Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 81 Mas, de fato, é com a chamada expansão ultramarina, durante os séculos XV e XVI, que foram dados os passos mais firmes rumo a uma economia internacionalizada. Isso, pois, o desenvolvimento do mercantilismo implicou a procura por distintas rotas comerciais da Europa para a África e para a Ásia. Já com a Revolução Industrial, no século XVIII, a produção cresce consideravelmente e surgem o trabalho assalariado e os mercados consumidores. Além disso, essa Revolução, resultante do desenvolvimento tecnológico e de mudanças estruturais na configuração da sociedade, gerou o crescimento da produção fabril, com vimos, e, consequentemente, a necessidade de que novos mercados fossem buscados e para eles produzir e então exportar. É nesse momento que os fenômenos da exploração e da alienação do trabalhador (fenômeno no qual o trabalhador deixa de deter o conhecimento sobre todo o processo produtivo bem como os meios de produção) se tornam mais nítidas. Ao fim do século XIX, começam a surgir mais claramente as corporações multinacionais, que se expandem intensamente durante o século XX. O mercado passou a ser mundial e, cada vez mais, reflexos da economia em uma parte do globo impactam as demais partes. Essa interdependência entre os mercados tornou-se evidente em 1929 com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, quando a depressão econômica norte-americana gerou consequências negativas em todo o mundo. Posteriormente, com o fim da União Soviética e a consequente queda de alguns regimes comunistas, emergiu um sentimento de que as diferenças entre os povos dariam lugar à construção de um mundo mais homogêneo e harmônico. Isso somado à queda do Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 81 Muro de Berlim – um forte marco simbólico do que estaria por vir. A integração da economia seria fortalecida por meio da integração tecnológica, principalmente em razão da rede de telecomunicações. A internet teve significativo papel nesse processo, pois, por meio dela, as informações passaram a circular de maneira quase instantânea, diminuindo as distâncias entre os países e, claro, entre os mercados. O vertiginoso desenvolvimento das tecnologias aplicadas à comunicação e também aos meios de transporte possibilitou ainda mais integrar os países em todos os aspectos. Quando um grupo de músicos no Brasil lança um álbum de rock, um de russos lança um de samba e outro no Japão lança um de tango, isso nada mais é do que consequência da globalização. A própria exigência de que aprendamos inglês e espanhol nas escolas já demonstra a força desse processo. Há ainda outro processo que se relaciona diretamente com a globalização que é a política econômica conhecida como neoliberalismo. A expressão neoliberalismo surgiu durante reuniões na capital dos Estados Unidos, quando integrantes do governo dos Estados Unidos e de organismos internacionais, além de diversos economistas, principalmente latino-americanos, discutiram uma gama de medidas a fim de que a América Latina superasse uma crise econômica que havia se instaurado na época. Nesse momento os países latino-americanos encontravam-se em penosa situação econômica, com fortes reflexos na área social. Os países latino-americanos, de forma geral, estavam imersos em contextos de altíssimas dívidas externas, inflação a níveis surrealmente altos, recessão econômica e desemprego. Muitas das Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 81 medidas que os países latino-americanos tiveram de adotar naquele momento voltaram à tona com a atual crise da dívida europeia. A chamada “troika”, que é formada pelo Fundo Monetário Internacional, pela União Europeia e pelo Banco Centra Europeu, fez aos países em atual crise as mesmas recomendações que foram feitas aos países latino-americanos no momento de consolidação dos ideais neoliberais. Entre essas medidas encontram-se cortes nos gastos públicos, conhecidos como medidas de austeridade, e privatizações. Foi o economista inglês John Williamson quem criou a expressão "Consenso de Washington", originalmente para significar “o mínimo denominador comum de recomendações de políticas econômicas que estavam sendo cogitadas pelas instituições financeiras baseadas em Washington D.C. e que deveriam ser aplicadas nos países da América Latina, tais como eram suas economias ao fim dos anos 1980". Só que, desde então, a expressão "Consenso de Washington" fugiu totalmente ao controle de seu criador e vem sendo usada para abrigar todo um elenco de medidas e para justificar políticas neoliberais, com as quais nem mesmo Williamson concorda. Williamson chegou a declarar que "eu nunca tive a intenção que meu termo fosse usado para justificar liberalizações de contas de capital externo, monetarismo, supply side economics, ou minarquia, que entendo serem a quintessência do pensamento neoliberal". Esclarecimento: (i) supply side economics é uma escola do pensamento macroeconômico cuja ideia principal é a de que o crescimento econômico pode ser mais eficaz se forem diminuídas as Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 81 restrições para que as pessoas possam produzir, reduzindo impostos de renda e aumentando-se a flexibilização do trabalho; (ii) minarquia é uma teoria política que prega que a função do Estado é assegurar os direitos negativos da população, sobretudo impedindo a coerção física da população. Ou seja, estão entre as funções do Estado a promoção da segurança, da justiça e do poder de polícia, além da criação de legislação necessária para assegurar o cumprimento destas funções. Além disso, a minarquia considera que não é obrigação do Estado assegurar o bem-estar social por meio de planos de seguridade. E (iii) monetarismo é uma teoria econômica que defende que é possível manter a estabilidade de uma economia capitalista através de instrumentos monetários, pelo controle do volume de moeda disponível e de outros meios de pagamento. O monetarismo foi a principal teoria de oposição ao keynesianismo e está intrinsicamente ligado aos preceitos neoliberais. Posteriormente, as recomendações do Consenso de Washington se tornaram o modelo econômico defendido pelo Fundo Monetário Internacional e pelo Banco Mundial, que consideram que a economia deve ser regida tão somente pelas próprias “leis” do mercado, sem intervenção estatal, já que, segundo os defensores deste modelo, a intervenção do Estado na economia inibiria o setor privado, diminuindo o desenvolvimento e a competitividade. De acordo com o sociólogo Emir Sader, que é um crítico ferrenho do neoliberalismo, em artigo publicado na Carta Maior, em 17 de janeiro de 2011, “o capitalismo passou por várias fases na Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br6 de 81 sua história. Como reação à crise de 1929, fechou-se o período de hegemonia liberal, sucedido por aquele do predomínio do modelo keynesiano ou regulador. A crise deste levou ao renascimento do liberalismo, sob nova roupagem que, por isso, se autodenominou de neoliberalismo. Este impôs uma desregulamentação geral na economia, com o argumento de que a economia havia deixado de crescer pelo excesso de normas, que frearia a capacidade do capital de investir. Desregulamentar é privatizar, é abrir os mercados nacionais à economia mundial, é promover o Estado mínimo, diminuindo os investimentos em políticas sociais, em favor do mercado, é impor a precariedade nas relações de trabalho. A desregulamentação levou a uma gigantesca transferência de capitais do setor produtivo ao especulativo porque, livre de travas, o capital se dirigiu para o setor onde tem mais lucros, com maios liquidez e menos tributação: o setor financeiro. Porque o capital não está feito para produzir, mas para acumular. Se pode acumular mais na especulação, se dirige para esse setor, que foi o que aconteceu em escala mundial. O modelo neoliberal se tornou hegemônico em escala mundial, impondo as políticas de livre comércio, de Estados mínimos, de globalização do mercado de trabalho para os investimentos, entre outros aspectos. É uma nova fase do capitalismo, como foram as fases de hegemonia liberal e keynesiana. Não se pode dizer que seja a última, porque um sistema sempre encontra formas – mesmo que aprofundem suas contradições - se outro sistema não surge como alternativa, com a força correspondente para superá-lo”. Vamos fazer três questões para que você percebam melhor como essas situações são cobradas em concursos públicos. Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 81 (Cespe – Polícia Federal – Delegado -2002) O Estado brasileiro dos anos 90 hesitou em tornar-se um Estado normal, como fizeram a Argentina, o Chile, o México e outros. Normal, isto é, receptivo, submisso e subserviente aos comandos das estruturas hegemônicas do mundo globalizado. O passado nacional de sessenta anos somente foi avaliado de forma negativa por um grupo de economistas que aprenderam nos programas de pós-graduação dos Estados Unidos da América (EUA) o credo neoliberal e estavam dispostos a aplicá-lo quando se tornavam autoridades da República. Esses economistas e algumas outras autoridades, cujo pensamento com eles se conformava, esforçaram-se por difundir a noção de globalização benéfica. Apesar de deter a maior soma de poder em matéria de relações internacionais do país, a esfera das relações econômicas, o grupo não se tornou hegemônico sobre a inteligência nacional do Brasil, como ocorreu em boa medida com o grupo epistêmico da Argentina. A maior parte do meio político, talvez possamos dizer o mesmo do meio diplomático, mas sobretudo do meio acadêmico, avaliou positivamente a estratégia de desenvolvimento brasileiro das últimas décadas e avançou o conceito de globalização assimétrica, que expressa uma interpretação mais nociva que benéfica para a periferia do capitalismo. O próprio presidente da República, embora ideologicamente simpático à expansão do neoliberalismo, usou o termo em conferências públicas, com o fim de denunciar efeitos contraproducentes da nova ordem internacional. Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 81 Amado Luiz Cervo. Brasília: IBRI, 2001, p. 293-4 (com adaptações). Com o auxílio do texto acima, julgue os itens abaixo, relativos às diferentes acepções do conceito de globalização. 1- Intelectualidade, opinião pública e formuladores de políticas públicas convergiram suas visões, nos últimos dez anos, acerca dos elementos definidores do conceito de globalização. 2- Sob o manto da ideia de globalização benéfica, empresas e grupos econômicos bem equipados intelectual e materialmente conseguiram avançar seus interesses no jogo das relações internacionais. 3- A dimensão assimétrica da globalização citada no texto é apenas uma construção política das esquerdas internacionais, saudosistas que são do velho modelo da economia política da planificação soviética. 4- No início do século XXI, a vida internacional, moldada pela expansão da economia política liberal, assiste ao fim da era de deflagrações bélicas que caracterizava a economia autárquica internacional do período da Guerra Fria. Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 81 5- Inglaterra, França e Alemanha são exemplos de “Estado normal”, de acordo com a definição apresentada nos dois primeiros períodos do texto. Vamos aos comentários. Item 1 – Pessoal, nós não podemos ser ingênuos ao fazer qualquer questão de concurso público. Mesmo sem ler o texto, vocês acreditariam que intelectualidade, opinião pública e formuladores de políticas públicas possuem a mesma opinião sobre qualquer tema? Acredito que vocês não acreditariam nisso. De fato, como se pode depreender da leitura do texto, esses três grupos não possuem a mesma visão sobre a globalização. Essa situação fica bem expressa no trecho “apesar de deter a maior soma de poder em matéria de relações internacionais do país, a esfera das relações econômicas, o grupo não se tornou hegemônico sobre a inteligência nacional do Brasil, como ocorreu em boa medida com o grupo epistêmico da Argentina”. Se o grupo não se tornou hegemônico, é pela razão de que existem divergências. Portanto, item errado. Item 2 – Exatamente. Diversos grupos, que possuem poder de influencia a opinião e a economia, se aproveitaram da situação gerada pela globalização e pelo neoliberalismo para expandir seus mercados, aumentando seus lucros. Além disso, houve também o fortalecimento de empresas que passaram a monopolizar parcelas do mercado por meio das megafusões. Item correto. Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 81 Item 3 – A dimensão assimétrica não é apenas construção da velha esquerda, como aponta o texto. Mesmo grupos de intelectuais se utilizam desse conceito. Item errado. Item 4 – Primeiramente, devemos entender que economia autárquica é um modelo no qual praticamente não existe a integração da economia. Já é bastante complicado dizer que a economia durante a Guerra Fria é autárquica, além disso o mundo obviamente não podemos dizer que houve o fim das deflagrações bélicas. Item errado. Item 5 – Estado Normal está relacionado no texto à ideia de Estado Mínimo. Acontece que os três Estados citados no item possuem planos de seguridade social bastante amplos, o que invalida o enunciado. Item errado. Gabarito: FVFFF. (TRE-GO- Técnico Judiciário – CESPE – 2005) Globalização é o nome que comumente se dá ao atual estágio da economia mundial. Novas e incessantes inovações tecnológicas ampliam a produção e estimulam a notável expansão do comércio em escala planetária. Afora esses aspectos consideradospositivos, muito do que os defensores da globalização defendiam não se concretizou, pelo menos até hoje. O certo é que as reformas liberalizantes, a exemplo da abertura dos mercados, das privatizações das empresas públicas e da redução dos direitos trabalhistas, não trouxeram o desenvolvimento alardeado nem melhoraram a Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 81 distribuição de renda. Aliás, em alguns países aconteceu o contrário. Com o auxílio do texto e considerando a realidade econômica mundial nos dias de hoje, assinale a opção incorreta. a) Na atualidade, o baixo nível educacional da maioria da população mundial impede o aumento da produção e, com isso, reduz o volume de comércio entre os países. b) O conhecimento científico-tecnológico desempenha importante papel na economia globalizada de hoje. c) Deduz-se do texto que nem tudo que chegou a ser sonhado por alguns com a globalização conseguiu concretizar-se. d) Segundo o texto, em alguns países, os efeitos da globalização foram bastante negativos, concentrando a renda e não trazendo o progresso. e) O Brasil foi um dos países que mais se empenharam em promover o que o texto chama de "reformas liberalizantes". Pessoal, apesar da baixa escolaridade da população mundial ser um fato, não podemos dizer que isso impeça a produtividade. Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 81 Na realidade, o comércio entre os países nunca foi tão grande. Letra “a”. 2. Crise mundial e PIIGS Agora iremos debater um pouco mais sobre a crise mundial iniciada em 2008 e as suas consequências nos dias atuais. Como vocês sabem, essa crise tem causado instabilidade nos mercados e nas economias nacionais, o que provoca piora nas condições de vida das populações, principalmente por causa do desemprego e da elevação dos preços; além de ter provocado também diversas manifestações, como a marcha dos indignados na Espanha e até a queda de alguns líderes políticos, como Berlusconi, na Itália, e Papandreou, na Grécia. A crise que hoje atinge em cheio a Europa e, consequentemente, o resto do mundo teve origem no mercado imobiliário norte-americano, como vimos anteriormente, marcada pela quebra do banco Lehman Brothers – um dos maiores bancos de investimentos dos Estados Unidos até então. Mas não podemos dizer que o mercado imobiliário é o responsável exclusivo pela crise. Mesmo antes de 2008 alguns especialistas já previam que a crise estouraria tanto em razão das políticas adotadas pelo mercado imobiliário quanto em razão de outros fatores. Entre esses outros fatores que determinaram a crise nos Estados Unidos estão a pouca regulamentação do sistema bancário dos Estados Unidos e as políticas monetárias e fiscais excessivamente expansionistas do governo Bush. Além disso, nem só por causa da crise norte- americana a Europa está com problemas. Não podemos nos Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 81 esquecer de que alguns governos europeus não controlaram devidamente suas contas públicas, além de situações de pouca competitividade e mesmo de altos níveis de corrupção. Por esse motivo, a crise europeia é também chamada de crise da dívida, pois é alto o nível de endividamento de alguns países europeus. A crise da dívida se relaciona diretamente com a crise imobiliária, pois a partir do momento que esta estoura, e os bancos quebram, retirando a capacidade de financiamento para o mercado, aquela não consegue novos empréstimos para pagar as dívidas anteriormente contraídas. Faço uma pausa para esclarecer o que disse acerca de outros fatores da crise nos Estados Unidos: políticas monetárias e fiscais expansionistas são as que utilizam o aumento da despesa pública para aumentar a produção e tentar reduzir o desemprego. Além disso, usam de impostos mais baixos, para aumentar o rendimento disponível ao consumidor/investidor, causando aumento de consumo e investimento das empresas. Acontece que uma política fiscal expansionista onera o orçamento público, aumentando o déficit. Esse déficit passa a ser coberto pelo governo com a emissão de moedas e títulos. Nesse sentido, o governo Bush decidiu aumentar a quantidade de moeda circulando na economia, por meio de medidas como diminuição da taxa de juros e da compra de títulos da dívida. Em 2001, com o ataque ao World Trade Center e o estouro da bolha especulativa na bolsa Nasdaq, os Estados Unidos vivenciaram uma crise de confiança e o governo Bush passou a reduzir as taxas Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 81 de juros a fim de aquecer o mercado e ainda diminuiu diversos impostos. Inicialmente essa estratégia pareceu dar certo, mas em pouco tempo o dinheiro disponível em excesso e a volta da confiança no crescimento econômico fizeram com que os bancos diminuíssem os critérios para o financiamento de imóveis, apostando nos chamados clientes “subprime”. Muitos norte- americanos sem comprovação de renda ou emprego estável passaram a ter a possibilidade de adquirir um imóvel. Mesmo sabendo que os contratos subprime são mais arriscados do que outros investimentos mais conservadores, como os títulos de governo, os investidores se mostraram bastante interessados em sua aquisição, tendo em vista baixas taxas que estavam sendo cobradas pelos bancos. Porém, os altos gastos do governo e o nível de consumo da economia norte-americana fizeram com que a inflação aumentasse e essa situação levou ao aumento dos juros (que estavam baixos até então), gerando um forte efeito dominó. Esse aumento nas taxas de juros implicou imediatamente o aumento das prestações de financiamento daqueles imóveis e os contratos “subprime” foram os primeiros nos quais houve interrupção dos pagamentos. Como os “subprime” pararam de pagar as prestações, os imóveis que eles haviam adquirido foram a leilões e isso gerou um aumento gigantesco da oferta. Com esse aumento da oferta, os preços caíram abruptamente e os bancos perderam enormes quantias. Essa situação levou à quebra de diversas instituições financeiras, alastrando os efeitos da crise por todo o mundo. Nessas condições os Estados foram apontados como aqueles que deveriam Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 81 ser capazes de reverter a crise a partir de uma volta ao modelo de intervenção na economia, retomando algumas das ideias de Keynes, por meio das chamadas medidas anticíclicas, que já haviam sido utilizadas na época da Crise de 1929. Por essa razão diz-se que essa crise é também uma crise de paradigmas. Em um primeiro momento, os Estados foram orientados a injetar dinheiro para evitar que os bancos e instituições financeiras viessem a falir; em um momento posterior, sobretudo para os países europeusem crise, a orientação foi a adoção de medidas típicas do neoliberalismo. A injeção de trilhões de dólares de dinheiro público para salvar bancos, evitando a falência destes, realizada por diversos governos, aumentou consideravelmente a dívida pública dos países que realizaram esse procedimento. Os países agora estão tendo que equilibrar os seus orçamentos e para isso precisam fazer cortes nos gastos públicos. Essa situação leva ao corte dos recursos gastos com políticas sociais, como a previdência social, com investimentos em infraestrutura, o que desaquece a economia, e com cargos públicos, gerando demissões. Essas medidas afetam diretamente as populações. Esse contexto faz com que assistamos a diversas manifestações na Grécia, Espanha, Portugal, Chile e mesmo no mundo árabe. Falaremos agora sobre a situação específica de cada um dos países dos PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha). A Grécia é um dos casos mais graves do alastramento da crise econômica. Primeiramente, lembro que a Grécia é um dos países mais pobres da zona do euro e que, com a situação de crise, Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 81 ela foi levada a recorrer à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional a fim de obter empréstimos para que pudesse diminuir o seu déficit público. Essa situação, na verdade, gera um efeito cíclico, pois está se pagando uma dívida fazendo outra. Vamos entender melhor essa história. Tudo isso se deu, pois, na última década, a Grécia já havia contraído grandes quantias em empréstimos para sustentar um crescimento econômico de 4% por ano em média, de 2001 a 2008. O problema foi que, quando a crise estourou, o país não possuía dinheiro disponível e, como já estava extremamente endividada, não conseguiu novos empréstimos com bancos e teve de recorrer aos organismos internacionais. Claro que esses organismos internacionais impuseram à Grécia uma “receita amarga”: cortes nos gastos públicos e reformas econômicas que incluem privatizações e interferência direta do FMI, da União Europeia e do Banco Central Europeu. Essa receita é basicamente que fora aplicada na América Latina no fim dos anos 1980. Ainda é cedo para que possamos afirmar se a adoção dessas medidas será capaz de retirar a Grécia desse gravoso quadro de crise. No início da crise, a Grécia tentou dar uma resposta ativa e chegou a aumentar seus investimentos em diversos setores da economia, entretanto essa estratégia não deu os resultados desejados. O desemprego continuou crescendo e tanto a arrecadação de impostos quanto o consumo diminuíram. A Grécia viu ainda a dívida pública ampliar-se enormemente e o déficit chegou a corresponder a quase 11% do PIB em 2010 – o que é o triplo do previsto pelas regras da zona do euro. Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 81 As medidas de austeridade adotadas pelo governo grego nos últimos anos, que incluíram demissões, aumento de impostos e redução de salários e pensões, revoltaram a população, que tomou as ruas em protestos violentos, em meio a greves gerais que paralisaram o país. Atualmente o país caminha para o seu quinto ano consecutivo de recessão, com prognósticos, otimistas, de retomar o crescimento somente a partir de 2014. Assim, ao mesmo tempo em que a ajuda financeira é concedida à Grécia graças à implementação de medidas de austeridade, a resistência do povo ao corte de gastos aumenta. Protestos contra cortes na saúde e na educação também passam a ser vistos em outros países, como na Espanha, uma vez que as medidas resultam em cortes nos serviços públicos, no aumento da idade mínima para aposentadoria e em reduções salariais de aposentados e funcionários públicos. Com uma taxa de desemprego altíssima, que em 2013 atingiu 26% da população ativa, necessidades de resgates financeiros e crescente recessão, a Espanha vive sua pior crise em mais de quatro décadas. A fragilidade econômica vem causando uma rápida mudança social na Espanha, empurrando de volta para a pobreza pessoas que vinham ascendendo econômica e socialmente. Atualmente, a Espanha possui um índice de desemprego de aproximadamente 26% de sua população ativa - como eu já disse, além de 20% da população vivendo abaixo da linha de pobreza. O índice de desemprego foi divulgado no início de 2013, em um momento em que a Espanha vive uma recessão prolongada e passa por profundos cortes no orçamento. Em 2012, cerca de 850 mil Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 81 postos de trabalho foram fechados, o que o transforma no segundo pior ano da crise depois de 2009, segundo o jornal El País. Em 2009, o país perdeu 1,2 milhão de postos de trabalho. O impacto foi mais forte entre pessoas de 16 a 24 anos, que viram a taxa de desemprego no último quadrimestre de 2012 subir de 52,34% (no trimestre anterior) para 55%. Nas Ilhas Canárias e em Ceuta, regiões autônomas espanholas, o desemprego já atinge 70% da população jovem. Segundo os dados do INE, a taxa de desemprego da Espanha é o dobro da média da União Europeia. A crise no sistema bancário espanhol ocorreu devido à expansão desenfreada do crédito, logo após a criação do euro. As caixas econômicas emprestavam dinheiro a juros baixíssimos para clientes com contratos de hipotecas para a aquisição de imóveis. Porém, com o desemprego e a desaceleração econômica ocasionados pela crise financeira de 2008, os contratos de hipotecas deixaram de ser pagos pelos clientes, fazendo com que as caixas tivessem de reaver os imóveis, que se desvalorizavam rapidamente. A crise econômica na Espanha está estimulando a campanha pela independência da Catalunha, uma das mais importantes regiões autônomas do país, que responde por um quinto da economia nacional e tem uma população de cerca de 7,5 milhões. A maioria das pesquisas de opinião já realizadas na região sugerem que, no caso da realização de um referendo sobre a independência da região, a maioria catalã votaria a favor da independência. A Catalunha tem seu próprio idioma e cultura, com diferenças claras em relação ao resto da Espanha. No entanto, o país ainda Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 81 parece longe de se transformar no próximo país independente da Europa. Apesar das manifestações e declarações do presidente da Catalunha, o governo central da Espanha se recusa a discutir a ideia e acredita que qualquer tentativa da região se transformar em um país independente é inconstitucional. E a questão traz de volta um problema da época da violenta guerra civil espanhola, o temor da desintegração do país. A crise da Espanha é ainda uma crise de moradia, pois, em meio à crise econômica que assola o país, mais de 500 famílias são despejadas a cada dia por não pagar aluguel ou prestações do financiamento imobiliário. Desde 2008, quando estourou a crise, foram quase 400 mil execuções hipotecárias. Entre 1997 e 2007, construíram-se390 mil moradias por ano na Espanha, e os preços dos imóveis aumentaram em 200%, caindo logo a seguir. Hoje, sobram casas vazias e famílias despejadas. Segundo dado do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), entre 5 milhões e 6 milhões de moradias no país estariam vazias, o que representa 20% do estoque imobiliário residencial. A Catalunha é uma das comunidades autônomas mais atingidas pela crise imobiliária, onde são realizados 20% dos despejos do país. A situação da crise de moradia chegou a um ponto tão violento que essas mais de 500 famílias que foram despejadas a cada dia, em média, o foram por não conseguirem pagar aluguel ou prestações do financiamento imobiliário. A Espanha assistiu também a diversas manifestações que tomaram as praças de Madri, sobretudo a partir de meados de 2011, quando as pessoas permaneceram acampadas na Praça do Sol por diversas semanas seguidas. Essas manifestações se Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 81 estendem e ocorrem até hoje. Os indignados, como ficaram conhecidos, protestam contra as diversas medidas de austeridade e o desemprego crescente. Durante uma década a Irlanda foi apresentada pelos defensores do modelo capitalismo neoliberal como o modelo a ser seguido pelos demais países. O "tigre celta", como a Irlanda era chamada, ostentava uma taxa de crescimento mais elevada do que a média europeia. O taxa de tributação das empresas havia sido reduzida a 12,5% e a taxa efetivamente paga pelas numerosas transnacionais que ali tinham se instalado oscilava entre 3% e 4%.O déficit orçamentário chegou a ser igual a 0 em 2007. A taxa de desemprego esteve próxima de 0% em 2008. Acontece que, na Irlanda, a desregulamentação financeira encorajou uma explosão dos empréstimos às famílias (o endividamento familiar havia atingido 190% do PIB na véspera da crise), principalmente no setor imobiliário, o que estimulou a economia (indústria da construção, atividades financeiras, etc). O setor bancário inchou de uma forma exponencial com a instalação de numerosas sociedades estrangeiras e o aumento dos ativos dos bancos irlandeses. Formaram-se bolhas imobiliárias e bolhas nas bolsas. O total das capitalizações na bolsa de valores, das emissões de obrigações e dos ativos dos bancos atingiu catorze vezes o PIB do país. Vejam que as “bolhas” em um primeiro instante parecem boas, pois a economia cresce, o desemprego diminui, o mercado aquece e a indústria é estimulada. O problema vem quando essa “bolha” tem algum problema sistêmico e ela estoura, revertendo o quadro inicial. Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 81 As principais medidas do plano de austeridade na Irlanda foram terríveis no plano social: supressão de empregos; novos contratados recebendo um salário 10% inferior ao nível anterior; baixa das transferências sociais com diminuição dos subsídios de desemprego e familiares, redução importante do orçamento da saúde, congelamento das pensões; aumento dos impostos pagos principalmente pela maioria da população vítima da crise; criação de uma taxa imobiliária (afeta a metade das famílias, até então livres de tributação); baixa de 1€ do salário horário mínimo (de 8,65 para 7,65 euros, ou seja, -11%). A crise de Portugal foi um processo gradual de perda de competitividade, com o aumento dos salários e redução das tarifas de exportações de baixo valor da Ásia para a Europa. Enfrentando um baixo crescimento econômico, o governo português encontrou grandes dificuldades para obter a arrecadação necessária para arcar com os gastos públicos. Os gastos do governo português estavam altos, quando iniciou-se a crise mundial em 2008, devido em parte a uma sucessão de projetos caros – especialmente na tentativa de se melhorar no setor de transportes, tendo em vista o aumento da competitividade. Assim, quando estourou a crise financeira global, Portugal passou a enfrentar uma grande dívida pública, que ficou cada vez mais difícil de ser financiada, já que os bancos e os demais países passaram a enfrentar sérios problemas financeiros. Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 81 A escassez de crédito e a crise da dívida soberana acabaram obrigando o país a pedir um resgate financeiro da ordem de 78 milhões de euros, concedido pela “troika”. Em contrapartida, o governo português se comprometeu a cumprir um plano de austeridade para reduzir o seu déficit orçamentário, com reduções de salários e aumento de impostos, além de outras reformas estruturais que levaram milhões de portugueses a protestar nas ruas contra o aumento de custo de vida e o desemprego que atinge 15,4% da população ativa. O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, renunciou o cargo de primeiro-ministro da Itália, em novembro de 2011, depois que a Câmara Baixa aprovou medidas de austeridade reivindicadas pela União Europeia, colocando fim a 17 anos de uma era política e abrindo espaço para uma transição cujo objetivo é tirar a Itália da crise econômica. A Era Berlusconi foi marcada pelo aumento da dívida pública italiana, por casos de corrupção – inclusive denúncias de ligações de Berlusconi com a máfia – e dezenas de escândalos, entre os quais a acusação de que Berlusconi teria casos sexuais com adolescentes. Foi então que Mário Monti assumiu o governo, contudo o governo do ex-ministro das Finanças não demoraria muito tempo para ter fim. Em dezembro de 2012, Monti apresentou sua renúncia como chefe do Governo ao presidente da República, Giorgio Napolitano, após apenas 13 meses à frente do Executivo. Em seu lugar assumiu Enrico Letta, que tem a missão de organizar um governo de coalizão. Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 81 3. América Latina A partir dos anos 1990, a América Latina assistiu ao fenômeno da chamada “onda vermelha”, com a eleição de novos governos de esquerda em diversos países. Porém, muitas das vezes, esses governos estiveram mais próximos de práticas populistas e clientelistas do que propriamente de práticas socialistas. Segundo alguns especialistas, a eleição de partidos e candidatos que se colocavam como candidatos de esquerda está relacionada com uma espécie de reação das populações latino- americanas a projetos neoliberais, que foram acusados de terem agravado a imensa desigualdade social e a concentração de renda existente na região. Em alguns países, o discurso chegou a ser mais agressivo e houve questionamentos mais contundentes aos interesses dos Estados Unidos na região. Nesse sentido, Hugo Chávez utilizou-se de um posicionamento mais radical, ganhando o apoio da população venezuelana e maior destaque nos veículos de comunicação. O fenômeno da “onda vermelha” teve como principais marcos a eleição exatamente de Hugo Chávez, em 1998, e de Lula, em 2002. Percebam que muitas vezes a “onda vermelha” está muito mais no discurso do que na práxis econômica ou política.De qualquer forma, mesmo quando se alinhavam a práticas ditas neoliberais, esses personagens e outros, como o boliviano Evo Morales, conseguiram permanecer diante do público como figuras de esquerda. Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 81 Gostaria de ressaltar que o discurso antiamericano praticado por Chávez irradiou-se por toda a região. Em pouco tempo, outros candidatos – que posteriormente seriam eleitos, tornando-se presidentes de suas nações – adotaram o mesmo discurso. Essa situação se deu de maneira muito forte principalmente no governo Bush, que era um republicano, ou seja, um político norte-americano conservador, diferentemente de Obama, que é um democrata, e, portanto, mais liberal. Políticos como Daniel Ortega (Nicarágua), Rafael Correa (Equador) e Evo Morales (Bolívia) foram eleitos exatamente com esse mesmo discurso. Posteriormente, os Kirchner (Argentina), historicamente mais conservadores, passaram a adotar o mesmo discurso e a aproveitar a maré gerada. De qualquer maneira, mesmo com Obama na presidência, os discursos antiamericanistas permanecem, e este presidente tem sido acusado de não ter cumprido importantes promessas de campanha, como em relação à base militar de Guantánamo. Os Estados Unidos são acusados prender sem julgamento pessoas suspeitas de terrorismo, inclusive torturando-as. Obama prometeu que fecharia a base militar, situada em Cuba, mas isso ainda não ocorre – e não sabemos se de fato ocorrerá. O analista político Néstor García Iturbe lembra que o presidente estadunidense não só descumpriu sua promessa de fechamento da prisão, como assinou a Lei da Autorização de Defesa Nacional onde aprovou uma proibição permanente sobre a transferência dos detidos nesta prisão para os Estados Unidos. A relação do governo Obama com Cuba é bastante dúbia, na realidade. Após tomar posse, Obama renovou o embargo econômico Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 81 a Cuba. Mesmo com a ONU condenando a medida pelo 21º ano consecutivo em 2012, o governo norte-americano confirmou que manteria a política de bloqueio comercial a Cuba. Apesar disso, após chegar à Casa Branca, em 2009, o presidente Barack Obama suspendeu algumas restrições a Cuba, como o envio de dinheiro ou viagens à Ilha por razões esportivas, educativas ou religiosas, mas destacou que outros passos dependerão da abertura do governo cubano para a democracia. Durante o governo de Hugo Chávez, a Venezuela liderou na região um grupo chamado de bolivariano que teve por características a implementação de políticas nacionalistas, como estatizações, muitas vezes ligadas à práticas populistas e ainda àquelas críticas antiamericanistas. Hugo Chávez defendia o que chamava de “socialismo do século XXI”, sendo um crítico feroz das práticas que ele entende por imperialistas dos Estados Unidos. Embora Chávez fosse acusado de ser autoritário por seus críticos, ele possuía a chancela de eleições e conta ainda com a maioria do Congresso. Muitos analistas acreditam que essas ações diplomáticas norte-americanas visaram a uma mudança no regime econômico cubano, e, paralelamente, a colocar fim no regime ditatorial de Cuba. Raúl Castro, após assumir o governo cubano no lugar de seu irmão Fidel, iniciou algumas reformas econômicas, autorizou a abertura de pequenos comércios e implementação de cooperativas e autorizou também a venda de imóveis e automóveis. Além disso, o regime comunista de Cuba busca aliados estrangeiros como a China e a Venezuela. Com a morte de Chávez e a eleição de seu sucessor Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 81 natural, Nicolas Maduro, não sabemos se o ideal bolivariano permanecerá. Apesar de compactuar com Chávez, Maduro não é visto como sendo um político tão habilidoso e carismático quanto seu antecessor. Com uma diferença de votos mínima em relação ao seu opositor, Henrique Capriles, o governo venezuelano terá que conviver com uma oposição fortalecida e um país polarizado – inclusive com a possibilidade do aumento do radicalismo. A Venezuela possui uma economia baseada na produção de petróleo, sendo a 13º maior produtora mundial. Apesar de não ser a maior produtora de petróleo do mundo, em 2010, a Venezuela passou a ser considerada como a possuidora da maior reserva do planeta, de acordo com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, ultrapassando as reservas da Arábia Saudita. As políticas nacionalistas de Chávez se manifestaram em diversos sentidos. As relações entre Venezuela e os Estados Unidos quase chegaram a um rompimento diplomático, quando cada um dos países retirou seus diplomatas do outro. Porém, em 2009, essa situação veio a ser regularizada. Um dos pontos mais controversos do governo de Chávez foi exatamente sua conduta diante dos Estados Unidos, pois se de um lado seus discursos e algumas de suas atitudes foram radicais frente aos norte-americanos, por outro lado os Estados Unidos são responsáveis por mais de 40% do petróleo exportado pela Venezuela. Outro ponto de tensão entre esses dois países é a rejeição venezuelana à criação da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA). Conforme já vimos anteriormente, a criação da ALCA foi Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 81 duramente criticada por diversos países latinos que entendiam que sua criação seria um mecanismo de expansão econômica e política dos Estados Unidos na região. Caminhando em sentido contrário à criação da Alca, Chávez estabeleceu diversos acordos econômicos e políticos, avançando no seu projeto “bolivariano” de integração regional. Entre esses acordos, um dos que mais se destacou foi a possibilidade de comercializar petróleo em condições mais favoráveis, embora não reduza o preço do petróleo frente aos praticados pelo mercado. Cuba é exatamente um dos países que mais se beneficiou desses acordos, comprando petróleo em vantajosas condições de parcelamento e juros. Em contrapartida, Cuba ofereceu à Venezuela prestação de serviços de saúde. Basta lembrar que Chávez foi internado em um hospital em Havana para tratar de problemas com câncer e infecções. Em outubro de 2012, Chávez venceu as eleições venezuelanas, derrotando o candidato da oposição Henrique Capriles. Naquele momento, Chávez conquistava o direito de governar a Venezuela até 2019. O problema era que como Chávez estava internado em Cuba, sem que se soubesse ao certo seu estado de saúde, ele não poderia tomar posse. Com isso abriu-se espaço para uma crise, já que haveria possibilidade de mais de uma interpretação constitucional. Segundo os partidários de Chávez, o vice-presidente, Nicolas Maduro, deveria assumir o governo e depois entregá-lo à Chávez. Para a oposição, como o presidente não tomou posse, novas Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barretowww.estrategiaconcursos.com.br 28 de 81 eleições deveriam ser realizadas. Porém, para evitar a crise constitucional, a Suprema Corte da Venezuela decidiu que a prorrogação da posse do presidente Hugo Chávez para seu quarto mandato era legal. A decisão foi anunciada depois que a Assembleia Nacional votou para conceder ao líder venezuelano tempo indefinido para ele se recuperar da cirurgia contra um câncer. A Suprema Corte decidiu também que enquanto Chávez se recuperasse, cabe ao vice-presidente governar o país. Essa decisão gerou críticas de muitos analistas por todo o mundo. Alguns deles chegaram a afirmar que por menos o Paraguai foi suspenso do MERCOSUL, portanto a Venezuela também deveria sê-lo – o que não aconteceu. Segundo esses analistas, o impeachment paraguaio possuía previsão na Constituição do país, enquanto que a prorrogação para posse da presidência na Venezuela não. Lembro que, em julho de 2012, o MERCOSUL decidiu suspender temporariamente o Paraguai até as eleições presidenciais do país em 2013. As medidas contra o Paraguai ocorreram em resposta ao processo de impeachment do presidente Fernando Lugo, ocorrido também em julho de 2012 e que foi repudiado pelos países sul-americanos. O processo contra Lugo foi iniciado por conta de um conflito agrário que terminou com 17 mortos no interior do país. A oposição acusou Lugo de ter agido mal no caso e de estar governando de maneira "imprópria, negligente e irresponsável". Ele também foi acusado por outros incidentes ocorridos durante o seu governo, Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 81 como ter apoiado um motim de jovens socialistas em um complexo das Forças Armadas e não ter atuado de forma decisiva no combate ao pequeno grupo armado Exército do Povo Paraguaio, responsável por assassinatos e sequestros durante a última década, a maior parte deles antes mesmo de Lugo tomar posse. O processo de impeachment de Fernando Lugo aconteceu rapidamente, depois que o Partido Liberal Radical Autêntico, do então vice-presidente Franco, retirou seu apoio à coalizão do presidente socialista. Foi então que o Senado do Paraguai afastou Fernando Lugo da presidência com um placar de 39 senadores favoráveis ao impeachment do socialista e 4 senadores contrários, além de 2 abstenções. Federico Franco assumiu a presidência pouco mais de uma hora e meia depois do impeachment de Lugo. No Paraguai ocorre um problema diretamente ligado ao Brasil, que é o problema dos chamados brasiguaios. Os brasiguaios ou brasilguaios são brasileiros (e seus descendentes) estabelecidos em território da República do Paraguai, em áreas fronteiriças com o Brasil, principalmente nas regiões chamadas Canindeyú e Alto Paraná, no sudeste do Paraguai. Estimados em 350.000, são, em sua maioria, agricultores falantes do idioma português. A presença dos brasiguaios, apesar de trazer um surto de crescimento econômico à região, provocou sentimentos nacionalistas e xenófobos entre os paraguaios. Os paraguaios preocupam-se com o enfraquecimento de sua identidade nacional na região fronteiriça, já que os estrangeiros mantêm sua própria língua, usam sua própria moeda, hasteiam sua própria bandeira e Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 81 são donos das terras mais produtivas. Outra queixa é que seus filhos crescem falando português como segunda língua, em vez do guarani. Outra fonte de atrito é a questão racial, uma vez que a maioria dos brasiguaios tem pele clara e feições europeias, enquanto a maior parte dos paraguaios é de origem hispano- guarani. Transmissões de rádio em guarani exortam os camponeses sem terra a atacarem os brasiguaios, incendiando suas casas ou invadindo suas lojas, o que levou a imprensa brasileira a falar sobre uma espécie de limpeza étnica. Os brasiguaios se queixam da discriminação contra seus filhos nas escolas locais e a intimidação das autoridades de imigração, já que grande parte deles nunca recebeu documentos de identidade paraguaios. Ao mesmo tempo, muitos brasiguaios nascidos no Paraguai não conseguem documentos brasileiros, o que impede algumas famílias hostilizadas de voltar ao Brasil. No fim de 2012, o governo do Paraguai ampliou sua campanha para regularizar milhares de imigrantes ilegais, principalmente brasileiros que atravessam diariamente a fronteira os brasiguaios, a menos de um mês do fim da vigência da "lei da anistia migratória", que facilitou os trâmites necessários. Apesar da suspensão do país do Mercosul desde junho passado, o governo Federico Franco, que não é reconhecido por Dilma Rousseff, tem trabalhado junto a diplomatas brasileiros na questão, segundo autoridades brasileiras e paraguaias. Por sua vez, a Argentina bem como a Bolívia seguem no caminho da “onda vermelha” e, em 2012, aumentaram as suas estatizações. Durante o primeiro semestre de 2012, tanto um Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 81 quanto o outro país estatizaram o setor de energético. A presidente argentina chegou a dar início a uma crise, estatizando a petroleira YPF, que antes estava sob controle da Repsol, que é de origem espanhola. Já o boliviano Evo Morales estatizou a Transportadora de Eletricidad S.A, que também é espanhola. Apesar de ambos os países terem nacionalizado companhias espanholas, a tensão com a Espanha é maior na Argentina, devido a grande participação da YPF na produção de petróleo e gás para a Argentina – o que dava grandes lucros à empresa. O governo argentino e suas províncias produtoras de petróleo responsabilizaram a empresa YPF por não cumprir compromissos de investimento e disseram que isso obriga o país a importar grandes volumes de hidrocarbonetos. Uma outra polêmica, essa envolvendo o governo boliviano de Evo Morales, foi quando este estatizou as refinarias brasileiras da Petrobrás na Bolívia. Isso ocorreu em 2006 e tratava-se de umas das suas principais propostas de sua campanha política para as eleições presidenciais. Essa estatização foi apoiada pela população boliviana, principalmente por movimentos populares, sindicatos e os “cocaleiros” – que são os produtores de coca no país. Desde de então, as relações políticas entre Estados Unidos e Bolívia ficaram abaladas. Em 2008, a Bolívia expulsou diplomatas norte-americanos do país e a diplomacia norte-americana acusou o venezuelano Hugo Chávez de influenciar e incentivar a estatização. Mas nem só de inimizades vivem os Estados Unidos na região. Alguns países são considerados aliados norte-americanos, como a Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 81 Colômbia, México e mesmo o Brasil. Em 2009, ocorreu um fato que gerou muita polêmica, principalmente entre os grupos da “onda vermelha”. Nesse ano, os Estados Unidos anunciaram a construção de bases militares na Colômbia e essa situação gerou duras críticas tanto ao imperialismo norte-americano quanto à subserviênciacolombiana. A Venezuela foi um dos países que mais criticou essa medida. Aliás, em razão do estreitamente nas relações entre Brasil e Venezuela, a Colômbia se distanciou politicamente do Brasil. Os Estados Unidos argumentam que a razão da construção da base é apoiar o combate ao narcotráfico e à guerrilha no país. Contudo, os críticos discordam e dizem que, na realidade, os Estados Unidos pretendem aumentar sua capacidade militar na região, expandindo seu poderio bélico. O ex-presidente colombiano Álvaro Uribe era um grande aliado dos Estados Unidos e foi um dos líderes mais populares da história colombiana, exatamente por causa de suas políticas de combate ao narcotráfico. Os progressos alcançados pela Colômbia no combate ao narcotráfico foi resultado em grande parte do apoio dado pelos norte-americanos. Apesar desses avanços, o narcotráfico continua forte na Colômbia e o país continua sofrendo os efeitos de anos de conflitos – principalmente em relação às FARC. As Forças Armadas Revolucionárias Colômbia–Exército do Povo (em espanhol: Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia– Ejército del Pueblo), também conhecidas pelo acrônimo FARC ou FARC-EP, é uma organização de inspiração comunista, autoproclamada guerrilha revolucionária, que opera mediante Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 81 táticas de guerrilha. Eles lutam, em tese, pela implantação do socialismo na Colômbia. As FARC são consideradas uma organização terrorista pelo governo da Colômbia, pelo governo dos Estados Unidos, Canadá e pela União Europeia. Os governos de Equador, Bolívia, Brasil, Argentina e Chile não lhes aplicam esta classificação. Hugo Chávez rejeitou publicamente esta classificação em Janeiro de 2008 e apelou à Colômbia como outros governos a um reconhecimento diplomático das guerrilhas enquanto "força beligerante", argumentando que elas estariam assim obrigadas a renunciar ao sequestro e atos de terror a fim de respeitar a Convenção de Genebra. Por sua vez, Cuba e Venezuela adotam o termo “insurgente” para as FARC. Parte considerável dos colombianos temem as Farc, muitos destes por considerá-las como grupo terrorista. Esse fato proporcionava alta popularidade ao então presidente da Colômbia, Álvaro Uribe. Desde o primeiro dia na presidência da Colômbia, Uribe investiu – e tropas especiais treinadas com a ajuda dos Estados Unidos – na tarefa de recuperar o controle de seu país não dos comunistas, mas de narcotraficantes. 4. Estados Unidos Após uma votação acirrada, o presidente dos Estados Unidos, o democrata Barack Obama, conquistou, em novembro de 2012, sua reeleição ao derrotar o candidato republicano, o ex-governador Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 81 de Massachusetts Mitt Romney. Obama conseguiu obter mais do que os 270 delegados necessários para vencer o Colégio Eleitoral. O presidente reeleito dos Estados Unidos, Barack Obama, tem agora a difícil missão de unir um país praticamente dividido após a longa e bastante custosa campanha pela Casa Branca. O democrata reconheceu, durante seu discurso de vitória no Centro de Convenções McCormick Apraz, em Chicago, que terá um "longo trabalho pela frente" nos próximos quatro anos. Não poderia mesmo ser diferente. De maneira distinta do que ocorre no Brasil, as eleições norte- americanas são indiretas. Em um primeiro momento, os eleitores votam em um delegado que posteriormente se reúne em um Colégio Eleitoral com os demais delegados e é este colégio que elege o presidente. Ocorre que os cidadãos escolhem delegados que estejam vinculados ao candidato em quem o eleitor deseja votar. Assim, os delegados funcionam como uma espécie de intermediários entre eleitores e candidatos. Em 2012, o Colégio Eleitoral foi composto por 538 delegados, sendo que o para ser eleito o presidente precisaria ao menos de 270 deles. Durante o discurso de vitória, Obama destacou a redução do déficit do país, a reforma do sistema tributário, a aprovação de uma reforma migratória e o final da dependência do petróleo estrangeiro como metas para seu novo mandato. O presidente reeleito não esqueceu também da necessidade de criar mais empregos e iniciar medidas que ofereçam oportunidades à classe média. Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 81 Mas o tema de maior destaque durante o discurso, quando foi recebido por seus seguidores fiéis e entusiastas, foi a necessidade de uma maior unidade no país. "Esta noite, mais de 200 anos depois que uma ex-colônia ganhasse o direito de determinar seu próprio destino, a tarefa de aperfeiçoar nossa união nos impulsiona para frente", disse Obama. Os Estados Unidos vem sofrendo com a forte polarização entre Republicanos e Democratas, o que vem dificultando a governabilidade do país. Por pouco não houve acordo sobre a questão tributária no fim de 2012, o que ocasionaria um abismo fiscal. Aliás, Obama vem sendo duramente criticado por não se mostrar tão hábil nas negociações com os Republicanos. Com uma campanha que teve como tema “forward” (adiante), Obama venceu defendendo perante o eleitorado que merecia mais quatro anos na Casa Branca para terminar o trabalho iniciado em 2009, após conquistar seu primeiro mandato nas eleições de 2008 com uma campanha que mobilizou os EUA e o mundo com o lema de esperança e mudança. Mais do que disputar os 230 milhões de americanos aptos a votar, os dois candidatos travaram na terça- feira uma batalha acirrada por nove swing states (Estados pêndulo), que eram cruciais pelo fato de as pesquisas de intenção de voto indicarem que não tinham um resultado definido. O líder americano conseguiu ser reeleito apesar de a economia do país ter enfrentado, depois de 2008, sua pior recessão desde a Grande Depressão dos anos 30. Essa é a primeira vez desde Franklin Roosevelt (1933-1945) que um presidente conseguiu ser reeleito com uma taxa de desemprego tão alta quanto a de agora. Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 81 Em julho de 2012, Obama conseguiu uma grande vitória ao ter o seu plano de reforma da saúde aprovado pela Suprema Corte do país. A Lei de Proteção ao Paciente e Serviços de Saúde Acessíveis (“The Patient Protection and Affordable Care Act”, em inglês), também conhecida como Obamacare, criou um sistema universal de saúde nos Estados Unidos e está previsto para começar em 2014. Basicamente, a reforma estabelece que todo mundo que vive nos EUA está obrigado a ter um seguro de saúde – quem não tiver terá de pagar uma taxa (chamada de “imposto” pelo texto da nova lei). As pessoas com renda familiar mensal abaixo do equivalente a R$ 2.390 terão uma ajuda parcial do governo para os custos. Calcula-se que o plano vai incluir no sistema 30 milhões de americanos que não tinham nenhuma cobertura de saúde. A ideia é universalizar essa cobertura e também incentivar a criação de um mercado de seguradoras.Diferentemente do Brasil, os EUA não têm um sistema público e universal como o SUS (Sistema Único de Saúde), criado a partir do texto da Constituição de 1988 que definia a saúde como “direito de todos e dever do Estado”. Segundo o historiador Daniel Simões, “nos Estados Unidos, ou você paga um plano de saúde ou precisará ter dinheiro para pagar cada consulta e exame - o que não sai nada barato”. Por lei, no entanto, os hospitais norte-americanos estão obrigados a atender qualquer pessoa durante emergências. Outro problema no sistema de saúde americano é que as seguradoras não são fiscalizadas pelo governo – o que significa que elas podem alterar preços ou vetar serviços ao usuário sem precisarem prestar contas. Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 81 Isso cria uma cultura em que as pessoas só procuram o hospital para se tratar quando a coisa já está grave – muitas vezes num estado que poderia ser facilmente evitado se fosse feito um acompanhamento médico mais cedo. A conta, no fim, fica caríssima – e os hospitais repassam o custo para o governo e as seguradoras, que cobram cada vez mais dos consumidores. A reforma de saúde não vai criar um sistema público igual ao brasileiro, mas torna o acesso à assistência médica no país um pouco mais igualitário. “O SUS é considerado um exemplo no mundo inteiro. É claro que há muitos problemas, mas ele de fato acaba por atender todo mundo”, diz o professor Simões. Essa foi uma das principais bandeiras políticas de Barack Obama durante as eleições presidenciais e tem provocado fortes reações tanto contra quanto a favor. Seus principais opositores do conservador Partido Republicano dizem que o presidente deveria ter dado mais atenção a outros setores e criticam os supostos gastos excessivos que o plano pode trazer, além de afirmar que essa é uma tentativa de controlar demais a vida privada de cada um, em uma visão extremamente liberal. O rival de Obama nas eleições presidenciais, Mitt Romney, havia prometido que, caso fosse eleito, a primeira coisa que iria fazer seria revogar a reforma. Os republicanos ainda apontam que, em um momento de crise, Obama não poderia expandir tão consideravelmente os gastos públicos, pois isso aumentará o déficit norte-americano. Um dos grandes desafios do primeiro mandato do governo Obama esteve justamente na difícil batalha entre Republicanos e Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 81 Democratas – o que paralisa parte das ações de Obama. Todo esse cenário de disputa é fortemente marcado pela crise da dívida europeia, pela desaceleração do mercado chinês e pelo desemprego. Segundo os democratas, a debilidade da economia norte- americana não permite que haja grandes reduções nos gastos públicos, e, assim sendo, é necessário que o governo continue investindo a fim de fazer com que o país cresça mais e gere mais empregos. Os democratas entendem ainda que os benefícios sociais, pagos às parcelas mais pobres da população. A porcentagem de norte-americanos vivendo na pobreza atingiu 15% da população em 2010 – sendo o maior nível atingido em mais de 50 anos de pesquisa. O governo Obama modificou, ainda, as medidas relativas ao terrorismo – já que os altos custos financeiros se tornaram impopulares em um contexto de crise econômica. Os Estados Unidos teriam gasto aproximadamente 1,5 trilhão de dólares nas campanhas do Iraque e do Afeganistão, além de ter deslocado cerca de 350 mil soldados para essas regiões e para outros países da Ásia Central e do Oriente Médio. Durante a campanha eleitoral para seu primeiro mandato, Obama prometera que retiraria as tropas norte-americanas do Iraque, o que de fato ele conseguiu realizar. Porém, houve uma declaração polêmica e bastante contraditória por parte do presidente norte-americano, quando as tropas dos Estados Unidos deixavam o Iraque: Obama declarou que as tropas norte- americanas deixavam um Iraque estabilizado; contudo, a realidade Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 81 é que as tropas norte-americanas não foram capazes de trazer estabilidade para a região e o Iraque permanece em crise econômica e política. Em 2011, Obama ganhou muitos pontos com o eleitorado norte-americano, quando o terrorista Osama Bin Laden foi morto por soldados norte-americanos. Com a morte de Osama, Obama pôde dar início à redução do contingente norte-americano no Afeganistão, país no qual a Al Qaeda (grupo terrorista do qual Osama Bin Laden fazia parte) possui grande influência. Apesar da morte de Bin Laden, o Afeganistão está longe de resolver seus complexos problemas políticos. O Taliban continua atuando na região, mas, com a crise e a necessidade de gastar menos em ações militares, Obama viu-se obrigado a diminuir a presença dos Estados Unidos na região. Lembro-lhes de que foi justamente o episódio de 11 de setembro de 2001, com o atentado terrorista contra os Estados Unidos, quando houve o choque de aviões com as torres do World Trade Center, comandado por Bin Laden, que fez com que os Estados Unidos ampliassem suas ações militares e seu combate ao terrorismo. Na época dos atentados, quem estava no poder era George W. Bush, que definiu o terrorismo como a pior ameaça aos Estados Unidos e à paz mundial. A partir daí, Bush inaugurou uma nova época na geopolítica que ficaria, então, conhecida como a Doutrina Bush. Em 2002, o presidente George Bush divulgou o documento "A estratégia de segurança nacional dos Estados Unidos", que ficou Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 81 justamente conhecido como "Doutrina Bush". Este documento apresentava as estratégias político-militares que passaram a ser adotadas pelo país em nome da defesa nacional, frente às ameaças a que poderiam estar sujeitos o território e o povo norte- americanos. O documento declarava a intenção dos Estados Unidos em agir militarmente, por conta própria e decisão unilateral em nome do direito de autodefesa, de maneira preventiva e antecipada. Dessa forma, os Estados Unidos, em nome do antiterrorismo e do combate de países considerados e avaliados como ameaçadores aos seus interesses, justificaram as suas ações e procuraram torná-las legítimas diante da opinião pública norte-americana e internacional. A guerra e a ocupação do Iraque, embora fizessem parte das ações da Doutrina Bush de guerra preventiva, não foram apoiadas em provas de que este país desenvolvesse armas de destruição em massa (justificativa para a sua invasão) ou financiasse o terror. Depois de os Estados Unidos declararem a vitória sobre o Iraque, de terem conseguido a prisão de Saddan Hussein e o estabelecimento de um governo provisório, a situação do Iraque permaneceu incontrolável. Ao contrário do que propunha a Doutrina Bush, os ataques terroristas, a insurreição de grupos armados contra a ocupação estrangeira e os conflitos entre as principais etnias ameaçam a estabilidadedo país e apontavam para uma perspectiva de total descontrole da situação. Na verdade, os norte-americanos usaram seu poderio militar para favorecer suas empresas do setor petrolífero e da construção civil e ampliarem sua influência no Oriente Médio. Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 81 Foi baseado nessa doutrina – que, repito, previa o unilateralismo e os ataques preventivos, mesmo sem aprovação da ONU ou da OTAN – que os Estados Unidos e o Reino Unido invadiram o Iraque. As alegações de que o Iraque possuía armas nucleares feitas por Bush não tardariam a se mostrarem falsas. Após a intervenção norte-americana, o Iraque se afundou numa complexa crise política e os Estados Unidos passaram a ser acusados de ter invadido o país por razões puramente econômicas, sobretudo por causa do setor petrolífero – como disse. 5. Questões comentadas 1) (CESPE - 2012 - TCU - Técnico de Controle Externo) Apenas dois partidos, o Republicano e o Liberal, atuam na cena política norte-americana; nas eleições de 2012, os liberais apostam na recondução de Barack Obama ao Capitólio. Muita gente se confundiu nessa questão, por isso atenção redobrada. É errado dizer que apenas dois partidos atuam na cena política norte-americana. Há diversos partidos, embora apenas estes tenham relevância e por isso os cientistas políticos se referem aos EUA como possuindo um sistema bipartidarista. Os liberais (Democratas) realmente apoiaram Obama, enquanto os conservadores (Republicanos) apoiaram Romney. E Capitólio é um local no Congresso dos Estados Unidos no qual os eleitos para a presidência prestam juramento. Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 81 Questão errada. 2) (CESPE - 2012 - TCU - Técnico de Controle Externo) Obama notabilizou-se por ser o primeiro negro a chegar à presidência dos Estados Unidos da América, feito particularmente significativo, haja vista a forte marca da escravidão africana na história do país e da discriminação racial, que custou a ser legalmente abolida. Obama foi de fato o primeiro negro a chegar à presidência norte-americana. Podem surgir duas dúvidas em relação ao restante do enunciado. A primeira, é se houve forte marca da escravidão africana no país. Houve sim, pessoal. Assim como no Brasil, os Estados Unidos foram marcados por um forte regime escravocrata. A outra dúvida é se a discriminação racial custou a ser legalmente abolida. De fato, a discriminação racial demorou a ser legalmente abolida, fato que só aconteceu em 1965 – quando ainda havia bebedouros, assentos, banheiros distintos para negros e brancos. Questão correta. 3) (Cespe - Antaq - 2009) A crescente importância do Brasil e da Venezuela no cenário sul-americano, inclusive no que se refere à mediação entre partes em crises regionais, emana da modernização econômica, da tranquilidade política e da Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 81 projeção internacional de que gozam os dois países, em igual proporção e legitimidade internacional. Que Brasil e Venezuela ampliaram sua importância na região não há dúvidas. Contudo, percebam que a Venezuela está longe de ter a mesma modernização econômica, a tranquilidade política e a projeção internacional de que goza o Brasil. Sobre “tranquilidade política”, esse termo não está relacionado à falta de disputas internas, mas sim à solidez das instituições. O Brasil possui, certamente, instituições mais sólidas do que a Venezuela. Assim, questão errada. 4) (Cespe – Antaq - 2009) Na atualidade, os países latino- americanos que melhor se relacionam com os EUA são Cuba e Venezuela. Essa só pode ser brincadeira ... como assim, gente!??!?!?!!? Óbvio que essa está errada! Os países latino-americanos que pior se relacionam com os EUA são exatamente Cuba e Venezuela. Questão errada. 5) (FCC - Escriturário-Banco do Brasil - 2011) “Os exportadores brasileiros de geladeiras, fogões e máquinas de lavar roupa voltaram a enfrentar barreiras no mercado (...). Conforme o “Estado” apurou, 35 caminhões estão parados nos depósitos alfandegários à espera de autorização para circular no país”. (O Estado de S. Paulo, 13/05/2011, p. B3) Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 81 O texto acima destaca uma nova crise comercial provocada pelo protecionismo comercial (A) do Paraguai. (B) da Venezuela. (C) do Peru. (D) da Argentia (E) da Bolívia. Vocês lembram de quem eu falei ao mencionar protecionismo? Justamente da Argentina. A Argentina, a partir de 2011, ampliou os produtos que não possuem licença automática de entrada no país. A Argentina fez isso em uma tentativa de proteger sua indústria dos produtos estrangeiros, sobretudo dos brasileiros. Essa situação gerou uma certa crise entre a Argentina e o Brasil. Letra “d”. 6) (FMP - Auditor Público Externo – TCE-RS - 2011) Economistas e analistas de mercado criaram o termo “BRICS” para se referir a alguns países que se destacaram no cenário mundial pelo rápido crescimento das suas economias em desenvolvimento. Os países que compõe esta expressão são: (A) Brasil, Rússia, Indonésia, China e Coréia do Sul. (B) Bulgária, Reino Unido, Índia e Coréia do Sul. (C) Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 81 (D) Brasil, Rússia, Índia e Colômbia e África do Sul. (E) Brasil, República da China, Indonésia, Chile e Coréia do Sul. Qual a dificuldade? Nenhuma, não é verdade!? E vejam o nível do cargo ein... O termo BRICS refere-se a Brasil, Rússia, Índica, China e África do Sul. Letra “c”. 7) (FCC - Analista Legislativo - 2008) Um dos principais itens da plataforma eleitoral de Fernando Lugo, ex-bispo católico eleito presidente da República do Paraguai em abril de 2008, foi a revisão do Tratado de Itaipu, celebrado com o Brasil em 26 de abril de 1973. Entre outras cláusulas, o tratado prevê que: a) o Paraguai não receberá a compensação financeira dos royalties, pois seu território não foi atingido pela construção da barragem. b) a venda da energia produzida a partir do aproveitamento hidrelétrico referido no tratado deve ser feita a preço de custo para países não signatários. c) os signatários devem adquirir, conjunta ou separadamente, o total da energia produzida a partir do aproveitamento hidrelétrico referido no tratado. Atualidades para Polícia Civil (Escrivão) ‐ DF Teoria e exercícios Prof. Rodrigo Barreto – Aula 02 Prof. Rodrigo Barreto www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 81 d) os limites territoriais estabelecidos entre os dois países podem ser revistos em função da implantação
Compartilhar