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drogas um fenômeno mundial

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1
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DROGAS NO TRABALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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“De perto, talvez ninguém seja normal”. 
Por outro lado, de perto, de muito perto, talvez o diabo não 
seja tão feio quanto se pinta. 
“O difícil é olhar de perto; afinal a exclusão esconde o 
insuportável”. 
Antes de identificarmos um usuário, ou a droga que 
ele possa estar usando, seria fundamental entendermos o 
ser humano, como ele pensa, o que ele sente, o que 
deseja, o que o preocupa... Sem julgamentos precipitados, 
sem preconceitos, sem medo. Tarefa fácil? Não. 
Missão impossível? Também, não. Precisamos ter apenas 
a consciência de que ao olhar para o outro, estaremos 
olhando para nós mesmos, para aquilo que mais 
intimamente, dentro de nós, procuramos evitar um contato. 
 
 3
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
AGRADECIMENTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04 
 
RESUMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05 
 
INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06 
 
CAPITULO I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09 
1. O Surgimento do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09 
1.2 O Trabalho na atual conjuntura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 
1.3 O Trabalho como Sofrimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 
 
CAPITULO II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 
2. A questão das drogas dentro das organizações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 
2.1 – Fatores de risco e fatores de proteção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 
 
CAPITULO III . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 
3. Prevenção e Programas de enfrentamento dentro das empresas . . . . . . . 25 
3.1 - Ações de prevenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 
 
CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 
 
BIBLIOGRAFIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 
 
ANEXOS I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 
 
ANEXOS II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 4
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Acima de tudo a Deus que me deu a oportunidade de iniciar e concluir este 
curso concedendo ânimo para prosseguir nos momentos difíceis. 
Ao meu esposo pela compreensão nos momentos de ausência e sempre 
torcendo por esta conquista. 
 Aos meus pais, pelo apoio, incentivo e imenso carinho no decorrer da 
caminhada. 
Aos que passaram aos que ficaram. Enfim a todos aqueles que fazem parte 
da minha história eu agradeço de coração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Esta monografia aborda a relação do indevido de álcool e outras drogas no 
ambiente de trabalho. Este, tem um papel fundamental na vida das pessoas, pois 
contribui para a formação de sua identidade e permite que os indivíduos 
participem da vida social como elemento essencial para a saúde. Porém este 
mesmo trabalho pode ser um fator de risco, gerador de sofrimento e até 
desencadeante para o uso drogas. Trazendo assim conseqüências tanto para a 
vida laborativa como para as organizações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 O trabalho tem um papel fundamental para os indivíduos no mundo, pois 
contribui para a formação de sua identidade e permite que os indivíduos 
participem da vida social como elemento essencial para a saúde. 
 Porém este mesmo trabalho, no mundo capitalista atual, tende a ser 
gerador de sofrimento. Alguns fatores tais como competitividade, condições de 
trabalho, estresse, sobrecarga, ou excesso de ócio, pressão do tempo, etc, podem 
ser considerados como fatores propiciadores ou desencadeadores do sofrimento 
no trabalho. E para responder este sofrimento, o consumo indevido de álcool e 
outras drogas é utilizado como estratégia para o enfrentamento destas situações 
insensibilizando contra o que faz sofrer. 
Droga ou substancias psicoativas são aquelas que modificam o estado de 
consciência do usuário, ou seja, são substancias que interferem no sistema 
nervoso central provocando alterações e distúrbios no comportamento. 
O consumo de substâncias psicoativas existe desde os primórdios da 
história do homem, em praticamente todas as culturas conhecidas. Muitas vezes 
por curiosidade, desejo de transcendência, em busca da imortalidade, do prazer, 
da sabedoria, são motivos que aparecem, desde sempre, associados ao desejo 
por alguma droga. 
 7
 Ao longo da história da humanidade o uso de drogas insere-se em vários 
contextos. Desde o místico associado a rituais e a busca da transcendência até o 
econômico, do qual a Guerra do Ópio e a economia paralela na Colômbia são 
alguns dos exemplos. Praticamente todas as pessoas fazem uso de algum tipo de 
droga. Medicamentos, álcool e tabaco são drogas legalmente comercializadas. 
Cada cultura determina quais drogas devem ser consideradas legais e ilegais. Isto 
demonstra que está mais relacionada a aspectos antropológicos e econômicos do 
que morais ou éticos ou mesmo aos efeitos ou características farmacológicas das 
substancias em questão. 
O uso de drogas pode gerar confusões que tende a configurar dois 
extremos a serem discutidos: a idéia de que o uso de drogas é uma liberdade 
individual e, portanto, não permitiria qualquer intervenção. E o outro extremo 
estaria representado pelo imperativo de livrar as pessoas do “mal” de qualquer 
forma. A superação desta confusão de posições extremadas está na possibilidade 
de exercer uma mediação. 
Vale ressaltar a necessidade de manter a distância do cunho moral, onde 
se diz o que é melhor para todos. Da mesma forma, se faz necessário o 
direcionamento a uma profunda reflexão sobre quais as escolhas do indivíduo e 
que as conseqüências que terão em sua vida. É certo que uma posição que se 
ancore nesse princípio tem suas dificuldades, pois trata-se de flexibilizar posições 
e de reafirmar que, no trabalho, o uso de drogas não é possível, que traz prejuízos 
tanto para a empresa quanto para o trabalhador. Faz-se necessário que os limites 
sejam recolocados dando ao indivíduo a possibilidade de escolher o que fazer. 
 Neste trabalho abordaremos que a questão do uso de drogas no trabalho 
pois, possui uma relevância social significativa, já que produz notórios efeitos 
econômicos, de produtividade, além de afetar a qualidade de vida no trabalho 
constituindo-se também um grave problema de saúde pública. 
 8
E no capitulo I iniciaremos realizando uma discussão sobre o surgimento do 
trabalho e as transformações até os dias atuais. Como este trabalho pode ser um 
fator desencadeante para o sofrimento humano. 
No capitulo II falaremos sobre a questão das drogas dentodas 
organizações, ou seja, os motivos pelos quais podem levar o trabalhador a fazer 
uso indevido de álcool e outras drogas no ambiente de trabalho e tentar 
compreender o que vem a ser os fatores de risco e proteção, para o uso dessas 
substâncias. 
Já no capitulo III abordaremos a questão da prevenção, pois a empresa que 
investe na prevenção e no tratamento das pessoas que estão envolvidas com esta 
problemática tende a melhorar seus índices de produtividade e conseqüentemente 
a qualidade de vida tanto do trabalhador quanto da empresa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9
 
 
 
CAPITULO I 
 
 
1. O Surgimento do Trabalho 
 
Desde os primórdios dos tempos o trabalho é uma atividade inerente ao ser 
humano. O trabalho não existe fora do ser social. O que significa, que só há 
trabalho enquanto parte do processo de reprodução da sociedade. Ou seja, é a 
função social que faz um ato ser, ou não, trabalho. 
O processo de trabalho vem sofrendo sucessivas mudanças ao longo do 
tempo. Podemos visualizar através da história o surgimento de diferentes formas 
de trabalho começando com as atividades de coleta e caça das sociedades 
primitivas, a distintas forma de trabalho na sociedade escravista, as atividades de 
trabalho agrícola que produzia somente o que era necessário para o seu próprio 
consumo, ou seja, para suprir suas necessidades básicas. E chegando à produção 
de trabalhos artesanais que eram confeccionados manualmente e vendidos em 
escala menor. O trabalhador era livre para organizar suas tarefas e era 
responsável pelo produto final, prescindindo de estruturas hierarquizadas de 
comando. O trabalho era parte de sua vida, não havia sua separação de cultura e 
diversão, pois consistia em autodesenvolvimento do indivíduo. 
 10
Com o advento do capitalismo o fundamento da riqueza deixou 
paulatinamente de ser a terra, e a economia de mercado começou a estruturar-se 
com base no trabalho artesanal. 
Com a expansão das cidades, milhares de pessoas abandonaram a vida do 
campo, e vieram para as cidades urbanas em busca de melhores condições de 
vidas. As trocas comercias entre diversas regiões estimularam as transformações 
no mundo do trabalho, surgindo assim o trabalho assalariado e uma incipiente 
divisão técnica das atividades. Os homens foram transformados em trabalhadores, 
livres para vender sua força de trabalho. A partir deste momento o trabalho passou 
a ser a atividade social mais valorizada e com a divisão social do trabalho 
determinou-se quem manda e quem obedece. 
Esta importância e exaltação conferidas ao trabalho na sociedade ocidental 
a partir da implantação e consolidação do sistema capitalista concedem ao papel 
de trabalhador lugar de destaque entre os papéis sociais representativos do eu, ou 
seja, da condição humana. 
Segundo Marilda Iamamoto: 
“... o trabalho é uma atividade fundamental na 
vida do homem, pois mediatiza a satisfação de suas 
necessidades diante da natureza e de outros 
homens. Pelo trabalho o homem se afirma como um 
ser social e, portanto, distinto da natureza. 
O trabalho é uma atividade própria do ser humano, e se apresenta de forma 
material, intelectual ou artística. É por meio do trabalho que o homem se afirma 
como um ser e pode dar respostas práticas e conscientes aos seus carecimentos 
e às suas necessidades. 
Também é um fator distintivo da atividade humana, pois o homem é o único 
ser que, 
 11
“... ao realizar o trabalho, é capaz de projetar, 
antecipadamente na sua mente o resultado a ser 
obtido. Em outros termos, no trabalho tem-se uma 
antecipação e projeção de resultados”. 
(Iamamoto:1998) 
O homem é o único ser que é capaz de criar meios e instrumentos de 
trabalho, garantindo assim uma atividade exclusivamente humana. É através do 
trabalho que as necessidades humanas são satisfeitas, ao mesmo tempo em que 
este mesmo trabalho cria outras necessidades. 
 A autora afirma ainda que é “... por meio do trabalho que o homem se 
afirma como ser criador, não só como individuo pensante, mas como indivíduo que 
age consciente e racionalmente. E sendo o trabalho uma atividade prático-
concreta e não só espiritual, opera mudanças tanto na matéria ou no objeto a ser 
transformado, quanto no sujeito, na subjetividade dos indivíduos, pois permite 
descobrir novas capacidades e qualidades humanas”. (Iamamoto:1998) 
Assim, podemos definir categoria trabalho como um elemento constitutivo 
do ser social, que o distingue como tal e, portanto, ocupa uma centralidade na vida 
dos homens. 
 
1.2 O Trabalho na atual conjuntura 
No início do século XX, surgiu nos países capitalistas ocidentais, uma teoria 
voltada para a eficiência e controle da produção do trabalhador. Este modelo 
organizacional perdurou até a década de 70, quando o mercado de trabalho 
apresentou mudanças significativas com o aumento da competição, queda nos 
lucros da empresa, mão-de-obra excedente gerando desemprego, principalmente 
devido a implantação de novas tecnologias no setor industrial. 
 12
A estas mudanças podemos denominar de globalização que teve inicio com 
o processo de internacionalização do capital, que trouxe várias transformações 
para o mundo do trabalho. Podemos citar como grande exemplo o grande avanço 
tecnológico e a transição do fordismo ao toyotismo que diminuíram 
consideravelmente a importância da matéria-prima, e da mão-de-obra direta que 
cada vez mais vem sendo substituída pela automação e a robótica o que provoca 
grande crescimento do desemprego e também o agravamento do desemprego 
estrutural. 
Com tudo isso surge um grande contingente de trabalhadores 
desempregados separados dos meios de produção, como resultado da 
generalização das relações capitalistas de produção, bem como a simultânea 
existência de pobreza acentuada dos países em desenvolvimento que força o 
desempregado a trabalhar virtualmente a qualquer preço, isto é, por qualquer 
salário. A força de trabalho desempregada constitui um exército industrial de 
reserva que pode ser mobilizado a qualquer momento permitindo assim, a 
superexploração desta força de trabalho. O resultado disso pode ser verificado em 
todo o mundo, milhões de pessoas ocupando trabalhos precários, incluindo 
trabalhadores sem qualquer remuneração. 
A precarização do trabalho através da chamada flexibilização do trabalho - 
modo de maximizar os lucros com diminuição de custos trabalhistas, escapando 
da pressão sindical e ampliando ainda mais a autonomia nas práticas de demissão 
fazem parte modo atual de regulação econômica, o ideário neoliberal. Essa 
precarização do trabalho também se manifesta através da terceirização e sob a 
lógica: “Se você não quer trabalhar, tem gente esperando o seu lugar!”. 
Diante disso os trabalhadores estão vivenciando uma cultura organizacional 
de competitividade acirrada, ampliação das funções, pressão por produtividade, 
dedicação extrema ao trabalho etc. Essas formas de gerenciamento estão sendo 
executadas sob forte pressão, representada pelo alto volume de trabalho, pelo 
cumprimento de prazos rígidos, obrigando os trabalhadores a exercerem tarefas 
em ritmo acelerado, eliminando pausas, especialmente nos chamados períodos de 
 13
“pique”, levando os trabalhadores a uma enorme intensificação do trabalho para 
garantir o emprego. 
Porém, o que deveria ser uma fonte de prazer e realização, passou a 
representar um fardo pesado, uma obrigação dolorosa e, muitas vezes, não 
compreendida. O verbo trabalhar origina-se do latim tripiliare, que é derivado de 
tripalium, um instrumento de tortura formado por três hastes. Deste modo, o 
trabalho está associado à dor, sofrimento,esforço doloroso. Mesmo o esforço 
intelectual é ligado à conotação de sofrimento e pena. Mas, ainda assim o trabalho 
conserva um lugar importante na sociedade. 
Tendo em vista que, a divisão do trabalho no sistema Taylorista 
compromete as possibilidades de realização pessoal diante da atividade laboral e 
diminui a escolha e a livre estruturação da tarefa. A organização do trabalho cada 
vez mais autoritária, rígida e parcelizante despersonaliza o trabalhador e abole da 
atividade de trabalho a identidade, o que impossibilita uma manifestação mais 
autêntica da subjetividade, destituindo o trabalho de significado pessoal. 
 
1.3 O Trabalho como Sofrimento 
A atual organização do trabalho impõe ao indivíduo condições de realização 
das suas tarefas cotidianas, algumas que não se apresentam ergonomicamente 
adequadas, e ainda, a instabilidade gerada pela escassez de oferta de emprego 
em que acarreta competitividade, aceleração na realização das atividades, a 
busca constante de alta produtividade, lucratividade, bom desempenho 
empresarial, como foi citado anteriormente, tudo isso, possibilita um clima tenso 
que acentua o acirramento das relações interpessoais, de concorrência dentro e 
fora da organização gerando no trabalhador um sofrimento psíquico. 
O sofrimento psíquico do profissional é percebido com uma certa clareza, 
quando o trabalho deixa de ser motivo de prazer, bem estar, satisfação, de sentir-
 14
se útil, passando a ser lugar de dor, sofrimento e cansaço, além de um fator de 
risco para o uso e abuso de álcool e outras drogas. 
Quando o trabalhador ao relatar seu trabalho, e expor que não é valorizado, 
que trabalha de forma mecânica e sente o desgaste tanto físico como emocional, 
acaba provocando sensações de medo, angústias etc. O homem no seu trabalho 
ao se perceber impossibilitado de empreender modificações e alterações na 
atividade que realiza, e não consegue torná-lo adequado às suas necessidades 
fisiológicas e a seus desejos psicológicos, este se torna completamente alheio a 
quem o executa. 
O homem diminuiu a sua liberdade de criação e de realização diante do 
trabalho que exerce. A imposição existente sobre o homem, construída pelas 
relações de trabalho, imprimem no sujeito marcas indeléveis, as quais vão 
repercutir no seu funcionamento físico e psíquico. 
Essas condições de trabalho inadequadas, a baixa remuneração, 
prejudicam o bem-estar e a satisfação no ambiente de trabalho. Os indivíduos, 
quando diante de uma situação de angústia e insatisfação decorrente de seu 
trabalho, elaboram estratégias de defesa que acabam por tornar o sofrimento um 
aspecto velado. 
Então o sofrimento disfarçado encontrará como meio de aparecer em um 
sintoma, a qual às vezes apresenta-se com uma certa estrutura própria a cada 
profissão ou ambiente de trabalho. Isso porque, a vida psíquica perpassa pelo 
funcionamento de todo sistema corporal integrando-o, desta forma manifestam-se 
as doenças psicossomáticas, ou formas de escape e atitudes para amenizá-lo 
como, por exemplo, o uso de drogas. 
O sofrimento que é vivenciado, mas não reconhecido, traz mais prejuízos 
para o sujeito, pois a função dos mecanismos de defesa é aliviar o sofrimento e 
isto finda em não permitir sua visibilidade tornado-o mais difícil de ser solucionado. 
 15
O sofrimento psíquico surge no contexto do trabalho de forma bastante sutil. 
Muitos trabalhadores desconhecem ou então nunca associam este tipo de 
sofrimento ao trabalho, apesar da clara evidência diagnosticada por meio de suas 
próprias falas características, comportamentos e sintomas por eles apresentados 
no cotidiano laboral. 
O papel do sofrimento é inerente à existência humana e como afirma 
Dejours (1993) podemos identificar dois modelos de reação individual diante do 
sofrimento psíquico do trabalho: o sofrimento produtivo e o sofrimento patológico. 
O sofrimento patológico tende a ocorrer, por exemplo, em organizações em que 
há alto grau de formalização e normatização do trabalho. Como nessas empresas 
se reduz o espaço para criar, gera-se um conflito psicológico para os membros da 
empresa com graves conseqüências. 
Existem características organizacionais que propiciam maior ou menor grau 
de sofrimento psíquico patológico ao indivíduo. Nas organizações em que esse 
sofrimento é intenso ou constante, pelo elevado grau de solicitação a que as 
estruturas psíquicas de defesa à angustia e ao sofrimento são submetidas, pode 
haver tendência a maior incidência de casos de uso de drogas. 
O consumo de drogas pode assumir um caráter reativo ao ambiente de 
pressão e normatização do trabalho. As pessoas com características de 
personalidade de menor resistência à angustia e menor capacidade de adaptação 
ao sofrimento podem reagir a esses desafios à sua estrutura psíquica por meio da 
anestesia de suas reações interiores. Dito de outra forma, como se percebem 
incapazes tanto de lidar com as causas reais de seus problemas (as 
características das empresas) quanto de suportar os efeitos dolorosos em sua 
psique, os trabalhadores com estados de ansiedade e depressão optam proteger-
se do sofrimento pelo uso de drogas, que discutiremos a seguir. 
 
 
 16
 
 
 
 
CAPITULO II 
 
“De perto, talvez ninguém seja normal”. 
Por outro lado, de perto, de muito perto, talvez 
o diabo não seja tão feio quanto se pinta. 
“O difícil é olhar de perto; afinal a exclusão 
esconde o insuportável”. 
 
 
2. A questão das drogas dentro das organizações 
 O problema das drogas permeia todo o tecido social. Logo, não há como se 
negar que ele também esteja presente e se manifeste dentro das empresas. 
Diversos estudos têm demonstrado que este fenômeno é um problema 
multidimensional, já que não basta limitar apenas na relação existente entre uma 
pessoa e uma substância, mas sim considerar a interação que ambos efetuam 
num determinado contexto, ou seja, os valores, as crenças, as relações sociais, 
econômicas e políticas, incluindo-se também o trabalho. 
Os ritmos e as complexidades que o trabalho alcançou neste mundo 
moderno por si só constituem um fator de alto risco quanto ao uso de substancias 
psicoativas. Na atual conjuntura, a velocidade das mudanças, a lógica da 
fragmentação e da descontinuidade, as incertezas criam condições favorecedoras 
para o suposto mundo irreal de bem estar, de tranqüilidade ou de poder que 
 17
oferecem as drogas socialmente aceitas, como o álcool, os tranqüilizantes e o 
tabaco, o que torna o fator mais nocivo e perigoso para a saúde, ao qual a 
sociedade moderna deve enfrentar. 
Percebe-se que as concepções dadas sobre o significado e os modos de 
organizar o trabalho se agregam, em particular, às ações inovadoras ou não, 
instituídas em algum momento da trajetória da sociedade. As muitas formas de 
“olhar” esse fenômeno têm a ver, também, com os recortes de análise, os valores 
culturais, éticos, familiares e mesmo com as concepções de trabalho. 
Existe uma onipresença do trabalho humano em todas as expressões da 
vida social, situando o trabalhador numa hierarquia de valores com prestígios 
diferenciados e remetendo-o a diferentes possibilidades de consumo, felicidade e 
morte. Hoje o trabalhador não atua somente para viver, mas também para 
satisfazer um conjunto de necessidades que correspondem ao nível de vida que a 
sociedade veicula e ainda para atender os interesses da acumulação no contexto 
capitalista. 
A questão do consumo de drogas no trabalho tem gerado muitas 
conseqüências sobre a empresa, e também sobre os trabalhadores e as suas 
famílias. No que se refere aos trabalhadores, o abuso de substâncias pode causar 
problemas de saúde, deterioraçãodas relações pessoais, perda de emprego e 
problemas familiares, legais e financeiros. Ao nível das empresas, o abuso de 
substâncias tem sido associado a acidentes, absentismo e perda de produtividade. 
 Com o objetivo de compreender como se dá a relação entre o trabalho e o 
uso abusivo de álcool e outras drogas e considerando que a dependência não se 
constitui como uma doença de causa orgânica, mas como um fenômeno em que 
se observa aspectos biopsicossociais do sujeito, ou seja possui natureza 
biológica, psicológica e social. 
Neste capitulo enfatizaremos os aspectos psicossociais e profissionais que 
estão ligados ao consumo de álcool e outras drogas, assim como os motivos que 
 18
podem levar o trabalhador a fazer uso abusivo e compulsivo de drogas no 
ambiente de trabalho e tentar compreender o que vem a ser os fatores de risco e 
proteção, para o uso dessas substâncias. 
 O uso de drogas verificado nos últimos anos e suas conseqüências na vida 
não só dos trabalhadores, mas das pessoas em geral tem sido considerado hoje 
um problema de saúde pública. 
 Primeiramente, em relação ao abuso de drogas podemos definir como a 
pessoa que excede na quantidade de bebidas ou de drogas lícitas ou ilícitas 
utilizadas diariamente, habitualmente ou faz uso regular de medicamentos, 
inclusive no local de trabalho, consumo sistemático de quantidades que levam a 
prejuízos físicos e mentais existindo perda de autocontrole e alterando a qualidade 
da própria vida do usuário, da família, dos colegas e amigos. 
 Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), droga é qualquer 
substância que, introduzida no organismo, interfere no seu funcionamento. 
Conseqüentemente, tanto é droga a maconha quanto a aspirina e o antibiótico; 
tanto o álcool quanto a cocaína; tanto o cigarro quanto LSD; tanto o cafezinho 
quanto o lança perfume. O que varia é como atua no organismo de cada indivíduo, 
bem como a finalidade, pois, quando a droga é empregada com finalidade 
terapêutica, ela passa a denominar-se medicamento, porém quando é 
administrada de forma indevida e com outros fins pode trazer muitos prejuízos. 
 Segundo Figueiredo (1997) podemos observar 
...“através da história da humanidade que desde o 
surgimento do trabalho assalariado encontram-se 
diversos exemplos onde a relação drogas-trabalho 
tem sido utilizada, fomentada, encoberta, tolerada 
e castigada” (FIGUEIREDO, 1997). 
 Exemplo disso foi na Inglaterra, durante a chamada Revolução Industrial onde se 
tolerava o consumo de bebidas alcoólicas por parte dos trabalhadores das 
 19
manufaturas com o objetivo de que resistissem mais tempo no desempenho de 
suas atividades na linha de produção. 
O fenômeno do abuso de drogas deve, portanto, ser contextualizado e 
analisado como pertencente a um conjunto de fatores ao qual pode estar 
integrado de modos distintos. Diante disso, a drogadição se estabelece a partir de 
uma dinâmica relacional entre sujeito, a droga e o contexto. 
Para compreender o porque que um trabalhador faz do uso de drogas, faz-
se necessário refletir sobre a sua história, e o meio social em que vive e a própria 
condição de ser humano causam em muitas pessoas, como frustrações, 
insatisfações, medos e angústias, em maior ou menor grau, e que podem fazer 
com que se busquem atividades e meios que tragam alívio para seus problemas e 
prazer não encontrado. 
 Pesquisas realizadas pela OMS mostram que existem fatores individuais 
que levam ao uso de drogas no trabalho, dentre os quais podemos citar que o 
consumo de drogas pode expressar independência ou hostilidade, ou para adquirir 
um estado superior de conhecimento e ainda criar uma sensação de bem-estar e 
tranqüilidade para a mascaração da sensação causada pelos problemas de 
origem pessoal, familiar ou profissional. 
Contudo ainda define-se que algumas características na família podem 
levar a um risco de consumo de drogas, como a falta de disciplina e organização, 
inexistência de comunicação, comportamentos agressivos dos membros e a 
desestruturação familiar. 
O trabalhador não está isento de apresentar todos esses fatores. A pessoa 
que trabalha não só é uma mera receptora de ordens para executar tarefas ou um 
estímulo de esforço físico e mental, mas também estão presentes, nesse contexto, 
os seus problemas individuais, sua história familiar e social, sua situação 
econômica individual e a situação política formam parte da realidade da vida diária 
do trabalhador. 
 20
Existem algumas profissões ou atividades profissionais que estão mais 
sujeitas do que outras à introdução de substâncias ilícitas no cotidiano dos 
funcionários. Pela proximidade física com o mundo das drogas, os médicos e 
enfermeiros, especialmente anestesistas e cirurgiões, são considerados um grupo 
de risco. Não raro, por exemplo, médicos e enfermeiros, sujeitos a cargas de 
trabalho extenuante, pode vir a buscar o auxílio de uma droga para suportar o 
estresse. Sabendo-se que a morfina, com duas a três vezes de uso, pode tornar a 
pessoa dependente, não é difícil concluir qual é a possibilidade de incidência 
desses casos num ambiente hospitalar. 
Entre caminhoneiros e motoristas de ônibus, as drogas mais utilizadas são 
as anfetaminas, e o motivo disso seria porque esses profissionais precisam ficar 
acordados por longos períodos, muitas vezes em trajetos longos e monótonos. Em 
ambientes que já chegaram até a ser glamourizados pelo cinema, operadores das 
bolsas de valores, advogados, políticos, publicitários e jornalistas estão entre os 
profissionais que, à procura de estímulos constantes para produzir intensamente, 
em locais de trabalho altamente competitivos, também podem se tornar 
suscetíveis ao uso de drogas. Cocaína e álcool estariam entre as de maior 
circulação nesses meios profissionais. 
Nas artes, em busca de "criatividade" ou também para enfrentar jornadas 
extenuantes, o profissional pode procurar apoio psicológico em substâncias como 
maconha, cocaína ou heroína. Pelas características das atividades portuárias, em 
que há forte incidência do fluxo de drogas, as categorias dos marinheiros e dos 
estivadores também foram incluídas entre as pertencentes aos grupos de risco. 
As novas gerações, em início de vida profissional, também podem enfrentar 
vários tipos de dificuldades. As chamadas drogas da moda, como o ecstasy e 
ácidos, embora consumidas longe do ambiente de trabalho e mais comumente em 
baladas de fim de semana, acabam debilitando a capacidade individual de 
exercer, com propriedade, as tarefas profissionais durante a semana de trabalho. 
 
 21
 
2.1 – Fatores de risco e fatores de proteção 
Embora o consumo de álcool e drogas entre os trabalhadores possa ter 
muitas origens diferentes, existem condições de trabalho que podem promover ou 
aumentar o consumo de álcool e outras drogas. 
Ao pensar nos motivos que podem levar o trabalhador a usar drogas, se faz 
necessário entender o que vem a ser fatores de risco e proteção, para o uso 
dessas substancias. 
 Fatores de risco são atributos e/ou características individuais, condição 
situacional e/ou contexto ambiental que incrementam a probabilidade do uso e/ou 
abuso de drogas ou uma transição no nível de implicações com as mesmas. 
 Diante disso podemos compreender o motivo pelo qual, no ambiente de 
trabalho, vivenciando a mesma estrutura, com tensões próprias da profissão, uns 
têm comportamento de risco e utilizam, enquanto outros utilizam fatores de 
proteção para não se envolver com as substâncias psicoativas. 
 Podemos destacar alguns elementos que se estiverem bem estruturados 
constituem como fator de proteção para o não uso de álcool e outras drogas, tais 
como: família,religião, condições emocionais bem resolvidas, práticas de 
esportes, atividades de lazer e no ambiente de trabalho a “satisfação gerada pelo 
trabalho” constitui um item muito importante. 
 O trabalho constitui uma das ações mais importantes na vida do homem, 
porque é por sua atividade que o ser humano adquire os elementos para sua 
própria subsistência e a de seus familiares. 
Um grande fator de risco para o uso de substancias psicoativas no trabalho 
se dá devido a insatisfação no trabalho, já que esta se produz por um desajuste 
entre as expectativas do trabalhador e o modo como demonstram suas atitudes no 
trabalho. Podemos observar outros fatores de risco como: sobrecarga, ou seja, 
 22
trabalho em demasia, dificuldade na execução, baixa estima e escassa motivação; 
insuficiente carga de trabalho, pouco estimulante, rotineiro, repetitivo; pouca 
organização no trabalho, frustração na escolha profissional. 
As condições de trabalho surgem também como um grande fatores de 
risco, pois condições precárias de trabalho, o desgaste físico e emocional tende a 
levar à insatisfação e sofrimento, já que o profissional tem que desenvolver suas 
atividades com qualidade sem que a instituição lhe de condições para tal. 
E ainda: risco extremo de segurança, trabalho por turnos ou noturnos, 
trabalho em locais remotos, deslocações para longe de casa, alterações nas 
tarefas ou velocidade de manuseamento dos equipamentos, conflitos de papéis, 
desigualdade nas remunerações e demais benefícios, tensão psicológica (stress) 
relacionada com o emprego, monotonia e ausência de criatividade, variedade ou 
controle, comunicações não satisfatórias, insegurança no emprego, indefinição 
nos papéis. 
Além de todos estes fatores também podemos citar que o ambiente de 
trabalhado no nível das relações hierárquicas também consiste num fator de risco, 
já que as deficientes relações entre companheiros, supervisores e subordinados 
destaca-se também como fator para o consumo de álcool e outras drogas no 
trabalho. 
 Com relação aos efeitos das pressões a que os trabalhadores muitas vezes 
são submetidos nas empresas por força da organização e do processo de 
trabalho, destacamos o estresse. Aubert (1993) denomina como estresse 
profissional o processo de perturbação engendrado no indivíduo pela mobilização 
excessiva de sua energia de adaptação para o enfrentamento das solicitações de 
seu meio ambiente profissional, solicitações estas que ultrapassam as 
capacidades atuais, físicas ou psíquicas deste individuo. 
 Assim, o estresse pode ser entendido como uma situação transitória que é 
superada pelo fim ou pela diminuição de suas fontes, ou então pela adaptação da 
 23
pessoa às pressões. No entanto, se as solicitações se mantêm ou se intensificam, 
ultrapassando a capacidade de adaptação do indivíduo, uma situação patológica 
pode instalar-se. O processo em si é bastante penoso, com risco expressivo de 
dar seqüência a outras alterações, dentre as quais o uso de drogas. 
O estresse laboral se deve à existência de fatores próprios da organização 
e ao conteúdo do trabalho, porque existem fatores tanto quantitativos – quantidade 
de trabalho, pressões de tempo, altas demandas de atenção, como qualitativos – 
trabalho com pouca criatividade, e escassa interação social – que podem provocar 
riscos nos trabalhadores e inclusive potencializam doenças. 
 O abuso de álcool e outras drogas nos locais de trabalho podem por em 
risco os próprios trabalhadores, os seus colegas e a sua empresa. Dependendo 
da atividade e a ocupação, esse risco pode se estender até ao público, clientes 
em geral. Podemos destacar algumas conseqüências e efeitos do abuso de 
drogas no local de trabalho, pois os trabalhadores que consomem drogas tende a 
ter maior tendência a: 
1. A estar envolvido num acidente de trabalho. 
2. A ausentar-se do trabalho sem autorização e/ou mais freqüentemente ou por 
mais dias. 
3. Tendem a chegar ao trabalho mais tarde e a sair mais cedo do que os outros 
trabalhadores. 
4. Incide em uma pressão maior de cargas de trabalho sobre os colegas para 
compensar a menor produtividade; maiores riscos para a segurança resultantes da 
intoxicação, negligência e diminuição da capacidade de raciocínio, conflitos e 
queixas, tempo perdido que origina uma menor produtividade, clima de 
intimidação e podendo até chegar ao extremo como realização de trafico de 
drogas ilícitas no local de trabalho, violências e furtos. 
5. Aumentar os custos para substituição. 
 24
6. Aumentar os custos com indenizações aos trabalhadores 
Tanto a intoxicação como a diminuição de capacidades que advém do 
consumo (“efeito ressaca”) tem impacto sobre as seguintes funções que são 
relevantes do ponto de vista do desempenho no trabalho; tempos de reação (as 
reações são mais lentas); Visão (visão turva); Estado de espírito (agressividade ou 
depressão); Aprendizagem e memória (perda de concentração); Desempenho 
intelectual (raciocínio lógico afetado). 
O fenômeno das drogas é um dos maiores desafios da atualidade mundial, 
e cabe a cada um, individual e coletivamente agir no sentido de reduzir as 
dimensões através da prevenção, que é o que discutiremos no capítulo a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 25
 
 
 
CAPITULO III 
 
3. Prevenção e Programas de enfrentamento dentro das empresas 
Prevenção significa uma pré-intervenção, ou seja, uma 
intervenção a ser efetivada antes que determinado 
fenômeno ocorra. É importante enfatizar a falta de sentido 
que existe em se falar de prevenção de droga, uma vez 
que drogas não são “preveníveis”. As drogas são apenas 
substâncias psicoativas naturais ou sintéticas, que podem 
ser utilizadas pelo homem com diferentes finalidades. Não 
podemos dar a uma determinada droga umas conotações 
de algo boas ou ruins, assim não podem considerar uma 
droga em si como algo destrutivo ou criativo. O que vai 
poder ser destrutivo ou criativo é a maneira pela qual o 
homem se relaciona com a droga, independente do 
produto químico em questão. 
Xavier da Silveira (1990) 
 
O uso de drogas no ambiente de trabalho deve ser analisada por uma dupla 
vertente: como algo particular, na medida em que cada sujeito tem uma história 
pessoal que o predispõe a escolhas singulares, e, identificar o que, na 
organização, favorece e incrementa o uso de drogas, considerando o contexto 
social como um dos elementos determinantes na constituição do problema. 
Diante disso, quando o uso de drogas aparece no local de trabalho - que 
geralmente é o reduto mais preservado entre os que vivem essa situação, deve-se 
estar atento e escutar o que este fato denuncia. Ainda que não seja possível 
reduzir as causas de seu aparecimento unicamente às questões internas de uma 
 26
organização, torna-se imprescindível que se analise suas origens e as formas 
mais adequadas de intervenção. 
O uso e abuso de álcool e outras drogas podem trazer muitos riscos e 
prejuízos à vida do individuo. No ambiente de trabalho este, pode ser considerado 
um hábito extremamente negativo, já que os acidentes de trabalho tornam-se mais 
presumíveis, a produtividade do trabalhador diminui e o desempenho do 
funcionário tende a se tornar inconstante. Tudo isso pode pôr em risco a vida do 
profissional e o emprego dele. As faltas, atrasos, acidentes e indenizações 
prejudicam a sustentabilidade das empresas e aumentam os gastos com saúde e 
previdência. 
Vale ressaltar que não é o fato de o indivíduo ter o hábito de consumir 
substâncias psicoativas que leva ao seu desligamento da empresa, mas as 
conseqüências, o que acaba produzindo um desempenho profissional 
insatisfatório.A atenção de uma empresa com relação aos problemas relacionados ao 
uso, abuso e dependência de substâncias psicoativas costuma estar ligada a 
SMS, ou seja, Segurança, Meio ambiente e Saúde. Assim, as drogas podem 
prejudicar a saúde física e mental do colaborador, a imagem da empresa, a 
coletividade, a segurança do trabalho e o meio ambiente. 
A dependência química está presente em grande parte das empresas, no 
entanto o que varia é o grau de incidência e a maneira de tratar o problema. É um 
assunto que deve ser abordado, com estratégias adequadas ao ambiente, com 
diálogo franco voltado para a qualidade de vida. A empresa deve incentivar 
campanhas e programas, como parte de sua responsabilidade social, para integrar 
seus empregados e alertar sobre riscos e prejuízos causados pelo consumo de 
drogas. 
Empresas sem um programa de prevenção, orientação e educação no uso 
de substancias psicoativas estão, por negligência, estimulando o uso indevido e 
 27
abuso. 
A falta de políticas claras e objetivas nesse campo também é lesiva. Existem 
alguns fatores que em muitas empresas acontecem e que pode contribuir para 
estimular o uso/ abuso do álcool, por exemplo, como é o caso das festas 
natalinas, em que é uma situação que muitas empresas comemoram regadas a 
bebidas alcoólicas, sendo assim permissivas, e sem refletir sobre o assunto 
acabam contribuindo para o abuso do álcool. 
Outros fatores são: stress no trabalho, o estímulo à competitividade, 
número excessivo de horas no trabalho; a falta de valorização da vida pessoal e 
do lazer do colaborador. É fundamental a empresa se comprometer com o clima 
organizacional e a qualidade de vida de seus funcionários, favorecendo um melhor 
relacionamento interpessoal. E ainda, intervir na cultura institucional a fim de 
promover mudanças significativas, levando em conta os aspectos que predispõem 
ao uso/abuso de drogas, advindos das relações de trabalho e também como uma 
opção pessoal. 
A empresa moderna, não deve esconder o problema por considerá-lo 
danoso à sua imagem institucional. O ideal é, torná-lo público e transparente, ou 
seja, ter um diálogo franco e aberto com os funcionários e oferecer programas de 
recuperação, pois a partir de um trabalho de reabilitação bem elaborado, o 
funcionário dependente pode resgatar a vida social, familiar, e ainda o trabalho. 
Sendo assim, a empresa pode reverter a situação difícil e complexa em benefícios 
para o prestígio da companhia. 
Atualmente muitas as organizações vêm despertando seu interesse para o 
desenvolvimento de estratégias e implantação de programas preventivos ao uso 
indevido do álcool e outras drogas. O que motiva estas ações são as 
conseqüências negativas trazidas à saúde do trabalhador e à sua produção. 
Com os programas preventivos a possibilidade de todos saírem ganhando é 
aumentada consideravelmente, pois o funcionário, pode readquirir a auto-estima e 
reencontrar seu papel dentro da sociedade; a família, que muitas vezes vive 
 28
situações dramáticas, pode voltar ao cotidiano sem sobressaltos; e a empresa, 
que não só deixa de ter prejuízos pode passar a contar com um grau ainda maior 
de produtividade e de compromisso com os valores institucionais. 
Diante do exposto, percebe-se a importância de estudos atuações efetivas 
nesta área e a necessidade de relacionar as condições de trabalho a fim de 
contribuir para melhores ações de capacitação, prevenção, tratamento e 
reinserção social do dependente químico e seus familiares no âmbito do trabalho. 
É importante reconhecer as dificuldades que acompanham o atendimento a 
dependentes químicos, especialmente em empresas. O atendimento a usuários de 
drogas suscita múltiplos problemas, de ordem biológica e médica, psicológica, 
social, jurídica e ética. Nos locais de trabalho acrescenta-se a isso as 
estigmatizações e preconceitos devido às conotações negativas relacionadas à 
dependência química, diminuindo a procura pelos serviços oferecidos, bem como 
dificultando a continuidade do tratamento. 
Há ainda a questão de que em muitos programas não atingem os extratos 
mais elevados na hierarquia, apenas o trabalhador menos qualificado, sujeito a 
sanções disciplinares. Vale ressaltar que os programas não devem ser abordados 
do ponto de vista de um ideal moralizante. É um trabalho complexo que envolve 
diversos fatores. Mas certamente é de grande importância para as organizações 
preocupadas com a saúde de seus trabalhadores e com o bom desempenho de 
suas atividades. 
3.1 - Ações de prevenção 
Podemos dividir as ações de prevenção em três etapas. Entendemos que 
ação de prevenção primária são aquelas que procuram evitar o início do uso e o 
abuso de psicotrópicos. A prevenção secundária procura evitar a ocorrência de 
complicações para aqueles que fazem uso eventual de drogas e que apresentam 
poucos problemas. Já a terciária busca, a partir da detecção de um problema, 
evitar prejuízos adicionais e/ou reintegrar à sociedade as pessoas com problemas 
 29
sérios. Neste caso podemos citar a redução de danos. Esta se constitui como o 
conjunto de ações que objetiva a diminuição de danos oriundos do uso/abuso de 
drogas, parte das premissas de que inexistiram sociedades alheias às drogas e de 
diminuir os danos por elas ocasionados, objetivando maximizar o alívio e bem-
estar a indivíduos ou coletivos. 
Os programas preventivos para o controle do consumo abusivo de 
substâncias psicoativas podem ser estruturados da seguinte forma. 
1. Realização e elaboração de um diagnóstico situacional, conhecer as demandas 
relativas ao problema do uso de drogas no local de trabalho. Fazer um 
levantamento de necessidades em diferentes locais e segmentos da organização. 
Esse levantamento permite a escuta ampla da demanda, o mapeamento das 
principais questões envolvidas no problema e a análise da cultura da empresa. 
Estas ações favorecerá o planejamento adequado da atuação. 
2. Formulação de uma política clara e consciente a partir da análise da cultura 
institucional, que acaba constituindo-se numa estratégia para o engajamento dos 
funcionários da empresa no programa gerando identificação e adesão com o 
mesmo. 
3. Capacitação da equipe de saúde e de RH buscando oferecer conhecimento 
sobre a demanda que são os problemas relacionados uso/abuso de álcool e 
outras drogas. 
4. Realização de programas de treinamento dos supervisores/ gestores em como 
abordar e encaminhar um funcionário para a equipe técnica. 
5. Conscientização e educação de todos os funcionários da empresa quanto a 
política. 
6. avaliação periódica da implantação do programa e de seus resultados tanto 
qualitativa quanto quantitativa. 
 30
Para ter um resultado satisfatório o programa de prevenção requer o 
envolvimento de todo quadro funcional da empresa sendo primordial a 
participação da diretoria da empresa no projeto e incluindo até da família do 
funcionário. Divulgar de forma clara para os funcionários de todos os níveis e 
setores que se está dando início a um projeto de prevenção e combate ao uso de 
drogas, e enfatizar que o empregado que participar do programa não será 
demitido, mas sim orientado e tratado. E ainda não obrigar o profissional a aderir, 
pois a participação deve sempre ser voluntária. 
Além disso, os programas de prevenção não devem ser uma iniciativa 
isolada, mas estar relacionados com outras frentes de trabalho. Devem ser 
desenvolvidas paralelamente com outros programas de qualidade de vida, e ainda 
podendo incluir atividades de lazer, saúde, educação, esportes, música, 
diminuindo assim o preconceito com o tema. 
Sabemos que há várias formas de executar um trabalho de prevenção. Os 
maiscomuns são as palestras preventivas, testes toxicológicos, opção de 
convênio com clínicas e centros de recuperação, grupos de apoio, orientação e 
atendimento médico e de assistência social. Vale ressaltar a importância de que 
esses programas aconteçam de forma periodicamente dentro da empresa. 
Podemos citar ainda algumas estratégias preventivas para as ações dentro das 
empresas: 
- elaboração de materiais informativos sobre o programa de prevenção do 
uso de drogas, tais como cartazes distribuídos em nos setores e até no 
contracheque. Para isso, se faz necessário apresentar um material com o qual as 
pessoas possam se identificar e refletir sobre aspectos de suas vidas, calcadas 
em informações sem cunho moral; 
- criação de medidas de valorização tanto do trabalho quanto do 
trabalhador, através da realização de reuniões nos setores de trabalho que 
permitam a comunicação entre funcionários e chefias. 
 31
- criação de espaços de lazer e cultura. 
Diante do exposto, faz-se essencial que as intervenções reúnam medidas 
administrativas a intervenções de saúde, como a oferta de tratamento através do 
credenciamento de serviços diversificados, pois assim abre-se perspectivas à 
resolução de situações de conflito, oriundas tanto de aspectos subjetivos como 
relativas a questões de trabalho, implicando a reavaliação das relações 
institucionais. 
Os programas, com ênfase na promoção da saúde, devem estar voltados 
para a totalidade dos funcionários com o objetivo que cada um possa refletir sobre 
seus hábitos de vida, entre eles sua relação com o uso de drogas. Acreditamos 
que embora não seja possível evitar que uma pessoa use drogas, se assim está 
decidida, podemos fazê-la pensar por que o faz, a que isso responde, lançando 
maior flexibilidade quanto a suas escolhas. 
O debate acerca desta problemática deve estar inserido na realidade do 
usuário, para que as propostas de prevenção estejam contextualizadas, 
possibilitando a superação da estigmatização e um debate socialmente ampliado. 
Assim, neste contexto, podemos nos utilizar do enfoque da redução de danos, 
demonstrando ao trabalhador que não somente a sua segurança e vida podem 
estar comprometidas pelo uso de drogas, mas também a de seus colegas. Isso 
em um contexto profissional onde há risco iminente faz com que o trabalhador se 
responsabilize por si e por outros, entendendo, dessa maneira, que o uso de 
drogas, no cenário particular, pode representar um dos limites para a saúde e a 
segurança de todos os envolvidos no ambiente. 
O indivíduo que inicialmente pode ter usado drogas para socialização, por 
curiosidade, prazer ou para esquecer os problemas, tornou-se dependente da 
substância. Portanto, se faz necessária a compreensão de que “o desejo e o 
prazer com a droga vão substituindo todos os outros desejos e prazeres, e sua 
busca é marcada pela impulsividade e urgência de satisfação”. 
 32
Neste sentido, devemos reconhecer que o uso de drogas é prazeroso, mas 
estes minutos de prazer podem trazer risco ao indivíduo e às coletividades nas 
quais estes se inserem, seja em âmbito familiar ou ocupacional. 
A ênfase nesta situação tão particular e individual deve estar na orientação 
e no aconselhamento no sentido de avaliação e discussão acerca das implicações 
do uso de drogas na vida diária do trabalhador, dentro e fora do ambiente de 
trabalho, a fim de definir com o próprio trabalhador as possibilidades existentes 
para a diminuição dos danos ocasionados e aumento de sua qualidade de vida, 
bem como a de todos os que com ele convivem, incluindo os colegas de trabalho. 
Deve-se entender que o uso e a dependência são influenciados pelo meio 
no qual o indivíduo se insere. Assim, torna-se relevante o esclarecimento acerca 
das implicações deste uso, não somente como risco no ambiente de trabalho, mas 
também como risco para a vida social do trabalhador, ressaltando a importância 
do apoio para os colegas que sentem a necessidade de reduzir os danos ou não 
mais usar drogas. 
Na especificidade do ambiente de trabalho, algumas empresas brasileiras 
adotam o programa de testes à procura por drogas no organismo dos 
trabalhadores, com a finalidade de oferecer programas de reabilitação e adotar 
medidas disciplinares. Porém, a reabilitação e as medidas disciplinares nem 
sempre são efetivas quando as drogas podem ser obtidas nas proximidades do 
ambiente de trabalho, como é o caso do contexto de algumas profissões 
específicas, viabilizando que o trabalhador as use e trabalhe sob seu efeito. 
É importante ressaltar que, em sua maioria, os trabalhadores não 
concebem o álcool como droga, e só fazem referencia às drogas ilegais como a 
cocaína e maconha, o que cada vez mais reforçam e justificam a importância de 
executar um programa de prevenção de drogas no ambiente de trabalho. 
É importante reforçar que a intervenção deve ser feita através do programa 
de capacitação sobre conceitos de diferenciação entre o que é uso e abuso, 
 33
dando enfoque na prevenção e não apenas à droga, mas concentrando no ser 
humano e seu contexto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 34
 
 
 
 
CONCLUSÃO 
 
 
 Apesar da importância do tema a questão do uso de drogas no trabalho e 
pelos membros das organizações, seus efeitos e condicionantes são objeto de 
pouca atenção no Brasil, embora suas implicações e desdobramentos nas 
empresas e na sociedade sejam tanto relevantes quanto graves. 
 Vale ressaltar que os aspectos abordados impulsionam a reflexões mais 
profundas sobre esta temática. Faz-se necessário a ampliação dos estudos, 
realizações de pesquisas que ofereçam contribuições para subsidiar o 
planejamento de ações em saúde, especificamente referentes à prevenção ao uso 
indevido de álcool e outras drogas no âmbito do trabalho. A dependência química 
não deve ser tratada apenas a nível individual, mas no coletivo, no social, com 
ações voltadas para a saúde do trabalhador numa visão especialmente preventiva. 
 O fenômeno das drogas é um dos maiores desafios na atualidade mundial, 
e cabe a cada um, individual e coletivamente, agir no sentindo de reduzir suas 
dimensões através da prevenção. 
 
 
 
 
 
 
 35
 
 
 
 
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http://www.pg.utfpr.edu.br/dirppg/ppgep/dissertacoes/arquivos/35/ Dissertacao.pdf 
Acesso: 27/09/2010 
 37
ROCHA, ACF.O Estresse no ambiente de trabalho, [Monografia] Universidade 
Veiga de Almeida – Rio de Janeiro, 2005. disponível em: 
http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/pemp05.htm Acesso: 27/11/2010. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 38
ANEXO I 
 
 
Segue abaixo algumas questões para esclarecimento do tema: 
 
1. O que é dependência? 
Dependência é o impulso que leva a pessoa a usar uma droga de forma contínua (sempre) ou 
periódica (freqüentemente) para obter prazer. Alguns indivíduos podem também fazer uso 
constante de uma droga para aliviar tensões, ansiedades, medos, sensações físicas 
desagradáveis, etc. O dependente caracteriza-se por não conseguir controlar o consumo de 
drogas, agindo de forma impulsiva e repetitiva. Para compreendermos melhor a dependência, 
vamos analisar as duas formas principais em que ela se apresenta: a física e a psicológica. A 
dependência física caracteriza-se pela presença de sintomas e sinais físicos que aparecem 
quando o indivíduo pára de tomar a droga ou diminui bruscamente o seu uso: é a síndrome de 
abstinência. Os sinais e sintomas de abstinência dependem do tipo de substância utilizada e 
aparecem algumas horas ou dias depois que ela foi consumida pela última vez. No caso dos 
dependentes do álcool, por exemplo, a abstinência pode ocasionar desde um simples tremor nas 
mãos a náuseas, vômitos e até um quadro de abstinência mais grave denominado "delirium 
tremens", com risco de morte, em alguns casos. Já a dependência psicológica corresponde a um 
estado de mal estar e desconforto que surge quando o dependente interrompe o uso de uma 
droga. Os sintomas mais comuns são ansiedade, sensação de vazio, dificuldade de concentração, 
mas que podem variar de pessoa para pessoa. 
Com os medicamentos existentes atualmente, a maioria dos casos relacionados à 
dependência física pode ser tratada. Por outro lado, o que quase sempre faz com que uma pessoa 
volte a usar drogas é a dependência psicológica, de difícil tratamento e não pode ser resolvida de 
forma relativamente rápida e simples como a dependência física. 
 
2. Todo usuário de drogas vai se tornar um dependente? 
A maioria das pessoas que consome bebidas alcoólicas não se torna alcoólatra (dependente 
do álcool). Isso também é válido para grande parte das outras drogas. 
De maneira geral, as pessoas que experimentam drogas o fazem por curiosidade e as utilizam 
apenas uma vez ou outra (uso experimental). Muitas passam a usá-las de vez em quando, de 
maneira esporádica (uso ocasional), sem maiores conseqüências na maioria dos casos. Apenas 
um grupo menor passa a usar drogas de forma intensa, em geral quase todos os dias, com 
conseqüências danosas (dependência). O grande problema é que não dá pra saber entre as 
pessoas que começam a usar drogas, quais serão apenas usuários experimentais, quais serão 
ocasionais e quais se tornarão dependentes. 
É importante lembrar, porém, que o uso, ainda que experimental, pode vir a produzir danos à 
saúde da pessoa. 
3. O tratamento de um dependente de drogas com medicações pode fazer com que ele se 
torne dependente de remédios? 
No tratamento da dependência tenta-se sempre evitar o uso de medicações que possam 
ocasionar esse problema. A maioria dos remédios receitados pelo médico nesses casos não causa 
dependência. Alguns, como benzodiazepínicos, barbitúricos e metadona, podem vir a causar 
dependência, mas, ainda assim, podem ser usados, desde que sob controle médico, por 
determinados períodos de tempo, e em doses adequadas. 
 39
4. Existem drogas leves e drogas pesadas? 
Esta é uma questão que sempre causa discussões e, por isso, há mais de uma posição a 
respeito. Do ponto de vista da lei não há diferença entre drogas leves e pesadas, mas apenas 
entre drogas legais e ilegais (ou lícitas e ilícitas). Fumar maconha ou injetar cocaína, por exemplo: 
as duas atitudes infringem igualmente a lei. Na prática, porém, o uso de maconha raramente chega 
a ter as mesmas conseqüências perigosas à saúde que o de cocaína. Além disso, sabemos que os 
riscos relacionados ao consumo de drogas dependem mais da maneira e das circunstâncias em 
que elas são usadas do que do tipo de droga utilizado. 
Mesmo para os dependentes, os perigos dependem do grau de dependência e não da 
natureza da droga e de ela ser lícita ou ilícita. 
A morfina, substância legalizada, tem efeito que são muito semelhantes aos da heroína, sem 
que necessariamente eles se tornem dependentes. Na verdade, não deveríamos falar em drogas 
leves e pesadas, mas sim em uso leve e uso pesado de drogas. Com relação ao álcool, por 
exemplo, existem dependentes que nunca conseguem beber moderadamente; ao mesmo tempo, 
existem usuários ocasionais, que jamais se tornarão dependentes de álcool. Para os primeiros, o 
álcool é uma droga extremamente perigosa (droga pesada), enquanto para os últimos o álcool é 
um produto inofensivo (droga leve). 
 
5. Existem maneiras menos prejudiciais de consumir drogas? 
Sim, embora todas sejam prejudiciais. Podemos tomar como exemplo a cocaína. Na região 
dos Andes, mascar folhas de coca é um hábito de muitos e muitos anos, praticamente sem 
conseqüências danosas e sem que isso leve à dependência.Por sua vez o pó de cocaína 
(cloridrato de cocaína) usado de forma aspirada (cheirado) apresenta um grande potencial tóxico. 
Se esse mesmo pó for diluído e injetado nas veias, a toxicidade aumenta ainda mais. Fumar crack 
(cristais de cocaína) chega a ser tão perigoso quanto a cocaína injetada. 
Isso se deve basicamente à grande quantidade de substância que atinge o organismo quando 
a droga é fumada ou injetada. 
Nesses exemplos, o princípio ativo (a substância química que produz os efeitos no organismo) é o 
mesmo em todos os casos. O que torna a droga mais ou menos perigosa é a quantidade maior do 
princípio ativo que vai agir sobre o organismo. 
 
6. Dentre as pessoas que usam drogas, quem deve ser tratado? 
O tratamento deve ser dirigido basicamente às pessoas que se tornaram dependentes de 
drogas. Da mesma forma que não há qualquer sentido em propor tratamento a alguém que usa 
álcool apenas ocasionalmente, também não devemos falar em tratamento para usuários 
experimentais ou ocasionais de outras drogas. 
 
7. O que é diminuição de prejuízos relacionados ao uso de drogas? 
"Prejuízos" pode ser entendido como danos, riscos, perigos. Dessa forma, diminuição de 
prejuízos é um conjunto de medidas dirigidas a pessoas que não conseguem ou não querem parar 
de consumir drogas. Essas estratégias têm por objetivo reduzir as conseqüências negativas que o 
uso de drogas pode ocasionar. Um exemplo seriam as campanhas orientando as pessoas a não 
dirigirem após consumir bebidas alcoólicas. Outro exemplo seriam os programas de troca de 
 40
seringas dirigidos a usuários de drogas injetáveis. Sabemos que a forma de transmissão mais 
perigosa do vírus da AIDS é a passagem de sangue contaminado de uma pessoa para outra. 
Nos programas de troca de seringas, são recolhidas as usadas e colocadas novas à 
disposição. Por meio desses procedimentos ocorre redução importante da infecção pelo vírus da 
AIDS, assim como de outras doenças contagiosas. Ao contrário do que se temia inicialmente, os 
programas de troca de seringas não induzem as pessoas a utilizar drogas injetáveis. Além disso, 
eles constituem uma medida de saúde pública da maior importância para o controle da epidemia 
mundial da AIDS. 
 
8. Que tipos de ajuda terapêutica existem para os dependentes? 
Existem diversos modelos de ajuda a dependentes de drogas: tratamento médico; terapias 
cognitivas e comportamentos; psicoterapias; grupos de auto-ajuda (do tipo Alcoólicos Anônimos e 
Narcóticos Anônimos); comunidades terapêuticas; etc. Em princípio pode-se dizer que nenhum 
desses modeles de ajuda consegue dar conta de todos os tipos de dependências e dependentes. 
Se alguns podem se beneficiar mais de um determinado modelo outros necessitam de diferentes 
alternativas. É muito difundido o modelo que utiliza ex-dependentes de drogas como agentes 
"terapêuticos" já que uma pessoa que passou pelo mesmo problema pode ajudar o dependente a 
se identificar com ela e compreender melhor seus problemas. É importante, porém observarmos 
que os efeitos positivos de uma abordagem dependem essencialmente da capacitação técnica dos 
profissionais envolvidos. 
Os especialistas em dependência vêm realizando pesquisas nos últimos anos para determinar 
que tipos de dependentes se beneficiam mais de um ou de outro tipo de ajuda. Entretanto deve-se 
destacar que as abordagens medicopsicológicas (que associam ao mesmo tempo os recursos da 
medicina e da psicologia) têm se mostrado mais eficazes na maior parte dos casos. 
 
9. O que vai ser tratado? 
A maioria dos modelos de tratamento focaliza principalmente a dependência da droga. 
Embora esse seja realmente o ponto central que leva a pessoa a procurar tratamento, os 
dependentes freqüentemente apresentam outros problemas associados ao uso abusivo de drogas. 
É extremamente importante que esses transtornos recebam a devida atenção, pois se não forem 
também tratados haverá uma grande probabilidade de a pessoa voltar a ser dependente. Por 
exemplo, dependente de drogas que também apresenta depressão (o que é muito freqüente!) 
deverá receber tratamento não apenas da dependência mas também da depressão. Se o 
tratamento for dirigido apenas para a dependência, sua depressão não tratada provavelmente o 
levará a abusar de drogas novamente. 
 
10. Quais os transtornos psiquiátricos mais associados às dependências? 
A depressão é o transtorno que mais se associa ao abuso e à dependência de drogas. Outros 
transtornos freqüentemente encontrados entre os dependentes são o transtorno de ansiedade, o 
obsessivo-compulsivo, os de personalidade e, mais raramente, alguns tipos de psicoses. Mais 
recentemente descobriu-se que indivíduos com transtornos neurocognitivos (de aprendizagem) 
estão mais propensos a se tornarem dependentes de drogas. Esses podem se manifestar através 
de problemas de atenção, memória, concentração ou linguagem, entre outros. A grande dificuldade 
decorre de, com muita freqüência, esses sinais não serem identificados nem pelos familiares nem 
pela escola, podendo estar presentes desde a mais tenra idade. Exemplificando, muitos jovens 
 41
considerados rebeldes, preguiçosos, desinteressados, vagabundos ou indisciplinados, na verdade 
podem apresentar um transtorno específico de aprendizagem ou de atenção. É importante 
ressaltar que esses transtorno prejudicam profundamente a auto-estima e o desenvolvimento das 
crianças e dos jovens, atrasando ou até mesmo impossibilitando o uso de suas potencialidades. 
Se fossem diagnosticados de modo correto, esses distúrbios poderiam ser facilmente tratados, 
evitando assim as conseqüências drásticas que ocorrem quando não são identificados. Como 
exemplo disso, muitos dependentes de drogas que apresentavam transtorno de atenção, quando o 
problema foi adequadamente tratado, pararam de consumir drogas. 
 
11. Os dependentes de drogas devem ser internados para tratamento? 
Na maior parte dos casos, o tratamento do dependente de drogas não requer internação. Nos 
raros casos em que é necessária, ela deve ser decidida com base em critérios claros e definidos, 
estabelecidos por um especialista. A internação de um dependente de drogas sem necessidade 
pode levar até mesmo a um aumento do consumo. O aumento do consumo após uma internação 
indevida pode se dar por diversas razões, como sentimentos de revolta de um dependente ainda 
não suficientemente convencido da necessidade de ajuda. 
 
 
 
Classificação do uso segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) 
Uso na vida: o uso de droga pelo menos uma vez na vida 
Uso no ano: o uso de droga pelo menos uma vez nos últimos doze meses 
Uso recente ou no mês: o uso de droga pelo menos uma vez nos últimos 30 dias 
Uso freqüente: uso de droga seis ou mais vezes nos últimos 30 dias 
Uso de risco: padrão de uso que implica alto risco de dano à saúde física ou mental do usuário, 
mas que ainda não resultou em doença orgânica ou psicológica 
Uso prejudicial: padrão de uso que já está causando dano à saúde física ou mental 
Não-usuário: nunca utilizou drogas 
Usuário leve: utilizou drogas no último mês, mas o consumo foi menor que uma vez por semana 
Usuário moderado: utilizou drogas semanalmente, mas não todos os dias, durante o último mês 
Usuário pesado: utilizou drogas diariamente durante o último mês. 
 
A OMS considera ainda que o abuso de drogas não pode ser definido apenas em função da 
quantidade e freqüência de uso. Assim, uma pessoa somente será considerada dependente se o 
seu padrão de uso resultar em pelo menos três dos seguintes sintomas ou sinais, ao longo dos 
últimos doze meses: 
 42
- Forte desejo ou compulsão de consumir drogas; 
- Dificuldades em controlar o uso, seja em termos de início, término ou nível de consumo; 
- Uso de substâncias psicoativas para atenuar sintomas de abstinência, complena consciência 
dessa prática; 
- Estado fisiológico de abstinência; 
- Evidência de tolerância, quando o indivíduo necessita de doses maiores de substância para 
alcançar os efeitos obtidos anteriormente com doses menores; 
- Estreitamento do repertório pessoal de consumo, quando o indivíduo passa, por exemplo, a 
consumir drogas em ambientes inadequados, a qualquer hora,s em nenhum motivo especial; 
- Falta de interesse progressivo de outros prazeres e interesses em favor do uso de drogas; 
- Insistência no uso da substância, apesar de manifestações danosas comprovadamente 
decorrentes desse uso; 
- Evidência de que o retorno ao uso da substância, após um período de abstinência, leva a 
uma rápida reinstalação do padrão de consumo anterior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 43
ANEXO II 
Droga no trabalho 
Empresas criam programas para detectar e ajudar os funcionários 
viciados em substâncias químicas 
Edição 1 707 - 4 de julho de 2001 veja online 
 
Silvio Ferraz 
 
 
 
Doutorado em universidade estrangeira, fluência em vários 
idiomas, capacidade de liderança. Todos esses predicados 
podem cair por terra com o resultado de um rotineiro 
exame de urina. É o teste que já vem sendo aplicado por 
mais de 400 empresas brasileiras para descobrir se 
funcionários e candidatos a um emprego – do presidente 
ao porteiro – consomem drogas, especialmente cocaína, 
maconha, anfetaminas e álcool. Os testes são aplicados 
cada vez com mais freqüência, sempre sem data marcada, 
por um número crescente de corporações. O Centro de 
Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da 
Universidade de São Paulo realiza desde 1992 esse tipo de 
análise em 315 companhias espalhadas por 22 Estados. O 
trabalho forma o banco de dados mais extenso e completo 
sobre o assunto no país. Ao longo de quase uma década, 
os especialistas da USP já examinaram 12 700 
funcionários dos mais diferentes níveis hierárquicos. Até 
agora, 2% dos testes realizados voltaram do laboratório 
com o carimbo de positivo. Ou seja, 254 empregados 
tomaram drogas. Em 58% deles foram encontrados traços 
de consumo de maconha, cocaína em 24% e anfetaminas 
em 18%. 
O total de consumidores detectados pelos exames dentro 
das empresas pode parecer pequeno, mas os 
pesquisadores têm bons argumentos para mostrar que o 
resultado da USP é estatisticamente relevante. Existem 
companhias nesse universo que aplicam o teste todo ano e 
são acompanhadas há muito tempo pelos especialistas. 
"Nas primeiras baterias de exames, algumas chegam a 
registrar taxas de consumo acima de 10%", afirma o 
toxicologista Ovandir Alves Silva, responsável pelo trabalho. "Com o passar do tempo, 
devido ao trabalho de conscientização feito dentro das corporações e até mesmo ao 
medo dos funcionários de ser flagrados, o índice tende a cair." Outra razão que indica 
a relevância da taxa de 2% de usuários detectada nas empresas brasileiras é o perfil 
Claudio Rossi 
 
"Comecei a beber aos 18 anos. 
Aos poucos, o álcool foi se 
tornando uma coisa 
indispensável na minha vida. 
Logo ao despertar, costumava 
tomar uma dose alentada de 
rabo-de-galo, uma mistura de 
cachaça com vermute. Certa 
vez, fui trabalhar cheirando a 
bebida. Meu supervisor notou o 
problema e me encaminhou à 
assistente social da empresa. 
Acabei numa clínica de 
recuperação. Todos os meus 
colegas de trabalho estão me 
apoiando para que eu consiga 
me livrar do vício." 
Vagner, 37 anos, metalúrgico 
 44
das companhias rastreadas pelos pesquisadores. Quase 80% delas pertencem ao setor 
de transportes – rodoviário, marítimo ou aéreo. Nesse ramo, a presença de qualquer 
funcionário drogado representa um perigo enorme para a sociedade. "Basta imaginar o 
estrago que um caminhoneiro sob efeito de anfetaminas pode provocar numa estrada", 
exemplifica o toxicologista da USP. 
No banco de dados da universidade não constam apenas representantes do setor de 
transportes. Há grandes companhias de outras áreas, como a Esso, a Shell e a 
Caterpillar. É um perfil semelhante ao registrado pelos dois laboratórios particulares 
que executam o mesmo tipo de serviço no Brasil – o Fleury e o Maxilab, ambos de São 
Paulo. "A procura das empresas por esse tipo de exame cresce numa escala 
impressionante", atesta Adagmar Andriolo, um dos sócios do Fleury. O laboratório 
começou a ser contratado para fazer esse tipo de teste há dois anos.Hoje, tem dez 
empresas entre seus clientes e realiza cerca de 1 000 exames em funcionários por 
ano. "A média de resultados positivos gira em torno de 5%", afirma Andriolo. 
 
Fotos Claudio Rossi 
 
"As empresas apostam na recuperação 
porque é mais barato reabilitar do que 
formar um executivo. Sou um caso de 
recaída. As drogas acabaram com minha 
carreira profissional. Luto até hoje para me 
livrar da dependência de álcool, ácido, 
haxixe e maconha. Estou num momento de 
profunda reflexão. E, nele, me descubro 
vivendo um paradoxo. Se sou como sou, um 
apaixonado pela liberdade, não posso 
permanecer escravo de nenhuma 
substância. Desta vez, estou saindo do 
fundo do poço. Para valer." 
Ricardo, 49 anos, economista 
A experiência brasileira nesse campo segue o mesmo caminho de trabalhos mais 
antigos do gênero realizados em outros países. Na década de 80, as empresas de 
transportes dos Estados Unidos começaram a testar pilotos e caminhoneiros. Depois, o 
mesmo exame começou a ser feito nos mais diferentes tipos de companhias. Hoje, os 
americanos examinam por ano 100 milhões de trabalhadores. Comparado a esse 
número, o programa de testes no Brasil ainda é tímido. Mas o cerco ao uso da droga 
no ambiente de trabalho está se fechando. À medida que o mundo se globaliza, as 
políticas antidrogas nas empresas passam a fazer parte dos contratos de trabalho e até 
das transações internacionais de compra e venda de produtos ou prestação de 
serviços. 
 45
A Esso, pioneira dos testes no Brasil, rejeita fazer negócios com qualquer companhia 
que não tenha um plano de reabilitação e controle de drogas. A Shell reza pela mesma 
cartilha. Para fechar um contrato de compra de aviões com a Embraer, a American 
Airlines exigiu que a empresa brasileira ajustasse seu programa de controle de 
substâncias proibidas aos padrões americanos. A Embraer teve de se comprometer a 
testar freqüentemente seus empregados. De outra forma, nem seus pilotos nem seus 
mecânicos poderiam fazer a manutenção dos aviões adquiridos pela American. A Varig 
já começou a aplicar testes nos pilotos em fase de admissão e desenha há um ano um 
programa de testes e reabilitação para todos os funcionários. A Embratel, com orgulho, 
ostenta a marca de 82% de reabilitação de funcionários alcoólatras ou dependentes de 
drogas, sendo que nos últimos cinco anos não houve uma recaída sequer. A Petrobras 
Distribuidora e a Johnson & Johnson foram das primeiras a tratar a dependência como 
doença e não como estigma. A BR iniciou o programa na fábrica de lubrificantes e, em 
um ano, encaminhou para reabilitação cinqüenta casos de alcoolismo. " Esses 
programas são os radares da sociedade", afirma o toxicologista Ovandir Alves Silva. 
Há pelo menos duas boas explicações para essa ofensiva contra as drogas, segundo o 
psicanalista João Carlos Dias, da Associação Brasileira de Estudos de Álcool e Outras 
Drogas, especializado em recuperação. "Os empresários descobriram que cada dólar 
investido na empresa em programas de reabilitação provoca o retorno de 7 dólares sob 
forma de aumento da produtividade, redução do absenteísmo, queda na procura pelo 
departamento médico e o incomensurável benefício de preservação da imagem da 
companhia. As indústrias deixaram de ver o alcoolismo e a dependência às drogas sob 
o prisma da legislação do trabalho, para encará-los como doenças sociais." Nos 
Estados Unidos, na

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