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GRAVAÇÃO DE CONVERSA LICITUDE OU ILICITUDE E PROVA NO DIREITO CIVIL GRAVAÇÃO DE CONVERSA Gravação de conversa, em sentido lato, é o registro em arquivo da comunicação entre duas ou mais pessoas, captada por uma delas (ou por terceiro, com seu consentimento), sem que um dos envolvidos saiba. GRAVAÇÃO DE CONVERSA O conceito envolve duas figuras: (1) quando um dos interlocutores faz a gravação – (gravação clandestina) (2) no caso em que terceiro faz a gravação com o consentimento de um dos interlocutores – (escuta) GRAVAÇÃO DE CONVERSA O que é diferente de Interceptação Telefônica, o famoso grampo. Esta é a captação da conversa telefônica feita por um terceiro com ou sem o conhecimento de ambos os interlocutores; depende de autorização do juiz e só pode ser empregada para finalidade criminal. GRAVAÇÃO DE CONVERSA Alguns juristas entendem que gravação clandestina precisa ser repudiada pelo julgador, não se constituindo como meio de prova legal ou moralmente legítima, exigência contida no artigo 332 do Código de Processo Civil Brasileiro. GRAVAÇÃO DE CONVERSA Eles afirmam que ocorre violação ao artigo 5º, X, da Constituição Federal de 1988 (“são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”). GRAVAÇÃO DE CONVERSA Mas, a maioria dos doutrinadores pregam a licitude da gravação de conversa. Eles afirmam que a parte pode utilizá-la, caso não haja dever de guardar segredo acerca do teor da conversa registrada. A JURISPRUDÊNCIA CONSIDERA LÍCITO A informação obtida por Gravação de Conversa é usada para a defesa de direito, que de outro modo não poderia vir à tona. Dessa forma, a jurisprudência do STF vem entendendo que as gravações clandestinas são lícitas como meio de obtenção de prova. A JURISPRUDÊNCIA CONSIDERA LÍCITO Veja algumas decisões da Justiça do Trabalho: O empregado que no ambiente de trabalho grava o assédio moral de seu superior hierárquico mesmo sem sua aquiescência não produz prova ilícita, porque não grava conversa alheia, mas conversa própria. Ainda que assim não fosse, tem-se que em audiência o reclamado em nada se opôs” (TRT-SP, RO 0000636-50.2010.5.02.0384, Ac. 20120247458, 6.ª T., rel. Valdir Florindo, DOE 16.03.2012). A JURISPRUDÊNCIA CONSIDERA LÍCITO “A gravação de conversa por um dos interlocutores destinada à comprovação de fatos em juízo, desde que ausente causa legal de sigilo ou de reserv a da conversação, não se confunde com interceptação telefônica, despindo- se de qualquer mácula de ilicitude. Precedentes desta Corte e do E. STF. Recurso de Revista conhecido e desprovido” (TST, RR 0000294- 13.2010.5.09.0653, 3.ª T., rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 01.03.2013). FORMAS DE GRAVAÇÃO Quando uma gravação é feita pela própria pessoa que está conversando, ainda que, sem o conhecimento do outro interlocutor, essa poderá ser utilizada para defesa dos seus próprios direitos e, portanto, pode ser considerada como válida. FORMAS DE GRAVAÇÃO No caso de conversa gravada por quem participou dela, com a ressalva dos casos de sigilo profissional ou da intimidade, estudiosos afirmam que “quem revela conversa da qual foi partícipe, como emissor ou receptor, não intercepta, apenas dispõe do que também é seu e, portanto, não subtrai, como se fora terceiro, o sigilo à comunicação.” LOCAIS DA GRAVAÇÃO As gravações e filmagens podem ser consideradas lícitas em ambientes públicos, como ruas, shoppings, praças, parques, cinemas, fóruns ou até mesmo empresas, pois presume que as pessoas que circulam por ali, sabem que o ambiente pode estar sendo vigiado. LOCAIS DE GRAVAÇÃO Essas provas possuem importância e são consideradas lícitas, quando observadas às maneiras em que elas são apresentadas, pois não são admitidas gravação e filmagem em ambiente interno de lugares considerado íntimos, tais como; banheiros e vestiários, pois estaria invadindo a intimidade da pessoa. ABUSO DE DIREITO Neste caso seria abuso de direito e seria configurado ato ilícito. (Art. 187 do Código Civil. “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”). ABUSO DE DIREITO É preciso o cuidado de se ponderar os motivos que justificaram a gravação clandestina, assim como seu conteúdo no que se refere ao sigilo contido na conversa, antes da publicação do seu teor a terceiros. CADA CASO É UM CASO Esse entendimento é fruto de um longo exercício jurisprudencial e hermenêutico acerca dos direitos individuais, naquelas ocasiões onde conflitam os próprios direitos individuais ou os da coletividade. Prevalece o que mais preponderar na situação analisada. Cada caso é um caso!
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