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Análise de drogas (folhas) Curso de Farmácia Farmacobotânica Profa. Dra. Mami Yano Drogas constituídas por folhas A análise visa principalmente em identificar a presença de algumas características peculiares, como: -características macroscópicas -características microscópicas -comparação com droga padrão ou ainda, com sua descrição farmacopéica ou de monografia especializada. Características macroscópicas Em geral, esta análise é feita com vista desarmada ou com o auxílio de lupa de pequeno aumento. são observados nos estudos das folhas: -aspectos gerais, -consistência, cor, forma, -sabor, odor, superfície, -tamanho e transparência. muitas vezes, as folhas apresenta-se: -amarrotadas (folhas de beladona - Atropa belladonna L.), -inteiras (folhas de uva-ursi - Artactostaphylos uva- ursi L. Sprengel), -fragmentadas ou pulverizadas. Consistência: é a resistência da droga a certas ações mecânicas, como: flexões e pressões. As drogas podem ser: dura, mole e flexível. Alguns termos frequentes da Farmacopéia Brasileira: a) coriácea: abacate (Persea americana Miller); b) membranácea: sene (Cassia angustifolia Vahl); c) papirácea: malva (Malva sylvestris L.); d) carnosa ou suculenta: guaco (Mikania glomerata Sprengel); Cor: dependendo do sistema de secagem e do estado de conservação da droga, sua coloração pode variar um pouco. É importante observar a variação de coloração entre a face superior e a inferior da lâmina foliar, diferença de tonalidade entre a lâmina foliar e o pecíolo. Ex.: folha de jurubeba: apresenta coloração escura na face superior e branca tomentosa (lanugem ou pêlos finos) face inferior; folha de hortelã: mostra limbo colorido de verde claro e o pecíolo arroxeado; Forma: -tipo de ápice, base, contorno (forma da folha), margem, nervação, simetria, presença ou ausência de pecíolo, constituem elementos de grande valor na identificação de drogas. No caso de folhas compostas, dificilmente os folíolos aparecem presos ao ráquis, por essa razão, devem ser analisadas como folhas simples, efetuando-se paralelamente, o estudo do ráquis que acompanha a droga. Folhas compostas folhas compostas: a classificação é quanto à composição, isto é, ao arranjo dos folíolos nos pecíolos. 1- imparipenada 2- paripenada 3- trifoliada 4- digitada Folhas simples pecíolo Aspecto geral: -inserção: -Secção transversal: 1- circular 2- obtuso triangular 3- obtuso quadrangular 4-côncavo-covexo (canaletado) 5-biconvexo 6- oval Lâmina foliar Contorno: deve ser considerado sem levar em conta os acidentes da margem do limbo. Apenas uma linha imaginária que liga os pontos extremos da linha foliar. os principais tipos de folhas, segundo os contornos, são: Ápice: é a parte extrema da folha ou a parte terminal. Os principais tipos de ápices citados em monografias da Farmacopéias Brasileira e em livros de farmacognosia, são: Base: é a porção da lâmina foliar onde se insere o pecíolo. Via de regra, tem posição oposta ao ápice. Os tipos principais de base foliar, são: Margem ou borda foliar ou recortes da margem: corresponde ao limite externo, periférico da lâmina foliar. Subdivisão do limbo: Nervação: quando observamos a face inferior do limbo, notamos que ele é percorrido por finos cordões denominados de nervura. Odor podem ser: -inodoro ou -com odor característico: aromático ou agradável e nauseoso ou desagradável; Sabor: na verificação do sabor, deve-se mastigar certa quantidade da droga, fazendo com que ela se misture com a saliva. deve-se ainda, ter o cuidado de não fumar, nem chupar balas ou ingerir qualquer substância que possa mascarar o sabor. Após o processo de degustação, o analista deve cuspir fora o material e lavar a boca. 1- adstringente 2- acre 3-oleoso 4-mucilaginoso (babosa) superfície Do limbo varia de uma folha para outra, certas características das superfícies de folhas são importantes na identificação de drogas, podendo ser observadas através do tato ou através de visão: -quanto ao tato, podem ser: 1-lisa, 2-áspera, 3-sedosa, 4-lanuda e 5- tomentosa; -quanto à visão, podem ser: 1-glabra, 2-pubescente, 3-rugosa, 4-ondulada, 5- hirsuta, 6-luzidia e 7-verrucosa Superfície do pecíolo: tamanho É conveniente lembrar que as folhas adultas de uma mesma espécie variam de dimensões dentro de certos limites. 25 cm de comprimento mais de 1 m de comprimento meimendro alcachofra transparência algumas folhas podem possuir, pontos ou traços translúcidos, relacionados com a estrutura interna dos órgão, geralmente são glândulas e certos tipos de idioblastos. Para a observação destes tipos de elementos, observa-se a folha frente a uma fonte luminosa. Ex.: folhas de eucalipto e jaborandi Características microscópicas Considerações sobre histologia foliar: A análise microscópica de folha costuma ser precedida da elaboração de cortes transversal (A) e paradérmicos (B). cortes paradérmicos células epidérmicas: - grau de espessamento da parede celular; - forma da parede celular: reta, ondeada e sinuosa; - contorno celular; cutícula: estriada, lisa, granulosa e verrucosa; anexos epidérmicos: a) tricoma: são observados principalmente quanto aos tipos, como: -pêlos: tectores e glandulares; -papilas; escamas e os acúleos; b) estômatos: considerar as seguintes características: frequência, distribuição, células anexas (número e disposição); cortes transversais Possibilitam a observação de diversas estruturas, como: inclusões, anexos epidérmicos, tecidos e sistema vascular; Inclusões, podem ser de 2 tipos: celulares e teciduais; a) inclusões celulares: - orgânicas: amido, gotículas de óleo; - inorgânicas: cristais de diversos tipos (oxalato de cálcio e carbonato de cálcio); b) inclusões teciduais: são as glândulas, células especiais (mucilaginosas e oleíferas;), escleritos e canais secretores; observação em cortes paradérmicos Destina-se aos estudo das epidermes, normalmente possuem: Epidermes (superior e inferior), parênquimas (paliçádico e lacunoso) e tecidos vasculares (xilena e floema). Células epidérmicas Verifica-se o grau de espessamento da parede celular, de acordo com este critério, pode ser mais ou menos espessada. As pontuações existentes nas paredes podem ser mais ou menos evidentes, dependendo da droga em questão. Ex.: as células epidérmicas do abacate (Persea americana Miller) e da carobinha (Jacaranda caroba (Vell) DC.) apresentam contorno poligonal. Persea americana Miller Outra características importante das células epidérmicas é a cutícula, que podem ser: -lisa como nas maiorias das drogas -estriada como nas: Beladona (Atropa belladonna L.) ou Jaborandi (Pilocarpus microphyllus Stapf). -granulosa -verrucosa Anexos epidérmicos São de dois tipos: -tricomas -estômatos Tricomas: são apêndices da epidermes de vários tipos, como: -Pêlos tectores -Pêlos glandulares -Papilas -Escamas -Acúleos Estômatos: são apêndices da epidermes que ocorrem em ambas as superfície (superior ou inferior) ou se ocorrem em uma delas e os quatro tipos principais, segundo Metcalf e Chalk, baseados no número de células anexas aos estômatos e no arranjo destas células em relação às células guardas: -estômatos anomocíticos -estômatos diacíticos -estômatos paracíticos -estômatos anisocíticos inclusões São considerados dois tipos de inclusões: -inclusões celulares -inclusões teciduais Dentre essas inclusões, merecem atenções as inorgânicas. Grãos de amido, gotículas de óleo e bolsas contendo taninos podem aparecer porém o significadona morfodiagnose de folhas destes constituintes é bem menor do que as das inclusões inorgânicas. Inclusões de oxalato de cálcio: -drusas: cristais em forma de roseta (são cristais compostos de oxalato de cálcio, de forma mais ou menos esférica e com projeções pontiagudas) -rafídeos: cristais em forma de agulha (são cristais de oxalato de cálcio finos e pontiagudos, reunidos em feixes, são encontrados no interior do vacúolo central de certas células vegetais) -estilóides: cristais em forma de estilete prismáticos e areia cristalina Inclusões cistólitos de carbonato de cálcio: são menos frequentes. Inclusões teciduais: são relacionados principalmente os seguintes tipos de estruturas: -glândulas -células especiais (hidioblastos) -escleritos e canais secretores tricomas Como o tecido epidérmico recobre o órgão vegetal tendo, portanto, localização mais externa, o que sempre o coloca em evidência, especialmente quando a droga encontra-se pulverizada. Nas folhas podem ser encontrados os seguintes tipos de tricomas: -pêlos glandulares -pêlos tectores -papilas -escamas e acúleos A e B escamas C e D pêlos tectores E, F e H pêlos glandulares; G pêlos tectores escamas São poucos frequentes em folhas, ocorre por exemplo em drogas das famílias: Euphorbiaceae Bombacaceae acúleos Também são poucos frequentes, porém quando presente ajuda muito ao processo de identificação de drogas. tecidos Observação em cortes transversais deve ser efetuada em duas regiões, a saber: ao nível da nervura mediana e ao nível do limbo propriamente dito. morfodiagnose de drogas constituída de folhas abacateiro Persea americana Miller (Laucaceae) Parte usada: a droga vegetal é constituída pelas folhas secas, contendo no mínimo, 0,4% de flavonoides totais expressos em apigenina e 0,14% de óleo volátil. É inodora e de sabor fracamente adstringente Sinonímia vulgar ou nome popular: guadite, palta, aguacate, louro abacate, pera abacate, avacate, avocat, ahuaca, avacado etc... Sinonímia científica: Laurus persea L. L. indica Sieb Persea gratissima Gaertner P. praecox Poeppig P. perse (L) Cockrell descrição macroscópica Folhas simples, elípticas, oblongas ou oval-acuminadas, semi-coriáceas, de margens inteiras, mais ou menos onduladas; lâmina com 8,0 cm a 20,0 cm de comprimento e 4,0 cm a 9,0 cm de largura; pecíolo de até 5 cm de comprimento e 3 mm a 4 mm de largura na base; quando frescas são de cor verde-escura na face adaxial, pouco brilhantes e quase lisas, e de face abaxial de cor verde mais clara, fosca e um tanto áspera; folhas secas de coloração até castanho-clara. Nervura principal proeminente na face abaxial, com nervuras secundárias oblíquas, também proeminentes, dando origem às nervuras terciárias que se anastomosam em fina trama. A – folha em vista frontal: lâmina foliar (lf); pecíolo (pl). descrição microscópica • A lâmina foliar é hipoestomática e de simetria dorsiventral. A epiderme, em vista frontal, na face adaxial, é formada por células poligonais, com células de paredes levemente sinuosas e raros tricomas tectores unicelulares, curtos a longos, de paredes espessas; na face abaxial geralmente é formada por células menores, retangulares ou arredondadas, com paredes periclinais levemente convexas. A cutícula é granulosa e os estômatos são anomocíticos, com 3 a 4 células subsidiárias. Tricomas tectores são frequentes em folhas jovens e raros em folhas adultas. • Em secção transversal, a epiderme é uniestratificada em ambas as faces, com cutícula espessa. Na face adaxial as células são alongadas no sentido transversal. O mesofilo é formado por uma ou duas camadas de células paliçádicas, alongadas, apresentando muitos idioblastos secretores de mucilagem e óleo volátil, volumosos e arredondados. O parênquima esponjoso apresenta poucas camadas de células irregulares, com grandes espaços intercelulares. • Pode ocorrer uma conformação diferenciada do mesófilo, junto aos idioblastos secretores, formada por células parenquimáticas alongadas e achatadas tangencialmente, de paredes espessas. A nervura principal mostra um feixe vascular colateral desenvolvido, envolto por uma bainha esclerenquimática, praticamente contínua. Pequenos cristais fusiformes, de oxalato de cálcio, ocorrem em células parenquimáticas próximas às nervuras. Na base da lâmina foliar, dois outros feixes colaterais pequenos ocorrem junto ao bordo, voltados para a face adaxial. B – detalhe parcial da epiderme voltada para a face abaxial, em secção transversal: parênquima paliçádico (pp); epiderme (ep); cutícula (cu); célula contendo mucilagem (cm); tricoma tector (tt). C – detalhe parcial da epiderme voltada para a face adaxial, em vista frontal. D – detalhe parcial da epiderme voltada para a face abaxial, em vista frontal: estômato (es); tricoma tector (tt). E – detalhe de porção da lâmina foliar, em secção transversal: cutícula (cu); epiderme (ep); parênquima paliçádico (pp); idioblasto secretor (is); parênquima esponjoso (pj); estômato (es); idioblasto com cristais de oxalato de cálcio (ico); feixe vascular (fv). E A – fragmento da epiderme voltada para a face abaxial: estômato (es); tricoma tector (tt). B e C – fragmentos da lâmina foliar, em vista frontal, com destaque para feixe vascular e idioblastos secretores: feixe vascular (fv); idioblasto secretor (is). D – fragmento da lâmina foliar em secção transversal, mostrando idioblasto secretor acompanhado de células com conformação diferenciada: idioblasto secretor (is); cutícula (cu); epiderme (ep); parênquima paliçádico (pp); parênquima esponjoso (pj). E – fragmento da epiderme: tricoma tector (tt). F – fragmentos de tricoma Parte usada: a droga vegetal é constituída de folhas secas contendo, no mínimo, 1,5% de óleo volátil e no mínimo 0,1% de alcaloides totais expressos em boldina. A droga apresenta odor aromático característico, canforáceo e levemente acre, que se acentua com o esmagamento. Sabor amargo e um tanto acre. Boldo Peumus boldus (Molina) (Monimiaceae) Sinonímia vulgar ou nome popular: boldo do chile Sinonímia científica: Peumus fragans Perc. Boldoa fragans Gay Boldus chilensis Schult. f. Ruizia fragans Ruiz et Pavan descrição macroscópica • Folha simples, inteira, elíptica, elíptico ovalada, elíptico obovada ou obovada, de ápice obtuso, retuso ou agudo e base arredondada, obtusa ou cuneada, ápice e base simétricos ou assimétricos, margem ligeiramente revoluta, lâmina coriácea, quebradiça, verde acinzentada a cinzento prateada, pontuações levemente translúcidas, correspondentes a cavidades secretoras, visíveis a olho nu ou com lente de aumento de seis vezes, de 1,2 cm a 7,0 cm de comprimento e 0,6 cm a 5,0 cm de largura; • lâmina pilosa, com tricomas estrelados visíveis com lente de aumento, comumente caducos na face adaxial, sendo essa face áspera ao tato devido às proeminências da base dos tricomas; venação camptódroma-bronquidródoma. Pecíolo curto, piloso, medindo de 0,1 cm a 0,5 cm de comprimento e de 0,1 cm a 0,2 cm de largura, côncavo na face adaxial, com duas pequenas costelas laterais, e convexo na face abaxial, com maior densidade de tricomas nessa face. A – aspecto geral de diferentes formas foliares: base foliar assimétrica (bfa); ápice foliar assimétrico (afa); ápice foliar acuminado (afc); pecíolo (pe); lâmina (l); ápice foliar retuso (aft); ápice foliar arredondado (afr). B – aspecto geral da face adaxial foliar: pedículo (pe); lâmina (l). C – aspecto geral da face abaxial foliar: bordo (bor). D – detalhe de porção da face abaxial da lâmina foliar, em vista frontal, mostrando parte da nervação da região da nervura principal até o bordo: bordo (bor);nervura secundária (ns); proeminência formada pela região basal do tricoma estrelado (pre); nervura principal (np). descrição microscópica Lâmina foliar de simetria dorsiventral, hipoestomática, com estômatos anomocíticos. Em vista frontal, a cutícula é lisa e a epiderme voltada para a face adaxial, na região entre as nervuras, apresenta células poligonais de paredes anticlinais espessas, pouco sinuosas e, na face abaxial, células de diferentes formas, com paredes sinuosas, espessas; os estômatos situam-se acima das demais células epidérmicas e são acompanhados por quatro a oito células; na região da nervura principal, as células voltadas para a face adaxial apresentam diferentes formas, são pouco alongadas, de tamanho homogêneo e de paredes retilíneas, enquanto que as voltadas para a face abaxial são mais alongadas e tem diferentes tamanhos; entre as nervuras por transparência, são visíveis células secretoras; os tricomas são estrelados, mais frequentes na face adaxial e formados por diferentes números de longas células de paredes espessadas; em regra as células epidérmicas têm disposição radial em torno da porção basal do tricoma. Em secção transversal, a cutícula é mais espessa na face adaxial, a epiderme é uniestratificada, com células alongadas e de paredes espessas; uniestratificada, raramente biestratificada, ocorre em ambas as faces, exclusivamente na região da nervura principal na face abaxial; a epiderme e a hipoderme, em geral, são proeminentes ao redor da base de cada tricoma; o parênquima paliçádico é uniestratificado ou biestratificado, de células colunares mais alongadas, enquanto que a segunda camada é mais frouxa, com células menores e com maior concentração de grãos de amido: o parênquima esponjoso possui várias camadas de células de diferentes formas e grandes espaços intercelulares; feixes colaterais secundários distribuem-se no mesofilo, envolvidos por bainha completa ou não de fibras, ou por endoderme, ou ocorrem agrupamentos xilemáticos envolvidos por endoderme. Na nervura principal, em secção transversal, a cutícula é mais espessa, principalmente na face abaxial, onde as células epidérmicas são pequenas e a hipoderme geralmente apresenta duas camadas de células em ambas as faces; o colênquima é angular e mais desenvolvido junto à face abaxial; o parênquima é formado por células poligonais de paredes espessas; o sistema vascular é formado por um único feixe colateral, envolvido por endoderme e bainha de fibras muito esclerificadas; podem ocorrer outros dois feixes menores, voltados para a face adaxial, sendo o conjunto envolvido por bainha de fibras. Em toda a lâmina, na hipoderme, colênquima e parênquimas ocorrem células contendo compostos fenólicos; no parênquima há maior concentração de grãos de amido e são frequentes as células secretoras esféricas, unicelulares, de grande volume e de paredes suberizadas; cristais de oxalato de cálcio, geralmente na forma de monocristais ou cristais prismáticos são encontrados na epiderme e sob a forma de bastonete, muito pequenos, finos e agrupados, nos parênquimas; gotas lipídicas ocorrem em todos os tecidos. pecíolo, em vista frontal, apresenta cutícula levemente ondulada, epiderme formada por células pequenas, quadrangulares e de paredes anticlinais espessas, muitas contendo compostos fenólicos, e muitos tricomas estrelados, iguais aos da lâmina; várias células secretoras esféricas, de grande volume e com paredes suberizadas são visíveis por transparência. Em secção transversal, o pecíolo possui duas costelas laterais, voltadas para a face adaxial; a cutícula é espessa, as células epidérmicas são pequenas, os tricomas são mais comuns na face abaxial e sua inserção pode chegar até o parênquima cortical; a hipoderme é uniestratificada, raramente biestratificada, formada por células pequenas de paredes espessas; o colênquima é angular e o parênquima cortical é formado por células poligonais, de paredes muito espessas, pequenos cristais de oxalato de cálcio, normalmente monocristais isolados ou agrupamentos em forma de bastonete, além de gotas lipídicas e de células secretoras de grande volume e de paredes suberizadas; a endoderme é contínua, formada por células arredondadas a elípticas, com grande quantidade de grãos de amido; o sistema vascular está representado por um feixe colateral aberto e central, apresentando floema com ou sem uma calota de fibras ou fibras esparsas, isoladas ou agrupadas; o procâmbio é evidente e possui grande quantidade de grãos de amido; o xilema tem distribuição em raios e pode apresentar fibras isoladas ou em pequenos grupos junto às suas células condutoras, além de um expressivo agrupamento de fibras junto aos elementos protoxilemáticos. E – detalhe de porção da epiderme voltada para a face adaxial, na região do mesofilo, em vista frontal: campo primário de pontoação (cpp); célula fundamental da epiderme (cfe). F – detalhe de porção da epiderme voltada para a face abaxial, na região do mesofilo, em vista frontal: estômato (es); campo primário de pontoação (cpp); célula fundamental da epiderme (cfe). G – detalhe de porção da epiderme na região da nervura principal, voltada para a face adaxial, em vista frontal: campo primário de pontoação (cpp); célula fundamental da epiderme (cfe). H – detalhe de porção da epiderme na região da nervura principal, voltada para a face abaxial, em vista frontal: célula fundamental da epiderme (cfe); célula secretora (cse); idioblasto cristalífero (ic); campo primário de pontoação (cpp); porção basal de célula do tricoma partido (pbt); tricoma estrelado (tes). A – detalhe de porção da lâmina foliar em secção transversal, junto à face adaxial, mostrando proeminência da região basal do tricoma estrelado: cloroplastídio (clo); gota lipídica (gl); campo primário de pontoação (cpp); cutícula (cu); face adaxial (ad); hipoderme (h); parênquima paliçádico (pp); epiderme (ep). B – detalhe de porção de tricoma estrelado em vista frontal. C – detalhe de tricoma estrelado em vista lateral: tricoma estrelado (tes); célula fundamental da epiderme (cfe). D – esquema parcial da região da nervura principal da lâmina foliar, em secção transversal, mostrando um único feixe vascular: face adaxial (ad); face abaxial (ab); endoderme (end); colênquima (co); feixe vascular (fv); xilema (x); cutícula (cu); hipoderme (h); parênquima paliçádico (pp); parênquima esponjoso (pe); epiderme (ep); fibras (fb); floema (f); procâmbio (prc). E – esquema parcial da região da nervura principal da lâmina foliar, em secção transversal, mostrando três feixes vasculares: face adaxial (ad); face abaxial (ab); hipoderme (h); feixe vascular (fv); parênquima paliçádico (pp); parênquima esponjoso (pe); endoderme (end); fibras (fb); colênquima (co); epiderme (ep); cutícula (cu); floema (f); procâmbio (prc); xilema (x). F – detalhe de porção da lâmina foliar, na região do mesofilo, em secção transversal, mostrando feixe vascular secundário: face adaxial (ad); face abaxial (ab); epiderme (ep); cutícula (cu); campo primário de pontoação (cpp); hipoderme (h); parênquima paliçádico (pp); fibras (fb); feixe vascular (fv); idioblasto cristalífero (ic); xilema (x); floema (f); grão de amido (ga); gota lipídica (gl); espaço intercelular (ei); célula com compostos fenólicos (ccf); parênquima esponjoso (pe); estômato (es); colênquima (co); cloroplastídio (clo); célula secretora (cse). G – detalhe do bordo na região mediana da lâmina foliar, em secção transversal: face adaxial (ad); face abaxial (ab); parênquima paliçádico (pp); agrupamento xilemático (ax); espaço intercelular (ei); cloroplastídio (clo); cutícula (cu); idioblasto cristalífero (ic); célula com compostos fenólicos (ccf); parênquima esponjoso (pe); grão de amido (ga); : gota lipídica (gl); epiderme (ep); fibras (fb); hipoderme (h).H – detalhe de porção da região mediana da lâmina foliar, em secção transversal, na região da nervura principal: face adaxial (ad); face abaxial (ab); grão de amido (ga); espaço intercelular (ei); xilema (x); gota lipídica (gl); cloroplastídio (clo); feixe vascular (fv); idioblasto cristalífero (ic); floema (f); colênquima (co); fibras (fb); pontoação (pto); célula com compostos fenólicos (ccf); célula secretora (cse); parênquima esponjoso (pe); parênquima paliçádico (pp); hipoderme (h); epiderme (ep); cutícula (cu). Chapéu de couro Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli (Alismataceae) Parte usada: a droga vegetal é constituída pelas folhas secas contendo, no mínino, 2,8% de derivados do ácido O-hidroxicinâmico, expressos em verbascosídeo. As folhas secas possuem odor característico e sabor amargo. Sinonímia vulgar ou nome popular: chapéu de campanha, chá de mineiro, chá do pobre, erva do brejo, erva do pântano etc... Sinonímia científica: Alisma macrophyllus Kunth A. folliscordatis-obtusis Plum. A. cordifolium L. A. berteroanum Balbis Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltdl.) Micheli descrição macroscópica Folhas simples, coriáceas, cordiformes, com base cordada e ápice agudo a arredondado. Lâmina foliar de dimensões variadas, dependendo da condição ambiental, de 10 cm a 35 cm de comprimento e 20 cm a 25 cm de largura na porção mediana; pecíolo longo de secção transversal circular a ovalada, com expansões aladas curtas e estriações longitudinais. A nervação é do tipo campilódroma, com 12 a 14 nervuras de calibres semelhantes, que partem de um único ponto na base do limbo, proeminentes na face abaxial. Destas partem nervuras de menor calibre, paralelas entre si, e destas as terciárias, culminando na formação de aréolas fechadas com terminações pouco ramificadas. Tanto a lâmina quanto o pecíolo são pubescentes, relativamente ásperos pela presença de tricomas estrelados. Ductos secretores translúcidos são abundantes por toda a lâmina foliar, por vezes visualizados sem auxílio de lentes. descrição microscópica Lâmina foliar com epiderme uniestratificada recoberta por cutícula delgada dotada de pequenas papilas que aparecem como pontos brilhantes na microscopia óptica, também presentes no pecíolo. Lâmina anfiestomática, com estômatos no mesmo nível que as demais células epidérmicas, paralelocíticos, com células-guarda alongadas, contando com dois pares de células subsidiárias adjacentes, sendo a mais proximal alongada e esguia, por vezes visualizadas com certa dificuldade devido ao pouco contraste obtido em suas paredes. Em vista frontal, em ambas as faces da lâmina, estão células epidérmicas comuns com formatos e dimensões variadas, cujas paredes anticlinais podem ser relativamente retas até sinuosas, embora este último formato seja mais comum na face abaxial. Sobre as nervuras não ocorrem estômatos e as células epidérmicas são retangulares, por vezes muito alongadas em relação ao maior eixo da folha. Também sobre as nervuras estão tricomas pluricelulares, estrelados. Em secções transversais verifica-se que as células epidérmicas são volumosas e as câmaras sub-estomáticas são amplas. O mesofilo está composto por apenas uma camada de parênquima paliçádico, com células pouco alongadas, e parênquima esponjoso, cujas células apresentam pequenas expansões braciformes. As nervuras de maior calibre são biconvexas, com curvatura mais expressiva junto à face abaxial, contando com aerênquima em abundância, o qual forma amplas lacunas por toda a extensão da estrutura. Nestas lacunas, dispostas transversalmente, estão trabéculas de células braciformes com reentrâncias espessadas, permitindo a formação de espaços intercelulares triangulares. Por todo o aerênquima estão dispostos ductos secretores. Na nervura principal estão três feixes vasculares de maior calibre, colaterais, em arco aberto com bordos elevados, com pequena lacuna no protoxilema, parcialmente envoltos por calotas de fibroesclereídes, longas e com paredes lignificadas. Dispostos concentricamente, estão entre 8 a 11 feixes vasculares menos calibrosos, também em arco aberto, mas contando com esclerênquima apenas junto ao floema. As nervuras de menor calibre, dispostas no mesofilo, são colaterais com calota de poucos elementos esclerenquimáticos em ambos os pólos de tecidos condutores. Uma única camada de células parenquimáticas, volumosas e delgadas, compõe a bainha dos feixes vasculares. O pecíolo apresenta células epidérmicas poliédricas, alongadas longitudinalmente. Em secção transversal verifica-se que esta porção foliar está preenchida por aerênquima, com as mesmas características da nervura principal, inclusive os ductos secretores e trabéculas com células braciformes. Diversas células deste aerênquima estão repletas de grãos de amido Os feixes vasculares mais calibrosos (de um a dois) estão dispostos na região central do pecíolo, com três grupos concêntricos de feixes vasculares, menos calibrosos em direção à periferia, semelhantes ao da nervura principal, mas contando com uma lacuna de protoxilema de grandes dimensões. Como na nervura principal, os feixes de menor calibre apresentam esclerênquima apenas junto ao pólo floemático. Tanto nos tecidos da lâmina foliar quanto do pecíolo não foram detectadas reações positivas para polifenóis (cloreto férrico a 10% (p/v)) ou substâncias lipídicas (Sudan IV). A – aspecto geral da folha, em vista frontal. B – detalhe parcial de nervura secundária (ns) e de nervuras terciárias (nt) destacadas em A. C – detalhe de algumas aréolas e terminações vasculares da lâmina foliar: aréola (ar); ducto secretor (dc); tricoma estrelado (tr). D – detalhe de porção da epiderme da lâmina foliar voltada para a face adaxial, em vista frontal: estômato (es). E – detalhe de porção da epiderme da lâmina foliar voltada para a face abaxial, em vista frontal: células subsidiárias (csb); estômato (es). F – detalhe de um tricoma estrelado. E F A – detalhe de porção do mesofilo na região mediana da lâmina foliar, em secção transversal: face abaxial (ab); face adaxial (ad); bainha parenquimática (bp); calota de fibras (cf); epiderme (ep); parênquima esponjoso (pe); parênquima paliçádico (pp). B – detalhe de porção do mesofilo na região mediana da lâmina foliar, evidenciando feixe terciário, em secção transversal: face abaxial (ab); face adaxial (ad); bainha parenquimática (bp); calota de fibras (cf); epiderme (ep); parênquima esponjoso (pe); parênquima paliçádico (pp). C – detalhe da região da nervura principal, em secção transversal: espaço intercelular (ei); feixe vascular (fv); tricoma estrelado (tr). D – detalhe de porção do mesofilo, evidenciando um feixe vascular, em secção transversal: face abaxial (ab); face adaxial (ad); calota de fibras (cf); epiderme (ep); floema (f); xilema (x). E – detalhe de um feixe vascular da nervura principal, em secção transversal: floema (f); fibroesclereídes (fb); lacuna do protoxilema (lp); xilema (x). F – detalhe de porção do aerênquima na região da nervura principal, em secção transversal: ducto secretor (ds); espaço intercelular (ei). A – detalhe de porção do pecíolo: aerênquima (ae); espaço intercelular (ei); epiderme (ep); feixe vascular (fv). B – detalhe de porção do pecíolo, na região do aerênquima, evidenciando um feixe vascular: ducto secretor (ds); lacuna do protoxilema (lp). C – detalhe de um feixe vascular, na região central do pecíolo: ducto secretor (ds); floema (f); fibroesclereíde (fb); lacuna do protoxilema (lp); xilema (x). D – detalhe das trabéculas do pecíolo: célula braciforme (cb). E – detalhe parcial do aerênquima em secção longitudinal: epiderme (ep); feixe vascular (fv). Meimendro Hyoscyamus niger L. (Solanaceae) Parte usada: a droga consiste de folhas secas e deve apresentar no mínimo 0,05%de alcaloides totais expressos em hiosciamina. Os alcaloides são principalmente a hiosciamina acompanhada de escopolamina (hioscina) em proporções variadas. Odor ligeiramente nauseoso. Sinonímia vulgar ou nome popular: meimendro negro, erva dos cavalos etc... descrição macroscópica Folhas inteiras, de até 30 cm de comprimento e 10 cm de largura, ovaladas a ovalado-oblongas, de ápice agudo e base cordada nas folhas sésseis e atenuada nas folhas pecioladas, de bordo lobado, irregularmente dentado; coloração verde amarelada a verde acastanhada; nervura principal larga e muito desenvolvida, nervuras secundárias formando ângulo pronunciado com a nervura principal, terminando na extremidade dos lobos. Lâminas foliares fortemente pubescentes e viscosas nas duas faces. Folhas friáveis e frequentemente partidas. A – representação esquemática da folha: lâmina foliar (lf). descrição microscópica Folha anfiestomática e de simetria dorsiventral. A epiderme, em vista frontal, apresenta células de paredes sinuosas, com sinuosidade mais evidente na face abaxial. Os tricomas são tectores e glandulares. Os tricomas tectores são lisos, de paredes espessas, longos, cônicos e pluricelulares, geralmente com 2 a 4 células. Os tricomas glandulares podem apresentar pedicelo longo, unicelular ou pluricelular e unisseriado, com uma pequena cabeça glandular bicelular, que exsuda uma substância viscosa ou com uma grande cabeça glandular pluricelular elíptica e outras vezes, são muito curtos e formados por um pequeno pedicelo que sustenta uma grande glândula claviforme e pluricelular. Os estômatos são anisocíticos, elípticos e acompanhados por 3 a 4 células subsidiárias, das quais uma é sempre menor do que as outras; ocorrem em maior quantidade na face abaxial. A epiderme, em secção transversal, se apresenta recoberta por uma cutícula lisa e é uniestratificada. O mesofilo é formado por uma única camada de parênquima paliçádico, seguida por um parênquima esponjoso onde ocorrem, principalmente na região mais próxima ao parênquima paliçádico, idioblastos com cristais de oxalato de cálcio, geralmente prismáticos. A nervura principal é biconvexa e o feixe vascular principal apresenta feixes vasculares bicolaterais; os feixes secundários também são bicolaterais e envoltos por um periciclo pouco lignificado. B – detalhe de porção da epiderme voltada para a face adaxial, em vista frontal: estômato (es); tricoma tector (tt). C – detalhe da porção do mesofilo, em secção transversal: eatômato (es); tricoma tector (tt). D – detalhe de porção da epiderme voltada para a face abaxial, em vista frontal: tricoma glandular (tg); tricoma tector (tt); cutícula (cu); epiderme (ep); parênquima paliçádico (pp); idioblasto contendo cristais prismáticos de oxalato de cálcio (ic); parênquima esponjoso (pj); estômato (es).
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