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1 ANÁLISE DE CUSTOS I 1 O surgimento dos "Custos" A necessidade de controle fez com que a apuração de custos ganhasse importância desde do início do capitalismo. Era por meio da contabilidade de custos que o comerciante tinha a resposta se estava ganhando ou perdendo dinheiro, pois bastava confrontar as receitas com as despesas correspondentes do período. Na era do capitalismo, a contabilidade de custo era tida como o instrumento gerencial mais seguro para estabilizar a empresa no curto prazo. Ela era importante, pois controlava as variações dos custos e das venda, bem como o crescimento ou o retrocesso do patrimônio. No século XX, surgiram várias obras que contribuíram para enriquecer os métodos de apuração de custos e resultados. Tal crescimento deu-se a partir da metade do século XX para cá, pois havia grande procura por literatura contábeis, especialmente voltadas para apuração e análise de custos que pudessem auxiliar o administrador no processo de tomada de decisão. Nessa época as empresas viviam basicamente do comércio, e para obter o preço de compra dos bens bastava fazer uma consulta nos documentos de aquisição. Com o evento da revolução industrial, a contabilidade de custo teve seu grande desenvolvimento, quando da necessidade de avaliar estoques. A contabilidade de custos se aprimorou com a Revolução Industrial e tinha como objetivos: i) Avaliação de investimentos de matérias-primas de produtos fabricados e de produtos vendidos tudo ao final de um determinado período. Estoques Iniciais 2 (+) Compras (-) Estoques Finais (=) Custo dos Produtos Vendidos ii) Verificar os resultados obtidos pelas consequências da fabricação e venda de seus produtos. 1. 2 A Empresa Moderna e a Contabilidade de Custos Atualmente, num cenário de extrema competitividade, a contabilidade de custos tem como objetivo atender a duas mais recentes e, provavelmente, mais importantes tarefas: auxiliar a administração das empresas no controle de seus gastos internos e propiciar uma série de informações para a tomada de decisão quanto a preços, corte de produtos, adoção de novas linhas de produção, fabricação interna ou compra de determinados componentes etc. A parte mais importante da Contabilidade de Custos está, portanto, na adoção do método de custeio que indique quais custos devem fazer parte da apuração do custo dos produtos e está ligado a duas questões: a) quais os custos que devem fazer parte da apuração do custo dos recursos, produtos, serviços, atividades ou departamento . b) quais os custos de um recurso, produto ou serviço final que devam ser ativados enquanto esses bens estão em estoque (enquanto não vendidos), com o objetivo de apurar o custo de uma unidade do produto fabricado. 2 -DIFERENÇA ENTRE UMA EMPRESA COMERCIAL E INDUSTRIAL Essa diferença se deve às atividades que desempenham esses dois tipos de empresas; enquanto a empresa comercial se limita a revender mercadorias, a empresa industrial compra matéria-prima, transforma essa matéria-prima em produto acabado e depois o vende. 3 Exemplo: Fluxo comparativo entre empresas comerciais e industriais EMPRESA COMERCIAL EMPRESA INDUSTRIAL Compra Vende Compra Transforma Vende MD MD+CIF 2.1 DRE de uma empresa Comercial e Industrial Empresa Comercial Empresa Industrial Receita Líquida (Vendas) (-) Custo das Mercadorias Vendidas = Lucro Bruto com Mercadorias (-) Despesas Administrativas Despesas com Vendas Financeiras Tributárias . = Lucro Líquido Operacional Receita Líquida (Vendas) (-) Custo dos Produtos Vendidos (CPV) = Lucro Bruto com Produtos (-) Despesas Administrativas Despesas com Vendas Financeiras Tributárias . = Lucro Líquido Operacional Como podemos observar, a Demonstração de Resultado de uma empresa comercial difere da Demonstração de Resultado de uma empresa industrial com relação ao Custo das Vendas. 4 3 -TERMINOLOGIA CONTÁBIL CONCEITO Contabilidade de Custos é a parte da ciência contábil que se dedica ao estudo racional dos gastos feitos para se obter um bem de venda ou de consumo, quer seja um produto, uma mercadoria ou um serviço. Contabilidade de custos é o ramo da função financeira que acumula, organiza, analisa e interpreta os custos dos produtos, dos inventários, dos serviços, dos componentes da organização, dos planos operacionais e das atividades de distribuição para determinar o lucro, para controlar as operações e para auxiliar o administrador no processo de tomada de decisão. Contabilidade de Custos - A contabilidade de custos não é um fenômeno isolado das outras áreas da contabilidade. Atuando como um centro processador de informações, está voltada principalmente para a acumulação e análise dos dados de custos para uso dos administradores, visando atender as necessidades de planejamento, controle e tomada de decisões. Para tanto, se utiliza dos dados gerados pelos demais sistemas: Contabilidade Geral; Contabilidade Pessoal; Contabilidade Material e Contabilidade do Patrimônio. Com o objetivo de auxiliar o Administrador, na obtenção de maior eficiência/eficácia na direção dos negócios da empresa e otimização dos resultados, fornecendo informações que permitam atender as seguintes finalidades de todo o sistema de custos: Demonstrativo do Resultado – Existe a imposição legal de se conhecer o resultado da empresa no final de cada período fiscal, todavia, para atender à necessidade a necessidade da administração em períodos mais curtos, devem ser feitas análises de comportamento dos resultados para que a empresa possa avaliar e medir seu desempenho. Controle das Operações – O controle dos custos pela administração pode ser definido como sendo o estabelecimento de padrões ou metas e os esforços 5 necessários para que sejam alcançados. As informações de custos servem para medir a manutenção dos resultados dentro dos planos previamente estabelecidos. Tomada de Decisões – Corresponde à escolha de uma ação, depois de considerados dois ou mais caminhos alternativos. Analisando-se os dados de custos, procura-se a escolha de uma alternativa supostamente correta, pois dela depende a própria existência da empresa. Em todas as decisões, os custos devem ser considerados como fator de significativa relevância. OBJETIVO A contabilidade de custos tem por objetivos principais: a) fornecimento de dados para apuração de custos para o cálculo do preço de venda e avaliação de estoques; b) fornecimento de informações à administração para o controle das operações e atividades da empresa; c) fornecimento de informações para planejamento, orçamentos e tomadas de decisões; d) atendimento a exigências fiscais e legais. É necessário lembrar, entretanto, que a soma de diversos itens irrelevantes pode ser material, e , nesse caso, um tratamento mais rigoroso precisa ser utilizado. 3 -TERMINOLOGIA CONTÁBIL Gastos, Custos e Despesas são três palavras sinônimas ou dizem respeito à conceitos diferentes? E Desembolso, Investimento, Perda, têm alguma coisa à ver com elas? 6 3.1 Gasto: sacrifício financeiro com que a entidade arca para a obtenção de um produto ou serviço qualquer, sacrifício esse representado pela entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro). O gasto se concretiza quando os bens ou serviços adquiridos são prestados oupassam a ser de propriedade da empresa. EXEMPLOS: Gasto com mão-de-obra (salários e encargos sociais) = aquisição de serviços de mão-de-obra. Gasto com aquisição de mercadorias para revenda. Gasto com aquisição de matérias-primas para industrialização. Gasto com aquisição de máquinas e equipamentos. Gasto com energia elétrica = aquisição de serviços de fornecimento de energia. Gasto com aluguel de edifício ( aquisição de serviços). 3.2 Desembolso: é o pagamento efetuado na aquisição de bens ou serviços. Pode ocorrer concomitantemente ao gasto (pagamento à vista), ou a posteriori (compras a prazo). 4 -TIPOS DE GASTOS 4.1 Investimento: gasto com bens ou serviços ativados em função da sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a períodos futuros. 7 EXEMPLOS: Aquisição de móveis e utensílios Aquisição de imóveis Despesas pré-operacionais Aquisição de Marcas e Patentes Aquisição de Matéria-Prima Aquisição de Material de Escritório 4.2 Custo: Gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens e serviços; são todos os gastos relativos à atividade de produção. EXEMPLOS: Salários do pessoal da produção Matéria-Prima utilizada no processo produtivo Combustíveis e Lubrificantes usados nas máquinas da fábrica Aluguéis e Seguros do prédio da fábrica Depreciação dos equipamentos da fábrica Gastos com manutenção das máquinas da fábrica 8 ATENÇÃO: A matéria prima adquirida pela indústria, enquanto não utilizada no processo produtivo, representa um INVESTIMENTO e estará ativada numa conta do Ativo Circulante (Estoque); no momento em que é requisitada pelo setor de produção, é dado baixa na conta de Ativo e ela passa a ser considerada um CUSTO, pois será consumida para produzir outros bens e serviços. 4.3 Despesa: Gasto com bens e serviços não utilizados nas atividades produtivas e consumidos com a finalidade de obtenção de receitas. Em termos práticos, nem sempre é fácil distinguir CUSTOS e DESPESAS. Pode- se entretanto, propor uma regra simples do ponto de vista didático: todos os gastos realizados com o produto até que este esteja pronto, são Custos; a partir daí, são Despesas. Por exemplo: gastos com embalagens individual de sabonetes, são custos (realizados no âmbito do processo produtivo – este é vendido somente embalado); se a empresa resolve vender em embalagens com mais de um produto, esse gasto adicional com essas embalagens extras são DESPESAS (são realizadas após o ciclo de produção do produto). EXEMPLOS Salários e encargos sociais do pessoal de vendas; Salários e encargos sociais do pessoal do escritório de administração; Energia elétrica consumida no escritório; Gasto com combustíveis e refeições do pessoal de vendas; Conta telefônica do escritório de vendas; 9 Aluguéis e Seguros do prédio do escritório. ATENÇÃO : A matéria-prima industrial que, no momento de sua compra, representava um Investimento, passa a ser considerada Custo no momento de sua utilização na produção e torna-se Despesas quando o produto fabricado é vendido. 4.4 Perda Durante o processo de fabricação, é comum ocorrerem desperdícios de materiais, principalmente de matérias-primas. Existem perdas que são consideradas normais no processo de produção . Nesse caso, essas perdas não devem ser contabilizadas, pois fazem parte do próprio processo de fabricação. 10 Ex.: Se, para a fabricação de uma determinada quantidade de produtos, são utilizados 200 metros de tecidos e aproveitados apenas 197 metros, a apropriação dessa matéria-prima aos produtos será feita integralmente em relação aos 200 metros, pois o custo dos 3 metros desperdiçados normalmente no processo de fabricação faz parte do custo fabricado. 4.4.1 Perdas Anormais Não são previsíveis no processo de fabricação e, por isso não faz parte do Custo de Fabricação. Essas perdas são consideradas despesas do período afetando diretamente o resultado do exercício. Ex.: 1 - Suponhamos que tenha ocorrido avarias em 100 metros de tecido, avaliados em R$ 500, em virtude de alagamento no setor de produção da fábrica. A referida quantidade é direcionada para despesa. 2 – Ociosidade por greve dos operários da fábrica. EXERCÍCIOS 1 Classificar os itens a seguir em Ativo, Passivo, Custos e Despesas ( ) Fornecedores; ( ) Depreciação Acumulada de máquinas industriais; ( ) Matéria-Prima em Estoque; ( ) Salário das Costureiras (Fábrica de Roupas); ( ) Comissão de Vendedores; ( ) Honorários do Diretor Administrativo; ( ) Honorários do Diretor Industrial; ( ) Despesas com veículos da Administração; 11 ( ) Despesas de Depreciação de máquinas industriais; ( ) Consumo de energia elétrica na fábrica; ( ) Linhas utilizadas na fabricação de roupas ( ) Despesas de depreciação das máquinas da ADM Financeira utilizadas pela fábrica; ( ) Aluguel da área ocupada pela fábrica; ( ) Despesas de depreciação das máquinas da administração; ( ) Salário da secretária da gerência da fábrica; ( ) Matéria-Prima consumida na produção; ( ) Salário dos Supervisores da Fábrica; ( ) Embalagem usada no produto acabado; ( ) Custo dos Produtos Vendidos; 2 Classificar os lançamentos a seguir em investimentos, custo, despesas, perda e desembolso. a. D – EMP (Compra) / C – Fornecedores; b. D – Fornecedores / C – Bancos; c. D – Custo de Produção (Mão de Obra) / C – Salários a Pagar; d. D – Custo dos Produtos Vendidos / C – Produtos Acabados; e. D – Perda com Materiais (Conta de Resultado)/ C – Estoque de Materiais (Baixa). 3 Um gasto referente a bens e serviços empregados na produção é considerado: 12 a. Desembolso; b. Despesa; c. Custo; d. Perda; e. Investimento. 4 Um bem ou serviço consumido com o objetivo de obter receita é considerado como: a. Desembolso; b. Despesa; c. Custo; d. Perda; e. Investimento. 5 Um bem ou serviço consumido de forma anormal e involuntária é definido como: a. Desembolso; b. Despesa; c. Custo; d. Perda; e. Investimento. 13 6 Gastos ativados são considerados: a. Desembolso; b. Despesa; c. Custo; d. Perda; e. Investimento. 7 O pagamento referente à aquisição de um bem ou serviço é considerado: a. Desembolso; b. Despesa; c. Custo; d. Gasto; e. Investimento. 8 O sacrifício que uma entidade faz para a obtenção de um bem ou serviço é: a. Despesa; b. Custo; c. Desembolso; d. Perda; 14 e. Gasto. 9 Classifique como Custos, Despesas ou Investimentos: a. Compra, a vista, de um computador; b. Compra, a prazo, de 1000 m3 de madeira; c. Compra, a vista de 50 folhas de lixa aplicadas diretamente na produção; d. Transferência de 20 m3 de madeira do almoxarifado para a produção; e. Pagamento de conta de luz do setor de vendas; f. Pagamento de aluguel da fábrica; g. Pagamento da conta de água referente a administração; h. Pagamento de salários e encargos do pessoal do setor de vendas; i. Apropriação da folha de pagamento ref. Pessoal da produção; j. Compra, a prazo, de lubrificantes para uso imediato nas máquinas da fábrica; k. Pagamento da nf. Nº 163 ao Posto Brasil, ref. Gasolina do automóvelda administração; l. Compra, a prazo, de 500 caixas de papelão; m. Compra, a vista, de 300Kg de sacos plásticos para embalar parafusos e porcas; n. Transferência para a produção de 10 Kg de sacos plásticos para embalagens; o. Depreciação da máquina de escrever do setor administrativo; p. Depreciação das máquinas da fábrica; 15 q. Pagamento de fretes e carretos dos produtos vendidos; r. Pagamento de juros de mora sobre duplicatas; s. Pagamentos , no banco, de taxas referentes a talões de cheques; t. Compra de uma tela de óleo de um pintor anônimo, à vista; u. Apropriação para a fábrica de parte dos honorários da diretoria; v. Pagamento de refeições do pessoal da área de vendas; w. Pagamento de estadias e refeições do pessoal da fábrica.
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