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Unidade I e II ECA

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Unidade I
1824, 1830, 1890 e 1891
–
· No Brasil, a Constituição Política do Império de 1824 não fazia qualquer menção à proteção de direitos das crianças e dos adolescentes.
· A visão dos menores como infratores de leis penais, em uma forma de direito penal juvenil, apareceu no Código Criminal de 1830 e no Código Penal de 1890, com os primeiros traços de responsabilização dos menores por infrações de natureza penal cometidas.
· A Constituição da República de 1891 também não fazia qualquer menção aos direitos das crianças ou dos adolescentes.
· No ano de 1927, foi promulgado o Código de Menores, que ficou popularmente conhecido como Código Mello Mattos, primeiro diploma legal direcionado aos menores de 18 anos.
· 
· Entretanto o Código não protegia os menores de forma ampla. Em seu art. 1º, apenas demonstrava uma preocupação. “com o menor, de um ou outro sexo, abandonado ou delinquente, que tiver menos de 18 anos de idade, será submetido pela autoridade competente às medidas de assistência e proteção contidas neste Código”. 
· 
· O Código significou, em especial, uma evolução das medidas aplicadas aos adolescentes delinquentes, afastando a ideia da simples punição e substituindo-a pela ideia de sanção-educação.
A Constituição de 1934, no seu art. 138, incluiu, no âmbito da proteção constitucional, a proteção à criança e ao adolescente, fixando como dever do Estado:
· amparar a maternidade e a infância; 
· socorrer as famílias de prole numerosa; 
· proteger a juventude contra toda exploração, bem como contra os abandonos físico, moral e intelectual; 
· adotar medidas legislativas e administrativas (tendentes a restringir a moralidade e a morbidade infantis) e de higiene social (que impeçam a propagação das doenças transmissíveis).
· No Estado Novo, com a Constituição de 1937, os direitos da criança e do adolescente ganharam uma previsão mais ampla.
· 
· O art. 16, XXVII, trata da competência da União para legislar sobre as normas concernentes da defesa e proteção da saúde e da criança. Já o art. 127 dispõe que a infância e a juventude merecem cuidado e garantias especiais por parte do Estado e dos municípios, incluindo garantia de acesso ao ensino público e gratuito.
O Código Penal de 1940 fixou a inimputabilidade penal aos 18 anos, determinando a aplicação da legislação especial aos menores infratores.
A Constituição de 1946, no art. 164, dispôs a obrigatoriedade, em todo o território nacional, da assistência à maternidade, à infância e à adolescência. A lei instituiu o amparo de famílias de prole numerosa. 
No art. 157, IX, proibiu o trabalho em indústrias insalubres aos menores de 14 anos e às mulheres e de trabalho noturno aos menores de 18 anos, respeitadas, em qualquer caso, as condições estabelecidas em lei e as exceções admitidas pelo juiz competente.
O mesmo modelo foi adotado pela Constituição de 1967 e pela Emenda 1, de 1969.
O Código de Menores, Lei nº 6.679/79, surgiu objetivando a proteção e a assistência da criança e do adolescente. 
Inspirado pela ideologia da Doutrina da Situação Irregular, surgiu a concepção de menor em situação irregular, considerando os menores praticantes de atos infracionais como objeto de regulação pela norma jurídica, e não como sujeitos de direitos.
Constituição de 1988
· É um marco de transição entre a visão dos menores como objeto de atuação do direito para a visão do menor como sujeito de direitos. 
· Adotou a Doutrina da Proteção Integral e do atendimento prioritário a crianças e adolescentes,
· Destina o Capítulo VII ao tratamento constitucional da família, da criança, do adolescente, do jovem e do idoso.
· Substituiu o Código de Menores e ampliou a proteção e a regulação legal dos assuntos inerentes à infância e à juventude. 
O Estatuto adotou expressamente a Doutrina da Proteção Integral e o Princípio do Melhor Interesse, enxergando crianças e adolescentes como sujeitos de direitos, devendo ser protegidos pelo Estado, pela sociedade e pela família.
O Estatuto da Criança e do Adolescente garantiu os direitos fundamentais até mesmo aos menores em situação de abandono ou de conflito com a lei, que antes eram meros objetos de tutela do Estado por meio da legislação menorista anterior.
O direito da criança e do adolescente configura um novo ramo do direito. 
Mas o que isso significa?
Significa que sua formação se deve, em especial, a entrada em vigor do Estatuto da Criança e do Adolescente, que, rompendo com a ideologia anterior, passou a enxergar a criança e o adolescente como sujeitos de direito, e não simplesmente como objetos de direitos. 
É superimportante que você entenda que, a partir dessa mudança de ótica, formou-se, com autonomia sobre os direitos civil, penal e processual, um ramo autônomo que engloba a proteção da criança e do adolescente com aspectos civis, penais e processuais específicos.
O objeto de regulação do direito da criança e do adolescente envolve inúmeros aspectos, em diferentes momentos, referentes a estes sujeitos de direito.
A regulação inicia a proteção definindo quem é criança ou adolescente e estabelecendo os direitos de ambos. Ainda regula a família, tratando de suas espécies e da possibilidade de colocação em famílias substitutas, por meio da guarda, tutela e adoção. 
Estabelece os critérios
Em seguida, estabelece os critérios de prevenção na proteção da criança e do adolescente, regulando a educação, o trabalho, as viagens, entre outros. Ainda prevê as medidas de proteção aplicáveis a crianças e adolescentes em situação de risco e pela prática de atos infracionais, inclusive prevendo as entidades de atendimento e as suas atribuições e funções e regulando as consequências. Também estabelece os mecanismos policiais e processuais de atuação nessas situações.
Protege
O direito da criança e do adolescente também traz um regramento processual, dispondo sobre a competência da Justiça da Infância e da Juventude e estabelecendo procedimentos processuais para as demandas envolvendo os interesses dos menores de 18 anos. 
Por fim, o direito da criança e do adolescente os protege penal e administrativamente, prevendo crimes e infrações administrativas praticados contra os menores de 18 anos. 
Percebe-se, portanto, que o direito da criança e do adolescente traduz uma ampla gama de regras jurídicas, envolvendo os mais diversos aspectos inerentes a esses entes, representando importante ramo do direito na colaboração com o desenvolvimento social do Brasil.
O conceito de criança e de adolescente foi dado pelo ECA levando em consideração um critério etário.
Entretanto, o ECA pode ser aplicado excepcionalmente às pessoas que tenham entre 18 e 21 anos de idade, como ocorre em situações de adoção e de cumprimento de medidas socioeducativas. 
Como vimos anteriormente, o art. 2º do ECA define quem é criança e quem é adolescente, dispondo que “considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até 12 anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre 12 e 18 anos de idade”.
As regras do ECA podem ser aplicadas aos maiores de 18 anos, especificamente para aqueles que têm entre 18 e 21, em situações excepcionais, desde que previstas expressamente pela legislação menorista. 
É o que ocorre, por exemplo, na aplicação de medidas socioeducativas aos maiores de 18 anos que praticaram os atos infracionais ainda quando menores, mas somente estão sofrendo a aplicação das medidas após terem completado 18 anos. 
Estas medidas podem perdurar até os 21 anos, quando então devem cessar compulsoriamente. 
O ECA também estende sua proteção à gestante e ao nascituro (arts. 8º, 9º e 10, do ECA).
A Constituição Federal de 1988 também confere a absoluta prioridade ao jovem e, no ano de 2013, foi aprovado o Estatuto da Juventude, Lei nº 12.852/2013. 
Por definição, jovem é a pessoa que tem entre 15 e 29 anos de idade. Portanto, temos o jovem adolescente (dos 15 aos 18 anos incompletos) e o jovem adulto (dos 18 aos 29 anos).
O direito da criança e do adolescente guarda relação intrínseca com outros ramos do Direito. 
Ele está relacionado diretamenteao Direito Internacional Público e Privado, por meio de convenções internacionais, como:
 Convenções da OIT de 1919 que dispõem sobre os direitos trabalhistas das crianças.
 Convenção sobre a idade mínima para trabalho e convenção sobre o horário de trabalho e proibição de exercício de algumas atividades por crianças.
Mais tarde, surgiu a Convenção sobre Direitos da Criança de 1989, que classifica como criança os menores de 18 anos, sem qualquer distinção entre crianças e adolescentes, mantendo a posição de sujeitos de direitos e conferindo maior coercibilidade das suas regras. 
O ECA é a Doutrina da Proteção Integral das criança e dos adolescentes. 
Esta doutrina baseia-se em orientação prevista e também em convenções internacionais sobre o tema, em especial, a Declaração dos Direitos da Criança, fruto da Convenção sobre os Direitos da Criança, adotada pela ONU no fim da década de 1980.
A Convenção Internacional dos Direitos da Criança foi ratificada pelo Decreto nº 28/1990. A partir da Emenda Constitucional nº 45/2004, deve ser reconhecida como "Normas Supralegais", prevalecendo sobre a legislação ordinária brasileira. 
*Princípios presente no ECA
Este princípio divide-se em prevenção estatal ou geral e prevenção especial. 
· Prevenção estatal ou geral: necessidade de o Estado e a sociedade proverem as crianças e os adolescentes de tudo o que for necessário para os seus desenvolvimentos intelectual, físico, moral etc. 
· Prevenção especial: está relacionada à necessidade de controle e fiscalização do acesso das crianças e dos adolescentes a eventos, produtos e serviços que possam prejudicar sua formação e desenvolvimento de valores morais. 
Exemplo: o controle por faixas etárias da programação televisiva ou de espetáculos, bem como a proibição do fornecimento de bebidas alcoólicas, armas, fogos de artifício, entre outros produtos ou serviços que se mostrem perigosos ou ofensivos.
Princípio do melhor interesse: Previsto pelo ECA em seu art. 6º, quando dispõe que “na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento”. 
Assim, havendo mais de uma interpretação possível para as regras contidas na legislação, devem prevalecer sempre as mais protetivas aos direitos da criança e do adolescente.
Princípio da proteção legal: Disposto no art. 3º do ECA, quando reconhece que “a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade
Princípio da prioridade: Previsto no art. 4º: "É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”.
O Estatuto assegura uma série de direitos fundamentais às crianças e aos adolescentes que está relacionada à condição de pessoa em desenvolvimento e necessária para a proteção integral.
O Princípio da Proteção Legal está disposto no art. 3º do ECA, quando reconhece que “a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar os desenvolvimentos físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade”.
O art. 7º do ECA assegura que a criança e o adolescente têm direito à proteção, à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
Para a efetivação desses direitos, o ECA assegura uma série de direitos e garantias aplicáveis desde a gestação até a proteção da criança após o nascimento. Tais direitos se estendem às gestantes, conforme previsto nos seguintes artigos: 8,9, 10 eca
Ainda quanto à defesa do direito à vida e à saúde, o ECA protege as crianças e os adolescentes de eventuais maus-tratos, determinando que estes casos devem ser imediatamente comunicados ao Conselho Tutelar, conforme o art. 13.
O mesmo artigo também dispõe que as gestantes que manifestarem a vontade de entregar seus filhos devem ser encaminhadas à Justiça da Infância e da Juventude. 
As medidas de cuidados médicos e odontológicos são asseguradas pelo art. 14, bem como o dever de vacinação, todos creditados ao Sistema Único de Saúde (SUS).
A Lei da Primeira Infância, Lei nº 13.257/16, também dispõe sobre a proteção da saúde de gestantes, mães e crianças, durante a primeira infância, prevendo uma série de medidas assecuratórias do direito à saúde. 
O direito á liberdade compreende: 
· I – ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; 
· II – opinião e expressão;
· III – crença e culto religioso; 
· IV – brincar, praticar esportes e se divertir;
· V – participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; 
· VI – participar da vida política, na forma da lei;
· VII – buscar refúgio, auxílio e orientação.
No que tange ao direito ao respeito e à dignidade, fruto da Doutrina da Proteção Integral, as crianças e os adolescentes têm direito à inviolabilidade das suas integridades física, psíquica e moral, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, das ideias, das crenças, dos espaços e dos objetos pessoais, conforme disposto no art. 17.
Ainda neste contexto, é possível falar em proteção do direito à imagem, sendo vedada a veiculação de imagem e nome em meio de comunicação, até mesmo a veiculação de iniciais dos adolescentes que possivelmente cometeram atos infracionais. Também está vedada a exposição de imagens de crianças e adolescentes que são vítimas de atos de violência. 
Outro ponto relevante é a proteção contra o bullying, instituída pela Lei nº 13.185/2015, que determina o programa de combate à intimidação sistemática.
As características da prática do bullying são, nos termos do art. 2º, a intimidação sistemática quando há violência física ou psicológica em atos de intimidação, humilhação ou discriminação e, ainda: 
 I – ataques físicos;
 II – insultos pessoais;
 III – comentários sistemáticos e apelidos pejorativos;
 IV – ameaças por quaisquer meios;
 V – grafites depreciativos;
 VI – expressões preconceituosas;
 VII – isolamento social consciente e premeditado;
 VIII – pilhérias.
Além dessas situações, o parágrafo único prevê que há intimidação sistemática na rede mundial de computadores (cyberbullying) quando são usados os instrumentos que são próprios para depreciar, incitar a violência, e adulterar fotos e dados pessoais com o intuito de criar meios de constrangimento psicossocial.
Quanto às ações práticas do bullying, o art. 3º, da Lei nº 13.185/2015, prevê que a intimidação sistemática pode ser classificada, conforme as ações praticadas, como:
· I – verbal: insultar, xingar e apelidar pejorativamente;
· II – moral: difamar, caluniar e disseminar rumores;
· III – sexual: assediar, induzir e/ou abusar;
· IV – social: ignorar, isolar e excluir;
· V – psicológica: perseguir, amedrontar, aterrorizar, intimidar, dominar, manipular, chantagear e infernizar;
· VI – físico: socar, chutar e bater;
· VII – material: furtar, roubar e destruir pertences de outrem;
· VIII – virtual: depreciar, enviar mensagens intrusivas da intimidade, e enviar ou adulterar fotos e dados pessoais que resultem em sofrimento ou com o intuito de criar meios de constrangimento psicológico e social.
A recente alteração noECA, introduzida pela denominada Lei da Palmada, proibiu que sejam utilizados castigos físicos ou tratamentos cruéis ou degradantes no tratamento com crianças ou adolescentes.
O art. 18 assegura à criança o direito de ser educada e cuidada sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidá-la, tratá-la, educá-la ou protegê-la. 
O parágrafo único, do mesmo dispositivo, considera castigo físico a ''ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em: sofrimento físico; ou lesão, independentemente da gravidade; e como tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: humilhe; ameace gravemente; ou ridicularize.''
As pessoas envolvidas nos atos de violência física ou de tratamento degradante contra crianças ou adolescentes, na forma do art. 18-B, ficam sujeitas, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas que serão aplicadas pelo Conselho Tutelar de acordo com a gravidade do caso:
 encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família;
 encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
 encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
 obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado;
 advertência.
Segundo o art. 18, a proteção desses direitos (em especial, o da dignidade) é dever de todos, pondo as crianças e os adolescentes a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
Direito à educação
O desenvolvimento da pessoa humana dentro de valores de cidadania e de trabalho depende, sem dúvida, de esforços na sua educação. O ECA, no art. 53, assegura o direito à educação, fixando uma série de direitos inerentes a ele: 
· I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
· II – direito de ser respeitado por seus educadores; 
· III – direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;
· IV – direito de organização e participação em entidades estudantis;
· V – acesso à escola pública e gratuita perto de sua residência.
Quanto ao papel do Estado como provedor da educação formal, o ECA prevê, no art. 54, uma série de obrigações estatais que devem ser fiscalizadas pelo Conselho Tutelar e pelo Ministério Público, além do controle judicial.
Já com relação ao pais, é obrigação deles matricularem seus filhos menores na rede regular de ensino (art. 55). A inobservância desta pode caracterizar crime de abandono intelectual previsto no art. 246, do Código Penal.
Direito à profissionalização
Entretanto, a Constituição Federal dispõe no art. 7: “XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 e de qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 anos". Ou seja, a regra estabelecida pelo ECA não foi recepcionada pela Constituição após as alterações introduzidas pela Emenda nº 20/1998.
Assim, o trabalho dos menores pode ocorrer entre 16 e 18 anos em qualquer atividade laborativa, desde que não seja insalubre, perigosa ou noturna. Entre os 14 e 16 anos, somente na qualidade de aprendiz. Antes de 14 anos, qualquer tipo de trabalho é proibido pela Constituição.
O art. 62 dispõe que se considera aprendizagem a formação técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor. 
A aprendizagem pode ser desenvolvida diretamente por instituições de ensino, mas também pode ser ofertada por empresas.
Quanto à formação técnico-profissional, o art. 63 dispõe que obedecerá aos seguintes princípios: 
I – garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular;
II – atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente;
III – horário especial para o exercício das atividades.
Já os aspectos trabalhistas do trabalho dos menores estão regulados pelo art. 64, dispondo que, ao adolescente até 14 anos de idade, é assegurada bolsa de aprendizagem.
Já o art. 65 assegura, ao adolescente aprendiz, maior de 14 anos, os direitos trabalhistas e previdenciários.
Direito ao lazer e à cultura
Art. 59.
Estudamos, nesta unidade, uma série de conceitos relevantes. Verificamos como a legislação de proteção da criança e do adolescente migrou de uma fase inicial, que os enxergava como objetos de regulação jurídica, para a fase atual, que os entende como sujeitos de direitos, necessitando de proteção jurídica e da efetivação de seus direitos.
Bibliografia:
FONSECA, A. Direitos da criança e do adolescente. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
NUCCI, G. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017.
Unidade II
Essa unidade auxilará você a:
· conhecer o conceito de família e sua pluralidade atual, com as várias formas de formação e de composição familiar;
· diferenciar as formas de família substituta e entender a relevância de cada uma delas;
· compreender a relevância das medidas de proteção das crianças e dos adolescentes em situação de risco;
· diferenciar as medidas de proteção das medidas socioeducativas quanto ao seus objetivos e seu cabimento.
Nos dias atuais, é comum notarmos, principalmente nos grandes centros urbanos, crianças e adolescentes abandonados nas ruas, sendo utilizados como pedintes ou como fonte de renda de suas famílias.
Conceitos de família
Sociológico: refere-se a um conjunto de pessoas que se encontram ligadas por vínculos de parentescos, seja afinidade, como o casal, ou laços consanguíneos, como a filiação entre pais e filhos. 
Família natural e família extensa ou ampliada. Você conhece essas definições?
Família natural: A família natural é compreendida pelo núcleo familiar composto pelos pais ou por qualquer um deles, com os seus filhos, conforme o caput do art. 25 do ECA.
A família extensa ou ampliada engloba um ciclo um pouco maior, incluindo os parentes próximos com quem o menor convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade.
Os pais podem reconhecer seus filhos, quando havidos fora do casamento, conjunta ou separadamente, no próprio registro do nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro documento público, qualquer que seja a origem da filiação. 
Este reconhecimento, conforme parágrafo único do art. 26, pode preceder o nascimento e suceder-lhe ao falecimento, desde que deixe herdeiros.
O reconhecimento do estado de filiação é um direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, não havendo limite de idade para o seu exercício. 
Ele pode ser exercido contra os pais ou seus herdeiros, não havendo restrições legais quanto ao seu exercício. 
Direitos e deveres dos pais
A Constituição de 1988 prevê, no art. 227, que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
O Estatuto da Criança e do Adolescente regula os direitos e as obrigações dos pais no Capítulo III, do Título I, que dispõe sobre o direito à convivência familiar e comunitária. 
O art. 19-A trata da questão da gestante ou da mãe que manifeste interesse em entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o nascimento, dispondo que ela será encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude e regulando o procedimento que deverá ser adotado nessas situações.
O mesmo art. 19 dispõe, em seu parágrafo único, que a mãe e o pai ou os responsáveis têm direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de transmissãofamiliar de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei. 
O art. 22 é a principal fonte de deveres para os pais e incumbe a eles o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais. 
Das medidas pertinentes aos pais e responsáveis
Nas situações de risco para as crianças e os adolescentes causadas pelos pais, é possível, além das medidas de proteção aplicáveis a crianças e adolescentes, aplicar medidas aos próprios pais. 
O art. 129 do ECA prevê tais medidas aplicáveis aos pais ou responsável. São elas:
 I – encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família;
 II – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
 III – encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
 IV – encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
 V – obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar;
 VI – obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado;
 VII – advertência;
 VIII – perda da guarda;
 IX – destituição da tutela;
 X – suspensão ou destituição do poder familiar. 
E se uma hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual imposta pelos pais ou responsável for confirmada?
Sendo assim, o art. 130 dispõe que a autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum, com a possibilidade de fixação provisória dos alimentos de que necessitem a criança ou o adolescente dependentes do agressor. 
Poder familiar
O poder familiar compreende o conjunto de direitos e deveres atribuídos aos pais, com relação aos filhos menores e não emancipados, com relação à própria pessoa, seus direitos e deveres, mas também no que diz respeito à gestão dos seus bens.
O art. 21 do ECA dispõe que o poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência.
O Código Civil também traz várias disposições sobre o assunto. Selecione cada um dos artigos abaixo para conhecer.
Artigo 1.630
–
O Código Civil dispõe, no art. 1.630, que os filhos estão sujeitos ao poder familiar enquanto menores. 
Artigo 1.631
–
O poder familiar é exercido pelos pais durante o casamento e a união estável, mas, em caso de falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade.
Quando houver divergência entre os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer um deles recorrer ao juiz para solução do desacordo.
Artigo 1.632
–
Nos casos de separação judicial, divórcio ou dissolução da união estável, não há alteração nas relações entre pais e filhos senão quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de terem em sua companhia os segundos, conforme disposto no art. 1.632, do Código Civil.
Artigo 1.633
–
O art. 1.633 dispõe que o filho não reconhecido pelo pai fica sob poder familiar exclusivo da mãe. Se a mãe não for conhecida ou não for capaz de exercê-lo, o menor será encaminhado a um tutor.
Artigo 1.634
–
Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos:
 
I – dirigir-lhes a criação e a educação; 
II – exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584; 
III – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; 
IV – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior; 
V – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência permanente para outro município; 
VI – nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico se o outro dos pais não lhe sobreviver ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar; 
VII – representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento; 
VIII – reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; 
IX – exigir que lhes prestem obediência, respeito e serviços próprios de sua idade e condição.
Suspensão e destituição do poder familiar
A perda ou suspensão do poder familiar estão reguladas pelo ECA. No entanto, tenha em mente que se trata de medida extremamente drástica que deve ser adotada em hipóteses restritivas.
O Código Civil regula as hipóteses de extinção do poder familiar no art. 1.635, prevendo que ele aconteça:
· I – pela morte dos pais ou do filho;
· II – pela emancipação, nos termos do art. 5º, parágrafo único;
· III – pela maioridade;
· IV – pela adoção;
· V – por decisão judicial, na forma do art. 1.638.
Obviamente, o pai ou a mãe que se casa, quando solteiro(a), ou em caso de divórcio, contrai novo matrimônio ou estabelece união estável, não perde, quanto aos filhos do relacionamento anterior, os direitos ao poder familiar, exercendo-os sem qualquer interferência do novo cônjuge ou companheiro(a), conforme disposto no art. 1.636, do CC.
A resposta é sim!
O poder familiar pode ser suspenso na forma do art. 1.637, do Código Civil, se o pai ou a mãe abusarem de sua autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos.
A suspensão cabe exclusivamente ao juiz, requerendo algum parente, ou ao Ministério Público.  
O juiz pode adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar quando convenha.
O mesmo artigo prevê no seu parágrafo único que se suspende igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão.
Já a perda do poder familiar está regulada pelo art. 1.638, do CC, dispondo que perderá por decisão judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
I - Castigar imoderadamente o filho.
II - Deixar o filho em abandono.
III - Praticar atos contrários à moral e aos bons costumes.
IV - Incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.
V - Entregar, de forma irregular, o filho a terceiros para fins de adoção.
O procedimento para a suspensão ou para perda do poder familiar está regulado pelo ECA. O art. 155 dispõe que ele terá início por provocação do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, por exemplo, ascendentes, como os avós ou colaterais.
A petição inicial indicará, sob pena de inépcia:
· a autoridade judiciária a que for dirigida; 
· o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido, dispensada a qualificação em se tratando de pedido formulado por representante do Ministério Público; 
· a exposição sumária do fato e o pedido; 
· as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o rol de testemunhas e documentos.
A suspensão do poder familiar poderá ser concedida cautelarmente, por liminar ou por ação incidental, havendo motivo grave até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou o adolescente confiado à pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade. A decisão judicial deverá ser motivada após oitiva do MP. 
O processo é contencioso, e o requerido será citado para, no prazo de 10 dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e oferecendo, desde logo, o rol de testemunhas e documentos. Na forma do art. 158, § 1º, a citação será pessoal, salvo se esgotados todos os meios para sua realização.
A autoridade judiciária poderá determinar a realização de provas, como a expedição de documentos em órgãos públicos, e determinar a realização de estudo social ou perícia por equipe interprofissional ou multidisciplinar, bem como a oitiva de testemunhas que comprovem a presença de uma das causas de suspensão ou destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638, da Lei nº 10.406/2002, Código Civil, ou no art. 24 desta lei.
O art.161, § 2º, dispõe que se os pais forem oriundos de comunidades indígenas, é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe profissional ou multidisciplinar referida no § 1º deste artigo, de representantes do órgão federal responsável pela política indigenista, observado o disposto no § 6º, do art. 28, desta lei.
E quem deve ser ouvido durante o processo? A criança ou do adolescente, respeitando seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida. E os pais. 
A audiência de instrução e julgamento está regida pelo art. 162:
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente, designando, desde logo, audiência de instrução e julgamento.
§ 1º A requerimento de qualquer das partes, do Ministério Público ou de ofício, a autoridade judiciária poderá determinar a realização de estudo social ou, se possível, de perícia por equipe interprofissional
§ 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público, pelo tempo de 20 minutos cada um, prorrogável por mais 10.
A decisão sobre a suspensão ou não do poder familiar será proferida na audiência, podendo a autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para sua leitura no prazo máximo de cinco dias.
A conclusão do procedimento está disposta nos artigos abaixo.
Art. 163 e 164
Família substituta
A inclusão em família substituta deve ser precedida de todas as alternativas para manter a criança ou o adolescente na sua família natural ou ampliada. A inclusão em família substituta deve ser precedida de todas as alternativas para manter a criança ou o adolescente na sua família natural ou ampliada.
O ECA prevê três espécies de famílias substitutas: guarda, tutela e adoção. 
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou do adolescente, nos termos desta Lei.
§ 1º Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente considerada.
§ 2º Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será necessário seu consentimento, colhido em audiência.
§ 3º Na apreciação do pedido, levar-se-á em conta o grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida.
§ 4º Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos fraternais.
§ 5º A colocação da criança ou do adolescente em família substituta será precedida de sua preparação gradativa e acompanhamento posterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar.
§ 6º Tratando-se de criança ou adolescente indígena ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda obrigatório:
I – que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições, desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal;
II – que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia;
III – a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal responsável pela política indigenista, no caso de crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso.
A colocação em família substituta deve ser deferida apenas às pessoas que revelem compatibilidade com a medida e ofereçam um ambiente adequado para o desenvolvimento da criança ou do adolescente.
A colocação em família substituta é preferencialmente no âmbito do território nacional, somente se admite em famílias estrangeiras, na modalidade de adoção, quando não houver outra alternativa, por se tratar de medida excepcional (art. 31).
É importante observar que há regras específicas para a colocação em família substituta de irmãos, visando que seja na mesma família substituta, salvo na situação de risco de abuso ou outra situação que justifique solução diferente, mesmo assim tentando evitar o rompimento dos vínculos entre eles.
No caso de crianças ou adolescentes indígenas ou provenientes de comunidades quilombolas, é obrigatório:
I – que sejam consideradas e respeitadas suas identidades social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições, desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal; 
II – que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia; 
III – intervenção e oitiva de representantes do órgão federal responsável pela política indigenista, no caso de crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso.
Guarda (arts. 33 a 35)
A guarda é a medida para que uma pessoa, independentemente de qualquer relação de parentesco, passe a ter responsabilidades sobre a criança ou o adolescente. 
A guarda é exercida pelos pais, como característica inerente ao exercício do poder familiar. Nos casos de separação ou divórcio, regulados pelo CC, art. 1.634, é possível que a guarda seja deferida a apenas um dos pais ou aos dois na chamada guarda compartilhada. Mas é possível que a guarda seja deferida a terceiros, mesmo sem o poder familiar. 
A guarda destina-se a regularizar a posse de fato de uma criança ou um adolescente. Em regra, é deferida como medida cautelar ou liminar em processos de tutela ou adoção. 
A guarda obriga nos mesmos deveres inerentes ao poder familiar, podendo inclusive opor-se a terceiros, até mesmo aos pais. Ela cria uma espécie de poder familiar provisório, exercido pela pessoa a quem a guarda foi deferida
Excepcionalmente, a guarda pode ser decretada fora dos casos de tutela ou adoção quando necessária em virtude de uma ausência temporária dos pais, podendo ser deferida com autorização para a prática de determinados atos (art. 33, § 2º).
Salvo nas hipóteses de guarda preparatória para adoção, os pais mantêm o direito de visitação e as obrigações de sustento.
A guarda também pode ser deferida em situações de inclusão em programa familiar. Isso acontece quando as famílias que já estão previamente cadastradas nos programas de acolhimento recebem a criança ou o adolescente, sendo deferida a guarda em seu favor.
Nesta hipótese, a situação deve ser reavaliada a cada três meses (art. 19, § 1º) e tem a duração máxima de 18 meses, salvo comprovada necessidade de prorrogação (art. 19, § 2º). 
A guarda obriga a prestação de assistências material, moral e educacional à criança ou ao adolescente, conferindo a seu detentor o direito de se opor a terceiros, inclusive aos pais (art. 33). Diante dessas obrigações, fica claro que o guardião tem os mesmos poderes decisórios sobre a criança e o adolescente que os pais (naturais ou adotivos) e o tutor teriam, não sendo necessário que busque decisões judiciais a cada decisão que tiver que tomar, como matrícula na escola, atendimento médico etc.
A criança ou o adolescente que tem sua guarda deferida a terceiros passa a ser dependente do guardião em todos os sentidos, fazendo jus a ser incluído em planos de saúde familiares, se for o caso, bem como a ser considerado dependente para finsde deduções tributárias etc.
O art. 33, § 3º, dispõe que a criança ou o adolescente sob guarda passa a ter direitos previdenciários inerentes ao guardião. 
Entretanto, a alteração do art. 16, § 2,º da Lei nº 8.213/91 pela Lei nº 9.528/97 retirou o menor sob guarda da condição de dependente previdenciário natural ou legal do segurado do INSS. 
Mas o STJ, no julgamento do REsp 1.411.258, entendeu que isso não elimina o substrato fático da dependência econômica do menor e representa, do ponto de vista ideológico, um retrocesso normativo incompatível com as diretrizes constitucionais de isonomia e de ampla e prioritária proteção à criança e ao adolescente. 
Neste cenário, a jurisprudência desta Corte Superior tem avançado na matéria, passando a reconhecer ao menor sob guarda a condição de dependente do seu mantenedor para fins previdenciários.
A competência para decretar a guarda é, em razão da matéria, da Justiça da Infância e da Juventude, conforme dispõe art. 148, do ECA. Revoga-se a guarda a qualquer tempo, mediante decisão judicial ouvido o Ministério Público (art. 35). 
A intervenção do Ministério Público é obrigatória nos processos de guarda. A decisão não faz coisa julgada material e pode ser revista a qualquer tempo, conforme a evolução da situação inicial de deferimento. 
Tutela
Diferentemente da guarda, a tutela pressupõe a decretação da perda ou suspensão do poder familiar. O que pode ocorrer quando da morte dos pais, ou da declaração de ausência, ou, então, por decisão judicial que determine a suspensão ou a perda do poder familiar da família natural.
A tutela defere ao tutor o direito de representação ou assistência legal do menor de 18 anos, engloba todos os poderes da guarda, mais o direito de representá-lo ou de assisti-lo nas situações da vida civil.
O tutor deve ser nomeado pelo juiz, embora seja possível a indicação no testamento dos pais.
A tutela testamentária é possível sempre que o tutor for indicado no ato de última vontade dos pais, caso exista um dos pais vivo, a última vontade do morto não será observada, passando o poder familiar a ser exercido exclusivamente pelo sobrevivente, salvo se anteriormente teve o poder familiar cassado ou suspenso. 
O juiz não está obrigado a deferir a tutela à pessoa nomeada no testamento, devendo analisar se há outras pessoas mais capacitadas para exercê-la. 
O tutor nomeado em testamento tem 30 dias para ingressar com o pedido de controle judicial do ato. 
A perda da tutela segue os mesmos trâmites da perda do poder familiar (art. 39), devendo ser analisada em processo judicial e contencioso.
Adoção
A adoção é, sem dúvida, uma medida extrema, que afasta o poder familiar da família natural ou ampliada e altera juridicamente o estado de filiação. O adotado passa a ser membro, formalmente, de uma nova família, com novo nome, novos direitos sucessórios, previdenciários, impedimentos matrimonias e todas as demais consequências da filiação natural.
Atualmente, a adoção é tratada exclusivamente pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. 
As regras que existiam sobre o tema no Código Civil foram alteradas ou revogadas pela Lei nº 12.010/2009, passando o assunto a ser tratado com exclusividade pelo diploma específico de proteção dos menores de 18 anos, sendo, inclusive, aplicadas suas normas a eventuais adoções de maiores de 18 anos.
Quem pode adotar? Os maiores de 18 anos (art. 42, caput e § 2º), desde que guardem uma diferença mínima de 16 anos com o adotando, que deve ser menor de 18 anos, salvo se já estiver sob guarda ou tutela do adotante (art. 40). 
Impedidos de aadotar? Os ascendentes e os irmãos do adotando. Estes poderão ter sua guarda ou tutela, mas não adotá-lo.
É vedada a adoção por procuração, sendo um ato que deve ser exercido pessoalmente.
A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando (art. 45), salvo quando sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar. Quando o adotando for maior de 18 anos, deverá ser colhido o seu consentimento. 
A mesma coisa acontece com os adolescentes, conforme art. 28, § 2º. As crianças deverão ser apenas ouvidas sobre a adoção, mas não precisam consentir.
O adotado tem seu estado civil de filiação alterado pela adoção, passa a ser filho dos novos pais que o adotaram, tendo os mesmo direitos e deveres, inclusive, sucessórios, sendo afastados todos os vínculos com a família natural, salvo os impedimentos matrimoniais (art. 41). 
A única hipótese de adoção que não rompe com os vínculos familiares anteriores é a adoção unilateral. Ela ocorre quando um dos pais naturais se une com outra pessoa, podendo o padrasto ou a madrasta adotar o enteado. 
Obviamente, esta adoção mantém os vínculos de filiação com o pai ou com a mãe mantidos no exercício do poder familiar, somente afastando seu exercício do outro que for substituído pelo cônjuge ou companheiro adotante. 
A adoção unilateral é medida excepcional. O mero fato de o pai ou a mãe natural ter morrido ou se divorciado do outro não acarreta o direito de afastamento do poder familiar e, muito menos, da filiação. 
A adoção conjunta, bilateral, é, em regra, realizada por um casal, que adota a criança ou o adolescente, constituindo-se integralmente uma nova família em substituição à família natural. Rompe-se a relação, tanto com o pai quanto com a mãe naturais.
É possível que divorciados adotem em conjunto desde que acordem sobre a guarda, inclusive compartilhada, e o regime de visitas desde que o estágio de convivência tenha se iniciado antes da dissolução do casamento, justificando-se por laços de afinidade e afetividade a medida excepcional (art. 42, § 4º e § 5º). 
Também é possível a adoção após a morte do adotante, desde que tenha em vida manifestado a inequívoca intenção de adotar o menor. 
A adoção por casais homoafetivos vem sendo deferida pelos tribunais brasileiros, apesar da lacuna na legislação vigente acerca do assunto.
Demonstrado o melhor interesse da criança ou do adolescente e cumpridos os requisitos legais para a realização da adoção, nada impede que casais de companheiros do mesmo sexo adotem crianças ou adolescentes, conforme art. 45, do ECA. 
No que tange ao procedimento de adoção, de sua inscrição no registro civil, com a consequente troca do nome e do prenome, e de missão de nova certidão de nascimento, o art. 47 dispõe: 
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão.
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, bem como o nome de seus ascendentes.
 § 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o registro original do adotado.
§ 3º A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado no Cartório do Registro Civil do município de sua residência.
§ 4º Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar nas certidões do registro.
§ 5º A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer um deles, poderá determinar a modificação do prenome.
§ 6º Caso a modificação de prenome seja requerida pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o disposto nos §§ 1º e 2º, do art. 28, desta Lei.
§ 7º A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no § 6º, do art. 42, desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do óbito.
 
§ 8º O processo relativo à adoção, assim como outros a ele relacionados, serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida a sua conservação para consulta a qualquer tempo.
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com doença crônica. 
§ 10. O prazo máximo para conclusão da ação de adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma única vez por igual período, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária. 
O adotado tem direito à informação quanto à sua origem biológica e aos detalhes do processode adoção. O acesso deve ocorrer somente após completar 18 anos, conforme dispõe o art. 48, caput. Mas os menores podem ter acesso a essas informações, desde que assegurada a assistência jurídica e psicológica. 
Trata-se de direito inerente à personalidade conhecer a sua história, a sua origem biológica, que vem afastar a tradição anterior de se manter a adoção em segredo.
Adoção internacional
A adoção internacional é admitida no Brasil. Ela segue os mesmos procedimentos da adoção nacional, com as adaptações introduzidas pelo art. 52, do ECA. Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento previsto nos arts. 165 a 170, desta Lei, com as seguintes adaptações: Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento previsto nos arts. 165 a 170, desta Lei, com as seguintes adaptações: 
I – a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação à adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção internacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua residência habitual; 
II – se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um relatório que contenha informações sobre a identidade, a capacidade jurídica e as adequação dos solicitantes para adotar, suas situações pessoal, familiar e médica, seu meio social, os motivos que os animam e sua aptidão para assumir uma adoção internacional;
III – a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira; 
IV – o relatório será instruído com toda a documentação necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada da legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de vigência;
V – os documentos em língua estrangeira serão devidamente autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e as convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradução, por tradutor público juramentado
VI – a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida;
VII – verificada, após estudo realizado pela Autoridade Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacional, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe esta Lei como da legislação do país de acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção internacional, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano;
VIII – de posse do laudo de habilitação, o interessado será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou o adolescente, conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual. 
§ 1º Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar, admite-se que os pedidos de habilitação à adoção internacional sejam intermediados por organismos credenciados.
§ 2º Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção internacional, com posterior comunicação às Autoridades Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio próprio da internet.
§ 3º Somente será admissível o credenciamento de organismos que: 
I – sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando para atuar em adoção internacional no Brasil; 
II – satisfizerem as condições de integridade moral, competência profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira;
III – forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação e experiência para atuar na área de adoção internacional;
IV – cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade Central Federal Brasileira.
§ 4º Os organismos credenciados deverão ainda:
I – perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do país onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade Central Federal Brasileira;
II – ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou experiência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão federal competente;
III – estar submetidos à supervisão das autoridades competentes do país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive quanto à sua composição, funcionamento e situação financeira;
IV – apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como relatório de acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no período, cuja cópia será encaminhada ao Departamento de Polícia Federal;
V – enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório será mantido até a juntada de cópia autenticada do registro civil, estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o adotado; 
VI – tomar as medidas necessárias para garantir que os adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia da certidão de registro de nascimento estrangeira e do certificado de nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos.
§ 5º A não apresentação dos relatórios referidos no § 4º deste artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a suspensão de seu credenciamento.
 
§ 6º O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoção internacional terá validade de 2 (dois) anos. 
§ 7º A renovação do credenciamento poderá ser concedida mediante requerimento protocolado na Autoridade Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do respectivo prazo de validade.
§ 8º Antes de transitada em julgado a decisão que concede a adoção internacional, não será permitida a saída do adotando do território nacional. 
§ 9º Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária determinará a expedição de alvará com autorização de viagem, bem como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoriamente, as características da criança ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto recente e a aposição da impressão digital do seu polegar direito, instruindo o documento com cópia autenticada da decisão e certidão de trânsito em julgado.
 
§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a qualquer momento, solicitar informações sobre a situação das crianças e dos adolescentes adotados.
§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos credenciados que sejam considerados abusivos pela Autoridade Central Federal Brasileira e que não estejam devidamente comprovados é causa de seu descredenciamento.
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser representados por mais de uma entidade credenciada para atuar na cooperação em adoção internacional.
 
§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser renovada.
§ 14. É vedado o contato direto de representantes de organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigentes de programas de acolhimento institucional ou familiar, assim como com crianças e adolescentes em condições de serem adotados, sem a devida autorização judicial.
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar ou suspender a concessãode novos credenciamentos sempre que julgar necessário, mediante ato administrativo fundamentado.
Da medida protetiva
As medidas de proteção são aplicáveis em três situações.
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II – por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
III – em razão de sua conduta.
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas previstas no art. 101.
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
Princípios norteadores
Os princípios norteadores de aplicação das medidas protetivas estão arrolados no art. 100, do ECA. Eles levam em consideração as necessidades pedagógicas e a necessidade de fortalecimento dos vínculos familiares entre a criança ou o adolescente e sua família natural ou ampliada. Os princípios norteadores estão expressos no parágrafo único do art. 100.
Espécies de medidas protetivas
As medidas de proteção estão arroladas no art. 101, do ECA. Trata-se de rol exemplificativo, podendo, o Conselho Tutelar ou a Justiça da Infância e da Juventude, aplicar outras medidas necessárias para proteger os menores.
As medidas protetivas têm o objetivo de colaborar com as formações moral, educacional, física, intelectual, entre outros aspectos relevantes para pessoas em desenvolvimento, como crianças e adolescentes. 
As três medidas mais severas, que trazem consequências mais radicais quando aplicadas, são as previstas nos últimos incisos, quais sejam o acolhimento institucional, o acolhimento familiar e a colocação em família substituta (guarda, tutela e adoção). 
As medidas protetivas têm um detalhamento e regramento mais específicos nos parágrafos do próprio art. 101.
· § 1º O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade.
· § 2º Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das providências a que alude o art. 130, desta Lei, o afastamento da criança ou do adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva da autoridade judiciária e importará na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa.
· § 3º Crianças e adolescentes somente poderão ser encaminhados às instituições que executam programas de acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre outros: 
I – sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou de seu responsável, se conhecidos; 
II – o endereço de residência dos pais ou do responsável, com pontos de referência; 
III – os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-los sob sua guarda; 
IV – os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio familiar. 
· § 4º Imediatamente após o acolhimento da criança ou do adolescente, a entidade responsável pelo programa de acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano individual de atendimento, visando à reintegração familiar, ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada em contrário de autoridade judiciária competente, caso em que também deverá contemplar sua colocação em família substituta, observadas as regras e princípios desta Lei.
· § 5º O plano individual será elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica do respectivo programa de atendimento e levará em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do responsável;
· § 6º Constarão do plano individual, dentre outros:
I – os resultados da avaliação interdisciplinar;
II – os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; 
III – a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por expressa e fundamentada determinação judicial, as providências a serem tomadas para sua colocação em família substituta, sob direta supervisão da autoridade judiciária.
· § 7º O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, como parte do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a necessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção social, sendo facilitado e estimulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhido.
· § 8º Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o responsável pelo programa de acolhimento familiar ou institucional fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo.
· § 9º Sendo constatada a impossibilidade de reintegração da criança ou do adolescente à família de origem, após seu encaminhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação, apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar, para a destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda.
· § 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ação de destituição do poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos complementares ou outras providências que entender indispensáveis ao ajuizamento da demanda.
· § 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um cadastro contendo informações atualizadas sobre as crianças e os adolescentes em regime de acolhimento familiar e institucional sob sua responsabilidade, com informações pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada um, bem como as providências tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em família substituta, em qualquer das modalidades previstas no art. 28, desta Lei.
· § 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Assistência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a implementação de políticas públicas que permitam reduzir o número de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar o período de permanência em programa de acolhimento.
Atribuição para a aplicação
A atribuição para a aplicação das medidas protetivas está dividida entre o Conselho Tutelar e a Justiça da Infância e da Juventude.
O Conselho Tutelar tem atribuição legal, conforme o art. 136, I, para atender as crianças e os adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VI. 
Portanto, o Conselho Tutelar pode aplicar todas as medidas de proteção, com exceção daquelas previstas nos incisos VIII e IX, quais sejam, o acolhimento familiar e a inclusão em família substituta por meio de guarda, tutela ou adoção.
A inclusão em família substituta, por meio da guarda, da tutela ou da adoção, bem como o acolhimento familiar, são atribuições exclusivas da Justiça da Infância e da Juventude, conforme se depreende do disposto no art. 148 e nos parágrafos do próprio art. 101. 
Apadrinhamento
O apadrinhamento é uma inovação trazida pela Lei nº 13.509/2017 para o ECA e consiste em proporcionar que a criança e o adolescente que estejam em acolhimento institucional ou em acolhimento familiar possamformar vínculos afetivos com pessoas de fora da instituição ou da família acolhedora onde vivem. Essas pessoas se dispõem a ser padrinhos. 
A prioridade é sempre a criança ou o adolescente voltar para o seu lar ou ser adotado, sendo incluído em família substituta regularmente. 
No entanto, nem sempre isso é possível.
Assim, a criança ou o adolescente acabam permanecendo no acolhimento institucional ou em famílias acolhedoras. Nesses casos, o apadrinhamento é indicado conforme se verifica no art. 19-B, § 4º. 
Da medida socioeducativa
O art. 112, do ECA, arrola as medidas socioeducativas de forma taxativa, não podendo criar outras, a não ser por meio de lei. 
Assim, deve-se observar o princípio da legalidade, tendo em vista a sua natureza jurídica de sanção por ato ilícito praticado pelo adolescente. Ainda que com o enfoque socioeducativo, não se pode olvidar do caráter punitivo.
Advertência
É uma medida socioeducativa de meio aberto, executada nos próprios autos em que foi aplicada. Consiste em admoestação verbal realizada pelo juiz, que será reduzida a termo e assinada pelo adolescente (art. 115).
Obrigação de reparar o dano
Aplicável nos casos que resultem em dano material para a vítima. O juiz pode determinar a restituição da coisa ou o ressarcimento do dano, bem como determinar que o adolescente compense o prejuízo de alguma outra forma. 
Deve estar claro que essa reparação do dano é de caráter punitivo/educativo e deve ser realizada pelo próprio adolescente. 
Porém, nada impede que alguém o ajude, mas não se pode admitir que essa reparação, diferente de eventual reparação em condenação civil, recaia compulsoriamente sobre o patrimônio dos pais ou do responsável legal. 
As medidas socioeducativas também se sujeitam ao princípio da intranscendência penal, previsto no art. 5º, XLV, da CF/88.
Não sendo possível o adolescente arcar com a reparação do dano, o juiz deve substituir a medida por outra mais adequada, conforme dispõe o art. 116, parágrafo único, do ECA.
Prestação de serviços à comunidade
Esta é a terceira medida socioeducativa de meio aberto.
Ela deve ser executada em processo próprio e individual. Consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao adolescente, por período máximo de seis meses, não prorrogáveis. 
As tarefas, segundo disposto no art. 117, devem ser cumpridas em entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais. As tarefas devem considerar as habilidades e limitações do adolescente, e a carga horária é de oito horas semanais, devendo o juiz fixá-las de forma que não prejudique as atividades ordinárias do adolescente.
Liberdade assistida
É uma medida socioeducativa de meio aberto que será realizada por processo autônomo e individual de execução. Consiste na nomeação de um orientador que acompanhará o adolescente em todas as suas atividades cotidianas.
A nomeação deve ser feita pelo juiz, considerando pessoa capacitada para acompanhar o caso, podendo ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.
A liberdade assistida será fixada por prazo mínimo de seis meses, podendo ser mantida em decisão fundamentada, quando será reavaliada a cada seis meses.
Embora a lei não fixe o prazo máximo de duração, trata-se de medida menos severa que a internação, não sendo razoável que dure mais tempo que esta. Portanto, aplica-se, por analogia, o prazo máximo de três anos de duração. 
As obrigações do orientador estão listadas no art. 119: 
· I – promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social; 
· II – supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;
· III – diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho;
· IV – apresentar relatório do caso.
A liberdade assistida pode ser aplicada diretamente como medida socioeducativa inicial, mas também pode funcionar como espécie de progressão de medidas socioeducativas mais severas. 
O adolescente pode iniciar com as medidas socioeducativas de internação ou de semiliberdade e migrar para a liberdade assistida, conforme previsto na Lei do Sinase – Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, Lei nº 12.594/2012, art. 42.
Semiliberdade
Trata-se de medida de meio fechado menos severa que a internação, conforme disposto no art. 42, § 3º, da Lei do Sinase – Lei nº 12.594/2012. 
Sua execução exige processo autônomo e individual. Pode ser aplicada diretamente ou como forma de progressão a partir da internação. 
A escolarização e a profissionalização são obrigatórias, devendo ser utilizados os recursos comunitários normais. O adolescente deve, sempre que possível, continuar estudando na sua escola de origem e convivendo com a comunidade onde reside. 
A medida não comporta prazo determinado. Segundo o art. 42, da Lei do Sinase, ela deve ser reavaliada a cada seis meses, aplicando-se as regras referentes à medida de internação. 
Internação
Princípios informadores
A internação é uma medida de meio fechado, privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, devendo durar o menor tempo possível. 
É uma ação excepcional, pois somente será aplicada quando as demais medidas não forem indicadas para o caso concreto. Respeita a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, uma vez que seu caráter não pode ser de simples neutralização pela privação da liberdade, mas sim de reeducação do adolescente internado.
A Lei do Sinase também fixa princípios para a execução das medidas socioeducativas que estão claramente vinculados à internação e devem ser observados pelas autoridades envolvidas na aplicação das medidas.
Art. 35 do eca
Características e prazos
A internação caracteriza-se pela privação da liberdade do adolescente em instituições educacionais. A medida será cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo (acolhimento institucional), obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração.
É permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica do estabelecimento, salvo se o juiz vetar tal possibilidade na sentença sancionatória. 
Ao ser aplicada na sentença, não comporta prazo determinado, não devendo o juiz fixá-la por um período específico, mas somente determinar a internação do adolescente. 
A medida será reavaliada a cada seis meses, quando o juiz tem três possíveis decisões a adotar.
A decisão do juiz deve pautar-se pelo desenvolvimento do plano individual de atendimento socioeducativo criado pela Lei do Sinase. 
A gravidade do ato infracional, os antecedentes e o tempo de duração da medida não são fatores que, por si, justifiquem a não substituição da medida por outra menos grave (art. 42, § 2º). 
Quando prorrogada a internação, ela será reavaliada a cada seis meses. Sua duração máxima será de três anos, quando então o juiz estará obrigado a liberar o adolescente ou migrá-lo para a semiliberdade ou para a liberdade assistida.
Cabimento
O art. 121 estabelece que a internação é medida excepcional. Isso quer dizer que ela somente poderá ser aplicada quando não existir outra que se afigure mais indicada, que seja melhor para o adolescente em conflito com a lei. A internação é a última das medidas socioeducativas. Essa característica de medida excepcional é ratificada pelo art. 122, que dispõe acerca das possibilidades de incidência da medida, deixando claro o seu caráter de medida mais rigorosa e de que somente deve ser aplicada quando necessário.
A primeira hipótese de incidência da medida de internação é no caso de atos infracionais praticados com violência ou grave ameaça à pessoa, situação que autoriza a aplicação da medida mesmo para adolescentes primários.
Obviamente, a aplicação não é automática. Deve o juiz analisar a necessidade da medida, não devendo ser aplicada, por exemplo, em atos infracionais análogos àlesão leve, pois embora tenham violência contra a pessoa, são análogos a crimes de menor potencial ofensivo e de gravidade muito baixa.
A segunda possibilidade é a reiteração de atos infracionais graves, embora sem violência ou grave ameaça.
Por exemplo, o tráfico de drogas é ato infracional análogo a crime equiparado a hediondo, o que caracteriza a prática de ato infracional grave, mas sem violência ou grave ameaça, somente sendo possível falar-se em internação em casos de reiteração.
Este, inclusive, é o entendimento do STJ no enunciado da Súmula 492, quando dispõe que “o ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente”.
A última hipótese de aplicação da internação é denominada internação sanção ou disciplinare. Ocorre por força do descumprimento reiterado de medidas anteriormente impostas ao adolescente.
Nesta situação, o art. 122, § 1º, limita a duração da medida ao prazo máximo de três meses.
 
Mesmo nas hipóteses autorizadas pelo art. 122, a aplicação da internação não é automática, devendo ser avaliado, pelo juiz, se é possível aplicar alguma outra medida mais efetiva e menos rigorosa.
Direito do internado
Os direitos do adolescente internado estão diretamente ligados aos objetivos da internação como medida socioeducativa. Eles estão dispostos nos arts. 124 e 125, do ECA, e dispensam maiores explicações.
 I – entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público;
 II – peticionar diretamente a qualquer autoridade;
 III – avistar-se reservadamente com seu defensor;
 IV – ser informado de sua situação processual sempre que solicitado;
 V – ser tratado com respeito e dignidade;
 VI – permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável;
 VII – receber visitas, ao menos, semanalmente;
 VIII – corresponder-se com seus familiares e amigos;
 IX – ter acesso aos objetos necessários a higiene e asseio pessoal;
 X – habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade;
 XI – receber escolarização e profissionalização;
 XII – realizar atividades culturais, esportivas e de lazer;
 XIII – ter acesso aos meios de comunicação social;
 XIV – receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje;
 XV – manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder da entidade;
 XVI – receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente.
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de contenção e segurança.
Ato infracional e apuração do ato infracional do adolescente
Ato infracional
As crianças e os adolescentes são penalmente inimputáveis, por isso não praticam crimes ou contravenções penais.
Toda vez que uma criança ou um adolescente pratica um fato típico e antijurídico previsto na legislação penal como crime ou como contravenção penal, por não ser culpável, pela inimputabilidade, este fato será considerado ato infracional. Art. 103 e104. É importante perceber que o ato infracional somente se configura quando a conduta do menor puder ser tipificada e caracterizada sua antijuridicidade (ilicitude) em matéria penal. Portanto, incidindo qualquer excludente de antijuridicidade ou de tipicidade, o fato deixa de ser ato infracional. 
É o que ocorre, por exemplo, em situações de erro de tipo, de princípio da insignificância, de crime impossível; bem como nas excludentes de ilicitude, como a legítima defesa, o estado de necessidade, o exercício regular do direito ou no estrito cumprimento do dever legal. Quando o ato infracional for praticado por crianças, elas ficarão sujeitas às medidas de proteção arroladas no art. 101, estudadas no tópico anterior. Assim, não são sujeitas às medidas socioeducativas, estas exclusivas dos adolescentes em conflito com a lei.
Aos adolescentes em conflito com a lei, ou seja, aqueles que praticam atos infracionais, são aplicadas as medidas socioeducativas previstas nos arts. 112 e seguintes do ECA.
Ainda assim, o ECA regula uma série de direitos individuais que devem ser respeitados nessas situações. Arts. 106 até 111
Procedimento para apuração de ato infracional
Fase policial
O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será encaminhado de imediato à autoridade policial, procedimento idêntico ao da prisão em flagrante no CPP. 
O parágrafo único do art. 172 dispõe que, havendo repartição policial especializada para atendimento de adolescente e, tratando-se de ato infracional praticado em coautoria com maior, prevalecerá a atribuição da repartição especializada, devendo o adulto ser encaminhado à delegacia cabível, após as providências necessárias. 
Nos casos de ato cometido mediante violência ou grave ameaça à pessoa, a autoridade policial deverá lavrar auto de apreensão, conforme dispõe o art. 173, ouvidas as testemunhas e o adolescente. 
Se for o caso, deverá apreender o produto e os instrumentos da infração, além de requisitar exames ou perícias necessários à comprovação da materialidade e autoria da infração.
O art. 174 dispõe que, comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente será prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação ao representante do Ministério Público, no mesmo dia.
Sendo impossível a liberação no mesmo dia, ela deve acontecer no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o adolescente permanecer sob internação para garantia de sua segurança pessoal ou manutenção da ordem pública.
A decisão de internação cautelar do adolescente é, portanto, em um primeiro momento, analisada pelo delegado de polícia, que, somente depois de determiná-la, irá comunicá-la ao juiz, da mesma forma como acontece com a prisão em flagrante do processo penal comum. 
E quais são as fases do processo de liberação? Siga em frente e as conheça em detalhes. Quando o adolescente é liberado
Quando liberado, cabe aos pais encaminharem o adolescente ao representante do Ministério Público. Já a autoridade policial deve encaminhar imediatamente a cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência ao representante do Ministério Público. 
Em caso de não liberação, o art. 175 dispõe que a autoridade policial encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante do Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.
Sendo impossível a apresentação imediata
Sendo impossível a apresentação imediata, o adolescente deverá ser encaminhado, pela autoridade policial, à entidade de atendimento, que fará a apresentação ao representante do Ministério Público no prazo de 24 horas. Se na localidade não houver entidade de atendimento, a apresentação será feita pela autoridade policial; nessa hipótese, o adolescente aguardará a apresentação em dependência separada da destinada a maiores, devendo ser observado o prazo de 24 horas rigorosamente.
Nas hipóteses de não ter ocorrido flagrante
Nas hipóteses de não ter ocorrida a apreensão em flagrante, tomando conhecimento da prática de ato infracional por adolescente, a autoridade policial encaminhará um relatório das investigações e demais documentos ao representante do Ministério Público, conforme disposto no art. 177.
Você sabia que é proibido que adolescentes sejam transportados em compartimentos 
fechados de veículos policiais? Art. 178 eca
Fase ministerial – MP
Encerrada a etapa policial, o adolescente será apresentado, pelos pais ou pelo delegado, ao representante do Ministério Público, que,

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