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Estatuto da Criança e do Adolescente

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1 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase do XXV Exame 
Professora Franciele Kühl 
 
2 
 
Sumário 
1.CONHECIMENTO INTRODUTÓRIO: ........................................................................................ 3 
1.1 Evolução jurídica dos direitos e a Teoria da Proteção Integral .......................................... 5 
2.FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS ESPECÍFICOS ............................................................ 8 
2.1 Os artigos 227, 228 e 229 são cláusulas pétreas? ............................................................. 9 
3.DISPOSIÇÕES GERAIS: SISTEMA DE DIREITOS E GARANTIAS ....................................... 11 
3.1 Criança e adolescente como sujeitos de direitos: ............................................................ 12 
3.2 Direito à prioridade absoluta: ............................................................................................ 12 
4.DIREITO FUNDAMENTAL: À VIDA E À SAÚDE (Arts. 7º a 14): ............................................ 14 
5.DIREITO FUNDAMENTAL: À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE (Art. 15 a 18-B):
 ..................................................................................................................................................... 16 
6.DIREITO FUNDAMENTAL: À EDUCAÇÃO, CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER (Arts. 53 
a 59) ............................................................................................................................................ 18 
7.DIREITO FUNDAMENTAL: À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO AO TRABALHO (Art. 
60 a 69): ...................................................................................................................................... 19 
8.DIREITO FUNDAMENTAL: A PREVENÇÃO ESPECIAL (Arts. 70 a 85): ............................... 21 
8.1 Da informação, cultura, lazer, esportes, diversão e espetáculos: .................................... 21 
8.2 Produtos e Serviços .......................................................................................................... 22 
8.3 Autorização para viajar: .................................................................................................... 23 
9.DIREITO FUNDAMENTAL À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA (Art. 19 a 52): ... 26 
9.1 Poder familiar .................................................................................................................... 26 
9.2 Família natural .................................................................................................................. 28 
9.3 Família extensa ou ampliada: ........................................................................................... 29 
9.4 Família substituta: ............................................................................................................. 29 
9.4.1 Da guarda: ..................................................................................................................... 30 
9.4.2 Da tutela ......................................................................................................................... 31 
9.4.3 Da adoção: ..................................................................................................................... 32 
10.AS POLÍTICAS DE ATENDIMENTO: PARTE ESPECIAL ..................................................... 37 
11.AS MEDIDAS DE PROTEÇÃO .............................................................................................. 38 
11.1 Medidas pertinentes aos pais ou responsáveis: ............................................................. 39 
11.2 Conselho Tutelar ............................................................................................................. 40 
12.ATO INFRACIONAL: .............................................................................................................. 41 
12.1 Dos procedimentos para apuração de ato infracional: ................................................... 42 
13.MEDIDAS SOCIEDUCATIVAS: ............................................................................................. 45 
14.ESPÉCIES DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVAS: .................................................................... 48 
14.1 Advertência: .................................................................................................................... 48 
14.2 Obrigação de reparar o dano: ......................................................................................... 49 
14.3 Prestação de serviço a comunidade: .............................................................................. 49 
14.4 Liberdade assistida: ........................................................................................................ 49 
14. 5 Regime de semi-liberdade: ............................................................................................ 50 
14.6 Internação: ...................................................................................................................... 50 
15.OUTROS PROCEDIMENTOS: .............................................................................................. 52 
15.1 Perda ou suspensão do poder familiar: .......................................................................... 52 
15.2 Colocação em família substituta: .................................................................................... 53 
16.SISTEMA RECURSAL: .......................................................................................................... 54 
17.DOS CRIMES PRATICADOS CONTRA CRIANÇA E ADOLESCENTE: .............................. 54 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 56 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase do XXV Exame 
Professora Franciele Kühl 
 
3 
 
CONHECIMENTO INTRODUTÓRIO: 
 
A Constituição Federal de 1988 foi o marco interruptivo entre a teoria da 
Situação Irregular – tratada pelo Código de Menores, de 1927 e adotado 
explicitamente no Código de 1979 – e a teoria da Proteção Integral, que veio a 
ser posteriormente regulada pela Lei n. 8.069, de 13 de Julho de 1990, 
denominado Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). 
As concepções do Direito do Menor, à luz da teoria Situação Irregular, 
eram de que os menores fossem apenas sujeitos de direito quando se 
encontravam em uma situação caracterizada como irregular, que engloba toda 
e qualquer situação concretizada de delinquência, vitimização e pobreza, 
hipóteses vagas, que permitiam a atuação discricionária dos denominados 
Juízes de Menores (os quais tinham autoridade para investigar os fatos, 
denunciar, acusar, defender, sentenciar e fiscalizar suas próprias decisões). 
Isto é, havia uma discriminação legal quanto à situação do menor, o qual 
só era objeto de interesse jurídico após cometimento de infrações ou pela própria 
situação de exclusão social, todas formas denominadas de irregulares. 
 
A partir de uma análise sistemática do Código de Menores de 1979 e 
das circunstâncias expostas, podem-se extrair as seguintes 
conclusões quanto à atuação do Poder Estatal sobre a infância e a 
juventude sob a incidência da Doutrina da Situação Irregular: (i) uma 
vez constatada a “situação irregular”, o “menor” passava a ser objeto 
de tutela do Estado; e (ii) basicamente, toda e qualquer criança ou 
adolescente pobre era considerado “menor em situação irregular”, 
legitimando-se a intervenção do Estado, através da ação direta do Juiz 
de Menores e da inclusão do “menor” no sistema de assistência 
adotado pela Política Nacional do Bem-Estar do Menor (LEITE, 2005, 
p. 14). 
 
Significa dizer que a irregularidade era sempre da criança ou do 
adolescente, e não das instituições, seja pela prática de infração penal ou pela 
sua condição de exclusão social, onde havia distinçãoentre criança (filho de 
família financeiramente melhor) e o menor (filho de família pobre). No antigo 
código, nem sequer havia distinção entre delinquente e menor abandonado, 
tratando todas as situações como irregulares apenas, considerando ambas as 
situações iguais, com aplicação das mesmas medidas, incluindo o cumprimento 
na mesma unidade de atendimento. 
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Curso Preparatório para OAB 1ª Fase do XXV Exame 
Professora Franciele Kühl 
 
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Assim, nas palavras de João Batista Costa Saraiva, irregularidade “é 
aquela em que os menores passam a ser objeto da norma quando se 
encontrarem em estado de patologia social, assim definida legalmente (no 
revogado Código de Menores, em seu art. 2º)” (SARAIVA, 2002, p.14). 
Contudo, a partir de 1980 surgiu um ambiente que almejava a 
democratização, “onde os movimentos sociais assumiam o papel de 
protagonistas na produção de alternativas ao modelo imposto” (CUSTÓDIO, 
2008, p. 05). Diante das diversas denúncias apontando injustiças contra o 
tratamento das crianças e adolescente em internatos, como também da 
necessidade de ação contra a prostituição e o trabalho infantil, surgem debates 
sobre a importância dos direitos das crianças e adolescentes, pugnando-se pelo 
reconhecimento destes, enquanto sujeitos de direitos (LEITE, 2005, p. 15). 
Oportunidade em que era traçada uma nova visão dos direitos humanos, 
reconhecidos como fundamentais para crianças e adolescentes na nova 
Constituição Federal. A doutrina da Proteção Integral surge para romper 
paradigmas da situação irregular, do assistencialismo, da estabilidade e da 
centralização das ações e funções anômalas do Poder Judiciário. Na figura do 
Juiz de Menor (LEITE, 2005, p. 15). 
A teoria da Proteção Integral encontra amparo jurídico na Constituição 
Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente e nas Convenções 
Internacionais sobre os Direitos da Criança e dos Direito Humanos, sendo que 
seus princípios fundamentais, em um sistema jurídico baseado no 
reconhecimento de direitos, são como imposições às autoridades, isto é, são 
obrigatórios, especialmente para as autoridades públicas (BRUÑOL, 2001, p. 
101). Assentando-se basicamente em três princípios pilares: a criança e o 
adolescente como sujeitos de direitos, destinatários de absoluta prioridade e 
respeitando sua condição de desenvolvimento. 
Desta forma, todos os atos relacionados ao atendimento das 
necessidades da criança e do adolescente devem atender o seu melhor 
interesse e essa perspectiva deve ser seguida pelas famílias, pela sociedade e 
principalmente pelo Estado, que nas suas decisões e nos seus procedimentos 
cotidianos devem tomar uma série precauções e cuidados com a finalidade de 
proteger a criança e o adolescente, levando em conta, principalmente, a sua 
condição de pessoa em desenvolvimento. Nota-se um grande marco 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase do XXV Exame 
Professora Franciele Kühl 
 
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diferenciador entre os dois paradigmas. Antes haviam menores em situação 
irregular, a partir do princípio da proteção integral o Estado e a Sociedade é que 
podem vir a estar em situação irregular perante os direitos da criança e do 
adolescente. 
Vai muito além da “tentativa de superação das práticas assistencialistas, 
meramente emergenciais e segmentadas” (CUSTÓDIO, 2008, p. 13). A teoria da 
Proteção Integral busca um sistema de qualidade, substituindo as práticas 
repressivas e de controle social que existia no menorismo, pois está amplamente 
ligada aos princípios da dignidade da pessoa humana e dos direitos humanos 
visando o bem-estar da criança e do adolescente, bem como, buscando a 
efetivação da Proteção Integral e da prioridade absoluta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.1 Evolução jurídica dos direitos e a Teoria da Proteção Integral 
 
O novo olhar jurídico traçado pela Constituição Federal é um somatório pela 
busca de direitos e garantias às crianças e adolescentes, está ligado a 
importantes tratados internacionais que passaram a ser adotados pelo Brasil, 
como: 
 
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Professora Franciele Kühl 
 
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Curso Preparatório para OAB 1ª Fase do XXV Exame 
Professora Franciele Kühl 
 
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A Constituição Federal representa o marco jurídico da redemocratização 
do país, seu texto trouxe o ser humano e a preservação da sua dignidade como 
pontos centrais da nova organização política e jurídica do Brasil. Tanto é, que a 
dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF) e a promoção do bem de todos 
sem qualquer distinção ou discriminação (art. 3º, IV, CF) estão descritas nos 
fundamentos e objetivos da Constituição. 
A partir da promulgação da Constituição da República Federativa do 
Brasil, em 05 de outubro de 1988, o processo de valorização dos direitos 
humanos contou com o reconhecimento de novos sujeitos de direitos, pela 
primeira vez homens e mulheres são juridicamente sujeitos de direitos iguais, as 
pessoas indígenas ganharam capítulo próprio, e as crianças e adolescentes 
passaram a ser tratadas como sujeitos de direito, principalmente após a entrada 
em vigor do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 13 de julho de 1990, onde, 
uma nova visão foi adotada sobre os direitos da criança e do adolescente, 
passou-se a adotar a teoria da proteção integral. A teoria da proteção integral 
assegura às crianças e aos adolescentes o reconhecimento de direitos 
fundamentais vinculados ao status de prioridade absoluta. Considerando sua 
situação de pessoa em condição peculiar de desenvolvimento, todas as 
atenções devem estar voltadas à proteção de seus direitos fundamentais e que 
devem ser assegurados pela família, sociedade e Estado (CUSTÓDIO; KÜHL, 
2017, p. 189-190). 
 
 
 
 
 
 
 
 A doutrina da proteção integral está adotada expressamente no artigo 1º 
do Estatuto. Importante destacar que a doutrina confere juridicidade aos direitos, 
isto é, todos direitos assegurados são plenamente exigíveis pelo poder público, 
instituições e pelo indivíduo, que, mediante o direito de ação, poderá pleitear 
determinado direito. 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase do XXV Exame 
Professora Franciele Kühl 
 
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FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS ESPECÍFICOS 
 
 A Proteção Integral está amparada na Constituição Federal, onde, os 
artigos 227, 228 e 229 tratam dos direitos fundamentais de crianças e 
adolescentes e dos deveres do Estado, da família e da sociedade com estes. 
 Prevalece no artigo 227, que é dever da família, da sociedade e do Estado 
assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem: 
 
Além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão. É dever, estabelecido 
constitucionalmente, a punição severa ao abuso, violência e a exploração sexual 
de criança e adolescentes (art. 227, §4º, CF). 
A adoção será assistida pelo Poder Público, a partir das leis que 
estabelecem os casos e as condições para efetivação, tanto da adoção por 
brasileiros, quanto por estrangeiros (art. 227, §5º, CF). 
O Estado deverá promover programas de assistência integral à saúde, 
programas de prevenção e atendimento especializado para pessoas portadoras 
de deficiência física, sensorial ou mental, que contarão com a aplicação de 
percentual dos recursos públicos, assim como, disporá sobre normas de 
construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de 
veículos de transporte coletivo, adequados às pessoas portadoras de deficiência 
(§1º e 2º, do artigo 227, CF). 
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Curso Preparatório para OAB 1ª Fasedo XXV Exame 
Professora Franciele Kühl 
 
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De acordo com o §3º, do artigo 227, da CF, O direito a proteção especial 
abrangerá os seguintes aspectos: 
 
 
Por fim, estabelece, no artigo 229, que os pais têm o dever de assistir, 
criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e 
amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade. 
Todos os direitos de crianças e adolescentes devem ser garantidos tanto 
para filhos havidos ou não da relação do casamento e os adotados, que deverão 
ter os mesmos direitos e qualificações, sem designações discriminatórias 
relativas à filiação. 
 
2.1 Os artigos 227, 228 e 229 são cláusulas pétreas? 
 
Devido a sua localização, por estarem fora do rol de direitos individuais 
fundamentais do Título II da Constituição Federal, há quem questionem se 
seriam eles abrangidos pelas cláusulas pétreas, a resposta é SIM! A resposta 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase do XXV Exame 
Professora Franciele Kühl 
 
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justifica-se pela primazia dos Direitos Humanos, pois não há limitação à previsão 
de outros direitos fundamentais de forma esparsa no texto constitucional, assim, 
é possível aplicar o disposto no artigo 60, §4º, IV, da CF, que veda a emenda 
constitucional tendente a ABOLIR direitos e garantias individuais. Garantias de 
impossibilidade de retrocesso em matéria de direitos humanos também previstas 
no artigo 5º do Pacto dos Direitos Civis e Políticos (1966) e no artigo 5º, §2º, do 
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966), ambos 
ratificados pelo país (ZAPATER, 2017). 
 Nada impede as alterações no texto ou a criação de leis que sejam para 
ampliar esses direitos, como é o caso das recentes Leis: 
a) Lei n. 13.509/2017: Dispõe sobre adoção e altera a Lei no 8.069, de 13 
de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), a Consolidação 
das Leis do Trabalho (CLT). 
b) Lei n. 13.257/2016: Dispõe sobre as políticas públicas para a primeira 
infância, que dispõe sobre as políticas públicas para crianças até 6 anos 
de idade. 
c) Lei n. 13.306/2016: Altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - 
Estatuto da Criança e do Adolescente, a fim de fixar em cinco anos a idade 
máxima para o atendimento na educação infantil. 
d) Lei n. 13.185/2015: Institui o Programa de Combate à Intimidação 
Sistemática (Bullying). 
e) Lei n. 13.010/2014: Altera a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto 
da Criança e do Adolescente), para estabelecer o direito da criança e do 
adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos 
ou de tratamento cruel ou degradante, e altera a Lei no 9.394, de 20 de 
dezembro de 1996. 
f) Lei n. 12.962/2014: Altera a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto 
da Criança e do Adolescente, para assegurar a convivência da criança e 
do adolescente com os pais privados de liberdade. 
g) Lei n. 12.594/2012: Institui o Sistema Nacional de Atendimento 
Socioeducativo (SINASE), regulamenta a execução das medidas 
socioeducativas destinadas a adolescente que pratique ato infracional; 
 
 
 
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Professora Franciele Kühl 
 
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DISPOSIÇÕES GERAIS: SISTEMA DE DIREITOS E GARANTIAS 
 
 Antes de falarmos sobre questões mais principiológicas, é necessário 
estabelecermos a classificação de crianças e adolescentes, que será de acordo 
com a sua idade: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O critério estabelecido pelo legislador é objetivo, CRIANÇAS são aquelas 
de até 12 anos INCOMPLETOS, já os ADOLESCENTES, são aqueles de 12 
anos até 18 anos INCOMPLETOS, em outras palavras, criança é o ser humano 
até 11 anos completos e o adolescente é o ser humano de 12 anos completos 
até 17 anos completos. 
 Existem 3 correntes que debatem sobre a idade da criança e do 
adolescente, vejamos: 
a) São crianças os seres humanos até sete anos: o entendimento advém 
do amadurecimento indicado por critérios psicológicos. 
b) O ser humano até 11 anos, é criança: entendimento do Estatuto da 
Criança e do Adolescente, lei especial, que sobrepõe leis gerais. 
c) São crianças os seres humanos até 13 anos, idade do consentimento 
sexual, que se dá aos 14 anos, de acordo com o artigo 217-A, do 
Código Penal. 
03 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase do XXV Exame 
Professora Franciele Kühl 
 
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Lembrando que são penalmente inimputáveis os menores de dezoito 
anos, os quais, estão sujeitos às normas da legislação especial (o Estatuto da 
Criança e do Adolescente). 
 
 
 
 
 
 
3.1 Criança e adolescente como sujeitos de direitos: 
 
De acordo com o artigo 3º, a criança e o adolescente gozam de todos os 
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção 
integral de que trata o estatuto, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, 
todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento 
físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de 
dignidade. 
A Lei 13.257/2016 (Marco legal da 1ª Infância), inseriu o parágrafo único, 
no artigo 3º, reforçando que os direitos enunciados no Estatuto da Criança e do 
Adolescente aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação 
de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou 
crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, 
condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra 
condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem. 
No mesmo sentido, o artigo 5º, reforça que o dever de todos prevenir que 
qualquer criança ou adolescente seja vítima de alguma forma de negligência, 
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, devendo, nesses 
casos, ser punido na forma da lei qualquer atentado aos direitos fundamentais, 
seja por ação ou omissão. 
 
3.2 Direito à prioridade absoluta: 
 
O princípio da prioridade absoluta, está legalmente previsto no artigo 4º, 
do estatuto, bem como, no artigo 227, da Constituição Federal: 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase do XXV Exame 
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 Crianças e adolescentes precisam ser o foco principal, tanto do Poder 
Executivo, na destinação de verbas para amparo à família e à criança ou 
adolescente em situação de risco, assim como, o Poder Legislativo precisam 
priorizar a elaboração e votação de leis com prioridade total, e o Poder Judiciário 
deve garantir que os processos que envolvem crianças e adolescentes sejam 
céleres e que tenham juízes comprometidos (NUCCI, 2017, p.8). 
 Importante ressaltar que não há desrespeito à igualdade de todos, no 
princípio da prioridade absoluta de crianças e adolescentes, muito pelo contrário, 
“há sim o respeito pela diferença entre os sujeitos de direito, pois elas são a 
própria exigência da igualdade. A igualdade por sua vez consiste em tratar, 
igualmente os iguais, e desigualmente os desiguais, na proporção que se 
desigualam” (NUCCI, 2017, p. 9), não ferindo, portanto, o princípio da igualdade. 
 Ainda, importante mencionar o artigo 6º, do estatuto, o qual irá destacar 
que a interpretação do estatuto deve levar em conta os fins sociais a que ela se 
dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos 
e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em 
 
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desenvolvimento.Essa interpretação, portanto, devem assegurar a proteção 
integral e a prioridade absoluta. 
 
 
DIREITO FUNDAMENTAL: À VIDA E À SAÚDE (Arts. 7º a 14): 
 
Em consonância com os princípios gerais de Direitos Humanos, adotados 
pelos pactos internacionais, os direitos fundamentais à vida e à saúde, estão 
contemplados expressamente no artigo 7º, que diz “A criança e o adolescente 
têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais 
públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, 
em condições dignas de existência”. 
 Articulado com o direito de 1ª e 2ª dimensão: 
Os direitos fundamentais de primeira dimensão, são os direitos civis e 
políticos, inerentes à individualidade, referem-se ao direito à vida, à uma 
nacionalidade, à liberdade de movimento, à liberdade religiosa, à liberdade 
política, à liberdade de movimento, liberdade de opinião, o direito de asilo, à 
proibição de tortura ou tratamento cruel, desumano ou degradante, à proibição 
da escravidão, ao direito de propriedade e à inviolabilidade de domicílio, 
vinculam-se ao princípio da liberdade (GORCZEVSKI, 2009, pp.132-133). 
 Os direitos de segunda dimensão estão ligados aos direitos sociais, 
econômicos e culturais (Wolkmer, 2010, p. 16), vinculam-se ao princípio da 
igualdade, exigem uma prestação positiva do Estado, o qual deve propiciar as 
condições necessárias para que sejam desfrutados, como o direito ao trabalho, 
a proteção contra o desemprego, assistência contra invalidez, direito de 
sindicalização, direito à educação e cultura, à saúde, seguridade social, direito à 
educação e ter um nível adequado de vida (GORCZEVSKI, 2009, pp.133-134). 
 Estão ligadas as determinações constitucionais específicas de aplicação 
de percentual de recursos para a saúde na assistência materno-infantil e na 
criação de programas para crianças e adolescentes com deficiência física, 
mental ou sensorial (art. 227, §1º, I e II, CF). 
 O legislador preocupou-se em garantir os direitos da infância desde a fase 
gestacional, incluindo o planejamento reprodutivo: 
 
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 A partir da lei da 1ª infância, a gestante tem direito a ter garantida sua 
vinculação, no último trimestre da gestão, ao estabelecimento em que será 
realizado o partido, garantido o direito de opção da mulher. 
 Essas mães terão asseguradas pelo poder público, assistência 
psicológica, para prevenir o estado puerperal, assistência para aquelas que tem 
interesse em entregar seus filhos para adoção e para auxiliar mães que estejam 
em situação de privação de liberdade. O poder público, a partir da Lei n. 
13.257/2016, deverá garantir à mulher com filho na primeira infância que se 
encontrem sob custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência que 
atenda às normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o 
acolhimento do filho, em articulação com o sistema de ensino competente, 
visando ao desenvolvimento integral da criança (Art. 8º, §§ 2, 4, 5 e 10, ECA). 
 Em relação às mulheres que desejam entregar seus filhos para adoção, 
estas serão obrigatoriamente encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da 
Infância e da Juventude, de acordo com o artigo 13, §1º, do ECA. 
 Quando as garantias de aleitamento materno, o artigo 9º, do ECA, traz 
que o poder público, as instituições e os empregadores propiciarão condições 
adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a 
medida privativa de liberdade. Ainda, os serviços de unidades de terapia 
intensiva neonatal deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de 
coleta de leite humano (Art. 9º, §2º, ECA). 
 Outras ampliações às garantias de direitos fundamentais como a saúde, 
trazidas pela Lei da 1ª Infância, cabe destacar os §§1º e 2º, do artigo 11, o qual 
 
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reforça a garantia de atendimento sem discriminação ou segregação de crianças 
e adolescentes com deficiência e o dever de oferecer gratuitamente: 
medicamentos, órteses, próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao 
tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes. Nesse 
sentido, a obrigação de promover assistência médica, odontológica e vacinação, 
de acordo com o artigo 14, §§2º e 3º, ECA. 
 Ainda quanto ao direito à vida e a saúde, importante observar e 
compreender a redação do artigo 13, §2º, ECA, também uma inovação trazida 
pela lei da 1ª Infância, na qual reflete o princípio da prioridade absoluta, dando 
ênfase às crianças da primeira infância (até os 6 anos de idade), quando forem 
vítimas de qualquer tipo de natureza, deverão ser atendidas pelos órgãos da 
rede de garantias de direitos, de forma prioritária. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO FUNDAMENTAL: À LIBERDADE, AO RESPEITO E À 
DIGNIDADE (Art. 15 a 18-B): 
 
O capítulo II do Estatuto da Criança e do Adolescente, traz em sua 
redação que as crianças e os adolescentes têm direito à liberdade, ao respeito 
e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como 
sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição Federal 
e nas leis esparsas, assim como, nos tratados internacionais. 
 O direito à liberdade, de acordo com o artigo 16, ECA, corresponde: 
 
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 Os artigos 18-A e 18-B, do ECA, foram introduzidos pela Lei n. 
13.010/2014, inovação legislativa para estabelecer o direito da criança e do 
adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de 
tratamento cruel ou degradante. 
 Em suma, os artigos tratam do direito de ser educado sem o uso de 
castigo físico e tratamento cruel ou degradante, como formas de correção. 
Especificando, ainda, qual o entendimento sobre sobre cada um deles: 
 
a) CASTIGO FÍSICO: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com 
o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em: 
 sofrimento físico. 
 lesão. 
 
 
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b) TRATAMENTO CRUEL OU DEGRADANTE: conduta ou forma cruel de 
tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: 
 humilhe. 
 ameace gravemente. 
 ridicularize. 
 
Além disse, é dever dos pais, integrantes da família ampliada, 
responsáveis, agentes públicos ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de 
crianças e adolescentes, de trata-los, educa-los ou protege-los de castigo físico 
ou tratamento cruel ou degradante, como forma de correção, disciplina, estando 
sujeitos às sanções pelo Conselho Tutelar, como: 
a) encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família. 
b) encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico. 
c) encaminhamento a cursos ou programas de orientação. 
d) obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado. 
e) advertência. 
 
 
 
 
 
 
DIREITO FUNDAMENTAL: À EDUCAÇÃO, CULTURA, AO 
ESPORTE E AO LAZER (Arts. 53 a 59) 
 
A criança e o adolescente têm direito à educação, visando o pleno 
desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e 
qualificação para o trabalho. O artigo 53, inciso V, do ECA assegura o acesso 
à escola pública e gratuita próxima de sua residência, e o artigo 54, do ECA, 
elencarol de deveres do Estado, dentre os quais: 
a) de ensino fundamental, obrigatório e gratuito (para qualquer idade e 
como oferecimento de material didático-escolar, transporte, 
alimentação e assistência à saúde). 
b) ensino médio. 
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c) ensino educacional especializado aos portadores de deficiência. 
d) atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos. 
e) oferta de ensino noturno. 
f) de acesso ao ensino mais elevado, da pesquisa e criação artística. 
 
Os pais ou responsáveis são obrigada a matricular seus filhos ou pupilos 
no ensino regular. Os pais podem contestar critérios avaliativos, organizar e 
participar de entidades estudantis, de forma democratizada. 
Aos educadores e dirigentes de estabelecimento de ensino, cabe o dever 
de comunicar maus-tratos, reiteração de faltas injustificadas, evasão escolar, 
elevados níveis de repetência, segundo o artigo 56, do ECA. 
Além disso, conforme Art. 58, no processo educacional respeitar-se-ão os 
valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança e 
do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às 
fontes de cultura. E os municípios, com apoio dos estados e da União, 
estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para programações 
culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude, conforme 
artigo 59, do ECA. 
 
DIREITO FUNDAMENTAL: À PROFISSIONALIZAÇÃO E À 
PROTEÇÃO AO TRABALHO (Art. 60 a 69): 
 
 O direito à profissionalização e ao trabalho protegido estão assegurados 
somente para os adolescentes. Isto porque, o trabalho infantil é proibido, 
mas o trabalho do adolescente é permitido, desde que atenda alguns critérios. 
 
 
 
 
 
 
 O artigo 60, do ECA, possui uma redação confusa, traz em sua redação 
que “é proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo 
na condição de aprendiz”, essa redação nos faz pensar que é possível o trabalho 
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antes dos quatorze anos, se for na condição de pagamento, mas esse NÃO é o 
entendimento correto! A partir da leitura do artigo 7º, inciso XXXIII, da 
Constituição Federal, podemos perceber que a idade mínima é de 14 anos, 
trabalho na condição de aprendiz, sendo que crianças e adolescentes até 14 
anos incompletos NÃO PODEM TRABALHAR: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A partir dessa leitura e também da leitura dos artigos 403, 404 e 428 da 
CLT, podemos concluir que: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Por fim, importante ressaltar que mesmo na condição de menor aprendiz, 
o adolescente tem direito a capacitação profissional, bolsa de aprendizagem, 
 
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direitos trabalhistas e previdenciários, de acordo com os artigos 64 a 69, do 
ECA. 
 
DIREITO FUNDAMENTAL: A PREVENÇÃO ESPECIAL (Arts. 70 a 
85): 
 
 Trata-se do sistema de prevenção, atribuindo individualmente, 
coletivamente e ao Estado, o dever de prevenir a ocorrência de ameaça, riscos 
iminentes e futuros, de violação de direitos de crianças e adolescentes (art. 70, 
do ECA). 
 O ECA estipula medidas preventivas relativas a informação, cultura, lazer, 
esportes, diversões e espetáculos (art. 74 a 80), a produtos e serviços (art. 81 e 
82) e a viagens de crianças e adolescentes (art. 83 a 85). 
 É da União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios, o dever de 
agir de forma articulada e com integração dos órgãos do Poder Judiciário, 
Ministério Público, Defensoria Pública, Conselho Tutelar, os Conselhos de 
Direitos da Criança e dos Adolescentes e entidades não governamentais, que 
atuam na proteção e defesa de direitos, o deve de articular políticas públicas e 
executar ações destinada a promoção de campanhas educativas, formação e 
capacitação de profissionais da saúde, educação e da assistência social. 
 Também, promove pela articulação dos órgãos públicos e da sociedade 
na elaboração de políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir 
o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas 
não violentas de educação de crianças e adolescentes (ZAPATER, 2017, 
p.1008), conforme o artigo 70-A e incisos, do ECA, incluído através da Lei n. 
13.010/2014. 
 
8.1 Da informação, cultura, lazer, esportes, diversão e espetáculos: 
 
 O poder público é responsável por regular as diversões e espetáculos 
públicos, informando em lugar de visível e fácil acesso, a natureza, local, horário 
e a faixa etária que poderá assistir ou participar (art. 74, do ECA). Sendo que, 
crianças menores de 10 anos deverão estar sempre acompanhadas dos pais ou 
responsáveis. 
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 As emissoras de rádio e televisão devem respeitar horários 
recomendados para público infantil, sendo que nada poderá ser apresentado ou 
anunciado sem o aviso prévio da classificação etária. Essa regra aplica-se aos 
proprietários, diretores, gerentes e funcionários de empresas que explorem a 
venda ou aluguel de fitas/revistas/CD’s/DVD’s/ ou qualquer tipo de material, 
cuidarão para que não haja venda ou locação em desacordo com a classificação 
atribuída pelo órgão competente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8.2 Produtos e Serviços 
 
 É proibida a venda às crianças e adolescentes, de armas, munições, 
explosivos, bebidas alcoólicas, produtos que possam causa dependência física 
ou psíquica, fogos de estampido e de artifício (exceto de reduzido potencial 
 
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23 
 
ofensivo), revistas e publicações inadequadas, bilhetes lotéricos e equivalente, 
segundo o artigo 81, do ECA. 
 O artigo 82, do ECA, traz que é proibida a hospedagem de criança ou 
adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se 
autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável. Portanto, veda-se 
hospedagem em hotéis, motéis, pensões e estabelecimentos congêneres para 
evitar problemas como a fuga de casa, sequestro, prática de sexo não 
autorizado, encontros ocultos, para preservar a dignidade sexual de pessoas 
menores de 18 anos, evitando, assim, o estupro de vulnerável ou a o comércio 
sexual de crianças e adolescentes. 
A infração a essa regra importa em sanção administrativa, conforme o 
artigo 250, do ECA, com pena de multa, no caso de reincidência, além da multa 
o estabelecimento poderá ser fechado até 15 dias, e se comprovada a 
reincidência em período inferior a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será 
definitivamente fechado e terá sua licença cassada. 
 
8.3 Autorização para viajar: 
 
 Nenhuma criança pode viajar para fora da comarca onde reside, 
desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa autorização judicial. 
Essa autorização, em território NACIONAL somente não será necessária 
quando: 
a) Tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma 
unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana; 
b) a criança estiver acompanhada: 
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, 
comprovado documentalmente o parentesco: esse documento 
deve ser original, ou seja, cópia simples de certidão de 
nascimento não é válida, sendo ilícito a alegação dedesconhecimento dessa regra. 
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou 
responsável. 
A autoridade judiciária pode conceder autorização válida até dois anos. 
 
 
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24 
 
Em se tratando de viagem para o EXTERIOR, mesmo que acompanhada 
de um adulto estrangeiro residente ou domiciliado no exterior, a autorização dos 
pais, responsáveis ou do judiciário, é OBRIGATÓRIA, sendo dispensável 
somente quando a criança ou o adolescente: 
a) estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável; 
b) viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro 
através de documento com firma reconhecida. 
c) Se desacompanhado ou em companhia de terceiros maiores e capazes, 
designados pelos genitores, desde que haja autorização de ambos os 
pais, com firma reconhecida, conforme Resolução 131/2011 do CNJ. A 
resolução também fala de que se a criança ou adolescente for residente 
do exterior, para voltar, terá que apresentar também o atestado de 
residência, emitido por repartição consular brasileira há menos de dois 
anos. 
 
Nestes casos, dos artigos 83, 84 e 85, se uma empresa de ônibus ou 
avião, por exemplo, transportar uma criança acompanhada de ascendente, mas 
sem a documentação que comprova o parentesco, estará incorrendo em ilícito 
administrativo previsto no artigo 251, do ECA, aplicando-se multa. Esta norma 
tem por finalidade evitar o tráfico estrangeiro de crianças e adolescentes, como 
as adoções irregulares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Quadro comparativo: 
 
 
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26 
 
DIREITO FUNDAMENTAL À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E 
COMUNITÁRIA (Art. 19 a 52): 
 
 As concepções de convivência familiar e comunitária tiveram grandes 
mudanças a partir de promulgação da Constituição Federal de 1988. Durante a 
vigência da Constituição Federal de 1967, família era somente aquela 
constituída através do casamento, sendo ele indissolúvel. O Código Civil de 
1916, que vigorou até 2002, previa que era legítimo somente os filhos 
concebidos no casamento, autorizado, porém, o reconhecimento voluntário, 
salvo se quanto a filhos “adulterinos ou incestuosos”, cujo reconhecimento de 
filiação era vedado (o que, posteriormente, foi revogado pela Lei de Investigação 
de Paternidade). 
 A Constituição Federal de 1988, confere maior ênfase aos laços de 
consanguinidade e afetividade, do que ao casamento, além disso, adota-se a 
isonomia entre filhos havidos na constância do casamento e filhos havidos fora 
do casamento, sendo vedada qualquer discriminação, segundo o artigo 227, 
§6º, da CF. 
 O atual entendimento é que a filiação passa a ser entendida como relação 
de parentesco de 1º grau e não mais vinculado ao casamento, tanto de natureza 
consanguínea (geração biológica), quanto a civil (por adoção), e seu 
reconhecimento passa a ser personalíssimo, indisponível e imprescritível, 
que pode ser oposto contra pais e herdeiros, indiferente se havidos fora ou 
dentro do casamento, possuindo os mesmos direitos, observado apenas o 
segredo de Justiça, segundo os artigos 20, 26 e 27, do ECA. 
 
9.1 Poder familiar 
 
 O poder familiar pode ser considerado como o direito/função/dever dos 
pais ou responsáveis, em relação aos deveres pessoais e patrimoniais com 
relação ao filho não emancipado, que deve ser exercido com observância do 
princípio do melhor interesse deste (ZAPATER, 2017, p. 1004). Segundo o 
artigo 21, do ECA, o poder familiar será exercido, em igualdade de condições, 
pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a 
09 
 
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qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade 
judiciária competente para a solução da divergência. 
 No Código Civil de 1916, estipulava-se o pátrio poder e não o poder 
familiar, o pátrio poder seria exercido pelo marido, sendo a mulher mera 
colaboradora, prevalecendo a decisão do pai em caso de divergência entre 
ambos. A expressão “poder familiar” substituiu a expressão “pátrio poder” no 
Estatuto da Criança e do Adolescente, a partir da Lei n. 12.010/2009, todavia, 
esse apenas foi um reflexo do reconhecimento de igualdade de direitos entre 
mulher e homens, previsto na Constituição Federal de 1988 e da alteração do 
Código Civil de 2002. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 São deveres impostos ao poder familiar, tanto para família natural, família 
extensa ou ampliada e a família substituta: 
a) Dever de sustento: provisão de subsistência material, se estiver 
estudando em ensino superior, aplica-se por analogia as regras 
previdenciárias e tributárias, que fixam idade final como dependência os 
vinte e quatro anos de idade (art. 77, §2º, da Lei n. 3.000/1999). 
b) Dever de guarda: direito ao filho de conviver com os pais,. 
c) Dever de educação: abrange a educação formal, para instrução básica 
e a familiar (de crenças e cultura). 
 
 
 
 
 
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28 
 
 É direito da criança e do adolescente permanecer no seio familiar, 
excepcionalmente ocorrerá a suspensão ou destituição do poder familiar. O 
Estatuto da Criança e do Adolescente prevê o acolhimento institucional (que 
substituiu o termo “abrigamento”, de criança e adolescentes que tiveram seus 
direitos violados e necessitam ser afastados temporariamente da convivência 
familiar. 
A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento 
institucional não se prolongará por mais de 18 (dezoito meses), salvo 
comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente 
fundamentada pela autoridade judiciária, é o que trata o artigo 19 e parágrafos, 
do ECA. Esse recolhimento passará por reavaliação no prazo de seis meses, 
sendo que a manutenção ou a reintegração de criança ou adolescente à sua 
família terá preferência em relação a qualquer outra providência. 
 
 
 
 
 
 
9.2 Família natural 
 
Entende-se por família natural, 
segundo o artigo 25, caput, do ECA, 
a comunidade formada pelos pais ou 
qualquer deles e seus descendentes, 
isto é, corresponde ao parentesco 
biológico. 
 As recentes alterações advindas das Leis n. 12.962/2014 e n. 
13.257/2016, que alteraram a redação de alguns artigo do ECA, asseguraram 
que a carência de recursos materiais (art. 23), a dependência de substâncias 
entorpecentes ou a condenação criminal, com cumprimento de pena privativa de 
liberdade, do pai ou da mãe, salvo se for contra o próprio filho(a) (art. 23, §2º), 
não implicam, por si só, na destituição do poder familiar. A perda ou suspensão 
do poder familiar só podem ser decretadas judicialmente, respeitado o 
 
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contraditório e somente nas hipóteses previstas no Código Civil e se forem 
injustificadamente descumpridos os deveres de sustento, guarda e educação 
(art. 24, do ECA). 
 
9.3 Família extensa ou ampliada: 
 
 
 
 
 
 
 
 
9.4 Família substituta: 
 
A colocação em família 
substituta ocorre em três 
modalidades: através da guarda, 
tutela ou da adoção, todas elas estão 
condicionadas a decisão judicial, 
sendo, em todos os casos, analisado 
se a família substituta possuicompatibilidade com a natureza da medida e se 
oferece ambiente familiar adequado, segundo os artigos 28 e 29, do ECA. 
Considerando o profundo impacto que a colocação em família substituta 
causa, o Estatuto determina, que sempre que possível a criança será 
previamente ouvida por equipe interprofissional, tratando-se de maior de 12 anos 
de idade, portanto, adolescente, será necessário o consentimento obrigatório, 
conforme artigo 28, §§1º e 2º, do ECA. Além disso, deve ser apreciado o 
parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, afim de preservar o melhor 
interesse. Os grupos de irmãos não serão separados, via de regra, salvo 
situações excepcionais de solução diversa, plenamente justificados, evitando o 
rompimento definitivo de qualquer modo. 
 
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O estatuto procura ainda considerar a diversidade cultural, em se tratando 
de criança ou adolescente indígena ou proveniente de comunidade 
remanescente de quilombo. Respeitando a identidade social e cultural, costumes 
e tradições, prevalecendo a colocação familiar prioritariamente no seio de sua 
comunidade ou junto a membros da mesma etnia. No caso de crianças 
indígenas, estas, deverão ter acompanhamento de antropólogos e de agentes 
da FUNAI. 
A colocação em família substituta estrangeira constitui medida 
excepcional, somente admissível na modalidade de adoção, segundo o artigo 
31, do ECA. 
 
9.4.1 Da guarda: 
 
 Inicialmente cabe a nós lembrarmos que a guarda é um dos deveres 
inerentes que poder família, assim, preferencialmente são os pais (da família de 
origem) que detêm a guarda (ZAPATER, 2017, p. 1006). 
 A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional 
à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a 
terceiros, inclusive aos pais. Ela destina-se a regularizar a posse da criança ou 
do adolescente, podendo ser concedida no final de uma ação judicial, 
liminarmente ou incidentalmente, salvo nos casos de adoção estrangeira, que 
não poderá ocorrer de forma liminar ou incidental, segundo o artigo 33, §1º, do 
ECA. 
 Em regra, a guarda será utilizada para casos de tutela e adoção, 
excepcionalmente para atender situações peculiares ou para suprir a falta dos 
pais ou responsáveis, podendo o direito de representação ser para apenas 
alguns atos determinados. 
 Ela confere a criança ou ao adolescente a condição de dependente para 
qualquer fim, inclusive para fins previdenciários. Ela não impede o direito de 
visitas dos pais, ou o dever deles de prestar alimentos. 
 A guarda pode ser revogada a qualquer momento mediante ato judicial 
fundamentado, ouvido o Ministério Público, segundo o artigo 35, do ECA. 
 
 
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9.4.2 Da tutela 
 
 A tutela pode ser deferida a pessoa até 18 anos de idade, ela pressupõe 
a prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar e implica, 
necessariamente o dever de guarda. 
 O tutor nomeado por testamento ou qualquer documento autêntico, tem o 
prazo de 30 dias após a abertura da sucessão, para ingressar com o pedido de 
tutela, sendo que nesse pedido será avaliada a vontade do tutelando e também 
se não existe outra pessoa em melhores condições para assumir. A tutela está 
subordinada as regras do artigo 24, do ECA e também dos artigos 1.728 a 1.734 
do Código Civil. 
 
 
 
 
 
 
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9.4.3 Da adoção: 
 
 A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer 
apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou 
adolescente na família natural ou extensa, atribui a condição de filho ao adotado, 
análoga à do parentesco biológico, com os mesmos direitos e deveres, inclusivo 
sucessórios, desligando o adotado de qualquer vínculo com pais e parentes, 
segundo os artigos 39, §1º, e 40, do ECA. 
É vedada a adoção por procuração, ela ocorre somente pela via judicial, 
sendo observados os interesses do adotando. A criança ou adolescente deve 
contar com no máximo 18 anos de idade, salvo se já estiver sob a guarda ou 
tutela dos adotantes. 
Segundo o artigo 41, §1º, do Eca, se um dos cônjuges ou concubinos 
adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o 
cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes. 
 
Quem pode adotar? Os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do 
estado civil, com 16 anos de diferença entre adotante e adotado. 
 
Quem não pode adotar? Os ascendentes e os irmãos do adotando e quem tiver 
menos de 16 anos de diferença do adotado. 
 
O que precisa para adoção conjunta? Para adoção conjunta, é indispensável 
que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, 
comprovada a estabilidade da família. Os divorciados, os judicialmente 
separados e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que 
acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de 
convivência tenha sido iniciado na constância do período de convivência e que 
seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele 
não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão. 
 
É possível a guarda compartilhada? Conforme §2º, do artigo 42, do ECA e 
artigo 1.583 e seguinte do Código Civil, é possível a aguarda compartilhada, 
salvo se houve a perda do poder familiar. A guarda compartilhada corresponde 
 
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a responsabilização conjunta do exercício de direitos e deveres do pai e da mãe 
que não vivem sob o mesmo teto (NUCCI, 2017, p. 186). 
 
E se o adotante falecer no curso do processo de adoção? A adoção poderá 
ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a 
falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença. 
 
 
 
 
 
 
 A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal 
do adotando (art. 45), isto é, ela não poderá ser forçada, esse consentimento só 
será dispensado se os pais forem desconhecimento ou se ocorreu a destituição 
do poder familiar. Lembrando que o maior de 12 anos tem direito de consentir 
com a adoção. 
 A adoção será precedida de estágio de convivência, pelo prazo máximo 
de 90 dias (podendo ser prorrogado por prazo igual), o qual pode ser dispensado 
se o adotado estiver sob a tutela ou guarda legal tempo suficiente para que tenha 
sido averiguada a conveniência da constituição de vínculo (art. 46 e seus 
parágrafos). 
 Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora 
do País, o estágio de convivência será de, no mínimo, 30 (trinta) dias e, no 
máximo, 45 (quarenta e cinco) dias, prorrogável por até igual período, uma única 
vez, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária 
 O estágio de convivência será acompanhado pela equipe interprofissional 
a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, será cumprido no território 
nacional, preferencialmente na comarca de residência da criança ou 
adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe, respeitada, em qualquer 
hipótese, a competência do juízo da comarca de residência da criança. 
 
 
 
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O adotado, após completar 18 anos de idade, tem direito de conhecer sua 
origem biológica,bem como, ter acesso irrestrito ao processo de adoção, sendo 
assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica, conforme artigo 48 
e parágrafo único, do ECA. 
A morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais naturais, 
segundo artigo 48 e parágrafo único, do ECA. 
Cabe a autoridade judiciária manter na comarca ou foro regional, o 
registro de crianças e adolescente e pessoas aptas para adotar e serem 
adotadas. A inscrição será orientada pela equipe técnica da Justiça da Infância 
e da Juventude (art. 50 e parágrafos, do ECA). 
O Estatuto também prevê a criação e implementação de cadastros 
estaduais e a nível nacional, de crianças e adolescentes e postulantes à adoção. 
Para casais estrangeiros, o cadastro será distinto, e somente serão consultados 
na ausência de casais nacionais habilitados (brasileiros residentes no exterior 
terão preferência aos estrangeiros). 
 
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35 
 
Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado em sua adoção, a 
criança ou o adolescente, sempre que possível e recomendável, será colocado 
sob guarda de família cadastrada em programa de acolhimento familiar (§11, art. 
50, do ECA). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Crianças com deficiência, doença crônica ou necessidades específicas de 
saúde tem prioridade no cadastro de adoção. 
 A adoção internacional observará o procedimento previsto nos arts. 165 a 
170 desta Lei, os países devem ser ratificantes da Convenção de Haia1, com as 
seguintes adaptações: a habilitação deve ocorrer Autoridade Central em matéria 
de adoção do país onde reside, a qual deverá emitir relatório sobre aptidão e 
enviará para a Autoridade Centra Estadual, com cópia para Autoridade Central 
Federal Brasileira, a Autoridade Centra Estadual poderá exigir 
complementações, de posse do laudo de habilitação, o interessado será 
autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e da 
Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente. 
 
1 O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é o responsável por coordenar e regulamentar a 
aplicação da Convenção da Apostila da Haia no Brasil, que entra em vigor em agosto de 2016. 
O tratado, assinado no segundo semestre de 2015 pelo Brasil, tem o objetivo de agilizar e 
simplificar a legalização de documentos entre os 112 países signatários, permitindo o 
reconhecimento mútuo de documentos brasileiros no exterior e de documentos estrangeiros no 
Brasil. 
 
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36 
 
 As autoridades do Brasil devem analisar o pedido e emitir, com validade 
de um ano, o laudo de habilitação para adoção. Todo esse processo poderá ser 
intermediado por organismos credenciados, cadastrados pelo Departamento de 
Polícia Federal e aprovados pela Autoridade Central Federal Brasileira. 
Após o trânsito em julgado da decisão que concede a adoção é expedido 
o alvará de autorização de viagem do adotando. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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37 
 
AS POLÍTICAS DE ATENDIMENTO: PARTE ESPECIAL 
 
 As políticas de atendimento são um conjunto articulado de ações 
governamentais e não-governamentais, que tem como linha de ação desde as 
políticas básicas até os serviços especiais de prevenção, identificação e 
proteção dos direitos e garantias de crianças e adolescentes (art. 87, do ECA). 
 Os atendimentos ocorrem de forma municipalizada, existe a criação dos 
conselhos municipais, estaduais e nacionais, órgão deliberativo e controlador 
das ações em todos os níveis, que visa assegura a participação popular, a 
função do membro do conselho nacional e dos conselhos estaduais e municipais 
não é remunerada, pois considera-se como de interesse público relevante. 
 O Conselho Municipal é responsável por manter os registros das 
inscrições das entidades de atendimento, assim como, por reavaliar, a cada dois 
anos, os programas em execução, constituindo critérios para renovação da 
autorização de funcionamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Essas entidades são fiscalizadas pelo judiciário, Ministério Público e pelos 
Conselhos Tutelares. Em caso de descumprimentos das obrigações, as 
entidades podem sofrer advertências, afastamento provisório ou definitivo de 
seus dirigentes, fechamento da unidade ou interdição do programa. Se for 
entidade não-governamental, poderá haver, além da advertência, a suspensão 
total ou parcial do repasse de verbas públicas, interdição ou suspensão do 
programa e cassação do registro, segundos os artigos 96 e 97, do ECA. 
10 
 
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38 
 
AS MEDIDAS DE PROTEÇÃO 
 
 As medidas de proteção, são aplicáveis sempre que direitos reconhecidos 
são ameaçados ou violados, de acordo com o artigo 98, do ECA. São três 
hipóteses de cabimento para medidas de proteção: 
 
 
 
 
 
 
 As medidas de proteção podem ser aplicadas isoladas ou 
cumulativamente, bem como, substituídas a qualquer tempo, elas não 
correspondem a qualquer tipo de sanção ou punição (inclusive nos casos de 
crianças ou adolescente autor de ato infracional), sua propositura serve para 
cessar a violação de direito ou para parar com alguma violação de risco. Deve-
se levar em conta sempre o caráter pedagógico e a necessidade de 
fortalecimento de vínculos familiares e comunitários (art. 99 e 100, do ECA). 
 Verificada alguma das hipóteses do artigo 98, as autoridades 
competentes poderão aplicar as seguintes medidas de proteção (art. 101, do 
ECA): encaminhamento aos pais e responsáveis, orientação e 
acompanhamento, matrícula e frequência à escola, inclusão em serviços e 
programas oficiais ou comunitários (como para tratamento em problemas com 
entorpecentes), requisição de tratamento médico, acolhimento institucional, 
inclusão em programa de acolhimento familiar, colocação em família substituta. 
 O acolhimento institucional e o acolhimento em família substituta, são 
provisórios e excepcionais, correspondem a uma etapa de transição entre a 
reintegração familiar ou colocação em família substituto, não pode implicar na 
privação de liberdade. 
E, conforme parágrafo único do referido artigo, são também princípios que 
regem a aplicação das medidas: 
I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos; 
II - proteção integral e prioritária; 
11 
 
Curso Preparatório para OAB 1ª Fase do XXV Exame 
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39 
 
III - responsabilidade primária e solidária do poder público; 
IV - interesse superior da criança e do adolescente; 
V - privacidade; 
VI - intervenção precoce; 
VII - intervenção mínima; 
VIII - proporcionalidade e atualidade; 
IX - responsabilidade parental; 
X - prevalência da família; 
XI - obrigatoriedade da informação; 
XII - oitiva obrigatória e participação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11.1 Medidas pertinentes aos pais ou responsáveis: 
 
 As medidas pertinentes aos pais ou responsável, estão previstas nos 
artigos 129 e 130, do ECA, são medidas aplicadas a eles, quando não 
observam os direitos e garantias de crianças e adolescentes e oferecem risco ou 
violam esses direitos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Deve-se destacar o artigo 130, do ECA, a respeito da medida cautelar de 
afastamento do agressor da moradia, quando verificado maus-tratos, opressão 
ou abuso sexual, tendo como agressor os pais ou responsável. 
 
11.2 Conselho Tutelar 
 
 O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, 
encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança 
e do adolescente, segundo o artigo 131, do ECA. Será composto por 5 
membros, escolhidos pela população local, para um mandato de 4 anos, 
permitida uma reeleição, a idade mínima para concorrer será de 21 anos, além 
da idade mínima, deverá ter reconhecida idoneidade moral e residir no mesmo 
município (art. 132 133, do ECA). 
 Cabe a Lei municipal ou distrital definir local, dia, horário de 
funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive sobre a remuneração. 
 As principais atribuições do conselheiro são: atender crianças e 
adolescentes, bem como, seus pais ou responsável, aconselhar, requisitar 
serviços públicos na área da saúde, educação, serviço social, previdência, 
trabalho e segurança, encaminhar ao Ministério Público notícia de violação de 
direitos, expedir notificações, assessorar o Poder Executivo local na elaboração 
 
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41 
 
de proposta orçamentária para planos e programas de atendimento, representar 
ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder 
familiar. 
 
 
ATO INFRACIONAL: 
 
 Ato infracional é a conduta descrita como crime, ou como contravenção 
penal, praticada por adolescente ou por uma criança (art. 103, do ECA), ao ato 
infracional praticado por criança, são aplicadas as medidas protetivas previstas 
no artigo 101, do ECA (art. 105, do ECA), já para os casos de ato infracional 
praticado por adolescentes, por se tratarem de pessoas penalmente 
inimputáveis, estão sujeitos as medidas socioeducativas, mediante 
procedimento pautado pelo devido processo legal (art. 110 e 111, do ECA) e 
assegurados os direitos individuais (art. 106 a 109, do ECA). 
 Ato infracional não é sinônimo de crime, justamente pela ausência de um 
dos requisitos que é a falta de uma das condições para a culpabilidade, apesar 
de ser conduta típica e ilícita. A inimputabilidade penal do menor de 18 anos 
está prevista tanto no Estatuto, quanto no artigo 228 da Constituição Federal e 
no artigo 27 do Código Penal. 
 Essa diferenciação de tratamento ocorre em razão do reconhecimento de 
que a pessoa menor de 18 anos se encontra em peculiar condição de 
desenvolvimento e, portanto, não possui a mesma maturidade emocional que 
um adulto, assim, em um processo criminal, o adolescente não é mero sujeito de 
intervenção, mas um sujeito de direito. 
 
 
 
 
 
 
 Dentre as garantias individuais e o devido processo legal, cabe 
ressaltar o direito do adolescente de não ser privado da sua liberdade, salvo em 
flagrante ato infracional ou por ordem escrita e muito bem fundamentada da 
12 
 
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42 
 
autoridade judiciária, baseada em indícios suficientes de autoria e materialidade, 
demonstrada a necessidade imperiosa da medida. Sendo que os pais ou 
responsáveis sempre serão informados acerca do ocorrido e dos direitos. Uma 
eventual internação antes da sentença não poderá ultrapassar 45 dias, sendo 
que durante o processo criminal deverá ser garantida devida defesa, o direito de 
solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do 
procedimento. 
 
12.1 Dos procedimentos para apuração de ato infracional: 
 
 Os procedimentos são regulados pelo Estatuto, apenas na falta de 
regulamentação específica é que serão aplicados, de forma subsidiária, as 
normas gerais previstas na legislação processual pertinente (art. 152, ECA). 
Procedimentos judiciais que envolvam criança e adolescente possuem 
prioridade absoluta na tramitação, assim como atos e diligências. 
 O adolescente poderá ter ingresso no sistema de justiça, a partir do ato 
infracional, de três maneiras: 
 
1) Flagrante: o adolescente é apreendido enquanto praticava o ato 
infracional, ou logo após ter praticado (art. 106 e 172 ECA). 
2) Por ordem judicial: a autoridade judiciária competente determina a 
apreensão do adolescente (art. 106, do ECA). 
3) Indícios de participação em crime envolvendo adultos: se identificado 
que adolescente tem co-autoria com maior, é realizado remessa do 
relatório das investigações e documentos juntados ao Ministério Públicos 
(art. 173). 
 
Quando ocorre a apreensão de um adolescente por ato infracional, 
imediatamente a autoridade judiciária competente e a família do apreendido 
precisam ser comunicadas, a autoridade policial deverá, ainda, lavrar o auto de 
apreensão, ouvir testemunhas e o adolescente, apreender o produto ou 
instrumento da infração, requisitar exames ou perícias, se não foi o caso de 
flagrante, a autoridade policial substituirá o auto de apreensão pelo boletim de 
ocorrência (art. 173, ECA). 
 
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43 
 
 Sempre que possível, se comparecer qualquer dos pais ou responsável, 
o adolescente será liberado sob termo de compromisso e responsabilidade de 
sua apresentação ao representante do Ministério Público no mesmo dia ou até 
o primeiro dia útil subsequente (art. 174, ECA). Em caso de gravidade do ato e 
sua repercussão social, o adolescente permanecer apreendido, a autoridade 
policial deverá apresenta-lo ao MP ou a uma unidade de atendimento em até 
24hs (art. 175, ECA). Em caso de não comparecimento, o MP poderá requisitar 
concurso das polícias civil e militar (art. 179, parágrafo único, ECA). 
 
 
 
 
 
 
Feito isso, o Ministério Público poderá tomar três decisões (art. 181, ECA): 
 
1) Promover o arquivamento dos autos: quando o promotor de justiça não 
identificar a existência do fato, ou se o fato não constituir ato infracional, 
ou se não estiver comprovado a autoria ou participação do adolescente 
na prática do fato, o parquet promoverá pelo arquivamento, cabendo ao 
juiz homologar ou não. Se o juiz discordar do pedido do promotor de 
justiça, deverá remeter os autos ao Procurador-Geral de Justiça, para que 
ofereça representação, designe outro membro do MP para apresentar ou 
ratifique o pedido de arquivamento, estando, então, a autoridade obrigada 
a homologar (art. 181, §2º, do ECA). 
 
2) Conceder a remissão: a remissão é uma causa de exclusão do 
processo, ou seja, é um perdão judicial embasado na Lei, para atos 
infracionais mais brandos, e volta-se para adolescentes primários (sem 
antecedentes). A Remissão extrajudicial, na fase do procedimento, é 
apenas do MP (NUCCI, 2017, p. 640). Não implica necessariamente o 
reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece 
para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação 
 
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44 
 
de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime 
de semi-liberdade e a internação (art. 126 a 128, ECA). 
 
 
3) Representar à autoridade judiciária para aplicação de medida 
socioeducativa: diferente do processo penal, no Estatuto da Criança e 
do Adolescente, não existe a denúncia, mas sim a representação, essa é 
a peça judicial que dá início à ação socioeducativa. Ela conterá o resumo 
dos fatos, a classificação do ato infracional,rol de testemunhas, não 
sendo necessária prova pré-constituída da autoria e materialidade (art. 
182, ECA). 
 
O juiz também poderá conceder remissão, durante a ação socioeducativa, 
não ocorrendo, o advogado ou defensor nomeado terá o prazo de 3 dias, para 
apresentar DEFESA PRÉVIA e rol de testemunhas. Na audiência serão ouvidas 
as testemunhas, debater orais (Ministério Público e defensor, cada um com o 
tempo de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10 minutos), na sequência a 
autoridade judiciária proferirá sentença (art. 186, do ECA). Se o adolescente, 
devidamente notificado, não comparecer, injustificadamente à audiência de 
apresentação, a autoridade judiciária designará nova data, determinando sua 
condução coercitiva (art. 187, ECA). 
 
 
 
 
 
 
 Na sentença, o juiz poderá decidir de 3 formas: 
 
1) Aplicar remissão: A remissão, como forma de extinção ou suspensão do 
processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento, antes 
da sentença (art. 188, ECA). 
 
 
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2) Não aplicar nenhuma medida: o juiz poderá deixar de aplicar qualquer 
medida quando estiver provada a inexistência do fato, se não houver 
provas do fato ou da autoria/participação do adolescente, não constituir 
fato infracional (art. 189, ECA). 
 
3) Aplicar medida socioeducativa: Verificada a prática de ato infracional, 
a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as medidas 
socioeducativas, que serão estudadas no próximo capítulo (art. 112, 
ECA). 
 
 
MEDIDAS SOCIEDUCATIVAS: 
 
 Como já vimos, medidas socioeducativas não tem natureza de pena e por 
que é importante sabermos isso? Porque as condutas infracionais apesar de 
corresponder a crimes, não tem previsão de sanção específica, isso se dá, pois, 
a medida socioeducativa é aplicada conforme a necessidade de proteger e 
reintegrar o adolescente ao convívio social, por meio de ações pedagógicas e 
educacionais. Lembrando que se falarmos de ato infracional praticado por 
criança, poderá ser aplicado somente medida de proteção e se for ato infracional 
praticado por adolescente, teremos a possibilidade de aplicar medida 
socioeducativa ou medida de proteção, em ambos os casos, sempre respeitando 
o princípio da proteção integral. 
 Outro motivo para não confundirmos com crime, é que ato infracional não 
gera condenação criminal, portanto, não gera reincidência (embora seja possível 
verificar os antecedentes do adolescente). Todavia, aplica-se as regras de 
prescrição penal nas medidas socioeducativas, segundo a súmula n. 338 do 
STJ. 
 O artigo 112 do ECA traz o rol taxativo de medidas socioeducativas: 
 
 
 
 
 
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 Vale lembrar que a Lei n. 12.594/2012 instituiu o Sistema Nacional de 
Atendimento Socioeducativo (SINASE), a qual regulamenta a execução das 
medidas socioeducativas aplicadas aos adolescentes infratores e também 
estabelece princípios orientadores da execução de medidas, bem como, direitos 
individuais. O SINASE é fiscalizado pelo Conselho Nacional dos Direitos da 
Criança e do Adolescente (CONANDA), sendo gerido pela Secretaria de Direitos 
Humanos da Presidência da República (SDH/PR). 
 Compete aos munícipios formular, instituir, coordenar e manter o Sistema 
Municipal de Atendimento Socioeducativo, respeitadas as diretrizes fixadas pela 
União e pelo respectivo Estado (Art. 5º, do SINASE). 
 Os princípios norteadores da execução das medidas socioeducativas 
estão previstos no artigo 35 do SINASE: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 O juízo da infância e da juventude é competente para executar medidas 
socioeducativas, a execução dessas medidas é realizada a partir de um plano 
individual de atendimento (PIA), instrumento de previsão, registro e gestão das 
atividades a serem desenvolvidas com o adolescente (Art. 52, SINASE). O plano 
é elaborado pela equipe técnica do programa de atendimento, com a 
participação dos pais ou responsável, que tem o dever de contribuir com o 
processo ressocializador. Neste plano deve constar os resultados da avaliação 
interdisciplinar, os objetivos, previsão de atividade de integração social e/ou 
capacitação, entre outras (art. 54, SINASE). 
Quanto aos direitos individuais, o SINASE traz em seu artigo 49 o seguinte 
rol, sem prejuízo das garantias previstas no ECA: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os procedimentos aplicáveis para a execução das medidas são 
disciplinados pelos artigos 36 a 48 da Lei do SINASE, sendo importante destacar 
que a gravidade do ato infracional, os antecedentes e o tempo de duração da 
medida não são fatores que, por si, justifiquem a não substituição da medida por 
outra menos grave (Art. 42, §2º, do SINASE). A substituição por medida mais 
gravosa somente ocorrerá em situações excepcionais, após o devido processo 
 
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legal, quando ocorrer o descumprimento reiterado e injustificável da medida 
anteriormente imposta (art. 122, III, do ECA). 
A autoridade judiciária dará vistas da proposta de plano individual de que 
trata o art. 53 desta Lei ao defensor e ao Ministério Público pelo prazo sucessivo 
de 3 (três) dias, contados do recebimento da proposta encaminhada pela direção 
do programa de atendimento. O defensor e o Ministério Público poderão 
requerer, e o Juiz da Execução poderá determinar, de ofício, a realização de 
qualquer avaliação ou perícia que entenderem necessárias para 
complementação do plano individual. Admitida a impugnação, ou se entender 
que o plano é inadequado, a autoridade judiciária designará, se necessário, 
audiência da qual cientificará o defensor, o Ministério Público, a direção do 
programa de atendimento, o adolescente e seus pais ou responsável. Findo o 
prazo sem impugnação, considerar-se-á o plano individual homologado (art. 41, 
SINASE). 
Ademais, em relação a extinção da medida socioeducativa, é importante 
destacar o artigo 46, do SINASE: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESPÉCIES DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVAS: 
 
14.1 Advertência: 
 
 A advertência consiste em uma admoestação verbal, que será reduzia a 
termo e assinada, segundo o artigo 115, do ECA. Ela é geralmente utilizada 
para ato infracional leve, ou para adolescente sem histórico de práticas 
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infracionais. Sua aplicação pode ser tanto do Ministério Público (antes da 
instauração do procedimento, quando é dada a concessão da remissão) ou, 
então no curso da ação, na instrução do procedimento ou na sentença final, pela 
autoridade judiciária (ZAPATER, 2017, 1016). 
 
14.2 Obrigação de reparar o dano: 
 
 A medida socioeducativa de reparar o dano está prevista no artigo 116, 
do ECA, trata-se do ato infracional com reflexos patrimoniais, nestes casos, a 
autoridade poderá determinar que o adolescente restitua a coisa, promova o 
ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima. Se 
for manifestamente impossível, a medida pode ser substituída por outra 
adequada. 
 Importante ressaltar que essa medida se aplica ao adolescente, todavia, 
se estiver sobre a companhia ou autoridade dos pais, eles podem responder no

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