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Caso clínico tentativa de suicídio por paracetamol

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TENTATIVA DE SUICÍDIO POR PARACETAMOL – RELATO DE CASO 
Vianna R.L.1; Ribeiro P.R. 1; Gavioli I.2; Sebben V.C.1. 
 
1Núcleo de Análise Laboratorial (NAL), 2 Núcleo de Atendimento de Urgência, Centro de 
Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul (CIT/RS), Fundação Estadual de Produção e 
Pesquisa em Saúde (FEPPS), Porto Alegre, RS. 
Introdução: O suicídio é uma das dez maiores causas de morte em todos os países, sendo um 
grave problema de saúde pública. As tentativas de suicídio (TS) devem ser encaradas como um 
fenômeno em ascensão na nossa sociedade envolvendo questões sociais, psicológicas, 
econômicas e culturais e ocorrem, principalmente, na faixa etária de 15 a 49 anos, sendo 
significativamente maior entre 20 a 29. Em 2012 foram registrados no CIT/RS 6623 casos de 
intoxicação por medicamentos, 3457 (52,2%) casos foram por TS e destes 614 (17,8%) por 
paracetamol, sendo superado apenas pelos benzodiazepínicos, antidepressivos e 
anticonlvulsivantes. O paracetamol é um analgésico-antipirético aparentemente inócuo, mas com 
potencial altamente tóxico, facilmente encontrado nas residências por não necessitar de 
receituário médico especial e baixo valor de venda. 
Objetivo: Reforçar a importância da análise laboratorial nos casos de intoxicação por paracetamol 
uma vez que os sinais e sintomas apresentados pelos pacientes não são significativos nas 
primeiras 24h decisivas para o uso do antídoto. O diferencial do caso relatado abaixo é a alta taxa 
encontrada na análise quantitativa do soro, caso raro no laboratório. 
Relato do caso: Foi atendido pelo plantão do CIT/RS o caso de um paciente do sexo masculino 
de 18 anos de idade, torporoso, Glasgow 15, com tremores e vômito. O paciente relatou ter 
ingerido, 5h antes, 48 comprimidos de paracetamol de 750mg, 18 comprimidos de paracetamol 
em associação de 400mg e 10 comprimidos de diazepam de 10mg em TS, totalizando uma 
quantidade 3 vezes maior que a dose letal do paracetamol. O plantão do CIT/RS indicou 
tratamento sintomático e terapia com n-acetilcisteína (NAC) devido à gravidade do caso, pois 
atingiu a dose letal. Foram solicitados exames laboratoriais e o envio de amostra biológica ao 
laboratório de análise de emergência do CIT/RS para a quantificação sérica do paracetamol por 
espectrofotometria visível a 430nm. O valor sérico, decorridas entre 5h e 7h30min da exposição, 
foi superior a 300mg/L (linearidade do método de 20 a 300mg/L). Segundo a interpretação através 
do Nomograma de Rumack-Matthew, este resultado indica severo dano hepático, o paciente 
recebeu as 17 doses de NAC e permaneceu internado por 7 dias. Os valores das enzimas 
hepáticas, TGO e TGP, foram variando ao longo da internação. Inicialmente foram de 21 e 18 
UI/L, no terceiro dia 150 e 122 UI/L, no quinto dia 227 e 70 UI/L e no sexto dia 191 e 39 UI/L, 
respectivamente. Houve melhora progressiva da função hepática, evoluindo à alta hospitalar. 
Conclusão: A análise da concentração sérica de paracetamol confirma a suspeita e o resultado 
não só tem valor preditivo diagnóstico como também avalia o risco de hepatotoxicidade, indicando 
o uso ou não do antídoto específico NAC.

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