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Art. 159 - Extorsão Mediante Seqüestro Sequestrar pessoa com o fim de obter para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate. É um crime complexo ou conexo? Complexo, porque é formado pela reunião de fatos que por si só constituem crimes. É formado pelo artigo 148 mais extorsão 158, origiando o artigo 159. Trata-se de um crime comum- o sujeito ativo não é somente quem realiza o seqüestro mas também aquele que vigia o local do crime para que a vítima não fuja bem como aquele que leva mensagem aos parentes É um crime formal- consuma-se com a privação da liberdade da vítima, independentemente da obtenção da vantagem, basta provar a intenção do agente em obter a vantagem. ( intermediações do seqüestrado com os familiares da vítima). É um crime permanente – se prolonga no tempo, a qualquer momento podem ser presos em flagrante. Sujeito Passivo - é um crime de dupla subjetividade passiva, pois a vítima é tanto quem sofre o prejuízo patrimonial como quem é seqüestrada. Ex: seqüestra filho e exige dinheiro do pai. Tentativa – é possível, no momento em que a vítima está sendo levada ao veículo do seqüestrador é impedida pela polícia e posteriormente confessa que pretendia obter vantagem econômica. Tanto a extorsão mediante seqüestro na forma na forma simples como na forma qualificada são crimes hediondos – lei 8.072/90 Extorsão Mediante Seqüestro Qualificado - §§ 1º, 2º e 3º. §1º a) Seqüestro por mais de 24 horas – ( 12 a 20 anos) b) seqüestro de menor de 18 anos ou maior de 60 anos - c) seqüestro por associação criminosa. §2º - Extorsão mediante sequestro qualificada pela lesão corporal de natureza grave – pena de 16 a 24 anos. Crime preterdoloso. A lesão pode ocorrer tanto a título de dolo ou culpa. Se a lesão ocorrer em terceira pessoa, como por ex: a pessoa que leva o resgate, haverá o crime de extorsão mediante seqüestro em concurso com a lesão corporal. §3º extorsão mediante seqüestro qualificada pela morte - pena de 24 a 30 anos. É a pena mais grave do código penal. Delação Eficaz ou Premiada É causa de diminuição de pena de 1 a 2/3, no crime de extorsão mediante seqüestro, e ocorre quando o crime for cometido por duas ou mais pessoas, e uma delas denuncia a autoridade facilitando a libertação do seqüestrado. Autoridade significa, delegado de polícia, ministério público, juiz, ou autoridade política que poderá contribuir para o crime. §4º Delação Eficaz – é aquela que consiste na libertação do seqüestrado. Causa de diminuição de 1 a dois 2/3. Requisitos Para Delação Eficaz crime de extorsão mediante seqüestro. cometido em concurso. c) delação feita por um dos co-autores ou partícipes. d) eficácia da delação ( libertação do seqüestrado). Artigo 163 Dano Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia (móvel ou imóvel). Núcleos do tipo : destruir, inutilizar ou deteriorar. Destruir - é eliminar a coisa, é desfazer a coisa Inutilizar - tornar a coisa imprestável. Deteriorar - estragar, mutilar - Na pichação há crime? Sim porque deteriorou a coisa. Fazer desaparecer a coisa é crime de dano? Ex: soltar o pássaro da gaiola; soltar cavalos abrindo a porteira? 1ª Posição - sim, pois se enquadra nas três condutas. 2ª Posição - não porque não destruiu não deteriorou e não inutilizou a coisa. O fato é atípico, cabendo apenas ação de indenização na área civil. Posição dominante. Objeto Material - Coisa alheia que pode ser móvel ou imóvel. Ex: destruiu a janela. Sujeito ativo - qualquer pessoa exceto o proprietário. Não se pune o dano culposo. Para haver o crime de dano, é necessário apenas o dolo de destruir ou é necessário a intenção de causar prejuízos? 1ª Posição – Não basta o dolo de destruir, sendo necessário a intenção de causar prejuízo, pois está implícito no crime de dano. 2ª Posição - basta a intenção de danificar não sendo necessário a intenção de causar prejuízo pois se fosse preciso a lei exigiria, o que não corre. Ex: Na madrugada, os assaltantes cavam um túnel ou detrói a grade para fugir Consumação : Consuma-se com a simples danificação ainda que seja parcial. É preciso a danificação senão não é crime. É possível a tentativa? Sim, acertou a janela do vizinho mas não a quebrou. Dano Qualificado: I - Se o crime é cometido com a violência ou grave ameaça a pessoa. A violência deve ser empregada antes ou durante o dano, para assegurar a execução do dano. Ex: vai destruir o caro da vítima e a vítima tenta impedi-lo e ele agride a vítima. Responderá por dano qualificado em concurso material com o crime de lesão corporal. Se após o dano o agente emprega violência física ou grave ameça, responderá por dano simples em concurso material com o crime de lesão corporal. II - Se o crime é cometido com emprego de substâancia inflamável ou explosiva se o crime não constitui crime mais grave. Inflamável - de fácil propagação ao fogo. Explosiva - que causa detonação. Se o fato não constitui crime mais grave: significa dizer que toda vez que o dano funcionar como elemento ou qualificadora de outro crime, o sujeito não responde por dano, só por estes outros crimes. ex: explodiu a porta da casa para furtar. Responderá por furto qualificado por destruição do obstáculo. III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista. Depredar viatura militar. Banco do Brasil. IV- Motivo Egoístico ou prejuízo considerável para a vítima. Motivo egoístico – ocorre quando o agente visa com o dano uma vantagem pessoal que pode ser patrimonial ou não (ódio, inveja, prazer de maldade). Exige-se a intenção de prejudicar a vítima. ex: rasgou a roupa da moça da paquerar o rapaz. Prejuízo considerável para a vítima - é o único ponto em que o código penal toma como referência a fortuna da vítima e não o valor da coisa. É preciso então ver a situação econômica da vítima. Ação Penal. No dano simples e qualificado inciso IV a ação é privada. Nas demais qualificadoras, I, II e III a ação é pública incondicionada. Art. 168 - Apropriação Indébita Apropriar-se de coisa alheia móvel de quem tem a posse ou detenção O núcleo do tipo é o verbo apropriar, que significa fazer sua coisa alheia móvel. . Apropriar-se é se comportar como dono. Sujeito Ativo - Possuidor, detentor da coisa. Pressuposto do Crime - é que o sujeito tenha a posse ou detenção lícita da coisa. A coisa lhe é confiada a título de posse ou detenção e em dado instante ele inverte o título e passa a se comportar como dono da coisa. Obs: Se a posse ou a detenção for ilícita não há apropriação indébita, haverá furto ou estelionato. Sujeito Passivo - possuidor ou detentor. Na apropriação indébita, o crime é posterior ao recebimento da coisa, quando ele obtém a posse ou detenção da coisa ele ainda não tem a intenção de apropriar-se, só depois ele resolve se apropriar, por isso é que o dolo e posterior. Ex: Emprestou veículo ao colega para ele usar, porém ele resolve se apropriar. Se o dolo for de “ab initio” ( desde o começo), ou seja quando recebeu a coisa já tinha intenção de apropriar-se não há apropriação indébita e sim furto ou estelionato. Ex: sujeito diz que quer experimentar o carro para comprar e desaparece com o carro, haverá estelionato porque desde o início ele tinha a intenção de apoderar-se do veículo. Consumação do crime: Consuma-se quando o agente passa a se comportar como dono, qualquer ato que revele o comportamento de dono já é crime consumado. Ex: tentou vender o carro do colega em Sorocaba e conseguiu vender em Carapicuiba. O crime se consumou em Sorocaba. Observação : Todos os crimes contra com o patrimônio, sem violância ou grave ameaça, se o agente reparar o dano antes da denúncia o da queixa é cabíbel o arrependimento posterior, dimuindo a pena de 1/3 a 2/13 ( furto, estlionato, apropriação inbébita, receptação). Art. 169 – Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza. É uma espécie de apropriação indébita, pois o núcleo do tipo é o verbo apropriar. A diferença é que, no art. 168, o agente recebe a coisa do proprietário de forma consciente e voluntária e no art. 168, ele recebe a coisa por erro, caso fortuito ou força da natureza. Apropriação por erro. O erro pode ser sobre a pessoa ou sobre a substância. Sobre a pessoa – A manda B entregar um dinheiro a C, e B por erro entre a D que se apropria. Sobre a Substância ( identidade, qualidade ou quantidade)- A entrega a B mais do que devia, e B se recusa a devolver o excesso. Ex: A entre ga um terno para lavar na lavanderia, e o proprietário encontra dinheiro no bolso e se recusa a devolver. Caso Fortuito ou força da Natureza - são acontecimento estranhos a vontade do agente e do proprietário. Caso fortuíto – o animal de uma fazenda passa para a outra, e o proprietário desta se apropria dele. Força da Natureza – o ventou levou as roupas do varal para a casa da vizinha e esta se apropria. Privilegiada. – Art. 170 c/c o art. 155§2º 169§ único I – Apropriação de tesouro. Tesouro – é o depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido em igual parte ao proprietário do prédio e a aquele que encontrar. Assim, havendo apropriação da cota parte do proprietário, responderá pelo crime. 169§único II – apropriação de coisa achada. O objeto material é a coisa perdida. Assim, quem encontrar e não devolver ao proprietário ou a autoridade competente responderá pelo crime. Coisa perdida é a que se encontra em lugar ou local público. Uma pedra de brilhante que cai do colar da vítima, se a mesma estiver procurando e alguém encontrar e não devolver, será furto. Art. 171 - Estelionato - Obter para si ou para outrem, vantagem ilícita , em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento. Estelionato, vem de ESTELLO ( nome de um lagarto que muda de cor conforme seus predadores). O elemento essencial é a fraude ( ele engana a vítima para obter uma vantagem). Fraude é qualquer meio utilizado para enganar. Diferença entre fraude civil e fraude penal Não há diferença ontológica isto é de essência, porque ambas visam enganar a vítima. A diferença é de grau, devendo ser analisado a luz do caso concreto. O critério utilizado para a distinção, é o do inadimplemento pré-concebido, isto é, se o agente age com dolo desde o inicio, com a intenção premeditada. a princípio pode haver estelionato ( fraude penal). Se o dolo for posterior ao negocio, isto é, o inadimplemento contratual não foi pré concebido a fraude é civil. Deve se analisar os antecedentes do acusado. Ex: o indivíduo comprou uma geladeira do vizinho as 15horas dizendo que pagaria no dia seguinte, silenciando que estava de mudança e mudade madrugada sem dar satisfação = fraude penal. . Ex: Deu um sinal e parou de pagar prestações, em princípio é fraude civil e não estelionato. Sujeito Ativo - Qualquer passivo. Sujeito Passivo - é o enganado, que sofreu prejuízo. Se enganou uma pessoa e causou prejuízo a outra, há dois sujeitos passivos. Ex: enganou o empregado para lesar o patrão. O sujeito passivo deve ser determinado e com capacidade de discernimento ( de resistência). Se o agente engana um número indeterminado de pessoas Ex: posto de gasolina onde a bomba é viciada para marcar mais que o consumo, ou tem balança que marca mais do que leva, será crime contra a economia popular em concurso formal com estelionato. Se a vítima for doente mental ou incapaz também não há estelionato e sim o crime de abuso de incapazes art. 173. Consumação - é um crime material, consuma-se com a obtenção da vantagem ilícita indevida em prejuízo alheio, ou seja quando o agente obtém proveito econômico causando dano a vítima. Tentativa é possível quando o resultado não ocorre por circunstâncias alheias. Ex: Sujeito simula ser funcionário da gradiente para receber meu televisor, e no exato momento o verdadeiro funcionário chega Elementos do Crime. emprego de fraude. induzimento ou manutenção da vítima em erro. obtenção da vantagem - em prejuízo alheio. ( resultado duplo). dolo. 1- Emprego de Fraude- artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento. Artifício - é o aparato material, quando o agente modifica o aspecto exterior da coisa, faz uma encenação. Ex: mostra o motor novo e na hora entrega o motor velho. Ardil - é o aparato intelectual, é a mácula, a sutileza, a conversa enganosa . Para haver o crime de estelionato, a fraude deve ter idoneidade, isto é capacidade de enganar a vítima. Como é apurada a idoneidade do meio fraudulento? 1ª Posição – Posição Antiga – é apurada em função do homem médio da sociedade. Se a fraude é capaz de enganar o homem médio da sociedade era idônea, caso contrário aplica-se o artigo 17 do CP crime impossível. 2ª Posição - Posição atual e tranqüila – a idoneidade deve ser apurada em função da vítima, analisando suas condições sociais, cultura e circunstâncias que se encontrava. Essa posição despreza o homem médio. Se a fraude é capaz de enganar a vítima é idônea e logo haverá o crime de estelionato. Assim, a fraude grosseira pode configurar estelionato. Ex: Carioca vendeu para o caipira o estelionato - Para a 1ª posição não há estelionato. Para a 2ª posição há estelionato pois enganou a vítima. Ex: Em uma festa durante a noite em ambiente escuro, o dono de uma barraca recebeu um cheque grosseiramente falsificado. Para a 1ª posição não há estelionato Para a 2ª posição há estelionato pois, pelas circunstâncias em que se encontrava não pode analisar o cheque. 2 - ELEMENTO: Induzimento ou manutenção da vítima em erro. Erro - é a falsa percepção da realidade . Só há estelionato, se a vítima incidir em erro. O erro tem ser provocado pela fraude. O agente provoca o erro de duas formas: a) induzindo a vítima em erro - quando o estelionatário cria uma situação que leva a vítima a incidir em erro. b) manutenção - quando a vítima já estava em erro e o estelionatário percebe e mantém essa situação. Ex: Vítima confunde pessoa como vendedor do baú da felicidade, e, o agente percebendo o erro recebe o pagamento como se fosse o vendedor. 3- obtenção de vantagem ilícita - é preciso que se obtenha a vantagem, não basta a intenção. b) prejuízo econômico a vítima- tem que haver prejuízo econômico a vítima. Basta o prejuízo potencial e não o prejuízo efetivo. Ex: Estelonatário levou o carro da vítima, dois dias depois encontrou o carro sem nenhum dano. Não houve prejuízo efetivo, mas houve o prejuízo potencial, portanto é estelionato. 4- Dolo -Não há estelionato culposo. Torpeza Bilateral ( fraude bilateral) Ocorre quando a vítima também esta de má-fé. A vítima visa enganar o estelionatário. Ex: Conto do bilhete premiado. O sujeito compra o bilhete por preço bem menor achando que estava enganando. Ex: O sujeito compra máquina de fazer dinheiro pensando em ficar rico. Ex: Uma pessoa contrata outra dizendo ser matador de aluguel, mas ele não ele matador. Nesses casos há crime de estelionato? ( chamado conto do vigário). Consumação – é um crime material - consuma-se com a obtenção da vantagem ilícita em prejuízo alheio. Art. 171 § 2 V - Tipo de Estelionato para receber indenização ou valor do seguro. Ocorre quando o agente detrói ou oculta coisa própria, ou lesa o corpo ou agrava as conseqüências da lesão ou doença para receber a indenização ou seguro. Ex: Se destroi a coisa segurada, ainda que a destruição seja parcial o crime é consumado. A lei pune a auto lesão como estelionato. O pressuposto do crime é de que o seguro seja válido e vigente, porque, se o seguro for nulo ou não estava em vigor trata-se de crime impossível. Consumação - Com a simples conduta de destruir a coisa ou lesar o corpo. É um crime formal. O estelionato é um crime material mas nesse caso é exceção a regra, não sendo necessário a obtenção do seguro. Art. 171 §2º VI - Fraude no pagamento por meio de cheque: O crime ocorre de duas formas. emissão de cheques sem fundo. frustrar o pagamento de cheque, que é quando o agente emite cheque com fundos e susta sem motivos. Emissão de cheques sem fundos O núcleo do tipo é o verbo emitir significa, preencher, assinar e colocar em circulação. Quem preenche e assina mas não coloca em circulação, não responderá por crime, nem mesmo na forma tentada, pois, foi apenas um ato preparatório. Trata-se de um crime próprio, pois o sujeito ativo somente pode ser o emitente, o titular da conta corrente. Se o agente acha cheque em branco, assina e coloca em circulação responderá por estelionato? Sim, mas não pelo artigo 171 §2ª VI e sim, 171 caput, pois ele não é titular da conta corrente. Pagamento de Cheque sem Fundos Se o agente após dar o cheques sem fundos, restituir a vítima, exclui a justa causa para ação penal? 1ª Posição – Súmula 554 do STF, diz que o pagamento do cheque sem fundos antes do recebimento da denúncia não pode prosseguir o processo/ Exclui a justa causa – Interesse de Agir. 2ª Posição – Aplica-se o artigo 16 – arrependimento posterior – antes da denúncia é mera causa de diminuição de pena, não impede a instauração do inquérito policial, nem da ação penal. . Crítica a Súmula - Incentiva a emissão de cheque sem fundos, pois se der algum problema ele paga e não responde por nada. Observação - A jurisprudência tem entendido que sem prejuízo novo não há estelionato. Se a dívida for anterior a emissão do cheque não é estelionato, pois, o prejuízo não foi novo, a dívida existia e contuará existindo. Ex: Pagamento de aluguel – não houve prejuízo novo. Ex: Empregada Doméstica – trabalhou 30 dias e patrão pagou com cheque sem fundos – o serviço é divida vencida. Pagamento de Dívida com cheque sem fundos? 1ª se o jogo for lícito há estelionato, se for ilícito não há estelionato 2ª sempre há estelionato, independente/te do jogo ser lícito ou ilícito. Receptação - art. 180- É adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro de boa fé, a adquira, receba ou oculte. Pena 1 a 4 anos ou multa. Trata-se de um crime acessório, parasitário ( é aquele que pressupõe a existência de outro crime). A lei diz - adquirir produto de crime. Produto do crime : abrange a coisa adquirida diretamente pelo crime. Ex: relógio furtado. Quem adquirir o relógio ou o dinheiro pelo relógio furtado haverá receptação. Instrumento do crime - é o meio utilizado pelo agente para a prática do crime. Ex: Revolver. Quem adquirir a arma do criminoso não comete receptação, pois adquiriu o instrumento do crime, não o produto. Só há receptação se adquiriu o produto do crime. Roubo, furto, latrocínio. O crime anterior pode ser doloso ou culposo. Se for contravenção não receptação. Elementos do Crime: Sujeito ativo - qualquer pessoa, exceto aquele que praticou ou participou do crime anterior. Ex: “A” e “B” cometem um furto . A vende sua parte a b. O B, não comete receptação, pois participou direto do crime. Sujeito Passivo - proprietário, possuidor, detentor. Objeto material - coisa que seja produto de crime. O que são essas coisas ? 1ª Posição pode ser coisas móveis ou imóveis. Ex: alguém adquire uma fazenda, adquirida por estelionato. 2ª Somente coisas móveis, pois a lei diz ocultar, e somente as coisas móveis podem ser ocultadas. Núcleos do tipo: Adquirir - é a obter a coisa de forma onerosa ( compra de veículo) ou gratuita ( doação). Ex: doa jóia roubada para a concumbina Receber: é qualquer forma de obter a posse da coisa. . Transportar – é a levar a coisa de um lugar para outro. Conduzir – é dirigir por meio de transporte de locomoção. ( automóvel, caminhão, bicicleta. Ocultar – é esconder, colocar em esconderijo. Obs: Nas modalidades, transportar, conduzir e ocultar o crime é permanente. Se o agente, adquire, recebe e oculta, por quantos crimes responderá? Apenas um, princípio da temporariedade. Se estiver a extinta a punibilidade do primeiro crime furto, quem adquirir a rés furtiva, terá também extinta sua punibilidade? . Ex: Furtou um quadro nos anos 50 ( extinta punibilidade - prescrito ), vendeu para B baratinho. B responderá por receptação.? Sim, art. 108 do Código Penal. . A extinção de punibilidade de crime que é pressusposto elemento constitutivo ou circunstância de agravante de outro não se estende a este. Espécies de Receptação 1- Dolosa - Podendo ser própria art. 180- 1ª parte ou imprópria 180 2ª parte. 2- Qualificada. Art. 180 §§1º e 2º 3- Culposa. Art. 180 § 3º 4- Perdão Judicial – art. 180§5º na receptação culposa. 5- Dolosa privilegiada – art. 180 §5º ultima parte. 6- Qualificada em razão do objeto material – art. 180§6º - patrimônio público. OBS: Receptação, é o único crime contra o patrimônio, que admite a forma culposa. Receptação Dolosa Própria. - ocorre quando o agente adquire, recebe ou oculta coisa que sabe ser produto de crime. Elemento Subjetivo - é o dolo direto - é preciso ter a certeza de que a coisa é produto de crime O dolo na receptação dolosa própria além de direto deve ser anterior ou concomitante a aquisição ou recebimento da coisa) sabe que é produto de crime. Se ele compra cosa de boa fé ( sem saber que é produto de crime), depois fica sabendo e não devolve a coisa, responderia por receptação dolosa própria? Não, pois, porque só há receptação dolosa própria, quando adquire ou recebe já sabendo que é produto de crime, não admite o dolo subsequente. Receptação Imprópria - ocorre quando o agente influi para que 3º de boa fé adquira, receba ou oculte a coisa. A lei pune como receptador aquele que intermediou o negócio. O sujeito ativo é aquele que influenciou para que alguém adquirisse, recebesse ou ocultasse. Influenciar - é convencer, estimular, induzir, instigar É necessário que o terceiro esteja de boa - fé ou seja, desconheça a origem criminosa da coisa. Ex: “A” INFLUENCIA “B” a comprar objeto roubado de alguém. A sabe que é produto de roubo, logo responderá por receptação imprópria, desde que “B” esteja de boa fé. . Se “B” adquiriu de boa fé, responderá por receptação culposa. E se “B”, soubesse que era produto de roubo ou seja estava de má -fé? “B”, responde por receptação dolosa própria, e “A”que influenciou por participe de receptação dolosa própria, não responde receptação imprópria porque “B” não estava de boa-fé. Consumação – a receptação dolosa própria é um crime material, consuma-se quando o agente realizada um dos núcleos do tipo. Já a receptação dolosa imprópria, é um crime formal, consuma-se com a simples conduta de influenciar. Ainda que não adquira a coisa o crime está consumado. Receptação Qualificada É adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, desmontar, remontar , vender, expor a venda ou de qualquer forma utilizar em proveito próprio ou alheio, no exercício da atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime. ( pena de 3a a 8 anos). É um crime próprio, pois só pode ser cometido por exerce atividade comercial. Mesmo que a atividade ser exercida de forma irregular ou clandestina, é considera comércio. Ex: camelô, desmanche, loja no fundo da residência sem firma aberta. O elemento subjetivo é o dolo, dolo eventual, pois a lei estabelece “ coisa que deve saber ser produto de crime”. O comerciante que desponta um veículo que sabe ser produto de crime? 1º Posição – será qualificada, pois, o §1º abrange tanto as condutas de quem sabe ( dolo direto), como as de quem deve saber ( do eventual). 2- posição – não será qualificada, face o princípio da reserva legal, que prevê a expressão deve saber ( dolo eventual), não podendo utilizar-se da analogia para prejudicar o réu. Receptação Culposa É a cometida pela culpa. A lei fixa três indícios de culpa. Esses indícios são obtidos por: a) Natureza da Coisa - ex: relíquias históricas, objetos com carimbo de entidade estadual, toca fita danificado, veículo sem documentação. b) Desproporção entre o valor e o preço - pagou muito barato tem que desconfiar. c) Condição de quem oferece - ex: comprou de quem tem fama de ladrão, menor da praça da Sé. A culpa é analisada em função do homem médio da sociedade. Se o resultado era previsto pelo homem médio da sociedade é porque há culpa. Receptação Privilegiada Réu primário, bem de pequeno valor. Receptação Qualificada em razão do objeto material Art. 180§6º Quando o crime de receptação for cometido em detrimento de bens, instalações do Patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista. . Imunidades Penais Absolutas - art. 181 Imunidade Penal Relativa ou processual - art. 182 Art. 181 - É isento de pena quem comete o crime contra o patrimônio em prejuízo : 1- Cônjuge na constância da sociedade conjugal ( esposa furta dinheiro do marido). Não se aplica ao concubinato. Se houver separação de fato, persiste a imunidade, porque ainda está na constância do casamento. Se houver separação judicial não há imunidade. Furto durante o noivado, se vierem a se casar, não há imunidade porque tem que ser na constância da sociedade conjugal. II - ascendente ou descendente, seja parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Legitimo - resultante do casamento Ilegítimo - não há casamento Natural - é o consanguineo - biológico Civil - adoção. Trata-se de excusa absolutória - é o perdão legal, a própria lei perdoa. O delegado não deve nem instaurar o inquérito policial. O fato é típico, antijuridico e culpável, mas não há punibilidade, ou seja a possibilidade do Estado aplicar a pena. Filho adotivo, furta adotante, há imunidade? Há dois tipos de adoção: 1- Plena - para menor de 18 anos é regido pelo ECA, cria vínculo com toda a família do adotante. Há imunidade, entrou na família como se tivesse nascido. 2- Simples ou Restrita - para maiores de 18 anos, só há vínculo entre adotante e adotado. Os demais parentes são estranhos ao adotado. O pai do adotante não é avô. Só haverá imunidade se furtar o adotante. Se furtar o pai do adotante não há imunidade. Na plena haveria. O filho furta relógio do pai e vende a terceiro que sabe ser produto do furto. O 3º responde por receptação? Sim, o fato é típico e antijuridico, pois a excusa absolutária, incide sobre a punibilidade e não sobre o crime. Art. 182- Imunidades Penais Relativas Incide sobre a ação penal, que de pública incondicionada passa a ser pública condicionada a representação. I - Cônjuge desquitado ou separado judicialmente. Se a sentença não transitou em julgado, aplica-se o artigo 181 - excusa absolutória. A partir do divorcio não há mais imunidade. de irmão legítimo ou ilegítimo . Se for contra cunhado há imunidade? 1ª posição - não porque não admite analogia 2ª posição sim, desde que o regime seja de comunhão universal de bens, pois de maneira reflexa, furtou a irmã. 3- do tio ou sobrinho com que o agente coabita.- É preciso coabitação que é morar junto de maneira permanente ( se for hospitalidade transitória não há imunidade). Art. 183- Não se aplica o artigo 181 e 182 aos crimes de roubo, extorsão, e em crimes em que houver violência ou grave ameaça a pessoa. Ex: Filho simula seu próprio seqüestro para exigir dinheiro do pai. Não haverá imunidade e responderá por extorsão.
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