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CIÊNCIA POLÍTICA - Elementos da TGE - Resumo

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Elementos de Teoria Geral do Estado (TGE) 
 
Definição de TGE 
 
Levar em consideração para o estudo de TGE: 
 
1. Conhecimento das instituições; 
2. Saber como e quais métodos para conhecer e solucionar os problemas sociais; 
3. Ter consciência que o estudo não é estritamente jurídico. 
 
Noção de Teoria Geral do Estado: 
 
Disciplina de síntese, que sistematiza conhecimentos jurídicos, filosóficos, 
sociológicos, políticos, históricos, antropológicos, econômicos, psicológicos, utilizando-os 
para o aperfeiçoamento do Estado. Fato social e uma ordem, que procura atingir os seus fins 
com eficácia e justiça. 
 
Nota 01: A grande revolução nos estudos políticos, com o abandono dos fundamentos 
teológicos e a busca da generalização a partir da própria realidade, ocorre com Maquiavel, no 
inicio do século XVI; 
Nota 02: Após Maquiavel e o enfoque objetivo dos fatos políticos, destacaram-se 
outros autores como Hobbes, Montesquieu e Rousseau, os três foram influenciados pelo 
Direito Natural e buscaram fundamentos nele para falar sobre o contrato social; 
Nota 03: A questão do relacionamento da TGE com a CP é de interesse mais 
acadêmico do que prático; 
Nota 04: O que a realidade mostra é que, cada vez mais, não há a possibilidade de 
desenvolver qualquer estudo ou pesquisa de Ciência Política sem considerar o Estado; 
 
“O Estado é de interesse central para a política, sendo ele próprio um locus para o 
exercício do poder, um produtor de decisões e a comunidade política primária para muitos 
seres humanos, no mundo contemporâneo...” "... concebido como um sujeito ativo, o Estado 
age através de indivíduos e grupos organizados de pessoas, que tomam e implementam 
decisões em nome do Estado e que, ao decidir, alegam que são agentes ou órgãos do Estado". 
 
 
Objeto da Teoria Geral do Estado: 
 
É o estudo do Estado sob todos os aspectos, incluindo a origem, a organização, o 
funcionamento e as finalidades, compreendendo-se no seu âmbito tudo o que se considere 
existindo no Estado e influindo sobre ele. 
É importante atentar-se as três diretrizes fundamentais: 
1. A primeira se utiliza da Filosofia do Estado, buscando a justificativa para o Estado em 
função de valores éticos da pessoa humana, distanciando-se da realidade e não se 
preocupando com a prática; 
2. A segunda é o oposto da primeira, essa diretriz busca ser eminentemente realista, 
considerando absolutamente apenas fatos concretos; 
3. A terceira é a corrente que só admite o Estado como realidade normativa, o Estado 
criado pelo direito para realizar fins jurídicos, estuda-o a partir de considerações 
técnico-formais. 
 
Método da Teoria Geral do Estado: 
 
Pela própria multiplicidade de aspectos que a TGE possui e deve considerar 
verifica-se a impossibilidade de adoção para um método único. A depender do 
enfoque que seja dado, escolhe-se o melhor método a ser aplicado, utilizando-se 
da indução para a obtenção de generalidades a partir de fatos considerados 
isoladamente, a dedução, sobretudo para a explicação de fatos particulares ou para a 
fixação de perspectivas, e o método analógico para estudos comparativos. 
 
Origem da Sociedade 
 
Sociedade Natural: “... As teorias favoráveis à ideia da sociedade natural, que têm, 
atualmente, maior número de adeptos e que exercem maior influência na vida concreta do 
Estado”. 
 
Aristóteles: “O homem é naturalmente um animal político”. 
Cícero: "A primeira causa da agregação de uns homens a outros é menos a sua debilidade do 
que um certo instinto de sociabilidade em todos inato; a espécie humana não nasceu para o 
isolamento e para a vida errante, mas com uma disposição que, mesmo na abundância de 
todos os bens, a leva a procurar o apoio comum". 
 
Santo Tomás de Aquino: “O homem, por natureza, animal social e político vivendo em 
multidão ainda mais que todos os outros animais, o que se evidencia pela natural 
necessidade”. 
 
Têm-se então a ideia de quê: 
 
 ”Esses, em linhas gerais, os argumentos que sustentam a conclusão de que a 
sociedade é um fato natural, determinado pela necessidade que o homem tem da cooperação 
de seus semelhantes para a consecução dos fins de sua existência. Essa necessidade não é 
apenas de ordem material, uma vez que, mesmo provido de todos os bens materiais 
suficientes à sua sobrevivência, o ser humano continua a necessitar do convívio com os 
semelhantes”. 
 
Conclusão: “A sociedade é o produto da ligação de um simples impulso associativo natural e 
da cooperação da vontade humana”. 
 
Contratualistas: “Opondo-se aos adeptos do fundamento natural da sociedade encontram-se 
muitos autores, alguns dos quais exerceram e ainda exercem considerável influência prática, 
sustentando que a sociedade é tão-só o produto de um acordo de vontades, ou seja, de um 
contrato hipotético celebrado entre os homens, razão pela qual esses autores são classificados 
como contratualistas”. 
 
Existem muitas formas de contratualismo, com diferentes explicações para a decisão 
do homem de se associar e passar a viver em sociedade. O ponto em comum entre eles é, 
porém, é a negativa do impulso associativo natural, com a afirmação de que só a vontade 
humana justifica a existência da sociedade, o que vem a ter influência fundamental nas 
considerações sobre a organização social, sobre o poder social e sobre o próprio 
relacionamento dos indivíduos com a sociedade. 
 
 
 
 
Hobbes: 
 
O contratualismo aparece claramente proposto com sistematização doutrinária, quando 
Hobbes publica sua obra “Leviatã”. 
Para ele, o homem vive inicialmente em "estado de natureza", designando-se por esta 
expressão não só os estágios mais primitivos da História, mas, também, a situação de 
desordem que se verifica sempre que os homens não têm suas ações reprimidas, ou pela voz 
da razão ou pela presença de instituições políticas eficientes. 
O estado de natureza é uma permanente ameaça que pesa sobre a sociedade e que pode 
irromper sempre que a paixão silenciar a razão ou a autoridade fracassar. 
 Ele usa a expressão “Guerra de todos contra todos”, onde o mecanismo dessa guerra 
tem como ponto de partida a igualdade natural de todos os homens. Cada um vive em 
constante temor de que o outro venha a tomar-lhe os bens ou causar-lhe algum mal, por isso 
ao invés de esperar o pior, os homens tomam a iniciativa de agredir antes de serem agredidos. 
Neste ponto então que reside a razão humana, levando a celebração do contrato social. 
 
Hobbes formula duas leis fundamentais da natureza, que estão na base da vida social: 
 
1. Cada homem deve se esforçar para manter a paz dentro da sociedade, tendo esperança 
de alcança-la, quando não puder obter essa paz, deve então buscar todas as ajudas e 
vantagens da guerra; 
2. Cada um deve consentir, se os demais também assim o fizerem, enquanto estiverem 
considerando necessário para a paz e a defesa de si mesmo, em renunciar ao seu 
direito a todas as coisas, e a satisfazer-se, em relação aos demais homens, com a 
mesma liberdade que lhe for concedida com respeito a si próprio. 
 
Com base nessas leis os homens celebram o contrato social, que é a mútua transferência 
de direitos. Porém, para que esse contrato depende de um poder visível, que mantenha os 
homens dentro dos limites aceitos e os obrigue por medo ao castigo, a realizar seus 
compromissos. Este poder visível é o Estado, criado pelo homem para sua proteção e defesa. 
 Disso resulta então o conceito de Estado como "uma pessoa de cujos atos se constitui 
em autora uma grande multidão, mediante pactos recíprocos de seus membros, com o fim de 
que essa pessoa possa empregar a força e os meios detodos, como julgar conveniente, para 
assegurar a paz e a defesa comuns". O titular dessa pessoa se denomina soberano e se diz que 
tem poder soberano, e cada um dos que o rodeiam é seu súdito. Hobbes então além das 
afirmações sobre a base contratual, fala também de uma clara sugestão ao absolutismo. 
 
A reação às ideias absolutistas de Hobbes 
 
 Apesar de se oporem a ideia contratualista absolutista de Hobbes, os outros pensadores 
tomam uma posição nitidamente do estado de natureza para explicar a ideia de sociedade. 
 
Montesquieu: 
 
Em sua obra fundamental, "Do Espírito das Leis", também se refere ao homem 
em estado natural, anterior ao estabelecimento das sociedades. Diz, porém, que tal homem 
sentiria, antes de tudo, sua fraqueza e estaria constantemente atemorizado, acrescentando que 
nesse estado todos se sentem inferiores e dificilmente alguém se sente igual a outrem. 
Ninguém procuraria, portanto, atacar. A paz seria a primeira lei natural. 
"Não é razoável, acrescenta Montesquieu, o desejo que Hobbes atribui aos homens de 
subjugarem-se mutuamente. A ideia de supremacia e de dominação é tão complexa e 
dependente de tantas outras que não seria ela a primeira ideia que o homem teria". 
 
Para Montesquieu existem também leis naturais que levam o homem a escolher a vida 
em sociedade: 
1. O desejo de paz; 
2. O sentimento de necessidades; 
3. A atração natural entre os sexos opostos; 
4. O desejo de viver em sociedade 
 
Depois que, levados por essas leis, os homens se unem em sociedade, passam a 
sentirem-se fortes, a igualdade natural que existia entre eles desaparece e o estado de guerra 
começa, ou entre sociedades, ou entre indivíduos da mesma sociedade. Embora começando 
por essas observações e dizendo em seguida que "sem um governo nenhuma sociedade 
poderia subsistir", Montesquieu não chega a mencionar expressamente o contrato social e 
passa à apreciação das leis do governo, sem fazê-las derivar diretamente de um pacto inicial. 
 
 
 
Locke: 
 
Autor importante, cujas obras, marcadamente antiabsolutistas, exerceram grande 
influência na chamada Revolução Inglesa, de 1688, bem como na Revolução Americana de 
1776. 
Tem uma marcante influência religiosa, dessa forma seria impossível que ele 
sustentasse a ideia de um contratualismo puro (de um homem completamente livre), seria 
difícil ele acreditar que o homem tivesse decidido se associar ou não a outros homens, pois 
iria conflitar com sua concepção de criação cristã. 
Locke esteve mais próximo de Aristóteles e Santo Tomás de Aquino do que os outros 
contratualistas. "Tendo Deus feito o homem criatura tal que, conforme julgava, não seria 
conveniente para o próprio homem ficar só, colocou-o sob fortes obrigações de necessidade, 
conveniência e inclinação para arrastá-lo à sociedade, provendo-o igualmente de 
entendimento e linguagem para que continuasse a gozá-la”. 
 
Rousseau: 
 
Foi quem retomou a linha de apreciação de Hobbes, explicando a existência e a 
organização da sociedade a partir de um contrato inicial, foi Rousseau, especialmente em sua 
obra “O Contrato Social”. Porém, ele também partilhou da ideia de Montesquieu no tocante à 
predominância da bondade humana no estado de natureza. O contratualismo dele influenciou 
a Revolução Francesa. 
Ainda hoje é perceptível a influência de suas ideias na afirmação do povo soberano, no 
reconhecimento da igualdade como um dos objetivos fundamentais da sociedade, bem como 
na consciência de que existem interesses coletivos distintos dos interesses de cada membro da 
coletividade. 
Rousseau afirma que a ordem social é um direito sagrado que serve de base a todos os 
demais, mas que esse direito não provém da natureza humana, encontrando em seu 
fundamento em convenções. Portanto é a vontade e não a consciência humana, o fundamento 
humano. Ele afirma que "Suponho os homens terem chegado a um ponto em que os 
obstáculos que atentam à sua conservação no estado natural excedem, pela sua resistência, 
as forças que cada indivíduo pode empregar para manter-se nesse estado. Então este estado 
primitivo não pode subsistir, e o gênero humano pereceria se não mudasse de modo de ser". 
 O homem toma a consciência de que sua liberdade e a força constituem os 
instrumentos fundamentais de sua conservação, após perceber que é impossível aumentar a 
força de cada individuo, dentro da sociedade. O Contrato Social soluciona o problema 
fundamental, que seria a dificuldade de “"... encontrar uma forma de associação que defenda e 
proteja a pessoa e os bens de cada associado, de qualquer força comum; e pela qual cada um, 
unindo-se a todos, não obedeça, portanto, senão a si mesmo, ficando, assim, tão livre como 
antes". É após esse contrato que ocorre a alienação total de cada individuo associado, com 
todos os seus direitos a favor de toda a comunidade, produzindo um corpo moral e coletivo, 
chamado de Estado. 
 O soberano desse Estado continua sendo o conjunto de pessoas associadas, a soberania 
é inaliável e indivisível. 
Cada indivíduo como homem, pode ter uma vontade própria, contrária até à vontade 
geral que tem como cidadão. A vontade geral é sempre “reta”, porém Rousseau faz uma 
advertência sobre essa questão, "Há, às vezes, diferença entre a vontade de todos e a vontade 
geral: esta atende só ao interesse comum, enquanto que a outra olha o interesse privado e não 
é senão uma soma das vontades particulares". 
Por isso tudo ele próprio formula a conclusão de que, se indagarmos em que consiste 
precisamente o maior bem de todos, que deve ser o fim de toda legislação, encontraremos dois 
objetos principais: liberdade e igualdade. 
Das ideias que constituem a base do pensamento de ROUSSEAU são hoje 
consideradas fundamentos da democracia. Por exemplo, com a afirmação da predominância 
da vontade popular, com o reconhecimento de uma liberdade natural e com a busca de 
igualdade, que se reflete, inclusive, na aceitação da vontade da maioria como critério para 
obrigar o todo, o que só se justifica se for acolhido o princípio de que todos os homens são 
iguais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Origem e Formação do Estado 
(Baseado no livro Elementos de Teoria Geral do Estado de Dalmo de Abreu Dallari) 
 
 O ESTUDO DA ORIGEM DO ESTADO implica duas espécies de indagação: 
 
• Uma a respeito da época do aparecimento do Estado; 
• Outra relativa aos motivos que determinaram e determinam o surgimento do 
Estado (formação do Estado). 
 
Antes, porém, é indispensável um esclarecimento sobre a noção de Estado adotada por 
inúmeras correntes teóricas. 
 
 A denominação Estado (do latim status = estar firme), significando situação 
permanente de convivência e ligada à sociedade política, aparece pela primeira vez 
em “O Príncipe” de Maquiavel (1513). 
 
 Passou a ser usada pelos italianos sempre ligada ao nome de uma cidade independente. 
 
 
 Durante os séculos XVI e XVII, a expressão foi sendo admitida em escritos franceses, 
ingleses e alemães. 
 
 Na Espanha, até o séc. XVIII, aplicava-se a denominação de estados a grandes 
propriedades rurais de domínio particular, cujos proprietários tinham poder 
jurisdicional. 
 
 É certo que o nome Estado, indicando uma sociedade política, só aparece no século 
XVI, e este é um dos argumentos para alguns autores que não admitem a existência do 
Estado antes do século XVII. 
 
 A maioria dos autores, no entanto, admitindo que a sociedade, ora denominada Estado 
é, na sua essência, igual à que existiu anteriormente, embora com nomes diversos, dá 
essa designação a todas as sociedades políticas que, com autoridade superior, 
fixaram as regras de convivência de seus membros. A origem do Estado sob o ponto de vista da época do seu aparecimento: 
 
 Para muitos autores, o Estado, assim como a própria sociedade, existiu sempre, pois 
desde que o homem vive sobre a Terra acha-se integrado numa organização social, 
dotada de poder e com autoridade para determinar o comportamento de todo o 
grupo. 
 
 Uma segunda ordem de autores admite que a sociedade humana existiu sem o 
Estado durante um certo período. Depois, por motivos diversos, foi constituído 
para atender às necessidades ou às conveniências dos grupos sociais. Segundo esses 
autores, que, no seu conjunto, representam ampla maioria, não houve concomitância 
na formação do Estado em diferentes lugares, uma vez que este foi aparecendo de 
acordo com as condições concretas de cada lugar. 
 
 A terceira posição só admite como Estado a sociedade política dotada de certas 
características muito bem definidas. 
 
 Um dos adeptos dessa tese, Karl Schmidt, diz que o conceito de Estado 
não é um conceito geral válido para todos os tempos, mas é um conceito 
histórico concreto, que surge quando nascem a idéia e a prática da 
soberania, o que só ocorreu no século XVII. 
 
 Outro defensor desse ponto de vista, BALLADORE PALLIERI, indica 
mesmo, com absoluta precisão, o ano do nascimento do Estado, 
escrevendo que "a data oficial em que o mundo ocidental se apresenta 
organizado em Estados é a de 1648, ano em que foi assinada a paz de 
Westfália". 
 
 
 A formação do Estado – causas determinantes do surgimento do Estado 
 
Formação ORIGINÁRIA e DERIVADA dos Estados 
 
 Formação originária dos estados – Parte de agrupamentos humanos ainda não 
integrados em qualquer Estado. 
 
 Formação derivada dos estados – Formação de novos Estados a partir de outros 
preexistentes. 
 
 Como é evidente, nos dias atuais, é muito pouco provável que se possa assistir à 
formação originária de um Estado. 
 
Têm-se dois grandes grupos de teorias que procuram explicar a formação ORIGINÁRIA do 
estado, a saber: 
 
 Teorias que afirmam a formação natural ou espontânea do Estado, onde todas têm 
em comum a afirmação de que o Estado se formou naturalmente, não por um ato 
puramente voluntário; 
 Teorias que sustentam a formação contratual dos Estados, apresentando em comum, 
a crença em que foi a vontade dos homens, que levou à criação do Estado. 
 
No tocante às causas determinantes do aparecimento do Estado, as teorias não-
contratualistas mais expressivas são: 
 
 Origem familial ou patriarcal - essas teorias situam o núcleo social fundamental na 
família. Cada família primitiva se ampliou e deu origem a um Estado. 
 
 Origem em atos de força, de violência ou de conquista - essas teorias sustentam que 
a superioridade de força de um grupo social permitiu-lhe submeter um grupo mais 
fraco, nascendo o Estado dessa conjunção de dominantes e dominados. Para 
Oppenheimer, Estado foi criado para regular as relações entre vencedores e 
vencidos. 
 
 Origem em causas econômicas ou patrimoniais - o Estado teria sido formado para 
se aproveitarem os benefícios da divisão do trabalho, integrando-se as diferentes 
atividades profissionais, caracterizando-se assim, o motivo econômico. 
 
Entre as teorias que sustentam a origem do Estado por motivos econômicos, a de maior 
repercussão prática foi e continua sendo a de MARX e ENGELS. Além de negar que o 
Estado tinha nascido com a sociedade, ENGELS afirma que ele “é antes um produto da 
sociedade, quando ela chega a determinado grau de desenvolvimento”. A crença nessa 
origem tem reflexo imediato em dois pontos fundamentais da teoria marxista do Estado: 
a qualificação deste como um instrumento da burguesia para exploração do proletariado e 
afirmação de que, não tendo existido nos primeiros tempos da sociedade humana, o Estado 
poderá ser extinto no futuro, uma vez que foi uma criação puramente artificial para satisfação 
dos interesses de uma pequena minoria. 
 Origem no desenvolvimento interno da sociedade - o Estado é um germe, uma 
potencialidade, em todas as sociedades humanas, as quais, todavia, prescindem dele 
enquanto se mantêm simples e pouco desenvolvidas. Aquelas sociedades, porém, que 
atingem maior grau de desenvolvimento e alcançam uma forma complexa têm 
absoluta necessidade do Estado, e então ele se constitui. Não há, portanto, a influência 
de fatores externos à sociedade, inclusive de interesses de indivíduos ou de grupos, 
mas é o próprio desenvolvimento espontâneo da sociedade que dá origem ao 
Estado. 
 
A criação do Estado por formação derivada se dá através de dois processos típicos opostos, 
ambos igualmente usados na atualidade, que dão origem a novos Estados: 
 
FRACIONAMENTO 
 
Quando uma parte do território de um Estado se desmembra e passa a constituir um 
novo Estado (ex. territórios coloniais que, com a conquista da independência, por via pacífica 
ou violenta, ocorre o desmembramento e a conseqüente criação de novos Estados por 
formação derivada; decorrente de movimentos separatistas). 
 O Estado que teve seu território diminuído pelo fracionamento continua a existir, só se 
alterando a extensão territorial e o número de componentes do povo, uma vez que uma 
parcela deste sempre se integra no Estado recém-constituído. 
A parte desmembrada, que passou a constituir um novo Estado, adquire uma ordenação 
jurídica própria, passando a agir com independência, inclusive no seu relacionamento com o 
Estado do qual se desligou. 
 
UNIÃO DOS ESTADOS 
 
Implica a adoção de uma Constituição comum, desaparecendo os Estados preexistentes 
que aderiram à União (ex. federações). Nesse caso, dois ou mais Estados resolvem unir-se, 
para compor um novo Estado, perdendo sua condição de Estados a partir do momento em que 
se completar a união e integrando-se, a partir daí, no Estado resultante. 
 
 
 
 
Criação de novos Estados por formas atípicas, não-usuais e absolutamente imprevisíveis. 
 
 Depois de grandes guerras as potências vencedoras, visando a assegurar o 
enfraquecimento permanente dos países vencidos, ou procurando ampliar seu próprio 
território procedem a uma alteração dos quadros políticos, não raro promovendo a criação de 
novos Estados, em partes de território de um ou mais vencidos. 
 
 Um fenômeno atípico ocorrido no século XX foi a criação de dois Estados alemães – a 
República Democrática Alemã e a República Federal Alemã -, em lugar do único Estado 
alemão existente antes da II Guerra Mundial. Terminada a guerra, em 1945, a Alemanha 
vencida tinha seu território ocupado pelos vencedores, a União Soviética, no lado oriental, e 
os Estados Unidos capitalistas, no lado ocidental. No ano de 1949, a situação de ocupação foi 
substituída pela criação de dois novos Estados, a República Democrática Alemã e a República 
Federal da Alemanha, o que perdurou até 1989, quando ocorreu a reunificação da Alemanha. 
 
Momento em que se considera criado um novo Estado 
Quanto ao momento em que se considera criado um novo Estado, não há uma 
regra uniforme. Evidentemente, a maneira mais definida de se afirmar a criação é o 
reconhecimento pelos demais Estados. 
Todavia, o reconhecimento não é indispensável, sendo mais importante que o novo 
Estado, apresentando todas as características que são comuns aos Estados, tenha 
viabilidade, conseguindo agir com independência e manter, internamente, uma 
ordem jurídica eficaz.

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