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Com enorme orgulho assistimos, no fim de semana passada, à competente ação do Comandante e da tripulação da Corveta Barroso no resgate e transporte a salvo para terra de mais de 200 refugiados – homens, mulheres e crianças – que, nas águas do Mediterrâneo, fugiam dos horrores de conflitos fratricidas. Em nenhum momento houve hesitação por parte de nosso pessoal, aí também incluída a Cadeia de Comando, quanto às medidas tomadas, seja na decisão de, cumprindo a Lei do Mar e os ditames humanitários, fazer a rápida aproximação da cena de ação e recolher os refugiados, seja na faina de embarque propriamente dita ou ainda na assistência que foi prestada àqueles que de tudo precisavam: cuidados médicos, agasalhos, alimentação, água e conforto. Ao analisar o ocorrido, constatamos que as ações, que inicialmente pareciam conter uma grande dose de voluntarismo e de improvisação para enfrentar uma circunstância inopinada, caracterizaram, na realidade, padrões de elevado profissionalismo de uma tripulação que, ao bem se preparar para a missão de paz que vai desempenhar no Líbano, acabou mostrando-se capaz de superar uma complexa situação de apoio humanitário. O êxito alcançado foi fruto desse intenso adestramento e, acima de tudo, do elevado espírito marinheiro que deve permear nossas tripulações. Na Ordem do Dia alusiva ao Sesquicentenário da Batalha Naval do Riachuelo, afirmei que a vitória naquela ocasião não foi apenas fruto do destemor de nossos heróis, mas principalmente consequência do esforço de preparação de uma Marinha que, desde seus primórdios, destacou-se por cultivar profundo profissionalismo mesmo em períodos de enormes carências ou inadequações de meios, e que assim continua sendo nos dias de hoje. Foi esse patrimônio de valor e profissionalismo que por certo inspirou aqueles que, na noite do dia 4 de setembro de 2015, escreveram uma bela página da história naval brasileira e nos fizeram renovar a fé nos destinos de nossa querida Marinha. Por algumas horas estivemos todos nós marinheiros, todos nós brasileiros, embarcados na Corveta Barroso torcendo pelo sucesso da faina de resgate. Bravo Zulu, Corveta Barroso e a todos os que concorreram para o final feliz desse episódio! RESGATE DE 220 MIGRANTES NO MAR MEDITERRÂNEO A Corveta Barroso, da Marinha do Brasil, resgatou, no dia 4 de setembro, 220 migrantes no Mar Mediterrâneo. No grupo estavam 94 mulheres, 37 crianças e quatro bebês de colo, muitos deles extremamente debilitados. Cerca de 13h30 no horário de Brasília (18h30 na Itália), o navio encontrava-se navegando a 170 milhas da terra mais próxima, Sicília, Itália, com destino a Beirute (Líbano), quando recebeu um comunicado do Centro de Busca e Salvamento Marítimo (MRCC) italiano, por meio do sistema automático de comunicações do serviço internacional de Busca e Salvamento. O MRCC informou sobre a existência de uma embarcação com risco de afundar com cerca de 400 migrantes, com destino à Europa, e solicitou ao navio brasileiro que se aproximasse da posição, a cerca de 150 milhas da terra mais próxima, Peloponeso, Grécia. A corveta chegou ao local após uma hora de navegação. Dois navios-patrulha italianos de pequeno porte se juntaram à cena de ação e, tendo em vista a impossibilidade de receberem os migrantes a bordo, a Guarda Costeira italiana solicitou o apoio da Marinha do Brasil para o resgate e posterior transporte para o porto italiano de Catânia. O Comandante da Marinha do Brasil prontamente autorizou a prestação do apoio, a fim de salvaguardar a vida daquelas pessoas. Segundo o Capitão de Fragata Alexandre Amendoeira Nunes, comandante do navio, “as pessoas chegaram a bordo da Corveta Barroso debilitadas, com casos de desidratação leve, foram medicadas pela nossa equipe médica de bordo. Inclusive tinha uma senhora com uma fratura no braço e outra grávida. Todos estavam com muita sede. Eles se sentiram muito aliviados, alguns se jogaram no convés da Corveta Barroso em agradecimento. Eles já estavam há sete dias na embarcação, sem perspectiva de chegar talvez com vida à costa da Itália”. “Eu me sinto apenas um cidadão, um servidor da Marinha do Brasil. Sinto muito orgulho do que eu faço na Marinha do Brasil, perante o Brasil. Nada de heroísmo, é apenas a nossa função”, afirmou o comandante Amendoeira. CORVETA BARROSO INTEGRA A FORÇA- TAREFA MARÍTIMA DAS NAÇÕES UNIDAS NO LÍBANO A Corveta Barroso saiu em 8 de agosto do Rio de Janeiro para substituir a Fragata União na Força- Tarefa Marítima das Nações Unidas (FTM-Unifil) no Líbano, a fim de atuar como Navio Capitânia do Comandante da Força-Tarefa, cargo esse exercido por um almirante brasileiro desde 2011, e realizar tarefas de interdição marítima e capacitação da Marinha libanesa. 2 MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS No dia 4 de setembro, a Corveta encontrava-se navegando a 170 milhas da terra mais próxima, Sicília, Itália, com destino a Beirute (Líbano), quando recebeu um comunicado do Centro de Busca e Salvamento Marítimo (MRCC) italiano, por meio do sistema automático de comunicações do serviço internacional de Busca e Salvamento, informando sobre uma embarcação com risco de afundar com cerca de 400 migrantes, com destino à Europa. O comandante prontamente autorizou a prestação do apoio. A Barroso chegou ao local informado, a cerca de 150 milhas da terra mais próxima, Peloponeso, Grécia, após uma hora de navegação. CORVETA BARROSO E FRAGATA UNIÃO SÃO CONDECORADAS A Corveta Barroso e a Fragata União foram condecoradas no dia 14 de setembro, em Beirute – Líbano, com a Ordem do Mérito da Defesa (OMD) e com a Insígnia da Ordem do Rio Branco (ORB). As comendas conferidas à Corveta Barroso materializam o reconhecimento do Ministério da Defesa e do Ministério das Relações Exteriores pelo exemplar desempenho por ocasião do salvamento de 220 imigrantes no Mar Mediterrâneo no último dia 4 de setembro, quando navegava na costa da Sicília – Itália. Já a Fragata União foi agraciada com a Ordem do Mérito da Defesa em reconhecimento pela sua terceira participação na Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil), quando se tornou o navio da MB que mais participou daquela missão. A cerimônia foi presidida pelo Ministro de Estado das Relações Exteriores, Chanceler Mauro Vieira, que realizou a imposição da Insígnia da Ordem do Rio Branco.O Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira, representando o Ministro da Defesa, realizou a imposição da Ordem do Mérito da Defesa. Também esteve presente o Embaixador do Brasil para o Líbano, Jorge Geraldo Kadri; o Subchefe de Operações de Paz do Ministério da Defesa, Brigadeiro do Ar Tarcísio de Aquino Brito Veloso; o Comandante da Força-Tarefa Marítima da Unifil, Contra-Almirante Flavio Macedo Brasil; além de Embaixadores de países amigos sediados no Líbano e representações da Marinha Libanesa e da Unifil. Exercício 1: Escreva um texto com 4 parágrafos de 5 a 7 linhas cada, sendo 1º parágrafo: apresentação do programa UNIFIL + TESE; 2º parágrafo: o problema dos refugiados; 3º parágrafo: a participação da MB no problema dos refugiados; 4º parágrafo: as consequências do salvamento. Dica: faça, pelo menos, 3 frases por parágrafo. Texto 2: Submarino nuclear: segurança e desenvolvimento PEDRO FONSECA JUNIOR Escola Superior de Guerra Introdução O Estado conforme previsto na Constituição Federal tem o dever de assegurar a segurança e o desenvolvimento da sociedade.Segundo a Política Nacional de Defesa (PND), segurança É a condição que permite ao País preservar sua soberania e integridade territorial, promover seus interesses nacionais, livre de pressões e ameaças, e garantir aos cidadãos o exercício de seus direitos e deveres constitucionais. (PND, 2012 p.13) Os países, de uma maneira geral, possuem um sentimento constante de cerco e de ameaça externa, já que o mundo não possui uma governança centralizada, e na anarquia, a segurança é o fim mais importante. Apenas se a sobrevivência for assegurada é que os estados podem com segurança procurar outros objetivos como a tranquilidade, o lucro e o poder. (WALTZ, 2002, p.175) Para Fiori (2014, p.38) isto explica a centralidade da preocupação que manifestam com relação à própria defesa, e também sua permanente preparação para a guerra [...] todos os países que se transformaram em grandes potências capitalistas passaram por longos períodos de guerra ou por guerras extremamente destrutivas. O Brasil não está livre de pressões e ameaças. Para Melo (2015, p. 25) o patrimônio brasileiro é um dos mais ricos do planeta, e “esses ativos estratégicos não estão a salvo da cobiça no futuro”. O ambiente internacional, demanda ações do Estado para preservar sua soberania e integridade territorial, e assim promover e sustentar os interesses nacionais. Desse modo, o Estado deverá pôr em prática “um conjunto de medidas e ações, com ênfase no campo militar, para defesa do território, da soberania e dos interesses nacionais contra ameaças preponderantemente externas, potenciais ou manifestas” (BRASIL, PND, 2012, p.15). Essas medidas e ações são baseadas em dois instrumentos: Forças Armadas e Base Logística de Defesa1. O Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), pelos recursos empregados, é a maior política pública de defesa em desenvolvimento no Brasil 3 MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS e um dos maiores programas do gênero no hemisfério sul. Para o Senador Ferraço, é o maior programa de capacitação industrial e tecnológico da indústria de defesa brasileira. Quero crer um dos maiores programas desenvolvidos inclusive neste momento em todo mundo. Um programa estimado em 21 bilhões de reais e que é estratégico não só para Marinha do Brasil ou para defesa do nosso espaço marítimo, mas também para o fortalecimento da nossa indústria de defesa e para o desenvolvimento científico e tecnológico do nosso país (FERRAÇO, 2014, s.p.). A questão central para reflexão neste trabalho é a contribuição do PROSUB para a sustentação do binômio segurança-desenvolvimento. Esta pesquisa se justifica pela necessidade da sociedade analisar e avaliar as políticas públicas de defesa, por ser a sua maior beneficiária. Diferentemente dos países desenvolvidos, no Brasil quando o tema é defesa, o povo não identifica a sua relevância. A sociedade civil é capaz de influenciar a adoção e o desenvolvimento de políticas públicas, a exemplo do que ocorre com a saúde e a educação. No entanto, dado que vigora uma percepção social do baixo nível de importância da defesa nacional, os governos ficam à vontade para empurrar com a barriga (OLIVEIRA, 2006, s.p.). O artigo decorre de consulta a fontes primárias, levantamento bibliográfico de fontes secundárias, e pesquisas em arquivos públicos e privados. Em paralelo, assistiu-se a diversas conferências ligadas ao tema, visitou-se instalações de interesse e também foram feitas entrevistas com integrantes do PROSUB. O trabalho teve como fundamentação teórica os conceitos de segurança, defesa e políticas públicas. O conceito de segurança já foi anteriormente mencionado. Um conceito para defesa, além do existente na PND, pode-se encontrar também nas Políticas e Temas Especiais do Plano Mais Brasil. A defesa de um país consiste, basicamente, no conjunto das capacidades organizadas, com o objetivo de garantir a segurança do patrimônio natural e social, a dissuasão por meio da capacidade de combate e os compromissos internacionais, que culminam com a manutenção da soberania do estado nacional (BRASIL, 2013, p. 272). As ações de defesa contribuem para a garantia de soberania e também para a construção de uma sociedade livre, justa, solidária e desenvolvida. As políticas públicas são ferramentas utilizadas pelo Estado para mudar a realidade social. Espe- cificamente, as políticas públicas de defesa contribuem sobremaneira com o sentimento de segurança da sociedade, pois garantem a integridade territorial e soberania. O PROSUB, como será visto, não contribui apenas com o sentimento de segurança, integridade territorial e soberania, mas também para o fortalecimento da indústria nacional e o desenvolvimento científico e tecnológico do país. O Programa de Desenvolvimento de Submarino A PND preconiza que “O País deve dispor de meios com capacidade de exercer vigilância, controle e defesa das águas jurisdicionais brasileiras” (BRASIL, PND, 2012, p.17), ou seja ter a capacidade de negar o uso do mar por uma força hostil. Fruto desta orientação a Estratégia Nacional de Defesa (END) (2012) menciona que esta capacidade será obtida através de uma força naval submarina de envergadura, composta de submarinos de propulsão diesel-elétrica e de propulsão nuclear. Para a END Estratégia nacional de defesa é inseparável de estratégia nacional de desenvolvimento. Esta motiva aquela. Aquela fornece escudo para esta. Cada uma reforça as razões da outra. Em ambas, se desperta para a nacionalidade e constrói-se a Nação. (END, 2012, p.23) O documento diz que o Brasil deve se capacitar para projetar e construir os submarinos que garantirão a defesa das águas jurisdicionais. Este desafio, na realidade, significa a formulação de uma política pública voltada para autonomia estratégica e independência tecnológica. A concretização desta política pública de defesa colocará o Brasil em um patamar alcançado por apenas outros seis países: Estados Unidos da América, China, Inglaterra, França, Rússia e Índia. Em certa medida o movimento na direção da independência tecnológica na área nuclear teve início após o término da Segunda Guerra Mundial, quando foram enviadas comitivas paraos EUA, França e Ale- manha, visando fazer acordos para instalação de reatores nucleares em solo brasileiro. Embora tais ações não tenham sido bem sucedidas2 “atribuem-se aos esforços dos integrantes dessas duas comitivas os gêneses dos 4 MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS ideais para o desenvolvimento de tecnologia nuclear, essencialmente nacional” (HENRIQUES, 2011, p.16). A década de 1970 foi promissora para o domínio da tecnologia nuclear. No final de 1976, a Marinha indicou o Capitão-Tenente Othon Luiz Pinheiro da Silva para se especializar na área nuclear no Massachusetts Institute of Technology (CORRÊA, 2010, p.77). No seu regresso, dois anos depois, Othon emitiu um relatório no qual enfatizou que para adquirir a capacidade de construir um submarino nuclear duas etapas precisavam ser vencidas: o domínio do ciclo de enriquecimento do combustível nuclear e a construção de um reator piloto para testes. Em dezembro de 1978, o Alto Comando da Marinha, decidiu inserir na agenda naval um programa para projetar e construir submarino de propulsão nuclear. Essa decisão não foi importante apenas para a Força Naval, mas também para o desenvolvimento científico tecnológico nacional: Assim teve início a saga que se arrasta até os dias de hoje com o Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear (PROSUB). Durante os anos 80 e 90, o Programa Nuclear da Marinha (PNM), por fatores que fogem ao escopo desse trabalho, entrou em estado vegetativo. Até que na primeira década deste século, fatos novos surgiram que mudaram a história do PNM. Kingdon (1995 apud COSTA: CALMON, 2007) elaborou um modelo de análise de política pública, no qual um tema é colocado na agenda quando existe uma convergência de três fluxos: o problema, a solução, e o político. No tema em análise, existiam dois problemas, a descoberta de petróleo em alto mar e a determinação da END de que o Brasil deveria ter uma Força de Submarinos compatível com a sua dimensão geopolítica. A solução a Marinha tem buscado desde a década de 80 do século passado: possuir a capacidade de projetar e construir submarinos. O gargalo estava no fluxo político. Ao tomar posse no Comando da Marinha em março de 2007, o Almirante de Esquadra Júlio Soares de Moura Neto recolocou o projeto de desenvolvimento do submarino nuclear como prioridade da Força Naval. Suas palavras iniciais demonstraram esta postura. Merece menção o Programa Nuclear da Marinha, iniciado em 1979 e que apresenta considerável progresso, mesmo restrito aos recursos da própria Força, com o desenvolvimento de dois projetos: o do ciclo do combustível, empregando ultracentrífugas projetadas no Brasil, o que já se conseguiu; e o desenvolvimento e a prontificação, com tecnologia própria, de uma planta nuclear de geração de energia elétrica, in- cluindo o reator nuclear, o que ainda não está pronto (MOURA NETO, 2007, s.p.). Em julho de 2007, o Presidente Luis Inácio Lula da Silva visitou, a convite do Ministro da Defesa, o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo. Impressionado com a grandeza do programa, o Presi- dente garantiu a liberação de recursos para a Marinha concluir o projeto das instalações de propulsão nuclear para submarinos. Graças a esse recurso foi possível acelerar a obra do Laboratório de Geração de Energia Núcleo Elétrica (LABGENE) e continuar a Usina de Produção do Hexafluoreto de Urânio. Este foi um grande passo para o desenvolvimento científico tecnológico nacional, pois permitiu abrir o caminho para a tão almejada independência na área nuclear. Nesta época, a indústria de armamentos francesa sofria transformações decorrentes do fim da Guerra Fria e da onda neoliberal “que, ao pregar desregulamentação, privatização, abertura de capital das empresas públicas e desengajamento do Estado [...] questionava as próprias bases do sistema de produção de armamentos” (MELO, 2014, p.76). Cabe destacar que as empresas estratégicas francesas eram vistas como os principais polos de excelência e inovação do país (MELO, 2014, p.83). Diante desse quadro o Presidente Sarkozy (2008- 2012) dedicou especial atenção as indústrias de defesa e lançou ambiciosa estratégia de exportações. Sarkozy promoveu parcerias industrias em defesa com potências emergentes, vistas como dinâmicas e com potencial de crescimento e investimento na área. Como idealizadas por Sarkozy, essas parcerias eram fundadas em transferência de tecnologia, formação de mão de obra e capacitação industrial no país de destino. (MELO, 2014, p. 83) Desse modo, surgiu a convergência de interesses entre Brasil e França que culminou com uma parceria estratégica entre os dois países. Além do citado, a França em relação aos outros seis países que projetam e constroem submarinos emprega métodos e processos típicos do Ocidente e de mais fácil absorção pelos engenheiros e técnicos brasileiros; é um fornecedor tradicional de material bélico para o mundo ocidental; estava disposta a vender a tecnologia de projeto de submarinos, excluídos o projeto e a construção do reator e de seus controles; e, em razão do número 5 MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS de submarinos a construir, apresentou vasto programa de nacionalização, com objetivo de aumentar a participação brasileira na produção dos submarinos e pre- parar a base industrial nacional para futuros projetos da mesma natureza. Esses últimos aspectos foram os diferenciais a favor dos franceses (BRASIL, 2013b, p. 19). O Comandante da Marinha, no início de 2008, foi para a Europa, juntamente com os Ministros Nelson Jobim e Mangabeira Unger. Na França tiveram encontros com o Presidente Sarkozy, com o Ministro da Defesa francês Hervè Morin, com representante da Direction Générale de l’Armement (DGA), e com a Direction des Constructions Navales et Services (DCNS). Desse modo, Brasil e França estabeleceram uma parceria estratégica, concretizada em 29 de janeiro pelos respectivos Ministros da Defesa Nelson Jobim e Hervè Morin. Neste dia foi concretizado um acordo relativo à cooperação no domínio da defesa. (FONSECA, 2015, p.71) A implementação dessa política pública de defesa pode ser analisada por diversos ângulos, entre- tanto, este trabalho priorizou aspectos que impactam diretamente no desenvolvimento nacional: transferência de tecnologia3, formação de mão de obra (capacitação de pessoal) e capacitação industrial no país de destino (nacionalização). Transferência de tecnologia (TT) O submarino é considerado o vetor de guerra mais complexo, considerando-se a qualificação da mão de obra empregada, a quantidade de componentes e o seu peso. Isto, em parte, explica o motivo de apenas seis países terem adquirido a capacidade para projetar e construir essa arma. A figura abaixo compara a complexidade tecnológica do submarino com outros armamentos. O submarino nuclear brasileiro (SNBR) não está no topo da curva, porque não será equipado com armamento nuclear. A tecnologia nuclear restringe-se a propulsão devido a compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro. Um fato curioso na figura é a defasagem de tempo para construção. Se um blindado e o SNBR iniciarem o processo simultaneamente, o meio naval demorará, aproximadamente 5 anos a mais para sua prontificação, o que em certa medida comprova a defasagem tecnológica entreos dois vetores de guerra. Para esta análise não deve ser considerado outros fatores tais como restrições de recursos humanos ou financeiros. O ponto fulcral da parceria com a França é a transferência de tecnologia para projetar e construir submarinos. Para tanto diversos contratos foram assinados totalizando a quantia de € 3.283.433.000,00 ou R$ 13.270.400.000,00 ao câmbio de dezenove de março de 20164. O contrato 6 prevê TT para: construção de submarinos; projeto de submarinos; projeto e construção do Estaleiro e Base Naval. São obrigações contratuais da DCNS: transferir conhecimentos, transferir informações, prestar serviços de assistência técnica e ensinar como fazer. As TT são operacionalizadas de três maneiras: transferência direta (conhecimento passado diretamente na ponta da linha), cursos e “On-the-Job-Training”5, 6 MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS como foi o caso das seções mais avante do primeiro submarino, construídas na França. Para Hirschfeld (2014, apud FONSECA, 2015, p.88), a expectativa ao final do processo de transferência de tecnologia é que o Brasil adquira capacitações para: a) projetar e construir submarinos (convencionais e nucleares); b) projetar e construir bases e estaleiros navais; c) projetar e manter sistemas de combate; d) manter sistema SONAR; e e) produzir equipamentos e sistemas. Percebe-se na fala de Hirschfeld que técnicos brasileiros, não somente os de Marinha, estarão adquirindo capacitações, o que é uma demonstração inequívoca de que o Programa tem potencial para influenciar diversos setores do desenvolvimento nacional. Capacitação de pessoal Segundo o Coordenador-Geral do PROSUB (2014, apud FONSECA, 2015, p.87) aproximadamente trezentos engenheiros e técnicos já foram enviados à diversas locais na França. Para Cherbourg, foram duzentos e trinta e oito (Marinha do Brasil, Nuclebrás Equipamentos Pesados e Itaguaí Construções Navais), para receberem os conhecimentos de construção e detalhamento de submarino. Lorient recebeu trinta e um oficiais engenheiros navais para aprenderem a projetar submarinos. Os ensinamentos para construir tubos lançadores de torpedo foram transmitidos em Ruelle e nesse caso apenas para um oficial e um técnico. Em Toulon, seis oficiais e oito engenheiros da Fundação Ezute receberam conhecimentos de sistema de combate para submarino. Já em Saint Tropez a TT do sistema lançador do Torpedo F-21 foi para dois oficiais. Finalmente, em Sophia-Antipolis, dois oficiais receberam conhecimentos do sistema do sonar. Em palestra para a Comissão de Relações Internacionais e Defesa Nacional (CREDEN) do Con- gresso Nacional, o Coordenador-Geral do PROSUB mencionou que os conhecimentos transmitidos pela França para a capacitação dos engenheiros brasileiros em projetar e construir os submarinos convencionais (S-BR) serão fundamentais para o desenvolvimento do projeto do submarino de propulsão nuclear (SN-BR), pois neste a Marinha do Brasil é a autoridade responsável. A DCNS acompanhará todo o processo, exceto na parte da propulsão. Muitos conhecimentos estão sendo absorvidos pelos engenheiros brasileiros tais como: a) concepção geral: arranjos gerais, compartimentagem, casco resistente, propulsão, choques, ruído e vibração; b) ferramentas de concepção: cálculo de pesos, estabilidade, índice de vulnerabilidade, compatibilidade eletromagnética, assinaturas; c) interfaces entre instalações; d) hidrodinâmica, incluindo a realização de ensaios; e) concepção do casco resistente; f) concepção das instalações mecânicas e elétricas; g) concepção da propulsão, excluindo-se a instalação nuclear; h) sistema de combate: sistemas de detecção e sistemas de armas; e i) apoio logístico integrado (ALI)6: confiabilidade e disponibilidade. Especificamente para a construção estão sendo absorvidos os seguintes conhecimentos: a) planejamento, gerenciamento e coordenação da construção; b) estratégia de construção; c) requisitos necessários para as oficinas de construção; d) elaboração do projeto e dos desenhos de fabricação; e) exigências de qualificação de recursos humanos; f) construção do casco resistente; g) gerenciamento da qualidade; h) qualificação do pessoal e dos processos; e i) programas de computador: interfaces entre os programas utilizados pela indústria francesa e aquele utilizado pela Marinha do Brasil. A expectativa é que em futuro próximo, o Brasil seja capaz de projetar e construir de maneira autóctone seus submarinos, o significará autonomia estratégica e independência tecnológica. É mister considerar também que a capacitação adquirida possibilitará a realização de outros empreendimentos tão ou mais complexos, inclusive com transbordamento para outras áreas industriais tais como óleo e gás, construção naval etc. Nacionalização Os contratos comerciais 1A e 2A7 estão associados ao Programa de Nacionalização da Produção (PNP), que visa à capacitação para desenvolvimento, produção e manutenção de equipamentos e sistemas relativos aos submarinos convencionais e ao nuclear (BRASIL, 2013b). Para Fonseca (2015, p.121), “nacionalizar é capacitar o parque industrial brasileiro para: fabricar sistemas, equipamentos e componentes; treinar pessoal para o desenvolvimento e integração de softwares específicos; e dar suporte técnico às empresas durante a fabricação dos itens”. Com essa capacitação o Brasil poderá dar continuidade à fabricação de submarinos e atingir a autossuficiência tecnológica condizente com o preconizado na Estratégia Nacional de Defesa. 7 MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS A nacionalização no PROSUB é um processo complexo fruto da dimensão do programa, do seu ineditismo – construção do primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear – e diversidade de atores en- volvidos, públicos e privados. Enfim, é um empreendimento cujas características técnicas e construtivas desafiadoras configuram o “Estado da Arte” da Engenharia Naval nacional. Para esse processo foram, segundo Talon e Cavalcanti (2014), seguidas algumas premissas: a) reduzir gradualmente a compra de serviços e de produtos acabados no exterior; b) buscar, a longo prazo, a nacionalização completa de todas as peças, componentes, partes, sistemas e serviços; c) obter alta confiabilidade e segurança nos itens nacionalizados; d) envolver a participação de universidades e/ou instituições científicas e tecnológicas nacionais, a própria Marinha, além da indústria selecionada, para possibilitar a continuidade do desenvolvimento da tecnologia de interesse; e e) englobar, sempre que possível, a tecnologia de projeto, a tecnologia de fabricação e a tecnologia de manutenção. Segundo a TechnoNews, na edição de outubro de 20148, 54 projetos de nacionalização da cadeia produtiva estavam em andamento, dos quais 20 já tinham sido aprovados pela Marinha, destacando-se o Sistema de Combate (SC) desenvolvido pela Fundação Ezute; o Sistema de Gerenciamento Integrado da Plataforma, desenvolvido pela Mectron; e os Consoles Multifuncionais do Sistema de Combate. O de- senvolvimento desses sistemas é acompanhado por equipe técnica da Diretoria de Sistemas de Armas da Marinha (DSAM). É importante mencionar que, existindo equipamentos similares no mercado nacional ou que as indústrias tenham capacidade de produzir, a prioridadede aquisição será para empresas brasileiras. Segundo Talon9 Para as empresas brasileiras que produzem determinado equipamento semelhante ou similar ao equipamento do submarino, mas que não atende completamente aos requisitos necessários ao projeto do S-BR, a DCNS tem por obrigação contratual transferir a tecnologia e o conhecimento para estas indústrias. [...]no programa da nacionalização, o fundamental é que, ao final do processo, as empresas brasileiras sejam autônomas e independentes na fabricação para, no futuro, suprirem a demanda da Marinha para a manutenção e/ou construção de submarinos. Mais uma vez fica claro, nas palavras do gerente de nacionalização do S-BR, que o Brasil busca a grandeza, a independência tecnológica. E é essa perfomance que a sociedade brasileira deve esperar de um programa com tamanha magnitude. O quadro abaixo classifica diversos setores da indústria brasileira segundo a intensidade tecnológica. Baseado no QUADRO 1, foi elaborado o QUADRO 2 onde classificou-se 41 empresas envolvidas no PROSUB. As empresas citadas fazem parte de uma amostragem já que não é possível ter acesso a todas envolvidas no Programa. As que constam do quadro participam da fabricação do casco resistente, estrutura externa não resistente, estrutura interna não resistente, estruturas isoladas, isolamentos, sistema elétrico, propulsão principal, segurança de 8 MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS imersão, segurança específica, servidão, habitações, sistema de detecção de superfície, sistema de mastros içáveis, sonar, gerenciamento do sistema de combate, sistema de contra medidas, sistemas de armas, comunicação interna e sistema de gerenciamento do navio. O quadro mostra que mais de 50% das empresas selecionadas são de média-alta e alta tecnologia, o que é coerente com a complexidade do projeto. O quadro também nos leva a refletir que, dependendo da vontade política, o Pais pode vir a ser um ícone em futuros projetos de construção de submarinos, com um parque industrial no estado da arte. É mister considerar que a seleção das empresas segue a uma lógica própria, na qual participam a Marinha e a DCNS, conforme o fluxo mostrado na figura abaixo. Considerações finais Por diversos motivos, no Brasil, a reflexão sobre políticas públicas de defesa não tem o mesmo apelo que as de saúde e educação, por exemplo. A defesa está para uma nação assim como um plano de saúde está para o indivíduo, o ideal é as capacitações não sejam empregadas, entretanto não deve ser questionado a sua importância. O desenvolvimento econômico para Sandroni (1999, p.169) é o “crescimento econômico (aumento do Produto Nacional Bruto per capita) acompanhado pela melhoria do padrão de vida da população e por alterações fundamentais na estrutura de sua economia”. O crescimento econômico e a melhoria do padrão de vida da população, com segurança, somente serão possíveis se o Estado possuir uma capacidade de defesa a altura de sua estatura geopolítica. Assim sendo a nação ficará livre da cobiça de outra (s) unidade (s) política (s) por seus ativos estratégicos. O PROSUB provoca reflexões na sociedade brasileira. A necessidade de importar tecnologia, capacitar pessoal e nacionalizar demonstra atraso para projetar e construir submarinos. Por outro lado, nenhuma empresa (no caso a DCNS) estabelece contrato deste porte, sem que a outra parte tenha capacidade de absorver os conhecimentos necessários para o desenvolvimento do projeto. Um outro aspecto a considerar é que o Brasil se capacitando para desenvolver um programa de tamanha complexidade, logicamente estará capacitado para realizar outros com menor valor agregado como é o caso de navios de superfície. Um fato importante a considerar que a tecnologia que está sendo transmitida certamente poderá ser empregada em outros projetos de caráter naval ou não. Alguns exemplos podem ser citados: a Shuller brasileira fez uma prensa de 8 mil toneladas após receber orientação dos franceses, que é uma das maiores do mundo; no Estaleiro Enseada de Paraguaçu, em Maragogipe, Bahia, a Odebrecht utilizou muito do aprendizado no PROSUB-EBN, ao deslocar uma parte da equipe que trabalhou na obra de Itaguaí para atuar no projeto de Paraguaçu; a Micromazza, localizada no município de Vila Flores (RS), foi selecionada e capacitada pela DCNS para produzir as válvulas com base no projeto original dos submarinos, técnicos brasileiros foram para a empresa Issartel, na França, os conhecimentos adquiridos poderão ser usados para a 9 MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS fabricação de válvulas de alta pressão de plataformas de exploração de petróleo em alto mar. Segundo o Nomar nº 885, de janeiro de 201610, A produção, pelas empresas brasileiras, de peças, equipamentos, materiais e sistemas, que façam parte do pacote de material nacional dos submarinos convencionais previstos no PROSUB, permite que, ao final do processo de nacionalização, elas sejam capazes de produzir material de forma independente e autônoma. Muitos desses materiais têm uso dual, podendo ser empregados em outros setores da indústria. Desse modo não resta dúvida que o PROSUB contribui para o desenvolvimento nacional, entretanto se não houver vontade política para o seu prosseguimento, assim como a implementação de novos programas, os conhecimentos obtidos ficarão obsoletos em curto espaço de tempo. Enfim, o trabalho procurou mostrar que o Estado brasileiro, através da Marinha do Brasil, tem capacidade para ser empreendedor e assumir riscos ao se envolver em projeto de tamanha complexidade tecnológica. Referências Bibliográficas BRASIL. Presidência da República. 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Para tal, é realizada uma análise quantitativa e qualitativa de tais eventos, com o objetivo de ressaltar a importância do combate a tal conduta delitiva. A pirataria marítima é fenômeno de grande preocupação na comunidade internacional, dados os enormes prejuízos à economia internacional, que arca com gastos que vão desde o pagamento de vultuosos resgates para soltura das vítimas e navios objeto de sequestros, passando pelo efetivo combate ao fenômeno, com emprego de armas militares de última geração, chegando até o aumento dos valores dos contratos de seguro marítimo e, consequentemente, dos produtos transportados pelo modal aquaviário, bem como as graves violações dos direitos humanos dos trabalhadores marítimos, vítimas das mais diversas e cruéis formas de violência. Em plena era de grande desenvolvimento na áreas de energia, com a descoberta do pré-sal, e tecnologia, a pirataria marítima se apresenta como um desafio para a ordem internacional, visto que esta prática delitiva é responsável por grandes prejuízos à economia mundial, bem como por graves violações aos direitos humanos de suas vítimas, que são submetidas à violência extrema. Para o melhor entendimento sobre a questão, faz-se imperioso discorrer sobre o conceito de pirataria marítima que, apesar de normatizado, gera grande discussões a respeito de sua abrangência, bem como das espécies de atos piratescos e modus operandi. Após é realizada uma análise a respeito do impacto desses atos na economia mundial, bem como em relação aos direitos humanos das vítimas afetadas pela pirataria. Por derradeiro, verifica-se que tal prática delitiva representa grande preocupação para a sociedade global, merecendo, destarte, especial atenção quando do tratamento da temática do combate ao fenômeno da pirataria marítima, sendo necessário que a comunidade internacional repense suas atitudes quando do enfrentamento do tema. 2. CONCEITO DE PIRATARIA MARÍTIMA A pirataria marítima, definida hoje como ato ilícito, nem sempre teve esta conotação: [...] pirataria era entendida principalmente como um ato de guerra, quando navios, comandantes e tripulações estavam sob a licença (‘Carta de Marque’) ou os auspícios de um monarca ou governo para atacar e pilhar a frota de um Estado competidor numa dada rota comercial considerada monopólio para a aquisição de especiarias, tecidos, minerais nobres e presas de animais apreciados pelos artesãos europeus. Adicione-se o fato de que o ato constituía-se de pirataria em qualquer porção do espaço marítimo, fosse realizado em alto-mar ou não (CALIXTO, 2006, p. 202-203). O conceito de pirataria perdeu hodiernamente seu caráter de ato com participação estatal, passando a ter como essência a finalidade privada, não se confundindo, portanto, com o corso, que contava com intervenção de um Estado que autorizava sua prática e dela se beneficiava. A doutrina conceitua pirataria como “o saque, a depredação ou o apresamento de navio, geralmente sob violência, e com fins privados” (MARTINS, 2008, p. 82), ou mesmo como “qualquer roubo ou outro ato de violência, com fins privados e sem autorização de autoridade pública, cometido em mares ou no espaço aéreo localizados fora da jurisdição de qualquer Estado” (JENKINS, 2013). Entretanto, conforme será exposto mais adiante, quando da análise dos tipos relativos aos atos de pirataria, não apenas atos violentos configuram o fenômeno ora estudado, mas 11 MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS também quaisquer atos de auxílio ou instigação a esta prática. A Convenção sobre o Alto-Mar de 1958 dispôs sobre os atos de pirataria, em seu artigo 15º, o seguinte: [...] Constituem pirataria os actos a seguir enumerados: 1) Todo o acto ilegítimo de violência, de detenção ou toda a depredação cometida para fins pessoais pela tripulação ou passageiros de um navio privado ou de uma aeronave privada, e dirigidos: a) No alto mar, contra um outro navio ou aeronave, ou contra pessoas e bens a seu bordo; b) Contra um navio ou aeronave, pessoas ou bens, em local fora da jurisdição de qualquer Estado. 2) Todos os actos de participação voluntária para utilização de um navio ou de uma aeronave, quando aquele que os comete tem conhecimento de factos que conferem a este navio ou a esta aeronaveo carácter de navio ou aeronave pirata. 3) Toda a acção tendo por fim incitar a cometer os actos definidos nas alíneas 1) e 2) do presente artigo ou empreendida com a intenção de os facilitar. Tal texto, bem como outros regramentos sobre o tema, foi repetido integralmente na Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar (CNUDM III), de 1982, também conhecida como Convenção de Montego Bay, que em seu art. 101 define quais atos são considerados de pirataria, in verbis: [...] Constituem pirataria quaisquer dos seguintes atos: a) ato ilícito de violência ou de detenção ou todo ato de depredação cometidos, para fins privados, pela tripulação ou pelos passageiros de um navio ou de uma aeronave privados, e dirigidos contra: i) um navio ou uma aeronave em alto mar ou pessoas ou bens a bordo dos mesmos; ii) um navio ou uma aeronave, pessoas ou bens em lugar não submetido à jurisdição de algum Estado; b) todo ato de participação voluntária na utilização de um navio ou de uma aeronave, quando aquele que o pratica tenha conhecimento de fatos que dêem a esse navio ou a essa aeronave o caráter de navio ou aeronave pirata; c) toda a ação que tenha por fim incitar ou ajudar intencionalmente a cometer um dos atos enunciados nas alíneas a) ou b). Dessa forma, pode-se conceituar pirataria marítima como o cometimento, participação, induzimento ou instigação, de ato ilícito danoso praticado com fins privados e sem a autorização de autoridade pública, perpetrados pela tripulação ou passageiros de um navio contra navio ou pessoas localizados fora da jurisdição de algum Estado. Diante de tal conceito, pode-se identificar três elementos que devem ser avaliados quando da análise de atos de pirataria: O objeto do ato deve ser um navio, aeronave ou passageiros/tripulantes destes veículos. O critério geográfico, por sua vez, estipula que o crime tem que ser perpetrado em alto mar ou em lugar onde não haja a jurisdição de um estado. Por este critério, deixariam de ser considerados todos os atos cometidos nas águas interiores, mar territorial e zona econômica exclusiva (ZEE). [data venia, a rigor, a jurisdição é exercida somente no mar territorial e águas interiores, onde o Estado atua na plenitude do uso de seus poderes, visto que a zona contígua destina-se apenas à fiscalização, um preparo para a entrada no navio no mar territorial, assim como na zona econômica exclusiva há somente o monopólio da exploração de recursos naturais, quer sejam de natureza animal (pesca), quer sejam de natureza mineral (por exemplo petróleo)] Os dois primeiros critérios — objeto e localização — são objetivos. Entretanto, a finalidade é subjetiva por natureza, podendo comportar diferentes interpretações. Por exemplo, não há consenso entre os juristas se o animus furandi, a intenção de roubar, é elemento necessário ou se atos de insurgentes procurando derrubar seu governo devem ficar fora da definição. A jurisprudência das cortes nos Estados Unidos da América e Reino Unido têm adotado que qualquer ato não autorizado de violência cometido no alto mar é pirataria (CANINAS, 2009, p. 106). Diante de tal dispositivo legal há que identificar três tipos de ato de pirataria: pirataria propriamente dita, participação na pirataria e instigação ou auxílio à pirataria. O primeiro tipo tem como elementos característicos: a violência, seja física (depredação) ou moral (mera ameaça), sendo frequente o uso da primeira, dadas as proporções dos meios de transporte das vítimas (navios); e os fins privados, visto que não se confundem os atos de pirataria com atos típicos do poder de império de Estado (presa bélica, captura e apreensão). Os atos de pirataria referem-se às presas piratescas: Denomina-se presa todo ato de depredação, praticado no mar por homens que o percorrem roubando, à mão armada, navios de qualquer nação. Diz respeito, principalmente, ao arrebatamento do navio ou à carga por piratas. É o ato de pirataria (GIBERTONI, 2005, p. 234). O segundo tipo refere-se à participação na pirataria, segundo o qual não se faz necessária para a caracterização do tipo o elemento da violência, mas sim, apenas, o conhecimento do uso do navio para cometimento de atos de pirataria. Tal espécie é usualmente cometida pela tripulação dos motherships3 que não praticam propriamente os atos de violência contra as vítimas de pirataria, mas que tem conhecimento do uso das embarcações para tal fim. O último tipo faz menção à instigação ou auxílio à pirataria. Incitar refere- se ao ato de instigar, reforçar a ideia de cometer as condutas descritas nas alíneas a ou b do mencionado dispositivo legal. Auxiliar é a prestação de ajuda material à prática dos citados atos, como por exemplo os piratas que atuam como assistentes de artilharia, no 12 MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS recarregamento das RPGs4 utilizadas nos ataques às vítimas. São equiparados a esses atos os cometidos por navios de guerra na hipótese prevista no art. 102 da CNUDM III, in verbis: Os atos de pirataria definidos no Artigo 101, perpetrados por um navio de guerra, um navio de Estado ou uma aeronave de Estado, cuja tripulação se tenha amotinado e apoderado do navio ou aeronave, são equiparados a atos cometidos por um navio ou aeronave privados. Vale ressaltar que todos esses atos descritos na CNUDM III, para que possam configurar pirataria, hão de ser praticados em lugar não submetido à jurisdição de um Estado, sob pena de serem considerados outros tipos penais previstos na legislação interna de tal Estado, delitos estes classificados pela Organização Marítima Internacional (International Martime Organization – IMO) como roubo armado contra navios (armed robbery against ships), conforme dispõe o item 2.2 do Anexo Code of Practice for the Investigation of Crimes of Piracy and Armed Robbery against ships da sua Resolução A.922(22): ‘Roubo armado contra navios’ significa qualquer ato ilícito de violência ou de detenção ou qualquer ato de depredação, ou ameaça, não tipificado como ato de pirataria, dirigido contra um navio ou contra pessoas ou bens a bordo de um navio dentro da jurisdição do Estado sobre tais infrações. Faz-se mister ainda mencionar que tal assunto é também disciplinado na Convenção para Supressão de Atos Ilícitos contra a Segurança da Navegação Marítima (SUA Convention), que em seu artigo 3º disciplina que: 1. Qualquer pessoa comete delito se, ilícita e intencionalmente: (a) sequestar ou exercer controle sobre um navio, pela força ou ameaça de força ou por qualquer outra forma de intimidação; ou (b) praticar ato de violência contra pessoa a bordo de um navio, se esse ato for capaz de pôr em perigo a navegação segura desse navio; ou (c) destruir um navio ou causar dano a um navio ou à sua carga e esse ato for capaz de pôr em perigo a navegação segura desse navio; ou (d) colocar ou mandar colocar em um navio, por qualquer meio, dispositivo ou substância capaz de destruí-lo ou causar dano a esse navio ou à sua carga, e esse ato puser em perigo ou for capaz de pôr em perigo a navegação segura desse navio; ou (e) destruir ou danificar seriamente instalações de navegação marítima ou interferir seriamente em seu funcionamento, se qualquer desses atos for capaz de pôr em perigo a navegação segura do navio; ou (f) fornecer informações que sabe serem falsas, dessa forma pondo em perigo a navegação segura de um navio; ou (g) ferir ou matar qualquer pessoa, em conexão coma prática ou tentativa de prática de qualquer dos delitos previstos nas letras (a) a (f). 2. Qualquer pessoa também comete delito se: (a) tentar cometer qualquer dos delitos previstos no parágrafo 1; ou (b) ajudar na prática de qualquer dos delitos previstos no parágrafo 1, cometido por qualquer pessoa, ou for, de outra forma, cúmplice de pessoa que cometa tal delito; ou (c) ameaçar, com ou sem condição, conforme disposto na lei nacional, com o objetivo de compelir pessoa física ou jurídica a praticar ou deixar de praticar qualquer ato, cometer qualquer dos delitos previstos no parágrafo 1, letras (b), (c) e (e), se essa ameaça for capaz de pôr em perigo a navegação segura do navio em questão. A SUA Convention, também conhecida como Convenção de Roma de 1988, foi criada com a finalidade de suprir a anomia existente na CNUDM no sentido de ser elemento da pirataria o fim privado do ato, dessa forma, não integrando o tipo condutas baseadas em outros fins, como por exemplo, políticos e religiosos. Como se depreende, a Convenção de Roma de 1988, veio superar a lacuna da CNUDM ao não cobrir atos políticos ilícitos em suas definições sobre pirataria, superando, bem assim, a necessidade do envolvimento de dois navios para caracterizar o ato. Ao generalizar a ofensa ou a ilicitude, as disposições do tratado de Roma se aplicam tanto aos atos terroristas marítimos – privados ou políticos – quanto à pirataria marítima. (CALIXTO, 2006, p. 223) Todavia, vale ressaltar que os atos de terrorismo marítimo não se confundem com os de pirataria marítima, dada a finalidade privada destes, que são o objeto da presente obra. 3. ESPÉCIES DE PIRATARIA O International Maritime Bureau (IMB) disciplina que há três dimensões de atos de pirataria: o Low-Level Armed Robbery (LLAR), o Meddium-Level Armed Assault and Robbery (MLAAR), e o Major Criminal Hijack (MCHJ) (SARAMAGO, 2009). 3.1. LOW-LEVEL ARMED ROBBERY Refere-se à modalidade mais simples de pirataria, sem destruição de partes do navio ou mesmo sequestro da tripulação, e com menor rentabilidade para os agentes, visto que consiste muitas vezes em pequenos roubos ou furtos. O ‘Low-Level Armed Robbery’ é o nível mais baixo da pirataria, no qual os piratas assaltam o navio e a tripulação e fogem, sendo um dos romoves do assalto o cofre do navio. Estes tipos de ataques ocorrem, normalmente, enquanto o navio está no porto ou no ancoradouro, sucedendo-se, normalmente à noite. Ocasionalmente, contudo raramente, o navio é levado para venda. (SARAMAGO, 2009) Vale ressaltar que é comum o enquadramento de tal delito no conceito de armed robbery against ships, dado o fato de ocorrer com maior frequência em portos, área de jurisdição do Estado em que se situa o porto. Como exemplo, pode ser citado o evento ocorrido no dia 16 de outubro de 20125, em Conakry, na Guiné, em que 13 MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS seis assaltantes embarcaram em um navio cargueiro ancorado, furtando carga armazenada em contêineres. A tripulação ficou a salvo, pois se escondeu nos alojamentos, entrando em contato imediatamente com o Centro de Denúncias do Internacional Maritime Bureau, que transmitiu a mensagem às autoridades competentes. Os assaltantes fugiram com as citadas mercadorias ao ver a embarcação da patrulha enviada se aproximando. Outro caso ocorreu 18 do mesmo mês e ano, em Tanjung Datu, em Sarawak, na Malasia, onde ladrões abordaram um rebocador que puxava uma balsa, roubaram o dinheiro da tripulação e fugiram. 3.2. MEDIUM-LEVEL ARMED ASSAUL AND ROBBERY É uma espécie intermediária de pirataria, em que são empregados armamentos poderosos, utilizando violência para a consecução dos atos piratescos e táticas de abordagem das vítimas. Segue-se o ‘Meddium-Level Armed Assault and Robbery’, no qual os actos de pirataria são realizados por grupos que se encontram bem organizados e que operam com embarcações rápidas nas proximidades da costa. No entanto, o raio de acção pode ser alargado pela utilização de ‘navios-mãe’ (mother-ships), possuindo, frequentemente, radar. Neste caso, já estamos perante um maior nível de brutalidade, com tripulação ameaçada, amarrada, e possivelmente ferida. O armamento utilizado abrange armas automáticas, RPG’s ou morteiros. (SARAMAGO, 2009) Esta espécie também é classificada normalmente como armed robbery against ships, dado o fato de comumente visar navios ancorados. Entretanto, nada impede que seja realizada em região fora da jurisdição de algum Estado, posto que os agentes contam com embarcações maiores que lhes dão suporte. O modus operandi nessa modalidade de pirataria geralmente observa o seguinte: [...] as horas iniciais da manhã são o momento favorito dos piratas para atacar os navios que estão de passagem em alto mar. Usualmente, estes atacantes tem um bom conhecimento de navios e se aproximam dos navios com rapidez de dezessete nós [aproximadamente 31,5km/h]. Os piratas usam cordas e ganchos para chegarem ao convés. A partir deste ponto, os procedimentos usados são similares aos empregados pelos ladrões armados nos portos. Os piratas de alto mar, entretanto, parecem ser mais violentos do que seus colegas da costa e geralmente são mais bem armados. Depois de roubarem a tripulação e pegarem tudo o que puderem da carga do navio, os piratas normalmente trancam os membros da tripulação em seus aposentos. Os piratas então partem, deixando o navio se movendo sem ninguém na ponte. (GOTTSCHALK, Jack A. et al, 2000, p. 130, tradução nossa). Como exemplos, podem ser citados os eventos ocorridos no dia 15 de outubro de 20127 , no sul de Brass, na Nigéria, em sete piratas armados embarcaram em um rebocador através de uma lancha lançada de um navio mãe, roubando os pertences pessoais da tripulação, bem como sequestrando sete integrantes desta; e no dia 4 do mesmo mês e ano, em Lomé, Togo, em que: Cerca de 10-12 piratas armados com armas automáticas embarcaram em um navio-tanque à deriva. Os piratas sequestraram o navio tanque e reuniram toda a tripulação na ponte enquanto esperavam por uma bunker barge [um navio tanque pequeno de reabastecimento] para roubar a carga do navio. Quando a bunker barge chegou, a tripulação do navio foi forçada a preparar as defesas para o navio atracar ao seu lado. Depois de roubar a carga os piratas trancaram a tripulação na cabine do Comandante, danificando alguns dos equipamentos de navegação, roubaram dinheiro navio, pertences pessoais da tripulação, provisões e itens eletrônicos e depois deixaram o navio-tanque em 05/10/2012 nas primeiras horas da manhã. Todos os tripulantes estão a salvo apesar de algumas lesões físicas.8 3.3. MAJOR CRIMINAL HIJACK Esta é a forma mais grave de pirataria e a mais rentável das três espécies. Na dimensão mais elevada distinguida pelo IMB, o ‘Major Criminal Hijack’, as acções são perpetradas por organizações regionais de grande dimensão, ou mesmo internacionais. Aqui, o navio é sequestrado, e é pedido um resgate; há o recurso à violência extrema (por vezes a tripulação é assassinada). Pode acontecer o navio ser repintado, ser-lhe dada outra bandeira e registo sob outro nome (Phantom Ship). São uma pequena parte dos crimes de pirataria ocorridos em todo o mundo, no entanto os mais rentáveis. Quanto à última espécie, faz-se mister mencionar importante caso, o do petroleiro MV Sirius Star, o maior navio já sequestrado por piratas da história. Comcarga avaliada em US$ 100 milhões9 , e tripulação de 25 pessoas, foi sequestrado por piratas somalis em 15 de novembro de 2008, sendo libertado após pagamento de resgate no montante de US$ 3 milhões, em 9 de janeiro de 200910. 14 MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS 4. ZONAS DE RISCO O International Maritime Bureau (IMB) classifica algumas regiões do mundo como zonas de risco em relação à pirataria marítima, considerando o elevado número de incidentes reportados a ele nestas regiões. Essas regiões podem ser reunidas em cinco grupos devido às suas características geográficas e idiossincrasias: Costa da Somália, Golfo de Áden, Golfo da Guiné, Sudeste da Ásia (Estreito de Malacca, Malásia, Indonésia, Mar do Sul da China e outros) e Índia. Os citados incidentes ocorrem nessas regiões por diversos motivos, mas principalmente devido à sua localização geográfica favorável à existência de importantes rotas marítimas. O mapa (RODRIGUE, 2014) abaixo ilustra esta assertiva. FIGURA 1. Principais rotas de comércio marítimo Zonas de risco de pirataria marítima A principal rota marítima (core route), que liga as regiões da América do Norte, Europa e Ásia, passa por todas as zonas de risco classificadas pelo IMB. Todavia, vale ressaltar que o IMB realiza seus estudos estatísticos incluindo nos atos de pirataria os roubos armados praticados contra navios. Tal cálculo visa aumentar o número de incidentes reportados para fomentar o combate a estes delitos. Tecnicamente, somente há pirataria se as condutas praticadas estiverem de acordo com os ditames legais do art. 101 da CNUDM, isto é, somente se as condutas forem realizadas “em lugar não submetido à jurisdição de algum Estado”, no caso, além dos limites do mar territorial, pois, do contrário, constituem-se em crimes de jurisdição interna dos Estados onde foram praticados. Destarte, somente algumas das áreas listadas como zonas de risco pelo IMB são realmente regiões onde há relevante número de incidentes de pirataria, como é o caso da Costa da Somália, Golfo de Áden e Golfo da Guiné. As demais são áreas onde o maior número de ataques constituem roubos armados contra navios, visto que praticados em portos, ancoradouros, ou águas próximas à costa. 5. AMEAÇA GLOBAL O fenômeno da pirataria marítima é de grande interesse da sociedade global, visto que mais de 80% do volume de comércio mundial é realizado através do modal aquaviário (UNCTAD, 2011, p. 26, tradução nossa). De acordo com relatório elaborado em 2012 pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (United Nations Conference on Trade and Development – UNCTAD): Dados preliminares indicam que o comércio marítimo mundial manteve-se estável em 2011 e cresceu 4%, com um total de volumes atingindo o recorde de 8,7 bilhões de toneladas [...]. Esta expansão foi impulsionada pelo rápido crescimento nos volumes de carga seca (5.6%) propelido pelo otimismo do comércio de contêineres e granel, que cresceram 8,6% (expresso em toneladas) e 5,4%, respectivamente. (UNCTAD, 2012, p. 5,tradução nossa) CONCLUSÃO A pirataria marítima é fenômeno de extrema relevância para a sociedade global, visto que os prejuízos dele advindos são preocupantes e comuns à toda a comunidade mundial. Hodiernamente, a pirataria se apresenta como um dos maiores desafios na esfera internacional para o transporte pelo modal marítimo, afetando toda a cadeia produtiva e de fornecimento, visto que os navios mais visados pelos criminosos são os que transportam produtos químicos, petróleo e cargas gerais a granel ou em containers. Quando os navios são sequestrados e sua carga roubada, há a interrupção de tais cadeias, o que gera enorme prejuízo a todos os envolvidos nesta relação. Diante disso, os armadores que transportam cargas pelas chamadas zonas críticas, localizadas nas principais rotas de comércio marítimo mundial, tem que arcar com 15 MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS prêmios mais caros, majorados em razão do aumento do risco ao qual o objeto do contrato de seguro é submetido. Não obstante tais prejuízos, há outros que não podem ser mensurados, posto que causados às vidas humanas envolvidas na prática do citado delito. Atualmente, o número de incidentes de pirataria foi bastante reduzido, se comparados aos dos anos anteriores. Entretanto, ainda se apresentam em escala alarmante, em número que preocupa a comunidade internacional, dada a violência extrema típica de tais ataques. Nesse compasso, torna-se evidente a necessidade de serem repensadas atitudes da comunidade global a fim de combater tal fenômeno. Atualmente, estas atitudes consistem no emprego de máquinas e estratégias militares altamente dispendiosas, o que agrava ainda mais os custos gerados pela pirataria. Quando da aplicação de mecanismos de boa governança, há que serem considerados outros aspectos relacionados à pirataria marítima, como a ausência de condições para um desenvolvimento digno das populações das áreas afetadas e a incapacidade de autogestão das atividades precípuas pelos Estados a elas relacionados. Destarte, na criação de novos paradigmas, bem como na efetivação dos atuais, relativos à área dos transportes por meio marítimo, há que ser levada em conta a pirataria como desafio que deve ser superado. Nesta toada, não obstante o emprego das atuais medidas de enfrentamento do problema que se fazem necessárias, acredita-se que o empoderamento da figura estatal, através de investimentos na criação de capacidade de autogestão das atividades precípuas dos Estados assolados pelo fenômeno pode ser uma solução, com resultados em longo prazo, viável para a erradicação do problema ou, ao menos, sua minimização. Fonte: http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=52fe8f09 c95a49a4 Exercício 3: Escreva um texto com 4 parágrafos de 5 a 7 linhas cada, sendo 1º parágrafo: apresentação do problema da pirataria marítima + TESE; 2º parágrafo: explicação de causas da pirataria marítima; 3º parágrafo: explicação de consequências da pirataria marítima; 4º parágrafo: REAFIRMAÇÃO DA TESE + explicação de soluções da pirataria marítima. Dica: faça, pelo menos, 3 frases por parágrafo. Texto 4: Marinha da Argentina rebate acusação de ministro sobre chamadas do submarino desaparecido ARA San Juan desapareceu com 44 tripulantes a bordo no dia 15 de novembro. Por G106/12/2017 18h31 Atualizado 06/12/2017 18h51 A Marinha da Argentina rebateu nesta quarta-feira (6) a acusação do ministro da Defesa de que teria ocultado chamadas de emergência feitas pelo submarino ARA San Juan antes de desaparecer no Oceano Atlântico. A empresa Tesacom, que audita as linhas de satélite de um dos sistemas usado pelo submarino, divulgou nesta terça que o ARA San Juan fez 8 chamadas antes de desaparecer. Após a divulgação da empresa, segundo o jornal “El Clarín”, o ministro da Defesa Oscar Aguad acusou a Marinha de ocultar que o submarino tenha reportado emergência e alertado problemas nessas chamadas, o que poderia ter gerado buscas mais rápidas. No entanto, nesta quarta o porta-voz da Marinha, Enrique Balbi, disse que não foram chamadas de emergência, e que algumas delas, inclusive, não foram chamadas telefônicas, mas “tentativas de conexão com a internet”. Balbi já havia explicado que as chamadas divulgadas pela Tesacom englobam tanto chamadas de telefonia como de dados. Balbi ressaltou que as principais informações foramdivulgadas pela Marinha: "A respeito de todas essas comunicações, as principais foram informadas em tempo e em forma de Porto Belgrano às autoridades de Buenos Aires e ao Ministério da Defesas", disse. O ARA San Juan desapareceu com 44 tripulantes a bordo no dia 15 de novembro, quando navegava pelo Golfo de São Jorge. O submarino havia zarpado no domingo 11 de novembro de Ushuaia para retornar a Mar del Plata, sua base habitual. Em sua última comunicação, informou que uma entrada de água pelo sistema de ventilação provocou um princípio de incêndio na casa de baterias. Exercício 4: Escreva um texto com 4 parágrafos de 5 a 7 linhas cada, sendo 1º parágrafo: apresentação dos problemas com submarinos + TESE; 2º parágrafo: Exemplificação do acidente com o submarino argentino; 3º parágrafo: Explicação de possíveis causas e consequências do acidente; 4º parágrafo: REAFIRMAÇÃO DA TESE + soluções. Dica: faça, pelo menos, 3 frases por parágrafo. 16 MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS 17 MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS PLANEJAMENTO - Exemplo de roteiro de planejamento Tema Introdução Desenvolvimento Conclusão Título Problemas do meio ambiente Ideia 1: Aquecimento global Ideia 2: Queimadas / Desmatamento Ideia 3: Falta de políticas públicas consistentes Técnica de introdução: Tese: O ser humano tem destruído o meio ambiente a cada ano. Parágrafo 1 = ideia 1 Recentemente, cientistas descobriram que o aquecimento global é causado pela enorme destruição do meio ambiente. Parágrafo 2 = ideia 2 Dois problemas graves e recorrentes são as queimadas e os desmatamentos. Parágrafo 3 = ideia 3 A falta de políticas públicas consistentes impede a preservação do ambiente. Retomada da tese: O ser humano é, portanto, responsável pela destruição gradativa do meio ambiente. Técnicas de conclusão: 18 MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS Planejamento Textual Tema Introdução Desenvolvimento Conclusão Título Problemas do meio ambiente Ideia 1: Ideia 2: Ideia 3: Técnica de introdução: Tese: Parágrafo 1 = ideia 1 Parágrafo 2 = ideia 2 Parágrafo 3 = ideia 3 Retomada da tese: Técnicas de conclusão: 19 MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS INTRODUÇÃO 1) Funções: * Contextualizar: de onde o tema surgiu? Qual a relevância da questão proposta? Qual é a melhor estratégia para começar a falar desse tema? Essa estratégia “fere” a essência da introdução ou, ao contrário, consegue enriquecê- la? * Direcionar a abordagem: como o tema será tratado? Que ponto de vista será defendido? 2) Estrutura: * 1º parágrafo do texto → cerca de cinco ou seis linhas * Contextualização + Tese 2.1) Tese * Conceito: eixo central / linha de raciocínio / Expressão do ponto de vista. a) Tese explícita por etapas: explicitação dos três argumentos * Tese explícita por etapas: trata-se da apresentação clara dos argumentos que serão explorados nos parágrafos de desenvolvimento, resumidos em um período, na ordem em que eles aparecerão no texto. Exemplo 1: Tema: Consumismo Tese: Embora necessário, o consumismo constitui uma violência simbólica, que pode levar, também, à criminalidade. Arg1: relevância econômica Arg2: imposição de “necessidades” / sedução publicitária Arg3: criminalidade para o consumo Exemplo 2: Tema: Redução da maioridade penal Com o aumento da quantidade e da gravidade dos casos de delinquência juvenil, vem à tona o debate em torno de suas possíveis soluções. Dentre as propostas, destaca-se a redução da maioridade penal para dezesseis anos no Brasil. Embora seja necessário melhorar previamente o sistema carcerário, essa mudança no código penal confirma a precocidade dos jovens de hoje e ajuda a diminuir sua imunidade frente à lei. Arg1: Arg2: Arg3: Exemplo 3: Tema: a identidade da música brasileira Quem vai à História descobre logo que o samba não seria o mesmo sem os ritmos africanos e as danças latinas, o mesmo vale para outros estilos tipicamente brasileiros. Nesse contexto, vê-se com histeria o alarme diante da música americana nas rádios e lojas de CD. Entretanto a velocidade das influências, hoje, é realmente motivo de preocupação. Afinal, embora as trocas estejam na base de qualquer cultura, os excessos da globalização econômica precisam ser filtrados, a fim de que a música brasileira mantenha o mosaico que sustenta sua identidade. Arg1: Arg2: Arg3: b) Tese implícita por ideia geral ou palavra-chave: sugestão sutil de ponto de vista * Tese implícita por ideia geral ou palavra-chave: trata-se da sugestão genérica e/ou sutil da opinião que será defendida na argumentação. 20 MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS Exemplo 1: Tema: Efeitos negativos da tecnologia: Tese: Existe um paradoxo tecnológico: quanto maior o progresso, maior a desumanização. Arg1: comunicação mediada Arg2: dependência da tecnologia Arg3: redução das identidades culturais Exemplo 2: Tema: Representações sociais da mulher no Brasil hoje O discurso politicamente correto parece ocupar todos os espaços sociais disponíveis. Não seria diferente no que diz respeito à mulher. Reconhecimento por parte de autoridades, mudanças na legislação eleitoral, teses e mais teses acadêmicas. Na hora do comercial, porém, lá está a mesma mulher-objeto de sempre, corpo escultural, boca calada. No Brasil, sem dúvida, vive-se uma espécie de contradição, pois a imagem feminina oficial nunca coincide com a real. Exemplo 3: Tema: Democracia e desigualdade social no Brasil. Sabe-se que o Brasil é, historicamente, marcado por absurdas desigualdades sociais e por nenhuma medida política eficaz para, pelo menos, amenizá-las. Nesse contexto de displicência governamental, o abismo entre as classes apenas aumentou e chegou, nos dias atuais, a uma assustadora realidade de divisão e segregação. O paradoxal, no entanto, é que, mesmo em um país de muitas diferenças, há quem acredite viver em uma plena democracia. c) Tese implícita por pergunta: questionamento retórico e sugestivo * Tese por pergunta retórica: trata-se da sugestão de sutil de um ponto de vista por meio de um questionamento que induz a uma resposta. Exemplo 1: Tema: Os avanços da consciência ecológica no mundo. Rio 92, Rio+10, Rio+20. Não há, na história, registro de tantas reuniões e congressos para discutir os problemas ambientais que desafiam a todos. Tema obrigatório em sala de aula e em páginas de jornal, a ecologia entrou e ficou em pauta. O que era pura ciência alcança o cidadão comum, que, nos atos mais simples, aos poucos muda sua postura. Mantêm-se, no entanto, os problemas mais graves, causados pelas grandes empresas de sempre. Nesse contexto, cabe indagar: de que adianta a pura consciência individual
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