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há desigualdade na igualdade

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Segundo Sueli Carneiro, líder e ativista de movimentos de direitos dos negros e pertencente ao Conselho Deliberativo da Care Brasil, "o primeiro receio que o debate sobre a diversidade provoca é que se preste à despolitização dos processos de exclusão e discriminação que os "diferentes" sofrem em nossa sociedade, ou seja, a forma pela qual historicamente esse "diferente" vem sendo construído, em oposição a uma universalidade cultural branca e ocidental supostamente legítima para se instituir como paradigma, segundo o qual a identidade ou a diferença dos diversos povos da terra sejam medidas.
Estas questões vêm à tona quando falamos de diversidade como sinônimo de diferença. Por anos viveu-se a hegemonia dos iguais, ficando difícil romper com essa visão e perceber que a diversidade não é problema. A promoção da diversidade como valor é a condição que viabiliza o surgimento do novo.
 Perante a lei todos deveriam ter direitos iguais, mas o que se é visto é que isso não se aplica ao dia-a-dia. Por exemplo: numa situação de dois clientes numa loja de roupas, sendo um branco e um negro, ambos deveriam ser atendidos de maneira igualitária, mas a pessoa de cor de pele mais escura provavelmente seria atendido com receio, ou seja, onde deveria haver similitude existe na verdade diversas disparidades.
É bem perceptível essa diversidade dentro das igualdades, quando falamos nas inúmeras diferenças que existem. Educação, saúde, lazer, etc. Ao falar de educação, geralmente nos remete apenas as escolas. Claro que as escolas têm papel fundamental nesse processo de formação, mas, a educação vem bem antes das escolas, nos laços familiares, que não por coincidência na grande maioria dos casos, já se encontra desestruturados por conta de um dos fatores, a desigualdade. Quando paramos para observar a desigualdade, percebemos que isso é um ciclo, do qual a minoria consegue sobressair. 
Uma filha (o) que já vem de um berço familiar onde provavelmente seus pais nem tenham terminado o ensino médio ou que estejam afetados emocionalmente, provavelmente vão ter dificuldades para conseguir vivenciar essa nova fase, que é ter um filho. Por conta dessas desigualdades, gera uma serie de acontecimentos que só vão aprofundar ainda mais o grau de estabilidade dessa família. Como a falta de emprego, de moradia, de estabilidade emocional, etc. Isso vai afetar diretamente no individuo, fazendo com que ele passe a desenvolver vícios, como o alcoolismo, drogas e doenças, como depressão. Logo, isso irá influenciar diretamente no comportamento da criança. Que provavelmente, também vai reproduzir o comportamento dos seus pais ou do ambiente em que cresceu. 
Isso é uma realidade que está o tempo todo na nossa frente, no nosso dia a dia. A dificuldade que uma criança que mora em uma comunidade encontra para poder chegar até uma escola, muitas vezes passa despercebida por nós. Como a locomoção até a escola, matérias, apoio familiar, contato direto com os traficantes, isso tudo vai influenciar na formação e com certeza na vida da criança que está constantemente vivendo essa realidade.
A criança submetida diariamente a essa situação, por muitas vezes, termina cedendo e entrando para o mundo do crime. E mais uma vez, se repete o ciclo da desigualdade. 
Não é atoa que os indicies de criminalidade são tão altos e vindos das comunidades. Isso remete ao racismo que existe no Brasil, que contribui ainda mais com a desigualdade na própria comunidade. 
A população negra é a mais afetada pela desigualdade e pela violência no Brasil. É o que alerta a Organização das Nações Unidas (ONU). No mercado de trabalho, pretos e pardos enfrentam mais dificuldades na progressão da carreira, na igualdade salarial e são mais vulneráveis ao assédio moral, afirma o Ministério Público do Trabalho.
De acordo com o Atlas da Violência 2017, a população negra também corresponde a maioria (78,9%) dos 10% dos indivíduos com mais chances de serem vítimas de homicídios.
Ao ser confrontado com as estatísticas, o racismo brasileiro, sustentado em três séculos de escravidão e muitas vezes minimizado pela branquitude nativa, revela-se sem meias palavras. (https://www.cartacapital.com.br/sociedade/seis-estatisticas-que-mostram-o-abismo-racial-no-brasil).
Então nunca se fez tão presente a frase de Haile Selassie “Enquanto a cor da pele, for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerras”.

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