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FACULDADE ALVORADA DE TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO DE MARINGÁ - CURSO DE DIREITO
A CRIMINOLOGIA E AS REBELIÕES NOS PRESÍDIOS BRASILEIROS
ANA PAULA NOGUCHI
 DEISIELI CAROLINE GOIS
	
	
Trabalho apresentado à Professora Flávia Colombari na matéria de Direito Penal I, 3º semestre, para avaliação e composição da nota do Projeto Integrador da Faculdade Alvorada de Tecnologia e Educação de Maringá.
Maringá, Brasil
2017
SUMÁRIO
 
	1.
	INTRODUÇÃO ...............................................................................................
	03
	
	
	
	2.
	 CIÊNCIA DO DIREITO PENAL, POLITICA CRIMINAL E CRIMINOLOGIA.............................................................................................
	
04
	
3.
	 
CONCEPÇOES TEÓRICAS E A PUNIÇÃO ATRAVÉS DA CRIMINOLOGIA.............................................................................................
	
05
	
4.
4.1
4.2
4.3
	
REGIMES E ESTABELECIMENTOS DE EXECUÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE.........................................................................
REGIME FECHADO.......................................................................................
REGIME SEMI-ABERETO..............................................................................
REGIME ABERTO..........................................................................................
	
07
07
07
08
	5.
	O SISTEMA PENITENCIÁRIO.......................................................................
	08
	5.1
5.2
6.
	Sistema Prisional no Brasil ..............................................................
A Infraestrutura e a condição de vida no Sistema Carcerário brasileiro........................................................................
as rebeliões E AS FACÇÕES CRIMINOSAS.....................................
	09
09
10
	
7.
	
a violação DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA ..............................
	
11
	8.
9.
	RESSOCIALIZAÇÃO ...................................................................................
CONCLUSÃO ................................................................................................
	12
17
	
	
	
	10.
	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................
	18
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como escopo o estudo da Criminologia das Rebeliões nos Presídios Brasileiros.
 Assunto é de extrema importância, haja vista que o País se encontra em crise no que diz respeito ao sistema penitenciário quando se trata de oferecer aos detentos uma estrutura física justa e necessária, bem como assistência jurídica, médica, educacional e psicológica, sem esquecer que os mesmos possuem direitos humanos e como cidadãos, merecem ser tratados com dignidade..
 Nesta disposição o presente projeto cuida de analisar o sistema penitenciário brasileiro e as principais causas da sua ineficácia. 
 	No desenvolvimento da pesquisa, busca-se identificar as causas das rebeliões nos presídios brasileiros, além de analisar quais os motivos da revolta dos presidiários, a crise na sociedade, e, por fim, a aplicação do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, o que não ocorre na maioria das penitenciarias. 
 	Por fim, a proposta é refletir e analisar as relações e condições sociais que se manifestam no sistema penal, pois se acredita em uma prática profissional capaz de impulsionar em conjunto com os detentos, ações que visam resgatar a cidadania desses que encontram-se em cumprimento de penas, na ante sala da sociedade.
 	Aparentemente, o sistema penal tutela a igualdade e liberdade entre os homens, através da linguagem de ordem. Contudo, ele representa mais a manutenção de uma ordem social desigual do que a defesa da igualdade entre os homens.
2. CIÊNCIA DO DIREITO PENAL, POLITICA CRIMINAL E CRIMINOLOGIA
O Direito Penal brasileiro passou por inúmeras mudanças, evoluções ao longo do tempo, onde as práticas punitivas eram mais severas e o crime era confundido com o pecado a ofensa moral, sendo a pena de morte a punição mais usada na época.
Com as transformações no Código Penal, as penas passaram a ter a aplicação proporcional ao condenado. Sendo tal período chamado de momento instrumental ou normativo.
Política Criminal designa o conjunto de práticas punitivas, ou seja, as penas e constitui-se no estudo e sistematização das estratégias, instrumentos e meios de controle social da criminalidade, sejam eles penais ou não penais. 
A política criminal busca, primordialmente, a analise crítica (metajurídica) do direito posto, no sentido do bem ajustá-los aos ideais jurídico-penais e de justiça. Está intimamente ligada à dogmática jurídica, visto que na interpretação e aplicação da lei penal interferem critérios de política criminal.�
A Criminologia refere-se a uma ciência empírica que se ocupa do estudo do crime, do infrator, da vítima, do sistema penal e do controle social do comportamento criminoso, tendo como base a realidade social. Seu objeto inclui além do delito e suas causas, o estudo da vítima e, de modo especial, o estudo da reação e do controle social. É a ciência do ser, baseada na análise e na investigação da realidade. É o momento explicativo-empírico.
A principal função é o estudo das causas dos delitos, buscando responder e ou solucionar o fenômeno criminal. Enquanto o Direito Penal estuda o “dever ser” a criminologia estuda “ o que é “, enfrenta o delito como fenômeno real.
3. cONCEPÇÕES TEÓRICAS E A PUNIÇÃO ATRAVÉS DA CRIMINOLOGIA
Quando o assunto é Punição através da Criminologia, o Direito, a Psicologia e a Sociologia estão interligadas e as questões estão associadas ao sistema penal, ao crime e específicamente às prisões.
A Criminologia estuda as ações criminosas, são divididas em duas partes, a tradicional que aborda a criminalidade como um problema, e divide os indivíduos entre maus e sadios, normais e bons.
No entanto a criminologia tradicional começou a existir devido aos estudos e teorias da escola clássica, Escola Positiva, e sociologia criminal.
Segundo a Escola Clássica (séc. XVIII e XIX) o individuo tem o livre-abtrio, e se ele comete o crime é de forma racional, ou seja, ele está ciente dos riscos.
A Escola Positiva foi contra a teoria da Escola Clássica, pois acreditava que o comportamento do indivíduo era tomado por uma patologia, desde então se examina o comportamento humano através dos próprios criminosos.
No século XIX logo após a escola positiva, eis que surge a Sociologia Criminal, que buscava as causas dos crimes na sociedade, onde se ignorava o que diz a escola Clássica, que o crime é individual, e sim passa a ser coletivo, e a solução para essa escola é a reorganização social.
A Criminologia crítica se desenvolve por oposição à Criminologia tradicional, na qual critica é construída pela mudança do objeto de estudo e do método de estudo do objeto: o objeto é deslocado da criminalidade, como dado ontológico, para a criminalização, como realidade, mostrando o crime como qualidade designada a comportamentos ou pessoas pelo sistema de justiça criminal.
Então, o eixo da investigação, passa a deslocar-se, antes sobre a pessoa, para a reação social da conduta desviada, em especial, para o sistema penal, com isso a criminologia crítica diferencia os fatos criminosos sob determinada conjuntura que lhe é apropriada (colarinho branco, tráfico, racismo, corrupção etc.) daquela criminalidade própria das classes mais inferiores e excluídas, que, quase sempre consideradas como revoltadas diante do cotidiano da sociedade.
A Criminologia encontra-se inserida nas disciplinas da biologia criminal, ou seja, fenômeno individual do homem, constatando suas condições naturais em seus aspectos físicos,psicológicos e fisiológicos.
A Antropologia Criminal prevê o comportamento social do indivíduo, incluindo fatores como raça, genética, hereditariedade, etc.
Dentro da Criminologia a disciplina que vem para estudar o comportamento social do indivíduo como a personalidade e suas condições psicológicas, tanto no ato do crime, sejam na culpa ou no dolo, na aplicação da pena e da medida de segurança é a psicologia criminal, que não pode interferir na Psiquiatria Criminal, que estuda a sanidade mental do indivíduo para ajudar a entender a causa real das ações criminosas e o que levou a tal prática.
Entretanto a Sociologia Criminal vem pra ajudar a compreender que o meio social em que o indivíduo convive, possa comprometer em seu comportamento, o que o acabaria levando a cometer tais práticas criminais, ocasionando fatores que determinam que a psicologia criminal também esteja inserida nessa disciplina.
Considerando todos esses fatores, podemos perceber, e passar a entender quais os motivos que possa ter levado a prática de um crime e contribuindo assim para uma diminuição da pena. Como prevê o Código Penal.
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.
Cabe ao juiz analisar a personalidade do indivíduo, para aplicar à pena. Considerado o pai da criminologia moderna Cesare Lombroso, acreditava ser uma patologia a prática criminosa, uma suposta doença da mente, mas que poderia ser curada se fosse tratada. Lombroso propunha um tratamento semelhante ao psiquiátrico, no qual o objetivo era a criação de um instituto, onde fosse permitido a aplicação da pena indeterminada, e aqueles que não pudessem se livrar de seu instinto criminoso, eram afastados do convívio social. 
Nas pessoas sãs é livre a vontade, mas os atos são determinados por motivos que contrastam com o bem estar social. Quando surgem, são mais ou menos freados por outros motivos, como o prazer do louvor, o temor da sanção, da infâmia, da igreja, ou da hereditariedade, ou de prudentes hábitos impostos por uma ginástica mental continuada, motivo que não valem mais nos dementes morais ou nos delinquentes natos, que logo caem na reincidência. �
Lombroso apresenta uma concepção muito generalizada, em que todos aqueles que tenham as características fisionômicas, biológicas, psicológicas, físicas e emocionais são criminosos.
4. REGIMES E ESTABELECIMENTOS DE EXECUÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
Toda vez que uma pessoa sofre uma condenação o juiz que a sentenciou deverá fixar o quantum da pena e estipular o regime inicial de seu cumprimento. 
Porém o magistrado deverá observar a gravidade do crime, conduta social do autor do delito, além de outros fatos judiciais previstas no artigo 59 do Código Penal. 
 Regime fechado
A Execução da Pena em estabelecimento de segurança máxima ou média; onde
o penitenciado fica preso durante todo o dia. Sai para banhos de sol e para trabalhos internos (quando for o caso). Conforme Art. 34 LEP.
Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame criminológico de classificação para individualização da execução.
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno. 
§ 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena.
§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas.
 Regime semi-aberto
 A Execução da Pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar;
onde trabalha durante o dia, quer seja em colônias penais ou em outros locais e volta ao recolhimento no período noturno.
Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o cumprimento da pena em regime semi-aberto.
§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. 
§ 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a freqüência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior. 
 Regime aberto
 	A Execução da Pena em casa de albergado oiestabelecimento adequado, onde trabalha durante o dia e recolhe-se a noite em casa de albergado ou em sua própria residência (prisão domiciliar) suas atividades são monitoradas. No regime semiaberto, o cumprimento da pena deve ocorrer em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. Aqui, o condenado poderá ser alojado em locais coletivos e sua pena estará atrelada ao seu trabalho. Um exemplo comum nesse tipo de prisão é reduzir um dia de pena a cada três dias trabalhados.
Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado.
§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga.
§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada.
 Como no Brasil não se aplica a pena de morte e nem a pena de caráter perpétuo, é fácil concluir que o condenado, mais cedo ou mais tarde, retornará ao convívio social. 
5. O SISTEMA PENITENCIÁRIO
O sistema penitenciário consiste nos mecanismos de controle social que uma sociedade utiliza para punir o descumprimento da lei. O significado ideológico do sistema prisional brasileiro muitas vezes é utilizado como instrumento de exclusão ao definir condutas que objetivam conter as classes sociais inferiores
 A questão da punição ganhou destaque nos debates da teoria social no século XX, sobretudo a partir do impacto de trabalhos como os de Michel Foucault. Um autor de fundamental importância para a construção de novas formas de pensar sobre a punição no âmbito da teoria social contemporânea. No livro Vigiar e Punir Foucault estuda as transformações das práticas penais na França, da época clássica ao século XIX.
Focault e o surgimento do Panoptismo, em estrutura de anel e no centro uma torre, periférica, vigiada através de janelas para dentro e para fora, ver sem ser visto, o poder constante criado no cárcere. A ideia tão perfeita que traz ao preso à ideia de vigilância constante, sem saber de onde está sendo controlado e vigiado�.
 Trazendo para os dias de hoje, os juízes cada vez mais encontram dificuldade em julgar, punir, medir, e reconhecer o certo e o errado. Então a prisão é vista como a única forma ainda de se ter domínio de vigiar e punir os indivíduos.
5.1 Sistema Prisional no Brasil
O sistema prisional brasileiro há muito deixou de ser um instrumento eficaz de recuperação se é que um dia foi. O nosso atual sistema prisional é, sem hesitação, uma das mais sérias dívidas sociais que o Estado brasileiro e a sociedade, como um todo, tem. Uma situação alarmante e de impacto profundo e eminente no cotidiano do nosso país. 
O sistema prisional brasileiro corresponde á realidade social do Brasil, e não se trata de que a pobreza e a carência facilitam, estimulam, oportunizam e propiciam ao crime. Trata-se tão somente de entender que o sistema prisional é uma realidade mais viva e próxima da parte da população carente do Brasil, desde os tempos do Império.
 
5.2	 A Infraestrutura e a condição de vida no Sistema Carcerário brasileiro.
A massa nos presídios brasileiros é formada basicamente por jovens, no Brasil a igualdade garantida pela Constituição Federal de 1988, não corresponde com a verdadeira situação vivida nos presídios.
A superlotação é outro problema humilhante dos presídios, celas com o dobro da capacidade,e com a superlotação dos cárceres e a instabilidade do sistema, os detentos sofrem uma dupla penalidade, sendo a primeira a privação de liberdade em função da pena e a segunda o desrespeito aos seus direitos fundamentais devido às péssimas condições carcerárias, como: exposição à doenças graves, falta de assistência médica etc.
 Conforme o artigo 5º, inciso III da Constituição Federal “Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante”, Mas o Estado descumpre o que está positivado, fazendo com que os presos tenham um tratamento desumano e degradante.
A primeira forma de mudar a realidade carcerária seria então fazer o Estado cumprir seu papel de garantir a segurança dos detentos. Mas é cada vez mais difícil ocorrer isso em unidades prisionais que se encontram superlotadas.
6. as rebeliões e as facções criminosas
Como o Estado falha em garantir a integridade dos presos em muitas unidades prisionais, os detentos se organizam em facções criminosas. Porém, esses grupos evoluem, formas de financiamento, obtenção de armas e assim elevam o crime para um nível mais nocivo, que afeta toda a sociedade.
Há em torno de 83 organizações de presos no Brasil, a maioria com atuação estadual e local.
O Primeiro Comando da Capital (PCC), que teve origem em São Paulo, tem atuação em todas as 27 unidades da federação. Surgiu em 1993, dentro do presídio de Taubaté, em São Paulo, com estatuto e organização hierárquica. Tinha como objetivo a melhoria do tratamento oferecido aos presos e exigir melhores condições no sistema carcerário. Mas atualmente o PCC passou a atuar em ações criminosas e no tráfico de drogas dentro e fora das prisões.
O Comando Vermelho (CV), primeira grande facção criminosa a surgir no Brasil, no Estado do Rio de Janeiro além de atuar em seu estado, atua em outros 14 estados. Dominou sozinho o comércio de substâncias ilícitas na região metropolitana do Rio de Janeiro 
Família do Norte (FDN) é a Facção mais recente, a qual em princípio se organizou em presídios do Norte. Aproximou-se do Comando Vermelho e seria, em tese, rival do PCC. A Família do Norte é uma facção que estaria ligada às últimas rebeliões em Manaus, Roraima e Rio Grande do Norte. Atua nos seguintes estados: Amazonas, Roraima, Pará. São as 3 maiores Facções criminosas que existem no Brasil.
Essas três facções possuem a finalidade de busca por lucro por meio do tráfico de drogas, roubo de cargas, roubo a bancos etc. E mantêm-se concreta, pois mensalmente embolsam uma importância em dinheiro de seus membros que se encontram desprovidos de sua liberdade, cerca de R$ 60,00, e dos que se encontram em liberdade, cujo valor da contribuição é de R$ 500,00. É investido em drogas e armamento de guerra, repassado para compra de medicamentos, alimentação, Os integrantes alegam que buscam a paz, a justiça, a liberdade, a igualdade.
Dando sequência à crise penitenciária do começo de 2017, foram pelo menos 26 mortos na Penitenciária de Alcaçuz, a maior do Rio Grande do Norte. Todos os corpos foram decapitados ou carbonizados.
Em uma semana, rebeliões em Manaus deixaram pelo menos 67 mortos. A maior parte morreu após rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim – primeiro, o governo informou que eram 56 mortos, mas mais três corpos foram encontrados uma semana depois. No dia seguinte, mais quatro detentos morrem na Unidade Prisional de Puraquequara (UPP), também em Manaus. Seis dias depois, uma rebelião na cadeia de Raimundo Vidal Pessoa deixou quatro mortos.
7. a violação DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
A condição humana, o simples fato de ser “humano”, o indivíduo conta, perante o ordenamento jurídico, com uma série de direitos e garantias asseguradas, mesmo antes do seu nascimento, passando assim a ser considerado como sujeito de direito. O princípio da dignidade humana situa o gênero humano como ponto central de toda norma, na medida em que cada um ostenta sua singularidade e não se confunde com o todo, com o social ou com a comunidade. O homem é o protagonista, quer nas suas relações com o Estado, quer nas relações privadas, pois, a pessoa merece proteção integral e única, pois, através dela e por ela, todos os outros direitos são constituídos. 
Para que o respeito e a satisfação dos direitos positivados, através de uma consolidação normativa interna, capaz de convertê-los em efetividade. Com a noção de dignidade da pessoa humana, estabelecida pelo texto Constitucional, à medida que as suas práticas “buscam construir relações saudáveis no futuro, em vez de se concentrarem nas consequências punitivas de um evento passado�.
A Constituição de 1988 consolidou esta ideia da dignidade da pessoa humana como princípio fundamental e patamar de sustentação do Estado Democrático de Direito, diante do que importa concluir, que o Estado existe em função de todas as pessoas e não estas, em função do Estado. A dignidade da pessoa humana é, por conseguinte, o núcleo base dos direitos humanos, positivados e reconhecidos pelo art. 5º da Constituição Federal, como direitos fundamentais e salvaguarda dos direitos da personalidade. O impedimento à degradação e coisificação da pessoa humana, o que torna defesa a redução da pessoa à condição de mero objeto do Estado, em especial, frente ao “jus puniendi,” exigindo a observação de garantias fundamentais e limites processuais Segundo André Ramos Tavares.
8. RESSOCIALIZAÇÃO
 
As prisões brasileiras tornaram-se uma massa de pessoas sem esperança de justiça e expectativas de ressocialização. São indivíduos ignorados e esquecidos pela sociedade.
Na atual realidade, deixar o sistema penitenciário após ter cumprido sua dívida para com a sociedade e nela se reinserir é, por vezes, uma impossível tentativa, uma vez que um indivíduo tenha passado pela prisão, a própria sociedade o discrimina, faltando assim oportunidades dele se ressocializar, o empurrando novamente para uma vida de incertezas e criminalidade.
Foi possível uma recente introdução deste paradigma no sistema político-criminal brasileiro, com movimentos da esfera governamental, objetivando a construção de um sistema de justiça mais acessível e apto a intervir de forma mais efetiva na prevenção e solução de conflitos. Baseada nesse objetivo, a Secretaria de Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça aliada ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, desde 2003, passou a desenvolver uma parceria, oferecendo ao sistema de justiça, meios alternativos de resolução adequada de conflitos, para formação de um sistema multi-portas, com respostas mais adequadas à complexidade do fenômeno criminal. Assim, em 20 de agosto de 2007, o Assim, em 20 de agosto de 2007, o governo federal lançou o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania-PRONASCI. O Pronasci enfatizou a preservação dos direitos humanos, que deverão ser garantidos pela eficiência policial, como explica, ao comentar sobre o tema, Luiz Eduardo Soares:
Os valores consensuais em pauta – que o Pronasci endossa e enfatiza –são os seguintes: direitos humanos e eficiência policial não se opõem; pelo contrário, são mutuamente necessários, pois não há eficiência policial ser respeito aos direitos humanos, assim como a vigência desses direitos depende da garantia oferecida, em última instância, pela eficiência policial. Tampouco é pertinente opor prevenção a repressão qualificada; ambas as modalidades de ação do Estado são legítimas e úteis, dependendo do contexto. Polícia cumpre papel histórico fundamental na construção da democracia, cabendo-lhe proteger direitos e liberdades. �
Dentre as atribuições do PRONASCI figura também, a capacitação dos agentes públicos em cursos de graduação, especialização e mestrados em segurança pública, mediante bolsa-formação, apoio a atividades culturais e projetos educacionais. A difusão de importantes publicações teóricas e do relato das experiências práticas sobre o tema criou o projeto “Promovendo Práticas Restaurativas no Sistema de Justiça Brasileiro”. Esse projeto foio disparador de um conjunto de atividades que evoluíram, no ano de 2005, e resultaram na implantação, inicialmente, de três projetos-piloto, sendo que dois deles como experiências no âmbito da apuração de atos infracionais cometidos por adolescentes em conflitos com a lei (São Paulo e Rio Grande do Sul) e um projeto no âmbito dos Juizados Especiais Criminais (Núcleo Bandeirante, em Brasília-DF). A Justiça Restaurativa, visa proporcionar às partes um atendimento, através de práticas e procedimentos executados com a intervenção de uma equipe interdisciplinar, formada por profissionais das áreas biopsicossocial, voluntários e autônomos. Desta forma é assim aplicada nesta experiência, na sua finalidade institucional para o aprimoramento da Justiça, que “evita os efeitos dessocializadores comportados por outras sanções”,e decorrentes do controle penal repressivo do Estado, ao tempo que proporciona maior satisfação às partes e resultados mais eficientes, em situações específicas envolvendo conflitos interpessoais por ensejar a participação das próprias partes na pacificação social.
Com base nisso, a base na teoria conceitual de Justiça Restaurativa foi citada por Paul MacCold e Ted Wachetel.
Crimes causam danos a pessoas e relacionamentos. A justiça requer que o dano seja reparado ao máximo. A justiça restaurativa não é feita porque é merecida e sim porque é necessária. A justiça restaurativa é conseguida idealmente através de um processo cooperativo que envolve todas as partes interessadas principais na determinação da melhor solução para reparar o dano causado pela transgressão.
Buscando assim, reduzir os danos causados às pessoas envolvidas em ações delituosas de menor potencial ofensivo, estabelecendo soluções colaborativas e não penais, nascidas em um diálogo entre todos os envolvidos e suas comunidades. Sem estigmatizar quaisquer das pessoas participantes do conflito ou sem visar estabelecer estéreis punições, a abordagem restaurativa desaprova as transgressões, porém se concentra em confrontar o autor com as consequências da sua conduta, criando uma tarefa social construtiva que o inclui e responsabiliza pelo restabelecimento dos vínculos preexistentes ao delito e pela reparação dos danos causados à vítima.
 A criminologia, portanto, não se limita ao comportamento delitivo em si, visto que vai mais longe, procurando descobrir sua gênese, retrocedendo, como um historiador do crime, em busca das suas possíveis causas (GRECO, 2009 pag.31). �
A justiça restaurativa se propõe a identificação do infrator que pode ou não participar do círculo restaurativo. Dependendo do perfil do agente, do tipo de crime e da vítima, a justiça restaurativa não se realiza. As diferentes Escolas Criminais contribuíram tecnicamente, cada uma em sua época, para identificar alguns perfis, técnicas e condutas interessantes, e que ao estudá-las pode-se, não só compreender a evolução histórica da política criminal, mas, também, elaborar uma teoria crítica aos resultados questionáveis, que atualmente o modelo tradicional se apresenta.
Uma criança que nasce e cresce numa periferia; neste local, reside econvive com esgoto escorrendo a céu aberto, passando em frente a edícula que mora com os pais e outros tantos irmãos. No mesmo local, doenças em razão da falta de saneamento básico é frequente e costumeiro. Sempre que precisam de um auxílio médico, possuem um posto de saúde municipal que quase sempre não possui profissionais para atendimento, e quando necessário, precisam aguardar um considerável tempo para ser atendido. Aliado à tudo isso, inclusive, o senso de propriedade é diferente do padrão, pois os brinquedos dessa criança, são brinquedos quebrados, sujos, ou quando muito feito por eles mesmo, e ainda, são de uso coletivo, todos seus irmãos e amigos brincam o mesmo brinquedo sempre. A construção que moram, é irregular, uma invasão do local, que somente se sustenta pela coletividade paritária das demais pessoas que moram ali. Água e luz, são irregulares, todas ligações clandestinas. Socialmente, ainda, convive, como se comum fosse, com a embriagues dos pais, vizinhos, além do consumo de drogas por parte de pessoas próximas. Fica claro, portanto, um desequilíbrio evidente, principalmente, na questão social, pouco saudável. Essa criança cresce, e ainda na adolescência, tem contato com as drogas, e que o leva após algum tempo, ser preso, acusado e julgado por um crime contra a saúde pública, que são os delitos que envolvem as substâncias entorpecentes�.
Nessa profunda avaliação, em que pese simples e pontual, muitas coisas são observadas,mas estão longe de ser totalmente observadas pelo contexto processual penal padrão, O crime de tráfico de droga, apresentado no exemplo acima , julgado e sancionado pelo Estado, apenas responde friamente o crime em si, nada contribui ou auxilia, para modificar o cenário que o envolve.Têm-se, então, como compreensível as críticas ao Estado que, como tutor da ordem e do equilíbrio social, precisa ser mais efetivo em suas ações. A justiça restaurativa permite às partes trazerem para o contexto suas diferentes realidades, e, com isso, há possibilidade de um grau de compreensão, que desenvolve uma consciência social mais apurada, situação que nem de perto ocorre no tradicional procedimento. Propiciar ao infrator apresentar suas angústias e dificuldades, à vítima expor suas fragilidades e receios.
Reconhecer essas realidades, possibilita que situações importantes, extra fato criminoso sejam avaliadas com mais cautela. O círculo restaurativo promove uma análise social, a própria vítima e o infrator perceberem que muita coisa pode ser feita para mudar a situação individual de cada um. Poderão modificar e resolver um problema que não é criminal, tão somente, é, sem dúvida alguma, um problema social. Representando a forma plena no crescimento do ser humano e a estimulação do senso civil e justo solucionando conflitos e diminuindo danos para a harmonia social.
A Associação de Proteção e Amparo aos Condenados – APAC é uma entidade civil, sem fins lucrativos, que se dedica à recuperação e reintegração social dos condenados a penas privativas de liberdade, bem como socorrer a vítima e proteger a sociedade. Funciona como uma entidade auxiliar do Poder Judiciário e Executivo, respectivamente na execução penal e na administração do cumprimento das penas privativas de liberdade. Têm como filosofia ‘Matar o criminoso e Salvar o homem’, a partir de uma disciplina rígida, caracterizada por respeito, ordem, trabalho e o envolvimento da família do sentenciado.
9. CONCLUSÃO 
	
A Crise no sistema prisional brasileiro vem se agravando com o decorrer dos anos. Há ainda, diversas razões para que não se registrem este interesse pelos direitos humanos dos presos, até mesmo porque não interessa à sociedade as condições de segregação e de confinamento dos presos, mas sim, as prisões são cenário de constantes violações dos direitos humanos. Entre eles os principais problemas enfrentados são: a superlotação; a deterioração da infra-estrutura carcerária, a ausência de assistência médica é outro aspecto bastante preocupante.
a contaminação .
A justiça restaurativa promove benefícios, nos quais podemos dizer que para um futuro próximo venhamos nos conscientizar que para um novo modelo de política e sistema penal ofereça aos cidadãos uma resposta baseada no ‘Dever Ser’ no que é realmente justo e que atenda como principio a dignidade da pessoa humana.
 	O modelo atual sofre criticas porque não atende aos princípios que o próprio Estado prevê e garante pela Constituição Federal. Nosso modelo de justiça criminal, ainda é muito aquém ao que se espera de um Estado Democrático de Direito. O Direito Penal uma ciência que tem por finalidade o controle e a harmonização do convívio social, apresentar-se, unilateralmente, evidenciando um risco e um contra-senso, na medida em que se inibem direitos básicos como a presunção de inocência.
O Direito Penal Brasileirotem de ser melhor avaliado, voltar se a primícia de ‘Ultima Ratio’ E prezar por um direito humanizado, um direito que garanta uma reflexão mais elaborada do delito, permitindo avaliar as fragilidades em que muitos agentes de crimes se encontram, e, a partir de então, tomar uma orientação equivocada, mas que, quando compreendidos, eles também passam a perceber que o erro cometido deve ser reparado, e então evitado, garantindo, contudo, a tão almejada paz e harmonia social.
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BRASIL.Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania. Ministério da Justiça. Assessoria de Comunicação Social. Brasília/DF –Brasil. 2009. Disponível em: www.mj.gov.br/pronasci. Acesso em: 20-02-2017
BRANCHER, Leoberto e SILVA, Susiâni. (Orgs.)Justiça para o Século 21 –Instituindo Práticas Restaurativas: Semeando Justiça e Pacificando Violências.Porto Alegre: Nova Prova. 2008. p. 87
https://www.cartacapital.com.br
FOCAULT, Michel. Vigiar e Punir : Nascimento da Prisão. Trad. Lígia M. Ponde Vassalo. Petrópolis: Vozes, 1987. p .177
GRECO, Rogério. Direito penal do equilíbrio: uma visão minimalista do direito penal. 4.ed. Niterói, Rio de Janeiro: Impetus, 2009
LOMBROSO, Cesare; ROQUE, Sebastião José. O Homem Delinquente. São Paulo: Ícone, 2010, p. 223
MCCOLD, Paul e WACHTEL, Ted. Em Busca de um Paradigma: Uma Teoria de Justiça Restaurativa.In: XIII Congresso Mundial de Criminologia, 15 de agosto de 2003. Rio de Janeiro.Disponível<http://www.iirp.edu/iirpWebsites/web/uploads/article_pdfs/paradigm.pdf /> Acesso: 20 fev 2017
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