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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA 
Faculdade de Ciências Agronômicas 
DEPARTAMENTO DE RECURSOS NATURAIS 
ÁREA DE CIÊNCIA DO SOLO 
 
 
DIAGNOSE FOLIAR - PRINCÍPIOS E APLICAÇÕES 
 
 Hélio Grassi Filho 
 Departamento de Ciência do Solo 
 Faculdade de Ciências Agronômicas 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 Os princípios e práticas da "análise de plantas" é o resultado de muitos anos de estudo, 
envolvidos por observações de sintomas de carência e morte de plantas, a identificação química dos 
compostos existentes nas plantas e as correlações entre as quantidades de nutrientes presentes no 
solo, quantidades de nutrientes presentes na planta e a produção (produtividade). 
 A primeira providência tomada para o desenvolvimento deste ramo da ciência do solo, foi 
descobrir e determinar quais eram os elementos presentes no solo que passariam a ser denominados 
de nutrientes essencias para a vida da planta. 
 As primeiras análises de planta consistiam em analisar o conteúdo total de nutrientes das 
cinzas da planta inteira (caule + folhas + frutos), relacionando-os com a quantidade de nutrientes 
totais encontrada na planta e a colheita correspondente [Saussure, 1804; Liebig, 1840; Lawes & 
Gilbert, 1851]. 
 No início do século XX, por volta de 1930, a diagnose foliar começou a ser utilizada e, 
como inovação, dispensava a análise da planta inteira, restringindo a um determinado órgão, folha 
ou pecíolo (Lagatu & Maume, 1934; Macy, 1936). 
 A análise química dos solos para fins de avaliação de sua fertilidade, consiste em 
basicamente em dois passos: 
 (1)-EXTRAÇÃO DO ELEMENTO DISPONÍVEL; 
 (2)-DETERMINAÇÃO QUANTITATIVA DO MEIO. 
 No primeiro são utilizados, ácidos orgânicos, soluções salinas, resinas trocadoras de íons, 
eletrofiltração, água, troca isotópicas, em qualquer caso porém, o objetivo é sempre o mesmo, ou 
seja, simular no laboratório o que as raízes fazem no campo. 
 No caso da diagnose foliar, para os mesmos fins, o primeiro passo é dado pela própria 
planta, cujas raízes funcionam como solução extratora dos elementos. Se este se encontra na planta, 
em maior ou menor proporção, têm-se o fato como indicação de que estava (ou está) em formas 
disponíveis no solo, em quantidades proporcionais às encontradas pela análise da folha. 
 
2. DIAGNOSE VISUAL 
 
 Como regra geral, desordens nutricionais que inibem pouco o desenvolvimento ou a 
produção não são caracterizadas através de sintomas específicos e visíveis. Os sintomas de 
deficiência do nutriente tornam-se claramente visíveis quando a deficiência é aguda e o nível de 
desenvolvimento e de produção foram severamente afetados. 
 A diagnose baseada em sintomas visíveis requer um sistemático acompanhamento, 
comprovação através de análise química, e prática e conhecimento da cultura. 
 
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Tabela 1: Descoberta e demonstração da essencialidade dos elementos 
 (Dechen, 1989). 
Autor da descoberta Cultura estudada Nutriente descoberto 
Ingenhousz (1776) O2 
Saussure (1804) C, O e H 
Liebig (1840) C,H,O,N,P,K, 
Ca,Mg,S e Fe 
 
Sachs (1865) Fe Várias culturas 
Bertrand (1897) Manganês milho 
Werington (1923) B Fava 
Sommer & Lirman (1926) Zn 
Sommer (1931) Cu Cevada,Tomate, 
Arnon & Stout (1939) Mo Tomateiro 
Broyer et al (1954) Cl Tomateiro 
Brownell & Wood (1957) Na Atriplex vesicoria 
Delwiche et al. (1961) Co Alface 
Miyake & Takahashi 
(1978) 
Si Tomateiro 
Eskew et al. (1984) Níquel Soja 
Evans (1989) Selênio 
 
 É necessário também distinguir-se os sintomas foliares de deficiência de nutrientes, daqueles 
causados por pragas ou moléstias. 
 Sintomas de deficiência manifestam-se predominantemente nas folhas, velhas ou novas, 
dependendo se o nutriente em questão é facilmente translocado. Clorose ou necrose são critérios 
para a diagnose visual. Como regra, sintomas visíveis de deficiência nutricional são mais 
específicos que os de toxidez de nutrientes, a menos que a toxidez de um nutriente mineral induza à 
deficiência de outro. 
 Na tabela 2 estão apresentados alguns princípios para a diagnose visual de desordens 
nutricionais (Marschner, 1986) 
 A diagnose visual pode tornar-se muito difícil no campo quando ocorrem mais de um 
nutriente deficiente ou a presença de um nutriente deficiente e um em níveis tóxicos 
simultaneamente. Um exemplo bastante comum é em solos inundados onde ocorrem 
simultaneamente, toxidez de manganês e deficiência de magnésio. A diagnose pode ser mais 
complicada pela presença de pragas, doenças e outros sintomas, causados por injúrias mecânicas e 
danos de pulverização. Para se diferenciar os sintomas de desordens nutricionais destes outros 
sintomas, é importante levar em consideração que os sintomas de deficiência nutricionais sempre 
têm uma distribuição simétrica e típica; folhas de uma mesma posição (idade fisiológica) na planta 
apresentam sintomas semelhantes e existe um nítido gradiente de intensidade dos sintomas das 
folhas mais velhas para as folhas mais novas. 
 
 
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Tabela 2: Princípios para diagnose visual de desordens nutricionais 
(Marschner, 1986). 
Parte da planta Diagnose visual Desordem 
nutricional 
 
Folhas velhas 
e maduras 
 
Clorose 
Uniforme, 
internerval ou 
em manchas 
N (S) 
Mg (Mn) 
 Necrose Secamento da 
ponta e margens
K 
 Internerval Mg (Mn) 
 
Folhas novas Clorose Uniforme Fe (S) 
lâminas e 
ápices 
 Internerval ou 
em manchas 
Zn (Mn) 
 Necrose (clorose) Ca, B, Cu 
 Deformação Mo (Zn, B) 
 Toxidez 
Folhas velhas Necrose Manchas Mn (B) 
e maduras Secamento da B, injúrias 
 ponta e margens por sais de 
pulverização 
 Clorose (necrose) Toxidez não 
específica 
 
 Para se fazer uma diagnose visual precisa, é útil recorrer-se a informações adicionais, como 
análise de solo (química e física), umidade do solo, condições climáticas, aplicação de fertilizantes, 
fungicidas, inseticidas, pesticidas. Em alguns casos, o tipo e quantidade de ferilizantes a ser 
utilizado pode ser recomendado com base na diagnose visual. Isto é válido para aplicação foliar de 
fertilizantes contendo micronutrientes (Fe, Mn e Zn) ou magnésio. Na maioria dos casos, entretanto, 
a diagnose visual não oferece base suficiente para a recomendação de fertilizantes. Para certos 
nutrientes, a diagnose visual auxilia a interpretação dos resultados analíticos de folhas e de outras 
partes da planta; isto é particularmente importante para culturas anuais, quando tem-se necessidade 
dos resultados rapidamente, pois a variação sazonal dos teores dos nutrientes nas plantas e a demora 
na obtenção dos resultados analíticos muitas vezes inviabilizam a sua utilização. 
 Malavolta et al. (1989) destacaram que o motivo pelo qual o sintoma é tipico da deficiência 
de um elemento deve-se ao fato que um dado elemento exercer sempre as mesmas funções, 
qualquer que seja a espécie da planta. Os autores destacaram também que o sintoma visível é o fim 
de uma série de eventos, exemplificando com um esquema representativo de uma deficiência de 
zinco e de uma toxidez de alumínio, conforme se vê na figura 1. A deficiência de zinco conduz a 
um denominador comum que é o encurtamento dos internódios (para qualquer cultura, seja milho 
ou cafeeiro). No caso da toxidez de alumínio, é típico o mau desenvolvimento das raízes, que ficam 
curtas e grossas. 
 
 
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Figura 1: Seqüência de eventos que conduzem aos sintomas de deficiência ou excesso de nutrientes 
nos vegetais.(Malavolta et al., 1989) 
Evento Deficiiência de Zinco Excesso de Alumínio 
 
Alteração 
molecular 
 
 
< AIA 
> hidrólise de 
proteínas 
 
 
Pectatos “errados” 
< fosforilação 
< absorção iônica (P, K, Ca, 
Mg) 
 
Modificação 
subcelular 
 
 
Paredes celulares 
mais rígidas 
< proteína 
 
Paredes celulares mal 
formadas 
Dificuldade de divisão celular 
 
Alterção celular 
 
 
Células menores e em 
menor número 
Células menores com 2 
núcleos 
 
Modificação no 
tecido(=sintom
a) 
 
Internódios mais 
curtos 
Raízes curtas e grossas 
Folhas deficiêntes em K,Ca, 
Mg e P 
 
 2.1. Características típicas de deficiências minerais 
 
Nitrogênio: as folhas velhas são as primeiras a perder a cor verde, tornando-se amareladas, às vezes 
quase brancas; as plantas apresentam desenvolvimento reduzido, a produção e a 
qualidade dos produtos são significativamente reduzidos. 
 
Fósforo: em planta anuais, poder germinativo reduzido e crescimento lento; folhas velhas com 
coloração azulada; menor perfilhamento, gemas laterais dormentes, atraso no 
florescimento, redução da produção e da qualidade do produto. 
 
Potássio: devido à alta mobilidade do potássio, os sintomas ocorrem nas folhas velhas 
caracterizando-se por uma clorose seguida de necrose das margens e pontas das folhas. 
 
Cálcio: os meristemas das raízes e da parte aérea são afetados pela deficiência de cálcio, pois é um 
elemento estrutural, integrante da parede celular; ocorre murchamento e morte das gemas 
terminais; gemas laterais dormentes; deformação de tubérculos acompanhada de necrose 
interna; pequena frutificação ou produção de frutos anormais; produção pequena ou nula 
de sementes, redução e morte de sistema radicular, menor nodulação nas leguminosas. 
 
Magnésio: plantas deficientes em magnésio apresentam nas folhas velhas uma clorose internerval, 
podendo evoluir para necrose quando a deficiência é muito severa. 
Enxofre: como o enxofre é um elemento pouco móvel quanto à sua redistribuição nas plantas, a 
deficiência se manifesta inicialmente nas folhas novas, caracterizando-se por uma 
clorose, redução no florescimento, menor nodulação nas leguminosas, 
 
Boro: plantas deficientes em boro apresentam crescimento anormal, e as regiões apicais são as 
afetadas; as folhas novas ficam pequenas, deformadas, espessas e quebradiças sendo 
 
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comum o rompimento de tecidos; devido à morte do meristema apical do caule é comum 
a regeneração a partir de gemas axilares. 
 
Cloro: não se têm notícias de deficiências de cloro em condições de campo. 
 
Cobre: as folhas novas podem ser cloróticas ou verde-azuladas com as margens enroladas para 
cima; deformação da folhas; exudação de goma; florescimento e frutificação reduzidos. 
 
Ferro: clorose internerval nas folhas novas é o sintoma típico de deficiência de ferro, 
permanecendo verde apenas as nervuras (reticulado fino das nervuras). 
 
Manganês: as folhas novas geralmente apresentam clorose internerval, as nervuras formam uma 
rede verde sobre um fundo amarelo (reticulado grosso). 
 
Molibdênio: clorose internerval nas folhas velhas, as folhas tendem a enrolar-se ou curvar-se para 
cima ou para baixo, as leguminosas podem mostrar sintomas de deficiência de nitrogênio. 
 
Zinco: folhas novas pequenas, estreitas e alongadas, diminuição no comprimento dos internódios 
com a formação de leque, as folhas podem tornar-se tortas e necróticas; o florescimento e 
a frutificação podem ser muito reduzidos em condições de deficiência severa de zinco e a 
planta inteira pode tornar-se anã e deformada. 
 
3. DIAGNOSE FOLIAR 
 
 O uso correto da diagnose foliar como método de avaliação do estado nutricional da planta 
depende do conhecimento das limitações da técnica. Até hoje, de acordo com as ponderações de 
Jones et al. (1991) é preciso questionar considerações como: a confiabilidade dos dados, a utilização 
de conceitos de relações e balanços de nutrientes, o efeito de híbridos e o efeito de concentrações 
variáveis de nutrientes alterando processos fisiológicos. 
 A interpretação correta dos resultados de uma análise depende de muita experimentação 
visando o estabelecimento de índices de calibração que reflitam o estado nutricional das plantas. 
Entre os critérios mais usados para o diagnóstico são citados o nível crítico, faixas de concentração, 
e o sistema integrado de diagnose e recomendação (DRIS). Este último vem sendo bastante 
difundido recentemente e será discutido com maior detalhe por se tratar de um sistema ainda pouco 
conhecido no Brasil. 
 
 
4. PRINCÍPIOS DA ANÁLISE DE PLANTAS E DIAGNOSE FOLIAR 
 
 As folhas são consideradas como o foco das atividades fisiológicas dentro das plantas. 
Alterações na nutrição mineral são de certa forma refletidas nas concentrações dos nutrientes nas 
folhas. A utilização da análise foliar como critério diagnóstico se baseia na premissa de existir uma 
relação significativa entre o suprimento de nutrientes e os níveis dos elementos, e que aumentos ou 
decréscimos nas concentrações se relacionam com produções mais altas ou mais baixas, 
respectivamente (Evenhuis & Waard, 1980). 
 O nível de nutriente dentro da planta é um valor integral de todos os fatores que interagiram 
para afetá-lo. Considerando-se a multiplicidade de fatores que influenciam o crescimento e a 
 
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resultante produtividade de uma planta, é até surpreendente que as relações entre a análise de 
plantas, suprimento de nutrientes e produção sejam tão válidas como são (Munson & Nelson, 1973). 
 Grande parte dos erros cometidos na interpretação de análises químicas de plantas se deve 
aos procedimentos de amostragem. Por causa dos diversos fatores que atuam sobre a planta, esses 
procedimentos precisam ser padronizados da forma mais completa possível, a fim de que as 
variações de concentração que ocorrem dentro da própria planta, e mesmo por alguns efeitos 
exógenos como a sazonalidade e outros, tenham sua influencia minimizada. 
 É um método de avaliação do estado nutricional das culturas, onde se analisam determinadas 
folhas em períodos definidos da planta. O motivo pelo qual analisam-se as folhas é conhecido por 
que: 
 
AS FOLHAS - São os orgãos que melhor refletem o estado nutricional, isto é, respondem mais às 
variações no suprimento de nutrientes, seja pelo adubo. Em resumo, a análise foliar consiste em 
analisar o solo, usando a planta como solução extratora. 
 
 
4.1. Equação dos fatores que influenciam a composição mineral das folhas 
 A composição mineral das folhas é o resultado da ação e da interação de fatores que atuam 
até o momento em que, as mesmas foram colhidas para análise, e pode ser descrita pela equação 
modificada de Ulrich (1948) citado por Ulrich & Hills (1967): 
 
 Y=f(S, Cl, I, Pl, Pc, Pm,...), 
 onde: 
 Y=Teor foliar do elemento 
 S=Solo e/ou adubo, calagem, gessagem, alumínio, zinco, etc. 
 Cl=Clima-chuva, geada, frio, temperatura, 
 I=Idade da planta, época do ano, 
 Pl=Planta(espécies, variedade, porta-enxerto, tipo de folha) 
 Pc=Práticas culturais(Herbicidas, cobertura morta, etc) 
 Pm=Pragas e moléstias. 
 
 Para melhor entender o processo da diagnose e sua complexidade, podemos simplificar esta 
equação e considerarmos somente o fator SOLO, resultando em: 
 
Y= f(S) 
 4.2. Fatores que influenciam a composição mineral das plantas 
 
 Há muitos fatores que afetam direta ou indiretamente a concentração dos nutrientes nas 
plantas, que é em última análise, a resultante da atuação desses parâmetros. 
 
 4.2.1. Parâmetros desolo 
 Parâmetros de solo tais como textura, capacidade de troca de cátions, densidade, aeração, 
potencial redox e pH, todos afetam a disponibilidade de nutrientes. Outros fatores como 
umidade do solo, influenciam a disponibilidade pela ação que exercem sobre os mecanismos de 
transporte de nutrientes até às raízes. Plantas sob deficiência hídrica podem ter limitações de 
suprimento de elementos como P e K que se movem até as raízes através de lento processo de 
difusão, mesmo em condições de bom suprimento no solo (Barber, 1962). A temperatura do solo 
 
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afeta a liberação de nutrientes do solo e também o crescimento e desenvolvimento radicular que são 
bastantes importantes na absorção de nutrientes. 
 
Tabela 2. Teores de macronutrientes nas folhas de cana-de-açúcar, variedade CB 41-76, cultivada 
em diferentes tipos de solo. 
Tipos 
de 
Composição em nutrientes em folhas de 
cana-de-açúcar (CB41-76) (g/kg) 
Solo N P K Ca Mg S 
LR 20,4 2,1 12,4 11,0 2,3 1,6 
LE 21,9 1,8 13,9 9,7 1,8 2,2 
TE 19,9 1,8 13,6 6,7 1,6 2,1 
PVl 20,1 2,6 14,5 10,8 0,8 2,5 
 
Tabela 3: Levantamento nutricional de cafeeiros no sul de Minas Gerais pela análise de folha 
(1982/83) 
Elemento Valores médios observados nas folhas 
analisado LE LV PV Cambissol LR TE 
N - g/kg 32,5 33,3 31,6 31,8 30,0 32,5 
P - g/kg 1,1 1,1 1,2 1,1 0,9 1,1 
K - g/kg 20,6 19,5 20,5 19,9 22,1 22,1 
Ca - g/kg 7,8 8,1 7,8 8,8 7,2 8,6 
Mg - g/kg 2,6 2,9 2,7 3,1 2,2 2,8 
B - mg/kg 30,9 33,0 28,0 31,1 35,9 34,1 
Zn - mg/kg 9,9 8,4 9,2 8,0 9,5 11,6 
Cu - mg/kg 21,2 22,4 50,5 23,3 35,7 73,8 
Fe - mg/kg 112,9 116,8 99,9 112,3 93,0 111,5 
Mn - mg/kg 187,4 174,1 210,6 222,9 144,5 269,0 
LE = Latossolo Vermelho Escuro; LV = Latossolo Vermelho Amarelo; PV = Podzóloco Vermelho Amarelo; LR 
= Latossolo Roxo; TE = Terra Roxa Estruturada; 
 
 4.2.2. Espécies e variedades 
 Cada espécie comporta-se de uma maneira característica, o que é claramente evidente 
quando se analisam plantas diferentes em um mesmo ambiente, crescendo no mesmo solo ou 
substrato. 
 As dicoltiledôneas de modo geral apresentam concentrações mais elevadas de Ca, Mg e B, 
enquanto que as monocotiledôneas mostram teores mais altos de K. As crucíferas tendem a 
acumular mais S enquanto arroz, cevada e espinafre são relativamente mais ricas em Fe. A maior 
acumulação de nitratos em gramíneas, bem como outras características nutricionais estão ligadas a 
diferenças entre espécies (Cottonie, 1980). 
 As diferenças genéticas quanto à capacidade diferencial de absorção de nutrientes ocorrem 
também entre linhagens e variedades dentro da mesma espécie conforme pode ser observado em 
Munson e Nelson (1973). Se por um lado essas diferenças dificultam a interpretação pela diagnose 
foliar, por outro lado têm permitido ao melhoramento novas ações no sentido de selecionar plantas 
mais eficientes à absorção e uso dos nutrientes do solo, uma alternativa bastante atraente 
principalmente para os nutrientes cujas reservas minerais são esgotáveis. 
 De forma semelhante é freqüente ocorrerem variações na composição quimica em plantas 
onde há grande variabilidade de copas e porta-enxertos como no caso dos citros (Hiroce et al., 1981; 
Grassi Filho, 1995). 
 
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 4.2.3. Clima 
 O clima influência o crescimento e a produção através dos seus vários componentes: 
temperatura, quantidade e distribuição das chuvas, duração do dia e da noite. Tubelis & Salibe 
(1987) verificaram ser possível estimar a safra de laranja Hamlin mediante o uso de uma regressão 
em que as variáveis foram a idade do pomar (em anos) e a queda dos meses de janeiro, fevereiro e 
setembro do ano anterior. 
 O principal elemento influenciado pelas chuvas, é com relação ao potássio nas folhas, que 
após uma chuva, há diminuição de seu teor nas folhas. 
 
Tabela 4: Variações nos teores foliares de laranjeiras "Baianinha", "Pera" e "Valência", tangerineiras 
"Ponkan" e "Murcote" e da limeira ácida "Tahiti" associadas ao porta-enxerto limoeiro 
Cravo.(Hiroce, 1987). 
Elemento Baianinha Pera Valência Ponkan Murcote Tahiti 
N (%) 2,71 2,40 2,82 2,81 2,32 1,80 
P (%) 0,12 0,12 0,13 0,13 0,12 0,17 
K (%) 1,77 0,81 1,22 1,26 1,18 1,28 
Ca (%) 3,26 3,26 3,46 3,06 3,27 3,31 
Mg (%) 0,25 0,34 0,40 0,43 0,40 0,48 
S (%) - o - - o - 0,30 0,27 0,25 0,34 
B (ppm) - o - - o - 51 54 66 78 
Cu (ppm) - o - - o - 16 17 5 5 
Fe (ppm) - o - - o - 248 200 117 103 
Mn (ppm) - o - - o - 53 43 49 26 
Zn (ppm) - o - - o - 25 25 28 17 
Mo (ppm) - o - - o - 0,06 0,07 - o - - o - 
 
Tabela 5: Comparação da composição de folhas de laranjeira de 5 meses de idade colhidas em 
ramos frutíferos e em ramos não frutíferos. 
 
Folhas de Teores - g/kg 
ramos N P K Mg 
sem frutos 23,6 1,2 8,6 2,5 
com frutos 15,3 0,8 3,8 3,5 
significância *** *** *** *** 
 *** significativo a 0,1% 
 
 4.2.4. Idade fisiológica e parte da planta a ser amostrada 
 Durante a fase inicial do período vegetativo, a taxa de absorção de nutrientes é alta, e em 
conseqüência as concentrações nos tecidos são altas. À medida que a planta cresce, há uma diluição, 
diminuindo a concentração de nutrientes nos tecidos. Assim, tecidos fisiologicamente jovens, em 
geral apresentam concentrações mais elevadas. 
 De forma geral os teores de N, P e K decrescem com a idade da planta ou do orgão da 
planta, enquanto os teores de Ca, Mg, Mn e B freqüentemete aumentam, conforme pode ser 
observado na Tabela 5. Folhas jovens, portanto, mostram teores relativamente mais altos em N, P e 
K, enquanto que em folhas mais velhas ocorre freqüentemente acumulações de Ca. Por esta razão, 
 
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amostras de folhas para análise devem ter idade fisiológica semelhante ou originarem-se do mesmo 
ponto de insersão no caule. 
 
Tabela 5: Tendência na variação do teor foliar dos elementos com a idade das folhas 
 
Espécie Diminuição com a 
idade 
Aumenta com a idade 
Amora P Ca, Mg 
Cacaueiro N, P, K Ca, Mg 
Cafeeiro N, P, K, Zn Ca, Mg, S, B, Ca, Mn 
Cana-de-açúcar N, P, K Ca 
Citros N, P, K, Mg, Cu, Zn Ca, B, Fe, Mn, Al 
Citros (frutos) N, P, K, Mg Ca 
Figo N, P, K Ca, Mg 
Hortaliças N, P, K Ca 
Macieira N, P, K Ca, Mg 
Milho e sorgo N, P, K Ca 
Pessegueiro N, P, K, Cu, Zn Ca, Mg, Mn, Fe, Al, B 
Pinus K Ca 
 
Tabela 6: Comparação entre os teores de nutrientes em folhas de ramos frutíferos(F) e não 
frutíferos(NF) (Rivero, 1968) 
 
Elemento Folha Deficiente Baixo Adequado Alto Excessivo 
N (%) F 0,6-1,9 1,9-2,1 2,2-2,7 2,8-3,5 >3,6 
 NF < 2,2 2,2-2,3 2,4-2,6 2,7-2,8 >2,8 
P (%) F < 0,07 0,07-0,11 0,12-0,18 0,19-0,29 >0,3 
 NF < 0,09 0,09-0,11 0,12-0,16 0,17-0,29 >0,3 
K (%) F 0,15-0,3 0,4-0,9 1,0-1,7 1,8-1,9 >2,0 
 NF < 0,70 0,7-1,1 1,2-1,7 1,8-2,3 >2,3 
Ca (%) F < 2,00 2,0-2,9 3,0-6,0 6,1-6,9 >7,0 
 NF < 1,60 1,6-2,9 3,0-5,5 5,6-6,9 >7,0 
Mg (%) F 0,05-0,15 0,16-0,2 0,30-0,60 0,7-1,0 >1,0 
 NF < 0,16 0,16-0,25 0,26-0,60 0,7-1,1 >1,2 
Cu (ppm) F < 4 4,1-5,0 5,1-15,0 15,0-20,0 >20,0 
 NF < 3,6 3,6-4,9 5,0-16,0 17,0-22,0 >22,0 
Fe (ppm) F < 40 40-60 61-150 151-? ? 
 NF < 36 37-59 60-120 130-200 >250 
Mn (ppm) F 5-20 21-24 25-100 100-200 300-1000 
 NF < 16 16-24 25-200 300-500 >1000 
Zn (ppm) F 4-15 16-24 25-100 110-200 >200 
 NF < 16 16-24 25-100 110-200 >300 
 
 
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Tabela 7: Teores foliares de macronutrientes e micronutrientes adequadospara citros*.(Malavolta et al., 
1991) 
 
Elemento Mês 
 Jan Mar Mai Jul Set Nov 
Macro % 
N 2,40 - 2,60 2,40 - 2,60 2,40 - 2,60 2,20 - 2,40 2,00 - 2,50 2,30 - 2,60 
P 0,12 - 0,16 0,12 - 0,17 0,11 - 0,15 0,11 - 0,15 0.12 - 0,15 0,13 - 0,16 
K 1,10 - 1,50 1,00 - 1,40 1,00 - 1,40 1,00 - 1,40 1,00 - 1,20 1,30 - 1,60 
Ca 3,00 - 4,00 3,50 - 4,00 4,50 - 5,00 3,00 - 4,00 3,00 - 4,50 4,00 - 4,50 
Mg 0,30 - 0,40 0,25 - 0,30 0,20 - 0,25 0,20 - 0,30 0,25 - 0,30 0,30 - 0,35 
S 0,20 - 0,25 
Micro ppm 
B 60 - 110 60 - 140 80 - 120 60 - 100 60 - 120 60 - 120 
Cu 10 - 30 
Fe 150 - 300 130 - 300 250 - 400 150 - 300 200 - 300 150 - 300 
Mn 25 - 50 
Zn 25 - 50 
* Produção entre 1.200 e 1.400 caixas/ha. Folhas de ramos frutíferos do fluxo de primavera, 3-7 meses de idade (segunda 
folha depois do fruto). 
 
Tabela 8: Variação no teor de elementos em função da planta no ramo do cafeeiro 
 
Par de g/kg mg/kg 
folhas N P K Ca Mg B Mn 
1° 35 1,8 19 11 1,9 40 65 
2° 30 1,6 18 15 2,2 45 70 
3° 28 1,6 17 15 2,3 50 80 
4° 29 1,5 17 17 2,4 45 80 
5° 27 1,4 16 19 2,7 50 95 
6° 27 1,5 16 22 2,8 60 100 
7° 27 1,4 15 21 2,7 50 110 
8° 26 1,3 15 22 2,7 55 115 
9° 26 1,3 15 25 2,8 60 120 
10° 26 1,3 15 25 2,7 75 130 
 
 
 4.2.5. Pragas e moléstias 
 Pragas e moléstias podem influenciar a composição mineral das folhas devido ao efeito que 
vírus, bactérias, fungos, nematóides, podem ter na absorção, transporte, redistribuição e 
metabolismo mineral. 
 
 
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Tabela 9: Variação no teor foliar de nutrientes no cafeeiro durante o ano (3° par de folhas). 
 
Elemen Dezembro Fevereiro Maio Agosto 
to CF SF CF SF CF SF CF SF 
N(g/kg) 30,1 27,6 28,6 29,5 28,8 30,0 28,1 30,3 
P(g/kg) 1,2 1,0 0,9 1,0 0,8 0,8 0,8 0,8 
K(g/kg) 32,8 28,4 22,9 22,2 20,9 22,2 30,1 27,0 
Ca(g/kg) 8,8 9,9 22,9 22,2 20,9 22,2 30,1 27,0 
Mg(g/kg) 3,3 3,2 2,6 3,1 5,2 6,0 2,7 3,5 
S(g/kg) 1,0 0,7 1,4 1,1 0,8 0,8 1,7 1,7 
B(mg/kg) 66 66 76 60 99 72 77 62 
Cu(mg/kg 18 15 44 30 22 24 32 24 
Mn(mg/kg) 380 385 420 364 270 297 431 470 
Zn(mg/kg) 11 10 8 8 9 11 9 7 
 
Tabela 10-Resultados da análise foliar de tomateiros normais e afetados pelo amarelo da folha 
baixeira.(Santos Costa, 1964). 
Amostras de g/kg mg/kg 
folhas N P K Ca Mg Cu Fe Mn 
Sadias 30,3 3,2 38,3 37,2 5,8 401 181 357 
Amarelo 26,9 2,4 37,0 30,1 4,6 449 228 283 
Variação - 11 - 25 - 3 - 19 - 20 + 12 + 21 - 20 
 
Tabela 11- Composição mineral das folhas do amendoim sadio e infestado pela cigarrinha 
Empoasca kraemeri. 
Características extermas g/kg mg/kg 
dos folíolos N P K Ca Mg Mn 
com manchas amarelas 28,3 1,74 8,1 8,8 2,4 66,7 
normais 35,5 24,6 11,5 16,0 3,7 142 
Variação percentual (%) - 20 - 40 - 30 - 45 - 35 -47 
 
Tabela 12: Composição catiônica de folhas de algodoeiro colhidas de plantas sadias ou afetadas 
pelo vírus do “vermelhão” 
Nutrientes Plantas 
g/kg Sadias Afetadas 
K 18,3 15,9 
Ca 37,0 31,1 
Mg 6,3 4,9 
 
 
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Tabela 13: Composição foliar de plantas sadias e com declínio. 
Elemento Sadia Doente 
 Malavolta Tavares Giroto Malavolta Tavares Giroto 
N g/kg 27 32 27 23 30 25 
P g/kg 1,3 1,6 2,0 0,9 1,4 1,7 
K g/kg 14 20 12 8,4 1,6 8,9 
Ca g/kg 28 26 37 37 23 34 
Mg g/kg 4,7 5,2 6,0 4,9 4,5 5,0 
S g/kg 2,7 1,3 2,7 2,2 1,1 3,2 
B mg/kg 56 36 70 89 38 84 
Cu mg/kg 8 12 34 15 19 37 
Fe mg/kg - o - 101 248 - o - 97 258 
Mn mg/kg 37 29 54 56 21 44 
Zn mg/kg 16 18 19 23 19 19 
 
Tabela 14: Composição foliar de plantas sadias e afetadas pela clorose variegada ou amarelinho. 
Elemento Sadias Afetadas 
N g/kg 25 20 
P g/kg 1,5 18 
K g/kg 12 4,6 
Ca g/kg 49 49 
Mg g/kg 1,7 1,4 
S g/kg 2,7 2,3 
B mg/kg 69 76 
Cu mg/kg 41 33 
Fe mg/kg 221 274 
Mn mg/kg 27 30 
Zn mg/kg 16 21 
 
 
 4.2.6. Práticas culturais 
 Deve-se esperar, na quantidade e proporção dos elementos absorvidos, influência de práticas 
muito diversas tais como calagem e gessagem, adubação mineral e orgânica, aração, gradagem, 
sub-solagem, drenagem, cultivo, irrigação, rotação de culturas, uso de defensivos. 
 
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Tabela 15: Efeito de práticas culturais na composição mineral das folhas de Hamlin/limão cravo 
(Hiroce, 1984). 
Elemento Tratamento 
 Irrigado Não irrigado 
N g/kg 27,3 23,1 
P g/kg 1,0 1,0 
K g/kg 8,7 8,4 
Ca g/kg 52,3 55,1 
Mg g/kg 3,4 4,6 
B mg/kg 88 61 
Cu mg/kg 4 5 
Fe mg/kg 477 250 
Mn mg/kg 66 92 
Mo mg/kg 0,02 0,02 
Zn mg/kg 27 21 
Colheita (t/ha) 21 16 
 
Tabela 16: Efeito da irrigação em Natal/limão cravo na composição foliar e colheita(Hiroce, 1984) 
Tratamento g/kg mg/kg Produção 
 P Fe Mn t/ha 
Herbicida 1,2 243 30 8,6 
Capina 1,24 235 24 10 
Guandu 1,26 235 32 10,5 
Mucuna Preta 1,36 226 28 12,8 
Cobertura Morta 1,55 199 23 17,6 
 
5-NÍVEL CRÍTICO 
 
 Utilizando-se dos fatores teor foliar de nutrientes e produção, determina-se a faixa de 
concentração de nutrientes a qual, abaixo desta há diminuição da produção, sendo que esta faixa de 
teores é a correspondente a 90% da produção máxima. A determinação desta faixa é denominada de 
nível crítico. 
 
 5.1. Etapas Para a Determinação do Nível Crítico. 
 
 5.1.1. Amostragem: Verificar qual a parte do vegetal que melhor reflete o estado 
nutricional da cultura a ser estudada. Define-se a época de amostragem, a idade da folha, sua 
posição na planta (sol, sombra, pontos cardeais); 
 
 5.1.2. Cultivo em condições controladas: Estudo em solução nutritiva, na presença 
de todos os nutrientes e na ausência de cada um deles isoladamente. Analiza-se: os teores foliares, o 
crescimento e a produção respectiva; pode-se também alterar a concentração dos nutrientes na 
solução nutritiva e avaliar seus efeitos; 
 5.1.3. Cultivo em condições de campo: Elege-se áreas com níveis de produtividades 
distintos, colhe-se folhas, analizam-se seus teores e correlacionam-se com a produção da área 
amostrada. 
 
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 Através destes dados obtem-se a seguinte curva, que relaciona o crescimento relativo e 
produções relativas com o teor ou faixa de teores de nutrientes na folha. 
 
Figura 3. Relação entre o teor do elemento e produção relativa (Malavolta et al. 1989) 
 
Deficiente: Sintomas visíveis de deficiência e redução severa no crescimento e produção; 
Marginal: redução de crescimento e produção sem manifestação de deficiência; 
Adequado: Crescimento e produção ideal; 
Alto: Limite crítico antecedente ao tóxico; 
Tóxico: Aparecimento de sintomas de toxidez, acompanhado de queda de crescimento e produção; 
Nível Crítico: Concentração dentro do nível marginal, em que, a produção ou o crescimento 
correspondente a 90-95% do máximo encontrado experimentalmente. 
 Na prática o objetivo da adubação não é uma maior produção física, mais uma produção 
com o maior lucro, ou seja, a COLHEITA ECONÔMICA MÁXIMA, pois não interessa usar adubo 
além de um dado nível ou quantidade, acarretando em elevação do teor foliar, não aumentando a 
colheita, não se pagando o adubo adicional aplicado. Temos então o NÍVEL 
FISIOLÓGICO-ECONÔMICO. 
 
6 .UTILIZAÇÃO DA DIAGNOSE FOLIAR 
 
 Pela "lei do mínimo de LIEBIG", o nutriente limitante passará a ser o fator limitante da 
produção e, antes que isto ocorra, a planta já estará se ressentindo desta falta. 
 
 6.1. Levantamento do estado nutricional 
 Muitas vezes numa cultura podem ocorrer situações em que há manifestação de carênciaque 
podem ser confundidos com sintomas de toxidez ou com ataque de pragas e moléstias, podendo 
também ocorrer uma não manifestação do sintoma de carência, o que é denominado de "fome 
oculta" ou "deficiência escondida". 
 Para resolver o problema, o que se faz é simplesmente comparar o teor do elemento 
encontrado na amostra com a concentração do mesmo considerada padrão. Ocorrem então três 
possibilidades apenas, onde: 
 Ya=TEOR DO NUTRIENTE NA AMOSTRA 
 Yp=TEOR PADRÃO 
 Tem-se: 
 Ya < Yp ..... planta deficiente 
 Ya = Yp ..... sem problemas 
 Ya > Yp ..... nutriente em excesso(pode ser tóxico) 
 Nem sempre a análise de um único elemento isoladamente é suficiente para a avaliação do 
estado nutricional. Usando-se a palavra "interação" sem conotação estatística, podem ser 
considerados os casos que aparecem na Tabela 18 para indicar como a presença de um elemento no 
substrato pode influenciar a absorção de outro. Nos casos em que o efeito é positivo a presença do 
elemento aumenta o teor foliar do segundo e, em havendo inibição, competitiva ou não, o efeito 
será o oposto. Deve-se ter em mente que desequilíbrios ocorrerão sem nunhuma relação com o 
processo de absorção. Tudo se resume no seguinte: muitas vezes não basta considerar o teor do 
elemento isoladamente, tem-se que procurar quocientes entre dois uo mais nutrientes para uma 
 
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melhor definição do estado nutricional da cultura(Tabela 18). Efeito da elevação na concentração do 
primeiro elemento no meio, sobre o segundo elemento. 
 
 6.2. Avaliação da necessidade de adubos 
 
 Conhecendo-se a concentração relativa à produção máxima e o nível de adubo utilizado, 
pode-se após exaustivos e acurados estudos, preconizar o nível de adubação. No Brasil de um modo 
geral, as recomendações de adubação para P e K são baseadas nas análises de terra, o mesmo 
acontecendo com relação à calagem. As doses de N são dadas em função de um número muito 
limitado de resultados de ensaios de adubação no campo, nos quais foram obtidas as curvas de 
respostas a vários elementos. 
 
Tabela 18: Principais casos de interação entre elementos no processo de absorção e sua 
conseqüência no teor foliar do segundo.(Malavolta & Malavolta, 1989). 
Elemento Segundo Efeito na Conseqüência 
adicionado elemento absorção no teor foliar 
N P, S + + 
 Mg - - 
 B ? - 
P Cu, Fe, Mn, Zn - - 
 Mo + + 
K N + + 
 Ca, Mg - - 
Ca [baixa] qualquer + + 
Ca [alta] K, Mg, Mn - - 
Mg P + + 
S N, P + - 
 Cl, Mo - - 
B Zn - - 
Cl Zn + + 
Cu Fe, Mn, Mo, Zn - - 
Fe Cu + + 
 Mn - - 
Mn Fe - - 
Mo Cu - - 
Zn Fe, Mn - - 
 
 A recomendação do uso de micronutrientes, como as descritas para o N, são largamente 
baseados em alguns poucos dados experimentais e de observações locais, com excessão para o Cu 
em cana-de-açúcar no Nordeste brasileiro. 
 Têm-se pois que faltam trabalhos que permitam fazer-se recomendações das doses de N e 
dos Micronutrientes com base nas análises de solo. Conhecendo-se pois os teores adequados dos 
elementos para as principais culturas, pode-se lançar mão da diagnose foliar para calcular a dose de 
adubo, sendo o procedimento semelhante ao usado para a análise de solo, sendo obedecidas três 
premissas, isto é, dentro de um limite adequado há relação direta entre: 
 
 DOSE DE ADUBO & PRODUÇÃO; 
 DOSE DE ADUBO & TEOR FOLIAR; 
 TEOR FOLIAR & PRODUÇÃO 
 
 Na figura 4, podemos observar estas relações e a produção máxima (Yc) está associadacom 
o teor foliar (Fc) e com a dose(Xc) de adubo, chegando a que a dose de adubo a usar será dada por: 
 
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 Xc - Xa = X 
 onde X será a dose de adubo. 
 
Figura 4: Emprego da diagnose foliar como meio para determinar a dose de adubo. 
 
Figura 5. Relação entre o suprimento de N, P2O5 e K2O, colheita e composição foliar. 
 
 7. AMOSTRAGEM 
 
"A ANÁLISE NÃO É MELHOR QUE A AMOSTRA" 
 
 Muitos fatores agem e interagem para determinar a concentração foliar dos elementos, daí a 
necessidade de se obedecer rigorosamente as recomendações quanto à época de amostragem, o 
número de folhas a serem colhidas, variáveis essas que podem ser controladas. Por outro lado, 
fatores que fogem ao controle, como a quantidade de chuvas, podem às vezes ser medidas, o que 
permitem correções nos valores encontrados na análise das folhas. 
 Caso as recomendações não forem seguidas ao pé-da-letra, a interpretação dos dados poderá 
ser errada, conduzindo à medidas inadequadas ao programa de adubações. 
 
A folha que melhor expressa o estado nutricional da cultura é aquela cujo crescimento já 
terminou (recém madura) e não entrou em senescência, sendo portanto a “folha 
fisiológicamente ativa, ou madura”, com alta taxa metabólica

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