seguida de depressão e sedação com a inibição do receptor GABAa. Causa tolerância à droga levando à síndrome de abstinência. 3. Perturbadores do SNC = Alucinógenos Referem-se ao grupo de substâncias que modificam qualitativamente a atividade do cérebro = perturbação. Seus efeitos são de distorção do funcionamento cerebral, deixando para percepções alteradas como: visões deformadas (parecidas com as imagens dos sonhos). Este grupo de substâncias é também chamado de alucinógenos, psicodélicos, alucinantes, psicodislépticos e psicoticomiméticos. Principais representantes são: maconha, fungos/cogumelo (Pcilocybe), LSD, cacto (Lophophora williansii) e anticolinérgicos. TOXICOLOGIA SOCIAL 3. Perturbadores do SNC Maconha (Cannabis sativa): o efeito é dado pela presença do alcaloide THC (=tetra hidrocanabinol). Os efeitos são divididos por natureza: os euforizantes: aumento do desejo sexual; sensação de lentificação do tempo; aumento da autoconfiança e grandiosidade; risos imotivados; aumento da sociabilidade; sensação de relaxamento; aumento da percepção das sensações; aumento da capacidade de introspecção. TOXICOLOGIA SOCIAL 3. Perturbadores do SNC Maconha (Cannabis sativa): o efeito é dado pela presença do alcaloide THC (=tetra hidrocanabinol). Os efeitos são divididos por natureza: os físicos: taquicardia; vermelhidão nos olhos; boca seca; hipotermia; tontura; retardo psicomotor; redução da capacidade para execução de atividades motoras complexas; ataxia; redução da acuidade auditiva; aumento da acuidade visual; broncodilatação; aumento do apetite; tosse; e dilatação da pupila. TOXICOLOGIA SOCIAL 3. Perturbadores do SNC Maconha (Cannabis sativa): o efeito é dado pela presença do alcaloide THC (=tetra hidrocanabinol). Os efeitos são divididos por natureza: psíquicos: despersonalização; desrealização; depressão; alucinações e ilusões; sonolência; ansiedade; irritabilidade; prejuízos à concentração; prejuízo da memória de curto prazo; ataques de pânico; auto-referência e paranoia; prejuízo do julgamento. TOXICOLOGIA SOCIAL 3. Perturbadores do SNC LSD (dietilamina do ácido lisérgico): efeitos aparecem de 35 a 45 minutos, durando aproximadamente 6 horas. Inicia-se então um estágio de recuperação com duração de 7 a 9 horas após a administração, em que os sintomas tendem a diminuir. Ocorre uma oscilação entre alucinações e os sentidos normais, conhecidas como “ondas de LSD”. No estágio final são verificados efeitos de tensão e de fadiga, que podem durar vários dias. TOXICOLOGIA SOCIAL 3. Perturbadores do SNC Cogumelo: Os sintomas de intoxicações por cogumelos alucinógenos estão presentes de 30 a 60 minutos após a ingestão. Representam euforia, desorientação, ansiedade e medo, despersonalização e desrealização, vertigem, alucinações, agitação, hipertermia, cefaleia, bradicardia, hipotensão, convulsões, náusea, vômitos e sintomas simpaticomiméticos (=midríase, sudorese, hipertensão, taquicardia e tremores). A fase alucinógena dura menos que 6 horas com visões coloridas (visões caleidoscópicas), sensação de leveza, alteração da percepção do tempo e espaço. TOXICOLOGIA SOCIAL 4. Opióides Termo referente a todos os compostos derivados e ou relacionados ao ópio, tanto os de origem natural (morfina, codeína, heroína), sintética (pentazocina, propoxifeno, metadona) e semissintética (heroína, oxicodona). O ópio é uma das drogas naturais mais antigas, é obtido do exsudato leitoso da planta papoula (Papaver somniferum). O cérebro possui receptor opióide (m, k, d). A heroína é o opióide mais utilizado como droga de abuso deste grupo, usada principalmente na forma injetável (endovenosa). TOXICOLOGIA SOCIAL 5. Tabaco (Solanaceae) – Nicotínico Presente na folha de fumo, seu principal alcalóide ativo é a nicotina. Os efeitos iniciais são excitatórios seguido de efeitos de relaxamento e prazer sem sedação. O uso crônico causa tolerância à nicotina, causando dependência e crise de abstinência (= transtornos do sono, náusea, irritabilidade, fadiga, cefaleia, ansiedade, dificuldade na concentração e na coordenação psicomotora, ganho de peso e redução da frequência cardíaca e da pressão arterial TOXICOLOGIA SOCIAL Dúvidas? Obrigado! Prof. Me. Vinicius Cardoso vinicius.cardoso@uni9.pro.br
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