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Processos de Centrifugação A centrifugação é um processo de separação física de materiais onde a força centrífuga transmitida pela rotação de um tambor, cilindro ou outro recipiente em torno de um eixo simula a gravidade, porém em sentido contrário, ou seja, enquanto a gravidade atrai a matéria para o centro do eixo, a força centrífuga empurra a matéria no sentido contrário. É fácil imaginar a ação de uma centrífuga, pois temos em nossas casas um equipamento com função centrífuga: a lavadora de roupas!!! Suspensões de sólidos em líquidos tendem a separar devido à ação da gravidade, devido à diferença de densidade entre os componentes da mistura. Tome como exemplo um suco de laranja. Se você preparar um suco de laranja e depositá-lo em um copo, permanecendo na mesma posição sem que seja misturado ou deslocado, após uma hora você verá que haverá decantação, ou seja, pode-se distinguir fases com diferentes teores de sólidos em suspensão. Quanto maior o tempo, maior será a separação. Pensando nessa propriedade, por que não “dar uma ajudinha” à mãe natureza?!!! Quanto maior a velocidade do eixo, maior será a força centrífuga aplicada sobre os materiais, consequentemente, temos simulação de gravidade amplificada, dessa forma, misturas heterogêneas são separadas pela ação da centrífuga, a qual, comparativamente, “acelera” a ação da gravidade, diminuindo o tempo para que ocorra a separação. Como visto acima, para que ocorra a separação por centrifugação, é necessário que haja diferença de densidade entre os elementos presentes numa mistura. Mas não é só isso. A centrífuga também deve fornecer ao sistema força suficiente para promover a movimentação das partículas pelo meio líquido. Como assim??????? Lembrando o que foi visto nos primeiros capítulos, temos líquidos com viscosidades diferentes, e, quanto maior for a viscosidade de um líquido, mais difícil será a movimentação de partículas por esse líquido. Tome como exemplo um copo com água e um copo com mel. Se jogarmos um clip metálico na água este irá rapidamente para o fundo. Se for feito o mesmo no mel, o clip levará mais tempo para chegar ao fundo, se chegar!!! 01 / 03 Isso nos leva a pensar: se o líquido for mais viscoso, a centrífuga deverá fornecer mais energia ao sistema, ou seja, deverá ser mais rápida para promover a separação. Também podemos pensar o seguinte: quanto maior for a velocidade ou o “RPM”, rotações por minuto, da centrífuga, mais energia esta fornece ao sistema, portanto menor será o tempo de separação. Mas cuidado!!! Não é bem assim, pois os materiais que compõem uma mistura líquida podem ser sensíveis à ação mecânica e sofrer ruptura. Veja o exemplo de glóbulos vermelhos no sangue. Sendo células, são como pequenas cápsulas com líquidos em seu interior. Se essas cápsulas receberem muita energia, poderão se romper, e, apesar de ocorrer a sedimentação dos glóbulos vermelhos, a ruptura desses poderá resultar em falsos resultados, indicando, por exemplo, uma quantidade excessiva de glóbulos vermelhos “mortos”. Sim, estarão mortos, porém pela ação indevida nos procedimentos da análise, o que poderá levar a um diagnóstico equivocado. As centrífugas também podem ser utilizadas na separação de líquidos imiscíveis, por exemplo, emulsões. Quando agitamos dois líquidos imiscíveis, como água e óleo de soja, as duas fases tendem a formar gotículas, o que é denominado emulsão. Ao parar a agitação, as gotículas de cada material tendem a se unir, coalescer, promovendo a separação das fases. Para aumentar a estabilidade de uma emulsão é utilizado um componente denominado emulsificante, o qual age como uma “ponte” entre os líquidos imiscíveis, no nosso exemplo, óleo e água. O emulsificante, para aumentar a estabilidade da emulsão deve evitar que ocorra encontro entre as gotículas do mesmo líquido. Para tal, ele “empresta” sua polaridade As gotículas do óleo, que é um líquido apolar, passam a apresentar polaridade em sua superfície. Como gotículas de polaridade igual se repelem, a emulsão passa a apresentar maior estabilidade. Para promover a separação dessa mistura, a centrífuga deve, devido à viscosidade, fornecer força suficiente para que as gotículas possam se encontrar. Além dessa força, deve também fornecer força maior que a força de repulsão entre as gotículas, de forma a promover a coalescência entre as gotículas, separando as fases. Portanto, não é só “acelerar até o fundo”!!! Antes de realizar a centrifugação, devemos conhecer o que será separado e seus componentes. As centrífugas são de dois tipos básicos: de refugo e de sedimentaçãoNas centrífugas de refugo existe um retículo que impede a passagem dos sólidos, porém não dos líquidos, os quais podem sair da centrífuga em movimento. Esse é o caso da função centrífuga das lavadoras de roupas. Nas centrífugas de sedimentação não há retículo que permita a passagem dos líquidos. Toda mistura permanece dentro do cesto da centrífuga, ocorrendo a separação por sedimentação. Quanto ao tipo de construção do equipamento, podemos agrupar as centrífugas em: Separadores líquido-líquido - São centrífugas de câmara tubular e de câmera e disco. 02 / 03 1. Centrífugas de câmera e disco, são utilizadas no beneficiamento do leite na separação do creme de leite, refino de óleos vegetais e animais, assim como na clarificação de sucos de frutas. 2. As de câmara tubular, também denominadas Sharples, tem aplicação na separação de gorduras animais e de óleos vegetais, ou na clarificação de sucos de frutas. Clarificadoras centrífugas e para lodos - São empregadas na clarificação de líquidos com pequena concentração de sólidos em suspensão. São utilizadas na separação de gorduras animais e de óleos vegetais, ou na clarificação de sucos de frutas e cervejas, separação da água e amido de milho, trigo e arroz. Centrífugas de cesto filtrante - Esse tipo de centrífuga apresenta o cesto com um elemento filtrante, ou seja, age como um filtro. São utilizados na separação de partículas sólidas relativamente grandes, como o bagaço de frutas nos sucos industrializados, separação da gordura e do soro de queijos, impurezas de óleos vegetais, etc. A lavadora de roupas apresenta cesto filtrante adequado para separar a solução ou emulsão aquosa da roupa. Esse tipo de centrifugação é denominado hidroextração, o qual é um processo que visa a retirada do excesso de água do elemento principal sólido. REFERÊNCIA BARUFFALDI, Renato; OLIVEIRA, Maricê Nogueira de. Fundamentos de tecnologia de alimentos. São Paulo: Atheneu. 1998. CASTELLAN, Gilbert. Fundamentos de físico-química. Rio de Janeiro: LTC, 2009. FLORENCE, Alexander Taylor; ATTWOD, David. Princípios físico-químicos em farmácia. São Paulo: EDUSP, 2003. Bibliografia Complementar: ATKINS, Peter William. Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. GONCALVES, Estela Vidal; LANNES, Suzana Caetano da Silva. Reologia de chocolate. Ciência e Tecnologia de Alimentos. Campinas, v. 30, n. 4, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cta/v30n4/v30n4a02.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2011. LACHMAN, Leon. Teoria e prática na indústria farmacêutica. Lisboa : Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. 2 v. RUSSELL, John Blair. Química geral. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 2005. 2 v. PARIKH, Ashish; PATEL, Kamlesh; PATEL, Chetan. Flow injection: a new approach in analysis. Journal of Chemical and Pharmaceutical Research, Índia, v. 2, n. 2, 2010. Disponível em: <http://jocpr.com/vol2-iss2- 2010/JOCPR-2-2-118-125.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2011. 03 / 03
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