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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 1 www.medresumos.com.br MÓDULO: ORGANIZAÇÃO MORFO-FUNCIONAL (OMF) – SISTEMA NERVOSO Arlindo Ugulino Netto Tainá Rolim Machado Cornélio Rebeca Isabel Rodrigues Abrantes Nassim Chattah Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 2 www.medresumos.com.br O Sistema Nervoso pode ser considerado um dos mais importantes sistemas orgânicos – se não “o mais importante”! Tal afirmação se baseia no fato de que ele, juntamente com o sistema endócrino, controla as funções do corpo praticamente sozinho. Além das funções comportamentais e motoras, o sistema nervoso recebe milhões de estímulos a partir dos diferentes órgãos sensoriais e, então, integra, todos eles, para determinar respostas a serem dadas pelo corpo, permitindo ao indivíduo a percepção e interação com o mundo externo e com o próprio organismo. Talvez por esta razão, o estudo do Sistema Nervoso é tido como complexo por vários estudantes de Medicina. Isso, de fato, condiz com a verdade! Contudo, você verá que, quanto mais você se aprofunda no conhecimento do sistema nervoso, mais você quer aprender sobre ele... Você vai querer saber, por exemplo, porque que o neurônio é considerada uma célula tão singular; porquê nos emocionamos ao ouvir uma música ou sentir um cheiro agradável da infância; porquê um acidente vascular cerebral (AVC) em uma determinada região do cérebro pode causar sinais e sintomas neurológicos do outro lado do corpo... Para isso, este Módulo inicia uma visão anatômica, histológica e fisiológica em relação ao sistema nervoso. Aqui, abordaremos os seguintes assuntos: Embriologia: Embriologia do sistema nervoso; Bioquímica: Catecolaminas; Histologia: Tecido Nervoso e órgãos dos sentidos; Anatomia: Sistema Nervoso, ossos do crânio e coluna, medula espinal, tronco encefálico, diencéfalo, telencéfalo, nervos espinais; Fisiologia: Somestesia e dor, propriocepção, gânglios da base, sistema neurovegetativo, óptica da visão, a audição. BONS ESTUDOS!!! Arlindo Ugulino Netto; Tainá Rolim Machado Cornélio; Rebeca Isabel Rodrigues Abrantes Nassim Chattah. MÓDULO: ORGANIZAÇÃO MORFO-FUNCIONAL – NERVOSO 2016 Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 3 www.medresumos.com.br EMBRIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO O sistema nervoso origina- se do ectoderma embrionário e se localiza na região dorsal. Durante o desenvolvimento embrionário, o ectoderma sofre uma invaginação, dando origem à goteira neural, que se fecha posteriormente, formando o tubo neural. Este possui uma cavidade interna cheia de líquido, o canal neural. Em sua região anterior (ou superior), o tubo neural sofre dilatação, dando origem ao encéfalo primitivo. Em sua região posterior (ou inferior), o tubo neural dá origem à medula espinhal. O canal neural persiste nos adultos, correspondendo aos ventrículos cerebrais, no interior do encéfalo, e ao canal central da medula, no interior da medula. Quando o tubo neural se forma, há a zona ventricular que irá conter as células neuroepiteliais, essas células vão dar origem as células primitivas da medula e também vão contribuir pra formar as células primitivas do próprio encéfalo que são os neuroblastos(neurônios primitivos) e mioblastos(células da glia primitivas). Durante o desenvolvimento embrionário, verifica-se que, a partir da vesícula única que constitui o encéfalo primitivo, são formadas três outras vesículas: (1) prosencéfalo (encéfalo anterior); (2) mesencéfalo (encéfalo médio); (3) rombencéfalo (encéfalo posterior). O prosencéfalo e o rombencéfalo sofrem estrangulamento, dando origem, cada um deles, a duas outras vesículas. O mesencéfalo não se divide. Desse modo, o encéfalo do embrião é constituído por cinco vesículas em linha reta. O prosencéfalo divide-se em telencéfalo (hemisférios cerebrais) e diencéfalo (tálamo e hipotálamo); o mesencéfalo não sofre divisão e o rombencéfalo divide-se em metencéfalo (ponte e cerebelo) e mielencéfalo (bulbo). Todas as divisões do SNC se definem já na 6ª semana de vida fetal. O SNP é formado a partir das células da crista neural, problemas na formação dessas células ou o déficit em sua migração podem ser responsáveis por uma série de danos em diversas partes do corpo, pois essas células migram diretamente para regiões que formam a cabeça, o pescoço e o aparelho faríngeo. Com relação às anomalias da medula, normalmente, as anomalias acontecem devido ao não fechamento do neuroporo caudal. Para exemplificar, temos a espinha bífida, que inicialmente é uma alteração esquelética que posteriormente gera um dano nervoso. A característica básica de todos os tipos de espinha bífida é o não fechamento dos arcos vertebrais, que deveriam se fundir, abraçando a medula, protegendo-a. A espinha bífida oculta é o caso mais simples, em que apenas um arco não se fecha, do ponto de vista neurológico e motor não ocorre nenhuma alteração. Já na espinha bífida meningocele, o arco não se fecha e a meninge e o LCR se herniam através da abertura causada pelo não fechamento do arco. Na mielomeningocele ocorre a herniação da meninge do LCR e da medula. Arlindo Ugulino Netto; Tainá Rolim Machado Cornélio. MÓDULO: ORGANIZAÇÃO MORFO-FUNCIONAL – NERVOSO 2016 Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 4 www.medresumos.com.br BIOQUÍMICA DAS CATECOLAMINAS Catecolaminas são compostos químicos derivados do aminoácido tirosina, o qual é sintetizado a partir da fenilalanina pela ação da fenilalanina hidroxilase (presente no fígado). A deficiência dessa enzima gera o acúmulo de fenilalanina, causando a doença conhecida como fenilcetonúria. (Ver OBS 1 ) A tirosina, por sua vez, transforma-se em substâncias importantes para o funcionamento cerebral chamadas de neurotransmissores, como a dopamina e a adrenalina. Como podemos observar na imagem a seguir, a tirosina sofre a ação da enzima tirosina hidroxilase, dando origem à DOPA, que atravessa a barreira hematoencefálica, transformando-se em dopamina a partir da enzima DOPA descarboxilase. A dopamina é um importante neurotransmissor e é responsável por importantes funções do nosso sistema nervoso, como memória e cognição, além disso, aumenta o fluxo sanguíneo renal e participa dos movimentos voluntários do corpo. A deficiência nesse neurotransmissor causa uma doença chamada de Parkinson. A enzima dopamina hidroxilase aumenta o número de hidroxilas na dopamina, transformando-a em noradrenalina (adrenalina sem metil), que possui grande importância para o sistema cardiovascular, pois provoca vasoconstricção. Outra enzima, a n-metil transferase (feniletanolamina n-metil transferase), transfere um metil do aminoácido metionina para a noradrenalina, produzindo adrenalina (epinefrina). A adrenalina (amina produzida próxima aos rins) prepara o corpo para situações de “luta ou fuga”, aumentando a lipólise e a glicogenólise e gerando dois efeitos no coração, o ionotrópico (aumenta a força dos batimentos cardíacos) e o cronotrópico (aumenta a frequência cardíaca). A adrenalina e a noradrenalina agem durante alguns minutos e depois são degradadas pelas enzimas MAO (monoaminaoxidase) e COMPT (catecol o-metil-transferase). Essas enzimas estão presentes, principalmente, no fígado, onde ocorre a degradação dessas substâncias em maior escala. Essas substâncias são transformadas em ácido vanilmandélico, que é excretado na urina. (Ver OBS 3 ) OBS 1 : Na fenilcetonúria, o excesso de fenilalanina é metabolizado em fenilacetato, fenilactato e fenilpiruvato, que são eliminados na urina e no suor, fazendo com que as pessoas acometidas pela doença possuam um odor característico. OBS2 : O excesso de fenilalanina também inibe a enzima tirosinase, que degrada a tirosina em melanina, então, indivíduos portadores de fenicetonúria, possuem uma quantidade menor de melanina no organismo. OBS 3 : A taxa de ácido vanilmandélico na urina é utilizada para o diagnóstico de Feocromocitoma, tumores presentes em células próximas as adrenais, que aumentam a produção de catecolaminas e, consequentemente, aumentam a sua degradação, aumentando assim, a taxa de ácido vanilmandélico na urina. Arlindo Ugulino Netto; Tainá Rolim Machado Cornélio. MÓDULO: ORGANIZAÇÃO MORFO-FUNCIONAL – NERVOSO 2016 Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 5 www.medresumos.com.br Outro neurotransmissor importante é a serotonina, que é produzida a partir do aminoácido triptofano. A serotonina é uma substância importante que evita depressão, insônia, obesidade, enxaqueca e outra série de distúrbios OBS 4 : O excesso de fenilalanina também é responsável pela inibição da enzima 5-OH- Triptofano Descarboxilase, diminuindo o nível de serotonina, deixando os fenilcetonúricos mais apáticos e propensos aos distúrbios citados acima. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 6 www.medresumos.com.br HISTOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO O tecido nervoso forma um complexo sistema de comunicações neuronais do corpo. Este tecido é constituído por talvez até um trilhão de neurônios com um número imenso de interconexões. Alguns neurônios têm receptores, terminações complexas especializadas para a recepção de diferentes tipos de estímulo (mecânicos, químicos, térmicos) e transdução em impulsos nervosos capazes de serem conduzidos para centros nervoso superiores. A seguir, estes impulsos são transferidos para outros neurônios nos quais são processados e transmitidos para centros mais altos em que ocorre a percepção de sensações ou é dado início a respostas motoras. Em geral, o tecido nervoso tem como função: Detectar, transmitir, analisar e utilizar as informações geradas pelos estímulos sensoriais; Organizar e coordenar, direta ou indiretamente, o funcionamento de quase todas as funções do organismo. A fim de realizar estas funções, o sistema nervoso está anatomicamente organizado em sistema nervoso central (SNC), que compreende encéfalo e medula espinhal, e no sistema nervoso periférico (SNP), localizado fora do SNC (nervos cranianos, que nascem no encéfalo; nervos espinhais, que nascem na medula; gânglios associados a eles). Funcionalmente, o SNP está dividido em um componente sensitivo (aferente), que recebe e transmite impulsos para o SNC, onde são processados, e um componente motor (eferente), que se origina no SNC e transmite impulsos para órgãos efetores espalhados pelo corpo. O componente motor está, por sua vez, subdividido em: Sistema nervoso somático: impulsos gerados no SNC são transmitidos para os músculos esqueléticos por meio de um único neurônio. Sistema nervoso autônomo: os impulsos do SNC são primeiro transmitidos para um gânglio autônomo por meio de um neurônio pré-ganglionar; um segundo neurônio, originário do gânglio autônomo, chamado de pós-ganglionar, transmite impulsos para músculos lisos, músculo cardíaco ou glândulas. DIVISÃO ANATÔMICA DO SISTEMA NERVOSO 1. Sistema Nervoso Central 1.1. Encéfalo 1.1.1. Cérebro 1.1.1.1. Telencéfalo: dividido em dois hemisférios responsável pelo centro de controle do SN, seja ele a realização de estímulos motores ou a interpretação de estímulos sensitivos. 1.1.1.2. Diencéfalo: dividido em tálamo (recebe todas as fibras aferentes que ascendem na medula) e hipotálamo (responsável pela manutenção da homeostase do corpo). 1.1.2. Tronco Encefálico 1.1.2.1. Mesencéfalo 1.1.2.2. Ponte 1.1.2.3. Bulbo 1.1.3. Cerebelo 1.2. Medula Espinhal: dividida em quatro regiões de acordo com as vértebras que se relaciona: cervical, torácica, lombar e sacral. 2. Sistema Nervoso Periférico 2.1. Nervos: cranianos (que fazem contato com o encéfalo) e espinhais (que fazem contato com a medula). São formados pelo conjunto de axônios de neurônios. 2.2. Gânglios: constituídos pelo conjunto de corpos de neurônios. Arlindo Ugulino Netto; Rebeca Isabel Rodrigues Abrantes Nassim Chattah. MÓDULO: ORGANIZAÇÃO MORFO-FUNCIONAL – NERVOSO 2016 Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 7 www.medresumos.com.br OBS 1 : O sistema nervoso periférico é dividido, funcionalmente, em: SN somático e SN autônomo. Este, por sua vez, é divido em SNA simpático e SNA parassimpático, de modo que os dois apresentem certas diferenças: O SN simpático entra em ação quando o corpo necessita de uma resposta rápida a momentos de estresse, como luta e fuga. Sua fibra pré-ganglionar é mais curta que a fibra pós-ganglionar. O SN parassimpático entra em ação em situações geralmente antagonistas ao primeiro, de modo que prepara o corpo para momentos de descanso e digestão. Sua fibra pré-ganglionar é mais longa que a fibra pós-ganglionar. DIVISÃO SOMÁTICA DO SISTEMA NERVOSO Componente sensitivo: transportam o estímulo nervoso (seja ele externo ao corpo ou internamente, relacionado com os órgãos) até o SNC. Componentes motores: presentes tanto no SN somático quanto no autônomo, são responsáveis por transportar impulsos do SNC até os músculos (estriado esquelético, liso ou cardíaco). CÉLULAS DO SISTEMA NERVOSO As células do sistema nervoso são classificadas em duas categorias: neurônios (responsáveis pelas funções de recepção, integração e motoras do sistema nervoso) e células da neuroglia, responsáveis pela sustentação e proteção dos neurônios. As células da neuroglia, localizadas exclusivamente no SNC, incluem astrócitos, oilodentrócitos, micróglia (células microgliais) e células ependimárias. As células de Schwannm apesar de estarem localizadas no SNP, hoje em dia também são consideradas com células da neuroglia. NEURÔNIOS Os neurônios são células altamente diferenciadas, dotadas de propriedades como irritabilidade e condutibilidade, sendo constituídos por três partes distintas: o corpo celular (pericário ou soma), dendritos múltiplos e um axônio. Corpo celular: o corpo celular de um neurônio é a porção central da célula onde ficam o núcleo e o citoplasma perinuclear. Em geral, os neurônios do SNC são poligonais, com superfícies côncavas entre os muitos prolongamentos celulares, enquanto os neurônios do gânglio da raiz dorsal (gânglio sensitivo do SNP) tem um corpo celular redondo do qual sai somente um prolongamento. Eles ficam localizados na substância cinzenta, nos gânglios nervosos e determinados núcleos. Dendritos: pequenos filamentos nervosos que se projetam do corpo celular, sendo eles prolongamentos especializados para a recepção de estímulos vindos de células sensitivas, axônios e de outros neurônios. Axônios: geralmente único, é um prolongamento de diâmetro variável e com até 1 metro de comprimento que, em geral, apresenta dilatações denominadas de terminações do axônio, em sua extremidade, ou perto dela. As terminações axonais, também chamadas de bulbos terminais (botões terminais), são regiões nas quais os impulsos podem ser transmitidos de uma célula para outra. Os neurônios podem ser classificados de acordo com a sua forma e disposição de seus prolongamentos. Neurônios Multipolares: possuem vários arranjos para seus dendritos múltiplos, que saem do soma, e um único axônio. Eles estão presentes em todo o sistema nervoso e, em sua maioria, são neurônios motores. Alguns neurônios multipolares recebem nomes de acordo com sua morfologia (por exemplo, células piramidais), ou recebem o nome do cientista que primeiro os descreveu (por exemplo, células de Purkinje do cerebelo). Neurônios Bipolares: possuem dois prolongamentos que se originam do soma, um menorque forma os dendritos e um axônio. Os neurônios bipolares localizam-se nos gânglios vestibulares e cocleares e no epitélio olfativo da cavidade nasal. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 8 www.medresumos.com.br Neurônios Unipolares (antes denominados de neurônios pseudo-unipolares): possuem somente um prolongamento que sai do corpo celular, mas este prolongamento se ramifica mais tarde, dando um ramo periférico e um ramo central. O ramo central penetra no SNC, e o ramo periférico vai para o seu destino no corpo. Os neurônios unipolares estão presentes nos gânglios da raiz dorsal e em alguns dos gânglios dos nervos cranianos. Os neurônios também são classificados em três grupos gerais, de acordo com sua função: Neurônios sensitivos (aferentes): recebem informações sensitivas em suas terminações dendríticas e conduzem impulsos para o SNC, onde estes são processados. Neurônios motores (eferentes): originam-se no SNC e conduzem impulsos para os músculos, glândulas e outros neurônios. Interneurônios: localizados totalmente dentro do SNC, funcionam interligando e integrando os demais neurônios, estabelecendo redes de circuitos neuronais entre os neurônios sensitivos e motores e outros interneurônios. CORPO CELULAR DO NEURÔNIO (SOMA OU PERICÁRIO) O corpo celular é a região mais distinta do neurônio, embora que a maior parte do volume do citoplasma do neuronios está localizada nos prolongamentos, que se originam do corpo celular. O núcleo é grande, em geral de formato esférico a ovoide, e de localização central. O citoplasma do corpo celular tem um retículo endoplasmático granular (REG) abundante com muitas cisternas dispostas em conjuntos paralelos, uma característica especialmente saliente nos grandes neurônios motores. Polirribossomos também estão dispersos por todo o citoplasma. Quando estas cisternas empilhadas do REG e os polirribossomos são corados com corantes básicos, eles aparecem como grumos de material basófilo denominados corpúsculos de Nissl (cisternas + ribossomos), com função de armazenamento de neurotransmissores produzidos pelo neurônio. O REG está ausente no cone de implantação, a região do corpo celular da qual parte o axônio. Apresentam também um abundante retículo endoplasmático agranular disperso por todo o corpo celular e que, quando se estende para os dendritos e para o axônio, formam as cisternas hipolemais (sequestram cálcio e contém proteínas). Além da presença do complexo de Golgi justanuclear proeminente, há numerosas mitocôndrias dispersas por todo o citoplasma do soma, dendritos e axonios. Neurofibrilas, microtúbulos, neurofilamentos e microfilamentos são componentes do citoesqueleto responsáveis não só por dar formato e sustentação à célula, mas também no processo de transporte de moléculas e vesículas contendo neurotransmissores. Além de organelas, há no soma do neurônios inclusões citoplasmática localizadas nos corpos celulares dos neurônios que incluem substancias não vivas, como a melanina e os pigmentos de lipofucsina, assim como gotículas de gordura. Entre as inclusões, temos: Grânulos de Melanina: relacionado com o armazenamento de DOPA (diidroxifenilalanina), o precursor da melanina, bem como de neurotransmissores como dopamina e noradrenalina. Está presente por exemplo na substancia negra do mesencéfalo e no locus ceruleus da ponte. Lipofucsina: remanescente da atividade enzimática de lisossomos. Esses grânulos aumentam com a idade (a partir do depósito de fosfolipídios e gorduras) e podem mesmo deslocar as organelas e o núcleo de um lado da célula, possivelmente afetando as funções celulares. Ferro: pigmentos contendo ferro também podem ser observados em alguns neurônios do SNC e podem se acumular com a idade. Gotículas de lipídios: resultado de um metabolismo defeituoso, ou de reservas de energia. Grânulos de secreção: presentes nas células neurossecretoras; muitos deles contendo moléculas sinalizadoras. DENDRITOS Os dendritos, partes complexas da membrana plasmática receptora do neurônio, recebem estímulos de outras células nervosas. A maioria dos neurônios possui dendritos múltiplos, cada um dos quais parte do corpo celular, geralmente como um tronco único curto que se ramifica várias vezes em ramos cada vez menores, afilando-se nas suas extremidades como os ramos de uma árvore. A base do dendrito parte do corpo celular e contém o complemento usual de organelas, exceto o complexo de Golgi. Afastando-se da base, avançando em direção da extremidade distal do dendrito, na região denominada de gêmula ou espinhas (localizadas na superfície de alguns dendritos permitem-lhes formar sinapses com outros Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 9 www.medresumos.com.br neurônios), muitas das organelas tornam-se escassas ou ausentes. Entretanto, as mitocôndrias são abundantes nos dendritos. OBS 2 : Um dendrito das Células de Purkinje, presente no cerebelo, pode apresentar conexões com 200 terminações axônicas. AXÔNIO O axônio origina-se do corpo celular no cone de implantação como um prolongamento único, delgado, que se estende pelo corpo celular por distâncias maiores do que as dos dendritos. Alguns axônios possuem ramos colaterais que saem em ângulo reto do tronco do axônio. No fim, o axônio pode dividir-se formando muitos pequenos ramos (arborização terminal). O cone de implantação (região piramidal do soma que não possui ribossomos) em geral, está localizado no lado oposto dos dendritos. A porção do axônio que vai de seu começo até o início da bainha de mielina é denominada de segmento inicial. É no segmento inicial, também denominado de zona de disparo do pico, que os impulsos de excitação e inibição se somam para determinar se ocorrerá a propagação de um potencial de ação. A sua porção final é denominada de telodendro. O plasmalema de certas células da neuroglia (oligodendrócitos no SNC e células de Schwann no SNP) forma uma bainha de mielina em torno de alguns axônios, tanto do SNC como do SNP, que são denominados axônios mielínicos. A presença de ou ausência de mielina permite subdividir o SNC em substancia branca e substancia cinzenta. OBS 3 : Impulso nervoso. Quando a célula nervosa está em repouso, ou seja, polarizada, apresenta concentrações maiores Na+ no meio extracelular e uma maior de K+ no meio intracelular. Ao receber um estímulo, há o início de uma inversão nessa concentração, com a entrada de Na+ e saída de K+, fazendo com que o interior se torne positivo, caracterizando a fase de despolarização. Ao fim da transmissão do impulso, há um estágio de repolarização, com as concentrações retornando aos gradientes normais. OBS 4 : Além da condução de impulsos, uma função importante do axônio é o transporte axonal de materiais entre o soma e as terminações do axônio. O transporte axonal é tão crucial para as relações tróficas dentro do axônio quanto entre neurônios e músculos e glândulas. São de dois tipos: Transporte anterógrado: direção do movimento é do corpo celular para a terminação do axônio e a proteína envolvida no processo é a quinesina. É usado no transporte de organelas, vesículas, macromoléculas (actina, miosina, e clatrina) e enzimas necessárias a síntese dos neurotransmissores. Transporte retógrado: direção é da terminação do axônio para o corpo celular e a proteína envolvida é a dineína (é um processo geralmente associado a processos patológicos). Os elementos que retornam ao corpo pelo axônio, por meio do transporte retógrado, incluem blocos para construção de proteínas, blocos de neurofilamentos, subunidades de microtúbulos, enzimas solúveis e materiais captados por endocitose (p. ex., vírus e toxinas). OBS 5 : Sinapses nervosas são os pontos onde as extremidades de neurônios vizinhos se encontram e o estímulo passa de um neurônio para o seguinte por meio de mediadores químicos, os neurotransmissores. Assinapses ocorrem no "contato" das terminações nervosas (axônios) com os dendritos. Em outras palavras, é o contato entre um terminal pré- sinaptico e um terminal pós-sinaptico (outro neurônio, célula muscular ou célula glandular), estando eles dividos pela fenda sinaptica. O contato físico não existe realmente, pois as estruturas estão próximas, mas há um espaço entre elas (fenda sináptica). Dos axônios são liberadas substâncias (neurotransmissores), que atravessam a fenda e estimulam receptores nos dendritos e assim transmitem o impulso nervoso de um neurónio para o outro. Alguns tipos neurotransmissores e neuromoduladores: Pequenas moléculas transmissoras: acetilcolina, aminoácidos (glutamato, aspartato, glicina e GABA), aminas biogênicas (serotonina, dopamina, noradrenalina e adrenalina) Neuropeptídios: peptídios opioides (encefalinas e endorfinas), peptídios gastrointestinais (substância P, neurotensina e peptídio intestinal vasoativo - VIP), hormônios hipotalâmicos liberados (hormônio liberador de tirotrofina e somatostatina), hormônios liberados e armazenados pela neuro-hipófise (ADH e oxitocina). Gases: NO e CO. OBS 6 : Tipos de sinapses. Axodendrítica, Axossomática, Axoaxônica, Dendrodendrítica e Células Efetoras. OBS 7 : Sinapses químicas: acontece quando o potencial de ação, ou seja, o impulso é transmitido através de um mecanismo químico: o neurotransmissor. Neste tipo de sinapse, encontramos todos os componentes que comumente são citados, como: membrana pré-sináptica, fenda sináptica e membrana pós-sináptica. Apresenta como características: são mais lentas que as elétricas; o impulso é transmitido em uma única direção, podendo ser bloqueada; apresenta efeitos pós-sinápticos prolongados. OBS 8 : Sinapses elétricas: são menos comuns que as químicas. Neste tipo, as células apresentem um íntimo contato através de junções abertas do tipo GAP que permite o livre transito de íons de uma membrana a outra. Desta maneira, o potencial se propaga de forma bem mais rápida. Apresenta ainda como características: maior velocidade de transmissão; é biderecional; com efeito excitatório; apresente curta duração. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 10 www.medresumos.com.br ASTRÓCITO Os astrócitos são as maiores células da neuroglia e apresentam dois tipos distintos: (1) astrócitos protoplasmáticos da substancia cinzenta do SNC e (2) astrócitos fibrosos presentes principalmente na substancia branca do SNC. Os astrócitos protoplasmáticos são células estreladas dotadas de citoplasma abundante, um núcleo grande e muitos prolongamentos curtos e ramificados. As extremidades de alguns prolongamentos formam os pés vasculares, que entram em contato com vasos sanguíneos. Alguns astrócitos estabelecem contato com a pia-máter, formando a membrana pia-glial. Apresentam prolongamentos pequenos em tamanho mas bastante numerosos. Os astrócitos fibrosos possuem citoplasma eucromático contendo somente algumas organelas, ribossomos livres e glicogênio. Apresentam prolongamentos longos e não ramificados. Estes prolongamentos estão intimamente associados à pia-mater e a vasos sanguíneos, mas estão separados destas estruturas por suas próprias lâminas basais. Apresentam prolongamentos escassos mas de grande tamanho. Os astrócitos agem capturando íons e restos do metabolismo dos neurônios, tais como potássio, glutamato e GABA, que se acumulam no microambiente dos neurônios. Estas células também contribuem para o metabolismo energético do córtex cerebral liberando glicose do glicogênio armazenado. Os astrócitos localizados na periferia do SNC formam uma camada contínua sobre os vasos sanguíneos e podem auxiliar a manutenção da barreia hematoencefálica (impede o contato de substancias tóxicas, antígenos, imunoglobulinas – com exceção do IgG – com o SN). Os astrócitos também são atraídos para áreas lesadas do SNC, onde formam tecido cicatricial celular. MICRÓGLIA Espalhadas por todo o SNC, as células microgliais são pequenas, escutas, assemelhando- se levemente aos oligodendrócitos. Funcionam como fagócitos removendo fragmentos e estruturas lesadas do SNC. Quando ativadas, elas agem como células apresentadoras de antígeno e secretam citocinas. CÉLULAS EPENDIMÁRIAS As células ependimárias são células epiteliais de colunares baixas a cuboides, que revestem os ventrículos encefálicos e o canal da medula espinhal. Em algumas regiões, estas células são ciliadas, uma característica que facilita a movimentação do líquido cefalorraquidiano (LCR). Nos locais em que o tecido neural é delgado, as células ependimárias formam uma membrana limitante interna, revestindo o ventrículo, e uma membrana limitante externa, abaixo da pia-máter. Algumas células ependimárias modificadas dos ventrículos do encéfalo participam da formação do plexo coroide, que é responsável pela secreção e manutenção da composição química do LCR. Os tanicitos, células ependimárias especializadas, lançam prolongamentos para o hipotálamo, onde terminam perto de vasos sanguíneos e de células neurossecretoras. OLIGODENDRÓCITOS Os oligodendrócitos são semelhantes aos astrócitos, mas são menores e contém menor número de prolongamentos com escassas ramificações. Estão localizados tanto na substancia branca como na cinzenta do SNC. Os oligodendrócitos interfasciculares, localizados em fileiras ao lado de feixes de axônios, são responsáveis pela produção e manutenção da mielina em torno dos axônios do SNC, servindo para isolá-los. Ao produzir mielina, os oligodendócitos funcionam de modo semelhante às células de Schwann do SNP, exceto que um único oligodendrócito pode envolver vários axônios com segmentos de mielina, enquanto que uma célula de Schwann envolve com mielina somente um único axônio. Os oligodendrócitos satélites estão intimamente aderidos aos corpos celulares de grandes neurônios. CÉLULAS DE SCHWANN Ao contrário de outras células da neuroglia, as células de Schwann estão localizadas no SNP, onde envolvem axônios. Elas podem formar dois tipos de cobertura sobre estes axônios, mielínicas e amielínicas. A mielina formada pelas células de Schwann organiza-se de modo a formar uma bainha enrolada várias vezes em torno do axônio. Ao longo do comprimento do axônio, ocorrem interrupções na bainha de mielina, expondo-a a intervalos regulares; estas interrupções são denominadas nódulo de Ranvier. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 11 www.medresumos.com.br Quando a membrana forma uma espiral em torno do axônio, ela produz uma série de linhas largas, densas, alternadas com linhas menos densas, mais estreitas, que ocorrem em intervalos regulares de 12nm. A linha mais larga é denominada de linha densa principal e representa as superfícies citoplasmáticas fundidas da membrana plasmática da célula de Schwann. A linha intraperiódica, mais estreita, representa a aposição dos folhetos externos da membrana plasmática da célula de Schwann. OBS 9 : O processo de mielinização, processo pelo qual a célula de Schwann ou o oligodendrócito envolve concentricamente sua membrana em torno do axônio formando a bainha de mielina, começa quando a célula mielinizadora envolve o axônio e de alguma maneira enrola sua membrana em torno dele. Durante este processo, o citoplasma é comprimido retornando para o corpo da célula, realizando um espiral na bainha. Uma célula de Shcwann pode mielinizar somente um internódulo de um único axônio (e somente no SNP), enquanto que os oligodendrócitos podem mielinizar um internódulo de vários axônios (e somente no SNC). A partir daí, a fibra pode ser classificada em amielínica (célula produtora da bainha dá uma única volta no axônio ou sem formar uma bainha propriamente dita) ou mielínica (há formação da bainha de mielina e a célula reveste o axônio várias vezes). NERVOS PERIFÉRICOS Os nervos periféricos são feixes de fibras nervosas (axonios)envolvidas por várias bainhas de tecido conjuntivo. Estes feixes (fascículos) podem ser observados a olho nu; os nervos mielínicos aparecem brancos por causa da presença da mielina. ENVOLTÓRIO DE TECIDO CONJUNTIVO Os envoltóros de tecido conjuntivo dos nervos periféricos incluem o epineuro, perineuro e endoneuro. Epineuro: camada mais externa dos três envoltórios de tecido conjuntivo cobrindo os nervos. O epineuro é composto por tecido conjuntivo colagenoso denso não modelado contendo fibras elásticas grossas que embainham totalmente o nervo. As fibras de colageno desta bainha estão alinhadas e orientadas de modo a impedir danos por distenção excessiva no feixe fibroso. O epineuro é mais espesso no local em que é continuo com a dura-mater, que recobre o SNC. Perineuro: camada média das bainhas de tecido conjuntivo que cobre individualmente cada feixe de fibras nervosas dentro do nervo. O perineuro é composto por tecido conjuntivo denso, mas é mais delgado que o epineuro. Sua superfície interna é revestida por várias camadas de células epiletilioides unidas por zônulas de oclusão Endoneuro: camada mais interna dos tres envoltórios de tecido conjuntivo de um nervo, envolvendo fibras nervosas individuais (axonios). O endoneuro, tecido conjuntivo frouxo composto por uma delgada camada de células reticulares (produzidas pelas células de Schwann subjacentes), fibroblastos dispersos, macrófagos fixos, capilares e mastócitos perivasculares. Está em contato direto com a lâmina basal das células de Schwann, separados delas por esta lâmina. CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DOS NERVOS Funcionalmente, as fibras nervosas são classificadas em sensitivas (aferentes) e motoras (eferentes). As fibras nervosas sensitivas levam informações sensitivas das áreas cutâneas do corpo e das vísceras para o SNC. Já as fibras nervosas motoras têm origem no SNC e levam impulsos motores para os órgãos efetores. As raízes sensitivas e as raízes motoras da medula espinhal unem-se formando os nervos periféricos mistos, os nervos espinhais, que contêm fibras nervosas sensitivas e motoras. VELOCIDADE DE CONDUÇÃO A velocidade de condução das fibras nervosas periféricas depede de seu grau de mielinização (bem como de seu calibre). Nos nervos mielínicos, é somente nos nódulos de Ranvier que os íons conseguem cruzar a membrana plasmática do axônio, dando início à despolarização, por dois motivos: os canais de Na+ sensíves à voltagem do plasmalema do axônio agrupam-se principalmente nos nódulos de Ranvier; a bainha de mielina que cobre os internódulos impede o movimento para fora do excesso de Na+. Por esse motivo, o potencial “salta” de nódulo para o nódulo seguinte, um processo denominado condução saltatória. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 12 www.medresumos.com.br As fibras amielínicas não possuem uma bainha de mielina espessa e nódulos de Ranvier. Por isso, a propagação do impulso nas fibras amielínicas ocorre por condução continua, que é mais lenta e exige mais energia do que a condução saltatória das fibras mielínicas. GÂNGLIOS Os ganglios são agregações de corpos celulares de neuronios localizados fora do SNC. Há dois tipos de ganglios: sensitivos e autônomos. Ganglios sensitivos: abrigam corpos celulares de neuronios sensitivos. Eles estão associados aos nervos cranianos V, VII, IX e X e a cada um dos nervos espinhais que saem da medula. Um ganglio sensitivo de um nervo craniano aparece como uma intumescência do nervo dentro da caixa craniana ou em sua saída desta. Os ganglios sensitivos dos nervos espinhais são denominados ganglios da raiz dorsal. Os ganglios sensitivos abrigam corpos celulares unipolares (pseudounipolares) dos nervos sensitivos envoltor por células capsulares cuboide. Essas células capsulares são, então, circundadas por uma cápsula de tecido conjuntivo composto por células satélites e colágeno. Ganglios autônomos: alojam corpos celulares de nervos autônomos pós-ganglionares. Os copos das células nervosas desses ganglios causam contração do musculo liso ou cardíaco, ou secreção glandular. No sistema simpático, as fibras simpáticas pré-ganglionares estabelecem sinapases com os corpos celulares simpáticos pós-ganglionares dos ganglios simpáticos localizados nos ganglios da cadeia simpática, adjacente à medula espinhal, ou nos ganglios colaterais, situados ao longo da aorta abdominal. No sistema parassimpático, as fibras parassimpáticas pré-ganglionares originam-se em um de dois lugares: de alguns nervos cranianos, ou de alguns segmentos da coluna espinhal sacra. SISTEMA NERVOSO CENTRAL O sistema nervoso central, encéfalo e medula espinhal, é constituido pela substancia branca e pela substancia cinzenta sem a interposição de elementos do tecido conjuntivo; por isso, o SNC tem a consistência de um gel semi- sólido. A substância branca é constituida principalmente por fibras nervosas mielínicas, algumas fibras amielinicas e células da neuróglia. Sua cor branca resulta da abundância da mielina que envolve os axonios. Já a substancia cinzenta é constituída por agregações de corpos celulares de neuronios, dendritos e partes amielínicas de axônios, assim como células da neuróglia. A ausencia de mielina é responsável pela cor cinzenta destas regiões de tecido vivo. Está situada na periferia (cortex) do cerebro e do cerebelo e também forma os ganglios basais profundos, enquanto a substância branca está colocada abaixo do córtex e envolve e os ganglios basais. O inverso é verdadeiro na Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 13 www.medresumos.com.br medula espinhal; a substancia branca está situada ne periferia da medula espinhal, enquanto a substancia cinzenta está situada mais profundamente, onde aparece sob a forma de um H, em secção transversal. Um pequeno canal central, revestido por células do epêndima e representando a luz do tubo neural original, fica no centro do H. Podemos destacar o seguinte conteúdo de cada uma dessas substâncias: Substância cinzenta: Dendritos, corpos de neurônios, porção inicial não mielinizada dos axônios e células da Glia. Substância branca: Não possui corpos de neurônios. Apresenta axônios mielinizados, oligodendrócitos e outras células da Glia. CÓRTEX CEREBRAL A substancia cinzenta da periferia dos hemisférios cerebrais está dobrada em giros e sulcos denominados córtex cerebral. O córtex cerebral é responsável pelo aprendizado, memória, integração sensorial, análise da informação e início das repostas motoras. O córtex cerebral está dividido em seis camadas compostas por neuronios, cuja morfologia é tipica para cada camada. A camada mais superficial fica logo abaixo da pia-máter, a sexta camada, a mais profunda, faz fronteira com a substância branca do cérebro. As seis camadas e seus componentes são as seguintes: Camada Molecular: constituída principalmente por terminações nervosas, originárias de outras áreas do encéfalo, pelas células horizontais e neuroglia. Camada Granulosa Externa: contém principalmente células granulosas (estreladas) e células da neuroglia. Camada Piramidal Externa: contém células da neuroglia e grandes células piramidais, que se tornam maiores da borda externa para a interna desta camada. Camada Granulosa Interna: é uma camada delgada caracterizada por pequenas células granulosas (estreladas), dispostas de modo compacto, e neuróglia. Esta camada tem a maior densidade celular do córtex cerebral. Camada Piramidal Interna: contem as maiores células piramidais e neuroglia. Esta camada tem a menor densidade celular do córtex cerebral. Camada Multiforme: é constituída por células de várias formas (células de Martinotii) e neuroglia. CÓRTEX CEREBELAR A camada de substancia cinzenta localizada na periferia do cerebelo é denominada de córtex cerebelar. O córtex cerebelar é responsável pela harmonia dos movimentos, equilíbrio,tônus muscular e coordenação motora. Histologicamente, o córtex cerebelar é dividido em três camadas: Camada Molecular: diretamente abaixo da pia-máter e contem células estreladas de localização superficial, dendritos das células de Purkinje, células em cesto e axônios amielínicos da camada granulosa. Camada de Células de Purkinje: contém as grandes células de Purkinje, em forma de frasco, existentes somente no cerebelo. Seus dendritos arborizados projetam-se na camada molecular e seus axônios mielínicos projetam-se na substancia branca. Cada célula de Purkinje recebe centenas de milhares de sinpases, excitatórias e inibitórias que elva deve integrar para formar a resposta adequada. Camada Granulosa: a camada granulosa (mais profunda) é constituída por pequenas células granulosas e glomérulos (ilhotas cerebelares). Os glomérulos são regiões d córtex cerebelar nas quais ocorrem as sinapses entre os axônios que chegam ao cerebelo e as células granulosas. Há a presença constante de micróglias Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 14 www.medresumos.com.br MEDULA ESPINHAL A medula espinhal, tubo compacto de tecido nervoso em que, diferentemente do encéfalo, a substância branca situa-se perifericamente enquanto que a substancia cinzenta está situada no meio com a forma de um H (em secção transversal). Um pequeno canal central (remanescente da luz do tubo neural original) fica no centro da barra transversal do H. As barras verticais superiores ao H representam os cornos dorsais da medula espinhal, que recebe da medula espinhal, que recebem os prolongamentos centrais dos neurônios sensitivos cujos corpos celulares estão situados no gânglio da raiz dorsal. Os corpos celulares de interneurônios (internunciais) originam-se no SNC e estão totalmente confinados nele, onde formam redes de comunicação para a integração entre neurônios sensitivos e motores. Os interneuronios constituem vasta maioria dos neurônios do corpo. As barras verticais inferiores do H representam os cornos ventrais da medula espinhal, que contêm os corpos de neurônios motores multipolares cujos axônios saem da medula através das raízes ventrais. MENINGES DURA-MÁTER A dura-mater, que recobre o encéfalo, é um tecido conjuntivo colagenoso denso (fibras de colágeno tipo I) constituído por duas camadas intimamente apostas no adulto. A dura-máter perióstea, a camada mais externa, é constituída por células osteoprogenitoras, fibroblastos e feixes organizados de fibras colágenas presas de um modo frouxo á superfície interna do crânio, exceto nas suturas e na base do crânio, locais em que estão presas de um modo firme. É uma camada bem vascularizada. A camada interna da dura, a dura-máter meníngea é constituída por fibroblastos com citoplasma fortemente corado, prolongamentos longos, núcleos ovoides e camadas em lâminas de fibras de colágeno. Esta camada também contém pequenos vasos sanguíneos. Uma camada de células interna à dura-máter meníngea, denominada camada de células da borda, é constituída por fibroblastos achatados dotados de longos prolongamentos que, ocasionalmente, prendem-se uns aos outros por desmossomos e junções comunicantes. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 15 www.medresumos.com.br A dura-máter da coluna vertebral não está aderida às paredes da coluna vertebral, mas ela forma um tubo continuo do forame magno ao segundo segmento do sacro e é perfurada pelos nervos espinhais. O espaço epidural, o espaço entre a dura e as paredes ósseas do canal vertebral, está cheio de gordura epidural e um por plexo venoso. ARACNOIDE A camada aracnoide das meninges é avascular, apesar e vasos sanguíneos passarem por ela. Esta camada intermediária das meninges é constituída por fibroblastos, fibras colágenas e algumas fibras elásticas. Os fibroblastos formam junções comunicantes e desmossomos uns com os outros. A aracnoide é composta por duas camadas: (1) a primeira é uma membrana achatada semelhante a uma lamina em contato com a dura; (2) a segunda, região mais profunda, semelhante a uma teia composta pelas células trabeculares da aracnoide (fibroblastos modificados) dispostas frouxamente, juntamente com fibras de colágeno. Estas trabéculas da arcanoide ocupam o espaço subaracnoide, isto é, o espaço entre a parte semelhante a uma lamina da aracnoide e a pia. A interface entre a dura e a aracnoide, o espaço subdural, é considerado um espaço potencial, pois somente aparece após lesão que cause hemorragia subdural quando, então, o sangue força a separação dessas duas camadas. PIA-MÁTER A pia-máter, a camada mais interna das meninges, está intimamente associada ao tecido encefálico, acompanhando todos os seus contornos. Entretanto, a pia-máter não chega a entrar em contato com o tecido nervoso, pois sempre há uma delgada camada de prolongamentos neurogliais interposta entre eles. A pia-máter é constituída por uma delgada camada de fibroblastos modificados, achatados (Tec. conjuntivo frouxo), que se assemelham às células trabeculares da aracnoide. Os vasos sanguíneos abundantes nesta camada, estão envolvidos por células da pia entremeadas com macrófago, mastócito e linfócito. Entre a pia e o tecido nervoso, há delicadas fibras colágenas e elásticas. PLEXO COROIDE O plexo coroide, constituído por dobras de pia-máter dentro dos ventrículos encefálicos, produz o LCR. As dobras da pia-máter, que contem um grande numero de capilares intercalados por tecido conjuntivo frouxo vascularizado e são envolvidas por um epitélio cuboide simples (ependimário) que as reveste, estendem-se pelos ventrículos encefálicos, terceiro, quarto e laterais, formando o plexo coroide. O plexo coroide produz o LCR, que enche os ventrículos encefálicos e o canal central da medula espinhal. O LCR banha o SNC ao circular pelo espaço subaracnoideo. O LCR circula pelos ventrículos encefálicos, espaço subaracnoideo, espaço perivascular e canal central da medula. Apresenta baixo teor de proteínas, mas é rico em íons sódio, potássio e cloreto. É constituído em cerca de 90% de água e íons, contendo algumas células descamadas e linfócitos ocasionais. Realiza as seguintes funções: Proteção do SNC contra traumatismo (coxim); Via de eliminação de produtos do metabolismo do SNC; Defesa contra agentes infecciosos; Usado para diagnósticos de Infecções, Hemorragias, Doenças Degenerativas e Doenças Neoplásicas. REGENERAÇÃO DOS NERVOS Os neurônios destruídos por um traumatismo não são substituídos, pois os neurônios não proliferam. Por isso que uma lesão ao SNC é permanente. Entretanto, quando uma fibra nervosa periférica é lesada ou seccionada, o neurônio tenta reparar o dano, regenerando o prolongamento e restaurando a função através de uma série de eventos estruturais e metabólicos, coletivamente denominados de reação axonal. As reações ao trauma localizam-se, de um modo característico, em três regiões do neurônio: (1) no local do dano (mudanças locais); (2) distais ao local do dano (mudanças anterógradas); e (3) proximais ao local do dano (mudanças retrógradas). REAÇÃO LOCAL A reação local à lesão envolve reparação e remoção de detritos por células da neuroglia. As extremidades seccionadas expandem-se por causa do acúmulo de material trazido pelo axoplasma. Macrófagos e fibroblastos infiltram Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 16 www.medresumos.com.br a área lesada, secretam citocinas e fatores de crescimento, e supra-regulam a expressão destes receptoes. Macrófagos invadem a lâmina basal e, ajudados de um modo limitado pelas células de Schwann, fagocitam os detritos. REAÇÃO ANTERÓGRADA A porção do axônio distal à lesão degenera e é fagocitada. O axônio sofre mudanças anterógradas da seguinte maneira: 1. A terminação do axônio se hipertrofia e degenera dentro de uma semana; consequentemente, acabao contato com a membrana pós-sináptica. Células de Schwann proliferam e fagocitam restos da terminação do axônio, e as células de Schwann recém-formadas ocupam o espaço sináptico. 2. A porção distal do axônio sofre degeneração walleriana (degeneração ortógrada), na qual o axônio e a mielina distais à lesão desintegram, células de Schwann se desdiferenciam e a síntese de mielina é interrompida. Além disso, macrófagos e, em cerca extensão, células de Schwann fagocitam os restos desintegrados. 3. Células de Schwann proliferam formando uma coluna de células de Schwann (tubos de Schwann) contidos dentro da lamina basal original do endoneuro. REAÇÃO RETRÓGRADA E REGENERAÇÃO A porção proximal do axônio lesado degenera e, a seguir, ocorre o brotamento de um novo axônio cujo crescimento é orientado pelas células de Schwann. A parte do axônio proximal à lesão passa pelas seguintes transformações: 1. O pericário do neurônio lesado se hipertrofia (com o acúmulo de neurotransmissores), seus corpos de Nissl se dispersam e seu núcleo fica deslocado. Estes eventos, denominados cromatólise, podem durar vários meses. Enquanto isso, o soma produz ativamente ribossomos livres e sintetiza proteínas e várias macromoléculas, incluindo RNA. Durante este período, o coto proximal do axônio e a mielina que o envolve degeneram até o axônio colateral mais próximo. 2. Vários brotos do axônio emergem do coto proximal do axônio, penetram no endoneuro, e são dirigidos pelas células de Schwann para sua célula alvo. Para que a regeneração ocorra, devem estar presentes células de Schwann, macrófagos e fibroblastos, assim como a lâmina basal. Estas células produzem fatores de crescimento e citocinas e supra-regulam a expressão dos receptores destas moléculas sinalizadoras. 3. O broto é dirigido pelas células de Schwann que se rediferenciam e começam a produzir mielina em torno do axônio em crescimento, ou, nos axônios amielínicos, formam uma bainha de células de Schwann. O broto que alcança primeiro as células alvo forma uma sinapse, enquanto os outros brotos degeneram. O processo de regeneração progride de 3 a 4 mm/dia. CORRELAÇÕES CLÍNICAS Meningite: é uma inflamação das meninges, incluindo a pia-máter e a membrana-aracnoide, e do líquido cefalorraquideano (LCR). Apesar de a causa mais comum ser infecciosa (através de bactérias, vírus ou mesmo fungos), alguns agentes químicos e mesmo células tumorais poderão provocar meningite. A meningite bacteriana é uma doença grave, que deve ser tratada como uma emergência clínica. Pacientes que recebem o diagnóstico e o tratamento adequado têm um bom prognóstico (cerca de 90% de chance de cura). As bactérias são sem dúvida os agentes etiológicos mais importantes na meningite. Diversas espécies bacterianas têm capacidade de invadir a barreira hemato-encefálica, sendo que as mais importantes são: Estreptococos beta- hemolíticos (cocos Gram positivos); Haemophilus influenzae (bacilo Gram negativo); Streptococcus pneumoniae. A princípio os sintomas resultam da infecção e a seguir do aumento na pressão intracraniana: dor de cabeça alta; febre alta e vômitos; Cefaleia, irritabilidade, confusão, delírio e convulsões; Rigidez da nuca, ombro ou das costas; Aparecimento de petéquias (geralmente nas pernas), podendo evoluir até grandes lesões equimóticas ou purpúricas; Resistência à flexão do pescoço. Para uma maior eficiência, o tratamento deve ser específico para o agente etiológico envolvido. No caso de meningites virais não há tratamento específico, mas essas tendem a ser infecções menos graves e auto- limitadas. Para as infecções bacterianas o tratamento deve ser o mais rápido possível por meio de antibióticos. Doença de Parkinson: doença incapacitante relacionada à ausência de dopamina em algumas regiões do encéfalo. Caracteriza-se por rigidez muscular, tremor constante, bradicinesia (movimentos lentos) e, finalmente, uma face semelhante a uma máscara e dificuldade de realizar movimentos voluntários. Como a dopamina é incapaz de atravessar a barreira hematoencefálica, a terapia é feita com L-dopa, que alivia o problema, apesar de os neurônios da área afetada continuarem a morrer. Os esforços para transplantar tecido de adrenal fetal em pessoas com esta doença somente trouxeram alívio temporário. Coreia de Huntington (CH): condição geneticamente hereditária, que se inicia em torno da terceira ou quarta década de vida. Ela começa por movimentos involuntários e desordenados das articulações que progridem para distorções graves, demência e disfunção motora. Acredita-se que esta condição esteja relacionada à perda de células produtoras de GABA, um neurotransmissor inibitório. Sem o GABA, os movimentos são descontrolados. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 17 www.medresumos.com.br Acredita-se que a demência associada a esta doença esteja relacionada à perda subsequente de células secretoras de acetilcolina. Doença de Alzheimer (mal de Alzheimer): é uma doença degenerativa do cérebro caracterizada por uma perda das faculdades cognitivas superiores, manifestando-se inicialmente por alterações da memória episódica. Estes défices amnésicos agravam-se com a progressão da doença, e são posteriormente acompanhados por déficites visuo-espaciais e de linguagem. A base histopatológica da doença foi descrita pela primeira vez pelo neuropatologista alemão Alois Alzheimer em 1909, que verificou a existência juntamente com placas senis (hoje identificadas como agregados de proteína beta-amiloide), de emaranhados neurofibrilares (hoje associados a mutação da proteína tau, no interior dos neurotúbulos). Caracteriza-se clinicamente pela perda progressiva da memória. O cérebro de um paciente com a doença de Alzheimer, quando visto em necrópsia, apresenta uma atrofia generalizada, com perda neuronal específica em certas áreas do hipocampo mas também em regiões parieto-occipitais e frontais. Esclerose múltipla: doença relativamente comum que afeta a mielina, sendo mais comum em mulheres que em homens. Usualmente, ela ocorre entre os 15 e os 45 anos de idade e sua principal característica patológica é a dismielinização do SNC (nervo óptico, cerebelo e substancia branca do cérebro, da medula espinhal e dos nervos cranianos e espinhais). Esta doença caracteriza-se por apresentar episódios de inflamação multifocal ao acaso, edema e desmielinização subsequente de axônios do SNC, seguidos por períodos de remissão. Como se acredita que esta desmielinização resulte de um processo autoimune (como consequência de um agente infeccioso), a terapia mais comum para esclerose múltipla é a imunossupressão com corticoesteroides, apesar de se acreditar que a atividade anti-inflamatória da terapia seja a que cause os maiores benefícios. SENTIDOS ESPECIAIS Do ponto de vista biológico e de ciências cognitivas, os sentidos representam o meio pelo qual os seres vivos percebem e reconhecem outros organismos, além das características do meio ambiente em que se encontram, garantindo a melhor adaptação ao mesmo e facilitando a sobrevivência da espécie. As terminações nervosas periféricas auxiliam no processo de codificação sensorial, podendo ser de dois tipos: Axonais; que transmitem impulsos do SNC para os músculos esqueléticos ou para glândulas (terminações motoras ou secretoras) Dendríticas; Recebem diversos estímulos e emitem para o SNC (sensitivas ou receptores) Os receptores sensoriais podem ser: Exteroceptores: situados na superfície do corpo, são especializados para recepção de estímulos do ambiente externo. Proprioceptores: Transmitem informações sensitivas para o SNC e estão localizados nas cápsulas de articulações, tendões e fibras intrafusais. Interoceptores: Recebem estímulos sensitivos originários de dentro de alguns órgãos do corpo. RECEPTORES PERIFÉRICOS ESPECIALIZADOS As terminações dendríticas de alguns receptores sensitivos são especializadasna recepção de determinados estímulos, ajudando o dendrito a responder. Por isso, esses receptores são classificados: Mecanorreceptores: Respondem ao tato; Termorreceptores: Respondem ao frio e ao calor; Nociceptores: Respondem à dor. MECANORRECEPTORES Os mecanorreceptores respondem a estímulos mecânicos capazes de deformar o receptor ou os tecidos que o envolvem. Não-encapsulados: são mecanorreceptores simples e amielínicos. Terminações nervosas peritriquiais: São a forma mais simples dos mecarreceptores, estão localizadas na epiderme da pele – especialmente em regiões muito sensíveis. Funcionam na percepção do tato relacionado à deformação dos pelos. Discos de Merkel: São mais complexos e especializados no tato discriminatório. Estão localizados nas regiões mais sensíveis do tato. Encapsulados: são mecanorreceptores mielinizados com estruturas características e que estão presentes em locais específicos. Corpúsculos de Meissner: Especializados na discriminação tátil e encontrados na porção sem pelos dos dedos e das palmas das mãos, pálpebras, lábios, língua. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 18 www.medresumos.com.br Corpúsculos de Pacini: Situados na derme dos dedos das mãos e nas mamas, são especializados na recepção de pressão, tato e vibrações. Corpúsculos de Krause: Situados na região papilar da derme, têm função desconhecida. OBS 10 : Os fusos musculares e os órgãos tendinosos de Golgi são mecanorreceptores encapsulados que participam da propriocepção. Informam as mudanças de comprimento do músculo durante a contração e monitoram a tensão e a velocidade durante o movimento, respectivamente. TERMORRECEPTORES Os termorreceptores são receptores para calor e frio e, portanto, são nociceptores sensíveis à temperatura. NOCICEPTORES Os nociceptores são responsáveis pela percepção da dor e são terminações nuas de fibras nervosas mielínicas que se dividem em 3 grupos: os que respondem à tensão mecânica, os que respondem a extremos de calor ou frio e os respondem a compostos químicos. OLHO Os olhos estão situados dentro de órbitas ósseas ocas. São órgãos fotossensíveis do corpo; a luz que entra atinge o globo ocular, que é composto por três túnicas: fibrosa, vascular e nervosa, formando a informação visual que é transmitida pelo nervo óptico para o cérebro. O globo ocular é composto por três túnicas: - Túnica fibrosa: formada por esclera e córnea; - Túnica vascular: formada por coroide, corpo ciliar e íris; - Túnica nervosa: formada pela retina. TÚNICA FIBROSA É a camada mais externa do olho, formada, na parte posterior, pela esclera – branca e opaca- e, na parte anterior, pela córnea – transparente e incolor. A esclera é constituída por uma camada de tecido conjuntivo denso não-modelado e é, praticamente, avascular. Está ligada a uma delgada camada de tecido conjuntivo frouxo, a episclera. É também constituída por feixes entrelaçados de colágeno tipo I, que dá forma ao olho, isso é mantido pela pressão intraocular dada pelo humor aquoso e corpo vítreo. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 19 www.medresumos.com.br A córnea é a porção transparente avascular e altamente inervada da túnica fibrosa. É a mais espessa e constituída por cinco camadas: ● Epitélio corneano: Tecido epitelial pavimentoso estratificado não-queratinizado. Suas células possuem microvilosidades, zona de oclusão, interdigitações e desmossomos. É um epitélio ricamente inervado. ● Membrana de Bowman: Possui fibras de colágeno tipo I de forma aleatória atravessada por fibras nervosas que inervam o epitélio corneano. ● Estroma: É a camada mais espessa da córnea, transparente, com tecido conjuntivo de fibras colágenas tipo I dispostas em lamelas, apresenta espaços que formam a rede trabecular que conduz ao canal de Schlemm. ● Membrana de Descemet: Espessa membrana basal. ● Endotélio corneano: Epitélio simples pavimentoso responsável pela síntese de proteínas necessárias à secreção e manutenção da membrana de Descemet. A qualidade refrativa da córnea é mantida graças ao transporte de sódio, cloro e água; assim, o excesso de líquido no estroma é reabsorvido, TÚNICA VASCULAR É a túnica média do olho constituída por coroide, corpo ciliar e íris. Coroide é a camada pigmentada da túnica vascular, localizada na porção posterior do globo ocular, vascularizada e constituída por tecido conjuntivo frouxo contendo numerosos fibroblastos e outras células do tecido conjuntivo, sendo ricamente suprida por vasos sanguíneos, que nutrem a retina. Corpo ciliar é a extensão do coroide, ocupando o espaço entre a retina e a íris. É constituído por tecido conjuntivo frouxo contendo numerosas fibras elásticas, vasos sanguíneos e melanócitos. Sua superfície medial se projeta em direção ao cristalino, formando os processos ciliares, cujas células transportam um filtrado do plasma para a câmara posterior do olho, formando, assim, o humor aquoso, que fornece oxigênio e nutrientes para o cristalino e córnea. Íris é a extensão mais anterior da coroide, controla a abertura pupilar e é colorida por conta dos melanócitos no epitélio e estroma, dando cor aos olhos. Sua parte anterior é constituída por uma camada de células pigmentadas e de fibroblastos; logo abaixo, há o estroma de tecido conjuntivo, pouco vascularizado, contendo numerosos fibroblastos e melanócitos. Já sua superfície posterior, é lisa e está coberta pela continuação de duas camadas do epitélio da retina que cobrem o corpo ciliar. As células epiteliais voltadas para o estroma da íris têm extensões que formam o músculo dilatador da pupila que, juntamente com a contração do músculo esfíncter da pupila, modifica o diâmetro da pupila, que muda inversamente à quantidade de luz que nela penetra. Cristalino é um disco transparente e biconvexo, flexível, constituído por células epiteliais e seus produtos de secreção e por três partes: Cápsula do cristalino: Lâmina basal contendo colágeno tipo IV e glicoproteína; Epitélio subescapular: Revestido por uma camada de células cuboides, que se comunicam por junções comunicantes; Fibras do cristalino. Corpo vítreo é um gel transparente que preenche a cavidade vítrea situada atrás do cristalino, constituído por água, fibras de colágeno e ácido hialurônico. TÚNICA NERVOSA A retina faz parte da túnica mais interna do olho que contém as células fotorreceptoras: cones e bastonetes. O disco óptico é o local de saída do nervo óptico e, por não conter células fotorreceptoras, é considerado o ponto cego da retina. Localizada mais lateralmente, está a mácula lútea e, centralmente, a fóvea central. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 20 www.medresumos.com.br A retina é constituída por dez camadas: Epitélio pigmentar: constituído por células cuboides a colunares, cujos núcleos situam-se basalmente. Eesta camada absorve a luz após o estímulo dos fotorreceptores, evitando a reflexão pelas demais túnicas e fagocitam discos membranosos descartados pelos bastonetes. Camada de cones e bastonetes: a base dessas células faz sinapses com as células bipolares subjacentes. o Cones: Quando ativados pela luz intensa, produzem uma grande asciduidade visual. São longos e estreitos na fóvea central. o Bastonetes: Células alongadas que são ativadas pela luz fraca, incapazes de perceber cores. Respondem mais lentamente que os cones. Membrana Limitante Externa: É uma zona de adesão das células de Müller, que são células da neuroglias modificadas que dão sustentação para as células da retina nervosa. Camada Nuclear Externa: Núcleos dos cones e bastonete Camada Plexiforme Externa: Realizam sinapses axodendríticas entre células fotorreceptoras e os dendritos das células bipolares e horizontais subjacentes Camada Nuclear Interna: o Neurônios bipolares: interpostosentre as células receptoras e as células ganglionares. o Células horizontais: estabelecem sinapses com as junções sinápticas entre as células fotorreceptoras e as células bipolares. o Células amácrinas: seus dendritos terminam em complexos sinápticos entre as células fotorreceptoras e ascélulas bipolares e estabelecem sinapses com células interplexiformes. o Células de Müller: células da neuróglia modificadas, se estendendo do corpo vítreo até os segmentos internos dos cones e dando sustentação para as células da retina nervos. Camada Plexiforme Interna: os prolongamentos das células amácrinas, das bipolares e das ganglionares se misturam na camada plexiforme interna e as sinapses axodendríticas entre os axônios das células bipolares e os dendritos das células ganglionares e das células amácrinas também estão situadas nessa camada Camada de Células Ganglionares: corpos celulares de grandes neurônios multipolares das células ganglionares da retina estão situados nessa camada. Camada de Fibras Do Nervo Óptico: axônios amielínicos das células ganglionares Membrana Limitante Interna: lâmina basal das células de Müller ESTRUTURAS ACESSÓRIAS DOS OLHOS As estruturas acessórias do olho incluem a conjuntiva, a pálpebra e o aparelho lacrimal. Conjuntiva é uma membrana mucosa transparente que reveste a superfície interna das pálpebras e cobre a esclera da parte anterior do olho, é constituída por epitélio colunar estratificado contendo células caliciformes e que se assenta sobre uma lâmina basal e uma lâmina própria composta por tecido conjuntivo frouxo. A secreção das células caliciformes faz parte da película lacrimal, que ajuda a lubrificar e proteger o epitélio do aspecto anterior do olho. As pálpebras formam uma barreira protetora para a superfície anterior do olho, sendo constituída por epitélio pavimentoso estratificado. Glândulas sudoríparas, pelos e glândulas sebáceas estão localizados na pele das pálpebras. As glândulas de Meibomian, glândulas sebáceas modificadas, abrem-se na borda livre das pálpebras e secretam uma substância oleosa que é incorporada na película lacrimal e acaba por impedir a evaporação das lágrimas. O aparelho lacrimal é constituído pela glândula lacrimal, que secreta o fluido lacrimal; pelos canalículos lacrimais, que removem o fluido lacrimal da superfície do olho; pelo saco lacrimal, que é uma porção dilatada do sistema de dutos e pelo ducto nasolacrimal, que leva o fluido lacrimal para a cavidade nasal. ORELHA O funcionamento da orelha interna objetiva a interpretação de sons e, para isso, baseia-se na dinâmica dos fluidos contidos em dois labirintos: ósseo e membranoso. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 21 www.medresumos.com.br A energia sonora, depois de conduzida ao longo da orelha externa, estimula o movimento dos ossículos da orelha média, fazendo com que o estribo estimule a propagação sonora pela perilinfa, a partir da janela oval. Como a janela oval se abre na rampa vestibular, este é o primeiro espaço a receber as vibrações da base do estribo. A rampa média (representada pelo próprio ducto coclear) está entre a rampa vestibular e a rampa timpânica e está preenchida por endolinfa, como vimos anteriormente. Esta rampa tem duas fronteiras: membrana de Reissner e a membrana basilar. A membrana de Reissner (vestibular) separa a rampa vestibular da rampa média. Atendendo à sua espessura (por ser muito fina), não oferece obstáculo à passagem das ondas sonoras. Deste modo, a compressão e propagação do som ao longo da perilinfa é facilmente propagada à endolinfa dentro do ducto coclear, onde está contido o órgão de Corti. O órgão de Corti consiste em: membrana basilar; membrana tectorial; e células ciliadas entre as duas membranas, apresentando ainda células de suporte. As células ciliadas são as receptoras do sinal vibratório, capazes de transformar a energia sonora propagada pela endolinfa em impulso nervoso. Este impulso será propagado através do componente coclear do N. vestíbulo-coclear, percorrendo a via auditiva, até o córtex auditivo, onde acontecerá a interpretação do som. ORELHA EXTERNA Constituído pelo pavilhão da orelha (composto por uma placa de cartilagem elástica), meato auditivo externo(revestido por pele, contendo folículos pilosos, glândulas sebáceas e sudoríparas modificadas denominadas glândulas ceruminosas, que produzem cerume, que, juntamente com os pelos, impedem a penetração profunda de objetos no meato) e membrana timpânica, cuja superfície externa é coberta por uma epiderme delgada e interna, por epitélio simples pavimentoso ou cuboide. ORELHA MÉDIA Espaço cheio de ar revestido por epitélio pavimentoso simples que contém os ossículos: martelo, bigorna e estribo, que cobrem a distância entre a membrana timpânica e a membrana da janela oval. A cavidade timpânica é revestida por epitélio simples pavimentoso, entretanto, mais profundamente, aproximando-se da tuba auditiva, o osso da cavidade timpânica é substituído por cartilagem e seu revestimento epitelial torna-se um epitélio colunar pseudoestratificado ciliado. OBS 11 : Ao deglutir, assoar o nariz ou bocejar, o orifício da tuba auditiva abre-se permitindo uma equalização da pressão do ar, aliviando a pressão do ouvido durante o voo ou em lugares com elevadas altitudes. O martelo, a bigorna e o estribo estão articulados em série por meio de articulações sinoviais revestidas por epitélio pavimentoso simples. O martelo está preso à membrana timpânica, a bigorna está entre ele e o estribo e este, por sua vez, está ligado à janela oval, que junto com a janela redonda, une a cavidade do ouvido médio com o ouvido interno. O músculo tensor do tímpano e o estapédio auxiliam os movimentos da membrana timpânica e dos ossículos. Ao vibrar, a membrana timpânica movimenta os ossículos, dessa forma, as oscilações são ampliadas, fazendo vibrar a membrana da janela oval, colocando em movimento o líquido dentro da cóclea. ORELHA INTERNA A orelha interna é constituída pelo labirinto ósseo, uma cavidade irregular, situada na porção petrosa do temporal, e pelo labirinto membranoso. O labirinto ósseo é revestido por endósteo e está separado do labirinto membranoso pelo espaço perilinfático, que é preenchido por um líquido claro denominado perilinfa. O vestíbulo é a parte central do labirinto ósseo situada entrea a cóclea, que ocupa uma posição anterior, e os canais semicirculares, que ocupam uma posição posterior. Sua de parede lateral contém a janela oval e janela redonda. Contendo também regiões especializadas do labirinto membranoso: utrículo e sáculo. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 22 www.medresumos.com.br LABIRINTO MEMBRANOSO O labirinto membranoso está preenchido pela endolinfa, possui o sáculo e o utrículo, os dutos semicirculares e o duto coclear. SÁCULO E UTRÍCULO O sáculo e o utrículo estão ligados entre si por meio do duto utriculossacular. São constituídos por uma delgada camada vascular externa de tecido conjuntivo e uma camada interna de epitélio simples pavimentoso ou cuboide. Suas regiões especializadas percebem a orientação da cabeça em relação à gravidade(sáculo) e aceleração(utrículo),agindo como receptores, que são denominados mácula do sáculo e mácula do utrículo. As máculas são constituídas por dois tipos de células neuroepiteliais: células pilosas tipo I e tipo II, cada célula pilosa possui um único quinocíclio (cílio móvel) e vários estereocílios e por células de sustentação, que se assentam sobre uma lâmina basal. OBS 12 : A inervação das células pilosas é derivada da divisão vestibular do nervo Vestibulococlear. DUTOS SEMICIRCULARES O duto semicircular é uma continuação do labirinto membranoso que parte do utrículo, são em três e a extremidade deles é dilatada, essa região expandida é denominada ampola, que contém as cristasampolares, áreas de receptores especializados. A cúpula é uma massa glicoproteica gelatinosa com função de cobrir as cristas ampulares. DUCTO COCLEAR E ÓRGÃO DE CORTI O duto coclear – também chamado de escala média- é uma porção do labirinto membranoso. É um órgão receptor, cuneiforme, contido na cóclea óssea e envolvido por perilinfa, separado por duas membranas: membrana vestibular (de Reissner) e membrana basilar. LABIRINTO ÓSSEO O sistema ou aparelho vestibular é o conjunto de órgãos do ouvido interno dos vertebrados responsáveis pela manutenção do equilíbrio. No homem, é formado pelos três canais semicirculares (que abrigam os ductos semiciculares) e o vestíbulo (que contém o sáculo e o utrículo). Ao vestíbulo, encontra-se igualmente ligada a cóclea que é a sede do sentido da audição. Ao conjunto destas estruturas, dá-se o nome labirinto ósseo (canais semicirculares, vestíbulo e cóclea), devido à complexidade da sua forma tubular e constituição calcificada (e dentro do labirinto ósseo, está presente o labirinto membranoso, representado pelos ductos semicirculares, sáculo, utrículo e ducto coclear). O compartimento, cheio de perilinfa, situado acima da membrana vestibular é denominado escala vestibular e o situado abaixo da membrana basilar, chamado escala timpânica. Esses compartimentos comunicam-se através do helicotrema, que se localiza no ápice da cóclea. A membrana vestibular é constituída por duas camadas de epitélio pavimentoso, que são separadas uma da outra por uma lâmina basal. A membrana basilar, que se estende da lâmina espiral no modíolo até a parede lateral, sustenta o órgão de Corti e é constituída por duas zonas: a zona arqueada e a zona pectinada. A zona arqueada, mais delgada e mais mediai, sustenta o órgão de Corti e a zona pectinada é semelhante a uma malha fibrosa contendo alguns fibroblastos. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 23 www.medresumos.com.br CÓCLEA A cóclea funciona na percepção do som. As ondas sonoras colhidas pelo ouvido externo vão para o meato auditivo externo e são recebidas pela membrana timpânica, que é posta em movimento. A membrana timpânica converte ondas sonoras em energia mecânica. As vibrações da membrana timpânica movimentam o martelo e, conseqüentemente, os dois ossículos restantes. Por causa de uma vantagem mecânica conferida pelas articulações dos três ossículos, a energia mecânica é ampliada cerca de 20 vezes ao chegar à base do estribo, onde movimenta a membrana da janela oval. Os movimentos da janela oval dão início a ondas de pressão na perilinfa contida na escala vestibular. Como os líquidos (neste caso a perilinfa) são incompressíveis, a onda é transmitida pela escala vestibular, através do helicotrema, para a escala timpânica. A onda de pressão da perilinfa da escala timpânica causa a vibração da membrana basilar. O órgão de Corti está firmemente aderido à membrana basilar, por isso um movimento oscilatório desta membrana é traduzido em um movimento de cisalhamento sobre os estereocílios das células pilosas, que estão imersas na membrana tectorial rígida que os cobre. Quando a força de cisalhamento produz uma deflexão dos estereocílios em direção dos estereocílios mais altos, a célula torna-se despolarizada gerando, assim, um impulso que é transmitido através de fibras nervosas aferentes. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 24 www.medresumos.com.br ANATOMIA DO SISTEMA NERVOSO O sistema nervoso consiste no conjunto de órgãos constituídos pelo tecido nervoso, responsáveis por controlar as reações do animal no ambiente externo, e também pelo controle visceral. Na espécie humana, ainda acumula as funções de cognição, aprendizado, memória, e personalidade. IMPORTÂNCIA FUNCIONAL E CLÍNICA Sua relevante capacidade funcional, associada a grande variedade de patologias que podem comprometê-lo, faz com que o sólido conhecimento de sua morfologia e respectivas correlações funcionais podem influenciar decisivamente para um diagnóstico precoce, tratamento e, consequentemente, prognóstico favorável para o paciente. O sistema nervoso pode estar relacionado, por exemplo, com as seguintes especialidades da área de saúde: Neuroanatomia Neurologia Neurocirurgia Psiquiatria Psicologia Fisioterapia Enfermagem Fonoaudiologia Pedagogia Um exemplo prático se faz nos casos de fratura da base do crânio, mais especificamente na fossa anterior: pode ocorrer comprometimento do osso etmoide, cursando com lesão menígea e rinorreia (extravasamento de líquido pelo nariz – neste caso, líquor ou líquido cérebro-espinhal), podendo o paciente evoluir com meningite. Outro exemplo diz respeito à importância do chamado diagnóstico topográfico em neurologia: lesões em locais específicos do sistema nervoso periférico e/ou central podem causar síndromes motoras ou sensitivas específicas que, somente através da análise clínica do paciente, se torna possível presumir a região acometida com grande precisão (como é nos casos de hemissecção medular ou síndrome de Brown-Serquard, poliomielite, lesões mediais do bulbo ou síndrome de Dejerine, lesões da base do pedúnculo cerebral do mesencéfalo ou síndrome de Weber, etc.). TECIDO NERVOSO O tecido nervoso é constituído, basicamente, por neurônios (e suas fibras ou axônios) e células da Glia. Neurônios: são células (cerca de 100 bilhões) altamente especializadas e sem poder de regeneração (ou com pouco poder). Os corpos dos neurônios estão localizados na chamada substância cinzenta e seus axônios (ou fibras) estão localizados na substância branca. As principais funções ou propriedades dos neurônios são: o Excitabilidade: utilizada na percepção das mais sutis modificações ocorridas nos ambientes externo e interno. Como resposta ao estímulo o neurônio desencadeia um impulso nervoso. o Condutibilidade: capacidade de transmitir os impulsos nervosos. Células da Glia: com uma população celular 10 vezes maior que a do neurônio, tem funções coordenadas para auxiliar à tarefa dos neurônios. Possuem maior potencial de regeneração. As principais células são: o Astrócitos: barreira Hematoencefálica o Oligodendrócitos: bainha de Mielina no SNC. o Micróglia: função fagocítica. o Células ependimárias: Plexos Corioides o Células de Schwann: Bainha de Mielina no SNP. DIVISÕES DO SISTEMA NERVOSO Do ponto de vista anatômico, podemos dividir o sistema nervoso em duas grandes partes: o sistema nervoso central (S.N.C.) e o sistema nervoso periférico (S.N.P.). O primeiro reúne as estruturas situadas dentro do crânio (encéfalo) e da coluna vertebral (medula espinal), enquanto o segundo reúne as estruturas distribuídas pelo organismo (nervos, plexos e gânglios periféricos). Já do ponto de vista funcional, o sistema nervoso deve ser dividido em sistema nervoso somático (S.N.S.) e sistema nervoso autonômico (S.N.A.), de modo que o primeiro está relacionado com funções submetidas a comandos conscientes (sejam motores ou sensitivos, estando relacionado com receptores sensitivos e com músculos estriados esqueléticos) e o segundo, por sua vez, está relacionado com a inervação inconsciente de glândulas, músculo cardíaco e músculo liso. Arlindo Ugulino Netto; Rebeca Isabel Rodrigues Abrantes Nassim Chattah. MÓDULO: ORGANIZAÇÃO MORFO-FUNCIONAL – NERVOSO 2016 Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● OMF – SISTEMA NERVOSO 25 www.medresumos.com.br DIVISÃO ANATÔMICA DO SISTEMA NERVOSO Do ponto de vista anatômico, o sistema nervoso pode ser dividido em sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico (SNP). Por definição didática, temos: SNC: conjunto de órgãos do sistema nervoso que se encontra protegido pelos ossos do esqueleto axial da cabeça e coluna (formando o chamado neuroeixo). Ele Recebe os estímulos, avalia e desencadeia respostas. Basicamente, é constituído
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