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Farmacognosia apresentação

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Produtos de Origem Vegetal no Desenvolvimento de Fármacos
CAP. 15
Alunos:N
INTRODUÇÃO:
Historicamente, as plantas medicinais sempre foram objeto de estudo de uma área denominada farmacognosia, um dos ramos da farmacologia, voltado a examinar e caracterizar as drogas ou bases medicamentosas de origem natural, utilizadas como matéria-prima para a preparação de medicamentos.
A pesquisa farmacológica de plantas medicinais tem propiciado não só avanços importantes para a terapêutica de várias patologias, como também tem fornecido ferramentas extremamente úteis para o estudo teórico de fisiologia e farmacologia.
A química de produtos naturais representa, dentro da área de pesquisa com plantas medicinais, um ponto de grande importância e valor, na media em que somente por meio dos métodos utilizados nessa área pode-se obter tanto o isolamento e a purificação de novos compostos, como a correta determinação estrutural e posterior síntese total ou parcial. Os avanços nessa área são enormes, especialmente nas últimas décadas, e o futuro das descobertas de novos medicamentos passa obrigatoriamente por esse campo da ciência.
Mesmo considerando-se a imensa importância das plantas medicinais como fonte inesgotável de novos medicamentos, fato este incontestável, não podemos negar que novas descobertas nesta área dependem, exclusivamente da eleição de uma nova abordagem de estudo que permita, de forma racional, a obtenção de alternativas de tratamento e a cura de inúmeras doenças que afetam a população.
FITOTERAPIA, SEU USO NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE E NA ATUALIDADE
Fitoterapia é o método de tratamento de enfermidades que emprega vegetais frescos, drogas vegetais ou, ainda, extratos vegetais preparados com esses dois tipos de matérias-primas. Etimologicamente, fitoterapia significa tratamento por meio das plantas.
Entre as mais antigas civilizações, a medicina, através das plantas medicinais, já era praticada e transmitida desde os tempos mais remotos: na Antigüidade egípcia, grega e romana, quando acumularam-se conhecimentos empíricos e foram transmitidos posteriormente, através dos Árabes à seus descendentes europeus.
Plantas no Brasil
No Brasil, desde da época do descobrimento, os colonizadores observavam e anotavam o uso freqüente de ervas pelos Índios.
O reino vegetal, além de ser o maior reservatório de moléculas orgânicas conhecido, é um poderoso laboratório de síntese. Até hoje diversas moléculas com estrutura complexa dependem de síntese biológica, pois a síntese em laboratório não pode ser feita ou é economicamente inviável, como é o caso dos digitálicos, da pilocarpina ou dos esteróides. Por isso plantas medicinais são usadas até hoje como matéria-prima para a fabricação de medicamentos.
PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL EMPREGADOS NO DESENVOLVIMENTO DE FÁRMACOS
A pesquisa sistemática para obtenção de novas substâncias com finalidade terapêutica pode ser executada por meio de vários processos. Os mais utilizados são a síntese de novas moléculas, a modificação molecular de substâncias naturais e/ou sintéticas, com propriedades farmacológicas definidas, e extração, isolamento e purificação de novos compostos, de fontes naturais, especialmente de origem vegetal, a qual se caracteriza como uma fonte inesgotável de substâncias potencialmente ativas como medicamento. Por outro lado, as plantas medicinais devem ser consideradas não apenas como matéria-prima, ponto de partida para a descoberta de novas moléculas, mas também como um recurso natural potencialmente ativo na forma de fitoterápico padronizado e eficaz.
Recentemente, os estudos com plantas medicinais têm sido responsáveis por inúmeras e importantes descobertas; o desenvolvimento desta área de pesquisa deve-se a vários fatores, dos quais se destaca a participação de um número cada vez maior de profissionais. No entanto, resultados promissores dependem de uma maior inter-relação entre os diversos profissionais e disciplinas que compõem o estudo das plantas medicinais, pois a continuidade de tais estudos de forma isolada perpetuará a falta de resultados, impedindo conseqüentemente o desenvolvimento de novos medicamentos.
As investigações científicas com plantas medicinais envolvem inúmeros elementos apaixonantes, sendo um deles o próprio caráter inter e multidisciplinar que, se por um lado, representa problemas, obstáculos e cuidados, por outro, permite aos pesquisadores obterem conhecimentos mais amplos e ricos que aqueles obtidos em linhas específicas de pesquisa. Estes elementos permeiam desde a cultura popular até o prazer e o desafio de estudar detalhadamente uma espécie vegetal, determinando de modo exato e racional a estrutura de uma nova molécula com potencialidades de se transformar em um medicamento disponível e aprovado. 
Um outro caminho, contendo um forte componente social e cultural, especialmente em países em desenvolvimento e subdesenvolvidos, encontra nas plantas medicinais uma importante oportunidade de solução de problemas de saúde, por meio de produção, comercialização e utilização de fitoterápicos padronizados.
O uso das espécies vegetais, com fins de tratamento e cura de doenças e sintomas, remonta ao início da civilização, desde o momento em que o homem despertou para a consciência e começou um longo percurso de manuseio, adaptação e modificação dos recursos naturais para seu próprio benefício. Esta prática milenar, atividade humana por excelência, ultrapassou todas as barreiras e obstáculos durante o processo evolutivo e chegou até os dias atuais, sendo amplamente utilizada por grande parte da população mundial como fonte de recurso terapêutico eficaz.
É de conhecimento geral que na área de medicamentos não se pode propor, buscar ou pensar em soluções reais, mantendo-se diferentes, e algumas vezes divergentes, linhas de pensamento e ações dos grupos de pesquisa, institucionais ou não, preocupados com o desenvolvimento deste setor no país. Todos sabemos que tanto os problemas de saúde, em decorrência da falta de medicamentos para a maioria da população, como a ausência de uma política eficaz neste setor, possuem origem não apenas na falta de unidade de pensamentos, mas também na completa ausência de incentivos e interesses na solução destes problemas. Se, por um lado, ainda não produzimos um único medicamento genuinamente brasileiro, por outro, estamos ainda distantes de padronizarmos uma forma de ação efetiva que resolva boa parte dos problemas de saúde da população, que pode ser claramente alcançada com os esforços conjuntos dos pesquisadores, instituições e órgãos governamentais na padronização de medicamentos de fácil acesso e de utilização em massa.
Avaliação dos estudos experimentais com plantas medicinais
No Brasil, a legislação para medicamentos fitoterápicos vem sofrendo modificações nos últimos anos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) vem elaborando normas para a regulamentação destes medicamentos, desde a Portaria n. 6 de 1995, que estabeleceu prazos para que as indústrias farmacêuticas apresentassem dados de eficácia e segurança dos medicamentos fitoterápicos, passando pela RDC n. 17 de 2000, e a Resolução RDC n. 48 de 16 de março de 2004, atualmente em vigor, que dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos.
Esta preocupação das autoridades regulatórias com a normatização dos medicamentos fitoterápicos propicia a avaliação de aspectos importantes, como a eficácia e segurança do uso destes medicamentos. O uso tradicional de diversas plantas medicinais baseado em conhecimentos populares, aliado à crença de que, por ser natural não causa reações adversas, fez com que poucas plantas medicinais fossem avaliadas através de estudos pré-clínicos e clínicos, a fim de comprovar sua eficácia e segurança.
Com relação ao estudo de toxicidade de doses repetidas, a OMS e a RE n. 90 de 2004 sugerem a utilização de pelo menos duas espécies roedoras e não-roedoras, sendo porém o período de administração do produto nos animais baseado no período proposto para a utilização terapêutica da substância,diferentemente das normas da OECD, que especificam o período de administração em 28 e 90 dias para espécies roedoras e 90 dias para espécies não-roedoras. Além disto, nem a OMS e nem a RE n. 90 de 2004, informam a concentração máxima da substância-teste que pode ser administrada nos ensaios de toxicidade aguda e de doses repetidas.
Além dos ensaios de toxicidade aguda e de doses repetidas, a RE n. 90 de 2004 também sugere estudos de genotoxicidade, quando houver indicação de uso contínuo ou prolongado do medicamento em humanos, e a avaliação toxicológica de fitoterápicos de uso tópico, porém não detalha os métodos para a realização destes testes. Assim, levando-se em consideração o estágio de desenvolvimento que já foi atingido pelos protocolos da OECD, os quais especificam somente os testes de toxicidade para substâncias químicas, ainda há dificuldades em se estabelecer os testes mais adequados para os fitoterápicos, principalmente diante da dificuldade de padronização das preparações fitoterápicas.
Estudos clínicos 
Os estudos clínicos correspondem à pesquisa conduzida em pacientes, ou em voluntários sadios, usualmente, destinada a avaliar um novo tratamento (LIMA et al., 2003). A resolução 01/88, do CNS (1988) regulamenta que a pesquisa de medicamentos em farmacologia clínica compreende a sequência de estudos realizados, desde quando se administra a substância pela primeira vez ao ser humano, até quando se obtém dados sobre sua eficácia e segurança terapêutica em grandes grupos de população. Os estudos clínicos são divididos em quatro fases distintas. 
Aspectos éticos
Segundo LIMA et al. (2003) a ética em pesquisa clínica compreende princípios que fundamentam a sua execução. A observação dos princípios éticos implica avaliar, entre outros aspectos, os seguintes referenciais fundamentais para pesquisa envolvendo seres humanos: a) O Respeito à Autonomia: abrange os direitos de liberdade, privacidade, escolha individual, liberdade da vontade, ser o motor do próprio comportamento e pertencer a si mesmo. Exemplos típicos incluem dizer a verdade, respeitar a privacidade dos outros, proteger informações confidenciais, obter consentimento para intervenções nos pacientes, ajudar os outros a tomar decisões importantes (quando solicitado); b) Não-maleficiência: obrigação de não infligir dano intencionalmente. Está intimamente ligado com a máxima primum non nocere – acima de tudo (ou antes de tudo) não causar danos. Trata-se da garantia de que danos previsíveis serão evitados; 
Beneficência: contribuir para o bem estar dos indivíduos. Além da compaixão, bondade, caridade, altruísmo, amor, humanidade, o princípio da beneficência, em pesquisa, deve ser visto de modo que inclua todas as formas de ação que tenham o propósito de beneficiar. Deve-se proceder a uma ponderação entre riscos e benefícios, tanto atuais como potenciais, individuais ou coletivos, buscando o máximo de benefícios e o mínimo de danos e riscos; d) Justiça - engloba equidade, merecimento (o que é merecido) e prerrogativa (aquilo a que alguém tem direito). Desse modo, o princípio da justiça implica um 28 tratamento justo, eqüitativo e apropriado, levando-se em consideração aquilo que é devido às pessoas. 
fim

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