Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
* EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE NOÇÕES INICIAIS: Praticada a ação delituosa, surge o direito subjetivo do Estado de impor a sanção ao infrator, direito que se expressa na chamada pretensão punitiva. Existem contudo situações previstas em lei, que extinguem a pretensão punitiva. Estas situações são chamadas de causas de extinção da punibilidade, que extinguem o direito de punir do Estado. * O legislador estabelece uma série de causas subseqüentes que extinguem essa punibilidade, impossibilitando, pois, a imposição da pena. O art. 107 do Código Penal enumera algumas causas dessa natureza. Esse rol, entretanto, não é taxativo, pois existem outras causas extintivas de punibilidade previstas na Parte Especial do Código e em outras leis. * Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: I - pela morte do agente; A morte do réu põe termo à ação penal, se iniciada; e impede a propositura de processo que não tiver sido ainda intentado. Comprovada a morte, mediante exibição do atestado de óbito, ouvido o Ministério Público, o juiz declarará extinta a punibilidade. ART. 5º XLV - CF * II - pela anistia, graça ou indulto; Anistia- exclui o crime e apaga seus efeitos. Trata-se de uma clemência soberana concedida por lei para atingir todos que tenham praticado determinado delito (DEPENDE DE LEI – CONGRESSO). Graça- é concedida em caráter individual para benefício de determinado agente (PRESIDENTE DA REPÚBLICA – DECRETO). Indulto- é concedido a determinado grupo de condenado de forma coletiva. Sua concessão compete ao Presidente da República, que pode delegá-la ao Ministro de Estado e outras autoridades (PRESIDENTE DA REPÚBLICA – DECRETO). * III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; Tal dispositivo consagra a aplicação da regra contida no art. 2o do Código Penal, que trata da retroatividade na norma penal mais benéfica. A abolitio criminis pode ocorrer antes ou depois da condenação e, no último caso, rescinde a própria condenação e todos os seus efeitos penais. * IV - pela prescrição, decadência ou perempção; Prescrição- é a perda do direito do Estado de punir ou executar a pena pelo decurso do tempo; Decadência- é a perda do direito de ação do ofendido ou seu representante legal de oferecer representação ou queixa-crime, pelo decurso do tempo; Perempção- é a perda do direito de prosseguir na ação penal privada, por inércia processual do querelante. * V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; Renúncia- é a abdicação do direito de mover a ação penal privada pelo ofendido ou seu representante legal, portanto, trata-se da renúncia ao direito da queixa. É ato unilateral. Perdão do ofendido- é a revogação do ato praticado pelo querelante, que desiste do prosseguimento da ação penal, desculpando o ofensor. * VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; Através da retratação o agente admite que agiu erroneamente. No Código Penal a retratação é admitida nos crimes de calúnia, difamação, falso testemunho e falsa perícia. VII- pelo casamento do agente com a vítima, nos crimes contra os costumes. (REVOGADO pela Lei no 11.106, de 2005) VIII- pelo casamento da vítima com terceiro, nos crimes referidos no inciso anterior, se cometidos sem violência real ou grave ameaça e desde que a ofendida não requeira o prosseguimento do inquérito policial ou da ação penal no prazo de 60 dias a contar da celebração. (REVOGADO pela Lei no 11.106, de 2005) * IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. Segundo Damásio E. de Jesus “é o instituto pelo qual o juiz, não obstante comprovada a prática da infração penal pelo sujeito culpado, deixa de aplicar a pena em face de justificadas circunstâncias”. O perdão judicial somente é cabível nas hipóteses expressamente mencionadas na lei, como, por exemplo, no homicídio culposo (art. 121, §5o); na lesão corporal culposa (art. 129, §8o), na receptação culposa (art. 180, §3o), no parto suposto (art. 242, parágrafo único) etc. * Prescrição Segundo Capez “é a perda do direito-poder-dever de punir do Estado em face do não exercício da pretensão punitiva ou da pretensão executória durante certo tempo.” Espécies de prescrição: Prescrição da pretensão punitiva (PPP) Prescrição da pretensão executória (PPE) * PPP PPE Consiste na perda do direito de punir pelo Estado; Ocorre antes do trânsito em julgado da sentença condenatória; Regula-se pelo máximo da pena abstrata cominada ao crime. Consiste na perda do direito de executar a pena pelo Estado; Ocorre depois do trânsito em julgado da sentença condenatória; Regula-se pela pena concreta. * Prescrição da Pretensão Punitiva (PPP) Impede o início ou interrompe a ação penal que está em andamento. Pode ser decretada a qualquer momento, antes ou durante a ação penal, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes. Afasta todos os efeitos principais e secundários, penais e extrapenais, da condenação. A condenação não pode constar em folha de antecedentes, exceto quando requisitada por juiz. Deve ser verificada de acordo com o máximo da pena privativa de liberdade prevista em abstrato para a infração penal, de acordo com as seguintes regras o art. 109 do Código Penal: * * Só existem duas formas de imprescritibilidade: Crimes de racismo e ação de grupos armados civis ou militares contra a ordem constitucional e o Estado democrático. (Art. 5o, XLII e XLIV, CRFB) Circunstâncias atenuantes que sempre reduzem o prazo da PPP: Quando o condenado for menor de 21 ou maior de 70 anos, os prazos prescricionais serão reduzidos pela metade. Se o agente for reincidente, o prazo da prescrição executória é aumentada de 1/3. No caso de concurso de crimes, a prescrição será analisada isoladamente em relação a cada crime. * Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença final – art. 111 CP A partir do momento da consumação do crime; No caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; Nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; Nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido pela autoridade; No crime continuado: isoladamente sobre cada um dos crimes componentes de continuidade delitiva. Nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, da data em que a vítima completar 18 anos. * Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença final Nos casos de concurso material e formal: isoladamente sobre cada resultado autonomamente, como se não existisse concurso. A contagem do prazo é feita de acordo com o art. 10 do CP. * Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecorrível Da data do trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação; Da data em que é proferida a decisão que revoga o livramento condicional ou o sursis; Do dia em que a execução da pena é interrompida por qualquer motivo. No caso de fuga do preso e revogação do livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena. * FUNDAMENTOS POLÍTICOS DA PRESCRIÇÃO 1º) Pelo decurso do tempo leva ao esquecimento do fato; 2º) O decurso do tempo leva à recuperação do criminoso; 3º) O Estado deve arcar com sua inércia; * Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do livramento condicional Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena. Prescrição da multa: Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominadaou cumulativamente aplicada. Redução dos prazos de prescrição Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos. * Causas impeditivas da prescrição: Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro. Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo. * Causas interruptivas da prescrição Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; II - pela pronúncia; III - pela decisão confirmatória da pronúncia; IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; VI - pela reincidência. § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. § 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção. * Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais graves. Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente. Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de reincidência. * PRESCRIÇÃO RETROATIVA (Art. 109, § 1º CP) Leva em consideração a pena in concreto; PRESUPOSTOS: A) Inocorrência da prescrição abstrata; B) Sentença Penal Condenatória; C) Trânsito em julgado para a acusação ou improvido o seu recurso; * SÚMULA 438 DO STJ “É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal.”
Compartilhar