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Módulo II 2017 2018estudando

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QOAA-AFN/2018 
 
CONHECIMENTOS GERAIS 
 
MÓDULO – II 
 
JANEIRO – FEVEREIRO DE 2018 
 
 
 
PORTUGUÊS E REDAÇÃO Prof. Rafael Dias; e 
 Profª. Bernadete Rocha 
MATEMÁTICA Prof. César Loyola 
GEOGRAFIA ECÔNOMICA Prof. Odilon Lugão; e 
 Prof. Ricardo Balthazar 
HISTÓRIA MILITAR NAVAL Prof. Vagner Souza 
 
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MATERIAL INTERNO DE USO EXCLUSIVO DOS ALUNOS 
Proibida a reprodução total ou parcial 
 
P 
O 
R 
T 
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G 
U 
Ê 
S 
 
 
 
 
1 
MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS 
REDAÇÃO 
Texto 1:MENSAGEM DO COMANDANTE DA 
MARINHA ALUSIVA AO RESGATE DE 
REFUGIADOS PELA CORVETA BARROSO 
Meus comandados! 
Com enorme orgulho assistimos, no fim de 
semana passada, à competente ação do Comandante e da 
tripulação da Corveta Barroso no resgate e transporte a 
salvo para terra de mais de 200 refugiados – homens, 
mulheres e crianças – que, nas águas do Mediterrâneo, 
fugiam dos horrores de conflitos fratricidas. 
Em nenhum momento houve hesitação por parte 
de nosso pessoal, aí também incluída a Cadeia de 
Comando, quanto às medidas tomadas, seja na decisão 
de, cumprindo a Lei do Mar e os ditames humanitários, 
fazer a rápida aproximação da cena de ação e recolher os 
refugiados, seja na faina de embarque propriamente dita 
ou ainda na assistência que foi prestada àqueles que de 
tudo precisavam: cuidados médicos, agasalhos, 
alimentação, água e conforto. 
Ao analisar o ocorrido, constatamos que as 
ações, que inicialmente pareciam conter uma grande 
dose de voluntarismo e de improvisação para enfrentar 
uma circunstância inopinada, caracterizaram, na 
realidade, padrões de elevado profissionalismo de uma 
tripulação que, ao bem se preparar para a missão de paz 
que vai desempenhar no Líbano, acabou mostrando-se 
capaz de superar uma complexa situação de apoio 
humanitário. 
O êxito alcançado foi fruto desse intenso 
adestramento e, acima de tudo, do elevado espírito 
marinheiro que deve permear nossas tripulações. 
Na Ordem do Dia alusiva ao Sesquicentenário da 
Batalha Naval do Riachuelo, afirmei que a vitória 
naquela ocasião não foi apenas fruto do destemor de 
nossos heróis, mas principalmente consequência do 
esforço de preparação de uma Marinha que, desde seus 
primórdios, destacou-se por cultivar profundo 
profissionalismo mesmo em períodos de enormes 
carências ou inadequações de meios, e que assim 
continua sendo nos dias de hoje. 
Foi esse patrimônio de valor e profissionalismo 
que por certo inspirou aqueles que, na noite do dia 4 de 
setembro de 2015, escreveram uma bela página da 
história naval brasileira e nos fizeram renovar a fé nos 
destinos de nossa querida Marinha. Por algumas horas 
estivemos todos nós marinheiros, todos nós brasileiros, 
embarcados na Corveta Barroso torcendo pelo sucesso 
da faina de resgate. 
Bravo Zulu, Corveta Barroso e a todos os que 
concorreram para o final feliz desse episódio! 
 
RESGATE DE 220 MIGRANTES NO MAR 
MEDITERRÂNEO 
A Corveta Barroso, da Marinha do Brasil, resgatou, no 
dia 4 de setembro, 220 migrantes no Mar Mediterrâneo. 
No grupo estavam 94 mulheres, 37 crianças e quatro 
bebês de colo, muitos deles extremamente debilitados. 
Cerca de 13h30 no horário de Brasília (18h30 na 
Itália), o navio encontrava-se navegando a 170 milhas da 
terra mais próxima, Sicília, Itália, com destino a Beirute 
(Líbano), quando recebeu um comunicado do Centro de 
Busca e Salvamento Marítimo (MRCC) italiano, por 
meio do sistema automático de comunicações do serviço 
internacional de Busca e Salvamento. 
O MRCC informou sobre a existência de uma 
embarcação com risco de afundar com cerca de 400 
migrantes, com destino à Europa, e solicitou ao navio 
brasileiro que se aproximasse da posição, a cerca de 150 
milhas da terra mais próxima, Peloponeso, Grécia. A 
corveta chegou ao local após uma hora de navegação. 
Dois navios-patrulha italianos de pequeno porte 
se juntaram à cena de ação e, tendo em vista a 
impossibilidade de receberem os migrantes a bordo, a 
Guarda Costeira italiana solicitou o apoio da Marinha do 
Brasil para o resgate e posterior transporte para o porto 
italiano de Catânia. O Comandante da 
Marinha do Brasil prontamente autorizou a prestação do 
apoio, a fim de salvaguardar a vida daquelas pessoas. 
Segundo o Capitão de Fragata Alexandre 
Amendoeira Nunes, comandante do navio, “as pessoas 
chegaram a bordo da Corveta Barroso debilitadas, com 
casos de desidratação leve, foram medicadas pela nossa 
equipe médica de bordo. Inclusive tinha uma senhora 
com uma fratura no braço e outra grávida. Todos 
estavam com muita sede. Eles se sentiram muito 
aliviados, alguns se jogaram no convés da Corveta 
Barroso em agradecimento. Eles já estavam há sete dias 
na embarcação, sem perspectiva de chegar talvez com 
vida à costa da Itália”. 
“Eu me sinto apenas um cidadão, um servidor da 
Marinha do Brasil. Sinto muito orgulho do que eu faço 
na Marinha do Brasil, perante o Brasil. Nada de 
heroísmo, é apenas a nossa função”, afirmou o 
comandante Amendoeira. 
 
CORVETA BARROSO INTEGRA A FORÇA-
TAREFA MARÍTIMA DAS NAÇÕES UNIDAS NO 
LÍBANO 
A Corveta Barroso saiu em 8 de agosto do Rio 
de Janeiro para substituir a Fragata União na Força-
Tarefa Marítima das Nações Unidas (FTM-Unifil) no 
Líbano, a fim de atuar como Navio Capitânia do 
Comandante da Força-Tarefa, cargo esse exercido por 
um almirante brasileiro desde 2011, e realizar tarefas de 
interdição marítima e capacitação da Marinha libanesa. 
 
2 
MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS 
No dia 4 de setembro, a Corveta encontrava-se 
navegando a 170 milhas da terra mais próxima, Sicília, 
Itália, com destino a Beirute (Líbano), quando recebeu 
um comunicado do Centro de Busca e Salvamento 
Marítimo (MRCC) italiano, por meio do sistema 
automático de comunicações do serviço internacional de 
Busca e Salvamento, informando sobre uma embarcação 
com risco de afundar com cerca de 400 migrantes, com 
destino à Europa. 
O comandante prontamente autorizou a 
prestação do apoio. A Barroso chegou ao local 
informado, a cerca de 150 milhas da terra mais próxima, 
Peloponeso, Grécia, após uma hora de navegação. 
 
CORVETA BARROSO E FRAGATA UNIÃO 
SÃO CONDECORADAS 
A Corveta Barroso e a Fragata União foram 
condecoradas no dia 14 de setembro, em Beirute – 
Líbano, com a Ordem do Mérito da Defesa (OMD) e 
com a Insígnia da Ordem do Rio Branco (ORB). 
As comendas conferidas à Corveta Barroso 
materializam o reconhecimento do Ministério da Defesa 
e do Ministério das Relações Exteriores pelo exemplar 
desempenho por ocasião do salvamento de 220 
imigrantes no Mar Mediterrâneo no último dia 4 de 
setembro, quando navegava na costa da Sicília – Itália. 
Já a Fragata União foi agraciada com a Ordem 
do Mérito da Defesa em reconhecimento pela sua 
terceira participação na Força Interina das Nações 
Unidas no Líbano (Unifil), quando se tornou o navio da 
MB que mais participou daquela missão. A cerimônia foi 
presidida pelo Ministro de Estado das Relações 
Exteriores, Chanceler Mauro Vieira, que realizou a 
imposição da Insígnia da Ordem do Rio Branco.O Comandante da Marinha, Almirante de 
Esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira, representando 
o Ministro da Defesa, realizou a imposição da Ordem do 
Mérito da Defesa. Também esteve presente o 
Embaixador do Brasil para o Líbano, Jorge Geraldo 
Kadri; o Subchefe de Operações de Paz do Ministério da 
Defesa, Brigadeiro do Ar Tarcísio de Aquino Brito 
Veloso; o Comandante da Força-Tarefa Marítima da 
Unifil, Contra-Almirante Flavio Macedo Brasil; além de 
Embaixadores de países amigos sediados no Líbano e 
representações da Marinha Libanesa e da Unifil. 
 
Exercício 1: Escreva um texto com 4 parágrafos de 5 a 7 
linhas cada, sendo 
1º parágrafo: apresentação do programa UNIFIL + 
TESE; 
2º parágrafo: o problema dos refugiados; 
3º parágrafo: a participação da MB no problema dos 
refugiados; 
4º parágrafo: as consequências do salvamento. 
Dica: faça, pelo menos, 3 frases por parágrafo. 
 
Texto 2: Submarino nuclear: segurança e desenvolvimento 
 
PEDRO FONSECA JUNIOR 
Escola Superior de Guerra 
 
Introdução 
O Estado conforme previsto na Constituição 
Federal tem o dever de assegurar a segurança e o 
desenvolvimento da sociedade.Segundo a Política 
Nacional de Defesa (PND), segurança 
É a condição que permite ao País 
preservar sua soberania e 
integridade territorial, promover 
seus interesses nacionais, livre de 
pressões e ameaças, e garantir aos 
cidadãos o exercício de seus 
direitos e deveres constitucionais. 
(PND, 2012 p.13) 
Os países, de uma maneira geral, possuem um 
sentimento constante de cerco e de ameaça externa, já 
que o mundo não possui uma governança centralizada, e 
na anarquia, a segurança é o fim 
mais importante. Apenas se a 
sobrevivência for assegurada é que 
os estados podem com segurança 
procurar outros objetivos como a 
tranquilidade, o lucro e o poder. 
(WALTZ, 2002, p.175) 
Para Fiori (2014, p.38) 
isto explica a centralidade da 
preocupação que manifestam com 
relação à própria defesa, e também 
sua permanente preparação para a 
guerra [...] todos os países que se 
transformaram em grandes 
potências capitalistas passaram por 
longos períodos de guerra ou por 
guerras extremamente destrutivas. 
O Brasil não está livre de pressões e ameaças. 
Para Melo (2015, p. 25) o patrimônio brasileiro é um dos 
mais ricos do planeta, e “esses ativos estratégicos não 
estão a salvo da cobiça no futuro”. O ambiente 
internacional, demanda ações do Estado para preservar 
sua soberania e integridade territorial, e assim promover 
e sustentar os interesses nacionais. Desse modo, o Estado 
deverá pôr em prática “um conjunto de medidas e ações, 
com ênfase no campo militar, para defesa do território, da 
soberania e dos interesses nacionais contra ameaças 
preponderantemente externas, potenciais ou manifestas” 
(BRASIL, PND, 2012, p.15). Essas medidas e ações são 
baseadas em dois instrumentos: Forças Armadas e Base 
Logística de Defesa1. 
O Programa de Desenvolvimento de Submarinos 
(PROSUB), pelos recursos empregados, é a maior 
política pública de defesa em desenvolvimento no Brasil 
 
3 
MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS 
e um dos maiores programas do gênero no hemisfério 
sul. Para o Senador Ferraço, é o 
maior programa de capacitação 
industrial e tecnológico da indústria 
de defesa brasileira. Quero crer um 
dos maiores programas 
desenvolvidos inclusive neste 
momento em todo mundo. Um 
programa estimado em 21 bilhões 
de reais e que é estratégico não só 
para Marinha do Brasil ou para 
defesa do nosso espaço marítimo, 
mas também para o fortalecimento 
da nossa indústria de defesa e para 
o desenvolvimento científico e 
tecnológico do nosso país 
(FERRAÇO, 2014, s.p.). 
A questão central para reflexão neste trabalho é a 
contribuição do PROSUB para a sustentação do binômio 
segurança-desenvolvimento. 
Esta pesquisa se justifica pela necessidade da sociedade 
analisar e avaliar as políticas públicas de defesa, por ser a 
sua maior beneficiária. Diferentemente dos países 
desenvolvidos, no Brasil quando o tema é defesa, o povo 
não identifica a sua relevância. 
A sociedade civil é capaz de 
influenciar a adoção e o 
desenvolvimento de políticas 
públicas, a exemplo do que ocorre 
com a saúde e a educação. No 
entanto, dado que vigora uma 
percepção social do baixo nível de 
importância da defesa nacional, os 
governos ficam à vontade para 
empurrar com a barriga 
(OLIVEIRA, 2006, s.p.). 
O artigo decorre de consulta a fontes primárias, 
levantamento bibliográfico de fontes secundárias, e 
pesquisas em arquivos públicos e privados. Em paralelo, 
assistiu-se a diversas conferências ligadas ao tema, 
visitou-se instalações de interesse e também foram feitas 
entrevistas com integrantes do PROSUB. 
O trabalho teve como fundamentação teórica os 
conceitos de segurança, defesa e políticas públicas. O 
conceito de segurança já foi anteriormente mencionado. 
Um conceito para defesa, além do existente na PND, 
pode-se encontrar também nas Políticas e Temas 
Especiais do Plano Mais Brasil. 
A defesa de um país consiste, 
basicamente, no conjunto das 
capacidades organizadas, com o 
objetivo de garantir a segurança do 
patrimônio natural e social, a 
dissuasão por meio da capacidade 
de combate e os compromissos 
internacionais, que culminam com 
a manutenção da soberania do 
estado nacional (BRASIL, 2013, p. 
272). 
As ações de defesa contribuem para a garantia de 
soberania e também para a construção de uma sociedade 
livre, justa, solidária e desenvolvida. 
As políticas públicas são ferramentas utilizadas 
pelo Estado para mudar a realidade social. Espe-
cificamente, as políticas públicas de defesa contribuem 
sobremaneira com o sentimento de segurança da 
sociedade, pois garantem a integridade territorial e 
soberania. 
O PROSUB, como será visto, não contribui apenas com o 
sentimento de segurança, integridade territorial e 
soberania, mas também para o fortalecimento da 
indústria nacional e o desenvolvimento científico e 
tecnológico do país. 
 
O Programa de Desenvolvimento de Submarino 
 
A PND preconiza que “O País deve dispor de 
meios com capacidade de exercer vigilância, controle e 
defesa das águas jurisdicionais brasileiras” (BRASIL, 
PND, 2012, p.17), ou seja ter a capacidade de negar o uso 
do mar por uma força hostil. Fruto desta orientação a 
Estratégia Nacional de Defesa (END) (2012) menciona 
que esta capacidade será obtida através de uma força 
naval submarina de envergadura, composta de 
submarinos de propulsão diesel-elétrica e de propulsão 
nuclear. 
Para a END 
Estratégia nacional de defesa é 
inseparável de estratégia nacional 
de desenvolvimento. Esta motiva 
aquela. Aquela fornece escudo para 
esta. Cada uma reforça as razões da 
outra. Em ambas, se desperta para a 
nacionalidade e constrói-se a 
Nação. (END, 2012, p.23) 
O documento diz que o Brasil deve se capacitar 
para projetar e construir os submarinos que garantirão a 
defesa das águas jurisdicionais. Este desafio, na 
realidade, significa a formulação de uma política pública 
voltada para autonomia estratégica e independência 
tecnológica. A concretização desta política pública de 
defesa colocará o Brasil em um patamar alcançado por 
apenas outros seis países: Estados Unidos da América, 
China, Inglaterra, França, Rússia e Índia. 
Em certa medida o movimento na direção da 
independência tecnológica na área nuclear teve início 
após o término da Segunda Guerra Mundial, quando 
foram enviadas comitivas paraos EUA, França e Ale-
manha, visando fazer acordos para instalação de reatores 
nucleares em solo brasileiro. Embora tais ações não 
tenham sido bem sucedidas2 “atribuem-se aos esforços 
dos integrantes dessas duas comitivas os gêneses dos 
 
4 
MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS 
ideais para o desenvolvimento de tecnologia nuclear, 
essencialmente nacional” (HENRIQUES, 2011, p.16). 
A década de 1970 foi promissora para o domínio 
da tecnologia nuclear. No final de 1976, a Marinha 
indicou o Capitão-Tenente Othon Luiz Pinheiro da Silva 
para se especializar na área nuclear no Massachusetts 
Institute of Technology (CORRÊA, 2010, p.77). No seu 
regresso, dois anos depois, Othon emitiu um relatório no 
qual enfatizou que para adquirir a capacidade de 
construir um submarino nuclear duas etapas precisavam 
ser vencidas: o domínio do ciclo de enriquecimento do 
combustível nuclear e a construção de um reator piloto 
para testes. 
Em dezembro de 1978, o Alto Comando da 
Marinha, decidiu inserir na agenda naval um programa 
para projetar e construir submarino de propulsão nuclear. 
Essa decisão não foi importante apenas para a Força 
Naval, mas também para o desenvolvimento científico 
tecnológico nacional: Assim teve início a saga que se 
arrasta até os dias de hoje com o Programa de 
Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear 
(PROSUB). 
Durante os anos 80 e 90, o Programa Nuclear da 
Marinha (PNM), por fatores que fogem ao escopo desse 
trabalho, entrou em estado vegetativo. Até que na 
primeira década deste século, fatos novos surgiram que 
mudaram a história do PNM. 
Kingdon (1995 apud COSTA: CALMON, 2007) 
elaborou um modelo de análise de política pública, no 
qual um tema é colocado na agenda quando existe uma 
convergência de três fluxos: o problema, a solução, e o 
político. No tema em análise, existiam dois problemas, a 
descoberta de petróleo em alto mar e a determinação da 
END de que o Brasil deveria ter uma Força de 
Submarinos compatível com a sua dimensão geopolítica. 
A solução a Marinha tem buscado desde a década de 80 
do século passado: possuir a capacidade de projetar e 
construir submarinos. O gargalo estava no fluxo político. 
Ao tomar posse no Comando da Marinha em 
março de 2007, o Almirante de Esquadra Júlio Soares de 
Moura Neto recolocou o projeto de desenvolvimento do 
submarino nuclear como prioridade da Força Naval. Suas 
palavras iniciais demonstraram esta postura. 
Merece menção o Programa 
Nuclear da Marinha, iniciado em 
1979 e que apresenta considerável 
progresso, mesmo restrito aos 
recursos da própria Força, com o 
desenvolvimento de dois projetos: 
o do ciclo do combustível, 
empregando ultracentrífugas 
projetadas no Brasil, o que já se 
conseguiu; e o desenvolvimento e a 
prontificação, com tecnologia 
própria, de uma planta nuclear de 
geração de energia elétrica, in-
cluindo o reator nuclear, o que 
ainda não está pronto (MOURA 
NETO, 2007, s.p.). 
Em julho de 2007, o Presidente Luis Inácio Lula 
da Silva visitou, a convite do Ministro da Defesa, o 
Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo. 
Impressionado com a grandeza do programa, o Presi-
dente garantiu a liberação de recursos para a Marinha 
concluir o projeto das instalações de propulsão nuclear 
para submarinos. Graças a esse recurso foi possível 
acelerar a obra do Laboratório de Geração de Energia 
Núcleo Elétrica (LABGENE) e continuar a Usina de 
Produção do Hexafluoreto de Urânio. Este foi um grande 
passo para o desenvolvimento científico tecnológico 
nacional, pois permitiu abrir o caminho para a tão 
almejada independência na área nuclear. 
Nesta época, a indústria de armamentos francesa 
sofria transformações decorrentes do fim da Guerra Fria 
e da onda neoliberal “que, ao pregar desregulamentação, 
privatização, abertura de capital das empresas públicas e 
desengajamento do Estado [...] questionava as próprias 
bases do sistema de produção de armamentos” (MELO, 
2014, p.76). Cabe destacar que as empresas estratégicas 
francesas eram vistas como os principais polos de 
excelência e inovação do país (MELO, 2014, p.83). 
Diante desse quadro o Presidente Sarkozy (2008-
2012) dedicou especial atenção as indústrias de defesa e 
lançou ambiciosa estratégia de exportações. 
 
Sarkozy promoveu parcerias 
industrias em defesa com potências 
emergentes, vistas como dinâmicas 
e com potencial de crescimento e 
investimento na área. Como 
idealizadas por Sarkozy, essas 
parcerias eram fundadas em 
transferência de tecnologia, 
formação de mão de obra e 
capacitação industrial no país de 
destino. (MELO, 2014, p. 83) 
Desse modo, surgiu a convergência de interesses 
entre Brasil e França que culminou com uma parceria 
estratégica entre os dois países. Além do citado, a França 
em relação aos outros seis países que projetam e 
constroem submarinos 
emprega métodos e processos 
típicos do Ocidente e de mais fácil 
absorção pelos engenheiros e 
técnicos brasileiros; é um 
fornecedor tradicional de material 
bélico para o mundo ocidental; 
estava disposta a vender a 
tecnologia de projeto de 
submarinos, excluídos o projeto e a 
construção do reator e de seus 
controles; e, em razão do número 
 
5 
MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS 
de submarinos a construir, 
apresentou vasto programa de 
nacionalização, com objetivo de 
aumentar a participação brasileira 
na produção dos submarinos e pre-
parar a base industrial nacional para 
futuros projetos da mesma 
natureza. Esses últimos aspectos 
foram os diferenciais a favor dos 
franceses (BRASIL, 2013b, p. 19). 
O Comandante da Marinha, no início de 2008, 
foi para a Europa, juntamente com os Ministros Nelson 
Jobim e Mangabeira Unger. Na França tiveram encontros 
com o Presidente Sarkozy, com o Ministro da Defesa 
francês Hervè Morin, com representante da Direction 
Générale de l’Armement (DGA), e com a Direction des 
Constructions Navales et Services (DCNS). Desse modo, 
Brasil e França estabeleceram uma parceria estratégica, 
concretizada em 29 de janeiro pelos respectivos 
Ministros da Defesa Nelson Jobim e Hervè Morin. Neste 
dia foi concretizado um acordo relativo à cooperação no 
domínio da defesa. (FONSECA, 2015, p.71) 
A implementação dessa política pública de 
defesa pode ser analisada por diversos ângulos, entre-
tanto, este trabalho priorizou aspectos que impactam 
diretamente no desenvolvimento nacional: transferência 
de tecnologia3, formação de mão de obra (capacitação de 
pessoal) e capacitação industrial no país de destino 
(nacionalização). 
 
Transferência de tecnologia (TT) 
 
O submarino é considerado o vetor de guerra 
mais complexo, considerando-se a qualificação da mão 
de obra empregada, a quantidade de componentes e o seu 
peso. Isto, em parte, explica o motivo de apenas seis 
países terem adquirido a capacidade para projetar e 
construir essa arma. A figura abaixo compara a 
complexidade tecnológica do submarino com outros 
armamentos. O submarino nuclear brasileiro (SNBR) não 
está no topo da curva, porque não será equipado com 
armamento nuclear. A tecnologia nuclear restringe-se a 
propulsão devido a compromissos internacionais 
assumidos pelo Estado brasileiro. 
 
 
Um fato curioso na figura é a defasagem de 
tempo para construção. Se um blindado e o SNBR 
iniciarem o processo simultaneamente, o meio naval 
demorará, aproximadamente 5 anos a mais para sua 
prontificação, o que em certa medida comprova a 
defasagem tecnológica entreos dois vetores de guerra. 
Para esta análise não deve ser considerado outros fatores 
tais como restrições de recursos humanos ou financeiros. 
O ponto fulcral da parceria com a França é a 
transferência de tecnologia para projetar e construir 
submarinos. Para tanto diversos contratos foram 
assinados totalizando a quantia de € 3.283.433.000,00 ou 
R$ 13.270.400.000,00 ao câmbio de dezenove de março 
de 20164. 
O contrato 6 prevê TT para: construção de 
submarinos; projeto de submarinos; projeto e construção 
do Estaleiro e Base Naval. São obrigações contratuais da 
DCNS: transferir conhecimentos, transferir informações, 
prestar serviços de assistência técnica e ensinar como 
fazer. As TT são operacionalizadas de três maneiras: 
transferência direta (conhecimento passado diretamente 
na ponta da linha), cursos e “On-the-Job-Training”5, 
 
6 
MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS 
como foi o caso das seções mais avante do primeiro 
submarino, construídas na França. Para Hirschfeld (2014, 
apud FONSECA, 2015, p.88), a expectativa ao final do 
processo de transferência de tecnologia é que o Brasil 
adquira capacitações para: 
a) projetar e construir submarinos (convencionais 
e nucleares); 
b) projetar e construir bases e estaleiros navais; 
c) projetar e manter sistemas de combate; 
d) manter sistema SONAR; e 
e) produzir equipamentos e sistemas. 
Percebe-se na fala de Hirschfeld que técnicos 
brasileiros, não somente os de Marinha, estarão 
adquirindo capacitações, o que é uma demonstração 
inequívoca de que o Programa tem potencial para 
influenciar diversos setores do desenvolvimento 
nacional. 
 
Capacitação de pessoal 
 
Segundo o Coordenador-Geral do PROSUB 
(2014, apud FONSECA, 2015, p.87) aproximadamente 
trezentos engenheiros e técnicos já foram enviados à 
diversas locais na França. Para Cherbourg, foram 
duzentos e trinta e oito (Marinha do Brasil, Nuclebrás 
Equipamentos Pesados e Itaguaí Construções Navais), 
para receberem os conhecimentos de construção e 
detalhamento de submarino. Lorient recebeu trinta e um 
oficiais engenheiros navais para aprenderem a projetar 
submarinos. Os ensinamentos para construir tubos 
lançadores de torpedo foram transmitidos em Ruelle e 
nesse caso apenas para um oficial e um técnico. Em 
Toulon, seis oficiais e oito engenheiros da Fundação 
Ezute receberam conhecimentos de sistema de combate 
para submarino. Já em Saint Tropez a TT do sistema 
lançador do Torpedo F-21 foi para dois oficiais. 
Finalmente, em Sophia-Antipolis, dois oficiais receberam 
conhecimentos do sistema do sonar. 
Em palestra para a Comissão de Relações 
Internacionais e Defesa Nacional (CREDEN) do Con-
gresso Nacional, o Coordenador-Geral do PROSUB 
mencionou que os conhecimentos transmitidos pela 
França para a capacitação dos engenheiros brasileiros em 
projetar e construir os submarinos convencionais (S-BR) 
serão fundamentais para o desenvolvimento do projeto do 
submarino de propulsão nuclear (SN-BR), pois neste a 
Marinha do Brasil é a autoridade responsável. A DCNS 
acompanhará todo o processo, exceto na parte da 
propulsão. Muitos conhecimentos estão sendo absorvidos 
pelos engenheiros brasileiros tais como: 
a) concepção geral: arranjos gerais, 
compartimentagem, casco resistente, propulsão, 
choques, ruído e vibração; 
b) ferramentas de concepção: cálculo de pesos, 
estabilidade, índice de vulnerabilidade, 
compatibilidade eletromagnética, assinaturas; 
c) interfaces entre instalações; 
d) hidrodinâmica, incluindo a realização de 
ensaios; 
e) concepção do casco resistente; 
f) concepção das instalações mecânicas e 
elétricas; 
g) concepção da propulsão, excluindo-se a 
instalação nuclear; 
h) sistema de combate: sistemas de detecção e 
sistemas de armas; e 
i) apoio logístico integrado (ALI)6: 
confiabilidade e disponibilidade. 
 
Especificamente para a construção estão sendo 
absorvidos os seguintes conhecimentos: 
a) planejamento, gerenciamento e coordenação 
da construção; 
b) estratégia de construção; 
c) requisitos necessários para as oficinas de 
construção; 
d) elaboração do projeto e dos desenhos de 
fabricação; 
e) exigências de qualificação de recursos 
humanos; 
f) construção do casco resistente; 
g) gerenciamento da qualidade; 
h) qualificação do pessoal e dos processos; e 
i) programas de computador: interfaces entre os 
programas utilizados pela indústria francesa e 
aquele utilizado pela Marinha do Brasil. 
A expectativa é que em futuro próximo, o Brasil 
seja capaz de projetar e construir de maneira autóctone 
seus submarinos, o significará autonomia estratégica e 
independência tecnológica. É mister considerar também 
que a capacitação adquirida possibilitará a realização de 
outros empreendimentos tão ou mais complexos, 
inclusive com transbordamento para outras áreas 
industriais tais como óleo e gás, construção naval etc. 
 
Nacionalização 
 
Os contratos comerciais 1A e 2A7 estão 
associados ao Programa de Nacionalização da Produção 
(PNP), que visa à capacitação para desenvolvimento, 
produção e manutenção de equipamentos e sistemas 
relativos aos submarinos convencionais e ao nuclear 
(BRASIL, 2013b). 
Para Fonseca (2015, p.121), “nacionalizar é 
capacitar o parque industrial brasileiro para: fabricar 
sistemas, equipamentos e componentes; treinar pessoal 
para o desenvolvimento e integração de softwares 
específicos; e dar suporte técnico às empresas durante a 
fabricação dos itens”. Com essa capacitação o Brasil 
poderá dar continuidade à fabricação de submarinos e 
atingir a autossuficiência tecnológica condizente com o 
preconizado na Estratégia Nacional de Defesa. 
 
7 
MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS 
A nacionalização no PROSUB é um processo 
complexo fruto da dimensão do programa, do seu 
ineditismo – construção do primeiro submarino brasileiro 
com propulsão nuclear – e diversidade de atores en-
volvidos, públicos e privados. Enfim, é um 
empreendimento cujas características técnicas e 
construtivas desafiadoras configuram o “Estado da Arte” 
da Engenharia Naval nacional. 
Para esse processo foram, segundo Talon e 
Cavalcanti (2014), seguidas algumas premissas: 
a) reduzir gradualmente a compra de serviços e 
de produtos acabados no exterior; 
b) buscar, a longo prazo, a nacionalização 
completa de todas as peças, componentes, 
partes, sistemas e serviços; 
c) obter alta confiabilidade e segurança nos itens 
nacionalizados; 
d) envolver a participação de universidades e/ou 
instituições científicas e tecnológicas 
nacionais, a própria Marinha, além da indústria 
selecionada, para possibilitar a 
continuidade do desenvolvimento da tecnologia 
de interesse; e 
e) englobar, sempre que possível, a tecnologia de 
projeto, a tecnologia de fabricação 
e a tecnologia de manutenção. 
 
Segundo a TechnoNews, na edição de outubro de 
20148, 54 projetos de nacionalização da cadeia produtiva 
estavam em andamento, dos quais 20 já tinham sido 
aprovados pela Marinha, destacando-se o Sistema de 
Combate (SC) desenvolvido pela Fundação Ezute; o 
Sistema de Gerenciamento Integrado da Plataforma, 
desenvolvido pela Mectron; e os Consoles 
Multifuncionais do Sistema de Combate. O de-
senvolvimento desses sistemas é acompanhado por 
equipe técnica da Diretoria de Sistemas de Armas da 
Marinha (DSAM). É importante mencionar que, 
existindo equipamentos similares no mercado nacional 
ou que as indústrias tenham capacidade de produzir, a 
prioridadede aquisição será para empresas brasileiras. 
Segundo Talon9 
Para as empresas brasileiras que 
produzem determinado 
equipamento semelhante ou similar 
ao equipamento do submarino, mas 
que não atende completamente aos 
requisitos necessários ao projeto do 
S-BR, a DCNS tem por obrigação 
contratual transferir a tecnologia e 
o conhecimento para estas 
indústrias. [...]no programa da 
nacionalização, o fundamental é 
que, ao final do processo, as 
empresas brasileiras sejam 
autônomas e independentes na 
fabricação para, no futuro, suprirem 
a demanda da Marinha para a 
manutenção e/ou construção de 
submarinos. 
Mais uma vez fica claro, nas palavras do gerente 
de nacionalização do S-BR, que o Brasil busca a 
grandeza, a independência tecnológica. E é essa 
perfomance que a sociedade brasileira deve esperar de 
um programa com tamanha magnitude.
 
O quadro abaixo classifica diversos setores da indústria brasileira segundo a intensidade tecnológica. 
 
Baseado no QUADRO 1, foi elaborado o QUADRO 2 onde classificou-se 41 empresas envolvidas no PROSUB. 
 
As empresas citadas fazem parte de uma amostragem já que não é possível ter acesso a todas envolvidas no 
Programa. As que constam do quadro participam da fabricação do casco resistente, estrutura externa não resistente, 
estrutura interna não resistente, estruturas isoladas, isolamentos, sistema elétrico, propulsão principal, segurança de 
 
8 
MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS 
imersão, segurança específica, servidão, habitações, sistema de detecção de superfície, sistema de mastros içáveis, 
sonar, gerenciamento do sistema de combate, sistema de contra medidas, sistemas de armas, comunicação interna e 
sistema de gerenciamento do navio. 
O quadro mostra que mais de 50% das empresas selecionadas são de média-alta e alta tecnologia, o que é 
coerente com a complexidade do projeto. O quadro também nos leva a refletir que, dependendo da vontade política, o 
Pais pode vir a ser um ícone em futuros projetos de construção de submarinos, com um parque industrial no estado da 
arte. 
É mister considerar que a seleção das empresas segue a uma lógica própria, na qual participam a Marinha e a 
DCNS, conforme o fluxo mostrado na figura abaixo. 
 
Considerações finais 
 
Por diversos motivos, no Brasil, a reflexão sobre 
políticas públicas de defesa não tem o mesmo apelo que 
as de saúde e educação, por exemplo. A defesa está para 
uma nação assim como um plano de saúde está para o 
indivíduo, o ideal é as capacitações não sejam 
empregadas, entretanto não deve ser questionado a sua 
importância. 
O desenvolvimento econômico para Sandroni (1999, 
p.169) é o “crescimento econômico (aumento do Produto 
Nacional Bruto per capita) acompanhado pela melhoria 
do padrão de vida da população e por alterações 
fundamentais na estrutura de sua economia”. O 
crescimento econômico e a melhoria do padrão de vida 
da população, com segurança, somente serão possíveis se 
o Estado possuir uma capacidade de defesa a altura de 
sua estatura geopolítica. Assim sendo a nação ficará livre 
da cobiça de outra (s) unidade (s) política (s) por seus 
ativos estratégicos. 
O PROSUB provoca reflexões na sociedade 
brasileira. A necessidade de importar tecnologia, 
capacitar pessoal e nacionalizar demonstra atraso para 
projetar e construir submarinos. Por outro lado, nenhuma 
empresa (no caso a DCNS) estabelece contrato deste 
porte, sem que a outra parte tenha capacidade de absorver 
os conhecimentos necessários para o desenvolvimento do 
projeto. 
Um outro aspecto a considerar é que o Brasil se 
capacitando para desenvolver um programa de tamanha 
complexidade, logicamente estará capacitado para 
realizar outros com menor valor agregado como é o caso 
de navios de superfície. 
Um fato importante a considerar que a tecnologia 
que está sendo transmitida certamente poderá ser 
empregada em outros projetos de caráter naval ou não. 
Alguns exemplos podem ser citados: a Shuller brasileira 
fez uma prensa de 8 mil toneladas após receber 
orientação dos franceses, que é uma das maiores do 
mundo; no Estaleiro Enseada de Paraguaçu, em 
Maragogipe, Bahia, a Odebrecht utilizou muito do 
aprendizado no PROSUB-EBN, ao deslocar uma parte da 
equipe que trabalhou na obra de Itaguaí para atuar no 
projeto de Paraguaçu; a Micromazza, localizada no 
município de Vila Flores (RS), foi selecionada e 
capacitada pela DCNS para produzir as válvulas com 
base no projeto original dos submarinos, técnicos 
brasileiros foram para a empresa Issartel, na França, os 
conhecimentos adquiridos poderão ser usados para a 
 
9 
MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS 
fabricação de válvulas de alta pressão de plataformas de 
exploração de petróleo em alto mar. 
Segundo o Nomar nº 885, de janeiro de 201610, 
A produção, pelas empresas 
brasileiras, de peças, equipamentos, 
materiais e sistemas, que façam 
parte do pacote de material 
nacional dos submarinos 
convencionais previstos no 
PROSUB, permite que, ao final do 
processo de nacionalização, elas 
sejam capazes de produzir material 
de forma independente e autônoma. 
Muitos desses materiais têm uso 
dual, podendo ser empregados em 
outros setores da indústria. 
Desse modo não resta dúvida que o PROSUB 
contribui para o desenvolvimento nacional, entretanto se 
não houver vontade política para o seu prosseguimento, 
assim como a implementação de novos programas, os 
conhecimentos obtidos ficarão obsoletos em curto espaço 
de tempo. 
Enfim, o trabalho procurou mostrar que o Estado 
brasileiro, através da Marinha do Brasil, tem capacidade 
para ser empreendedor e assumir riscos ao se envolver 
em projeto de tamanha complexidade tecnológica. 
 
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setembro de 2014. 
WALTZ, Kenneth N. Teoria das Relações 
Internacionais. Tradução Maria Luísa Felgueiras Gayo. 
Lisboa: Gradiva Publicações, 2002. 
 
Exercício 2: Escreva um texto com 4 parágrafos de 5 a 7 linhas cada um, em que você defenda a construção e o uso 
do submarino nuclear pelo Brasil. 
 
Dica: faça, pelo menos, 3 frases por parágrafo. 
 
Texto 3: PIRATARIA MARÍTIMA: AMEAÇA GLOBAL 
 
1. INTRODUÇÃO 
A presente obra visa analisar as implicações à 
sociedade global oriundas da prática de atos de pirataria 
marítima, como um dos desafios para a criação e 
efetivação de novos paradigmas na área do Direito, 
principalmente no tocante às relações jurídicas na seara 
dos transportes internacionais pelo modal aquaviário, 
comércio internacional e direitos humanos. Para tal, é 
realizada uma análise quantitativa e qualitativa de tais 
eventos, com o objetivo de ressaltar a importância do 
combate a tal conduta delitiva. 
A pirataria marítima é fenômeno de grande 
preocupação na comunidade internacional, dados os 
enormes prejuízos à economia internacional, que arca 
com gastos que vão desde o pagamento de vultuosos 
resgates para soltura das vítimas e navios objeto de 
sequestros, passando pelo efetivo combate ao fenômeno, 
com emprego de armas militares de última geração, 
chegando até o aumento dos valores dos contratos de 
seguro marítimo e, consequentemente, dos produtos 
transportados pelo modal aquaviário, bem como as 
graves violações dos direitos humanos dos trabalhadores 
marítimos, vítimas das mais diversas e cruéis formas de 
violência. 
Em plena era de grande desenvolvimento na 
áreas de energia, com a descoberta do pré-sal, e 
tecnologia, a pirataria marítima se apresenta como um 
desafio para a ordem internacional, visto que esta prática 
delitiva é responsável por grandes prejuízos à economia 
mundial, bem como por graves violações aos direitos 
humanos de suas vítimas, que são submetidas à violência 
extrema. Para o melhor entendimento sobre a questão, 
faz-se imperioso discorrer sobre o conceito de pirataria 
marítima que, apesar de normatizado, gera grande 
discussões a respeito de sua abrangência, bem como das 
espécies de atos piratescos e modus operandi. Após é 
realizada uma análise a respeito do impacto desses atos 
na economia mundial, bem como em relação aos direitos 
humanos das vítimas afetadas pela pirataria. Por 
derradeiro, verifica-se que tal prática delitiva representa 
grande preocupação para a sociedade global, merecendo, 
destarte, especial atenção quando do tratamento da 
temática do combate ao fenômeno da pirataria marítima, 
sendo necessário que a comunidade internacional 
repense suas atitudes quando do enfrentamento do tema. 
 
2. CONCEITO DE PIRATARIA MARÍTIMA 
A pirataria marítima, definida hoje como ato 
ilícito, nem sempre teve esta conotação: 
 [...] pirataria era entendida principalmente como 
um ato de guerra, quando navios, comandantes e 
tripulações estavam sob a licença (‘Carta de Marque’) ou 
os auspícios de um monarca ou governo para atacar e 
pilhar a frota de um Estado competidor numa dada rota 
comercial considerada monopólio para a aquisição de 
especiarias, tecidos, minerais nobres e presas de animais 
apreciados pelos artesãos europeus. Adicione-se o fato 
de que o ato constituía-se de pirataria em qualquer 
porção do espaço marítimo, fosse realizado em alto-mar 
ou não (CALIXTO, 2006, p. 202-203). 
O conceito de pirataria perdeu hodiernamente 
seu caráter de ato com participação estatal, passando a 
ter como essência a finalidade privada, não se 
confundindo, portanto, com o corso, que contava com 
intervenção de um Estado que autorizava sua prática e 
dela se beneficiava. A doutrina conceitua pirataria como 
“o saque, a depredação ou o apresamento de navio, 
geralmente sob violência, e com fins privados” 
(MARTINS, 2008, p. 82), ou mesmo como “qualquer 
roubo ou outro ato de violência, com fins privados e sem 
autorização de autoridade pública, cometido em mares 
ou no espaço aéreo localizados fora da jurisdição de 
qualquer Estado” (JENKINS, 2013). Entretanto, 
conforme será exposto mais adiante, quando da análise 
dos tipos relativos aos atos de pirataria, não apenas atos 
violentos configuram o fenômeno ora estudado, mas 
 
11 
MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS 
também quaisquer atos de auxílio ou instigação a esta 
prática. 
A Convenção sobre o Alto-Mar de 1958 dispôs 
sobre os atos de pirataria, em seu artigo 15º, o seguinte: 
[...] Constituem pirataria os actos a seguir 
enumerados: 
1) Todo o acto ilegítimo de violência, de 
detenção ou toda a depredação cometida para fins 
pessoais pela tripulação ou passageiros de um navio 
privado ou de uma aeronave privada, e dirigidos: a) No 
alto mar, contra um outro navio ou aeronave, ou contra 
pessoas e bens a seu bordo; b) Contra um navio ou 
aeronave, pessoas ou bens, em local fora da jurisdição de 
qualquer Estado. 
2) Todos os actos de participação voluntária para 
utilização de um navio ou de uma aeronave, quando 
aquele que os comete tem conhecimento de factos que 
conferem a este navio ou a esta aeronaveo carácter de 
navio ou aeronave pirata. 
3) Toda a acção tendo por fim incitar a cometer 
os actos definidos nas alíneas 1) e 2) do presente artigo 
ou empreendida com a intenção de os facilitar. 
Tal texto, bem como outros regramentos sobre o 
tema, foi repetido integralmente na Convenção das 
Nações Unidas sobre Direito do Mar (CNUDM III), de 
1982, também conhecida como Convenção de Montego 
Bay, que em seu art. 101 define quais atos são 
considerados de pirataria, in verbis: 
[...] Constituem pirataria quaisquer dos seguintes 
atos: a) ato ilícito de violência ou de detenção ou todo 
ato de depredação cometidos, para fins privados, pela 
tripulação ou pelos passageiros de um navio ou de uma 
aeronave privados, e dirigidos contra: i) um navio ou 
uma aeronave em alto mar ou pessoas ou bens a bordo 
dos mesmos; ii) um navio ou uma aeronave, pessoas ou 
bens em lugar não submetido à jurisdição de algum 
Estado; b) todo ato de participação voluntária na 
utilização de um navio ou de uma aeronave, quando 
aquele que o pratica tenha conhecimento de fatos que 
dêem a esse navio ou a essa aeronave o caráter de navio 
ou aeronave pirata; c) toda a ação que tenha por fim 
incitar ou ajudar intencionalmente a cometer um dos atos 
enunciados nas alíneas a) ou b). 
Dessa forma, pode-se conceituar pirataria 
marítima como o cometimento, participação, 
induzimento ou instigação, de ato ilícito danoso 
praticado com fins privados e sem a autorização de 
autoridade pública, perpetrados pela tripulação ou 
passageiros de um navio contra navio ou pessoas 
localizados fora da jurisdição de algum Estado. 
Diante de tal conceito, pode-se identificar três 
elementos que devem ser avaliados quando da análise de 
atos de pirataria: 
O objeto do ato deve ser um navio, aeronave ou 
passageiros/tripulantes destes veículos. O critério 
geográfico, por sua vez, estipula que o crime tem que ser 
perpetrado em alto mar ou em lugar onde não haja a 
jurisdição de um estado. Por este critério, deixariam de 
ser considerados todos os atos cometidos nas águas 
interiores, mar territorial e zona econômica exclusiva 
(ZEE). [data venia, a rigor, a jurisdição é exercida 
somente no mar territorial e águas interiores, onde o 
Estado atua na plenitude do uso de seus poderes, visto 
que a zona contígua destina-se apenas à fiscalização, um 
preparo para a entrada no navio no mar territorial, assim 
como na zona econômica exclusiva há somente o 
monopólio da exploração de recursos naturais, quer 
sejam de natureza animal (pesca), quer sejam de natureza 
mineral (por exemplo petróleo)] Os dois primeiros 
critérios — objeto e localização — são objetivos. 
Entretanto, a finalidade é subjetiva por natureza, 
podendo comportar diferentes interpretações. Por 
exemplo, não há consenso entre os juristas se o animus 
furandi, a intenção de roubar, é elemento necessário ou 
se atos de insurgentes procurando derrubar seu governo 
devem ficar fora da definição. A jurisprudência das 
cortes nos Estados Unidos da América e Reino Unido 
têm adotado que qualquer ato não autorizado de 
violência cometido no alto mar é pirataria (CANINAS, 
2009, p. 106). 
Diante de tal dispositivo legal há que identificar 
três tipos de ato de pirataria: pirataria propriamente dita, 
participação na pirataria e instigação ou auxílio à 
pirataria. O primeiro tipo tem como elementos 
característicos: a violência, seja física (depredação) ou 
moral (mera ameaça), sendo frequente o uso da primeira, 
dadas as proporções dos meios de transporte das vítimas 
(navios); e os fins privados, visto que não se confundem 
os atos de pirataria com atos típicos do poder de império 
de Estado (presa bélica, captura e apreensão). 
Os atos de pirataria referem-se às presas 
piratescas: 
Denomina-se presa todo ato de depredação, 
praticado no mar por homens que o percorrem roubando, 
à mão armada, navios de qualquer nação. Diz respeito, 
principalmente, ao arrebatamento do navio ou à carga 
por piratas. É o ato de pirataria (GIBERTONI, 2005, p. 
234). O segundo tipo refere-se à participação na 
pirataria, segundo o qual não se faz necessária para a 
caracterização do tipo o elemento da violência, mas sim, 
apenas, o conhecimento do uso do navio para 
cometimento de atos de pirataria. Tal espécie é 
usualmente cometida pela tripulação dos motherships3 
que não praticam propriamente os atos de violência 
contra as vítimas de pirataria, mas que tem conhecimento 
do uso das embarcações para tal fim. O último tipo faz 
menção à instigação ou auxílio à pirataria. Incitar refere-
se ao ato de instigar, reforçar a ideia de cometer as 
condutas descritas nas alíneas a ou b do mencionado 
dispositivo legal. Auxiliar é a prestação de ajuda material 
à prática dos citados atos, como por exemplo os piratas 
que atuam como assistentes de artilharia, no 
 
12 
MÓDULO 2 – 2018 – Prof. Rafael Dias e Profª Bernadete Rocha CURSO ADSUMUS 
recarregamento das RPGs4 utilizadas nos ataques às 
vítimas. São equiparados a esses atos os cometidos por 
navios de guerra na hipótese prevista no art. 102 da 
CNUDM III, in verbis: 
 Os atos de pirataria definidos no Artigo 101, 
perpetrados por um navio de guerra, um navio de Estado 
ou uma aeronave de Estado, cuja tripulação se tenha 
amotinado e apoderado do navio ou aeronave, são 
equiparados a atos cometidos por um navio ou aeronave 
privados. 
Vale ressaltar que todos esses atos descritos na 
CNUDM III, para que possam configurar pirataria, hão 
de ser praticados em lugar não submetido à jurisdição de 
um Estado, sob pena de serem considerados outros tipos 
penais previstos na legislação interna de tal Estado, 
delitos estes classificados pela Organização Marítima 
Internacional (International Martime Organization – 
IMO) como roubo armado contra navios (armed robbery 
against ships), conforme dispõe o item 2.2 do Anexo 
Code of Practice for the Investigation of Crimes of 
Piracy and Armed Robbery against ships da sua 
Resolução A.922(22): 
‘Roubo armado contra navios’ significa qualquer 
ato ilícito de violência ou de detenção ou qualquer ato de 
depredação, ou ameaça, não tipificado como ato de 
pirataria, dirigido contra um navio ou contra pessoas ou 
bens a bordo de um navio dentro da jurisdição do Estado 
sobre tais infrações. 
Faz-se mister ainda mencionar que tal assunto é 
também disciplinado na Convenção para Supressão de 
Atos Ilícitos contra a Segurança da Navegação Marítima 
(SUA Convention), que em seu artigo 3º disciplina que: 
1. Qualquer pessoa comete delito se, ilícita e 
intencionalmente: (a) sequestar ou exercer controle sobre 
um navio, pela força ou ameaça de força ou por qualquer 
outra forma de intimidação; ou (b) praticar ato de 
violência contra pessoa a bordo de um navio, se esse ato 
for capaz de pôr em perigo a navegação segura desse 
navio; ou (c) destruir um navio ou causar dano a um 
navio ou à sua carga e esse ato for capaz de pôr em 
perigo a navegação segura desse navio; ou (d) colocar ou 
mandar colocar em um navio, por qualquer meio, 
dispositivo ou substância capaz de destruí-lo ou causar 
dano a esse navio ou à sua carga, e esse ato puser em 
perigo ou for capaz de pôr em perigo a navegação segura 
desse navio; ou (e) destruir ou danificar seriamente 
instalações de navegação marítima ou interferir 
seriamente em seu funcionamento, se qualquer desses 
atos for capaz de pôr em perigo a navegação segura do 
navio; ou (f) fornecer informações que sabe serem falsas, 
dessa forma pondo em perigo a navegação segura de um 
navio; ou (g) ferir ou matar qualquer pessoa, em conexão 
coma prática ou tentativa de prática de qualquer dos 
delitos previstos nas letras (a) a (f). 2. Qualquer pessoa 
também comete delito se: (a) tentar cometer qualquer dos 
delitos previstos no parágrafo 1; ou (b) ajudar na prática 
de qualquer dos delitos previstos no parágrafo 1, 
cometido por qualquer pessoa, ou for, de outra forma, 
cúmplice de pessoa que cometa tal delito; ou (c) 
ameaçar, com ou sem condição, conforme disposto na lei 
nacional, com o objetivo de compelir pessoa física ou 
jurídica a praticar ou deixar de praticar qualquer ato, 
cometer qualquer dos delitos previstos no parágrafo 1, 
letras (b), (c) e (e), se essa ameaça for capaz de pôr em 
perigo a navegação segura do navio em questão. 
A SUA Convention, também conhecida como 
Convenção de Roma de 1988, foi criada com a finalidade 
de suprir a anomia existente na CNUDM no sentido de 
ser elemento da pirataria o fim privado do ato, dessa 
forma, não integrando o tipo condutas baseadas em 
outros fins, como por exemplo, políticos e religiosos. 
Como se depreende, a Convenção de Roma de 
1988, veio superar a lacuna da CNUDM ao não cobrir 
atos políticos ilícitos em suas definições sobre pirataria, 
superando, bem assim, a necessidade do envolvimento 
de dois navios para caracterizar o ato. Ao generalizar a 
ofensa ou a ilicitude, as disposições do tratado de Roma 
se aplicam tanto aos atos terroristas marítimos – privados 
ou políticos – quanto à pirataria marítima. (CALIXTO, 
2006, p. 223) 
Todavia, vale ressaltar que os atos de terrorismo 
marítimo não se confundem com os de pirataria 
marítima, dada a finalidade privada destes, que são o 
objeto da presente obra. 
 
3. ESPÉCIES DE PIRATARIA 
O International Maritime Bureau (IMB) 
disciplina que há três dimensões de atos de pirataria: o 
Low-Level Armed Robbery (LLAR), o Meddium-Level 
Armed Assault and Robbery (MLAAR), e o Major 
Criminal Hijack (MCHJ) (SARAMAGO, 2009). 
 
3.1. LOW-LEVEL ARMED ROBBERY 
Refere-se à modalidade mais simples de 
pirataria, sem destruição de partes do navio ou mesmo 
sequestro da tripulação, e com menor rentabilidade para 
os agentes, visto que consiste muitas vezes em pequenos 
roubos ou furtos. 
O ‘Low-Level Armed Robbery’ é o nível mais 
baixo da pirataria, no qual os piratas assaltam o navio e a 
tripulação e fogem, sendo um dos romoves do assalto o 
cofre do navio. Estes tipos de ataques ocorrem, 
normalmente, enquanto o navio está no porto ou no 
ancoradouro, sucedendo-se, normalmente à noite. 
Ocasionalmente, contudo raramente, o navio é levado 
para venda. (SARAMAGO, 2009) 
Vale ressaltar que é comum o enquadramento de 
tal delito no conceito de armed robbery against ships, 
dado o fato de ocorrer com maior frequência em portos, 
área de jurisdição do Estado em que se situa o porto. 
Como exemplo, pode ser citado o evento ocorrido no dia 
16 de outubro de 20125, em Conakry, na Guiné, em que 
 
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seis assaltantes embarcaram em um navio cargueiro 
ancorado, furtando carga armazenada em contêineres. A 
tripulação ficou a salvo, pois se escondeu nos 
alojamentos, entrando em contato imediatamente com o 
Centro de Denúncias do Internacional Maritime Bureau, 
que transmitiu a mensagem às autoridades competentes. 
Os assaltantes fugiram com as citadas mercadorias ao ver 
a embarcação da patrulha enviada se aproximando. Outro 
caso ocorreu 18 do mesmo mês e ano, em Tanjung Datu, 
em Sarawak, na Malasia, onde ladrões abordaram um 
rebocador que puxava uma balsa, roubaram o dinheiro da 
tripulação e fugiram. 
 
3.2. MEDIUM-LEVEL ARMED ASSAUL 
AND ROBBERY 
É uma espécie intermediária de pirataria, em que 
são empregados armamentos poderosos, utilizando 
violência para a consecução dos atos piratescos e táticas 
de abordagem das vítimas. 
Segue-se o ‘Meddium-Level Armed Assault and 
Robbery’, no qual os actos de pirataria são realizados por 
grupos que se encontram bem organizados e que operam 
com embarcações rápidas nas proximidades da costa. No 
entanto, o raio de acção pode ser alargado pela utilização 
de ‘navios-mãe’ (mother-ships), possuindo, 
frequentemente, radar. Neste caso, já estamos perante um 
maior nível de brutalidade, com tripulação ameaçada, 
amarrada, e possivelmente ferida. O armamento utilizado 
abrange armas automáticas, RPG’s ou morteiros. 
(SARAMAGO, 2009) 
Esta espécie também é classificada normalmente 
como armed robbery against ships, dado o fato de 
comumente visar navios ancorados. Entretanto, nada 
impede que seja realizada em região fora da jurisdição de 
algum Estado, posto que os agentes contam com 
embarcações maiores que lhes dão suporte. 
O modus operandi nessa modalidade de pirataria 
geralmente observa o seguinte: 
[...] as horas iniciais da manhã são o momento 
favorito dos piratas para atacar os navios que estão de 
passagem em alto mar. Usualmente, estes atacantes tem 
um bom conhecimento de navios e se aproximam dos 
navios com rapidez de dezessete nós [aproximadamente 
31,5km/h]. Os piratas usam cordas e ganchos para 
chegarem ao convés. A partir deste ponto, os 
procedimentos usados são similares aos empregados 
pelos ladrões armados nos portos. Os piratas de alto mar, 
entretanto, parecem ser mais violentos do que seus 
colegas da costa e geralmente são mais bem armados. 
Depois de roubarem a tripulação e pegarem tudo o que 
puderem da carga do navio, os piratas normalmente 
trancam os membros da tripulação em seus aposentos. 
Os piratas então partem, deixando o navio se movendo 
sem ninguém na ponte. (GOTTSCHALK, Jack A. et al, 
2000, p. 130, tradução nossa). 
Como exemplos, podem ser citados os eventos 
ocorridos no dia 15 de outubro de 20127 , no sul de 
Brass, na Nigéria, em sete piratas armados embarcaram 
em um rebocador através de uma lancha lançada de um 
navio mãe, roubando os pertences pessoais da tripulação, 
bem como sequestrando sete integrantes desta; e no dia 4 
do mesmo mês e ano, em Lomé, Togo, em que: 
Cerca de 10-12 piratas armados com armas 
automáticas embarcaram em um navio-tanque à deriva. 
Os piratas sequestraram o navio tanque e reuniram toda a 
tripulação na ponte enquanto esperavam por uma bunker 
barge [um navio tanque pequeno de reabastecimento] 
para roubar a carga do navio. Quando a bunker barge 
chegou, a tripulação do navio foi forçada a preparar as 
defesas para o navio atracar ao seu lado. Depois de 
roubar a carga os piratas trancaram a tripulação na 
cabine do Comandante, danificando alguns dos 
equipamentos de navegação, roubaram dinheiro navio, 
pertences pessoais da tripulação, provisões e itens 
eletrônicos e depois deixaram o navio-tanque em 
05/10/2012 nas primeiras horas da manhã. Todos os 
tripulantes estão a salvo apesar de algumas lesões 
físicas.8 
 
3.3. MAJOR CRIMINAL HIJACK 
Esta é a forma mais grave de pirataria e a mais 
rentável das três espécies. 
Na dimensão mais elevada distinguida pelo IMB, 
o ‘Major Criminal Hijack’, as acções são perpetradas por 
organizações regionais de grande dimensão, ou mesmo 
internacionais. Aqui, o navio é sequestrado, e é pedido 
um resgate; há o recurso à violência extrema (por vezes a 
tripulação é assassinada). Pode acontecer o navio ser 
repintado, ser-lhe dada outra bandeira e registo sob outro 
nome (Phantom Ship). São uma pequena parte dos 
crimes de pirataria ocorridos em todo o mundo, no 
entanto os mais rentáveis. 
Quanto à última espécie, faz-se mister mencionar 
importante caso, o do petroleiro MV Sirius Star, o maior 
navio já sequestrado por piratas da história. Comcarga 
avaliada em US$ 100 milhões9 , e tripulação de 25 
pessoas, foi sequestrado por piratas somalis em 15 de 
novembro de 2008, sendo libertado após pagamento de 
resgate no montante de US$ 3 milhões, em 9 de janeiro 
de 200910. 
 
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4. ZONAS DE RISCO 
O International Maritime Bureau (IMB) classifica algumas regiões do mundo como zonas de risco em relação 
à pirataria marítima, considerando o elevado número de incidentes reportados a ele nestas regiões. Essas regiões 
podem ser reunidas em cinco grupos devido às suas características geográficas e idiossincrasias: Costa da Somália, 
Golfo de Áden, Golfo da Guiné, Sudeste da Ásia (Estreito de Malacca, Malásia, Indonésia, Mar do Sul da China e 
outros) e Índia. Os citados incidentes ocorrem nessas regiões por diversos motivos, mas principalmente devido à sua 
localização geográfica favorável à existência de importantes rotas marítimas. O mapa (RODRIGUE, 2014) abaixo 
ilustra esta assertiva. 
FIGURA 1. Principais rotas de comércio marítimo Zonas de risco de pirataria marítima 
 
A principal rota marítima (core route), que liga 
as regiões da América do Norte, Europa e Ásia, passa por 
todas as zonas de risco classificadas pelo IMB. 
Todavia, vale ressaltar que o IMB realiza seus 
estudos estatísticos incluindo nos atos de pirataria os 
roubos armados praticados contra navios. Tal cálculo 
visa aumentar o número de incidentes reportados para 
fomentar o combate a estes delitos. 
Tecnicamente, somente há pirataria se as 
condutas praticadas estiverem de acordo com os ditames 
legais do art. 101 da CNUDM, isto é, somente se as 
condutas forem realizadas “em lugar não submetido à 
jurisdição de algum Estado”, no caso, além dos limites do 
mar territorial, pois, do contrário, constituem-se em 
crimes de jurisdição interna dos Estados onde foram 
praticados. 
Destarte, somente algumas das áreas listadas 
como zonas de risco pelo IMB são realmente regiões 
onde há relevante número de incidentes de pirataria, 
como é o caso da Costa da Somália, Golfo de Áden e 
Golfo da Guiné. As demais são áreas onde o maior 
número de ataques constituem roubos armados contra 
navios, visto que praticados em portos, ancoradouros, ou 
águas próximas à costa. 
 
5. AMEAÇA GLOBAL 
O fenômeno da pirataria marítima é de grande 
interesse da sociedade global, visto que mais de 80% do 
volume de comércio mundial é realizado através do 
modal aquaviário (UNCTAD, 2011, p. 26, tradução 
nossa). De acordo com relatório elaborado em 2012 pela 
Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e 
Desenvolvimento (United Nations Conference on Trade 
and Development – UNCTAD): 
Dados preliminares indicam que o comércio 
marítimo mundial manteve-se estável em 2011 e cresceu 
4%, com um total de volumes atingindo o recorde de 8,7 
bilhões de toneladas [...]. Esta expansão foi impulsionada 
pelo rápido crescimento nos volumes de carga seca 
(5.6%) propelido pelo otimismo do comércio de 
contêineres e granel, que cresceram 8,6% (expresso em 
toneladas) e 5,4%, respectivamente. (UNCTAD, 2012, p. 
5,tradução nossa) 
 
CONCLUSÃO 
A pirataria marítima é fenômeno de extrema 
relevância para a sociedade global, visto que os prejuízos 
dele advindos são preocupantes e comuns à toda a 
comunidade mundial. Hodiernamente, a pirataria se 
apresenta como um dos maiores desafios na esfera 
internacional para o transporte pelo modal marítimo, 
afetando toda a cadeia produtiva e de fornecimento, visto 
que os navios mais visados pelos criminosos são os que 
transportam produtos químicos, petróleo e cargas gerais a 
granel ou em containers. 
Quando os navios são sequestrados e sua carga 
roubada, há a interrupção de tais cadeias, o que gera 
enorme prejuízo a todos os envolvidos nesta relação. 
Diante disso, os armadores que transportam cargas pelas 
chamadas zonas críticas, localizadas nas principais rotas 
de comércio marítimo mundial, tem que arcar com 
 
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prêmios mais caros, majorados em razão do aumento do 
risco ao qual o objeto do contrato de seguro é 
submetido. 
Não obstante tais prejuízos, há outros que não 
podem ser mensurados, posto que causados às vidas 
humanas envolvidas na prática do citado delito. 
Atualmente, o número de incidentes de pirataria foi 
bastante reduzido, se comparados aos dos anos 
anteriores. 
Entretanto, ainda se apresentam em escala 
alarmante, em número que preocupa a comunidade 
internacional, dada a violência extrema típica de tais 
ataques. Nesse compasso, torna-se evidente a 
necessidade de serem repensadas atitudes da comunidade 
global a fim de combater tal fenômeno. Atualmente, estas 
atitudes consistem no emprego de máquinas e estratégias 
militares altamente dispendiosas, o que agrava ainda 
mais os custos gerados pela pirataria. 
Quando da aplicação de mecanismos de boa 
governança, há que serem considerados outros aspectos 
relacionados à pirataria marítima, como a ausência de 
condições para um desenvolvimento digno das 
populações das áreas afetadas e a incapacidade de 
autogestão das atividades precípuas pelos Estados a elas 
relacionados. 
Destarte, na criação de novos paradigmas, bem 
como na efetivação dos atuais, relativos à área dos 
transportes por meio marítimo, há que ser levada em 
conta a pirataria como desafio que deve ser superado. 
Nesta toada, não obstante o emprego das atuais medidas 
de enfrentamento do problema que se fazem necessárias, 
acredita-se que o empoderamento da figura estatal, 
através de investimentos na criação de capacidade de 
autogestão das atividades precípuas dos Estados 
assolados pelo fenômeno pode ser uma solução, com 
resultados em longo prazo, viável para a erradicação do 
problema ou, ao menos, sua minimização. 
Fonte: 
http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=52fe8f09
c95a49a4 
 
Exercício 3: Escreva um texto com 4 parágrafos de 5 a 7 linhas cada, sendo 
1º parágrafo: apresentação do problema da pirataria marítima + TESE; 
2º parágrafo: explicação de causas da pirataria marítima; 
3º parágrafo: explicação de consequências da pirataria marítima; 
4º parágrafo: REAFIRMAÇÃO DA TESE + explicação de soluções da pirataria marítima. 
Dica: faça, pelo menos, 3 frases por parágrafo. 
 
Texto 4: Marinha da Argentina rebate acusação de ministro sobre chamadas do submarino desaparecido 
ARA San Juan desapareceu com 44 tripulantes a bordo no dia 15 de novembro. 
 
Por G106/12/2017 18h31 Atualizado 06/12/2017 18h51 
A Marinha da Argentina rebateu nesta quarta-feira (6) a 
acusação do ministro da Defesa de que teria ocultado chamadas 
de emergência feitas pelo submarino ARA San Juan antes de 
desaparecer no Oceano Atlântico. 
A empresa Tesacom, que audita as linhas de satélite de 
um dos sistemas usado pelo submarino, divulgou nesta terça que 
o ARA San Juan fez 8 chamadas antes de desaparecer. Após a 
divulgação da empresa, segundo o jornal “El Clarín”, o ministro 
da Defesa Oscar Aguad acusou a Marinha de ocultar que o 
submarino tenha reportado emergência e alertado problemas 
nessas chamadas, o que poderia ter gerado buscas mais rápidas. 
No entanto, nesta quarta o porta-voz da Marinha, 
Enrique Balbi, disse que não foram chamadas de emergência, e 
que algumas delas, inclusive, não foram chamadas telefônicas, 
mas “tentativas de conexão com a internet”. Balbi já havia 
explicado que as chamadas divulgadas pela Tesacom englobam 
tanto chamadas de telefonia como de dados. 
Balbi ressaltou que as principais informações foramdivulgadas pela Marinha: "A respeito de todas essas 
comunicações, as principais foram informadas em tempo e em 
forma de Porto Belgrano às autoridades de Buenos Aires e ao 
Ministério da Defesas", disse. 
O ARA San Juan desapareceu com 44 tripulantes a 
bordo no dia 15 de novembro, quando navegava pelo Golfo de 
São Jorge. O submarino havia zarpado no domingo 11 de 
novembro de Ushuaia para retornar a Mar del Plata, sua base 
habitual. Em sua última comunicação, informou que uma entrada 
de água pelo sistema de ventilação provocou um princípio 
de incêndio na casa de baterias. 
 
Exercício 4: Escreva um texto com 4 parágrafos de 5 a 7 linhas cada, sendo 
1º parágrafo: apresentação dos problemas com submarinos + TESE; 
2º parágrafo: Exemplificação do acidente com o submarino argentino; 
3º parágrafo: Explicação de possíveis causas e consequências do acidente; 
4º parágrafo: REAFIRMAÇÃO DA TESE + soluções. 
Dica: faça, pelo menos, 3 frases por parágrafo. 
 
 
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PLANEJAMENTO - Exemplo de roteiro de planejamento 
Tema 
 
 
 
 
Introdução 
 
 
 
 
Desenvolvimento 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conclusão 
 
 
 
 
 
 
 
 
Título 
 
 
 
 
 
Problemas do meio ambiente 
 
 
 
 
Ideia 1: Aquecimento global 
Ideia 2: Queimadas / Desmatamento 
Ideia 3: Falta de políticas públicas consistentes 
Técnica de introdução: 
 
Tese: O ser humano tem destruído o meio ambiente a cada ano. 
Parágrafo 1 = ideia 1 
Recentemente, cientistas descobriram que o aquecimento global é causado pela enorme destruição do meio 
ambiente. 
Parágrafo 2 = ideia 2 
Dois problemas graves e recorrentes são as queimadas e os desmatamentos. 
Parágrafo 3 = ideia 3 
A falta de políticas públicas consistentes impede a preservação do ambiente. 
 
Retomada da tese: O ser humano é, portanto, responsável pela destruição gradativa do meio ambiente. 
 
Técnicas de conclusão: 
 
 
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Planejamento Textual 
Tema 
 
 
 
 
Introdução 
 
 
 
 
Desenvolvimento 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conclusão 
 
 
 
 
 
 
 
 
Título 
 
 
 
 
Problemas do meio ambiente 
 
 
 
 
Ideia 1: 
Ideia 2: 
Ideia 3: 
Técnica de introdução: 
 
Tese: 
Parágrafo 1 = ideia 1 
 
Parágrafo 2 = ideia 2 
 
Parágrafo 3 = ideia 3 
 
 
Retomada da tese: 
 
Técnicas de conclusão: 
 
 
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INTRODUÇÃO 
1) Funções: 
* Contextualizar: de onde o tema surgiu? Qual a relevância da questão proposta? Qual é a melhor estratégia para 
começar a falar desse tema? Essa estratégia “fere” a essência da introdução ou, ao contrário, consegue enriquecê-
la? 
 * Direcionar a abordagem: como o tema será tratado? Que ponto de vista será defendido? 
 
2) Estrutura: 
 * 1º parágrafo do texto → cerca de cinco ou seis linhas 
 * Contextualização + Tese 
 
 2.1) Tese 
 * Conceito: eixo central / linha de raciocínio / 
Expressão do ponto de vista. 
 
a) Tese explícita por etapas: explicitação dos três 
argumentos 
 * Tese explícita por etapas: trata-se da apresentação 
clara dos argumentos que serão explorados nos 
parágrafos de desenvolvimento, resumidos em um 
período, na ordem em que eles aparecerão no texto. 
 
Exemplo 1: 
Tema: Consumismo 
Tese: Embora necessário, o consumismo constitui uma 
violência simbólica, que pode levar, também, à 
criminalidade. 
 
Arg1: relevância econômica 
Arg2: imposição de “necessidades” / sedução 
publicitária 
Arg3: criminalidade para o consumo 
 
Exemplo 2: 
 
 Tema: Redução da maioridade penal 
Com o aumento da quantidade e da gravidade 
dos casos de delinquência juvenil, vem à tona o debate 
em torno de suas possíveis soluções. Dentre as 
propostas, destaca-se a redução da maioridade penal 
para dezesseis anos no Brasil. Embora seja necessário 
melhorar previamente o sistema carcerário, essa 
mudança no código penal confirma a precocidade dos 
jovens de hoje e ajuda a diminuir sua imunidade frente 
à lei. 
 
Arg1: 
 
Arg2: 
 
Arg3: 
 
Exemplo 3: 
Tema: a identidade da música brasileira 
Quem vai à História descobre logo que o samba 
não seria o mesmo sem os ritmos africanos e as danças 
latinas, o mesmo vale para outros estilos tipicamente 
brasileiros. Nesse contexto, vê-se com histeria o alarme 
diante da música americana nas rádios e lojas de CD. 
Entretanto a velocidade das influências, hoje, é 
realmente motivo de preocupação. Afinal, embora as 
trocas estejam na base de qualquer cultura, os excessos 
da globalização econômica precisam ser filtrados, a fim 
de que a música brasileira mantenha o mosaico que 
sustenta sua identidade. 
Arg1: 
 
Arg2: 
 
Arg3: 
 
 b) Tese implícita por ideia geral ou palavra-chave: 
sugestão sutil de ponto de vista 
* Tese implícita por ideia geral ou palavra-chave: 
trata-se da sugestão genérica e/ou sutil da opinião que 
será defendida na argumentação. 
 
 
20 
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Exemplo 1: 
 Tema: Efeitos negativos da tecnologia: 
Tese: Existe um paradoxo tecnológico: quanto maior o 
progresso, maior a desumanização. 
Arg1: comunicação mediada 
Arg2: dependência da tecnologia 
Arg3: redução das identidades culturais 
 
Exemplo 2: 
Tema: Representações sociais da mulher no Brasil 
hoje 
O discurso politicamente correto parece ocupar 
todos os espaços sociais disponíveis. Não seria 
diferente no que diz respeito à mulher. Reconhecimento 
por parte de autoridades, mudanças na legislação 
eleitoral, teses e mais teses acadêmicas. Na hora do 
comercial, porém, lá está a mesma mulher-objeto de 
sempre, corpo escultural, boca calada. No Brasil, sem 
dúvida, vive-se uma espécie de contradição, pois a 
imagem feminina oficial nunca coincide com a real. 
 
Exemplo 3: 
Tema: Democracia e desigualdade social no Brasil. 
Sabe-se que o Brasil é, historicamente, marcado 
por absurdas desigualdades sociais e por nenhuma 
medida política eficaz para, pelo menos, amenizá-las. 
Nesse contexto de displicência governamental, o 
abismo entre as classes apenas aumentou e chegou, nos 
dias atuais, a uma assustadora realidade de divisão e 
segregação. O paradoxal, no entanto, é que, mesmo em 
um país de muitas diferenças, há quem acredite viver 
em uma plena democracia. 
 
 c) Tese implícita por pergunta: questionamento 
retórico e sugestivo 
 * Tese por pergunta retórica: trata-se da sugestão de 
sutil de um ponto de vista por meio de um 
questionamento que induz a uma resposta. 
 
Exemplo 1: 
Tema: Os avanços da consciência ecológica no 
mundo. 
Rio 92, Rio+10, Rio+20. Não há, na história, 
registro de tantas reuniões e congressos para discutir os 
problemas ambientais que desafiam a todos. Tema 
obrigatório em sala de aula e em páginas de jornal, a 
ecologia entrou e ficou em pauta. O que era pura 
ciência alcança o cidadão comum, que, nos atos mais 
simples, aos poucos muda sua postura. Mantêm-se, no 
entanto, os problemas mais graves, causados pelas 
grandes empresas de sempre. Nesse contexto, cabe 
indagar: de que adianta a pura consciência individual

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