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Fundamentos dos materiais de construção 8 – Discordância e mecanismos de aumento de resistência Universidade Federal de Santa Maria – UFSM Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas Curso de Engenharia de Produção Prof. Cristiano J. Scheuer ONDE ESTAMOS? Introdução à ciência dos materiais. • 1ª Avaliação: Estrutura e ligações atômicas. Estrutura dos sólidos cristalinos. Imperfeições nos sólidos cristalinos. Solidificação dos metais e ligas. Difusão em sólidos. Propriedades mecânicas dos materiais. Discordância e mecanismos de aumento de resistência. ROTEIRO DA AULA • Introdução. • Características das discordâncias. • Sistemas de escorregamento. • Escorregamento em monocristais e policristais. • Mecanismos de aumento de resistência em metais. • Recuperação, recristalização e crescimento de grão. • Conceitos básicos. OBJETIVOS DA AULA 8 • Descrever o movimento das discordâncias em perspectiva atômica. • Correlacionar deformação plástica com movimento das discordâncias. • Definir sistema de escorregamento, e citar exemplos. • Descrever a alteração estrutural de um material pela sua deformação. • Explicar o efeito dos contornos de grãos sobre a deformação plástica. • Explicar o aumento de resistência por solução sólida e encruamento. • Explicar o aumento de resistência por redução do tamanho de grão. • Explicar a recuperação, recristalização e crescimento de grão. INTRODUÇÃO • 1OS estudos cálculos teóricos de resistência valores muito maiores que os medidos. • Teoria das discordâncias iniciada em 1930 comprovada em 1950 (microscópio eletrônico). • Teoria das discordâncias explica muitos fenômenos físicos e mecânicos nos materiais. • Deformação plástica permanente movimento de átomos ligações rompidas e reformadas. • Sólidos cristalinos deformação plástica movimento das discordâncias. CONCEITOS BÁSICOS • Tipos de discordâncias. • Deformação movimento das discordâncias. • Escorregamento. • Plano de escorregamento. Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 171. CONCEITOS BÁSICOS • Resultado do movimento dos dois tipos de discordância. • Analogia com o movimento da lagarta: Todos materiais tem discordâncias Densidade de discordâncias Densidades 10 3 (metal cuidadosamente solidificado) 10 9 – 10 10 (metal altamente deformado) 10 5– 10 6 (comum) Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 172. CARACTERÍSTICAS DAS DISCORDÂNCIAS • Analisando melhor uma discordância. Campos de deformação influenciam: − Mobilidade das discordâncias − Habilidade em se multiplicar Durante a deformação: ± 5% da energia fica retida (energia de deformação - discordâncias) E o resto? Tensão de compressão, tração e cisalhamento. Compressão Tração Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 172. CARACTERÍSTICAS DAS DISCORDÂNCIAS • Interação entre discordância (campos de distorção): Novas discordâncias multiplicação das existentes formação de novas discordâncias concentradores de tensão. Repulsão Atração Eliminação da discordância (cristal perfeito) Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 173. SISTEMAS DE ESCORREGAMENTO • Facilidade de movimentação depende do plano e direção cristalográfica. • Depende da estrutura Distorção mínima. • Plano de escorregamento (maior densidade). • Direção de escorregamento (direção mais densa). Sistema de escorregamento Plano de escorregamento. Direção de escorregamento. SISTEMAS DE ESCORREGAMENTO • Planos compactos família {111}. • Direção de escorregamento família <110>. • {111} <110> conjunto de planos e direções de escorregamento. • CFC – 12 sistema (4 planos com 3 direções). Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 174. SISTEMAS DE ESCORREGAMENTO • Sistemas podem se tornar operativos à temperaturas elevadas. • CCC e CFC normalmente dúctil. • HC normalmente frágil. Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 1745. ESCORREGAMENTO EM MONOCRISTAIS • Discordâncias se movem em resposta a tensões de cisalhamento • Tensão de cisalhamento rebatidas (R) • Escoa somente se a R (max) = tcrc • Componentes de cisalhamento exceção direções e . Tensão mínima • Para cada sistema de escorregamento uma R ≠. Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 176. ESCORREGAMENTO EM MONOCRISTAIS • Degraus na superfície. • Linhas de escorregamento Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 176. • Alongamento prolongado aumento n° de linhas. DEFORMAÇÃO PLÁSTICA EM MATERIAIS POLICRISTALINOS • Orientação aleatórios dos grãos. • Direção de escorregamento varia de grão à grão. • A coesão entre grão é mantida. • Os grãos se distorcem. • Material policristalino é mais resistente que monocristalino. Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 179 e 180. DEFORMAÇÃO POR MACLAÇÃO • Outro tipo de deformação. • Ocorre em planos e direções cristalográficas específicos. • Orientação cristalográfica e deslocamento ≠ para macla e escorregamento. • CCC e HC em baixas T, sob elevadas taxas de carregamento. • No escorregamento a magnitude de deformação é maior. Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 180. MECANISMO DE AUMENTO DE RESISTÊNCIA NOS METAIS • Projetar ligas de alta resistência mecânica, dúcteis e tenazes. • Normalmente o aumento de resistência sacrifica a ductilidade. • Relacionar resistência mecânica com o movimento de discordâncias. • Restrição ao movimento de discordâncias confere maior resistência. • Técnicas de aumento de resistência → limitar movimento das discordâncias. Redução de tamanho de grão. Formação de ligas por solução sólida. Encruamento → deformação plástica a frio. AUMENTO DE RESISTÊNCIA PELA REDUÇÃO DO TAMANHO DE GRÃO • Cada grão tem uma orientação diferente. • Atua como barreira para o movimentas discordâncias. Caso do contorno de grão de alto e baixo ângulo. • Granulação fina e granulação grosseira → propriedade do material. Mudança de direção (restrição de movimento para ângulos elevados). Descontinuidade do plano de deslizamento (desordem atômica). Plano de deslizamento Grão A Grão B Contorno de Grão Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 180. AUMENTO DE RESISTÊNCIA PELA REDUÇÃO DO TAMANHO DE GRÃO Importante: Redução do tamanho de grão é o único dos mecanismos que aumenta a resistência mecânica e a tenacidade (buscar sempre estrutura refinada). Atenção: quando o grão é muito grosseiros ou muito fino a equação de Hall-Petch não se aplica. • Equação de Hall-Petch: d k y y 0 Constantes do material Tamanho de Grão (mm) d-1/2 (mm-1/2)T e n s ã o L im it e d e E s c o a m e n to ( M P a ) T e n s ã o L im it e d e E s c o a m e n to ( k s i) Latão 70 Cu – 30 Zn Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 182 e 183. Tamanho de grão AUMENTO DE RESISTÊNCIA PELA REDUÇÃO DO TAMANHO DE GRÃO • Como endurecer o material por refino de grão? − Controle da solidificação (taxa de resfriamento). − Tratamento térmico (normalização). − Tratamento mecânico seguido de tratamento térmico (recristalização). Controle do tamanho de grão. AUMENTO DE RESISTÊNCIA POR SOLUÇÃO SÓLIDA (IMPUREZAS) • Interação entre campo de tensões das discordâncias e campos de tensões gerados pela solução sólida. • Razão dos metais de alta pureza serem mais dúcteis e menos resistentes (aplicações onde se deseja elevadas deformações). Átomo menor (tensão trativa) Átomo Maior (tensão compressiva) Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 184. AUMENTO DE RESISTÊNCIA POR SOLUÇÃO SÓLIDA (IMPUREZAS) Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 184. AUMENTO DE RESISTÊNCIA POR ENCRUAMENTO • Deformação à temperatura ambiente. • Técnicas comuns de conformação: -Forjamento Ao Ad força die força -Trefilação Força de tração Ao Ad die -Extrusão ram billet container container força die holder die Ao Adextrusion 100 x % o do A AA TF -Laminação roll Ao Ad roll AUMENTO DE RESISTÊNCIA POR ENCRUAMENTO • Cada liga responde de uma maneira ao trabalho a frio. • Encruamento resulta da multiplicação das discordâncias. • Deformação a frio na última etapa de processamento. Aço 1040 Aço 1040 Aço 1040 Latão Latão Latão Cobre Cobre Cobre % de trabalho a frio % de trabalho a frio % de trabalho a frio T e n s ã o L im it e d e E s c o a m e n to ( M P a ) T e n s ã o L im it e d e R e s is tê n c ia (M P a ) D u c ti lid a d e ( % d e d e fo rm a ç ã o ) T e n s ã o L im it e d e E s c o a m e n to ( k s i) T e n s ã o L im it e d e R e s is tê n c ia (k s i) Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 185. AUMENTO DE RESISTÊNCIA POR ENCRUAMENTO Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 186. AUMENTO DE RESISTÊNCIA POR ENCRUAMENTO Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 146. RECUPERAÇÃO, RECRISTALIZAÇÃO E CRESCIMENTO DE GRÃO • Deformação a baixa temperatura (relativa ao ponto de fusão): • Energia de deformação armazenada. • Reversão de propriedades: Zonas de tração, compressão e cisalhamento das discordâncias. Recozimento (recuperação e recristalização →crescimento de grão). RECUPERAÇÃO, RECRISTALIZAÇÃO E CRESCIMENTO DE GRÃO • Recuperação: − Movimentação das discordâncias. Uma parte da energia de deformação é liberada. Rearranjo atômico difusão (temperatura). Redução do número de discordâncias. RECUPERAÇÃO, RECRISTALIZAÇÃO E CRESCIMENTO DE GRÃO • Recristalização: Após recuperação grãos ainda apresentam energia de deformação elevada. Recristalização Formação de novos grãos livres de deformação. Força motriz diferença de energia interna. Grãos de formam e crescem difusão. Propriedades mecânicas restauradas (mais macio e dúctil, menos resistente). Depende do tempo, da temperatura e do %TF. RECUPERAÇÃO, RECRISTALIZAÇÃO E CRESCIMENTO DE GRÃO 33 % TF 3 s a 580 °C Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 189. RECUPERAÇÃO, RECRISTALIZAÇÃO E CRESCIMENTO DE GRÃO 4 s a 580 °C 8 s a 580 °C Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 189. RECUPERAÇÃO, RECRISTALIZAÇÃO E CRESCIMENTO DE GRÃO 15 min a 580 °C 10 min a 700 °C Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 189. RECUPERAÇÃO, RECRISTALIZAÇÃO E CRESCIMENTO DE GRÃO Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 190. RECUPERAÇÃO, RECRISTALIZAÇÃO E CRESCIMENTO DE GRÃO • Recristalização: Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 190. ↑Trabalho a frio ↓ Temperatura de recristalização. Deformação crítica. − Metais puros (0,4Tf). − Ligas (até 0,7Tf). RECUPERAÇÃO, RECRISTALIZAÇÃO E CRESCIMENTO DE GRÃO • Recristalização: Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 191. RECUPERAÇÃO, RECRISTALIZAÇÃO E CRESCIMENTO DE GRÃO • Crescimento de grão: Força motriz redução da energia dos contornos de grão. Processo difusivo. Os grãos maiores crescem e os menores diminuem. Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 192. RECUPERAÇÃO, RECRISTALIZAÇÃO E CRESCIMENTO DE GRÃO • Crescimento de grão: Fonte: Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012, Pág. 193. O QUE É IMPORTANTE LEMBRAR? • Como a deformação pode ocorrer: Discordâncias (tensão de cisalhamento), Planos e direções. Macla. • Mecanismo de endurecimento: Redução de tamanho de grão. Solução sólida. Encruamento. • O que é recuperação, recristalização e crescimento de grão. REFERÊNCIAS • CALISTER, W.D.; RETHWISCH, D.G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 8ª ed. São Paulo: Editora LTC, 2012. ► Capítulo 7 – Discordância e mecanismos de aumento de resistência. → Páginas: 169 – 193.
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