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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE INSTITUTO DE ENGENHARIA E TECNOLOGIA – IET CURSO DE GEOLOGIA RELATÓRIO DE DEPÓSITOS MINERAIS BELO HORIZONTE MARÇO - 2018 MATHEUS BARRETO MOREIRA MATHEUS FRAGA FREITAS VINICIOS SEBASTIAN MACHADO RELATÓRIO: Depósitos de Ferro de Carajás (PA), Serra Norte Relatório apresentado ao Instituto de Engenharia e Tecnologia, Curso de Geologia, Turma GLI5AN-ESA, como requisito para aprovação na disciplina Depósitos Minerais Brasileiros. Professora: Camila Marques dos Santos BELO HORIZONTE MARÇO - 2018 Sumário 1. Introdução ........................................................................................................................... 4 2. Histórico da descoberta e Infraestrutura ............................................................................. 4 3. Contexto geológico regional e Posicionamento tectono-estratigráfico .............................. 5 4. Sequência das rochas encaixantes ....................................................................................... 6 5. Idade das rochas encaixantes .............................................................................................. 6 6. Descrição do depósito ......................................................................................................... 7 6.1 Posicionamento no ambiente encaixante ......................................................................... 7 6.2 Estrutura do corpo de minério ......................................................................................... 8 6.3 Textura e mineralogia do minério ................................................................................... 9 6.4 Geoquímica do minério ................................................................................................. 10 6.5 Alteração associada ao minério - supergênica ou hipogênica? ..................................... 10 6.6 Características dos fluidos mineralizantes .................................................................... 11 6.7 Algoma ou Lago Superior? ........................................................................................... 11 6.8 Idade da mineralização .................................................................................................. 12 6.9 Assinatura geoquímica .................................................................................................. 12 6.10 Assinatura geofísica ...................................................................................................... 12 6.11 Tonelagem e teor ........................................................................................................... 14 7. Modelo metalogenético ..................................................................................................... 14 8. Síntese ............................................................................................................................... 14 9. Critérios exploratórios ...................................................................................................... 14 10. Referências .................................................................................................................... 16 Anexo ....................................................................................................................................... 18 Lista de Figuras FIGURA 1-A: Localização e vias de acesso ............................................................................. 4 FIGURA 1-B: Imagem de satélite da Província Mineral de Carajás ........................................ 4 FIGURA 2-A: Quadro tectonoestratigráfico de Carajás .......................................................... 5 FIGURA 2-B: Mapa geológico simplificado da Serra de Carajás ............................................5 FIGURA 3: Seção geológica do depósito N5E ........................................................................6 FIGURA 4: Rochas da Serra Norte .......................................................................................... 7 FIGURA 5-A: Blocodiagrama da geologia estrutura da Província .......................................... 8 FIGURA 5-B: Seção geológica de N5E ................................................................................... 8 FIGURA 6: Amostra de jaspilito de Carajás ............................................................................ 9 FIGURA 7: Perfis geofísicos ..................................................................................................13 4 1. Introdução O minério de ferro é um dos grandes motores da economia brasileira e mundial, a grande maioria desses minérios hematíticos de alto teor – entre 60 e 67% de ferro – provém do enriquecimento das BIF’s (Banded Iron Formation) do Pré-cambriano, sendo que duas das maiores reservas minerais de ferro estão localizadas no Brasil – Quadrilátero Ferríferro (MG) e Carajás (PA). Nesse relatório aborda-se as características dos depósitos minerais de Carajás – Serra Norte -, que correspondem a nove corpos mineralizados (N1 a N9), com espessura aproximada de 250 a 300 metros e comprimento variando de centenas de metros a dezenas de quilômetros (LOBATO, 2005), e que têm, segundo Hasui et al., (2012), teores médios de 66% de Fe e reservas aproximadas de 18 bilhões de toneladas (segundo o primeiro cálculo realizado de estimativa de reserva e avaliação). Entre as jazidas mais importantes, produtoras de minério de ferro da Serra Norte estão as N4E, N4W-N, N5W e N5E. 2. Histórico da descoberta e Infraestrutura • 1967 – Descoberta do minério de ferro de Carajás por um grupo de geólogos da Companhia Meridional de Mineração (CMM), subsidiária da U. S. Steel Corporation (HASUI et al., 2012), que em seguida viria a transforma-se em Amazônia Mineração S.A., formada pela Companhia Meridional de Mineração e pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD); • 1984 – Início das operações da CVRD; • 1997 – Com a privarização da estatal, a CVRD transformou-se na atual VALE S.A.; • 2007 – Alcançada a marca de 1 bilhão de toneladas de minério extraído; • 2016 – Relatório anual da VALE estima que todo o minério economicamente viável da Serra Norte (LOM) esgotará em 2034. Cabe resaltar que o pico da produção nesse setor ainda não foi atingido. Figura 1: (A) Localização e vias de acesso, com a Província Mineral de Carajás preenchida na cor vermelha. (B) Imagem de satélite com destaque para as serras Norte, Sul e Leste e a cidade de Parauapebas contornada na cor vermelha. A Província Mineral de Carajás (PMC) situa-se na parte oriental do Cráton Amazônico(Figura 1) no leste-sudeste do estado do Pará, estendendo-se por cerca de 355 km no sentido aproximadamente E-W e atravessa parte de 5 municípios. Localiza-se no interflúvio entre a Bacia do Tocantins à leste e pelas sub-bacias do Rio Fresco e do Rio Xingu à oeste (HASUI et al., 2012). O acesso principal para a PMC se dá pela Rodovia 5 Transamazônica e a escoação do minério pela Estrada de Ferro Carajás (EFC), com seus 892 km de extensão, ligando Parauapebas-PA - cidade com 202.356 habitantes (IBGE/2017) – a São Luís-MA. 3. Contexto geológico regional e Posicionamento tectono-estratigráfico De acordo com Tassinari etal., (2000), Carajás resume-se em uma Bacia neoarqueana, sobreposta a um embasamento mesoarqueano a neoarqueano, e contém rochas de complexos ígneos e metamórficos, que serão abordadas adiante. A Provínciaé definida por sequências vulcanossedimentares que experimentaram efeitos de dobramento regional, falhamento transcorrente, metamorfismo de contato e/ou metassomatismo ao redor de domos graníticos, além de alteração hidrotermal relacionada a diversos eventos de mineralização. A soma de todos esses fatores afetaram as sequências de forma heterogênea, resultando no contato de litologias semelhantes, mas com graus distintos de alteração hidrotermal, metamorfismo térmico e intensidade de deformações. Figura 2: (A) Quadro tectonoestratigráfico de Carajás. Modificado de Pinheiro et al., (1997). (B) Mapa geológico simplificado da Serra dos Carajás. Modificado de Monteiro et al., (2007). Há uma subdivsão da PMC nos domínios: Sul (Rio Maria), que possui idade mesoarqueana, constituído por terrenos do tipo granito-greenstone; e Norte (Carajás), de idade predominantemente neoarqueana, constituído por sequências vulcanossedimentares e granitóides, recoberto a oeste por rochas de idade paleoproterozoicas pertencentes ao domínio Bacajá da Província Geológica Transamazonas, a leste pela faixa móvel Araguaia, de idade neoproterozoica e a sul pelo já citado domínio Rio Maria (ASSIS, 2013). O Complexo Xingu – embasamento cristalino – é constituído por TTG’s, com anfibolitos intercalados e intrusões tonalíticas - idade de 2.8 Ma (MACHADO et al., 1991). Núcleos pequenos de ortogranulitos denominados Complexo Pium – idade de 3 Ma (PIDGEON et al., 2000) podem ser individualizados na porção sul do domínio Carajás (ASSIS, 2013). 6 Uma sucessão de rochas vulcanossedimentares representam as supracrustais que indicam o Supergrupo Itacaiúnas, que congrega ainda os Grupos Igarapé Salobo, Igarapé Pojuca, Igarapé Bahia, Buritirama e que sustentam as serras e platôs da região de Carajás, além do Grupo Grão Pará, que detém as mineralizações de ferro da PMC.O Grupo Grão Pará é dividido em duas sequências pelaovulcânicas, inferior e superior, separadas pela Formação Carajás: uma sequência vulcânica máfica na base denominada como Formação Parauapebas e uma sequência vulcânica básica no topo, conhecida como Formação Igarapé Cigarra. (ASSIS, 2013). Essas unidades registram diferentes graus metamórficos, desde fácies xisto verde a fácies granulito, entre idades em torno de 1.9 e 3Ga (Figura 2-A). 4. Sequência das rochas encaixantes Apesar de o Grupo Grão Pará estar sotoposto ao Complexo Xingu, de acordo com Lobato et al., (2005) as encaixantes do depósito são formadas por rochas metamáficas e rochas metamáficas hematitizadas. Essa constatação é balisada por análises de amostras de furos de sondagem de N4 e N5, que apresentam derrames máficos em contato com o jaspilito hospedeiro da mineralização. Há uma forte cloritização nas rochas vulcânicas que fazem contato com o minério e essas rochas estão parcialmente hematitizadas, com cristalização de hematita em quantidades variadas, indicando que esse contato fora um importante local de fluxo de fluido (LOBATO et al., 2005). Figura 3: Seção geológica do depósito N5E, mostrando a relação entre as rochas máficas e o minério de ferro. Zucchetti (2007). 5. Idade das rochas encaixantes Apesar de exsitirem diversos estudos geocronológicos que determinam a idade das formações ferríferas, não foi encontrado informações na bibliografia disponível sobre a idade das encaixantes imediatas do depósito. 7 6. Descrição do depósito A BIF hospedeira da mineralização de ferro de Carajás é um jaspilito meso e microbandado, intercalado em rochas vulcânicas máficas, sendo a mineralização de ferro associada ao contato inferior jaspilito-máficas. Grande quantidade de hematita está presente nas rochas máficas, indicando que a alteração hidrotermal nos jaspilitos afetou também as rochas encaixantes do minério (ZUCCHETTI, 2007). 6.1 Posicionamento no ambiente encaixante Segundo Zucchetti (2007), existe uma forte ligação entre os corpos de minérios de ferro de alto teor da PMC e as formações ferríferas do Grupo Grão Pará. Esses mesmos corpos pós- datam o metamorfismo e todos os eventos de dobramento e cisalhamento registrados na Província, no entanto, essa relação de mineralização com as intrusões de granitóides com idade de 1,88 Ga ainda não puderam ser comprovadas e aceitas de forma convincente pela comunidade científica, dado à falta de material publicado. No entanto, o maior corpo ígneo da Província – Granito Central de Carajás – situa-se em áreas próximas das estruturas dobradas e cisalhadas da região e, justamente essas estruturas podem ter agido como condutos preparatórios e reservatórios para fluidos hidrotermais de origem magmática, em posição distal, sendo esses os responsáveis pela mineralização. Desta feita, os corpos gigantescos de alto teor da Serra Norte desenvolveram-se em zonas de maior permeabilidade, localizadas na zona de charneira de escala quilométrica do antiforme da Dobra Carajás. A formação ferrífera foi também rompida, desmembrada e duplicada através do falhamento que provocou adcionalmente translação e rotação de blocos (ZUCCHETTI, 2007). Figura 4: (A) Contato da rocha vulcânica máfica com minério compacto de alto teor (HD). Depósito N4E. (B) Basalto substituído por clorita e hematita, cortado por veios preenchidos por hematita. Depósito N4E. (C) Nível de basalto entre duas camadas de minério compacto. Depósito N5EF571. (D) Detalhe da foto anterior. (E) Ilhas de rocha máfica preservada (MP) envolvidas por rocha máfica alterada hidrotermalmente (MA), esta última é provavelmente constituída por clorita e hematita. Zucchetti (2007). 8 De acordo com Beisingel et al. (1973, apud Lobato et al., 2005), as rochas encaixantes presentes estão associadas a quase exclusivamente às máficas do Grupo Grão Pará, que são constituídas por derrames intercalados com níveis piroclásticos, cortados por diques e soleiras de gabro/diabásio, estando essas em contato com o jaspilito hospedeiro. Já os riolitos, lapilitufos e tufos estão associados ao pouco vulcanismo félsico sofrifo na região. Pela associação com as formações ferríferas, o ambiente de deposição associado é o submarinho, com presença de hialoclastitos, texturas características de espilitização e valores isotópicos de oxigênio que sugerem alteração por água do mar (TEIXEIRA, 1994 apud LOBATO et al., 2005). No geral essas encaixantes são relacionadas a rochas vulcânicas (Figura 4-A), vulcanoclásticas e diabásios subordinados. Localmente podem apresentar níveis de chert e pelitos intercalados nos derrames máficos, estando todo esse conjunto metamorfisado na fácies xisto verde, com preservação de texturas originais. Essas rochas máficas demonstram estarem afetadas por intensa alteração hidrotermal que vai desde a substituição de constituintes primários, com preservação de texturas, até a transformação total da rocha original em hematita, clorita e cliritito (LOBATO et al., 2005). 6.2 Estrutura do corpo de minério Os depósitos de ferro da Serra Norte estão dispostos ao longo da Dobra de Carajás (Figura 5-A), contendo jaspilitos e hematita friável e compacta, contornados por rochas máficas vulcânicas (LOBATO et al., 2005). O minério hematítico ocorre como corpos friáveis de formato tabular a lenticular que envolvem lentes de corpos de minério duro, ambos inclusos em jaspilito (Figura 5-B). Diques e sills de rochas máficas (diabásio) são comuns, com espessuras de até algumas dezenas de centímetros,intercalados no minério (CVRD, 1996 apud LOBATO et al., 2005). Figura 5: (A) Blocodiagrama esquemático mostrando a estrutura regional interpretada da PMC e arredores. Destaque para a Dobra de Carajás e depósito N4 da Serra Norte, contornados de vermelho. A escala horizontal é aproximada e a vertical exagerada. A charneira mergulha entre 20 e 35º W. Adaptado de Rosière et al., (2006). (B) Seção geológica de N5E, mostrando o minério em corpos lenticulares dentro dos derrames máficos. Um corpo de jaspilito (JP) está envolvido por minério friável de alto teor (HM) e este faz contato com o minério compacto de alto teor (HD), que por sua vez é totalmente envolvido por rocha sã e decomposta (MS e MD). CVRD/GAJAN. Extraída de Lobato et al., (2005). 9 Os minérios de ferro de alto teor ocorrem na forma de corpos tabulares de hematita friável que contêm lentes de hematita compacta (GUEDES et al., 2002) e são constituídos por hematita, magnetita martitizada e, localmente, carbonato, sendo cortados por veios/vênulas de quartzo e carbonato (FIGUEIREDO E SILVA et al., 2004). Os corpos de hematita friável (hematita mole – HM) ocorrem na forma pulverulenta muito fina e na forma de bandas milimétricas de hematita lamelar muito fina, intercalada com hematita pulverulenta (ZUCCHETTI, 2007). Segundo Guedes et al., (2002), os copos de hematita compacta, também denominada hematita dura (HD) (Figura 5-B), ocorrem principalmente perto do contato com rochas vulcânicas inferiores e são envolvidos por auréola de carbonato de alteração hidrotermal. Os contatos são concordantes e geralmente abruptos, podendo ocorrer localmente contatos gradacionais e interdigitados. Perto dos contatos, as rochas vulcânicas estão alteradas e parcialmente hematitizadas (com ± magnetita), apresentando brechas hidráulicas, vugs preenchidos por carbonato, quartzo, caulinita e hematita microlamelar, veios de quartzo- hematita e agregados fibrosos de clorita. No topo dos corpos de minério, perto do contato com as rochas vulcânicas superiores, veios de quartzo sacaroidal são mais comuns do que veios com dolomita. 6.3 Textura e mineralogia do minério O protominério dos depósitos de ferro da Serra Norte é o jaspilito, que é constituído basicamente por óxidos de ferro, jaspe, chert e quartzo, além de carbonatos subordinados. Hematita e magnetita são os opacos predominantes, sendo que ocorrem nas seguintes formas e texturas: Hematita microcristalina (Hm), microlamelar (Hml), anédrica-subédrica (Ha) e euédrica-subédrica (He), tabular (Ht), além da magnetita (Mg), Martita (Mt) e kenomagnetita (Mg). Figura 6: Foto de uma amostra de jaspilito de Carajás (Ref.: PS-2002), retirada do Laboratório de Petrografia do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Descrição: Rocha sã, de coloração predominantemente avermelhada. Trata-se de uma BIF, metassedimentar química, que apresenta bandas alternadas, milimétricas a centimétricas de jaspe com hematita. A Amostra possui estruturas deposicionais, tais como laminação plano- paralela e estrutura de escavação e preenchimento (scour-and-fill) – pequenos grânulos que preenchem as faixas de jaspe. Destaca-se aqui a Hml, exemplo mais comum nesse tipo de depósito, que são formadas por cristais placóides, apresentando-se comumente em seção losangular, com comprimento até 4μm. Formam cristais lamelares delgados, ou ainda aciculares e fibrosos, e se 10 desenvolvem aproveitando espaços para se cristalizarem (paredes de veios e cavidades), crescendo às custas de Mt ou Hm (ROSIÈRE et al., 2001 apud LOBATO et al., 2005). Os jaspilitos caracterizam-se pela presença de microbandamento e mesobandamento, onde intercalam-se bandas de chert impregnado por hematita fina e bandas de óxidos de ferro. A granulação é predominantemente fina e a textura granoblástica. O microbandamento é definido pela alternância de finos níveis de hematita e bandas de jaspe. Feições resultantes da compactação diferencial, como pods e afinamento de bandas podem ser observadas. Esferulitos formados por hematita fina e chert ocorrem em bandas de jaspe. Hm e chert podem estar intercrescidos irregularmente. Rara hematita lamelar pode ocorrer associadas a chert e Hm. Finas faixas de agregados de hematita estão presentes. Nelas são observadas lâmelas de crescimento. 6.4 Geoquímica do minério Através de estudos feitos por Lobato et al., (2005), dos jaspilitos dos depósitos N1, N4 e N5, foi observado que amostras de N4W e N5E exibem uma correlação negativa caracterizada pela diminuição progressiva de Fe2O3 à medida que SiO2 aumenta. Conteúdos de Fe2O3total variam entre 48, 63,24 e 68% (34,17 a 44,23% de Fe) e SiO2 entre 35 e 50%. Esse trend é geralmente utilizado na literatura para demonstrar a variação composicional entre bandas ricas em ferro e bandas ricas em sílica de variados tipos de BIF’s. Duas amostras de jaspilito de N4W analisadas por Lobato et al., (2005) exibem teores elevados de Fe2O3, cerca de 80%, que equivale a aproximadamente 60% de Fe, tratando-se de amostras mineralizadas. Uma delas está brechada, com nódulos de minério do tipo HD e a outra é de minério do tipo HD. Os minérios apresentam alta concentração de ferro, com amostras de N1 exibindo teores entre 68,22 e 69,65% de Fe e de N5E entre 64 e 67,5%, além de baixíssimo conteúdo de SiO2, com exceção de algumas amostras dos depósitos N4E e N5E, que contêm carbonato e em uma delas clorita (teores de Fe variam entre 43 e 47%). Em relação à variação MnO versus Fe2O3, observou-se uma semelhança entre as amostras de jaspilitos, com concentração muito baixa de MnO, enquanto ocorre um aumento significativo de Fe2O3. Já os minérios contêm até 0,5% de MnO, e uma amostra apresenta cerca de 1,5% com teores elevados de Fe2O3 (entre 60 e 100%). Jaspilitos da Formação Carajás analisados por Macambira (2005) contêm 24 a 65% em SiO2 e 32 a 70% de Fe2O3total. Segundo dados de Tolbert et al., (1971) e Beisiengel et al., (1973), jaspilitos dos depósitos de ferro de Carajás contêm 17,11 (24,44% Fe2O3) a 43,40% (62% Fe2O3) de Fe e 35,10 a 60,84% de SiO2. Uma amostra de rocha máfica, muito rica em hematita, apresenta concentração de Fe2O3 de 54,28% (38% Fe) e cerca de 20% de SiO2. 6.5 Alteração associada ao minério - supergênica ou hipogênica? Durante algum tempo houve quem afirmasse que a origem do minério de ferro de Carajás fosse somente por influência supergênica, no entanto, com o passar dos anos e o desenvolver dos estudos, viu-se que não é bem assim. Além do minério supergênico, foi evidenciado que grande parte do corpo mineralizado provém do hidrotermalismo altamente ativo que atingiu a região. Para Tolbert et al., (1971), o minério de ferro formou-se pela lixiviação da silica das formações ferríferas por meio de águas meteóricas, o que resultou no enriquecimento residual dos óxidos de ferro e na formação dos atuais corpos de minério, entretanto, Beisiegel et al., 11 (1973) propuseram uma origem hipogênica para a hematita compacta com substituição metassomática do quartzo, baseados na associação de lentes de hematita compacta com diques básicos, sugerindo que a ação magmática forneceu calor ao processo metassomático; nas áreas com controle estrutural, onde a deformação foi mais intensa, o calor necessário seria resultado de deformação tectônica. Para os minérios friáveis, os autores propuseram um enriquecimento supergênico. Origem supergênica também é defendida por Dardenne & Schobbenhaus (2001), para os quais o minério formou-se pela atuação dos mecanismos de alteração laterítica que provocaram dessilicificação dos jaspilitos e uma concentração residual da hematita. 6.6 Característicasdos fluidos mineralizantes Segundo Lobato et al., (2005), a mineralização de ferro se desenvolveu no Paleoproterozoico sobre rochas exumadas da sequência metavulcanossedimentar arqueana. A preparação estrutural arqueana aumentou a permeabilidade das rochas, permitindo e facilitando o fluxo de fluido mineralizador em ferro e o desenvolvimento diferenciado de corpos de alto teor. De acordo com Zucchetti (2007), o conjunto de dados obtido permite propor que um único fluido mineralizador em ferro era dominantemente rico em H2 Fe-CO2, relativamente redutor e mais quente que as rochas encaixantes. O fluido continha espécies como S±U±Au e interagiu com as rochas encaixantes ao longo de canais de fluxo de fluido em regime de deformação rúptil-dúctil, em condições crustais epitermais. A força motora capaz de gerar esses depósitos de ferro foi um sistema hidrotermal ígneo, relativamente raso. Dessa forma, os depósitos de ferro de Carajás poderiam representar um membro de baixa temperatura do sistema hidrotermal iron oxide-copper-gold deposits-IOCG da província, envolvendo fluidos de origem ígnea, como também, possivelmente, de origem meteórica. 6.7 Algoma ou Lago Superior? Com relação ao tipo geológico do protominério, os depósitos de ferro de Carajás apresentam uma situação interesante: o ambiente vulcanogênico e a idade apontam para uma BIF do tipo Algoma, mas o tamanho e a continuidade lateral são característicos do tipo Lago Superior. BIF’s no geral têm tamanho médio de 170 Mt @ 53% Fe. Esse pode ser considerado um valor médio máximo para BIF’s tipo Algoma, já que são normalmente de porte menores que as do tipo Lago Superior. Assim, as BIF’s de Carajás representam uma anomalia em termos de tamanho e persistência lateral dentro do tipo Algoma, sendo então constituída de maneira alternativa como BIF do tipo Carajás (HOPPE et al., 1987 apud MARTINI 2003). 12 6.8 Idade da mineralização A mineralização de ferro desenvolveu-se no Paleoproterozoico sobre rochas de idade arqueana da sequência metavulcanossedimentar. Esses depósitos estão associados com as formações ferríferas do Grupo Grão Pará, embora quantidades significativas de óxido de ferro ocorram associadas com outras rochas hospedeiras e por vezes associadas aos minério de Cu- Au e Au, incluindo as unidades máficas intercaladas com as formações ferríferas. Amostras de jaspilito foram submetidas a análise pelo método Sm-Nd e produzem um isócrona indicando a idade de 2593 ± 260 Ma. Dado que o método Sm-Nd representa elevada incerteza analítica, a idade obtida através das análises é comparável com os resultados U-Pb em zircão obtidos por Trendall et al., (1998), que estabelecem a idade mínima para a Formação Carajás, datada por um sill máfico a 2740 ± 8 Ma. 6.9 Assinatura geoquímica De acordo com o estudo geoquímico dos jaspilitos da Serra dos Carajás (Meirelles, 1986; Meirelles & Dardenne, 1993) obteve-se resultados amostrados referentes a teores muito baixos em alumínio, elementos alcalinos e alcalino-terrosos. Pequenas anomalias de V, Ti, Cu e Zn, com valores intermediários entre os registrados para as BIF’s do tipo Lago Superior e Algoma, com uma ligeira anomalia positiva em európio. Um espectro de distribuição das teras raras muito semelhante ao espectro observado para as vulcânicas máficas da unidade inferior, notando-se um ligero enriquecimento em ETR’s. A origem dos jaspilitos em questão está relacionada à precipitação química de bandas silicosas e ferrugionosas, a partir de fluidos hidrotermais oriundos da lixiviação dos basaltos pelas circulações convectivas da água do mar infiltrada em profundidade nas fraturas geradas pelo rifteamento. Internacionalmente, os depósitos que mais se assemelham à formação ferrífera do estabelecido “Tipo Carajás” são os do Complexo Imataca, NW do Cráton Amazônico, na Venezuela. 6.10 Assinatura geofísica O principal método geofísico utilizado na exploração de minério de ferro na região foi a magnetometria, devido à presença de magnetita como mineral de minério, o que caracterizava as anomalias magnéticas como um critério exploratório, porém o predomínio de hematita em diversos depósitos levou à necessidade da utilização de outros métodos auxiliares na exploração, como por exemplo, a aerogravimetria gradiométrica (FLIS, 2008; DALSTRA & FLIS, 2008; BRAGA, 2009; ZACCHI et al., 2010). O estudo de depósitos de ferro na região é feito principalmente por furos de sondagem, a fim de obter maior detalhe na caracterização do corpo de minério e regionalmente utilizando geofísica aérea (ASSIS, 2013). Atualmente, métodos geofísicos como aerolevantamentos e sísmicos, desempenham um papel importante na exploração do minério de ferro na PMC, principalmente devido a uma espessa camada de laterita que impede a análise geológica direta das rochas, entretanto, os métodos aerogeofísicos não têm resolução para definir variações locais em profundidade. 13 A análise dos dados gamaespectrométricos, através da composição colorida RGB KeTheU possibilita a individualização de assinaturas associadas com as formações ferríferas aflorantes, correlacionadas à Formação Carajás, através dos baixos teores dos radioelementos K, eTh e eU. Os dados aeromagnéticos permitem a identificação de feições magnéticas e estruturas interessantes sob o ponto de vista prospectivo, gerando a possibilidade de observação de corpos mineralizados com alto teor em Fe que não são mapeados ou que apresentam baixo gradiente na amplitude do sinal analítico. Em Carajás, pode-se observar a perda do magnetismo em função da oxidação presente no minério de ferro. A gradiometria gravimétrica do sistema Full Tensor Gravity Gradiometry (3D-FTG) mapeia em detalhe a formação ferrífera tanto em superfície quanto em subsuperfície, em função do contraste de densidade com as encaixantes. Métodos terrestres de sísmica de refração rasa e eletrorresistividade são utilizados com a finalidade de identificar a interface entre o minério de ferro e as demais litologias. A utilização desses métodos permite a contrução de modelos geofísicos, tendo como base os resultados obtidos e a comparação com as informações de sondagem disponíveis, buscando evidenciar o potencial destes métodos como ferramentas na fase de pesquisa dos depósitos de minério de ferro. Figura 7: (A) Comparação entre resultado da sísmica (interface tracejada escura) e eletrorresistividade em conjunto com o perfil de sondagens, e indicação da posição dos tiros da sísmica. (B) Modelo geofísico interpretativo integrando resultados de sísmica de refração e eletrorresistividade. Nogueira (2014). 14 6.11 Tonelagem e teor Os dados de produção disponibilizados compreendem toda a Formação Carajás e não apenas Serra Norte. A produção atual da jazida de Carajás é da ordem de 360 a 380 Mt/ano de minério, com teor médio de 60 a 67% Fe. Reservas de aproximadamente 18 bilhões de toneladas de minério são estimadas para os três distritos Serra Norte, Serra Sul e Serra Leste (COELHO, 1986; DARDENE & SCHOBBENHAUS, 2001; GUEDES et al., 2002). 7. Modelo metalogenético O domínio Carajás apresenta enormes depósitos de minério de ferro de alto teor, a maior conhecida no planeta, de depósitos de óxido de Fe-Cu-Au, de classe mundial e um dos exemplos mundiais de depósito de Au-EGP associado a rochas metassedimentares. Depósitos de Cu-Au sem associação com óxidos de ferro ou polimetálicos, depósitos de cromo e níquel- EGP associados a intrusões máfico-ltramáficas acamadadas, depósitos manganesíferos sedimentares e depósitos lateríticos de Au, Ni e bauxita que apresentam elevadaimportância econômica. 8. Síntese Localizado na parte oriental do Cráton Amazônico, a Provincia Mineral de Carajás é considerada uma das maiores reservas de Fe de alto teor do mundo. Carajás resume-se em uma Bacia neoarqueana, sobreposta a um embasamento mesoarqueano a neoarqueano, e contém rochas de complexos ígneos e metamórficos. A mineralização de ferro desenvolveu-se no Paleoproterozoico sobre rochas de idade arqueana da sequência metavulcanossedimentar. Os depósitos de ferro da Serra Norte estão dispostos ao longo da Dobra de Carajás, que possuem como rocha hospedeira o jaspilito meso e microbandado, intercalado em rochas vulcânicas máficas, sendo a mineralização de ferro associada ao contato inferior jaspilito- máficas. Apesar de a idade apontar para uma BIF do tipo Algoma o protominério possui tamanho e continuidade lateral caracteristicos do tipo Lago Superior, sendo então constituída de maneira alternativa como BIF do tipo Carajás. São produzidos atualmente na jazida de Carajás a ordem de 360 a 380 Mt/ano de minério, com teor médio de 60 a 67% Fe. Reservas de aproximadamente 18 bilhões de toneladas de minério são estimadas para os três distritos Serra Norte, Serra Sul e Serra Leste. 9. Critérios exploratórios O primeiro projeto de exploração mineral implantado na região foi o Projeto Ferro Carajás, em uma área de 411.948 Ha concedida pela União, dando direito real de uso à CVRD. Esta concessão foi estabelecida pela resolução 331, de 5 de dezembro de 1986. Desde então, com o passar dos anos e o uso intermitente de tecnologias disponíveis e mão de obra qualificada, aconteceram grandes avanços na exploração de minério de ferro. Na elaboração de um modelo exploratório baseado em dados aerogeofísicos e sua integração com dados multifonte, a abordagem utilizada deve consistir no processamento e realce dos dados, 15 com ênfase no contexto geológico, uma vez que em modelos exploratórios não se deve observar apenas as anomalias geofísicas, mas também as respostas relacionadas à mineralização, à litologia e às estruturas que podem possuir importância econômica. Por outro lado, métodos clássicos como interpretação de mapas bidimensionais não respondem a todos os questionamentos e na seleção de alvos potenciais. A melhor forma de se otimizar o processo é complementar todo o arcabouço gerado através da aplicação de inversões geofísicas e integração tridimensional dos dados. Para a melhor compreensão e corelação geofísico-geológico, os litotipos principais são mapeados dentro de um banco de dados de sondagem, bem como os dados oriundos de trabalhos de campo são agrupados de acordo com os critérios utilizados no processo de modelagem geológica para as estimativas de recursos. 16 10. Referências Assis, L.M. (2013). Geração de Modelo Exploratório para o Minério de Ferro da Província Mineral de Carajás Através da Integração de dados Multifonte. In: Dissertação de Mestrado em Geologia nº 310. Brasília (DF). Universidade de Brasília – UnB. Beisiegel, V.R., Berdardelli, A.L., Drummond, N.F., Ruff, A.W., Treimeine, J.W. (1973). Geologia e Recursos Minerais da Serra dos Carajás. In: Revista Brasileira de Geociências. Braga, M.A. (2009). Aplicação da Aerogradiometria Gravimétrica 3D-FTG na Prospecção de Minério de Ferro no Quadrilátero Ferrífero (MG) e Modelagem 2D e 3D para Estimativa de Massa do Depósito de Ferro de N1 em Carajás (PA). 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Nome do depósito: N1,N4 e N5 Principais fontes consultadas: (Hassui, Trendall, Tassinari, Pereira, Figueredo, Lobato e Zacchatti) Tipologia de depósito e exemplo similar fora do Brasil Formação ferrífera bandada (alto teor de Fe) - Depósitos no mundo: O Complexo Imataca, NW Craton Amazônico, Venezuela Província, Domínio, Cinturão, Faixa, Bacia Província Mineral Carajás - Domínio Setentrional - Cinturão Itacaiúnas Posicionamento tectono-estratigráfico Carajás resume-se em uma Bacia neoarqueana, sobreposta a um embasamento mesoarqueano a neoarqueano, e contém rochas de complexos ígneos e metamórficos, que serão abordadas adiante.Deformação: Ductil-Rútil a Rúptil (Temperatura muito baixa) - Tipo de Metamorfismo: Xisto Verde muito baixo/alteração hidrotermal entre 2.7 e 2.6 Ga. (TASSINARI, 2000), Rochas encaixantes As encaixantes do depósito são formadas por rochas metamáficas e rochas metamáficas hematitizadas. (LOBATO et al., 2005). Idade das encaixantes Apesar de exsitirem diversos estudos geocronológicos que determinam a idade das formações ferríferas, não foi encontrado informações na bibliografia disponível sobre a idade das encaixantes imediatas do depósito. Idade da mineralização Paleoproterozóico 1.820±49 U-Pb, zircão, (TRENDALL et al., (1998). Dimensões e forma dos corpos de minério Serra Norte (N) contém as minas N4 e N5, além dos depósitos N1 a N3 e N6 a N9. A espessura dos corpos mineralizados varia entre 250 e 300 m, o comprimento entre 200 m (N3, N6, N7 e N9) até 10 Km (N4), e a extensão, segundo o mergulho, pode atingir até 600 m. Diques e sills de rocha máfica (diabásio) são comuns, com espessura de até algumas dezenas de centímetros, intercalados no minério (PEREIRA, 2017). Textura do minério Os minérios de alto teor podem ser do tipo hematita mole-macia (HM) e do tipo duro e compacto (HD). Os corpos de minério HD têm forma tabular e lenticular com espessura de até 50 m, em contatos abruptos e gradacionais. Na Serra Norte, as formações ferríferas do Grupo Grão Pará são principalmente jaspilitos. Estas rochas apresentam composição variável. As mesobandas escuras são constituídas por óxidos de ferro apresentando uma variedade de texturas, sendo as fases dominantes hematita fina a microcristalina e magnetita martitisada. Ganga Silício, Enxofre, Fósforo e Óxidos Globulares Alteração hidrotermal Os depósitos de ferro de Carajás poderiam representar um membro de baixa temperatura do sistema hidrotermal iron oxide-copper-gold deposits-IOCG da província, envolvendo fluidos de origem ígnea, como também, possivelmente, de origem meteórica (ZUCCHETTI, 2007) Métodos geofísicos Magnetometria, aerolevantamentos e sísmicos (ASSIS, 2013). Métodos geoquímicos De acordo com o estudo geoquímico dos jaspilitos da Serra dos Carajás, obteve-se resultados amostrados referentes a teores muito baixos em alumínio, elementos alcalinos e alcalino-terrosos. Pequenas anomalias de V, Ti, Cu e Zn, com valores intermediários entre os registrados para as BIF’s do tipo Lago Superior e Algoma, com uma ligeira anomalia positiva em európio. (Meirelles, 1986; Meirelles & Dardenne, 1993) Tonelagem e teor Reservas de aproximadamente 18 bilhões de toneladas de minério são estimadas para os três distritos Serra Norte, Serra Sul e Serra Leste (COELHO, 1986; DARDENE & SCHOBBENHAUS, 2001; GUEDES et al., 2002). Teor médio de 66% de ferro. Tipo/Modelo Tipo Carajás Status A mina N4E foi a primeira a entrar em operação em 1985. Atualmente, as minas N4W, N4E, N5W, N5E, N5S estão em atividade. 4
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