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2 SUMÁRIO MÓDULO I INTRODUÇÃO AO DIREITO AMBIENTAL.............................................4 MÓDULO II POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE...................................23 MODULO III RESPONSABILIDADE AMBIENTAL...................................................87 MÓDULO IV- ESTATUTO DA CIDADE.......................................................................107 MÓDULO V-TUTELA PROCESSUAL AMBIENTAL....................................................116 3 1 MÓDULO I INTRODUÇÃO AO DIREITO AMBIENTAL Conceito e abrangência de meio ambiente Conceito: Legal: Art. 3º, I, Lei 6938/81. Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; Abrangência: • natural: solo, água, ar, fauna, flora, interação dos seres vivos com seu meio. Art. 3º, I Lei 6938/81. • artificial/ urbano: espaço urbano construído que compreende o espaço urbano fechado (conjunto de edificações) e espaço urbano aberto (ruas, praças, espaços livres em geral) Arts. 182 e 183 CRFB/88 e Lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) • cultural: patrimônio, histórico, turístico, paisagístico. CRFB/88 arts 215 e 216 e 216-A (Incluído pela Emenda Constitucional nº 71, de 2012) Modos de ser, fazer, etc. Ex: idioma, cachaça, Pão de Açúcar, Casa de Tiradentes. • trabalho: local de trabalho que deve garantir qualidade de vida, salubridade, segurança; se insere no artificial. Art 200, VIII, CRFB/88. O art 7º da CRFB/88 traz direitos dos trabalhadores que são regidos pelas legislações trabalhistas. STF: reconhece a divisão do meio ambiente em natural, artificial, cultural e do trabalho. Retrospectiva da legislação ambiental nacional Brasil colônia: na época do descobrimento vigoravam em Portugal as Ordenações que tratavam de maneira esparsa do patrimônio natural como propriedade privada. Foram transpostas para o Brasil. 4 Brasil império (1822-1889): o 1º código criminal (1830), p. ex., penalizava o corte ilegal de madeiras. Mas só eram punidos na prática os crimes que atingissem a coroa ou as classes dominantes. Brasil República (1889 - ): CC de 1916 continha normas com fundo ecológico que visavam principalmente a composição de conflitos de vizinhança. anos 1960 - emerge o movimento ecológico e surgem novas leis mais diretamente ligados ao controle da degradação ambiental. Ex: Código Florestal (Lei 4771/65), Estatuto da Terra (Lei 4505/64) 1973 – Foi criada a SEMA (Secretaria Especial do Meio Ambiente) com o Decreto 7.3030/73; Até então a legislação não tutelava o meio ambiente de forma global, mas diluída. O Estado era omisso e a responsabilidade ficava nas mãos do indivíduo. A regra era a irresponsabilidade. anos 1980 – Surgem marcos importantes: Lei 6938/1981 PNMA – Política nacional do Meio Ambiente: é a primeira lei que conceitua meio ambiente. Lei 7347/1985 ACP – Ação Civil Pública CRFB/88 - é a primeira a usar a expressão “meio ambiente”, é chamada “Constituição Verde”.Tem um capitulo próprio (Titulo VIII) para o meio ambiente e vários dispositivos que tratam do assunto: ação popular (art. 5º, LXXIII), normas de competência (art 21, 22, 23, 24 e 30), função sócio ambiental da propriedade (art 182 – urbana e 186 - rural), princípios da atividade econômica (art. 170, VI). Constituições anteriores a de 1988: Desde a CF/34 todas cuidaram do patrimônio histórico, cultural e paisagístico. Desde a CF/46 todas cuidaram da função social da propriedade, mas não visavam proteger o meio ambiente. 5 Protegiam-se separadamente alguns elementos do meio ambiente (água, pesca, florestas) ou matérias relacionadas (saúde, propriedade). Não tratavam do meio ambiente de forma específica e global. A CRFB/88 é a primeira que traz uma proteção autônoma do meio ambiente. após a CRFB/88 – Constituições estaduais e leis orgânicas, Lei 9605/98 (infrações administrativas e penais ambientais), Lei 9985/2000 (SNUC), Lei 12651/2012 (“Novo Código Florestal”), etc. Crítica: Necessidade de sistematização da legislação para evitar conflitos normativos, conflitos com a CRFB/88 das leis anteriores, muitas lacunas. Art. 225 da Constituição Federal de 1988 José Afonso da Silva classifica o art. 225 em: caput – norma matriz § 1º - normas de efetividade Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Comentários • Todos : brasileiros e estrangeiros • têm direito: direito subjetivo = possibilidade que tem uma pessoa de fazer prevalecer em juízo a sua vontade, oponível erga omnes. É completado pela AP art. 5º, LXXIII • ao meio ambiente ecologicamente equilibrado = equilíbrio entre os elementos que compõem a ecologia, meio ambiente não poluído • bem de uso comum do povo: bem difuso, isto é,. de uma coletividade indeterminada • e essencial à sadia qualidade de vida: direito fundamental de 3ª geração (STF – MS 22.164-0-São Paulo) que está fora do Título II CRFB • impondo-se ao Poder Público: Executivo, Legislativo e Judiciário • e à coletividade = sociedade civil = ONGS e OSCIPS 6 • o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações: pacto de solidariedade com a geração que ainda não existe – o Constituinte criou um sujeito de direito indeterminado § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: Comentários A coletividade e o Ministério Público podem exigir a efetividade desse dispositivo pelo Judiciário por meio de AP e ACP. Direito público subjetivo oponível erga omnes I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; Comentários • processos ecológicos essenciais: indispensáveis à sobrevivência humana, como produção de alimentos • manejo ecológico das espécies e ecossistemas: uso dos bens ambientais de forma sustentável II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; Comentários patrimônio genético (de origem animal, vegetal, microbianana) - Lei 11.105/05 sobre OGM III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; Comentários • espaços territoriais especialmente protegidos: é um gênero. São espécies de espços territoriais especialmente protegidos: Unidades de conservação, áreas de preservação permanente e reserva legal, Jardins Botânicos, Jardins Zoológicos, Hortos Florestais, etc 7 • sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei: Podem ser criadas por lei, decreto, portaria, resolução. STF decidiu que somente a alteração e a supressão desses espaços têm que ser feitas por lei stricto sensu – ADI/Medida Liminar 3.540 • vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção: recentemente tentou-se criar uma estrada de rodagem dentro do Parque Nacional de Iguaçu, o que obstado por ACP IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se darápublicidade; Comentários estudo realizado antes do licenciamento ambiental. EPIA/RIMA - Res CONAMA 01/86 Ex: aeroporto, rodovia, ferrovia, etc. STF declarou inconstitucional artigo da Constituição do estado de SC que dispensava o EPIA – ADI 1.086-7-SC V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; Comentários Ex: produção de energia nuclear, emprego de biotecnologias, uso de agrotóxicos VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; Comentários Lei 9394/96 – educação básica (infantil, fundamental e médio) e educação superior Lei 9795/99 instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental VII - proteger a fauna e a flora vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade. Comentários STF julgou procedente ACP sobre proibição da farra do boi no Estado de SC – RE 153.531-8-SC. Julgou inconstitucional uma lei daquele estado que autorizava a 8 realização de brigas de galo – ADI 2.514-7-SC. Afirmou que não se tratavam de manifestações culturais § 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. Comentários mineração causa significativa degradação ambiental - relaciona-se com a responsabilidade civil objetiva § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. Comentários As propriedades privadas que ficam dentro desses biomas ficam sujeitas a um regime especial de proteção STF: essas áreas não se transformaram em bens da União, mas devem respeitar as condições para a preservação ambiental – RE 300.244-9-SC § 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. Comentários Devoluta = devolvida. Durante o período colonial, as terras eram concedidas em sesmarias, sendo devolvidas ao Poder Público pelos sesmeiros que não satisfizessem requisitos exigidos para sua concessão, que eram garantir o uso produtivo da terra. O sistema foi abolido às vésperas da Independência. As ações discriminatórias (judiciais ou administrativas) servem para separar as terras devolutas das propriedades particulares. 9 § 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. Comentários Art. 21. XXIII, d, CF/88 a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa, ou seja, é objetiva Bens Ambientais: natureza jurídica Art. 225 CRFB/88:. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo (...) CC/02: Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. O conceito do CC não se aplica à CRFB/88. JAS: Bens ambientais são uma nova categoria de bens: bens de interesse público: são bens públicos ou bens privados, subordinados a um fim público. O proprietário, seja público ou privado, não pode dispor da qualidade do meio ambiente. Art. 2º, Lei 6938/81 A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio- econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; A expressão “patrimônio público” não significa que é um bem do Estado, mas sim que o Estado atua como um administrador do bem da coletividade, de um direito difuso (de proteção e titularidade coletiva) Direitos ou interesses difusos estão definidos pelo art 81, I, Lei 8078/1990 (o CDC): “os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato”. 10 Significado de direito difuso Justiça ambiental Dilemas éticos ambientais: • antropocentrismo: O homem como centro. Reduz o bem ambiental a valores de ordem econômica (economicocentrismo) ou entende que a proteção do ambiente é garantia da sobrevivência do Homem (antropocentrismo alargado) • ecologia profunda/ ecocentrismo/ biocentrismo: o Homem integra o ambiente. Considera a natureza como valor em si e não como meio para servir ao Homem. Defende a proteção do meio ambiente até contra o Homem, assegurando direito subjetivo de animais e plantas. Ex: HC Chimpanzé - 30 entidades protetoras dos animais, pessoas físicas e Organizações não Governamentais (ONGs) propuseram uma ação em 2011 que pedia a liberdade do chimpanzé Jimmy, uma das principais atrações do Zoológico de Niterói/RJ. O grupo pedia a transferência do chimpanzé para um santuário de primatas no estado de São Paulo, sob a alegação de que Jimmy precisava de espaço e da companhia de sua espécie. Jimmy é conhecido por gostar de pintar telas de arte. Os trabalhos produzidos pelo animal já foram expostos 11 em Niterói. O Tribunal de Justiça do Rio não concedeu habeas corpus ao chimpanzé. O relator do processo argumentou que a lei determina que o habeas corpus somente é cabível para seres humanos, não tendo validade para animais. O STJ considerou que o primata não poderia ser beneficiado pelo habeas corpus porque a constituição brasileira prevê o uso desse instrumento jurídico apenas para seres humanos. Posições éticas adotadas pela Constituição Federal de 1988: • economicocentrismo: em alguns artigos, reconhece o valor econômico do bem ambiental. Exemplos: art. 170, VI – a defesa do meio ambiente como princípio da atividade econômica art. 186 – função sócio-ambiental da propriedade rural • antropocentrismo alargado: O caput do art. 225 reconhece que a proteção do ambiente é garantia da sobrevivência do Homem com a expressão ”todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (...) essencial à sadia qualidade de vida”. • em alguns artigos equilibra-se o antropocentrismo com o biocentrismo, por exemplo: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espéciese ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; (...) § 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. 12 Princípios constitucionais aplicáveis ao direito ambiental Não há uma unidade entre os doutrinadores a respeito dos princípios do direito ambiental. Vejamos alguns deles: • Meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental/ Direito ao meio ambiente equilibrado/ Direito à sadia qualidade de vida: Direito fundamental: embora não esteja no art. 5º da CRFB/88, é reconhecido como direito fundamental de 3ª geração pelo STF, vinculado ao direito à vida e à saúde, sendo, portanto, cláusula pétrea (art. 60, § 4º, IV) Ecologicamente equilibrado: Significa meio ambiente não poluído O equilíbrio buscado não visa à obtenção de um sistema de estabilidade absoluta, em que nada se altere. É um desafio científico, social e político permanente decidir se as mudanças são positivas ou negativas. Ex: a aplicação de um pesticida pode otimizar a produção de alimentos, mas pode provocar a multiplicação intensa de uma espécie animal em relação ao nível anterior de sua população por falta de predadores. Deve- se ter em mente também que a noção de equilíbrio é relativa, pois o ecossistema evolui em função das mudanças climáticas a que a biosfera está sujeita. Sadia qualidade de vida: A qualidade de vida dos países é medida pela ONU anualmente com base, pelo menos, em três fatores: saúde, educação e produto interno bruto. O desequilíbrio dos elementos do meio ambiente pode provocar doenças ou incômodos aos seres humanos. • Prevenção: prevenir = agir antecipadamente A reparação de um dano ambiental é incerta e quando possível é excessivamente onerosa. Muitos danos são irreparáveis sob a ótica da ciência (ex. a extinção de espécies) Aplica-se esse princípio quando o risco é conhecido, há um perigo concreto. Visa evitar o dano ambiental já que as conseqüências são conhecidas pelo licenciamento e avaliações de impacto ambiental. Exemplo de aplicação: sabe-se que a mineração provoca danos irreversíveis ao meio ambiente; por isso exigem-se condicionantes no licenciamento ambiental para reduzi-los. 13 Princípio constitucional implícito (art. 225, § 1º, IV). A expressão “potencialmente” engloba danos certos e incertos. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: (...) IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade. • Precaução: Alguns autores usam como sinônimo precaução e prevenção. Segundo a doutrina majoritária, aplica-se esse princípio quando o risco é desconhecido, há um perigo abstrato ou potencial. Há incerteza científica sobre a potencialidade do dano da atividade. Segundo Paulo Affonso suas características são: • incerteza do dano, dúvida científica – não está bem definido ou é ignorado • ameaça de danos sérios e irreversíveis • obrigatoriedade do controle do risco • as medidas de prevenção devem ser economicamente viáveis • não adiamento das medidas de prevenção (in dubio pro salut ou in dubio pro natura) • tempo razoável de deliberação – deve ser exigido um prazo que permita coleta de informações e sedimentação das reflexões • conciliar prudência e ousadia Como conseqüência de aplicação do princípio devem ser adotadas medidas de precaução. Alguns autores firmam que em casos extremos a atividade pode ser proibida pelo Poder Público até que haja uma evolução cientifica. De acordo com o STJ, esse princípio gera a inversão do ônus da prova, isto é, o empreendedor deve provar que sua atividade não é poluidora ou perigosa. É um princípio constitucional implícito (art. 225, § 1º, IV). A expressão “potencialmente” engloba danos certos e incertos. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: (...) 14 IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade. Exemplos de aplicação: risco de radiações nucleares provocarem leucemia (Alemanha); construção de hidrelétrica e risco de extinção de espécie (EUA); decisão que exigia estudo prévio de impacto ambiental para plantio de soja transgênica (Brasil) Há previsão expressa do princípio da precaução na legislação infraconstitucional. Exemplos: Art. 1º, caput, Lei 11.105/05 – expressão “princípio da precaução” Art. 1o Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a observância do princípio da precaução para a proteção do meio ambiente. Princípio 15 da Declaração do Rio sobre Desenvolvimento Sustentável Princípio 15 Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental. • Usuário-pagador: Paga-se por utilizar recursos ambientais mesmo que não haja dano. Isso evita a hiperexploração do meio ambiente. O usuário dos recursos naturais deve suportar os custos destinados a tornar possível o uso. Exemplo de aplicação: IPTU, ITR – solo tributado Para Machado, esse princípio contém o princípio do poluidor-pagador. Previsto no art. 4º, VII, Lei 6938/81: 15 Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: (...) VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados, e ao usuário, de contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. • Poluidor-pagador Previsto no art. 4º, VII, Lei 6938/81: Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: (...) VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados, e ao usuário, de contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. Inspira-se na teoria econômica segundo a qual os custos sociais externos que acompanham o processo produtivo devem ser internalizados - internalização das externalidades negativas. É um princípio econômico aplicado ao direito ambiental. Obriga o poluidor “a pagar” pela poluição quepode ser causada. O uso de medidas protetivas do meio ambiente não confere o direito de poluir. Exemplo de aplicação: fábrica que produz gazes poluidores tem que colocar filtros. Ainda que tomadas as medidas preventivas, o empreendedor é obrigado à reparação, se houver dano. STJ: se o poluidor fizer a recuperação integral imediata ele está dispensado da indenização pecuniária. • Reparação/responsabilidade Previsto no art. 225, § 3º, CRFB/88: “§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.” Possibilidade de tríplice responsabilização: civil, penal e administrativa. A responsabilidade civil é prevista na parte final do artigo : “obrigação de reparar os danos causados.” As três esferas de responsabilidade são independentes. As três esferas de responsabilidade podem ser aplicadas a pessoas físicas ou jurídicas. 16 Responsabilidade penal – aplicada pelo Judiciário; há um ilícito penal previsto na Lei 9605/98. Responsabilidade civil – aplicada pelo Judiciário; há um dano ambiental. Responsabilidade administrativa – aplicada pela Administração Pública direta ou indireta; há um ilícito administrativo previsto na Lei 9605/98. • Informação Previsto na CRFB/88: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; Previsto na Lei 6938/81: Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento ambiental. (Redação dada pela Lei Complementar nº 140, de 2011) § 1o Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão serão publicados no jornal oficial, bem como em periódico regional ou local de grande circulação, ou em meio eletrônico de comunicação mantido pelo órgão ambiental competente. (Redação dada pela Lei Complementar nº 140, de 2011) Art 6º, § 3º Os órgãos central, setoriais, seccionais e locais mencionados neste artigo deverão fornecer os resultados das análises efetuadas e sua fundamentação, quando solicitados por pessoa legitimamente interessada. Previsto na Lei 10650/2003 que dispõe sobre o acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do Sisnama. Art. 2o Os órgãos e entidades da Administração Pública, direta, indireta e fundacional, integrantes do Sisnama, ficam obrigados a permitir o acesso público aos documentos, expedientes e processos administrativos que tratem de matéria ambiental e a fornecer todas as informações ambientais que estejam sob sua guarda, em meio escrito, visual, sonoro ou eletrônico, especialmente as relativas a: I - qualidade do meio ambiente; (...) 17 § 1o Qualquer indivíduo, independentemente da comprovação de interesse específico, terá acesso às informações de que trata esta Lei, mediante requerimento escrito, no qual assumirá a obrigação de não utilizar as informações colhidas para fins comerciais, sob as penas da lei civil, penal, de direito autoral e de propriedade industrial, assim como de citar as fontes, caso, por qualquer meio, venha a divulgar os aludidos dados. § 2o É assegurado o sigilo comercial, industrial, financeiro ou qualquer outro sigilo protegido por lei, bem como o relativo às comunicações internas dos órgãos e entidades governamentais. (...) Art. 3o Para o atendimento do disposto nesta Lei, as autoridades públicas poderão exigir a prestação periódica de qualquer tipo de informação por parte das entidades privadas, mediante sistema específico a ser implementado por todos os órgãos do Sisnama, sobre os impactos ambientais potenciais e efetivos de suas atividades, independentemente da existência ou necessidade de instauração de qualquer processo administrativo. • Participação: Cooperação entre Estado e sociedade para resolução de problemas ambientais Previsto no Art. 225, caput, CRFB/88 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. A participação pode ocorrer nos âmbitos administrativo, normativo e judiciário. Ex: realização de audiência pública no curso de processo de licenciamento ambiental que demandam estudo prévio de impacto ambiental prevista na RESOLUÇÃO/conama/nº 1/86: Artigo 11 - Respeitado o sigilo industrial, assim solicitando e demonstrando pelo interessado o RIMA será acessível ao público. Suas cópias permanecerão à disposição dos interessados, nos centros de documentação ou bibliotecas da SEMA e do estadual de controle ambiental correspondente, inclusive o período de análise técnica, (...) § 2º - Ao determinar a execução do estudo de impacto ambiental e apresentação do RIMA, o estadual competente ou o IBAMA ou, quando couber o Município, determinará o prazo para recebimento dos comentários a serem feitos pelos órgãos públicos e demais interessados e, sempre que julgar necessário, promoverá a realização de audiência pública para informação sobre o projeto e seus impactos ambientais e discussão do RIMA Ex: processo legislativo - iniciativa popular (art. 61, § 2º, CRFB/88) 18 § 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. Ex: judiciário –art 5º, LXXIII, AP; art. 129, III e § 1º, ACP, ambos da CRFB/88 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: (...) III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; Retrospectiva da legislação ambiental internacional Os efeitos da degradação ambiental extravasam os limites territoriais de um único país. Tramitação dos tratados no Brasil: • Presidente da República celebra – art. 84, VIII, CRFB/88 • Aprovação da Câmara dos Deputados e depois do Senado Federal por decreto legislativo – art. 49,I, CRFB/88 • O tratado é ratificado junto às outras Partes Contratantes (depósito) • Promulgação pelo Executivo por decreto, assinado pelo Presidente da República e subscrito pelo Ministro das Relações Exteriores. • Publicação1972 - Conferência Mundial sobre Meio Ambiente Humano em Estocolmo (Suécia) Foi elaborada a Declaração de Estocolmo que contém 26 princípios. 19 Houve uma divisão em dois blocos de paises: • preservacionistas: defenderam “um basta” na exploração de recursos naturais • desenvolvimentistas: diziam que os paises desenvolvidos haviam esgotados seus recursos naturais e queriam impedir que os países em desenvolvimento obtivessem o desenvolvimento econômico. Nesse grupo se incluía o Brasil. Nessa declaração, o meio ambiente foi considerado um direito fundamental. No ano seguinte o Brasil criou a SEMA (Secretaria Especial do meio Ambiente) 1983 ONU criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento coordenada pela Sra. Brundtland, primeira-ministra da Noruega. 4 anos depois, em 1987, a Comissão apresentou o Relatório Nosso Futuro Comum/ Relatório Brundtland. Esse relatório traz o conceito clássico de desenvolvimento sustentável: “atende as necessidades das presentes gerações sem comprometer as necessidades das futuras gerações”. 1992 Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro, chamada de Cúpula da Terra ou Rio 92 ou Eco 92 Um dos objetivos foi reexaminar a situação ambiental mundial desde 1972. 172 paises participaram. Foi a reunião de chefes de Estado mais significativa. Daí resultaram 4 documentos importantes, dentre outros: • Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento/ Declaração do Rio: tem 27 princípios que norteiam a aplicação do direito ambiental. Alguns princípios da Declaração do Rio são: desenvolvimento sustentável, precaução, informação, participação comunitária, poluidor-pagador, cooperação entre os povos. • Agenda 21: documento programático, ou plano de ação que estabelece metas a serem cumpridas na esfera nacional, regional e local, mas não tem força impositiva. Tem 40 capítulos. • Convenção sobre Biodiversidade ou Diversidade Biológica: apresenta preocupação com a biodiversidade do planeta abarcando inclusive o acesso aos recursos genéticos. • Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima: sua principal meta é minimizar o efeito provocado pela emissão de gazes que provocam o efeito estufa. 20 Adotou-se o princípio da responsabilidade comum, mas diferenciadas: a maior parte desses gases provém de paises industrializados, que devem por isso arcar proporcionalmente com os custos para sua redução. Uma Convenção- Quadro depende de futuras negociações. Os paises que assinaram a convenção passaram a se reunir anualmente, a partir de 1995, para discutir em Conferências das Partes (as COPs). Daí decorreu o Protocolo de Quioto (na COP 3) O Protocolo de Quioto: - foi aprovado em 1997 no Japão - entrou em vigência em 2005, depois que 55 Partes da Convenção o ratificaram. - seu objetivo era reduzir em, no mínimo, 5% os gazes emitidos em 1990 pelos paises desenvolvidos e pelos com economia em transição, nos anos de 2008 a 2012, com metas diferenciadas para cada país, devendo a soma resultar em uma redução de 5%. Os demais países, incluindo o Brasil, foram chamados a adotar medidas necessárias para a redução de suas emissões. O Protocolo permite que paises que não atinjam as metas financiem projetos em paises em desenvolvimento nas áreas de transportes e energias e de proteção de florestas. A COP 19 ocorreu em 11/2013 em Varsóvia (Polônia), com representantes de mais de 190 paises. O objetivo principal da reunião foi buscar de um novo tratado (ou protocolo) que terá de ser assinado por todos os países em 2015, na conferência da França, e entrar em vigor a partir de 2020. O acordo vai obrigar, por força de lei, a redução de emissões de gases poluentes e, com isso, diminuir os impactos da mudança climática. 21 2002 Cúpula Mundial de Desenvolvimento Sustentável ou Rio + 10, realizada em Joanesburgo (África do Sul) Reafirmou as declarações de Estocolmo e do Rio 92 Preocupação com a erradicação da pobreza, com métodos insustentáveis de consumo e produção e esgotamento dos recursos naturais. 2012 A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, realizada na cidade do Rio de Janeiro. A Conferência teve dois temas principais: • A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; • A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável. 22 Competência Constitucional no Direito Ambiental O Brasil é um Estado Federativo. O Poder é uno e indivisível. Cada um dos entes federativos tem parcela de poder e desempenham funções administrativas, legislativas e judiciárias. Arts 21 a 24 e art 30 da CRFB tratam da competência. Competência legislativa/formal/legiferante: o ente federativo - U, E, DF e M - pode produzir leis. Competência administrativa/material: atuação político-administrativa do ente federativo, ou seja, exercem funções governamentais. Competências administrativas exclusivas da União em matéria ambiental. Essa competência é indelegável: Art. 21. Compete à União: IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social; XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações; XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos; XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional; b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais;. c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas; d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; Competências legislativas privativas da União em matéria ambiental: Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito (...) agrário, marítimo (...) II - desapropriação; IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; XIV - populações indígenas; Comentário: Lei 9.433/97 instituiu a Política Nacional dos Recursos Hídricos (PNRH) e a outorga de uso dos recursos hídricos. Comentário: Radioisótopos são usados, p. ex., na medicina nuclear; para definir o tempo de um fóssil com o carbono quatorze; etc. Responsabilidade sobre radioisótopos é da Comissão Nacional de Energia Nuclear Comentário: Responsabilidad e civil objetiva 23 XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;1 Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. Competência administrativa comum em matéria ambiental. Exercício do poder de polícia ambiental que cabe a União, aos Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal. Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; IV - impedira evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural; VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico; XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios; Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.2 Competências legislativas concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal em matéria ambiental. Este artigo não inclui o Município, mas o Município também competência legislativa prevista no art 30. Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito (...) urbanístico; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais proteção do meio ambiente e controle da poluição; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; § 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. § 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. 1 Art. 225, § 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. 2 A Lei Complementar 140/2011 regulamenta o parágrafo único do art 23 da CRFB que trata de competências administrativas. “Art. 3º “Constituem objetivos fundamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no exercício da competência comum a que se refere esta Lei Complementar: (...) III - harmonizar as políticas e ações administrativas para evitar a sobreposição de atuação entre os entes federativos,(...)” Comentário: exceto o que é competência privativa da União conforme art. 22, IV, XII, XXVI Comentário: À União não cabe legislar sobre questões específicas. 24 § 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. § 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. Competências legislativas e administrativas dos Municípios em matéria ambiental: Art. 30. Compete aos Municípios I - legislar sobre assuntos de interesse local; II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. Comentário: A União pode legislar a qualquer tempo. Atenção: a norma editada pela União “suspende a eficácia” e não “revoga”!!! Se a norma editada pela União for retirada (p.ex., declarada inconstitucional), retorna a norma estadual.
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