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A reforma do Ensino Médio

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PRÓS E CONTRAS DA REFORMA DO ENSINO MÉDIO
Ayala Viana de Souza
Elisangela dos Santos Araújo
Francisco da Cunha Araújo
Josiane Amorim Reis
Rosinei Castro da Silva
Introdução
O estudo de Krawczyk, 2009 ressalta que, quando se trata de refletir sobre o sistema educacional brasileiro, é consensual a percepção de que o ensino médio é o nível de ensino que provoca os debates mais controversos, seja pelos persistentes problemas do acesso e da permanência, seja pela qualidade da educação oferecida ou, ainda, pela discussão sobre a sua identidade. Outro importante aspecto é compreender as juventudes e seus contextos de modo a favorecer suas potencialidades. 
A reforma do ensino médio brasileiro considerada um tríplice retrocesso segundo Motta e Frigotto, 2017. Foi proposta inicialmente pelo Projeto de Lei 6.840/2013 que culminou na publicação da Medida Provisória 746/16, da qual foi transformada na Lei 13.415/17. Causando polêmica na sociedade, tendo em vista os sujeitos dessa reforma. As discussões iniciaram a partir da publicação da Medida Provisória instrumento este que vai contra os princípios da democracia uma vez que foi imposta de forma autoritária sem as devidas discussões com os profissionais da educação.
A alegação de quem propõe a reforma visa destravar as barreiras que impedem o crescimento econômico do país, retirando a obrigatoriedade de alguns conteúdos desinteressantes aos alunos e permitir-lhes que optem por áreas com que se identificam para que possam aprofundar os estudos nessas questões. Ao mesmo tempo, a ideia é incluir formação técnica, proporcionando ao estudante do ensino médio à conclusão que lhe permita maior facilidade para ingressar no mercado de trabalho. (BALD E FASSINI, 2017).
Para os opositores da reforma, há problemas em diversos pontos da Lei, entretanto, as principais polêmicas norteiam em fomentar a privatização das escolas públicas, promover a terceirização da força de trabalho, principalmente do magistério, e rompe com as diretrizes curriculares nacionais do Ensino Médio. Além das questões relacionadas aos currículos (temas transversais; novos conteúdos; opção formativa; metodologias), carga horária, jornada escolar, formação de docente, entre outros.
Desenvolvimento
Motta e Frigotto, 2017, constatam que os sujeitos dessa etapa educacional são jovens oriundos das camadas populares e mesmo que os jovens vençam o gargalo da passagem do Ensino Fundamental para o Ensino Médio e concluam o Ensino Médio profissional, passam a compor a estatística da taxa de desemprego. A falácia de estimular o Ensino Médio para qualificar para o trabalho depara-se com a falta de emprego no mercado de trabalho. Silva e Scheibe, mostram um conjunto de argumentos utilizado pelos reformadores que evidenciam a adequação do ensino médio a requisitos do mercado de trabalho ou em necessidades definidas pelo setor empresarial. Esses argumentos aproximam a etapa do ensino médio à visão mercantil da escola pública e contrariam seu caráter público, inclusivo e universal. 
As propostas da Lei 13.415/17 comportam problemas, quando se trata de assegurar o direito à educação básica de qualidade comum a todos. A divisão do currículo em cinco ênfases ou itinerários formativos (Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Formação Técnica e Profissional), de modo que cada aluno curse apenas um deles, tem como consequência a negação do direito à formação básica comum e pode resultar no reforço das desigualdades educacionais.
 Ao contrário da propaganda governamental, não serão os estudantes a escolher qual itinerário cursar, haja vista que a distribuição desses itinerários pelas escolas estará a cargo dos sistemas estaduais de educação. Outro aspecto diz respeito ao reconhecimento de “notório saber” com vistas a conferir permissão para a docência a pessoas sem formação apropriada. Ainda que a proposição esteja restrita ao itinerário da formação técnica e profissional, ela institucionaliza a precarização da docência e compromete a qualidade dessa formação. (SILVA e SCHEIBE, 2017)
Ocorre também a ampliação da jornada escolar para sete horas diárias, sem que sejam assegurados recursos financeiros. Ou seja, isso poderá acarretar em uma mudança brusca nas unidades escolares porque muitas delas não possuem infraestrutura adequada para enfrentar tais mudanças. Necessitam de maior investimento financeiro. A profissionalização como uma das opções formativas implica uma forma indiscriminada e igualmente precária de formação técnico-profissional, acentuada pela privatização por meio de parcerias com o setor privado. (NETO e LIMA, 2017)
Esses fatos reforçam a compreensão de como a reforma do ensino médio é parte integrante de uma agenda globalmente estruturada da educação. Os exemplos utilizados pelos defensores dessas mudanças são frágeis, mas confirmam os padrões de governança internacional, cuja missão modernizadora é reduzir a educação (e o conhecimento) a funções mínimas de acordo com as necessidades imediatas da sociedade capitalista contemporânea.
Conclusão
Portanto, a educação brasileira enfrenta vários problemas entre estes os altos índices de evasão escolar baixo aprendizado, a falta de professores e a insatisfação dos mesmos com o sistema, a falta de infraestrutura das escolas e de investimentos na educação são fatores que realmente precisam de uma política clara e objetiva, mas não imposta de forma autoritária, pois o problema está na base. É preciso uma mudança em todas as etapas do ensino. 
Além disso, percebemos, que a reforma proposta pela Lei 13.415/16 promove a desqualificação da educação básica, incorre ainda maior desvalorização do magistério e compromete o direito à educação. E isso deriva da forma imposta, autoritária com que o Poder Executivo Federal conduziu a reforma. Observamos as contradições da reforma atual do ensino médio em meio à mudança constitucional que impõe o congelamento dos gastos públicos e a lei fomenta à ampliação da jornada de (tempo integral). Diante disto, visualizamos um processo de regressão social, que culmina na adoção de resultados que aproximam o ensino médio a interesses de natureza mercadológica, jogando o jovem da classe menos favorecida direto para o mercado de trabalho.
Referências
BRASIL. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
BRASIL. Medida provisória nº 746, de 22 de setembro de 2016. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 22 de set. 2016a.
MOEHLECKE, Sabrina. O ensino médio e as novas diretrizes curriculares nacionais: entre recorrências e novas inquietações. Revista Brasileira de Educação v. 17 n. 49 jan.-abr. 2012
MOTTA, Vânia Cardoso da; FRIGOTTO, Gaudêncio. Por que a urgência da reforma do ensino médio? Medida provisória nº 746/2016 (lei nº 13.415/2017). Educ. Soc., Campinas, v. 38, nº. 139, p.355-372, abr.-jun., 2017
NETO, Edgar de Campos; LIMA, Edméia Maria de; ROCHA, Ana Carolina. Breve Reflexão acerca da Reforma do Ensino Médio e Seus Impactos na Formação do Estudante. Congresso Nacional de Educação, ISSN 2176-1396, 2017.
BALD, Volnei André; FASSINI, Edí. Reforma do ensino médio: resgate histórico e análise de posicionamentos a respeito da lei nº 13.415/17 por meio de revisão de literatura
KRAWCZYK, N. O ensino médio no Brasil. São Paulo: Ação Educativa, 2009.
SILVA, Monica Ribeiro da; SCHEIBE, Leda. Reforma do ensino médio: pragmatismo e lógica mercantil. Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 11, n. 20, p. 19-31, jan./jun. 2017.

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