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Caderno Sociologia Geral e Jurídica - Claudia Albagli

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Sociologia Geral e Jurídica
Claudia Albagli Nogueira
Avaliações:
Primeira prova: 29 de março de 2017.
Segunda prova: 31 de maio de 2017.
Projeto: A partir do dia 03 de maio de 2017 | Aula extra: 10/03/2017.
12/02/2017
LER: Ana Lúcia Sabadell – Manual de Sociologia Jurídica (Lição 02 Abordagem Sociológica do Sistema Jurídico).
O Surgimento das Ciências Sociais:
Estudar a sociedade é um exercício bastante antigo, mas a Ciência Social só irá surgir, com essa terminologia, no final do século XIX (daí a Ciência Social ser considerada uma ciência “tardia”). Vale salientar que nesse cenário pós-revolução francesa alavancou a presença da racionalidade no cotidiano, já que esse período traz consigo o racionalismo moderno e esse racionalismo veio com a necessidade de cientificar. 
O estudo da sociedade sempre existiu, desde os teólogos, como por exemplo: São Tomas de Aquino, São Agostinho (primeira parte da idade média), onde foi possível ver em suas obras reflexões sobre a questão do comportamento do homem frente a uma sociedade, e persevera até os dias atuais. Contudo a denominação “ciência social” só surgiu, apenas, no final do século XIX, onde a igreja, que até aquele momento dominava, perdeu a sua força e com a revolução francesa. As mudanças ocorreram a partir do momento em que houve um processo de racionalização dos campos de estudo. No período onde se encontram os “contratualistas” (Hobbes, Rousseau...) e quando surge o estado moderno, trazendo consigo o racionalismo moderno¸ que gera a necessidade de cientificar os estudos, os tornando uma ciência. É justamente isso que traz as ciências sociais.
Sociologia jurídica: 
Campo de conhecimento dentro da ciência social, que se dedica a estudar a interface entre direito e sociedade, com o propósito de entender o direito como está na norma, na lei e o direito que se encontra efetivamente na prática. Em que momento esse direito positivado coincide com o direito real. 
Ela trata de questões que relacionadas a sociedade, que são resultado do direito ou interferirem no mundo jurídico, ou seja, o material estudado se dá depois do impacto de uma norma (a norma existiu e transformou aquela realidade) ou o contrário, quando é a realidade que vai interferir e transformar um ordenamento jurídico. É esse jogo entre a sociedade e o direito que é o objeto da sociologia jurídica. 
• A religião é uma forma de controle social.
Sociologia Como Campo de Conhecimento:
A Sociologia jurídica é um campo de conhecimento dentro das ciências sociais que se dedica a estudar essa interface de direito e sociedade na lógica de entender o direito que está norma e aquele que está na prática; esta ciência recorta dentro das questões sociais aquilo que tangencia, que faz a ponte para o direito, que faz parte do direito ou é consequência dele.
1907 – Carlos Nadi - Greco:
Italiano, lança uma obra em 1907 cujo o título é “Sociologia Jurídica”, marcada por ser o primeiro livro que trata sobre o assunto (apesar de alguns afirmarem que o conteúdo desse livro não é a sociologia jurídica).
1913 – Eugen Ehrlich:
Alemão, escreve em 1913 “Fundamentos da sociologia do direito” que, diferentemente, da obra de Carlos Nardi-Greco, é uma obra de imensa relevância, por dois motivos: 
Ele define que o direito não é norma, ele assume uma posição bastante purista para o lado da sociologia, para ele o direito seria as relações vivas da sociedade. Ele nega a dimensão normativa do direito para afirmar que ao contrário do que se diz, o direito são as relações vivas em uma sociedade; o seu pensamento não deixa margem para a dúvida.
Ele dá essa posição durante o período da ascensão do positivismo, que surge com a escola de exegese, seu ápice foi a partir dos anos 20 com a teoria pura do direito de Hans Kelsen. Sendo assim, ele emite a sua posição contrária a aquilo que predominava enquanto pensamento jurídico. A partir de sua ideologia se funda a escola sociológica do direito ou sociologismo jurídico (de todos que seguem esse pensamento ele é o mais radical). *NÃO VAMOS FOCAR NESSA IDEOLOGIA, POIS O NOSSO FOCO SERÁ TRABALHAR A RELAÇÃO DA SOCIOLOGIA COM O DIREITO ONDE NÃO HÁ UMA FORÇA MAIOR NEM DA SOCIOLOGIA, NEM DO DIREITO. E NEM VAMOS PARA O MODO POSITIVISTA, ONDE O PONTO DE PARTIDA É SEMPRE A NORMA, PARA DEPOIS VIM A SOCIEDADE*
Sociologia do Direito X Sociologia no Direito:
Sociologia do Direito:
A forma que o positivismo tradicionalmente vê a sociologia. Os positivistas negam a existência da sociologia jurídica e afirmam que ela é um campo externo ao direito e nada teria a contribuir.
Sociologia no Direito:
Trata-se da posição que adere esse ramo do conhecimento ao direito, que entende a Sociologia como algo apto a transformar, a interferir na realidade social, no direito.
Em outras palavras, refere-se a linha de pensamento que entende a sociologia como algo apto a interferir nas realidades concretas e transforma-las.
 “É como se a sociologia DO direito fosse um médico legista (tem um olhar externo) que observa um corpo e apenas anota as impressões dele, já a sociologia NO direito é o médico cirurgião, que abre o corpo e procura soluções para a doença que se apresenta ali”.
Paradigma Dogmático X Paradigma Socio-jurídico:
MONISMO X PLURALISMO – Enquanto os monistas creem que as normas são produzidas apenas pelo Estado, os pluralistas acreditam que não só o Estado, mas também a sociedade pode produzir normas, contanto que tenham validade (Ex.: Estatuto de condomínios), apesar de existirem algumas normas fora do controle do Estado, como as regras do MST.
PRÁTICA TÉCNICO-FORMAL X PRÁTICA EMPIRICAMENTE INSERIDO – Tradicionalmente, o Direito usa da prática técnico-formal, usando da formalidade tanto na forma de se comportar e agir, quanto na de falar, escrever, uso do vocabulário jurídico e até mesmo na forma de elaborar uma petição. Já a prática empiricamente inserida consiste na ideia de que o jurista deve se inserir na sociedade, para poder ter melhor noção da sociedade que o circunda, tornando o Direito mais eficaz ao fazer parte da realidade social.
COMPLETUDE LÓGICO-FORMA/SEGURANÇA JURÍDICA X CONTRIBUIÇÃO AO SIGNIFICADO DE JUSTIÇA – A dogmática jurídica acredita que ordenamento jurídico é completo, não havendo a existência de lacunas jurídicas e, por consequência, a completude do Direito dá uma maior sensação de segurança jurídica. Tal ideia pode gerar uma insegurança jurídica no ordenamento quando houver uma eventual lacuna.
 Já a sociologia jurídica crê que o ordenamento é incompleto, porém completável, agindo com uma abertura zetética, buscando pela realização da justiça de fato (desconstrução dos dogmas para fazer o mais justo).
INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA X SOCIOLÓGICA – A dogmática jurídica se utiliza da interpretação sistemática, não analisando a norma isoladamente, mas sim como parte do Ordenamento Jurídico. Já a sociologia jurídica tenta interpretar a norma de uma forma mais aberta e seguindo o pensamento da sociedade.
20/02/2017
LER: Tânia Quitanero e outros - Um Toque de Clássicos (Capítulo sobre Durkheim).
Marialice Mencarini Foracchi e José Souza Martins – Sociologia e Sociedade: leituras de introdução à sociologia. “Objetividade e identidade na análise da vida social”.
Émile Durkheim (1858 – 1917):
Influenciado pelo positivismo de Conte e por momentos históricos que aconteceram na França como: A Revolução Francesa , pois foi quando houve o nascimento do Estado Moderno e mudanças nos âmbitos sociais e econômicos com a criação de novas classes; A Revolução Industrial , devido ao surgimento das indústrias , dos operários e de novos meios de produção; e a Lei do Progresso, onde na Europa Pós-Revolução existia uma ideia de que o destino da sociedade era o progresso, a sociedade estava fadada a se desenvolver, servindo de justificativa para as navegações , explorações e colonizações.
 Durkheim cria regras e fundamenta o estudo das Ciências Sociais (Métodos), tendo como objetivo de estudo o fato social.
Fato Social:É a síntese de comportamentos da sociedade, não momentos individualizados. São suas características:
Exterioridade: Não depende da individualidade, exterior ao indivíduo.
Coercitividade: Indivíduo é forçado a se adaptar ao fato social.
Generalidade: Alcança todo e qualquer indivíduo.
 Durkheim divide os fatos sociais entre maneiras de ser e maneiras de agir. As maneiras de ser são fatos sociais mais consolidados como a língua portuguesa e o Direito. Já as maneiras de agir são fatos sociais menos consolidados como a moda, pois sua essência se altera com maior facilidade.
Representação Coletiva:
É a forma da sociedade de ver a si própria, mantendo assim aspectos culturais de certa sociedade, criando a tradição, como por exemplo: festas populares, folclore, danças, comidas típicas, símbolos. É tudo aquilo que é o acúmulo de conhecimentos transmitidos de geração a geração.
VALORES – São as consequências de Fatos Sociais mais consolidados e mais difíceis de serem superados, que geram valores positivos/negativos, sendo fontes na sociedade. Exemplos são os valores religiosos e da família, que apesar de serem bastante consolidados, são passíveis de superação.
CONSCIÊNCIA COMUM/COLETIVA – É chamado por Durkheim de solidariedade mecânica. É a repetição de comportamentos semelhantes, sendo um fenômeno típico de sociedades primitivas ou bastante homogeneizadas (Ex: Amishs, tribos indígenas isoladas). É o conjunto de crenças e comportamentos comuns aos indivíduos de dada sociedade. A solidariedade mecânica não admite comportamentos distintos e se relaciona ao Direito Penal (Efeito repressivo/punitivo)
CONSCIÊNCIA INDIVIDUAL – Chamada por Durkheim de solidariedade orgânica, é a diferença de comportamentos e pensamento, onde um depende do outro, por exercerem diferentes funções sociais/especializações (“cada órgão tem a sua função no corpo humano”). Tal fenômeno é característico de sociedades complexas e gera o surgimento da personalidade. A solidariedade orgânica se relaciona ao Direito Contratual (Efeito reparatório), tem a capacidade de congregar diferenças.
OBS: Ambas consciências são separadas pela divisão social do trabalho.
Sociedade complexas = sociedade organizada = divisão de tarefas = individualismo em excesso = ANOMIA.
ANOMIA – Ausência de normas/leis. Possui 3 aplicações atuais:
-Ineficácia da norma: Quando a norma não produz o efeito necessário, causando um desregramento social.
-A ausência do Estado: (Ex: Favelas) Maior crime organizado, tomando o lugar do Estado, causando uma desordem social (greve da polícia gera o caos).
-Multiculturalismo: É a anomia com efeito positivo, fruto do encontro de culturas, que contemplam diferenças, sendo o caminho para a convivência de diferenças, simbolizando o rompimento com a estrutura jurídica rígida vigente.
Tânia Quitanero – Um toque de clássicos (capítulo Weber – itens a selecionar)
Max Weber – Economia e Sociedade (Vol. II- Das Ordens Econômicas e das Ordens Sociais)
Max Webber: 
Foi um sociólogo alemão, formado em Direito, que se interessava em diversos campos de conhecimento, praticando a inter-relação das áreas como economia, direito, história e a ciência social.
 Investiga fenômenos sociológicos a partir de uma perspectiva histórica, acreditando que o fato social é interior ao indivíduo, diferentemente de Durkheim. Se distinguiu de Durkheim também pelo fato de que Weber não acreditava em regras (métodos) para estudar o processo sociológico (a sociologia não será aplicada a todo e qualquer fato social), ou seja, o cientista não conseguia alcançar a totalidade do fato social, apenas uma fração do mesmo.
 Weber vê a sociedade moderna como uma sociedade que tende a racionalizar processos, pois para ele a sociedade tinha a necessidade de dar aos processos sociais um contorno mais objetivo, racionalizado.
Referenciais Teóricos:
 Se inspirou em nomes como Dilthey, que se aprofundava mais na área da hermenêutica com o método compreensivo, onde o modo de interpretação do mundo era através de um esforço interpretativo do passado até o presente. Weber se utilizou desse método para explicar os fatos sociais existentes na sociedade, passando a dar muito valor à tradição. Outro influenciador foi o francês Rickert, que falava sobre a sociologia da realidade, ou seja, o sociólogo sempre busca estudar e compreender o que é próximo de sua realidade, embalsando a ideia do pensamento weberiano que o cientista social estudava apenas um fragmento do fato social, admitindo também que através da sociologia da realidade havia uma valoração do objeto de estudo.
Tipo Ideal:
É uma definição para essa percepção de Weber de que o cientista social não alcança a totalidade da sociedade. Um exemplo de tipos ideais são a economia, a religião e o direito, pois apesar de diferirem em diversos aspectos dependendo das sociedades (Catolicismo x Judaísmo, Economia Inglesa x Brasileira , Direito Romano x Direito Americano), elas tem alguns fatores em comuns(rituais, forma de adoração, símbolos, moedas, circulação de riquezas , ordenamento social, etc.) que permitem induzir elementos que servem para a caracterização de um tipo ideal, para assim poder se aprofundar de forma mais específica do fato social próximo a si (indução-realidade).
 O tipo ideal pode ser caracterizado como:
Utópico: Não se caracteriza em nenhuma sociedade específica.
Unilateralidade: Pois para elaborarmos o tipo ideal, recortamos diversos aspectos e elementos em comum de diferentes sociedades e realidades específicas
Racionalidade: É um recurso para estudar o fato social e diferentes realidades, ao relacionar elementos tão distintos, tornando possível a objetivação de estudo.
Dominação Legítima:
É toda forma de dominação em que o dominado não se percebe em relação de domínio, ou seja, o dominado assume tal que a relação de domínio como se fosse sua forma de comportamento, que se torna espontânea. A dominação não é necessariamente maléfica, já que faz parte do processo de formação social. É legítima, pois embora uma forma de dominação, o dominado absorve um comportamento sem ver o mesmo como uma forma de domínio.
Tradicional: Típica das relações familiares, pois você age, se comporta e/ou pensa de forma similar a seus ascendentes (pai, mãe, avôs), sendo algo passado de geração a geração, sem que isso seja percebido.
Carismática: Forma de dominação onde o indivíduo segue um líder político, religioso, por admirá-lo ou se identificar com seus ideais, seguindo-o sem perceber a influência que tal líder exerce sobre os indivíduos (Ex.: O Papa, Getúlio Vargas). Gera um sentimento de valoração e uma relação de adoração.
Racional-Legal: É a forma de dominação típica do Estado, pois é o exercício do domínio através das leis, que ditam comportamentos e normas que são acatados pelos indivíduos sem que seja observada a relação de dominação. Weber considera a Dominação Racional-Legal como a forma de dominação da sociedade moderna, pois racionaliza e objetiva a sociedade.
 O Papel da Burocracia:
 Weber vê a burocracia como um instrumento necessário ao Estado. Burocracia no sentido weberiano é uma forma de sepultar o sistema de benefícios que o Estado dava aos mais poderosos nos regimes antigos, (Weber veio de um período logo após o fim das monarquias, onde havia no Estado uma forte pessoalidade, tendo assim a necessidade de dar ao Estado Moderno uma feição racional) ou seja, a burocracia assegurava a impessoalidade do Estado , o estabelecimento de uma nova estrutura ao Estado; as regras, o que deixava bem claro os direitos e deveres do cidadão, como se dirigir; e as competências funcionais, que determinavam funções específicas para os setores do Estado, dando ao indivíduo instruções à quem se dirigir.
Ordens Econômicas e Ordens Jurídicas:
 Weber buscava entender quais as questões que originaram a economia capitalista. Assim ele percebeu que havia uma relação entre a economia e o Estado (relação de causa e efeito), ou seja, quanto mais o Estado usou a forma de dominação racional-legal,mais ele propiciou e consolidou a forma de consolidação do sistema capitalista na economia. Weber percebe que a economia necessita para seu funcionamento a existência de mecanismos que assegurem as relações econômicas (no Direito, instrumentos jurídicos como o contrato, por exemplo). Direito, Economia e Estado estão numa relação de interferência recíproca (Direito-Economia, Economia-Estado, Estado-Direito).
 Podemos concluir então que o Direito é um instrumento necessário para a Economia assim como a Economia é um instrumento necessário para o Direito.
15/03/2017
Antônio Carlos Wolkmer – Introdução Crítica ao Direito (p.166-184)
Karl Marx – Para a questão judaica. P. 63-71
Roberto Gargarella – As teorias da justiça depois de Rawls. (Capítulo 4, p.103-137)
Karl Marx (1818 – 1883): 
Alemão, formado em Direito, entra para o Doutorado em Filosofia e tenta, sem sucesso, se tornar professor da universidade de sua cidade, por fazer parte de um grupo que seguia os ideais críticos de Hegel, a “Esquerda Hegeliana”. Ao começar a trabalhar em um jornal, conhece Engels, que se torna seu grande e maior parceiro nas suas obras, onde devido ao tom crítico de suas obras de análise econômica e crítica ao sistema capitalista durante a Revolução Industrial, foi expulso de vários países, se estabelecendo por fim na Inglaterra.
 Seu pensamento fundamentou a atual esquerda política, servindo de inspiração para diversos regimes e ideologias de esquerda que aconteceram no Século XX.
Método do Materialismo Histórico Dialético:
É o método marxista para a sociologia, se inspirando bastante em Hegel e Feuerbach. Hegel era a principal tendência filosófica quando Marx estava na faculdade, porém manteve alguma de suas ideias e opiniões. Hegel estudava bastante o processo do conhecimento, fundamentado através da relação entre consciência e experiência, onde a frase “tudo que é real é racional e tudo que é racional é real” define o seu pensamento.
 Marx se utilizou desse processo, substituindo consciência e experiência por homem e natureza, sendo o trabalho a atividade de produção responsável por modificar a sociedade, onde o homem ao entrar em contato com a natureza, se utilizaria do trabalho para modificá-la ou transformá-la.
 O Materialismo Marxista é Dialético uma vez que considera os fenômenos materiais processos possíveis de mudança. A consciência, não é consequência passiva da ação da matéria, por isso pode reagir sobre aquilo que a determina. O conhecimento liberta o homem por meio da ação deste sobre o mundo, possibilitando inclusive a ação revolucionária de mudança.
 O Materialismo Histórico é a explicação da História por fatores Materiais, ou seja, Econômicos, Sociais e Técnicos. Marx inverte o processo do senso comum que pretende explicar a história pela intervenção divina. Para o marxismo, no lugar das ideias, estão os fatos materiais. No lugar dos heróis está a luta de classes. (Marx convoca a práxis).
 
CONSCIÊNCIA
 HOMEMMOVIMENTO 
 (CONEHCIMENTO)
EXPERIÊNCIA
TRABALHO
 NATUREZA
 
 HOMEM -> CAPACIDADE DE 
 PRODUZIR -> NOVAS NECESSIDADES
 TRABALHO
 A inspiração em Feuerbach se deu através da obra “A Essência do Cristianismo”, onde o mesmo afirmava que a religião era nada mais do que uma grande invenção/criação do homem (Deus é uma fuga do homem das realidades ao seu entorno, sendo uma forma de alienação), criticando assim a filosofia idealista, posteriormente utilizada por Hegel, dando como solução a contemplação à natureza.
 Marx critica bastante a religião (“A religião é o ópio do povo”), assim como Feuerbach, porém expande o termo de alienação para as relações sociais e de trabalho, afirmando que o mercado é uma forma de alienação, pois ele destorce a nossa realidade e passamos ser explorados nas relações de trabalho. Ao desenvolver o conceito de Alienação, Marx rejeita as explicações comuns que aparecem em toda a história da Filosofia, ora com contornos religiosos, ora metafísicos ou morais. 
 A elas opõe a análise das condições reais do trabalho humano e descobre que a Alienação tem origem na vida econômica: quando o operário vende no mercado a força de trabalho, o produto que resulta do seu esforço não mais lhe pertence e adquire existência independente dele. Com o aceleramento da produção, provocado pela crescente mecanização do trabalho (linha de montagem), o operário executa cada vez mais apenas uma parte do produto (trabalho parcelado) e o ritmo do trabalho é dado exteriormente e não obedece ao próprio ritmo natural do seu corpo. 
 Se o produto do trabalho não é fruto de sua vontade, do seu controle, o produtor não se reconhece no que produz. O produto surge como um poder separado do produtor, como realidade soberana e tirânica que o domina e ameaça.
 Críticas ao Direito Burguês:
 Marx, apesar de nunca ter dedicado uma de suas obras exclusivamente ao Direito, criticou em diversas ocasiões o chamado “Direito Burguês”, pois o mesmo era um instrumento criado pelas elites, de manutenção das classes dominantes, ou seja, o Direito é feito pelo burguês, para o burguês, sendo uma crítica debatida até hoje.
 O segundo ponto de crítica de Marx ao Direito é relacionado à propriedade privada, objeto que é negado por Marx na sua linha de pensamento (Fim da propriedade privada, dando lugar a estatização das propriedades, onde as mesmas passariam a pertencer ao Estado, sendo um caminho para o fim da propriedade privada, dando início ao comunismo). 
 A terceira crítica de Marx sobre o Direito é em relação à Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1793, que é um documento que enuncia os lemas da Revolução Francesa e serviu de base para o mundo inteiro em diversas áreas do Direito. Marx critica o próprio título da declaração, pois mostrava o quanto a sociedade francesa era dividida (homem diferente de cidadão), onde para Marx o Direito dos Homens eram os direitos particularizados, de usufruto individual, sendo bastante extensa e específica, de acordo com Marx, uma parte destinada exclusivamente à burgeusia (liberdade individual, propriedade privada, segurança), enquanto os Direitos do Cidadão, que tratam da comunidade em si, tem menor extensão e especificidade. 
 Outra área criticada por Marx foi o lema “Liberdade, Fraternidade e Igualdade”, pois a liberdade era protegida de forma “ilimitada”, interferindo na liberdade do outro; a igualdade garante apenas a igualdade formal, perante a lei e a fraternidade só garantiria a resolução de conflitos e segurança a apenas uma parcela da sociedade. 
 Para Marx a saída para romper com o Direito que produz essa lógica social é através da emancipação humana, com lutas, protestos, tendo uma diferença pequena da emancipação política (autonomia do homem na dimensão política), pois a emancipação humana é uma luta para que o indivíduo consiga alcançar plena autonomia e liberdade de escolha, sem ter sua vida determinada pelo sistema capitalista (escolha de emprego, amizades, vida pessoal, consumo, etc.).
Marxismo Analítico:
 O Marxismo serviu de inspiração para vários regimes socialistas e líderes ao redor do mundo, como Lênin e Trotsky, que duraram por mais da metade do Século XX, mas tiveram um caráter ditatorial, pois apesar de ter havido uma revolução do proletário através da força/violência (Revolução Bolchevique de 1917), o Estado acabou se tornando autoritário demais, principalmente na União Soviética, levemente deturpando o ideal deMarx.
 O Marxismo Analítico surge no final dos anos 70 , com a crise desse modelo original do socialismo , já que o governo soviético tinha estatizado todas as propriedades , ficando hipertrofiado e sobrecarregado , devido aos ganhos territoriais durante esse período, deixando o povo escravo do trabalho , passando por uma crise social e econômica, onde vários pensadores marxistas formaram a Escola do Marxismo Analítico (O Grupo de Setembro) alegando que o sistema soviético fracassou , pois utilizaram a ideologia de Marx do Século XIX em meados do Século XX, tendo como solução adequar o pensamento de Marx ao mundo atual e trazer soluções práticas para o regime soviético a partir do pensamento Marxista.
 Uma das críticas que os indivíduos fora do regime faziam, era de que não havia em Marx uma noção de justiça, ou seja, o regime da União Soviética conseguia ser pior do que os regimes totalitários. Os pensadores do Marxismo Analítico defendiam que Marx tinha como ideia de justiça a autorregulação e autorrealização, ou seja, para Marx, submeter o sujeito a certas atividades para que sua sobrevivência seja garantida é algo injusto, e deve ser o Estado que precisa dar insistência ao indivíduo para que o mesmo alcance suas potencialidades.
Soluções Propostas:
 A Renda Mínima Universal, é uma renda cedida pelo governo para que o mesmo possa garantir a subsistência (alimentação, medicamentos, saúde, etc.) das camadas mais pobres da sociedade russa, camadas que compunham mais de 70% da população da URSS.
O Socialismo de Mercado, foi uma tentativa de saída intermediária da crise, não abandonando o socialismo, nem abraçando a lógica capitalista, ao abrir o mercado soviético para algumas empresas do mercado externo, para esquentar a economia soviética, atenuando a crise. A primeira alternativa, que foi falha, faria com que o Estado fosse detentor e produtor de toda a matéria-prima enquanto a iniciativa privada teria a função de comprar a matéria-prima do Estado e produzir e vender o produto final, falhando, pois as empresas não conseguiram lucrar devido a insuficiência do Estado de produzir o número necessário de matéria-prima.
 A segunda alternativa foi delegar todo o sistema de produção às empresas privadas, porém o Estado determinaria quais cooperativas iriam trabalhar e controlava quais trabalhadores iriam atuar. Tal alternativa teve sucesso, fez a economia esquentar e melhorou o quadro econômico e social da URSS.
03/04/2017
Ana Lúcia Sabadell – Manual de Sociologia Jurídica. (lições 06 e 07)
Alessandro Baratta – Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. Capítulos XIII e XIV, P. 171 – 187 e 197 - 209 
Carolina Cristoph Grillo – O “morro” e a “pista”: um estudo comparado de dinâmicas do comércio ilegal de drogas
Luiz Cláudio Lourenço e Odilza Lines de Almeida – “Quem mantém a ordem, quem cria desordem”: gangues prisionais na Bahia. (Tempo social, Revista de Sociologia da USP, v. 25, n.1)
Controle Social e Direito:
É todo e qualquer mecanismo tendente a trabalhar e/ou modificar o comportamento e ações dos indivíduos para viver em sociedade, sendo o Direito um desses mecanismos de controle social, trabalhando juntamente com outros mecanismos.
Controle Primário:
São os primeiros mecanismos que afetam a vida do indivíduo. Ocorrem nas primeiras instâncias de controle social, que é a Família, onde modelamos nosso comportamento e moldamos nossas ações e pensamentos para passarmos a viver em sociedade.
OBS.: O ESTADO NÃO TEM A FUNÇÃO DE EXERCER O CONTROLE SOCIAL PRIMÁRIO. ELE APENAS ENCAMINHA A CRIANÇA (ÓRFÃ) PARA UM CONSELHO TUTELAR OU ÓRGÃO SIMILAR PARA QUE A MESMA SEJA ADOTADA E REINSERIDA NO AMBIENTE FAMILIAR, OU SEJA, O ESTADO APENAS PRATICA UM PROCESSO DE TRANSIÇÃO.
Controle Secundário: 
É o controle social exercido por instituições sociais, como as Escolas, a Igreja e alguns Clubes, socialização secundária, esta também é um processo de aprendizagem, mas, tal como o nome indica, é secundária. Isto significa que, sofremos este processo quando nos deparamos com novas e diversas situações ao longo da vida e temos de nos adaptar a essas situações. 
Controle social pelo Direito:
Também chamado de Controle Social Terciário, é o mecanismo de controle que atua majoritariamente após o processo completo de formação do indivíduo. O Direito é uma forma de controle social pelo fato do mesmo ser institucionalizado, ou seja , Direito é o processo de institucionalização, sendo o filtro estatal , onde a emissão do Estado de uma norma, acaba a tornando norma jurídica; ser interpretado e aplicado pelo Estado, que detém o monopólio da violência legitimada; gozar do uso e aplicação da sanção, ou seja , tanto a sanção funciona como ameaça (para fazer com que o indivíduo atue de acordo com a norma jurídica) como um instrumento real , que acaba constrangendo o indivíduo.
OBS.1: A FAMÍLIA NÃO SUBSTITUI O PAPEL DA ESCOLA, E A ESCOLA NÃO SUBSTITUI O PAPEL DA FAMÍLIA NA FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO.
OBS.2: POR ESSE CAMINHO, PODEMOS VER QUE HÁ CIRCUNSTÂNCIAS EM QUE, EMBORA NÃO SEJA ESSA A REGRA, O DIREITO NÃO VENHA A SER A ÚLTIMA RATIO. EM SEGUNDO LUGAR, O DIREITO COMO INSTRUMENTO DE CONTROLE SOCIAL É PRIMORDIALMENTE, E NÃO SOMENTE, É CLARO (JÁ QUE FUNCIONA, TAMBÉM, NAS RELAÇÕES SOCIAIS COMO UM TODO), DO ESTADO PARA QUE SE SEJA ESTRUTURADO O CONTROLE DA SOCIEDADE. 
Sanção: É uma consequência prevista pela norma, uma garantia de que o indivíduo vai agir de acordo com a norma, mesmo conceito utilizado pelo Direito, porém a sociologia vê a sanção de forma mais crítica. O objetivo da sanção é limitar a conduta do indivíduo, já que a simples existência da sanção (sanção em potencialidade) condiciona o comportamento do indivíduo.
Sanção Positiva/Premiada: É uma espécie de estímulo ao cumprimento da norma, tendo um objetivo contrário ao da sanção negativa, onde em vez de punir, premia o indivíduo, onde um exemplo de sanção positiva/premiada é a delação/colaboração premiada, o pagamento do IPTU e IPVA até um certo prazo e programas de refinanciamento da dívida pública.
Sanção Negativa: São as sanções que tem como objetivo reprimir ou evitar que certa conduta se repita. São punições que devem ser impostas àqueles que descumprirem outras normas éticas. Existem diversos exemplos de sanções negativas, como a prisão, a multa e a pena de cargos.
Sanções Constritivas: São sanções que tem como objetivo constranger o indivíduo para que o mesmo atenda uma obrigação que ele não fez espontaneamente, sendo um exemplo disso a busca e apreensão.
Sanções Reparatórias: Tem como função reparar um dano causado, tentar restabelecer um status que foi danificado (voltar ao status quo). Há momentos onde é possível reparar por completo o dano causado, podendo ser quantificado (consertar um carro que se chocou em outro, dano material), e há situações onde o dano é irreparável, não é possível a quantificação do dano, ou seja, o judiciário tem como função aplicar uma sanção que seja compensatória, tendo como exemplo o dano moral e os danos à imagem.
Sanções Privativas de Liberdade: É quando, ao descumprir dada norma jurídica, o indivíduo sofrerá uma sanção que causará a privação de liberdade do mesmo, sendo que tais sanções compõem de forma substancial o Direito Penal.
Classificação:
Quanto ao modo de exercício o controle social: pode ser preventivo (quando tem a finalidade de impedir o cometimento do ilícito) ou repressivo (quando já tendo havido o ilícito o Estado atua para cessar a atitude e punir o autor) – aquilo que tem caráter preventivo pode se tornar repressivo como, por exemplo, na alfândega (caráter preventivo) encontra-se uma ilicitude. 
Quanto ao alcance do controle social: pode ser difuso (quando não há o propósito de alcançar público ou individuo definido; ex.: Blitz policial) ou localizado (quando é dirigido a grupos/destinatários específicos; Ex. torcida organizada; skinheads). 
Quanto ao agente: pode ser o Estado (é quem utiliza imediatamente de regras para manter o controle social; Ele chega até a sociedadeatravés de regras e normas) ou a sociedade em geral (o indivíduo em geral é agente de controle, na medida em que reclama e denuncia ilicitudes, por exemplo).
Quanto a forma de alcance pode ser direto (controle social sobre o indivíduo) ou indireto (controle social sobre a instituição).
Direito como um mecanismo de controle social, por quê?
É institucionalizado, pois para que se fale em norma jurídica é necessário que isso passe pelo controle Estatal, até mesmo como uma forma garantia a justiça; isto é, o direito é institucionalizado, porque é definido e estabelecido por uma instituição (o Estado).
Por ser interpretado e aplicado pelo Estado, isto é, o Estado detém a chamada violência legitimada, ou seja, a possibilidade do uso da força; ex.: Para despejar alguém é necessário o auxílio do Estado; em outras palavras, o Estado transforma a norma jurídica abstrata em aplicação concreta.
Em virtude das sanções. Se não houver o cumprimento das normas, haverá consequências. Deve ser definida antes da aplicação da norma, deve possuir prazo de cumprimento mínimo.
10/04/2017
Perspectiva de Análise da Questão Penal: 
Perspectiva Liberal-funcional:
Engloba toda a linha de estudo do Direito Penal, que aponta alguns pontos de crítica a categoria, mas, reconhece sua importância, isto é, não traz um discurso abolicionista; trata-se de um grande guarda-chuva, de modo que iremos encontrar desde as linhas mais tradicionais do Direito Penal, até as novas. Isto é, apesar de fazer inúmeras críticas ao direito penal, acha que, apesar de possuir diversas falha, é necessário à organização da sociedade. As Instituições são pensadas e organizadas de forma democrática, podendo assim garantir a permanência do Direito Penal, onde a punição também dos agentes do Estado pode representar o controle do sistema.
Em outras palavras, o sistema penal seria funcional. Tece críticas ao sistema penal, porém, o entende como necessário, principalmente para a coesão social. Legitima o controle penal. Questão da busca do bem-estar: o direito penal não se justifica caso não seja para se resguardar o bem-estar da sociedade (exemplo: crime de lesão corporal → não funcionava mais → Lei Maria da Penha = característica específica).
Perspectiva Crítica ou Conflitiva: 
Vai incorporar uma linha do Direito Penal que se exige uma leitura contundente do sistema, que esse sistema penal não cabe mais e levanta a partir dessa noção vários elementos que corroboram para que esse entendimento seja um entendimento de que houve erro desde a gênese, até como ele está funcionando. Além de criticar diversos pontos do sistema penal, tem como principal objetivo desconstruir as verdades e afirmações feitas pelo sistema penal, alegando que boa parte do que é retratado pelo sistema penal é uma mentira/farsa. Tal abordagem também diferencia as funções declaradas, que é o que está dito na lei, das funções latentes, que é o que não está dito na lei, mas está presente e existe na prática. 
Faz críticas, ponderações, a:
Ilegitimidade do Poder Punitivo: É dotado de caráter higienista (uma vertente do Direito Penal que funciona como uma limpeza/dedetização social, funcionando de maneira deficitária para as situações que o ladrão não é socialmente caracterizado).
Inexistência do Bem x Mal: É a tentativa de descaracterizar o crime como uma patologia social, pois o crime não é uma doença e sim algo que existe em toda e qualquer sociedade. Reforça a ideia de que o crime tem uma função social, quando é dito que determinado comportamento é um crime, existe uma delimitação, ou seja há uma valoração ou desvaloração da conduta.
Culpabilidade Pessoal: Ao estudar penal, percebemos que o crime é típico (necessita ser uma conduta previamente tipificada), antijurídico (confronta o sistema e a ordem jurídica) e culpável, onde a culpabilidade é analisada individualmente pelo sistema jurídico (Se o indivíduo teve ou não intenção de cometer o crime, por exemplo), não percebendo ou levando em conta nenhum elemento exterior ao indivíduo. A abordagem conflitiva acredita que a culpabilidade deve ser também analisada de forma social (necessidade de considerar aspectos sociais como fatores influentes nos crimes) e não apenas individual.
Impossibilidade da Ressocialização: É a incapacidade do ex-detento de ser ressocializado, pois além do preconceito e exclusão da sociedade, há a falta de oportunidade quando o mesmo termina sua pena, e o sistema carcerário não ressocializa, mas, pune o indivíduo.
Seletividade Penal: É quando se escolhe politicamente o seu âmbito de tutela, o Estado já seleciona intencionalmente quem irá compor sua “clientela”, quem serão seus criminosos. Este “perfil” pode ser reparado no sistema brasileiro, onde a maioria dos detentos são jovens de 18-24 anos, negros e de baixa escolaridade.
O texto de Carolina Grillo, “O Morro e a Pista”, trata-se de uma pesquisa comparativa entre os tráficos em morros e bairros de classe médias na cidade do Rio de Janeiro, com o interesse de compreender as diferenças e as interações entre esses dois mundos. (...) fala bastante da presença da violência no tráfico do morro e rara presença dessa no de “pista”, da diferença do tipo de droga e do tipo de tráfico (o traficante do morro geralmente recebe e trafica cocaína e maconha; no da pista, além dessas, tem a presença de muitas drogas sintéticas vindas, geralmente, da Europa – o que faz com que geralmente esse traficante da pista receba ou vá buscá-la). Outro ponto verbalizado é a questão da imagem, onde enquanto o do morro é visto como bandido, o da pista não. Tal autora finaliza sinalizando que os pontos de união entre ambos os tráficos, além do próprio tráfico em si, são: a geografia carioca e as conexões políticas, que de alguma maneira mantem isso, só que com distinções.
19/04/2017
Antônio Carlos Wolkmer. Introdução ao Pensamento Jurídico Crítico, pp. 184 a 214.
Boaventura de Sousa Santos – O discurso e o Poder: ensaio sobre a sociologia da retórica jurídica, pp.64-78
David Sanchez Rubio – Fazendo e Desfazendo Direitos Humanos - Capítulo III – Paradoxos do Universal, Direitos Humanos e Pluriversalismo de confluências (p.78 – 113)
Pluralismo Jurídico: 
É a ideia de que nossa sociedade é composta de diversos ordenamentos jurídicos (diferente do conceito existente em Teoria Geral do Direito), sendo diversas formas de direito convivendo no mesmo espaço e mesmo tempo. Normas jurídicas diferentes, na mesma sociedade, regulando a mesma situação. É a negação de que o estado seja a fonte única e exclusiva de todo direito. Há a produção de outras formas de regulamentação, geradas por instâncias, corpos intermediários ou organizações sociais providas de certo grau de autonomia e identidade própria. A causa é o caráter injusto e ineficaz do modelo unitário e centralizador do direito. É tolerado no Brasil só na pratica, mas contra lei, como exemplo o das favelas; sociedades indígenas isoladas (se tolera por diferenças de culturas entre povos).
 Grerke diz que toda forma de agregação humana que possui personalidade e autonomia (Pessoa Jurídica) seria uma fonte de produção de Direito (visão corporativista). Escreve algumas obras que fazem uma leitura pluralista e, por essa razão, Reale chega a colocá-lo como o pai do Pluralismo (...). Dizer “olha, fora do Estado possuem corporações com personalidades reais e efetivas capazes de produzir suas próprias regras independente do Estado
 De acordo com Duguit, o sindicato, para poder representar uma classe profissional, deveria ter autonomia jurídica, independente do Estado para poder regular e elaborar normas para a sua classe profissional. Ele não se considera pluralista, mas seu pensamento fora considerado pluralista, porque em várias circunstâncias distintas ele defende a total autonomia normativa dos sindicatos, para que esses, os sindicatos, tivessem total autonomia para reivindicar com efetividade. Isto é, ele acha que para que esse sindicato realmente tenha a possibilidade de “afrontar”o Estado, para que eles tenham real força, eles precisam ser independentes desse, na ideia de Diguit (ele critica, por exemplo, o fato de os sindicatos necessitarem do Estado para validar suas existências).
 Maurice Hauriou escreve sobre o que ele chama de pluralismo institucionalista, onde ele descaracteriza o Estado como fonte única, dizendo que assim como o Estado outras instituições (escolas, igrejas) possuiriam capacidade normativa sem prevalência do Estado, ou seja, em linhas gerais, escreve a respeito do pluralismo institucionalista, porque os Estados é uma das sociedades a produzir normas e que, além dele, o Estado, existem outras estruturas.
 Santti Romano acredita que toda e qualquer forma de produção normativa faz parte do Direito, independentemente de ser ilícito ou não, divergindo dos outros pensadores expoentes do Pluralismo, criando assim o institucionalismo puro. Isto é, o chamado de pluralismo puro, não impõe filtros a definição. Na opinião dele, no que ele defende, todos aqueles modelos que produzem normas.
Antecedentes históricos: 
Boaventura de Sousa Santos crê que o Pluralismo Jurídico não é uma novidade na sociedade, pois em alguns momentos da história já havia o Pluralismo como , por exemplo, na Idade Média, onde havia o sistema normativo dos Nobres (Vassalo/Suserano) , da Igreja e do Rei; nos países colonizados , onde a imposição de uma cultura jurídica não se deu de forma automática , havendo no regime de colonização um processo de absorção da nova forma jurídica; os países revolucionários, pois mesmo com a imposição dos ideais revolucionários , não era possível acabar de uma vez só com o sistema antes vigente (caso da Revolução Russa, que não conseguiu de início acabar com o sistema czarista milenar); e os países não europeus que adotam o sistema de Direito europeu, pois apesar do ordenamento jurídico ser baseado fortemente nos ideais europeus, ainda há forte influência dos valores locais nas relações jurídicas.
OBS.: ELA FALA SOBRE A ÍNDIA, O EGITO E COMMOM LAW. 
Referenciais Teóricos: 
O que embalsa o Pluralismo Jurídico é a Teoria Crítica do Direito, que tem por objetivo principal a crítica ao Direito dogmático, crendo que o Direito não emana apenas do Estado, se utilizando da Dialética Marxista, de que o Direito se origina através de relações entre sociedade e Estado que transformam o Direito.
Pluralismo Jurídico Estatal:
São formas de produção normativa feitas pela sociedade fora do espaço do Estado, mas que de alguma forma, estão sujeitas ao controle estatal pelo Poder Judiciário (Estatutos de Condomínios, por exemplo). É uma fonte do Direito Não Estatal que, no caso, é o Poder Normativo dos Grupos Sociais, pois produzem normas fora do âmbito do Estado, porém sob o crivo do mesmo.
Pluralismo Jurídico Não-Estatal ou Comunitário:
 É a produção de normas fora do âmbito do Estado e que não estão sob a supervisão do Estado e do Poder Judiciário, tendo como exemplo de Pluralismo Não-Estatal Legítimo as normas e comportamentos de certos movimentos sociais (o MST, por exemplo), a economia solidária (quando se cria uma moeda própria para um bairro/comunidade com o intuito de aquecer a economia local com o uso de um capital simbólico) e algumas cidades autônomas como Christiana, na Dinamarca. No recorte do Pluralismo Não-Estatal Ilegítimo estão as organizações criminosas (Yakuza, PCC), as milícias policiais e grupos paramilitares (As FARC).
Pluralismo no Plano Internacional:
Um exemplo de pluralismo no plano internacional é a atual Comunidade Europeia, que é o resultado de um projeto de mais de 50 anos , onde houve o processo de assimilação de algumas características pelos mais diferentes países, havendo a coexistência de um Direito interno próprio de cada país e um Direito Comunitário, que está vigente em toda a Comunidade Europeia, onde caso haja uma antinomia entre esses Direitos, prevalecerá o da Comunidade Europeia, que possui toda uma estrutura institucional própria para o funcionamento da Comunidade (Parlamento Europeu, Banco Europeu, Tribunal Europeu , etc.).
26/04/2017
Pluralismo Conservador e Emancipatório:
Para Wolkmer, Pluralismo Conservador é toda forma de pluralismo e direito produzido pela sociedade que serve ao capitalismo , ou seja , são modelos jurídicos que só servem pra fortalecer o sistema capitalista e gerar o aumento da desigualdade social , tendo como exemplo o processo de descentralização administrativa e a globalização , pois além de facilitar o pluralismo jurídico aumentam também a desigualdade (mercado internacional, relações de emprego e produção, empresas multinacionais/”instituições flutuantes”). 
 Já o Pluralismo Emancipatório para Wolkmer é todo modelo jurídico que tem como fundamento/objetivo a satisfação de necessidades essenciais, sendo um pluralismo comunitário que se legitima por práticas que garantem as necessidades essenciais, através da legitimação dos novos sujeitos sociais, que são sujeitos livres, atuantes e que não estão incluídos pelo Direito (como até algumas décadas atrás o Movimento de Empoderamento Negro e Indígena). Esse pluralismo emancipatório deve estar fundamentado na satisfação das necessidades básicas, ou seja, tudo aquilo que for necessário para a subsistência e sobrevivência digna do indivíduo (alimentação, saúde, educação, etc.) e no estabelecimento de espaços comunitários participativos (conselhos municipais e de bairros), com o intuito de fortalecer a participação da população na vida social e política. 
 Wolkmer também diz que é necessário a ética da autoridade, que é uma ética baseada no respeito das diferenças.
08/05/2017
Maria da Glória Gohn. Novas Teorias dos Movimentos Sociais, pp. 19-58.
Charles Tilly – Movimentos Sociais como Política. Disponível em: http://periodicos.unb.br/index.php/rbcp/article/view/6562/5289
François Houtart – “Os movimentos sociais e a construção de um novo sujeito histórico”.
Movimentos Sociais:
Não há consenso entre os sociólogos sobre o conceito de tal tema. 
Segundo Alain Tourrine, os movimentos sociais são grupos coletivas protagonizadas por sujeitos históricos que giram ou estão em torno de demandas e pautas diversas e buscam acordos políticos. 
Movimento social como ação coletiva: O movimento social necessita ter um sentido de coletividade, não de número, mas sim a ideia de identidade entre os indivíduos que integram este movimento, ou seja, movimento social é uma ação coletiva, pois para que haja um movimento social, deve haver a ação e expressão de desejos, conflitos e buscas de indivíduos que tem o mesmo ideal em comum. 
Os movimentos sociais se dão em ciclos, e se renovam de acordo com cada período de tempo, tendo como exemplo a história do Movimento Negro, Gay e Feminista, que vão se modificando e mantendo-se vivos com o passar do tempo.
Movimento social como sujeitos históricos: São os grupos e identidades coletivas que surgem ao longo da história devido a contextos sociais e históricos que propiciam o seu agregamento em torno da defesa de seus ideais em comum.
Movimentos sociais como conflitos de classe e acordos políticos: Historicamente, é possível concordar que os conflitos de classe tiveram significativa importância nos movimentos sociais, porém, hoje em dia, os movimentos sociais já transcenderam de apenas um conflito de classes, lutando não somente contra o Estado, mas também contra a própria sociedade. Atualmente, os acordos políticos também fazem parte dos movimentos sociais, sendo uma forma de abrirem concessões para satisfazerem os objetivos dos movimentos.
OBS.: DE ACORDO COM ALAIN TOURAINE, OS MOVIMENTOS SOCIAIS SÃO AÇÕES COLETIVAS PELOS QUAIS SUJEITOS HISTÓRICOS PASSAM E TEM COMO OBJETIVO A LUTA DE CLASSES POR DIREITOS SOCIAIS, POLÍTICOS E ECONÔMICOS.
Características dos Movimentos Sociais:
A principal característica dos movimentos sociais é a sua identidade, que corresponde à auto definição do ator social e à sua consciência de pertencer a um grupo ou classe social. Um movimento social só pode seorganizar se essa definição for consciente. Entretanto a formação do movimento precede essa consciência. É o conflito que constitui e organiza o ator.
 Outra característica é a Oposição, que é a ideia do movimento social se colocar contra o status quo definido (geralmente o Estado) com o qual ele discorda e não se vê contemplado, ocasionando sempre no enfrentamento
 Para ser um movimento social, não deve haver caráter institucional, pregando a Não-Institucionalização, não havendo Pessoas Jurídicas, Sedes, Conta Corrente, sendo uma estratégia do movimento social para garantir sua capacidade de enfrentamento.
 O movimento social deve ter uma proposta organizacional, ou seja, não podemos definir o movimento social apenas como um agregado aleatório de indivíduos, sendo necessário elaborarmos estratégias, objetivos e critérios que compõem as Normas de Ação, que tem o intuito de alcançar os seus objetivos. As normas de ação acabam gerando uma figura que se torna uma espécie de liderança do movimento, onde podemos perceber que a linha entre movimentos sociais e movimentos políticos é bastante tênue. A princípio, os movimentos sociais não devem possuir um caráter político como o que houve com o MST.
15/05/2017
Correntes históricas:
Corrente histórico-estrutural: 
Os movimentos sociais denominados de histórico-estruturais vão referir-se as primeiras correntes, também chamados de movimentos sociais clássicos e que têm como protagonistas a classe trabalhadora. São movimentos, que começam a ser identificados como tais a partir do século XIX, coincidem com a consolidação da revolução industrial, isto é, com as demandas exigidas naquela época. O período de maior expressividade dessa corrente foi no final do Século XIX até meados do Século XX (teve papel fundamental até meados dos anos 50), onde hoje ainda há movimentos onde a principal personagem é a classe trabalhadora, porém com menor frequência (os trabalhadores não possuem mais a mesma capacidade de mobilização de antes, além de que a procura por trabalho é muito maior atualmente; um dos impeditivos desses movimentos é que hoje o processo produtivo é pulverizado). 
Características: Em termos de teorias, a marxista e tudo que a segue Gramsci, Trotski, etc.) serão fundamentais para tal corrente; a principal bandeira desses movimentos sociais era as necessidades dos trabalhadores em prol da dignidade e da igualdade, isto é, de melhorias para a classe, despertando nos empregadores e no Estado a necessidade de melhorarem as condições de trabalho.; tais movimentos andaram sempre muito próximos a sindicatos. 
Corrente Cultural-identitária: 
Como o próprio nome também já indica, a tônica principal dessa corrente é a luta pelo reconhecimento de identidade (onde as pessoas que integravam esses movimentos queriam serem reconhecidas e identificadas por suas origens, tendo como exemplos o Movimento Feminista, Imigrantes, Gay e Negro), em um primeiro momento, e, depois, pelos direitos decorrentes disso. Quem faz parte dessa corrente são aqueles sujeitos que, isoladamente, enquanto sujeito social, sempre existiram, mas nunca foram reconhecidos e, diante da necessidade de reconhecimento, se articularam como movimento. 
Essa corrente coincide, também, com um momento muito relevante da filosofia e sociologia francesa que onde os pensadores como Bobbio, Foucault e Hannah Arendt, que discutem sobre o local do homem na sociedade, foram grandes influenciadores.
OBS.: Movimento da contracultura (fora o grande ápice histórico): Boa parte ocorre na França, em razão do chamado maio de 68, onde o reitor de um pequena universidade reprime um movimento em prol de dormitórios mistos, confluindo para adesão da universidade de Sorbonne ao movimento e, logo depois, em um movimento que tomou a França, isto é, uma série de sujeitos sociais que sentiram suas demandas sufocadas encontraram naquele contexto a chance de expor suas necessidades; entende-se que esses reclamantes são filhos da Segunda Grande Guerra exaustos e temorosos com relação a um sociedade, na época, ainda muito conservadora/anacrônica – observamos uma confluência mundial, um grito jovem por liberdade: estudantes no Brasil, primavera de Praga, EUA, Praça Celestial na China, Woodstock (sem esquecer que a arte, como o grafite e a música, fora o grande instrumento de manifestação). 
Corrente organizacional/institucionalista:
Essa terceira corrente surge no final dos anos 80 e anos 90, nos EUA, influenciado pela chamada Escola de Análise econômica do Direito (uma Escola estadunidense que trabalha a relação entre ambos os temas e como, o direito, pode colaborar para a eficiência econômica). Essa Escola passa a defender/sugerir que os movimentos sociais devem ganhar o formato jurídico, institucionalizados, visando através disso recursos econômicos benevolentes, inclusive internacionais (por exemplo, através de uma fundação dinamarquesa X). O que, hoje, conhecemos como ONGs, como o famoso terceiro setor, surgiram aqui, desse impulso institucional. Tendo seu ápice, no Brasil, durante o governo de FHC (95-2002), sendo um modelo jurídico para atender uma necessidade social, onde se administram certos recursos financeiros.
OBS.: PARA A MAIOR PARTE DA DOUTRINA, ONG (ASSIM COMO O ATUAL GREENPEACE E O AFRO REGGAE) NÃO É MOVIMENTO SOCIAL, POIS, UMA CARACTERÍTICA DO MOVIMENTO SOCIAL É A NÃO-INSTITUCIONALIZAÇÃO, ISTO É, O PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO RETIRA A CONDIÇÃO DE MOVIMENTO SOCIAL – POR CAUSA DISSO, MOVIMENTOS COMO O MST E O NEGRO NÃO SE INSTITUCIONALIZARAM, POR ENTENDEREM NECESSIDADE DE MANTER TAL FORMATO.
Movimentos Populares urbanos e rurais:
Estão aqui principalmente os movimentos de luta por terra e moradia, movimentos esses que possuem um solo bastante fértil aqui na Americana Latina. Surgem principalmente nos anos 80 e ganham amplitude nos 90, ao observar a história, nota-se que em concomitância com o processo de redemocratização latino (isto é, o fim de regimes servira de estimulo – observamos, aqui, o surgimento do MST e, mais tarde, o Movimento Sem Teto, e, em países como Chile e Equador, a evidencia de reivindicações indígenas). 
OBS.1: NO BRASIL, HOUVE UMA ENORME MULTIPLICAÇÃO E SUBDIVISÕES DE TAIS MOVIMENTOS. NO RESTO DA AMERICA LATINA OBSERVAMOS ISSO MAIS NA FACE DOS ÍNDIOS. 
OBS.2: A IDEIA DA “NOVA PERIFERIA”, DO “GRITO DOS EXCLUÍDOS” SURGIRAM MUITO FORTE. A LUTA PELA MORADIA NÃO É SÓ PELA QUESTÃO DO TETO, MAS, TAMBÉM POR SAÚDE, EDUCAÇÃO, SANEAMENTO, ETC. JÁ A LUTA PELA TERRA ESTÁ LIGADA PELA QUESTÃO DE RETIRAR A RENDA DA SUA TERRA, NO BRASIL, TEM RELAÇÃO COM A REVISÃO DOS LATIFÚNDIOS QUE SURGIRAM NA ÉPOCA COLONIAL. O MOVIMENTO SEM TERRA, ATUALMENTE, É O MOVIMENTO SOCIAL M AIS CONSOLIDADO (SE MANTÉM HÁ MAIS DE 30 ANOS)
Atualidades:
Movimentos supraestatais:
Hoje temos, cada vez mais, movimentos globais, isto é, que as causas estão ligadas a necessidades de todas as comunidades globais, não se restringindo apenas ao solo de uma Nação, isto é, nada impede que um sujeito na Groelândia lute pela preservação da Amazônia, porque a proteção ambiental é uma necessidade de todos. Na prática, isso resulta em movimentos que nem sempre são realizados através de mobilizações, o modo de atuação tem suas diferenças: campanhas, subsidio de projetos – temos visto o crescimento de movimentos anticapitalistas, como os Black blocks.
OBS.: MOVIMENTOS DE CUNHO RELIGIOSO NÃO PODEM SER CONSIDERADOS MOVIMENTOS SOCIAIS, EM REGRA.
Redes Sociais:
A internet é uma fonte de informação com grande capacidade de repercussão, porém discute-se se a sua influência é benéfica ou prejudicial aos movimentos, o que se sabe é que elas mudam a configuração dos movimentos através do alcance, isto é, a chegada da internet e, consequentemente, das redes sociais, têm tido um impacto direto na agregação e até mesmo desagregação dos movimentos sociais, devido a rápida capacidade de transmissãode informação, gerando uma dúvida sobre a capacidade de agregação dos movimentos sociais, sendo ainda algo a ser estudado pelos sociólogos.
24/05/2017
Ana Lúcia Sabadell, Manual de Sociologia Jurídica (Lição 09)
Sérgio Buarque de Hollanda – Raízes do Brasil (Cap. 05 “O homem Cordial” – pag. 139-161).
Teresa Sales - Raízes da desigualdade social na cultura política brasileira – p. 26-37
Roberto da Matta – A Casa e a Rua: espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil (Cap. 4: Cidadania: a questão da cidadania num universo relacional).
Estratificação Social e Direito:
Direito e Sociologia X Classes Sociais: 
É a discussão da existência das classes sociais em uma sociedade, ou o que proporciona a criação e estabelecimento dessas classes sociais, utilizando o olhar da Sociologia, que é ver a sociedade com diferenças e estratificações, havendo um costumeiro uso da neutralidade do Direito (Direito aplicável para todos os indivíduos).
Estratificação Aberta: São as sociedades onde a mobilidade social é plenamente possível de ser realizada e é necessária para o funcionamento dessas sociedades, tendo como exemplo as sociedades que seguem o regime capitalista (principalmente em países capitalistas subdesenvolvidos), onde os indivíduos têm a capacidade de migrarem de uma área para outra.
Estratificação Fechada: São as sociedades e países que possuem pouca ou nenhuma mobilidade social, tendo como exemplo o regime de castas indiano e os países de religião islâmica.
ABORDAGEM QUALITATIVA - É uma abordagem com base na qualidade atribuída à atividade, sendo uma forma de observação do indivíduo sem considerar aspectos econômicos, havendo apenas uma divisão de classes conflitivas (empregado x empregador), onde você é atribuído a uma classe não pelo seu poder econômico, mas sim por sua função (Um dono de um barzinho é um empregador e um advogado de certa firma é empregado), estando condicionados a exploração/subordinação da força de trabalho. É uma abordagem de base Marxista e generalista.
ABORDAGEM QUANTITATIVA – Oriunda de Weber, como o seu nome diz, há de categorizar as classes principalmente de acordo com o poder econômico dos indivíduos, sendo a forma de estratificação social mais utilizada atualmente, criando a Classe Baixa, Média-Baixa, Média, Média-Alta e Alta (A, B, C, D, E).
DENIFIÇÃO SUBJETIVO-POLÍTICA – É quando e como o indivíduo se reconhece como um membro de determinada classe social, onde, de alguma maneira, o indivíduo assume uma posição na sociedade.
DENIFIÇÃO OBJETIVO-ECONÔMICA – É uma definição de como o indivíduo é reconhecido e categorizado a partir de critérios que tem como ponto principal a questão econômica.
CRITÉRIOS NOVOS – São critérios novos que têm sido utilizados na categorização dos indivíduos e classes, como o Gênero, Idade, Raça e Condição de Saúde (deficiências físicas e/ou mentais), sendo fundamentais para que haja um novo pensamento e olhar diante de certas políticas.
Direito como obstáculo a mudança social:
A ideia inicial é de que o Direito deve ser neutro, mas há episódios na história que mostram que o Direito tanto atua como obstáculos (quando o direito interage com a realidade social ele açambarca com ele questões como a desigualdade, isto é, a diferença da defesa de um sujeito de uma classe social alta para a de um de classe mais abastada) tanto como atua como propulsor de mudanças sociais (sob à luz de uma ruptura dessas desigualdades).
Tendo como exemplos, do direito em posição de obstáculo, a questão do analfabetismo, onde os analfabetos eram excluídos do processo eleitoral e político no Brasil até a CF/88, onde apenas uma pequena minoria tomava as decisões importantes do Brasil; e a norma de proteção de propriedade privada (independentemente de ser produtiva ou não) foi também tratada como um obstáculo, pois eram interpretadas como um Direito Absoluto, cujo caso só foi resolvido com a CF/88 (mudança no quesito da propriedade como Direito absoluto) e o Código Civil de 2002.
Direito como propulsor da mudança social:
Um dos exemplos é a criação da CLT, que é a primeira legislação que reúne determinadas normas para defender certa classe da sociedade, havendo o Princípio da Primazia do Trabalhador, onde em caso de dúvida, o trabalhador será favorecido, onde a Justiça do Trabalho é a mais ágil e eficaz. O Código de Defesa do Consumidor (1990) tem como objetivo colocar o consumidor em posição de equivalência com o comerciante, o ECA (1990) vem para criar todo um sistema de proteção à criança e ao adolescente, o Estatuto do Idoso de 2006 foi uma forma do Estado de criar políticas públicas de caráter protetivo para homens e mulheres de idades avançadas abrangendo diversas áreas do direito e, por fim, o Estatuto da Pessoa de Deficiência que prevê certa proteção aos deficientes – percebemos aqui o direito exercendo o papel de reequilibrar as diferenças sociais.

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