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1 Universidade de Brasília Departamento de Engenharia Mecânica Desenho Mecânico Assistido por Computador 1 DESENHO ARQUITETÔNICO Sheila Maia Baraúna de Souza Brasília, julho de 2013 2 Universidade de Brasília Departamento de Engenharia Mecânica Desenho Mecânico Assistido por Computador 1 Desenho Arquitetônico Brasília, julho de 2013 Apostila desenvolvida por Sheila Maia Baraúna de Souza, estudante de Engenharia Civil do segundo semestre na Universidade de Brasília, sob orientação do professor Alberto C.G. Diniz, como trabalho do Projeto Permanência, para apoio didático à disciplina de Desenho Mecânico Assistido por computador 1. 3 Autobiografia Sheila Maia Baraúna de Souza estudou no Instituto Federal da Bahia, onde concluiu o ensino médio e o curso técnico de edificações integrado. Possui cursos de extensão e estagiou em empresas da área de desenho arquitetônico, instalações elétricas e hidrossanitárias. É estudante de Engenharia Civil, na Universidade de Brasília, cursando o 3º semestre, e como participante do programa de Bolsa Permanência da universidade foi escolhida para participar do projeto “Elaboração de Material Didático – DMAC 1”, orientada pelo professor Alberto Diniz, cujo objetivo é aperfeiçoar a disciplina “Desenho Mecânico Assistido por Computador 1” da UnB. 4 Apresentação O primeiro passo para a elaboração de um projeto arquitetônico é o diálogo entre o cliente e o arquiteto. Será o cliente quem dirá os objetivos que pretende atingir com a obra, fornecer um programa ou lista de necessidades, determinar prazos para elaboração do projeto e construção e o custo máximo que pode assumir. Esse diálogo cliente – engenheiro, é muito importante para o projeto, pois através deste, o arquiteto irá orientar as primeiras ideias (croquis), baseadas em suas pesquisas e anotações e nos objetivos do cliente. A partir de informações passadas pelo cliente, como localização do terreno (lote, quadra e cidade), faz-se a consulta prévia na prefeitura da cidade ou no GDF (no caso do Distrito Federal), que disponibilizará um documento obrigatório para aprovação de projetos. Este documento fornece os parâmetros mínimos recomendados, como: recuos, altura máxima da edificação, taxa de ocupação, coeficiente de aproveitamento... Essas normas deverão ser seguidas pelo autor do projeto e não cabe ao cliente interferir nesse momento. Assim, do croqui vai se criando esboços, que darão origem a um anteprojeto, até que de fato se torne um projeto. O projeto arquitetônico, tema desta apostila, é composto por informações gráficas representadas nas plantas, cortes, elevações (ou fachadas). É o primeiro projeto criado para uma obra, e servirá de base para a elaboração dos projetos complementares como, projeto estrutural, elétrico, telefônico, hidros sanitário, prevenção contra incêndio e outros, e com esse conjunto de projetos é feito o orçamento de materiais. O engenheiro Mecânico, ou sua empresa, poderá ser um cliente do arquiteto ou do engenheiro civil, portanto, faz-se necessário saber ler e interpretar projetos de arquitetura e engenharia civil para fazer uma avaliação crítica sobre o projeto negociado. Por isso, esta breve apostila tem o objetivo de auxiliar o estudante a aprender fazer essa leitura de um projeto de arquitetura, trazendo as informações básicas para o entendimento. 5 1. Condições gerais do projeto arquitetônico Cada prancha de um projeto deverá ser um papel de um formato da série A, conforme NBR 10068. Formato A0 como máximo e A4 como mínimo, cujo dobramento deverá ser o formato final de um A4 para evitar problemas de manuseio e arquivamento. Uma prancha, simplificadamente, pode ser entendida como uma página que conterá alguns desenhos de um projeto, já que são muitos e não caberão em apenas uma prancha, mas em várias, portanto, serão numeradas assim como as páginas de trabalho. (Figura 1.1 - Papel com formatos da série A, adaptado de [2]). Ao abrir uma prancha, no canto inferior direito, junto à margem estará situado um carimbo. É um pequeno quadro contendo as principais informações sobre o projeto: nome da empresa, título do projeto, nome do arquiteto ou engenheiro responsável, nome do desenhista, data, número da prancha, escala, assinatura do arquiteto ou engenheiro e do responsável pela execução da obra, nome do cliente e outros a critério da empresa. (Figura 1.2 - Localização do carimbo numa prancha, [2]). 6 A leitura de um projeto se dará em duas direções. Os desenhos devem ser lidos da base da folha de desenho ou de sua direita. As posições inversas a estas (leitura de cima para baixo ou da esquerda para a direita) são consideradas “de cabeça para baixo”. Em geral, elementos como textos e cotas estarão disponíveis com esse padrão de leitura. (Figura 1.3- Posição correta de leitura de um projeto, [2]). 2. Desenhos utilizados na representação de um projeto arquitetônico O projeto de arquitetura é composto por informações gráficas, representadas pelas plantas, cortes, elevações ou fachadas, que serão apresentadas a seguir. 2.1 Planta Baixa É a sessão que se obtém através de um corte paralelo ao plano do piso a uma altura que corte portas, janelas, paredes etc. ficando bem assinaladas todas as particularidades da construção. Imagine que um plano de seção passe a uma altura entre 1,20 m a 1,50 m do piso de uma casa simples (Figura 2.1). Retirando a parte superior ao plano, considerando o sentido de visualização do observador de cima para baixo, podemos ver as paredes, portas e janelas que foram cortadas (Figura 2.1.2). Fazendo a projeção dessas e outras informações técnicas no plano do piso, teremos a “Planta Baixa”, a primeira representação de um projeto de arquitetura (Figura 2.1.3). 7 (Figura 2.1 - Plano de seção imaginário cortando horizontalmente a edificação, [2]). (Figura 2.1.2- Visualização de paredes, portas e janelas seccionadas horizontalmente, [1]). (Figura 2.1.3- Projeções dos elementos seccionados, que dará origem a Planta Baixa, [2]). 8 A planta baixa conterá informações indispensáveis à interpretação do projeto, as principais, e identificadas na figura 2.1.4, são: 1. Cotas horizontais - Define as dimensões dos ambientes interno e externo; 2. Dimensão dos vãos de portas - indicado a dimensão da largura da folha da porta (vão livre), pela altura; 3. Indicação gráfica dos acessos; 4. Indicação de sentido ascendente nas escadas e rampas; 5. Cotas de nível - define um nível padrão e os outros em relação a este. Essa diferença de níveis é importante para garantir, por exemplo, que a água de chuvas não invada a edificação (em condições normais); 6. Pisos em regiões molhadas - as regiões consideradas “molhadas” são banheiros, cozinha, área de serviço, aquelas que sofrem influência constante de água, apenas nessas áreas são representados os pisos; 7. Marcação dos cortes gerais - essa marcação define o limite, na planta baixa, de onde se observa os cortes;8. Marcação de detalhes - detalhes fixos, como árvores, aparelhos sanitários, pias ou tanques, ou que sejam de mera importância; 9. Dimensão dos vãos de janelas - indicado a largura, altura, e o peitoril (a altura relativa ao piso); 10. Identificação, nº do pavimento e escala; 11. Nomes e áreas dos ambientes; 12. Patamares de escada; 13. Projeção dos patamares superiores da escada - as linhas tracejadas são as projeções dos patamares que não são vistos, aqueles que estão acima da seção do corte imaginário de observação (acima de uma altura entre 1,20 e 1,50 m referente ao piso). Esses patamares são representados normalmente na planta do próximo pavimento, onde é possível vê-los. 9 (Figura 2.1.4 - Planta Baixa Pavimento inferior com elementos circulados e enumerados segundo as informações citadas acima, adaptado de [2]). 10 (Figura 2.1.5- Planta do pavimento superior, [2]). 2.2 Cortes O desenho de um corte é feito com seção que se obtém através de um corte perpendicular ao plano do piso (Figura 2.2). Quase sempre uma única seção não é suficiente para demonstrar todos os detalhes do interior de uma obra, por isso geralmente são 11 necessários vários cortes que serão denominados “AA”, “BB”, “CC” e assim por diante quanto sejam os cortes. Eles podem ser cortes de seções transversais, longitudinais ou, em pouquíssimos casos, de seções diagonais. Como visto anteriormente, serão indicadas na planta baixa as posições dos cortes com setas indicando o sentido de observação. A representação do corte é dada apenas pelas informações à frente da linha de corte, no sentido da seta, e só aquilo que se pode ver. Por exemplo, um detalhe que se esconde atrás de uma parede, não é representado. (Figura2.2 - Plano de seção imaginário cortando verticalmente a edificação, [2]). (Figura 2.2.1 - Projeções dos elementos seccionados, que dará origem ao Corte, [2]) 12 Nos cortes estarão representadas todas as cotas que definem altura, algumas destas estão indicadas na figura 2.2.2: 1. Piso, 2. Pé direito, 3. Peitoril, 4. Forros, 5. Portas, 6. Janelas, 7. Nome do ambiente onde passa o corte, 8. Denominação dada ao corte e escala, 9. Indicação de inclinação de telhados. (Figura 2.2.2 - Corte BB, da Planta Baixa anterior, com numeração dos elementos citados acima, adaptado de [2]). (Figura 2.2.3 - Corte AA da Planta Baixa anterior, [2]). 13 2.3 Plantas de Locação e Cobertura As plantas de Locação e de Cobertura podem estar seperadas ou vir em um mesmo desenho. A planta de cobertura define a cobertura enquanto que planta de locação mostra como a obra estará situada no lote, mas âmbas são visualizações de uma vista superior, de forma que podem ser um único desenho. Nesta vista, você poderá ver a cobertura, o formato da obra, os recuos e espaçamentos dentro do lote ou de algum ponto de referência. Na Planta de locação será observado alguns itens indicados na figura 2.3: 1. Cotas que indicam recuos externos e afastamentos na edificação; 2. Dimensões externas do lote, terreno, etc; 3. Formato da edificação; 4. largura do passeio público; 5. largura da rua ou vias de acesso; 6. nomes das vias de acesso; 7. identificação da planta e escala. (Figura 2.3 - Planta de situação correspontende a Planta Baixa anterior, adaptado de [2]). Na planta de cobertura será observado alguns itens como os indicados na figura 2.3.1: 14 1. Águas (São planos inclinados da cobertura. Nesse caso, as águas estão numeradas identificadas como 1.0; 1.1; 1.2; 1.3); 2. Indicação do sentido de declinação das águas; 3. Cumeeiras e calhas( cumeeira são divisores de águas. Porém, nesse caso temos uma calha que divide as águas 1.1 e 1.2, e também coleta a água de chuva dessas águas juntamente com a água 1.0); 4. Cotas parciais e/ou totais ( nesse caso temos apenas a largura da calha); 5. Projeção do telhado; 6. Identificação da planta e escala. (Figura 2.3.1 - Planta de Cobertura correspondente a Planta Baixa anterior, adaptado de [2]). 2.4 Planta de Situação A Planta de Situação é uma vista superior que tem como objetivo mostrar o terreno em relação ao seu entorno, onde o lote está situado na quadra, por exemplo. Não estraremos muito em detalhes, pois é uma planta relativamente simples e de fácil entendimento. Porém, nesta planta estarão disponíveis informações como: 1. Curvas de nível; 15 2. Orientação (norte); 3. Vias de acesso, quadras e equipamentos urbanos (postes, árvores, etc.); 4. Denominação de edifícios, blocos, quadras, ruas e referências importantes; 5. Terreno, passeio e logradouro. Na figura 2.4 temos um exemplo deste tipo de planta. (Figura 2.4 - Planta de Situação, [3]). 16 2.5 Fachada As fachadas são vistas externas da edificação. Em geral, não são cotadas, pois as alturas são representadas nos cortes, porém, indicam as profundidades através das espessuras do traçado. Os elementos, como paredes, telhados, janelas e portas, visualizados mais próximos do observador serão representados por linhas mais espessas. Observe na figura 2.10, rotacionada para melhor visualização, a fachada da planta baixa apresentada anteriormente. (Figura 2.5 - Fachada Frontal correspondente à Planta Baixa anterior, [2]). 17 3. Detalhes das representações utilizados no desenho arquitetônico. 3.1 Representações de elementos construtivos 3.1.1 Paredes: (Figura 3.1.1 – Parede de tijolos e parede de concreto, [4]). (Figura 3.1.1.2 - Parede de meia altura, [4]). 3.1.2 Cotas: (Figura 3.1.2 – Cotas horizontais em planta baixa, [4]) 18 3.1.3 Cotas de níveis: (Figura 3.1.3 – Cotas de nível, [4]). 3.1.4 Porta e janela: (Figura 3.1.4 – Porta e janela- convenção mais comum em planta baixa, [4]). 3.1.5 Portas e portões: (Figura 3.1.5– Tipos de portas quanto à abertura das folhas, representadas em planta baixa, [4]). 19 3.1.6 Janelas: (Figura 3.1.6– Convenções de representação de janelas em planta baixa- Referência 22, [4]). 3.1.7 Escada: (Figura 3.1.7 - Escada em corte e em planta baixa, [2]). 20 3.1.8 Pisos: (Figura 3.1.8 – Pisos comuns e pisos impermeáveis representados em planta baixa, Adaptado de [4]). 3.1.9 Projeções: (Figura 3.1.9 – Representações de algumas projeções necessárias ao entendimento da planta baixa, como projeção do reservatório superior, da iluminação, dos degraus da escada, da cobertura e de uma pequena janela alta, [4]). 3.1.10 Forro e laje: (Figura 3.1.10 – Representação de elementos estruturais (vigas e lajes) e forro em corte, [4]). 21 3.1.11 Equipamentos hidráulicos: (Figura 3.1.11 – Equipamentos hidráulicos representados em planta baixa, [4]). 3.1.12 Elementos de Fundação: (Figura 3.1.12 – Representações de alguns elementos de fundação em corte, [4]) 3.2 Representações dos materiais. 22 (Figura 3.2- Representação de materiais utilizados em projetos arquitetônicos, [1]) 23 Referências bibliográficas ASSOCIAÇÃOBRASILEIRADENORMASTÉCNICAS-ABNT. NBR6492:Representaçãodeprojetosdearquitetura.RiodeJaneiro,1994 [1]. Desenho arquitetônico/L. Oberg – 22º edição – Rio de Janeiro : Ao Livro Técnico, 1979 [2]. <http://www.hidro.ufcg.edu.br/twiki/pub/IanaRufino0/ProjetoAssistidoPorComputadorI/Dese nhotcnicoEMARQUITETURA.pdf> [3]. <https://wiki.ifsc.edu.br/mediawiki/images/0/0d/ARU_TMC_PBA_Apostila_Parte_A.pdf >[4] . <http://professor.ucg.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/13869/material/Apresenta%C3% A7%C3%A3o%20Normas%20ABNT%20Desenho%20T%C3%A9cnico.pdf> [6]. MONTENEGRO, Gildo. DesenhoArquitetônico. SãoPaulo: Edgard Blücher, 1978 [5].