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GEOGRAFIA AGRÁRIA PROF. Dr. ANIERES JANELSON LOUIS BELARMINO RODRIGUES João Pessoa/PB, ABRIL 2018. UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS O revigoramento da luta pela terra: novos atores, novas demandas REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL: História e atualidade da luta pela terra Man down 2 Rio Grande do Sul, 29 de outubro de 1985 – Primeira luta do MST, ocupação da Fazenda Annoni Foto: Pressenza Press Agency A partir da segunda metade da década de 1970 e, sobretudo, dos anos oitenta, a situação se invertera progressivamente: as atitudes políticas do mundo rural ficaram em segundo plano – quando não abandonadas – emergindo, com força crescente, a questão política local. Surgem novas personagens na luta fundiária: resultados do processo de modernização, ruptura de relações sociais O REVIGORMENTO DA LUTA pela terra: novos/as atores/atrizes, novas demandas OS NOVOS DEMANDANTES DA TERRA Arte do MST. Arte do MAB (Google imagens) Reforma agrária colocada na ordem do dia com novas dimensões: meio rural brasileiro (modernização tecnológica, expulsão dos trabalhadores do interior das propriedades) + A TERRA COMO DIREITO Políticas específicas de apoio para garantia das condições de produção (confronto com a agroindústria) “Boias-frias” enquanto forma predominante de trabalho; Mobilizações e greves: condição de vida precária, emprego sazona, trabalho infantil, fata de registro profissional, favelização das periferias Foto: Observatório Social Jequié Arquivo MST Reforma agrária enquanto bandeira unificadora das lutas dos/das trabalhadores/as 1º encontro do MST Boias-frias em condições precárias de transporte Foto: Michel Filho- Agência O Globo MST e MAB, além de movimentos que colocavam os direitos das mulheres trabalhadoras rurais em pauta “Igreja e problemas da terra” (TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO) Fortalecimento da sociedade civil Multiplicação de entidades de apoio: Campanha Nacional pela Reforma Agrária – CNBB, ABRA, Fed. Dos Órgãos Assistenciais e Educacionais de Base (Fase), Centro Ecumênico de Documentação e Informação (CEDI) Grupo Executivo das Terras do Araguaia e Tocantins (GETAT) Grupo Executivo das Terras do Baixo Amazonas (Gebam) Reforma agrária localizada (Almeida 1981) Realizar regularizações fundiárias e titulações de forma a “adequar os considerados casos críticos aos dispositivos jurídicos existentes, mantendo inalterável o regime de posse, uso e propriedade existente” A NOVA REPÚBLICA E A QUESTÃO FUNDIÁRIA Foto: AE Press Reforma agrária “ampla, massiva e imediata” (Contag) Força dos proprietários de terra (PNRA – Pano Nacional de Reforma Agrária) e processo CONSTITUINTE PNRA: IV Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurais (1985) Desapropriação por interesse social como instrumento para obtenção de terras Assentar em 15 anos 7 milhões de trabalhadores rurais sem terra ou com pouca terra Seleção de áreas prioritárias de reforma agrária Participação das organizações representativas dos trabalhadores rurais A mais vigorosa reação veio do congresso nacional dos representantes dos proprietários de terra, realizado em Brasília: UNIÃO DEMOCRÁTICA RURALISTA (UDR) Maior espaço nos meios de comunicação de massa conseguido difundir a tese da defesa extremada do direito de propriedade, com uso da força Ganhou ênfase a negociação com os proprietários de terra em lugar da desapropriação Imóvel produtivo X Especulação imobiliária Desde que os proprietários de terra cumprissem os princípios legais reguladores dos contratos, não se fariam desapropriações (inverso ao Estatuto da Terra) Institucionalização das bolsas de arrendamento e parceria como alternativa para o acesso de trabalhadores à terra (nunca posta em prática) Reforma agrária ainda como tema ligado à Segurança Nacional Meios de comunicação como difusor dos ideais agrários. Estigmatizando as ocupações ou ressaltando a legitimidade do debate Apenas 83.687 famílias assentadas (1985-1989) Foto: Stella Senra Pontal do Paranapanema, São Paulo A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E SEUS DESDOBRAMENTOS Manifesto: movimento social não é organização criminosa Reforma agrária enquanto tema do capítulo “Ordem econômica e social” Art. 5, XXIII “a propriedade atenderá a sua função social” Desapropriação feita com base em valores de mercado (mediante indenização em Títulos da Dívida Agrária) Lei Agrária (Lei 8.629, de 25 de fevereiro de 1993) Tensão existente entre os requisitos para o cumprimento da função social e a definição de que terras produtivas não poderiam ser desapropriadas O papel do Poder Judiciário e o poder de determinar despejos, arbitrar valores, etc. Governos estaduais que recorreram a diferentes expedientes legais para obter terras e assentar trabalhadores Foto: Sérgio Lima Bloco ruralista (designar a forma de atuação dos interesses ligados à propriedade fundiária e à agropecuária no Congresso Nacional “Vota unificadamente somente nas proposições que possam afetar seus negócios de mercado” (Oliveira, 2001) Tinham na UDR sua principal referência Ronaldo Caiado unto com Organização das Cooperativas do Brasil (OCB),Sociedade Rural Brasileira (SRB) e a CNA escreveram as emendas sobre a reforma agrária Renda derivada da agropecuária MÓDULO RURAL (Decreto-lei 55.891/65) – Área necessária. Unidade de medida que exprime interdependência entre a dimensão, a situação geográfica dos imóveis rurais e suas formas de aproveitamento MÓDULO FISCAL Lei 8.629/93 (art.4) – unidade expressa em hectares, fixada para cada município. Serve de parâmetro para classificação dos imóveis rurais quanto ao tamanho A Reforma Agrária é um programa de governo que busca democratizar a propriedade da terra na sociedade e garantir o seu acesso, distribuindo-a a todos que a quiserem fazer produzir e dela usufruir. Para alcançar esse objetivo, o principal instrumento jurídico utilizado em praticamente todas as experiências existentes é a desapropriação, pelo Estado, das grandes fazendas, os Latifúndios, e sua redistribuição entre camponeses sem-terra, pequenos agricultores com pouca terra e assalariados rurais em geral. [Fonte: Dicionário da Educação do Campo] Afinal, o que é REFORMA AGRÁRIA para o MST? A Reforma Agrária Popular consiste na distribuição massiva de terras a camponeses, no contexto de processos de mudanças de poder nos quais se constituiu uma aliança entre governos de natureza popular, nacionalista, e os camponeses. Desses processos resultaram leis de Reforma Agrária progressistas, populares, aplicadas combinando-se a ação do Estado com a colaboração dos movimentos camponeses. Onde esse tipo de Reforma Agrária ocorreu, ele não afetou necessariamente o sistema capitalista, e seu grau de abrangência esteve relacionado com os processos de mudanças sociais, econômicas e políticas havidas em cada país. [Fonte: Dicionário da Educação do Campo] Sendo assim o MST nos ensina que uma Reforma Agrária Popular é possível. Foto: Francisco Proner Ramos “Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a chegada da primavera.” LUIS INÁCIO LULA DA SILVA
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