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FICHAMENTO DO CAPÍTULO II (DO ESTADO) DO LIVRO ELEMENTOS DE TEORIA GERAL DO ESTADO

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E HUMANAS 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
 
DISCIPLINA: CIÊNCIA POLÍTICA 
 
 
 
 
ANTONIO KELISON DE LIMA OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
FICHAMENTO DO CAPÍTULO II (DO ESTADO) DO LIVRO ELEMENTOS DE 
TEORIA GERAL DO ESTADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MOSSORÓ 
2020
1 
 
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. 30. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2011. 
 
ORIGEM E FORMAÇÃO DO ESTADO 
 
“O estudo da origem do Estado implica duas espécies de indagação: uma a respeito da 
época do aparecimento do Estado; outra relativa aos motivos que determinaram e determinam 
o surgimento dos Estados. [...].” (DALLARI, 2011, p. 47). 
“[...] o nome Estado, indicando uma sociedade política, só aparece no século XVI, e este 
é um dos argumentos para alguns autores que não admitem a existência do Estado antes do 
século XVII. [...] A maioria dos autores, no entanto, admitindo que a sociedade ora denominada 
Estado é, na sua essência, igual à que existiu anteriormente, embora com nomes diversos, dá 
essa designação a todas as sociedades políticas que, com autoridade superior, fixaram as regras 
de convivência de seus membros.” (DALLARI, 2011, p. 47). 
“Para muitos autores, o Estado, assim como a própria sociedade, existiu sempre, pois 
desde que o homem vive sobre a Terra acha-.se integrado numa organização social, dotada de 
poder e com autoridade para determinar o comportamento de todo o grupo. [...].” (DALLARI, 
2011, p. 48). 
“Uma segunda ordem de autores admite que a sociedade humana existiu sem o Estado 
durante um certo período. [...].” (DALLARI, 2011, p. 48). 
“A terceira posição é a que já foi referida: a dos autores que só admitem como Estado a 
sociedade política dotada de certas características muito bem definidas. [...].” (DALLARI, 
2011, p. 48). 
“Ao se estudarem as causas do aparecimento dos Estados é preciso, antes de tudo, 
lembrar que há duas questões diferentes a serem tratadas: de um lado, existe o problema da 
formação originária dos Estados, partindo de agrupamentos humanos ainda não integrados em 
qualquer Estado; diferente dessa é a questão da formação de novos Estados a partir de outros 
preexistentes, podendo-se designar esta forma como derivada. [...].” (DALLARI, 2011, p. 49). 
“Examinando-se as principais teorias que procuram explicar a formação originária do 
Estado, chega-se a uma primeira classificação, com dois grandes grupos, a saber:” (DALLARI, 
2011, p. 49). 
“a) Teorias que afirmam a formação natural ou espontânea do Estado, não havendo entre 
elas uma coincidência quanto à causa, mas tendo todas em comum a afirmação de que o Estado 
se formou naturalmcnte, não por um ato puramente voluntário.” (DALLARI, 2011, p. 50). 
2 
 
“b) Teorias que sustentam a formação contratual dos Estados, apresentando em comum, 
apesar de também divergirem entre si quanto às causas, a crença em que foi a vontade de alguns 
homens, ou então de todos os homens, que levou à criação do Estado. [...].” (DALLARI, 2011, 
p. 50). 
“No tocante às causas determinantes do aparecimento do Estado, as teorias não 
contratualistas mais expressivas podem ser agrupadas da seguinte maneira:” (DALLARI, 2011, 
p. 50). 
“Origem familial ou patriarcal. Segundo essa explicação, defendida principalmente por 
ROBERT FILMER, cada família primitiva se ampliou e deu origem a um Estado.” (DALLARI, 
2011, p. 50). 
“Origem em atos de força, de violência ou de conquista. Com pequenas variantes, essas 
teorias sustentam, em síntese, que a superioridade de força de um grupo social permitiu-lhe 
submeter um grupo mais fraco, nascendo o Estado dessa conjunção de dominantes e dominados. 
[...].” (DALLARI, 2011, p. 50). 
“Origem em causas econômicas ou patrimoniais. [...] Dessa forma, o Estado teria sido 
formado para se aproveitarem os benefícios da divisão do trabalho, integrando-se as diferentes 
atividades profissionais, caracterizando-se, assim, o motivo econômico. [...].” (DALLARI, 
2011, p. 50). 
“Origem no desenvolvimento interno da sociedade. De acordo com estas teorias, cujo 
principal representante é ROBERT LOWIE, o Estado é um germe, uma potencialidade, em 
todas as sociedades humanas, as quais, todavia, prescindem dele enquanto se mantêm simples 
e pouco desenvolvidas. Mas aquelas sociedades que atingem maior grau de desenvolvimento e 
alcançam uma forma complexa têm absoluta necessidade do Estado, e então ele se constitui. 
[...]” (DALLARI, 2011, p. 51). 
“A criação de Estados por formação derivada, isto é, a partir de Estados preexistentes, 
é o processo mais comum atualmente, havendo por tal motivo um interesse prático bem maior 
nesse estudo, bem como a possibilidade de presenciarmos a ocorrência de muitos fenômenos 
ilustrativos da teoria.” (DALLARI, 2011, p. 52). 
“Há dois processos típicos opostos, ambos igualmente usados na atualidade, que dão 
origem a novos Estados: o fracionamento e a união de Estados. Tem-se o fracionamento quando 
uma parte do território de um Estado se desmembra e passa a constituir um novo Estado. [...].” 
(DALLARI, 2011, p. 52). 
“Outro fenômeno, este menos comum, é a separação de uma parte do território de um 
Estado, embora integrado sem nenhuma discriminação legal, para constituir um novo Estado, 
3 
 
o que ocorre quase sempre por meios violentos, quando um movimento armado separatista é 
bem sucedido, podendo ocorrer também, embora seja rara a hipótese, por via pacífica. [...].” 
(DALLARI, 2011, p. 52). 
“O outro processo típico de constituição de novos Estados por formação derivada é a 
união de Estados, quando esta implica a adoção de uma Constituição comum, desaparecendo 
os Estados preexistentes que aderiram à União. Neste caso, dois ou mais Estados resolvem unir-
se, para compor um novo Estado, perdendo sua condição de Estados a partir do momento em 
que se completar a união e integrando-se, a partir daí, no Estado resultante. [...].” (DALLARI, 
2011, p. 53). 
“Por último, além dos processos típicos aqui referidos, é preciso lembrar que, vez ou 
outra, por motivos excepcionais, pode-se dar a criação de novos Estados por formas atípicas, 
não usuais e absolutamente imprevisíveis. [...].” (DALLARI, 2011, p. 53). 
“[...] Quanto ao momento em que se considera criado um novo Estado, não há uma regra 
uniforme. Evidentemente, a maneira mais definida de afirmar a criação é o reconhecimento 
pelos demais Estados. Todavia, o reconhecimento não é indispensável, sendo mais importante 
que o novo Estado, apresentando todas as características que são comuns aos Estados, tenha 
viabilidade, conseguindo agir com independência e manter, internamente, uma ordem jurídica 
eficaz.” (DALLARI, 2011, p. 53). 
 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ESTADO 
 
“A verificação da evolução histórica do Estado significa a fixação das formas 
fundamentais que o Estado tem adotado através dos séculos. [...] Habitualmente, para efeitos 
didáticos, faz-se a diferenciação entre diversas épocas da história da Humanidade, em sucessão 
cronológica, evidenciando as características do Estado em cada época. Isso, entretanto, deve 
ser feito para melhor compreensão do Estado contemporâneo, servindo ainda como um 
processo auxiliar para uma futura fixação de tipos de Estados.” (DALLARI, 2011, p. 55). 
“A respeito da noção de tipos, JELLINEK é bastante explícito, dizendo que o conceito 
de tipo pode-se compreender com o sentido de ser a expressão da mais perfeita essência do 
gênero. [...] Os tipos ideais podem ser o produto da livre especulação, como as utopias, ou 
podem consistir numa síntese de aspectos colhidos no plano da realidade, pelo exame dos 
Estados que têm ou tiveram existência real.” (DALLARI, 2011, p. 56). 
4 
 
“Com pequenas variações, os autores que trataram deste assunto adotaram uma 
sequência cronológica, compreendendo as seguintes fases: Estado Antigo, EstadoGrego, 
Estado Romano, Estado Medieval e Estado Moderno. [...].” (DALLARI, 2011, p. 56). 
 
Estado Antigo 
 
“Com a designação de Estado Antigo, Oriental ou Teocrático, os autores se referem às 
formas de Estado mais recuadas no tempo, que apenas come- çavam a definir-se entre as antigas 
civilizações do Oriente propriamente dito ou do Mediterrâneo.” (DALLARI, 2011, p. 56 - 57) 
 “Há, entretanto, duas marcas fundamentais, características do Estado desse período: a 
natureza unitária e a religiosidade. Quanto à primeira, veri- fica-se que o Estado Antigo sempre 
aparece como uma unidade geral, não admitindo qualquer divisão interior, nem territorial, nem 
de funções. [...] uanto à presença do fator religioso, é tão marcante que muitos autores entendem 
que o Estado desse período pode ser qualificado como Estado Teocrático. A influência 
predominante foi religiosa, afirmando-se a autoridade dos governantes e as normas de 
comportamento individual e coletivo como expressões da vontade de um poder divino. [...].” 
(DALLARI, 2011, p. 57) 
 
Estado Grego 
 
“[...] A característica fundamental é a cidade-Estado, ou seja, a polis, como a sociedade 
política de maior expressão. O ideal visado era a autossuficiência, a autarquia, dizendo 
ARISTÓTELES que “a sociedade constituída por diversos pequenos burgos forma uma cidade 
completa, com todos os meios de se abastecer por si, tendo atingido, por assim dizer, o fim a 
que se propôs. [...].” (DALLARI, 2011, p. 58). 
“No Estado Grego o indivíduo tem uma posição peculiar. Há uma elite, que compõe a 
classe política, com intensa participação nas decisões do Estado, a respeito dos assuntos de 
caráter público. Entretanto, nas relações de caráter privado a autonomia da vontade individual 
é bastante restrita. [...].” (DALLARI, 2011, p. 58). 
 
Estado Romano 
 
“Apesar do longo tempo decorrido e do extraordinário vulto das conquistas, Roma 
sempre manteve as características básicas de cidade-Estado, desde sua fundação, em 754 a.C, 
5 
 
até a morte de Justiniano, em 565 da era cristã. O domínio sobre uma grande extensão territorial 
e sobretudo o cristianismo iriam determinar a superação da cidade-Estado, promovendo o 
advento de novas formas de sociedade política, englobadas no conceito de Estado Medieval.” 
(DALLARI, 2011, p. 59). 
“Uma das peculiaridades mais importantes do Estado Romano é a base familiar da 
organização, havendo mesmo quem sustente que o primitivo Estado, a civitas, resultou da união 
de grupos familiares (as gens), razão pela qual sempre se concederam privilégios especiais aos 
membros das famílias patrícias, compostas pelos descendentes dos fundadores do Estado. [...].” 
(DALLARI, 2011, p. 59). 
 
Estado Medieval 
 
“[...] No plano do Estado não há dúvida de que se trata de um dos períodos mais difíceis, 
tremendamente instável e heterogêneo, não sendo tarefa das mais simples a busca das 
características de um Estado Medieval. [...].” (DALLARI, 2011, p. 60). 
“Para efeitos puramente didáticos, sem perda da consciência de que os fatores de 
influência atuaram concomitantemente, numa interação contínua, podem-se indicar e analisar 
separadamente os principais elementos que se fizeram presentes na sociedade política medieval, 
conjugando-se para a caracterização do Estado Medieval, que foram o cristianismo, as invasões 
dos bárbaros e o feudalismo. [...].” (DALLARI, 2011, p. 60). 
“O cristianismo vai ser a base da aspiração à universalidade. Superando a ideia de que 
os homens valiam diferentemente, de acordo com a origem de cada um, faz-se uma afirmação 
de igualdade, considerando-se como temporariamente desgarrados os que ainda não fossem 
cristãos. [...].” (DALLARI, 2011, p. 60). 
“As invasões dos bárbaros, iniciadas já no século III c reiteradas até o século VI, 
representadas por incursões de hordas armadas pelo território do Império Romano, constituíram 
um fator de grave perturbação e de profundas transformações na ordem estabelecida. Oriundos 
de várias partes da Europa, sobretudo do norte, os povos que os romanos denominavam 
bárbaros e que incluíam germanos, eslavos, godos etc. introduziram novos costumes e 
estimularam as próprias regiões invadidas a se afirmarem como unidades políticas 
independentes, daí resultando o aparecimento de numerosos Estados. [...].” (DALLARI, 2011, 
p. 62). 
“[...] Desde logo se percebe que, no Estado Medieval, a ordem era sempre bastante 
precária, pela improvisação das chefias, pelo abandono ou pela transformação de padrões 
6 
 
tradicionais, pela presença de uma burocracia voraz e quase sempre todo-poderosa, pela 
constante situação de guerra, e, inevitavelmente, pela própria indefinição das fronteiras 
políticas.” (DALLARI, 2011, p. 62-63). 
“A isso tudo se acrescenta, para a caracterização do Estado Medieval, a influência do 
feudalismo. Para que se compreenda a organização feudal é preciso ter em conta que as invasões 
e as guerras internas tornaram difícil o desenvolvimento do comércio. Em consequência, 
valoriza-se enormemente a posse da terra, de onde todos, ricos ou pobres, poderosos ou não, 
deverão tirar os meios de subsistência. Assim, pois, toda a vida social passa a depender da 
propriedade ou da posse da terra, desenvolvendo-se um sistema administrativo e uma 
organização militar estreitamente ligados à situação patrimonial.” (DALLARI, 2011, p. 63). 
“Conjugados os três fatores que acabamos de analisar, o cristianismo, a invasão dos 
bárbaros e o feudalismo, resulta a caracterização do Estado Medieval, mais como aspiração do 
que como realidade: um poder superior, exercido pelo Imperador, com uma infinita pluralidade 
de poderes menores, sem hierarquia definida; uma incontável multiplicidade de ordens 
jurídicas, compreendendo a ordem imperial, a ordem eclesiástica, o direito das monarquias 
inferiores, um direito comunal que se desenvolveu extraordinariamente, as ordenações dos 
feudos e as regras estabelecidas no fim da Idade Média pelas corporações de ofícios. [...].” 
(DALLARI, 2011, p. 64). 
 
Estado Moderno 
 
“As deficiências da sociedade política medieval determinaram as características 
fundamentais do Estado Moderno. aspiração à antiga unidade do Estado Romano, jamais 
conseguida pelo Estado Medieval, iria crescer de intensidade em consequência da nova 
distribuição da terra. [...].” (DALLARI, 2011, p. 64). 
“Isso tudo foi despertando a consciência para a busca da unidade, que afinal se 
concretizaria com a afirmação de um poder soberano, no sentido de supremo, reconhecido como 
o mais alto de todos dentro de uma precisa delimitação territorial. [...].” (DALLARI, 2011, p. 
64). 
“Quanto às notas características do Estado Moderno, [...] existe uma grande diversidade 
de opiniões, [...]. A maioria dos autores indica três elementos, embora divirjam quanto a eles. 
De maneira geral, costuma-se mencionar a existência de dois elementos materiais, o território 
e o povo, havendo grande variedade de opiniões sobre o terceiro elemento, que muitos 
7 
 
denominam formal. O mais comum é a identificação desse último elemento com o poder ou 
alguma de suas expressões, como autoridade, governo ou soberania.” (DALLARI, 2011, p. 65). 
“Em face dessa variedade de posições, sem descer aos pormenores de cada teoria, vamos 
proceder à análise de quatro notas características — a soberania, o território, o povo e a 
finalidade —, cuja síntese nos conduzirá a um conceito de Estado que nos parece realista, 
porque considera todas as peculiaridades verificáveis no plano da realidade social. [...].” 
(DALLARI, 2011, p. 66). 
 
SOBERANIA 
 
“[...] o conceito de soberania é uma das bases da ideia de Estado Moderno, tendo sido 
de excepcional importância para que este se definisse, exercendo grande influência prática nos 
últimos séculos, sendo ainda uma característica fundamental do Estado. [...].” (DALLARI, 
2011, p. 67). 
“No final da Idade Média os monarcas já têm supremacia,ninguém lhes disputa o poder, 
sua vontade não sofre qualquer limitação, tornando-se patente o atributo que os teóricos logo 
iriam perceber, a soberania, que no século XVI aparece como um conceito plenamente 
amadurecido, recebendo um tratamento teórico sistemático e praticamente completo.” 
(DALLARI, 2011, p. 67). 
 “[...] No começo do século XIX ganha corpo a noção de soberania como expressão de 
poder político, sobretudo porque interessava às grandes potências, empenhadas em conquistas 
territoriais, sustentar sua imunidade a qualquer limitação jurídica. [...].” (DALLARI, 2011, p. 
71). 
“O primeiro aspecto importante a considerar é o que se refere ao conceito de soberania. 
Entre os autores há quem se refira a ela como um poder do Estado, enquanto outros preferem 
concebê-la como qualidade do poder do Estado, sendo diferente a posição de KELSEN, que, 
segundo sua concepção normativista, entende a soberania como expressão da unidade de uma 
ordem. Para HELLER e REALE ela é uma qualidade essencial do Estado, enquanto JELUNEK 
prefere qualificá-la como nota essencial do poder do Estado. [...].” (DALLARI, 2011, p. 71). 
“Procedendo a uma síntese de todas as teorias formuladas, o que se verifica é que a 
noção de soberania está sempre ligada a uma concepção de poder, pois mesmo quando 
concebida como o centro unificador de uma ordem está implícita a ideia de poder de unificação. 
[...].” (DALLARI, 2011, p. 71-72). 
8 
 
“Quanto às características da soberania, praticamente a totalidade dos estudiosos a 
reconhece como una, indivisível, inalienável e imprescritível. Ela é una porque não se admite 
num mesmo Estado a convivência de duas soberanias. Seja ela poder incontrastável, ou poder 
de decisão em última instância sobre a atributividade das normas, é sempre poder superior a 
todos os demais que existam no Estado, não sendo concebível a convivência de mais de um 
poder superior no mesmo âmbito. É indivisível porque, além das razões que impõem sua 
unidade, ela se aplica à universalidade dos fatos ocorridos no Estado, sendo inadmissível, por 
isso mesmo, a existência de várias partes separadas da mesma soberania. [...] A soberania é 
inalienável, pois aquele que a detém desaparece quando ficar sem ela, seja o povo, a nação, ou 
o Estado. Finalmente, é imprescritível porque jamais seria verdadeiramente superior se tivesse 
prazo certo de duração. Todo poder soberano aspira a existir permanentemente e só desaparece 
quando forçado por uma vontade superior.” (DALLARI, 2011, p. 73). 
“[...] apesar do progresso verificado, a soberania continua a ser concebida de duas 
maneiras distintas: como sinônimo de independência, e assim tem sido invocada pelos 
dirigentes dos Estados que desejam afirmar, sobretudo ao seu próprio povo, não serem mais 
submissos a qualquer potência estrangeira; ou como expressão de poder jurídico mais alto, 
significando que, dentro dos limites da jurisdição do Estado, este é que tem o poder de decisão 
em última instância, sobre a eficácia de qualquer norma jurídica.” (DALLARI, 2011, p. 76). 
 
TERRITÓRIO 
 
“A noção de território, como componente necessário do Estado, só apareceu com o 
Estado Moderno, embora, à semelhança do que ocorreu com a soberania, isso não queira dizer 
que os Estados anteriores não tivessem território. [...].” (DALLARI, 2011, p. 77). 
“A afirmação da soberania sobre determinado território parece, em princípio, uma 
diminuição, pois implica o reconhecimento de que o poder será exercido apenas dentro daqueles 
limites de espaço. Entretanto, foi com essa delimitação que se pôde assegurar a eficácia do 
poder e a estabilidade da ordem. Assim, pois, a afirmação da noção de território foi uma 
decorrência histórica, ocorrendo quando os próprios fatos a exigiram.” (DALLARI, 2011, p. 
77). 
“Com raríssimas exceções, os autores concordam em reconhecer o território como 
indispensável para a existência do Estado, embora o considerem de maneiras diferentes. [...]” 
(DALLARI, 2011, p. 77). 
9 
 
“Sintetizando as inúmeras teorias relativas ao relacionamento do Estado com seu 
território encontram-se, de início, duas posições fundamentais. Uma delas, sustentada 
sobretudo por LABAND, entende que há uma relação de domínio, devendo-se reconhecer que 
o Estado atua como proprietário do território. O Estado pode usar o território e até dispor dele, 
com poder absoluto e exclusivo, estando presentes, portanto, as características fundamentais 
das relações de domínio. [...]” (DALLARI, 2011, p. 78). 
“Um pouco discordante é a posição de BURDEAU, que, argumentando com a 
impossibilidade de ser reconhecido um direito de propriedade, que seria incompatível com as 
propriedades particulares, chega à conclusão de que se trata de um direito real institucional. 
Esse direito, conforme esclarece, é exercido diretamente sobre o solo, e seu conteúdo é 
determinado pelo que exige o serviço da instituição estatal. [...].” (DALLARI, 2011, p. 78). 
“Opondo-se a essas teorias, outros autores, entre os quais se destaca JKI.I.INI-.K, negam 
a existência de uma relação de domínio, sustentando que, do ponto de vista do Direito Público, 
o domínio exercido pelo Estado é expressão do poder de império. O imperium, que dá a 
qualificação das relações do Estado com seu território, é um poder exercido sobre pessoas, e é 
através destas que o Estado tem poder sobre o território.” (DALLARI, 2011, p. 79). 
“Sintetizando todos os aspectos fundamentais que têm sido objeto de considerações 
teóricas, podem-se estabelecer algumas conclusões de caráter geral, sobre as quais se pode dizer 
que praticamente não há divergência:” (DALLARI, 2011, p. 80). 
“a) Não existe Estado sem território. [...]” (DALLARI, 2011, p. 80). 
“b) O território estabelece a delimitação da ação soberana do Estado.”[...] (DALLARI, 
2011, p. 80). 
“c) Além de ser elemento constitutivo necessário, o território, sendo o âmbito de ação 
soberana do Estado, é objeto de direitos deste, considerado no seu conjunto. [...]” (DALLARI, 
2011, p. 80). 
“No tocante às fronteiras, dava-se importância à diferenciação entre as naturais, 
estabelecidas por acidentes geográficos, e as artificiais, fixadas por meio de tratados, 
acrescentando-se ainda as chamadas fronteiras esboçadas, quando não estabelecidas com 
precisão. Modernamente, no entanto, com os recursos técnicos da aerofotogrametria e outros 
de que se valem os Estados, não há, praticamente, linha de fronteira que não esteja precisamente 
estabelecida, o que não se confunde com os conflitos fronteiriços resultantes de pretensões de 
alguns Estados sobre certas porções de território. [...]” (DALLARI, 2011, p. 81). 
“A extensão do território sobre o mar. A incorporação de uma faixa dc mar ao território 
dos Estados marítimos é prática muito antiga, que todos reconhecem como necessária e justa. 
10 
 
Entretanto, à medida que foi crescendo a possibilidade de utilização do mar, de seu solo e do 
subsolo marítimo, foi crescendo de importância o problema da extensão que deverá ter essa 
faixa de mar, atualmente designada como mar territorial. [...] o primeiro critério fixado foi o do 
alcance das armas, consagrando-se a fórmula Terra potestas finitur ubifmitur armorum vis, 
mencionando-se, a partir do século XVII, o alcance de um tiro de canhão.” (DALLARI, 2011, 
p. 82). 
“Por vários séculos foi mantido esse critério e só no século XX, com o grande 
aperfeiçoamento das armas, passou a ser considerado obsoleto o critério do alcance do tiro do 
canhão, propondo-se então a fixação em certo número de milhas. [...] Os motivos econômicos 
passaram a ser os mais importantes, invocando-se ainda razões de ordem fiscal, sanitária ou de 
proteção à fauna marítima. Foi neste ambiente que surgiu a fixação do mar territorial em 
duzentas milhas, [...].” (DALLARI, 2011, p. 82). 
“A soberania sobre o espaço aéreo. Outro problema de difícil solução, característico de 
nossa época, é o da fixação de umlimite, acima do território de um Estado, até onde este exerça 
sua soberania. Esse problema surgiu no século XX, com o desenvolvimento da aeronáutica. [...] 
Considerou-se indispensável assegurar a passagem inocente das aeronaves sobre o território de 
qualquer Estado, permitindo-se ao Estado cujo território é sobrevoado ter notícia prévia da 
passagem e exercer controle no resguardo de seus interesses.” (DALLARI, 2011, p. 83). 
“Com o notável desenvolvimento das conquistas espaciais, e tendo em vista os riscos 
que isso possa acarretar para a paz mundial e a segurança dos povos, a ONU vem promovendo 
entendimentos sobre a matéria. [...]” (DALLARI, 2011, p. 83-84). 
 
POVO 
 
“A noção jurídica de povo é uma conquista bastante recente, a que se chegou num 
momento em que foi sentida a necessidade de disciplinar juridicamente a presença e a atuação 
dessa entidade mítica e nebulosa e, paradoxalmente, tão concreta e influente. Na Grécia antiga 
a expressão cidadão indicava apenas o membro ativo da sociedade política, isto é, aquele que 
podia participar das decisões políticas. [...] Em Roma usa-se, de início, a expressão povo para 
indicar o conjunto dos cidadãos, exatamente como na Grécia, dando-se-lhe mais tarde um 
sentido mais amplo, para significar o próprio Estado romano.” (DALLARI, 2011, p. 86). 
“Durante a Idade Média foi menos precisa a noção de povo, pois a extensão dos direitos 
a novas camadas da população, bem como a maior mobilidade desta, até que se começassem a 
delinear os traços do Estado Moderno, tudo isso perturbou os padrões tradicionais. Enquanto o 
11 
 
povo de um mesmo Estado permaneceu dividido em diferentes ordenações, sem um centro 
unificador eficaz, não pôde ser concebido como uma unidade. [...]” (DALLARI, 2011, p. 86). 
“Durante o primeiro período do Estado Moderno, enquanto prevaleceu a monarquia 
absoluta, foi-se generalizando, sobretudo na França, a designação de cidadão, o que iria influir 
para que o conceito de povo também se ampliasse. Com a ascensão política da burguesia, 
através das revoluções do século XVIII, apareceria, inclusive nos textos constitucionais, a ideia 
de povo, livre de qualquer noção de classe, pretendendo-se mesmo impedir qualquer 
discriminação entre os componentes do Estado, como bem se percebe pela consagração do 
princípio do sufrágio universal. [...].” (DALLARI, 2011, p. 87). 
 “Deve-se compreender como povo o conjunto dos indivíduos que, através de um 
momento jurídico, se unem para constituir o Estado, estabelecendo com este um vínculo 
jurídico de caráter permanente, participando da formação da vontade do Estado e do exercício 
do poder soberano. Essa participação e este exercício podem ser subordinados, por motivos de 
ordem prática, ao atendimento de certas condições objetivas, que assegurem a plena aptidão do 
indivíduo. Todos os que se integram no Estado, através da vinculação jurídica permanente, 
fixada no momento jurídico da unificação e da constituição do Estado, adquirem a condição de 
cidadãos, podendo-se, assim, conceituar o povo como o conjunto dos cidadãos do Estado. [...].” 
(DALLARI, 2011, p. 88-89). 
“A aquisição da cidadania depende sempre das condições fixadas pelo próprio Estado, 
podendo ocorrer com o simples fato do nascimento em determinadas circunstâncias, bem como 
pelo atendimento de certos pressupostos que o Estado estabelece. A condição de cidadão 
implica direitos c deveres que acompanham o indivíduo mesmo quando se ache fora do 
território do Estado. [...].” (DALLARI, 2011, p. 89). 
“[...] pode ocorrer que o cidadão, deixando de atender aos requisitos mínimos para a 
preservação da cidadania, venha a perdê-la, sendo, então, excluído do povo do Estado. Como é 
óbvio, esta exclusão é ato de extrema gravidade, especialmente se o excluído não tiver 
condições para ser cidadão de outro Estado, pois deixa o indivíduo completamente desprotegido 
e o impossibilita, praticamente, de viver em associação com os outros indivíduos, o que é uma 
exigência da própria natureza humana. Assim, pois, só deve ocorrer essa exclusão nos casos em 
que o próprio povo, inequivocamente, a considere necessária.” (DALLARI, 2011, p. 89). 
 
FINALIDADE E FUNÇÕES DO ESTADO 
 
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“O problema da finalidade do Estado é de grande importância prática, sendo impossível 
chegar-se a uma ideia completa de Estado sem ter consciência de seus fins. [...] A falta de 
consciência das finalidades é que faz com que, não raro, algumas funções importantes, mas que 
representam apenas uma parte do que o Estado deve objetivar, sejam tomadas como finalidade 
única ou primordial, em prejuízo de tudo o mais. Dois exemplos atuais, ilustrativos dessa 
deformação, são representados pela superexaltação das funções económico-financeiras do 
Estado e pela obsessão de ordem, uma e outra exigindo uma disciplina férrea, que elimina, 
inevitavelmente, a liberdade. E como a liberdade é um dos valores fundamentais da pessoa 
humana, é óbvio que a preponderância daquelas funções, ainda que leve a muito bons resultados 
naquelas áreas, contraria os fins do Estado.” (DALLARI, 2011, p. 91). 
“[...] a finalidade tem sido reconhecida como de grande importância, havendo uma série 
de teorias em torno dela, devendo-se ressaltar, também em relação a este assunto, a notável 
contribuição de JELLINEK. [...] a partir de seus estudos, com o complemento de tudo quanto 
se escreveu sobre o assunto posteriormente, é possível uma sistematização doutrinária do estudo 
da finalidade do Estado.” (DALLARI, 2011, p. 92). 
“Uma primeira classificação, de caráter mais geral, estabelece distinção entre os fins 
objetivos e os fins subjetivos do Estado.” (DALLARI, 2011, p. 92). 
“Fins objetivos. A questão dos fins objetivos prende-se à indagação sobre o papel 
representado pelo Estado no desenvolvimento da história da Humanidade. Relativamente a esse 
problema, há duas ordens de respostas. Para uns, existem fins universais objetivos, ou seja, fins 
comuns a todos os Estados de todos os tempos. É a posição de PLATÀO, de ARISTÓTELES 
e, pode-se dizer, da maioria dos autores. [...].” (DALLARI, 2011, p. 92). 
“Essa possibilidade de identificação de uma finalidade foi negada com veemência, no 
século XIX, pelas várias correntes evolucionistas. Entre estas pode ser incluída a teoria 
organicista, que, entendendo o Estado como um fim em si mesmo, negava a existência de 
finalidade objetiva. Também as chamadas doutrinas mecanicistas, de fundo materialista, 
negaram a existência de finalidade, sustentando que a vida social é uma sucessão de 
acontecimentos inelutáveis, que não podem ser dirigidos para certo fim. [...]” (DALLARI, 
2011, p. 92). 
“Fins subjetivos. Para os que se atêm aos fins subjetivos o que importa é o encontro da 
relação entre os Estados e os fins individuais. O Estado é sempre uma unidade de fim, ou seja, 
é uma unidade conseguida pelo desejo de realização de inúmeros fins particulares, sendo 
importante localizar os fins que conduzem à unificação. De fato, sendo a vida do Estado uma 
série ininterrupta de ações humanas, e sendo estas, por sua vez, sempre determinadas por um 
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fim, é lógico que os fins do Estado deverão ser a síntese dos fins individuais. Isso é que explica 
a existência das instituições do Estado e a diferença de concepções a respeito das mesmas 
instituições, de época para época. [...].” (DALLARI, 2011, p. 93). 
“Segundo o ponto de vista do relacionamento do Estado com os indivíduos, e 
estreitamente vinculada à amplitude das funções do Estado, há outra ordem de teorias, que, 
preconizando certo comportamento do Estado em função dos objetivos a atingir, propõe fins 
expansivos, fins limitados e fins relativos.” (DALLARI, 2011, p. 93). 
 “Fins expansivos. Aqui se enquadram todas as teorias que, dando grande amplitude aos 
fins do Estado, preconizam o seu crescimento desmesurado, a tal ponto que se acaba anulando 
o indivíduo. Essas teorias, que estãona base dos Estados totalitários, são de duas espécies: a) 
Utilitárias, quando indicam como bem supremo o máximo desenvolvimento material, mesmo 
que isso se obtenha com o sacrifício da liberdade e de outros valores fundamentais da pessoa 
humana. [...] b) Éticas. Outras teorias, também favoráveis aos fins expansivos, rejeitam o 
utilitarismo e preconizam a absoluta supremacia de fins éticos, sendo este o fundamento da 
ideia do Estado ético. Também estas teorias levam ao totalitarismo, porque dão ao Estado a 
condição de fonte da moral, onipotente c onipresente, não tolerando qualquer comportamento 
que não esteja rigorosamente de acordo com a moral oficial.” (DALLARI, 2011, p. 93). 
“Fins limitados. São favoráveis aos fins limitados, reduzindo ao mínimo as atividades 
do Estado, todas aquelas teorias que dão ao Estado a posição de mero vigilante da ordem social, 
não admitindo que ele tome iniciativas, sobretudo em matéria econômica. [...] Esta é a linha de 
orientação do chamado Estado-liberal, cuja inspiração se atribui a JOHN LOCKE, por suas 
obras de crítica ao absolutismo inglês, tendo essa diretriz política exercido grande influência 
prática, associada ao liberalismo econômico de ADAM SMITH e outros.” (DALLARI, 2011, 
p. 94). 
“Fins relativos. Os adeptos dos fins relativos não podem ser considerados ecléticos, que 
proponham um meio-termo reduzindo quantitativamente aexpansão ou a limitação. Na verdade, 
trata-se de uma nova posição, que leva em conta a necessidade dc uma atitude nova dos 
indivíduos no seu relacionamento recíproco, bem como nas relações entre o Estado e os 
indivíduos. Na verdade, trata-se de uma nova posição, que leva em conta a necessidade dc uma 
atitude nova dos indivíduos no seu relacionamento recíproco, bem como nas relações entre o 
Estado e os indivíduos. A base dessa terceira orientação, que conta, entre outros, com a adesão 
de JELLINEK, Ci-Ovis BKVII.AQUA e GKOPPAU, é a ideia de solidariedade, razão pela qual 
lhe foi dado o nome de teoria soiidarista. O primeiro ponto ressaltado por essa teoria é que os 
elementos essencialmente produtores da cultura geral de um povo residem, de modo 
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fundamental, nos indivíduos e na sociedade, não no Estado, embora este, inegavelmente, 
produza efeitos sociais. [...] Conservar, ordenar e ajudar são as três grandes categorias a que se 
pode reduzir a vida do Estado. [...].” (DALLARI, 2011, p. 94-95). 
“Outra classificação das finalidades do Estado distingue entre fins exclusivos, que só 
devem caber ao Estado e que compreendem a segurança, externa e interna, e fins concorrentes. 
Estes são também de grande importância social, mas, por sua própria natureza, não exigem que 
o Estado trate deles com exclusividade, achando-se, no todo ou em parte, identificados com os 
fins de outras sociedades. [...].” (DALLARI, 2011, p. 95). 
“Procedendo-se a uma síntese de todas essas ideias, verifica-se que o Estado, como 
sociedade política, tem um fim geral, constituindo-se em meio para que os indivíduos e as 
demais sociedades possam atingir seus respectivos fins particulares. Assim, pois, pode-se 
concluir que o fim do Estado é o bem comum, entendido este como o conceituou o Papa JOÀO 
XXlll.ou seja, o conjunto de todas as condições devida social que consintam e favoreçam o 
desenvolvimento integral da personalidade humana. [...].” (DALLARI, 2011, p. 96). 
 
O PODER DO ESTADO 
 
“O problema do poder, para muitos autores, é o tema central da Teoria Geral do Estado, 
havendo mesmo quem sustente que o Estado não só tem um poder mas é um poder. Esta é 
precisamente a teoria de BURDEAU, que conceitua o Estado como a institucionalização do 
poder. Diz ele que os chefes de um grupo social, assim como desejam que seja reconhecida sua 
legitimidade, querem também assegurar a continuidade do poder. E é então por essa 
preocupação pragmática que surge o Estado, podendo-se compreender por tal processo de 
formação sua natureza. [...].” (DALLARI, 2011, p. 96). 
“Para a maior parte dos autores o poder é um elemento essencial ou uma nota 
característica do Estado. Sendo o Estado uma sociedade, não pode existir sem um poder, tendo 
este na sociedade estatal certas peculiaridades que o qualificam, das quais a mais importante é 
a soberania. [...]” (DALLARI, 2011, p. 97). 
“Tratando o poder como um elemento à parte, distinto da soberania, é preciso então 
caracterizar o poder do Estado, demonstrando em que ele difere dos demais poderes. Essa tarefa 
foi empreendida por JELLINEK, que dá como nota característica e diferenciadora a dominação, 
peculiar ao poder estatal. Há, segundo ele, duas espécies de poder: o poder dominante e o poder 
não dominante. Este último é o que se encontra em todas as sociedades que não o Estado, tanto 
naquelas em que se ingressa voluntariamente quanto nas de que se é integrante involuntário. 
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[...] A característica principal do poder não dominante é que não dispõe de força para obrigar 
com seus próprios meios à execução de suas ordens. [...]” (DALLARI, 2011, p. 97). 
“O poder dominante apresenta duas características básicas: é originário e irresistível. 
Caracteriza-se como um poder originário porque o Estado Moderno se afirma a si mesmo como 
o princípio originário dos submetidos. Isto se torna manifesto pelo direito que ele próprio se 
atribui, de dispor, mediante suas leis, em seu território, de todo o poder de dominação.” 
“O minucioso exame das características do poder do Estado, de sua origem, de seu modo de 
funcionamento e de suas fontes leva à conclusão de que, assim como não se pode admiti-lo 
como estritamente político, não há também como sustentar que seja exclusivamente um poder 
jurídico. [...].” (DALLARI, 2011, p. 98). 
 
CONCEITO DE ESTADO 
 
“Encontrar um conceito de Estado que satisfaça a todas as correntes doutrinárias é 
absolutamente impossível, pois sendo o Estado um ente complexo, que pode ser abordado sob 
diversos pontos de vista e, além disso, sendo extremamente variável quanto à forma por sua 
própria natureza, haverá tantos pontos de partida quantos forem os ângulos de preferência dos 
observadores. [...].” (DALLARI, 2011, p. 101). 
“A análise da grande variedade de conceitos revela duas orientações fundamentais: ou 
se dá mais ênfase a um elemento concreto ligado à noção de força, ou se realça a natureza 
jurídica, tomando-se como ponto de partida a noção de ordem. [...].” (DALLARI, 2011, p. 101). 
“Entre os conceitos que se ligam mais à noção de força e que poderiam ser classificados 
como políticos não está ausente a preocupação com o enquadramento jurídico, mas o Estado é 
visto, antes de mais nada, como força que se põe a si própria e que, por suas próprias virtudes, 
busca a disciplina jurídica. Essa é, por exemplo, a orientação de DUGUIT, que conceitua o 
Estado como uma força material irresistível, acrescentando que essa força, atualmente, é 
limitada e regulada pelo direito. HELLER não fica distante, dando ao Estado o conceito de 
unidade de dominação, completando sua conceituação dizendo que ela é independente no 
exterior e no interior, atua de modo contínuo com meios de poder próprio e é claramente 
delimitada no pessoal e no territorial. [...].” (DALLARI, 2011, p. 102-103). 
“As teorias que se podem denominar jurídicas não ignoram a presença da força no 
Estado, nem que este, por suas finalidades, é uma sociedade política. Entretanto, conscientes da 
presença desses fatores e de outros elementos materiais que se conjugam, estas teorias dão 
primazia ao elemento jurídico, acentuando que todos os demais tém existência independente 
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fora do Estado, só se compreendendo como componentes do Estado após sua integração numa 
ordem jurídica, o que também se dá com a força, que se integra no Estado como poder. [...] 
Como exemplo dessa integração de elementos não jurídicos para, através de um momento 
jurídico, chegar-se ao Estado, pode-se mencionar a doutrina de RANELLETTI,que menciona 
uma prévia noção social de Estado, segundo a qual este é “um povo fixado num território e 
organizado sob um poder supremo originário de império, para atuar com ação unitária os seus 
próprios fins coletivos”. (DALLARI, 2011, p. 103). 
“Com HANS KELSEN e sua preocupação em fixar uma noção puramente jurídica de 
Estado, considerando exteriores a ele todos os fatores não jurídicos, chega-se à noção de Estado 
como ordem coativa normativa da conduta humana. Ao que nos parece, é excessivamente 
limitada essa noção jurídica, resultando incompleta para dar uma ideia suficiente de Estado. 
[...].” (DALLARI, 2011, p. 104). 
“Em face de todas as razões até aqui expostas, e tendo cm conta a possibilidade c a 
conveniência de acentuar o componente jurídico do Estado, sem perder de vista a presença 
necessária dos fatores não jurídicos, parecemos que se poderá conceituar o Estado como a 
ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em determinado 
território. [...],” (DALLARI, 2011, p. 104).

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