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RESISTÊNCIA Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: Pena - detenção, de dois meses a dois anos. § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: Pena - reclusão, de um a três anos. § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. O que é essa oposição? A oposição, no caso, consiste em uma atuação positiva, consubstanciada no emprego de violência (vis corporalis). Exemplo: Indivíduo que, ao ser preso em flagrante, desfere pontapés contra o policial ou atira objetos contra ele. Se a violência for empregada contra a coisa configura o crime? 1ª corrente) Não, para grande parte da doutrina. Exemplo: quebrar os vidros da viatura policial. 2ª corrente) Sim. Hungria entende que sim. Ele admite “até mesmo a violência sobre coisas, quando assume um caráter de oposição ativa contra o agente da autoridade ou quem lhe presta auxílio. A oposição pode se dar por meio de ameaça (vis compulsiva)? Sim. E esta pode ser real ou verbal. Exemplo: Apontar uma faca ou uma arma de fogo para o funcionário público. Exemplo: Indivíduo que promete ao policial que, se ele for preso, mandará seus comparsas eliminá-lo. A mera resistência passiva, como agarrar-se a um poste ou empreender fuga, configura o crime? Não, pois é necessário o emprego efetivo de violência ou ameaça contra o funcionário. Exemplo: recusar-se a abrir a porta da casa.. Esses casos configuram algum crime? Sim, há desobediência (art. 330 do CP). Os atos de rogar pragas contra o funcionário, cuspir sobre ele ou atirar-lhe urina, fazer gestos ultrajantes ou xingá-lo, configura esse crime? Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. Não necessariamente será sujeito ativo a pessoa que sofre a execução do ato legal. Assim, nada impede que 3ª pessoa, alheia ao ato, empregue violência ou grave ameaça contra o funcionário. Sujeito Passivo: - Estado; - Funcionário Público competente para a execução do ato legal ou o 3º que o auxilia, isto é, um particular. Elemento Subjetivo: Dolo. Consumação: Consuma-se com o emprego da violência ou ameaça contra o funcionário. É crime formal – assim, não se exige que o agente efetivamente impeça a execução do ato legal. Tentativa: É possível. Se a violência for praticada em face de mais de um funcionário? Nesse caso, configura-se crime único, uma vez que o é o Estado que figura como sujeito passivo principal do crime em estudo. DESOBEDIÊNCIA Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público: Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. O que tutela esse crime? O prestígio e a dignidade da Administração Pública, imprescindíveis para o desempenho regular da atividade administrativa. Visa-se, com essa proteção, assegurar o cumprimento de ordens legais emanadas por funcionário público competente. Esse delito é muito parecido com o crime de resistência, o que diferencia os dois? Em ambos o sujeito ativo pretende subtrair-se à execução do ato legal; Contudo, no crime de desobediência não ocorre o emprego de violência ou ameaça contra o funcionário público. O que é desobedecer? Desatender, não aceitar, não se submeter, no caso, à ordem legal do funcionário público. Nesse crime há o emprego de violência ou ameaça? Não. Esse delito pode ser praticado mediante ação? Sim. Exemplo: ordem judicial que determina que o destinatário se abstenha da prática de algum ato, vindo ele, contudo, a praticá-lo com infração da determinação judicial. Esse delito pode ocorrer na modalidade omissiva? Sim. Exemplo: hipótese em que a ordem expedida pelo funcionário público determina a prática de algum ato e o destinatário se recusa a cumpri-la. O que é necessário para que ocorra o crime de desobediência? Que haja ordem legal emanada de funcionário público competente. Pedido ou solicitação já configura? Não. É necessário que haja uma ordem, uma determinação expressa, e que esta seja transmitida diretamente ao destinatário, isto é, àquele que tenha o dever de obedecê-la. Exemplo: Não configura o crime o promotor de justiça que, mediante ofício, solicita documentos e o funcionário não envia. Se o destinatário não foi devidamente notificado, não se poderá falar no delito em tela. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, desde que tenha o dever jurídico de cumprir ou não a ordem legal. O funcionário público pode ser sujeito ativo desse crime? Questão controvertida. Sujeito Passivo: - Estado; Funcionário Público competente para emitir a ordem. Elemento Subjetivo: Dolo. Exige-se que ele tenha consciência da legalidade da ordem e da competência do funcionário público para expedi-la? Sim, pois o erro do agente exclui o dolo, tornando o fato atípico. Consumação: O conteúdo da ordem emanada pode ser uma ação (determina-se que o destinatário faça algo) ou omissão (determina-se que o destinatário deixe de fazer algo). Nesta última hipótese, o crime se consuma no momento em que o agente pratica a ação de que deveria de abster. Já na 1ª hipótese, para que se considere consumado o crime, é preciso verificar se o funcionário concedeu prazo para que o agente realize a ação devida, pois, ultrapassado tal prazo e tendo aquele se omitido, considera-se descumprida a ordem e, portanto, consumado o crime. Ausente qualquer prazo, deverá ser fixado um tempo juridicamente relevante que caracterize a omissão, isto é, o descumprimento da ordem. Tentativa: Possível somente na forma comissiva do descumprimento da ordem legal. DESACATO Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. O que é desacatar? Consiste na prática de qualquer ato ou emprego de palavras que causem vexame, humilhação ao funcionário público. Assim, pode consistir o desacato: - no emprego de violência (lesões corporais ou vias de fato); - na utilização de gestos ofensivos; - no uso de expressões caluniosas, difamantes ou injuriosas; - enfim, todo ato que desprestigie, humilhe o funcionário, de forma a ofender a dignidade, o prestígio e o decoro da função pública. É imprescindível que o ato seja praticado ou a palavra proferida na presença do funcionário público? Sim. Por isso, não há desacato se a ofensa é feita, por exemplo, por meio de carta, telefone, petição subscrita por advogado. É necessário que o funcionário e o agente estejam face a face? Não. Desse modo, haverá o crime se estiverem, por exemplo, em salas separadas, com as portas abertas, e o agente falar algo para o funcionário ouvir. Ressalve-se que, desde que presentes no mesmo local, não é necessário que o funcionário ouça ou veja o ofensor: basta que tom e conhecimento da ofensa. Caso o funcionário público não se encontre no mesmo local que o ofensor, o crime praticado pode ser outro? Sim, pode ser calúnia, difamação, injúria, na forma majorada (art. 141, II do CP), ameaça, etc. O crime de desacato em muito se parece com o crime de resistência, na medida em que este também admite o emprego de violência ou ameaça a funcionário público. Então, o que diferencia esses 02 crimes? O que os difere é a intenção. No desacato o objetivo é humilhar, menoscabar a autoridade pública; Na resistência há mera vontade de se opor à execução de ato legal. Exige o tipo penal que o desacato ocorra no exercício da função ou em razão dela. Analisemos as 02 situações: a) No exercício da função (“in officio”): Diz com a ofensa assacada contra o funcionário que esteja no desempenho de sua função, isto é, praticando atos de oficio. b) Em razão do exercício da função (“propter officium”): Nessa hipótese, o funcionário está fora do exercício de sua função, mas a ofensa contra ele irrogada diz respeito a ela. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa.Sujeito Passivo: - Estado – titular do bem jurídico tutelado; Funcionário Público desacatado. Elemento Subjetivo: Dolo. O dolo, obviamente, deve abranger o conhecimento da qualidade de funcionário público, bem como de que este se encontra no exercício da função, ou que a ofensa é irrogada em razão dela. Consumação: Consuma-se no momento em que: - os atos ofensivos são praticados (vias de fato, lesão corporal, gestos, gritos etc.); ou, - as palavras ultrajantes são irrogadas (calúnia, injúria, difamação) Contra o funcionário público. Trata-se de crime formal – de maneira que não se exige que o funcionário público se sinta ofendido com os atos praticados. Não se exige também que terceiros presenciem o desacato para que o crime se repute consumado. Tentativa: Para Noronha, dependendo do meio empregado, é possível a tentativa. Assim, ela será inadmissível se ocorrer injúria oral, pois se trata da hipótese de crime unissubsistente. Ocorrerá, contudo, o conatus quando, por exemplo, alguém for impedido de agredir o servidor ou quando for impedido de atirar sobre ele imundície etc.
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