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DHÂRANÂ ONLINE Nº 1

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EDITORIAL
Revista Online quadrimestral da Sociedade Brasileira de Eubiose - Ano I – Nº 1 –fevereiro a maio de 2012
Acompanhando o notório processo de evolução dos 
meios de comunicação, nossa instituição não poderia, 
jamais, ficar à margem da história. O avassalador 
progresso tecnológico atual exige que a comunicação seja 
imediata, precisa e pontual, portanto, a Revista Dhâranâ 
Online surge como fruto desse processo, não abrindo mão 
da Tradição de quase nove décadas de história, porém 
adequando-se à modernidade dos dias atuais.
O lançamento da Revista Dhâranâ Online não 
suprime a publicação da edição impressa. Ambas serão 
direcionadas para um público externo, utilizando-se 
de uma linguagem moderna, não mística, com uma 
formatação que busca o padrão das revistas culturais e 
científicas. 
O primeiro número da Revista Dhâranâ – órgão oficial 
de divulgação da SBE – Sociedade Brasileira de Eubiose – 
circulou em agosto de 1925, um ano depois da fundação da 
instituição, então, de mesmo nome. Na apresentação de 
sua primeira edição são definidos os principais objetivos 
da publicação que perduram até hoje:
 (...)    “Dhâranâ”  já  divulgou  o  seu  manifesto  ao 
povo  brasileiro,  definindo  a  sua  razão  de  ser  como  uma 
Sociedade Mental e Espiritualista, de onde surgem deveres, 
cujo programa, irá sendo desenvolvido de acordo e à medida 
que ele for sendo revelado pelos seus Augustos e Veneráveis 
Dirigentes. 
“Dhâranâ”  apareceu,  portanto,  como  uma  obra 
prática, destinada a cumprir os altos ensinamentos de todas 
as Religiões que pregam o Amor, a Luz e a Paz. 
“Dhâranâ” veio para conciliar os dogmas científicos com 
os aspectos religiosos esparsos pelo mundo, estabelecendo a 
harmonia do coração e da mente, pelo diapasão espiritual 
do  sol  sustenido,  misteriosa  vibração  que  competiu  ao 
Brasil, na orquestra mística do concerto universal. 
“Dhâranâ”  surgiu,  em  suma,  para  congregar e 
construir, para aspirar e vivificar, para proteger e segurar a 
Vida e o Caráter, a Sabedoria Profana e a Sagrada, únicos 
tesouros  eternos  que  recebemos  como  precioso  legado  das 
mãos da Providência. 
“Dhâranâ” deseja estimular nos homens adormecidos, 
a  força  poderosa  do  Pensamento,  por  demonstrações 
práticas,  reduzindo  os  célebres  milagres  às  simples 
proporções  de  fenômenos  naturais,  satisfazendo  assim  à 
Ciência, sem escandalizar a Religião. (...)
            
Eis que, 87 anos depois, Dhâranâ Online mantém os 
mesmos compromissos e amplia seus objetivos, abrindo 
espaço editorial para que os discípulos e, também, 
quaisquer outras pessoas afinadas com os ensinamentos 
dos fundadores de Dhâranâ  –  Sociedade  Mental  e 
Espiritualista, que depois tornou-se Sociedade  Teosófica 
Brasileira e, desde 1969, Sociedade Brasileira de Eubiose, 
possam produzir novos saberes. 
 Partindo da hipótese de que os diferentes discursos 
humanos – das ciências, das tecnologias, das artes, das 
filosofias, das místicas, das religiões, enfim, uma variada 
gama da produção cultural, não esgota nem diz tudo 
sobre o real, Dhâranâ Online abre a seus colaboradores, 
a partir destes diferentes conhecimentos, a possibilidade 
de um mais além, que possa ajudar, além da interpretação 
do mundo objetivo, a antecipar o futuro grandioso da 
humanidade já revelado em vários textos considerados 
sagrados.
Em outras palavras, Dhâranâ Online será mais um 
instrumento engajado no trabalho essencial de humanizar 
o sagrado e sacralizar o humano.
SUMÁRIO
3
DHÂRÂNÂ
Henrique José de Souza
Grande é o erro daqueles que confundem , o 
Espírito ou Inteligência (Nous) com a Alma 
(Psyké). Não menos os que confundem a Alma com 
o corpo (Soma). Da união do Espírito com a Alma 
nasce a Razão; da união da Alma com o Corpo 
nasce a Paixão.
5
CONEXÕES NUM MUNDO EM (R)
EVOLUÇÃO
Marcelo Wolf
Esta pintura é um belo exemplo do conceito de 
espiritualidade: aquilo que vem do espírito, que é 
externalizado pela mente humana, e que se traduz 
no mundo concreto através de quatro grandes 
frentes principais: Filosofia, Artes, Ciência e 
Religião. E são elas que, como anunciadores ou 
archotes do Fogo Divino, iluminam o caminho 
dos homens e propiciam a criação das miríades de 
possibilidades no mundo material.
10
A CULTURA, O SUBLIME E A EU-
BIOSE
Laudelino Santos Neto
Pensar a SBE a partir da articulação entre 
sublime, cultura e eubiose é refletir sobre as 
condições individual, grupal e institucional 
do estar-no-mundo para em seguida se inserir 
conscientemente no Pramantha e ter condições 
melhores e maiores de ser-no-mundo.
20
EUBIOSE: CONSCIÊNCIA DA NA-
TUREZA E NATUREZA DA CONS-
CIÊNCIA
Alberto Vieira da Silva
Os chacras em número de sete, como os astros 
ou planetas, como o espectro solar etc., não são 
mais do que “as forças sutis da natureza”. Para 
conhecê-los e manejá-los é preciso ser um Adepto. – 
Prof. Henrique José de Souza.
15
A LENDA DO FAROL: OS SETE 
SABERES DE UM EDUCADOR
Dirceu Moreira
“Jamais haveria evolução se o Verbo se 
manifestasse proferindo sempre as mesmas 
palavras”. Professor Henrique José de Souza. 
O educador como porta voz do conhecimento 
deverá estar atento para não cair na mesmice, 
pois, o mesmo conteúdo de hoje, talvez tenha 
que ser dado de forma diferente noutra ocasião. 
Podemos chamar a isso de educação continuada e 
inovadora.
18
A LIDERANÇA NO TERCEIRO MI-
LÊNIO
Silvio Piantino
“Reconstruir é o brado que nos compete! Sim, 
reconstruir o homem, o pensamento, a moral, os 
costumes; reconstruir o lar, a escola, o caráter, 
para que o cérebro se transmute ao lado do 
coração. Só assim a humanidade se tornará 
digna do estado de consciência exigido pela Nova 
Civilização”. JHS
Grande é o erro daqueles que confundem , o Espírito 
ou Inteligência (Nous) com a Alma (Psyké). Não menos 
os que confundem a Alma com o corpo (Soma). Da 
união do Espírito com a Alma nasce a Razão; da união 
da Alma com o Corpo nasce a Paixão.
Desses três elementos, a Terra deu o corpo; a Lua, 
a alma, e o Sol, o Espírito. Por isso que, todo Homem 
justo, consciente de todas essas verdades, é, ao mesmo 
tempo, durante a sua vida física, um habitante da Terra, 
da Lua e do Sol". – Plutarco (De Ísis e Osíris).
YOGA, dizem os clássicos do Ocultismo, "é uma 
filosofia ou sistema que tem por fim dar àquele que 
a pratica, o poder de se abster de comer e de respirar 
durante considerável tempo, e processo, ainda, de se 
tornar insensível a todas a impressões exteriores".
Para nós, aquele que pratica Yoga visando tais 
poderes é apenas um Faquir e não um Yogi.
Tal maneira de definir o termo Yoga tem provocado 
tantas perturbações entre os pretendentes à Vereda 
da Iniciação, como o próprio termo “Deus”, através 
de lutas religiosas entre os que se extasiam diante de 
definições, que não podem, de modo algum, expressar, 
com precisão e clareza, tudo quanto pertence ao mundo 
subjetivo. Ademais, no que diz respeito à Yoga, logo 
se manifesta o desejo egoísta de sobrepujar os demais, 
de ser enfim, um homem completamente diferente 
dos outros, sem falar nos perigos que de tal prática 
procedem, quase sempre em detrimento do próximo.
Nesse caso, Magia Negra e não Magia Branca ou 
Aquela que praticam os Seres Superiores, como Guias 
ou Instrutores dessa pobre Humanidade acorrentada 
nas férreas cadeias da Ignorância, qual Prometeu 
‘amarguradamente infeliz”, como diria Junqueiro, na 
sua mítica montanha, que é o Cáucaso, que tanto vale 
pelo “cárcere carnal” ou “pote de argila” bíblico.
Yoga, querendo dizer “união”, nada mais é do que 
a adoção deste ou daquele sistema por parte de quem, 
de fato, só tenha a preocupação de se UNIR, ao seu 
Eu ou Consciência Imortal, na razão do que diz Paulo, 
em Efesus, III, 16,117: "Todoser bom pode falar ao 
Cristo em seu Homem Interno": Cristo ou Consciência 
Universal, tanto vale.
 Das inúmeras espécies de Yoga que se 
conhecem, sobressaem as que se conjugam com os três 
DHÂRANÂ
Henrique José de Souza
(Fundador da atual Sociedade Brasileira de Eubiose)
corpos de que o homem se compõe, aparte opiniões até 
hoje divulgadas, por serem completamente errôneas. 
Referimo-nos a Hatha-Yoga, “como ciência do bem 
estar físico”, desde que tal corpo é o sustentáculo da 
alma e do espírito. "Mens sana in corpore sano". A 
seguir, Gnana-Yoga e não Raja, como querem outros, 
porquanto o mesmo termo Gnana ou Jnana, tem por 
étimo Jim ou Jina, que de ser um habitante do Astral, 
ipso-fato, relaciona-se com a Alma ou Psiké. Donde o 
termo: poderes psíquicos. O mesmo termo Espiritismo, 
usualmente empregado, é errôneo por suas práticas 
envolverem única e exclusivamente o mundo astral. 
Nesse caso, ANIMISMO OU PSIQUISMO. Finalmente, 
Raja-Yoga (União real, régia ciência etc.) ou do Mental, 
como sede do Espírito desde que acima dele se acham 
as consciências Búdica e Átmica que, a bem dizer, 
são Portas abertas ao Tabernáculo Divino. No corpo 
humano, a hipófise tem que ver com a Alma, enquanto a 
epífise ("sobrenatural") com o Espírito.
Por tudo isso, dizer-se que “tal união com o Todo 
(pela prática da verdadeira Yoga) é feita por três 
caminhos”, que a mesma Vedanta denomina de: Karma 
ou ação para o físico; Bhakti ou “devoção” (a mística da 
Fraternidade Humana, como o maior de todos os Ideais) 
e Jnana ou do conhecimento, visão espiritual, sabedoria, 
Gnose etc.
Todo e qualquer processo de livrar o Ego das ilusões 
do mundo terreno com o fim de uni-lo à Consciência 
Universal, é uma YOGA.
Na de Patanjali, como a mais importante de todas 
existem oito graus ou estados:
1. YAMA: restrição, controle de si mesmo;
2. NI-YAMA: observações religiosas, ou antes, 
alicerçamento do caráter;
3. ASANA: posição especial para a meditação, 
embora que esteja incluída nos bailados iniciáticos, 
tanto do velho Egito como da índia e posteriormente, 
na Grécia (“mistérios eleusinos” etc.) e hoje, de modo 
velado, na arte coreográfica, em geral. Tais “asanas” ou 
posições, sempre debaixo de um certo ritmo, traduziam, 
muitas vezes, toda a história de um deus do Panteon do 
País, quando não, mensagens desses mesmos deuses 
ao Templo onde eram praticados semelhantes rituais. 
Haja vista, os bailados exigidos no começo de nossa 
Fevereiro - Maio/2012 03
Obra, todos eles expressando mensagens e divulgações de 
remoto passado, em referência aos fundadores da mesma 
Obra;
4. PRANAYAMA: retenção do hálito para controle 
de todas as funções orgânicas (a mesma medicina atual 
já aconselha essa prática nas crises “simpaticotônicas” 
etc. em relação com o lado solar, do mesmo modo que as 
vagotônicas, com o lunar. E a prova é que as duas narinas 
estão classificadas nas antigas escrituras orientais, como: 
Ida ou lunar (a esquerda) e Píngala ou solar (a direita). 
Quando a respiração flui por ambas as narinas, recebe o 
nome de Sushumna (respiração andrógina, dizemos nós 
ou equilibrante etc.). Este é o momento mais apropriado 
para semelhante YOGA, principalmente se levada a efeito 
em PADMASANA (Padma, loto e Asana, posição. Nesse 
caso, "posição do loto”, ou seja: de pernas cruzadas, 
como se vê nas imagens do Buda etc.)
5. PRATY AHARA: o poder de afastar o mental das 
sensações físicas;
6. DHÂRANÂ: “a intensa e perfeita concentração da 
mente em determinado objeto interno, com abstração 
completa do mundo dos sentidos”. Em síntese: o sumo 
controle do pensamento;
7. DHYANA: Meditação, contemplação abstrata 
ou afastamento do mundo dos sentidos, melhor dito, 
estado de "isolamento completo". Constituí uma das 
"seis Paramitas” budistas. E a prova é que, em um dos 
mantrans (hinos) do começo de nossa Obra – o mesmo 
que nos foi enviado do Oriente – figuram estas palavras: 
"Dhyâna, tuas portas de oiro nos livram da deusa Mayá 
(“ilusão dos sentidos”);
8. SAMADHI (ou Samyâma): estado de meditação 
obtido pela concentração, no qual o Adepto se torna 
consciente de seu Mental Superior, o que tanto vale, por 
se tornar Um com o Todo, a Consciência Universal etc. 
A mesma “posição do Buda” não significa outra coisa. 
Por isso, traz os olhos cerrados (visão para dentro ou 
espiritual), orelhas enormes, que muitos criticam sem 
saber que é apenas um símbolo; na razão daquele que 
além de CLARIVIDENTE é CLARIAUDIENTE. As 
pernas cruzadas ou na posição já apontada como de 
Padmasana, sendo as mãos unidas e os dedos curvos, 
formando a última letra do alfabeto sânscrito, ou Aquele 
que alcançou o Fim de sua evolução terrena: o Nirvana 
etc. E quanto ao ponto ou sinal que traz na fronte (“olho 
de Shiva", como se chama na Índia, “ureus mágico”, 
no Egito, como prova a “serpente que se vê na fronte do 
faraós”), em relação à mesma visão espiritual. E assim 
por diante.
Por todas essas razões e outras mais ainda, a 
nossa Escola Iniciática ter sido fundada com nome 
"DHÂRANÂ", e seu órgão oficial o conservar até hoje 
como uma homenagem àquela época.
DHÂRANÂ serviu, pois, de “sumo controle 
do Pensamento”, para que, Dhyâna abrisse suas 
"Portas de Oiro" a Samadhi, além do mais, através de 
desconcertantes fenômenos psíquicos, que o vulgo 
denomina erroneamente de “milagres”. E logo chegando 
o domínio do Mental (Dhyâna ligada a Samadhi, ou 
antes. Budhi e Atmã, como 6º e 7º princípios teosóficos, 
para a formação da Tríade Superior), a própria Lei lhe 
exigir o de SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA*, 
além de excelso e significativo lema, que é: SPES 
MESSIS IN SEMINE, ou “a esperança da colheita está 
na SEMENTE”. E isso porque, todos quantos forem 
atraídos para as suas fileiras, desde já representam os 
arautos dessa civilização de elite que fará seu surto nesta 
parte do Globo, e para a qual foi a mesma S. T. B. criada.
Assim, o mesmo leitor; ao manusear as iniciáticas 
páginas de seu órgão oficial, embora que não o saiba, 
pratica um rápido estado de "Dhâranâ", por ter de 
abandonar o “mundo dos sentidos”, sob pena de não 
poder compreender o que, por “baixo da letra que mata”, 
refulge, como um Novo Sol, a iluminar-lhe a Consciência, 
o “Espírito que vivifica”.
Vitam impendere Vero!
Dhâranâ nº 119 a 122 – Janeiro a Dezembro de 1944 – 
Ano XIX
* (Hoje Sociedade Brasileira de Eubiose)
Fevereiro - Maio/2012 04
Na parte alta da cidade de Praga, na República 
Tcheca, há um mosteiro muito aprazível, um dos pontos 
turísticos da cidade. O Monastério de Strahov abriga uma 
sala de grande magnitude, chamada “Salão Filosófico”, 
uma espécie de biblioteca, com um grande acervo sobre o 
pensamento humano. Mas o que chama a atenção dos que 
visitam essa sala é um afresco que toma todo o seu teto, 
criado pelo pintor vienense Franz Anton Maulbertsch, 
entre os anos de 1776 e 1778. O nome dessa obra é “A 
Evolução Espiritual da Humanidade”. Nela vemos uma 
clara junção entre ciência, filosofia e religião. A Divina 
Providência, colocada no centro do afresco, está cercada 
por representações de vícios e virtudes. Motivos do Antigo 
Testamento, como os Dez Mandamentos de Moisés e 
a Arca da Aliança, fazem frente ao desenvolvimento da 
civilização grega, desde seu período mítico até os filósofos 
Sócrates, Diógenes e Demócrito, passando por Alexandre 
“o Grande”. A evolução da ciência está representada 
por Esculápio, Pitágoras e Sócrates na prisão. Tudo 
transcorre até o desenvolvimento do Cristianismo.
Essa pintura é um belo exemplo do conceito 
de espiritualidade: aquilo que vem do espírito, que é 
externalizado pela mente humana, e que se traduz no 
mundo concreto através de quatro grandes frentes 
principais: Filosofia, Artes, Ciência e Religião. E são elas 
que, como anunciadores ou archotes do Fogo Divino, 
iluminam ocaminho dos homens e propiciam a criação 
de miríades de possibilidades no mundo material e suas 
infinitas ramificações, como a política, o comércio, 
o entretenimento, etc., tendo como objetivo último o 
aprimoramento, a evolução do ser humano. O espiritual 
expressa uma tendência arquetípica, manifestada no 
CONEXÕES NUM MUNDO EM (R)EVOLUÇÃO
Marcelo José Wolf
mundo concreto, paulatinamente, no dia a dia.
Ao longo dos séculos, a civilização ocidental, sem 
o perceber, passou a dissociar o espiritual do material, 
criando uma polaridade entre ambos, que, na verdade, 
não existe. Nesse ponto, as culturas ditas “primitivas” 
e, também, os povos antigos tratam essas duas facetas 
de uma forma bem mais natural, sem apresentar 
essa dissociação. Mas pior que isso foi a redução da 
espiritualidade em religião, fenômeno, que, na maioria 
das vezes, não exprime adequadamente sua verdadeira 
função, descrita na acepção do termo: re-ligar ou tornar a 
ligar o homem à sua essência imortal.
No ano de 2011, vimos muita coisa acontecer no 
nosso planeta, algumas inéditas, outras seguindo um 
processo que vem se desenrolando nos últimos anos. A 
mais notável e surpreendente é a Primavera Árabe. O 
inegável é que estamos passando por transformações 
sociais, culturais, econômicas e políticas, que estão 
redesenhando a face do mundo, do poder e da vida dos 
seres humanos. E, se tomarmos como corolário o fato de 
que o espiritual nunca está dissociado do material, e que 
este é uma expressão concreta das tendências imanadas 
do primeiro, fica a pergunta: por quais caminhos a 
humanidade está trilhando sua marcha? Espiritualmente, 
há uma tendência a ser seguida em sua evolução? 
Podemos antever os seus caminhos futuros?
CONSTATAÇÃO NO MUNDO
Apontamos aqui alguns fatos significativos que vêm 
ocorrendo no mundo e que estão redesenhando o cenário 
da vida humana em nosso planeta. Através desses fatos, 
vamos tentando deixar mais claro um pano de fundo, 
um leitmotiv, ou um padrão, em vigência nesse terceiro 
milênio. Após esses exemplos concretos, vamos propor 
uma ideia para tentar responder à questão sobre qual a 
tendência espiritual de nossos dias.
A partir de 1989, avançamos em passos de 
gigante para o que conhecemos como Globalização: 
países perdem suas fronteiras econômicas, culturais, 
monetárias, para fazerem parte de grandes blocos. 
Ninguém mais vive isoladamente; nenhuma nação vive 
sozinha. Todos realizam intercâmbios econômicos, 
culturais, políticos, etc. 
INTRODUÇÃO
Fevereiro - Maio/2012 05
A popularização da Internet, também, foi uma 
das grandes propulsoras dessa globalização. A Internet 
conecta a todos. Promoveu uma grande revolução na 
forma de produzir conhecimento, de comprar, de se 
conhecer pessoas, de obter-se informação, de organizar 
movimentos e de formar opiniões. Graças a ela, as 
distâncias encurtaram, e o mundo tornou-se uma aldeia 
global.
Com a popularização da Internet, o termo 
“ciber” passou a ter relevância na vida das pessoas. 
Tudo que é ciber mudou nossa forma de atuar no 
mundo: Cibercultura, ciberespaço, ciberterrorismo, 
ciberativismo, etc. Um dos filósofos e escritores 
mais influentes nessa área é Pierre Levy, com muitas 
publicações sobre o assunto, mostrando a importância 
desse novo paradigma nos dias presentes e vindouros.
Nas redes sociais da Internet, a exemplo do 
Facebook, há uma comunicação entre pessoas do mundo 
todo. E, muitas vezes, elas se organizam para criar grupos 
específicos ou reivindicar melhorias e mudanças em 
determinados setores da vida coletiva. Possibilitaram 
que opiniões individuais tivessem um peso considerável 
na formação da opinião global, contribuindo com a 
criação do que chamamos de uma consciência coletiva. 
O coletivo passa a ter uma grande importância frente ao 
individual. 
Essa consciência coletiva tem seus efeitos no 
mundo. Estamos assistindo a uma onda de manifestações 
e protestos no Oriente Médio e no Norte da África, 
denominada Primavera Árabe, contra os regimes 
autoritários que lá imperam e que são calcados na 
repressão e na censura. Impulsionadas pelas redes 
sociais, essas manifestações clamam por uma maior 
liberdade política, intelectual e, até mesmo, econômica. 
Cada vez mais caminhamos para o fim dos 
governos autoritários onde poucos ditam as regras a ser 
seguidas por todos. As regras passam a ser elaboradas 
coletivamente, de uma forma mais democrática.
O Capitalismo vive uma grande crise, e vemos 
vários protestos em Wall Street, na Europa e em todo o 
mundo, formando uma campanha contra a desigualdade 
econômica e a concentração de riquezas nas mãos de 
pouquíssimos. Centenas de pessoas acampam no parque 
Zuccotti, perto do centro financeiro de Nova York, 
demonstrando o descontentamento com os rumos da 
economia e com empréstimos milionários a grandes 
empresas, em detrimento da população em geral.
Outras formas de ganho de capital estão nascendo. 
Muitas tentativas de cooperação e trabalho coletivo 
despontam no mundo. A mais popular é a produção 
de software livre. Um bom exemplo disso é o sistema 
operacional Linux; outro, a enciclopédia Wikipédia, na 
qual há uma produção conjunta do saber.
Hoje em dia, o conhecimento, como acúmulo de 
informação, não é mais um privilégio nem o diferencial de 
ninguém. Para isso existe o Google! Com poucos cliques 
na Internet, você pode descobrir o significado de quase 
tudo. Como usar essas informações e produzir algo que 
supra uma demanda, ou como fazer a diferença frente a 
uma situação passou a ser o foco principal da questão. 
Para isso é preciso saber como encontrar a informação 
correta e elaborá-la corretamente. E isso requer uma 
versatilidade mental e uma boa dose de intuição.
Diante da socialização do conhecimento promovida 
pela Internet, um aspecto passou a ser essencial para o 
bom desempenho de tarefas: a criatividade. Qualquer 
profissional, para desenvolver-se (e muitas vezes, apenas, 
para manter-se no mercado de trabalho), precisa muito 
mais do que fazer bem feito o que lhe compete. Precisa 
responder, instantaneamente, às mais diversas demandas 
e situações inesperadas que podem ocorrer. E, para isso, 
mais do que conhecimento, é necessário se ter “jogo 
de cintura”, no dito popular, ou, em outras palavras, 
criatividade e outras formas de inteligência, como a 
emocional.
Pouco se falava em sustentabilidade e 
preocupação com o meio ambiente há algumas 
décadas. Hoje, esse tema entrou em todas as pautas da 
vida humana, desde política e econômica até cultural e 
comportamental. O homem passa a olhar de uma forma 
diferente para a natureza, o planeta e seus recursos 
naturais.
Com o aumento das demandas em nossas vidas, o 
homem passou a ter uma maior preocupação com sua 
vida interior. Vemos uma busca crescente por terapias 
alternativas, autoconhecimento, psicologia, autoajuda, 
espiritualidade, meditação, etc. Basta darmos uma 
olhada na sessão de livros mais vendidos ou verificar a 
procura por palestras de autoajuda. Isso é um reflexo de 
Fevereiro - Maio/2012 06
que o homem está, cada vez mais, tentando aprimorar sua 
qualidade de vida. A agitação da vida moderna o empurra 
para buscar, dentro de si mesmo, um caminho mais 
satisfatório com seus anseios e desejos íntimos.
Em consequência dessa maior busca interior, 
passamos a viver uma espécie de “neorrenascimento” no 
qual, novamente, o homem ocupa o centro do universo, 
dessa vez não culturalmente, mas sim espiritualmente. 
Enquanto alguns movimentos religiosos crescem e 
ganham importância, muitas pessoas estão abandonando 
as práticas religiosas institucionalizadas e tradicionais, 
devido a não mais preencherem seus anseios íntimos 
de satisfação e significação da vida. Cada vez há menos 
espaço para guias ou gurus espirituais, que mostrem “o” 
caminho a ser seguido. As pessoaspercebem que cada 
um precisa construir e descobrir seu próprio e individual 
caminho interior.
PROPOSIÇÃO DE UMA TESE
Diante dos fatos a que vimos assistindo e de que 
vimos participando no mundo, voltemos à questão 
original e mote deste artigo: qual a tendência espiritual 
a ser vivida pela humanidade nesse terceiro milênio? 
Lançamos aqui uma hipótese que, longe de ser uma 
verdade absoluta, tenta, apenas, ser o pontapé inicial 
para reflexões individuais por parte de todos que estão 
lendo este texto. Ela é a união de conceitos, propostos 
pelas mais diversas correntes filosóficas e espirituais, 
com a verificação do que lemos diariamente nos jornais e 
do que vivemos no nosso dia a dia. A hipótese é a de que 
vivemos numa época em que, cada vez mais, caminhamos 
para a Conectividade entre tudo e todos, resultando na 
divinização do humano.
Antes de franzirem o sobrolho e acharem que 
o autor vive numa redoma de vidro frente a todos os 
problemas, barbáries e injustiças, vistas no mundo, três 
ressalvas são necessárias:
Tendência espiritual é aquilo que inspira a 1. 
humanidade, que a direciona e que vai se tornando 
real gradativamente, muitas vezes de forma 
imperceptível, e não o que já está realizado, 
conquistado e pleno. A própria palavra já o diz: 
tendência;
Todo processo de evolução é gradativo, longo, feito 2. 
passo a passo, na maioria das vezes sem rupturas 
drásticas e radicais, e, sempre, passando por 
melhorias e ajustes. Não nasce pronto, perfeito e 
imutável, vai se aperfeiçoando ao longo do caminho;
Num projeto, a ideia está perfeita. Quando passa 3. 
para a execução real, ele, sempre, apresenta 
imperfeições, pois isso é inerente à polaridade da vida 
e é, praticamente, impossível termos a perfeição no 
mundo manifestado. 
Mas o que se entende por conectividade para 
a divinização do humano? O ser humano tem, cada 
vez mais, a possibilidade de estabelecer conexões (ou 
relações) de todos os tipos. Num mundo globalizado 
e digital, é difícil se viver sozinho ou isolado. Essas 
conexões promovem a troca, a partilha, o intercâmbio 
de diversas formas, nas quais um lado não apenas deixa 
algo de si para outro, mas também o transforma um 
pouco. Essa é a base de todo relacionamento afetivo, 
de amizades, de comércio, de partilhas. Água parada 
apodrece, diz o dito popular. Num caldeamento racial, a 
troca de material genético é indispensável para a melhoria 
da espécie. Toda troca implica uma transformação.
Essas conexões promovem em cada indivíduo 
um aprimoramento e um crescimento, auxiliando na 
principal conexão em termos individuais: a ligação entre 
o ego inferior e mortal e sua individualidade imortal, 
conhecido nas tradições como o despertar espiritual, a 
vivenciação plena do arquétipo do “Self”, da psicologia 
analítica, a paz interior de você estar conectado com 
você mesmo, com sua verdadeira essência. Essa ideia é 
antiqüíssima, e todo culto, verdadeiramente, religioso 
tem essa proposta em seu âmago. E o homem, cada vez 
mais, busca o Divino dentro de si mesmo, não mais em 
templos, profetas ou tradutores do saber divino. Busca, 
em si mesmo, aquilo que o ligará com algo superior 
e transcendental. Fazendo isso, está despertando, 
internamente, todo o potencial divino que possui, e 
realizando o milagre da humanização do divino, para que, 
através da vivência do divino no humano, possa ocorrer a 
divinização do humano.
Muitos filósofos apontam essa como uma das 
metas do homem. Ludwig Feuerbach, em 1843, no 
seu “Princípios da Filosofia do Futuro”, escreveu que 
“a tarefa dos tempos modernos foi a realização e a 
humanização de Deus - a transformação e a resolução da 
teologia na antropologia”. Marcel Gauchet, com sua ideia 
de “individualização do crer”, propôs que “a crença diz 
respeito a um ato de adesão estritamente pessoal, fora da 
Fevereiro - Maio/2012 07
existência comunitária, ou mesmo contra ela”. Segundo 
Luc Ferry, a humanização do divino se dá com a laicidade, 
iniciada na Europa com o Iluminismo, reforçada com o 
Positivismo e consagrada com a revolução tecnológica 
e científica. Disso decorre uma divinização do humano, 
ligada ao nascimento da família e do amor modernos, 
responsáveis pela solidificação de laços sociais 
fundamentais para a emancipação do homem, não mais 
governado pela tradição ou por obrigações, mas, sim, 
pelo sentimento e pela afinidade.
Novamente, frisamos ser essa uma tendência para a 
qual caminhamos, não a situação vigente atual!
E A NOSSA TAREFA INDIVIDUAL 
NESSE PROJETO?
Diante de várias tendências coletivas que operam 
no mundo, fica a pergunta: e o homem individualmente? 
Como se processam essas tendências no homem 
individual? O homem é o ponto focal onde se concentram, 
hoje, as esperanças de evolução do plano arquetipal do 
Eterno, da Divindade. A evolução global da humanidade 
depende da evolução individual de cada homem. Ele 
passa a ser peça chave na evolução do cosmos, pois é 
um pontífice, um construtor de pontes, aquele que liga o 
passado animal ao futuro divino.
O primeiro passo dessa grande jornada é a 
transformação do homem, para que possa conectar-
se ao seu ser mais íntimo, ao seu Deus Interior, ao 
arquétipo do “Self”, segundo a terminologia junguiana. 
A realização da Eucaristia, ou a união do Eu finito com 
o Cristo Interno, é o passo primordial para a elevação da 
humanidade. O homem passa a ser o verdadeiro Templo 
da “religião” do futuro, pois, em seu íntimo, localiza-se 
o “Sanctum Sanctorum”, onde vibra a chama viva da 
Consciência Humana ou seu Princípio Crístico ou Atmã.
Através do autoconhecimento, vamos descortinar 
o caminho que nos levará à nossa verdadeira 
essência. Então, passaremos a viver nossa verdadeira 
individualidade, nossa verdadeira vida, nossos mais 
reais anseios e propósitos, em sintonia com a nossa 
Mônada, Tríade Superior ou o Espírito no homem. Nesse 
momento, estaremos conectados com o sentido da vida, o 
que, junto com a alegria, é inerente a essa nova forma de 
vida. E, consequentemente, passamos a ser um dínamo 
irradiador de espiritualidade, amor e sabedoria para a 
face da Terra. 
Um pré-requisito para isso é a conexão das mentes, 
a concreta, lógica e racional, com a abstrata, criativa e 
intuitiva. Esse padrão tem como maior exemplo o cérebro 
humano. Este faz, naturalmente, uma sinergia entre seu 
lado esquerdo (racional, analítico) e o direito (sintético, 
intuitivo, criativo). Hoje, a humanidade, ainda, tem um 
baixo uso de todo o potencial cerebral, principalmente, de 
seu hemisfério direito. 
Quanto mais esse supramental, ou Mental 
completo, bafejado pela plena intuição, desenvolve-se, 
mais o coração passa a agir, despertando as chamas do 
amor verdadeiro, o Amor Universal. Quando o homem 
vence as provas evolucionais e atinge um patamar mais 
alto de consciência, passa a agir com o coração em 
sintonia com a mente, num perfeito equilíbrio entre 
ambos. 
Estamos adentrando a tão propalada “Era de 
Aquário”. A humanidade inicia uma nova era astrológica. 
Muito foi dito, muito foi especulado e, também, muito 
foi iludido a respeito dessa fase, como se todos os 
problemas sumissem num passe de mágica, e um mundo 
perfeito surgisse para os homens. Será uma nova etapa 
de experiências, com seus prós e contras, acertos e 
erros. Mas será uma Era marcada pela fraternidade 
universal através da união dos povos, da superação das 
diferenças, da convivência fraterna. Daremos mais um 
passo rumo à visão uraniana de mundo, sintetizada no 
ideal da Revolução Francesa - Liberdade, Igualdade, 
Fraternidade. A bondade e o conhecimento passam a ser a 
verdadeira religião, com a união entre ciência e tradição, 
formando uma terceira via, hoje, já aventada por alguns 
pensadores do mundo e denominada de “Metaciência” 
(Basarab Nicolescu) e de “Metarrealismo” (Jean 
Guitton).Fevereiro - Maio/2012 08
Assim, conectado com sua essência interior, 
o homem, também, conecta-se com a Terra e com a 
natureza; passa a se integrar de forma holística ao meio 
que o cerca. Esse sentimento de união com o Todo 
desperta o verdadeiro sentido de Humanidade, pois aí, 
efetivamente, ele se sente encaixado e fazendo parte 
de uma família global, de um todo maior, que tem uma 
função definida dentro de um todo maior ainda, do qual 
ele faz parte. E, como consequência natural disso, brota 
em si a Compaixão e o Amor Universal. Seus atos não 
são mais individuais, mas pautados dentro dos atos da 
hierarquia. Não por obrigação, mas pelo sentimento de 
amor, que une todos os seus membros, como uma grande 
família cósmica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Procurou-se, neste texto, fazer reflexões sobre 
indícios, caminhos e horizontes, que mostrem a 
conectividade como um apanágio em nossas vidas, 
e como ela nos conduz para um patamar superior, 
divinizando o homem. Sem dúvida alguma, o homem 
caminha, cada vez mais, para aquilo que chamamos 
de “a Era das Conexões”, onde as partes se conectam 
para formar algo muito maior que a simples soma delas. 
Como última reflexão, cabe, aqui, lembrar o sentido 
do termo conexão. Segundo o dicionário Houaiss, 
conectividade significa a capacidade ou possibilidade de 
operar em um ambiente de rede. Conectivo é o que une 
uma coisa à outra, e conectar é unir, ligar. Quando nos 
conectamos a algo, não perdemos nossa identidade para 
nos tornar outra coisa, mas sim passamos a comungar 
com algo maior, como um computador, que mantém 
suas características e amplia-as ao se conectar numa 
rede. Expandimos nossas capacidades e, graças a isso, 
podemos fazer muito mais coisas. Passamos a “operar 
em rede”, ou a sermos parte de algo maior. Como nos 
disse Pierre Weil, “o homem passa a ser o elo entre 
o invisível (abstrato) e o visível (órgãos sensoriais)”. 
Passamos a ser muito mais do que simples homens, 
tornamo-nos algo maior, mais completo e mais sublime: 
tornamo-nos partes da grande família humana na Terra.
REFERÊNCIAS
FEUERBACH, Ludwig. 1. Princípios da Filosofia do Futuro. 
Lusosofia Press, 2008.
FERRY, Luc; GAUCHET, 2. Marcel. Depois da Religião. Difel 
(Brasil), 2008.
FERRY, Luc. 3. O Homem Deus. Difel (Brasil), 2007.
LÉVY, Pierre. 4. Filosofia world: o mercado, o ciberespaço, 
a consciência. Instituto Piaget, 2000.
WEIL, Pierre. 5. Rumo à nova transdisciplinaridade. 
Summus Editora, 1993.
Fevereiro - Maio/2012 09
A articulação dos conceitos de sublime, cultura e 
eubiose é importante para entendermos o trabalho da 
SBE – Sociedade Brasileira de Eubiose e, por analogia 
e extensão, de outras instituições iniciáticas. As 
abordagens que expressaremos neste texto, visam a nos 
tirar de uma região de conforto contemplativo, algumas 
vezes, provocado não por uma beatitude pós-sabedoria, 
mas sim, por um encadeamento de platitudes, que 
podem transformar o processo iniciático num manual de 
autoajuda politicamente correto. 
Pensar a SBE a partir da articulação entre sublime, 
cultura e eubiose é refletir sobre as condições individual, 
grupal e institucional do estar-no-mundo, para em 
seguida, inserir- se, conscientemente, no Pramantha e ter 
condições melhores e maiores de ser-no-mundo. Não é 
uma jornada fácil e confortável. Significa nos livrarmos, 
paulatinamente, de identificações maiávicas que, apesar 
de essenciais para a constituição da nossa anterior e atual 
subjetividade, devem ser deixadas para trás. 
 Ao mesmo tempo, temos que inventar novas e 
nelas focar, num trabalho de facilitação da travessia 
para o Quinto Sistema de Evolução. Paradoxalmente, 
o ingrediente mais difícil de introduzir nesse labor 
alquímico é a alegria. O sofrimento desnecessário, ainda, 
é um forte estruturante de nossas existências. 
A Etimologia do Termo Cultura
No Ocidente, o termo “cultura” origina-se do latim 
“culturae”, que quer dizer cultivar, cuidar, e está ligado, 
inicialmente, ao trabalho agrícola. Mas, com o passar 
do tempo, amplia seu significado, abrangendo, então, o 
sentido de dois vocábulos gregos: o primeiro é Geórgia, 
que quer dizer a cultura do campo, as lides, relativas 
à agricultura. O outro é mathemata, significando 
conhecimentos adquiridos, o acervo de saber de um 
indivíduo, de uma sociedade.
Na Idade Média, há uma mudança na utilização 
das palavras. “Colere” vai, paulatinamente, caindo em 
desuso, e dois novos vocábulos começam a aparecer, num 
reflexo das mudanças sociais, que surgem para expressar 
a ideia de “cultura – humanitas” e “civitas”, pondo em 
A CULTURA, O SUBLIME E A EUBIOSE
Pensar a SBE a partir da articulação entre sublime, cultura e eubiose é refletir sobre as condições 
individual, grupal e institucional do estar-no-mundo para, em seguida, inserir-se, conscientemente, 
no Pramantha e ter condições melhores e maiores de ser-no-mundo.
cena a noção do homem educado, culto, inserido numa 
ordem racional e politicamente construída.
Na Inglaterra, berço das transformações sociais, 
políticas, econômicas e religiosas, que marcam o fim 
da Idade Média e o início da Idade Moderna, começa a 
surgir, no início do século XVIII, o termo “cultivation” 
para expressar as noções de cultura, então, vista como 
um desenvolvimento subjetivo e harmonioso do espírito 
humano e, também, das suas diversas faculdades.
No mesmo século XVIII, aparece, na Alemanha, a 
palavra “kultur”, no sentido de refinamento espiritual, 
enobrecimento de toda uma sociedade, e, praticamente, 
todos os outros significados, hoje, atribuídos à “cultura”, 
em sua extensão social e coletiva.
Existe, ainda, outro valor semântico de cultura, 
voltado ao cultuar dos Deuses, rememorar os eventos 
e fatos importantes da vida, das gerações, dos 
antepassados. É uma espécie de atualização dos mitos no 
momento presente, fazendo, com isso, uma espécie de 
renovação dos compromissos do cotidiano, do presente 
com um passado muitas vezes idealizado.
Laudelino Santos Neto
Fevereiro - Maio/2012 10
A Concepção Clássica 
de Cultura
A concepção clássica de cultura, 
abarcando visões da antropologia, 
economia, política, sociologia, que 
começa a partir do século XVIII com 
o termo kultur, na Alemanha, de uma 
forma ou de outra, ainda, permanece 
majoritária nos tempos atuais. É a que 
se organiza a partir de uma estrutura 
binária em que cultura se opõe à 
natureza, ou, se preferirem, cultura x 
natureza.
Por esse raciocínio, em determinado momento de sua 
evolução, o antropóide se desvia, entra em conflito com a 
natureza em geral e com a sua específica. Torna-se, então, 
um “inadaptado”. Karl Marx usa, para tal, a expressão 
alemã “mängel wesen”. Literalmente, o primeiro termo 
significa “falta”, e o segundo, “ente”, “existência”. Quer 
dizer que, em determinado momento da evolução do 
homem, ele se torna um ser, um ente, em que falta alguma 
coisa, por isso mesmo, não conformado, inteiramente, à 
natureza.
Por lhe faltar uma conexão completa com a natureza, 
ao contrário de outros mamíferos e animais em geral, o 
homem é, então, capaz de se produzir separadamente 
da natureza, quer dizer, produzir-se como um ser. Com 
isso, também, é capaz de produzir seu próprio mundo, 
dissociado da natureza, de todo o resto. Isso tem 
profundas implicações, porque produzir-se a si próprio e 
seu próprio mundo significa, outrossim, a capacidade de 
apropriar-se do mundo bem como, de si mesmo.
Talvez, nessa falta, nessa ausência, esteja o primeiro 
passo da criação da Hierarquia Jiva... e da caminhada 
para o Quinto Sistema de Evolução... 
 E como é próprio do Humano a caminho do 
Divino, surgem as primeiras contradições, os primeiros 
paradoxos. Um deles é que a cultura, sempre, busca 
a universalidade, mas carrega, no seu interior, a 
diversidade, a especificidade. Ao deixar odeterminismo 
animal da natureza, o homem “em falta” cria os 
fenômenos culturais e passa, ao mesmo tempo, a tecer 
sua própria história.
A Concepção 
Contemporânea de Cultura
A concepção contemporânea 
de cultura – entendam-se 
contemporâneos, os últimos 50 anos 
– aproxima-se muito do conceito de 
civilização. Os dois praticamente se 
misturam, e é impossível pensar um 
sem o outro. Pode-se, então, conceber 
a cultura/civilização como um 
complexo de conhecimentos, crenças, 
artes, moral, hábitos, costumes e 
capacidades, adquiridos pelos homens 
como membros de uma sociedade. Para citar, apenas, 
um dos intelectuais contemporâneos, que pensaram 
de forma inovadora a cultura, sublinho o antropólogo 
francês Claude Lévi-Strauss, um dos fundadores do 
estruturalismo, que vê a cultura como um sistema de 
signos. Para ele, toda cultura pode ser considerada um 
conjunto de sistemas simbólicos, em que se situam, como 
mais importantes, a linguagem, as relações econômicas, 
a arte, a ciência, as relações matrimoniais – em torno das 
quais se organizam os parentescos – e a religião.
É importante salientar que o fundador da 
antropologia cultural, Claude Lévi-Strauss, concebeu 
suas teorias após estudar a cultura dos índios bororos, 
quando de uma estada no Brasil, nos anos 30, época em 
que foi professor da recém-inaugurada Faculdade de 
Letras e Artes, embrião da futura USP – Universidade de 
São Paulo.
Como um pequeno exercício para compreendermos 
melhor o trabalho dos atuais Dianis Planetários e sua 
repercussão na Face da Terra, trocaremos a palavra 
cultura pelo termo Pramantha. Com isso, veremos que 
a concepção estruturalista de Lévi-Strauss vale para 
os dois, possibilitando-nos afirmar que, no interior do 
Pramantha, os sistemas simbólicos se organizam em 
rede, sem qualquer hegemonia de uma Linha em relação 
à Outra. Devemos, então, respeito e veneração a todas 
elas, inclusive para aqueles aspectos que se apresentam 
com linguagens materialistas e ateias. 
Fevereiro - Maio/2012 11
A Desconstrução 
Pós-Moderna
Mas nem tudo são flores na época 
contemporânea. O “destruens et 
construens” permanece como uma 
lei universal. As finalidades místicas, 
religiosas ou cívicas das manifestações 
culturais, praticamente, desvaneceram-
se, principalmente das obras de arte. 
Foram substituídas por uma espécie 
de esteticismo puro, que se basta a si 
mesmo, e pela chamada comunicação 
de massa, cada vez mais estruturada 
como espetáculo. O historiador inglês Arnold Toymbee, 
usa pela primeira vez, a expressão pós-moderno para 
indicar essa nova vaga de desconstrução dos cânones 
estabelecidos.
Os valores da Renascença e do Iluminismo do século 
XVIII, tais como o predomínio da razão, a liberdade 
política, os progressos científicos e tecnológicos, o 
desenvolvimento social e a ampliação da igualdade 
foram postos em questão. O pós-moderno coloca as 
manifestações culturais como obras do acaso e da 
indeterminação (influência da física quântica), da 
irracionalidade e do relativismo. E a grande contradição 
desse pós-modernismo é que foi construída uma 
sociedade, ao mesmo tempo, de massa e individualista.
Outros encaram pontos positivos na sociedade 
pós-moderna, que ao invés de abolir o racionalismo e 
o humanismo, revisitam-nos com novos instrumentos 
teóricos e práticos. Isso ocorre, hoje, principalmente, 
na arquitetura e na indústria da moda. Ao mesmo 
tempo, já se fala numa nova “episteme” (conjunto de 
conhecimentos de determinado momento histórico) 
ocidental se organizando, em que o princípio de 
autoridade centralizadora é substituído por uma mescla 
de indeterminação, pluralismo, ecletismo, aleatoriedade, 
paródia e ceticismo em face das antigas criações 
espirituais e dos comportamentos tradicionais de grupo. 
Nesse cadinho de transformações surge, entre outras, 
uma nova classe dirigente, o gestor ou “decisor”, os 
novos executivos de empresas, os altos funcionários de 
órgãos governamentais e, também, das organizações não-
governamentais, das universidades, etc.
A Sublimação como 
Processo Fundador da 
Cultura
A sublimação é uma palavra 
que Freud foi buscar na química, 
na antiga alquimia, e, talvez, até no 
conceito de sublime, de Aristóteles, 
para explicar o processo em que a 
pulsão de vida, sexual, é desviada e 
transformada em produtos culturais 
– tanto artísticos como científicos 
e tecnológicos. A questão da 
sublimação é tão importante, que, 
sem ela, não poderia existir o que se conhece hoje como 
civilização.
Sublime é aquilo que é elevado, grandioso, que 
está acima de tudo e de todos. Na Grécia Antiga, 
principalmente em Aristóteles, o sublime é o tipo de 
conhecimento que ultrapassa a razão humana, a lógica, 
e só é percebido por uma espécie de elevação espiritual, 
divina. Como decorrência dessa linha de pensamento, os 
alquimistas chamavam de sublimação a transformação 
do chumbo em ouro. Em química, até hoje, sublimação é 
a transformação do estado sólido, diretamente, em estado 
gasoso.
Um aspecto curioso do processo sublimatório 
é que ele opera com duas grandes inovações. Na 
primeira, consegue desviar a energia da pulsão do seu 
destino natural para a criação de novos fatos culturais e 
científicos, de toda e qualquer monta. Na segunda, fura 
o bloqueio dos universos da cultura, de tudo que está 
aceito e consolidado, e imprime a marca individual do 
criador. Sendo muito singular, a criação carrega em si 
um “quantum” de desafio e revolta contra o estabelecido, 
numa espécie de anarquia visionária. 
Em sentido contrário, uma situação extrema de 
império absoluto de conceitos universais, não há espaço 
para as manifestações individuais, consequentemente, é 
impossível haver sublimação. Por isso mesmo, a maneira 
mais rápida de se cair na barbárie é impor, de forma 
ditatorial, modos de pensar e agir. Todo ditador está a 
serviço da pulsão de morte.
A sublimação, também, pode ser entendida como 
a aplicação, a transferência, o deslocamento da energia 
para outro campo, para outro local, em que são possíveis 
realizações socialmente mais úteis, mais valiosas. Com 
Sublime é aquilo que é elevado, 
grandioso, que está acima de tudo e 
de todos. 
Fevereiro - Maio/2012 12
isso, a sublimação tem tudo 
a ver com as forças ligadas à 
vida, à evolução e age, também, 
como um inibidor das forças 
de destruição, que começam, 
sempre, com um discurso 
voltado à extinção da diferença, 
do individual, que a pretexto da 
volta à paz e à harmonia, leva-
nos ao silêncio terrível do fim da 
vida, do inorgânico. 
Sublimação, Alegria 
e Prazer
Além de contribuir para 
o melhor entendimento dos 
processos criativos, através 
do conceito de sublimação, 
resgatado por Freud da química, a psicanálise foi mais 
além em apontar sua origem, muito diferente do existente 
em termos de senso comum. O nascimento da cultura 
e da civilização teve um custo para o antropóide. Ele se 
tornou menos animal e mais humano com o sacrifício da 
realização de parte dos seus instintos. 
Mas ao contrário do que pensam muitas pessoas, 
sublimação não tem nada a ver com recalcamento e 
repressão. Estas são essenciais para o viver em sociedade, 
para as organizações humanas funcionarem. Podemos 
dizer que se relacionam com o princípio de realidade, com 
as condicionantes e determinantes da estruturação do 
ego, da personalidade. Mas a conformação à sociedade, 
à socialização, para a qual o sujeito paga o preço da 
alienação da sua singularidade, não gera o objeto oriundo 
da sublimação, o novo, o inusitado, o sinalizador do 
Quinto Sistema de Evolução.
As questões ligadas à cultura e à civilização, 
como tudo que é complexo, têm suas contradições e 
ambiguidades. Uma dessas é a repressão ser origem 
da cultura e, ao mesmo tempo, seu desenvolvimento 
dependerde seu oposto, a sublimação. Sublimação é algo 
mais além, e sua origem está no chamado princípio de 
prazer, na alegria de criar, de transformar o mundo pela 
concepção de um novo objeto, ou conceito nunca antes 
pensado. 
Sublimar não é reprimir, não é recalcar. 
Vive, em ledo engano, quem reprime suas 
energias, que podem se transformar em 
objetos singulares, artísticos, científicos, 
tecnológicos, imaginando que se está 
sublimando e, com isso, chegando mais 
perto do divino. Sublimar é a grande saída 
humana para a explosão de vida de origem 
universal. 
Sublimar não é reprimir, 
não é recalcar. Vive, em 
ledo engano, quem reprime 
suas energias, que podem 
se transformar em objetos 
singulares, artísticos, 
científicos, tecnológicos, 
imaginando que se está 
sublimando e, com isso, 
chegando mais perto do divino. 
Sublimar é a grande saída 
humana para a explosão de 
vida de origem universal. 
Em Carta-Revelação de 1º 
de agosto de 1951, JHS cita um 
livro que se encontra na Secção 
7, códice 17, da Biblioteca de 
Duat, intitulado Sublimatum 
– Le Coeur et La Croix, escrito 
pelo Jesuíta e grande pensador 
Rosa-Cruz – e, também, Adepto - Louis Lerov, que se 
apresentou sob o pseudônimo de Giuliano Benfica. Essa 
obra é de grande transcendência mística e revela os mais 
profundos aspectos espirituais da sublimação.
A Eubiose como Método de 
Transmissão/Invenção
Nascida na transição do Quarto para o Quinto 
Sistema de Evolução, a Eubiose deve ser vista e operada 
através de vários vetores. Escolhemos, para esse trabalho, 
os relativos à transmissão do conhecimento e da invenção 
de uma nova cultura, de uma nova civilização, como 
estratégia para antecipar 3005.
A primeira questão que se nos apresenta é: transmitir 
o que? Uma das respostas possíveis está na própria 
história da Sociedade Brasileira de Eubiose. Transmitir a 
Tradição Iniciática das Idades. Mas, no contexto do século 
XXI, com todos os avanços do conhecimento humano, 
propiciados pela presença dos Dhianis Planetários, 
devemos ultrapassar o método e o conteúdo puramente 
teosófico.
Como fazer? Essa é a próxima questão que se 
apresenta. A cultura contemporânea nos dá indicadores 
Fevereiro - Maio/2012 13
seguros. Devemos revisitar os conhecimentos seculares e 
fecundá-los com as novas descobertas e, num movimento 
dialético, também, sermos fecundados por aquilo que eles 
possuem de essenciais. 
Isso implica dar nova vida ao sagrado, trazê-lo ao 
nosso cotidiano para uma transformação recíproca. 
Pressupõe não uma simples adoração de textos sagrados, 
mas uma interpretação hermenêutica do passado à luz do 
saber atual. Ou seja, temos que conhecer, sistematizar e 
organizar tanto o passado como o presente.
Mas, até o momento, nesse item, estamos tratando 
de informação, conhecimento, administração de dados. 
Ou seja, como as redes de transmissão se organizam no 
interior da sociedade e, também, em nossas estruturas 
cognitivas. Mas o processo iniciático, apesar de não poder 
prescindir do conhecimento, é algo mais profundo. Ele 
visa, em última análise, à utilização de uma linguagem 
eubiótica bem contemporânea, a inserção consciente do 
discípulo no Pramantha, a transformar o atual estado de 
consciência humana em andrógina, profética, integrada 
com os construtores do Quinto Sistema de Evolução.
A SBE, no século XXI, deverá, então, levar em conta 
as novas questões relativas à transmissão e, também, 
repensar o processo de iniciação, que não pode ser mais 
focado numa volta à Idade de Ouro idealizada, mas sim, 
na contribuição humana para a construção do Quinto 
Sistema de Evolução. 
A nossa proposta é estender o presente em direção 
ao futuro e ao passado. Deste último já abordamos 
alguns aspectos, como a revisitação do antigo com as 
ferramentas contemporâneas para aprimorar o processo 
de transmissão do conhecimento. 
Para o futuro, para 3005, para o Quinto Sistema de 
Evolução, é impossível a revisitação. Mas o processo, 
estruturalmente, pode ser o mesmo. A partir do passado 
transformado e do presente eubiótico trabalhado, 
podemos imaginar, inventar o futuro. E essa invenção, 
necessariamente, terá, como primeiro ponto de partida, 
criar ambiências para que a sublimação aconteça em 
sua plenitude, numa vertente psicodinâmica, como 
denominavam os professores Sebastião Vieira Vidal e 
Margarida Estrela, saudosos orientadores dos jovens da 
SBE na segunda metade do século passado. O segundo 
é trabalhar os conteúdos revelados pelo seu fundador, 
Henrique José de Souza, e transformá-los, dentre outras 
coisas, em matrizes operacionais de ação.
Essa invenção cotidiana se transformará, então, 
num novo processo iniciático, que se estrutura num 
compartilhamento de novos estados de consciência, 
surgidos não da mera sacralização de discursos passados, 
mas de experiências, de trabalhos concretos. E aqui 
aparece mais uma contradição, mais uma ambiguidade: 
a consciência abstrata é construída a partir do trabalho 
concreto, que passa a ter valor iniciático, se coadunado 
com a inserção consciente no Pramantha.
Mas o processo iniciático, apesar de não 
poder prescindir do conhecimento, é algo 
mais profundo. Ele visa, em última análise, à 
utilização de uma linguagem eubiótica bem 
contemporânea, a inserção consciente do 
discípulo no Pramantha, a transformar o atual 
estado de consciência humana em andrógina, 
profética, integrada com os construtores do 
Quinto Sistema de Evolução.
Fevereiro - Maio/2012 14
A busca pelo conhecimento, sempre, foi e será a única 
forma de o ser humano sair da prisão do apedeutismo, 
que tanto o torna dependente e manipulado por aqueles 
que, possuindo tal conhecimento, esquecem-se 
da Lei que os rege. Tal Lei não permite, jamais, 
que esse conhecimento seja segregado de muitos 
em detrimento de uma minoria. O preço disso 
será inexoravelmente caro, pois se constitui 
em crime de lesa-humanidade, ofendendo ao 
próprio Criador que o disponibiliza a todos, 
indistintamente, a fim de que não aconteça o que 
disse o grande baiano Rui Barbosa: “Há tantos 
burros mandando em homens de inteligência, 
que, às vezes, fico pensando que a burrice é uma 
ciência”. Para que isso não aconteça, esperamos 
que se profetizem as palavras de outro baiano, Castro 
Alves: “Oh! Bendito aquele que semeia livros... |livros à 
mão cheia... | E manda o povo pensar! | O livro caindo 
n’alma | É germe - que faz a palma, | É chuva - que faz o 
mar”. Eu complemento dizendo que livros são os faróis 
do conhecimento iluminando as mentes e os corações dos 
homens como bênção divina.
Para falar desse mal apedêutico, que acomete 
uma grande parcela de pessoas inscientes na 
humanidade, contarei o fato através de uma 
lenda criada, especialmente, para este caso.
Certa vez, no interior do sertão baiano, vivia 
um desses ermitões habitando no alto de uma 
pequena montanha; todas as noites, punha-se a 
observar e contar estrelas. 
Ele ouvira dizer, pela boca de um sábio, que 
vivia não muito distante dali, que as estrelas 
poderiam lhe revelar grandes segredos da vida e 
“enrique-SER” seus conhecimentos. 
Seguindo as palavras daquele mestre, ele grudou seu 
olhar no céu todas as noites e, somente, depois de muito 
tempo de perseverança, subindo e descendo a montanha 
durante anos seguidos, deu-se a primeira revelação de um 
conhecimento. 
Foi um momento mágico, pois, de uma pequenina 
estrela perdida na imensidão do cosmo, lançou-
se um facho de luz que, como um farol, iluminou 
e projetou algumas palavras escritas na pedra à 
sua frente, onde ele pôde ler: “esta é a pedra do 
conhecimento, ligado à arte de transformar o mais 
insano e vil metal em ouro, utilizada pelos antigos 
alquimistas”. 
Tome muito cuidado, porque nada disso 
acontecerá sem a sua transformação interior, 
afinal,todos esses conhecimentos, somente, serão 
sabedoria depois de tê-los colocados em prática, 
caso contrário, não passarão de um livro cujas páginas 
foram arrancadas. 
Passaram-se muitas luas para que o ermitão pudesse 
vivenciar e iniciar sua jornada interior; como peregrino, 
vagou por muitos caminhos. 
De retorno ao alto da montanha, contemplou, 
novamente, o céu, sendo que a segunda estrela 
escolhida, também, exigiu dele muito tempo de reflexão, 
mas, quando se distraiu com todas aquelas 
possibilidades de miríades de estrelas, o fato se 
repetiu. 
O farol ilumina, novamente, a pedra na qual 
costumava sentar-se. Então, pôde ler: “esta é a 
segunda pedra, que traz o conhecimento sobre 
todas as artes, que inspiraram os grandes seres 
a iluminarem esse planeta através da música, 
pintura, canto, dança (artes em geral). Seja 
cauteloso para não deturpar sua essência, 
principalmente, se o caminho da primeira estrela 
não tiver sido percorrido com êxito, para conduzi-la à 
sua autotransformação. Assim, a magia da arte voltar-
se-á contra você. Nunca é demais avisar o que os grandes 
A LENDA DO FAROL
Os Sete Saberes de um 
Educador
“Jamais haveria evolução se o Verbo se manifestasse proferindo, sempre, as mesmas palavras.”
(Professor Henrique José de Souza.)
O educador, como porta-voz do conhecimento, deverá estar atento para não cair na mesmice, pois o 
mesmo conteúdo de hoje, talvez, tenha que ser dado de forma diferente em outra ocasião. Podemos 
chamar a isso de educação continuada e inovadora.
Dirceu Moreira
Fevereiro - Maio/2012 15
Mestres, sempre, recomendaram: olhos e ouvidos 
alerta, porque a lei de polaridade espreita por 
todos os lados, e tudo tem seu oposto. Todo ser 
humano leva, em si, imanente, a tendência e a 
força para transformar-se em algo superior; 
jamais se esqueça dessa lei de evolução, para 
que não desqualifique as pessoas. A quem 
encontrar pelo caminho cumprimente-o dizendo 
NAMASTÊ: O Deus que habita em mim, saúda 
o Deus que habita em você. Eis aí a síntese dos 
relacionamentos”.
Conta-se que, tempos depois, o ermitão 
produziu muitas obras de artes e, só depois de um 
tanto de luas, retornou ao seu lugar de origem. 
No seu terceiro encontro, no alto da 
montanha, chovia muito, mas ali ele permaneceu 
e, só no terceiro dia consecutivo, deu-se a 
projeção do farol de luz trazendo-lhe outra tônica 
do conhecimento:
“Preste atenção, esta é sua terceira revelação: 
para que as duas anteriores sejam vivenciadas 
por você, será preciso que atue no mundo de forma 
ética, estética e politicamente correta”. 
Nessa altura dos acontecimentos, o ermitão 
começou a perceber que, a cada passo, as coisas 
ficariam mais difíceis, porém, também, 
sabia que, para “enrique-Ser”, era 
preciso ter a riqueza não só do ouro, mas 
também do saber SER. 
O tempo passou depressa, e a quarta 
revelação lhe veio de súbito quando 
descia da montanha. E, quando menos 
esperava, observou novamente um 
clarão. Voltou, então, a sentar na pedra, e 
assim foi registrado: “existe uma lei da sublime mecânica 
celeste que se projeta em todas as coisas; o homem 
a denomina de ciências exatas. Ela tem inspirado, 
nos seres humanos, grandes possibilidades de 
descobertas e força impulsionadora da tônica do 
progresso tecnológico. Antes que possa retornar 
ao seu refúgio, como nosso tempo é curto, peço 
que nada tente fazer sem antes compreender o 
que lhe ensinará a 5ª estrela, que vem trazendo o 
dom acumulado ao longo de gerações, contido na 
literatura, através de livros dos mais diferentes 
conhecimentos, registrados pelo tempo afora. 
Procure ler muito para que possa cumprir o que 
lhe trouxe a 4ª estrela, e tudo que produzir o faça 
com ética e com estética da sublime arte do bem 
viver, assim, estará transformando a si mesmo, 
alquimicamente”.
Foram tantas as luas que se passaram, que 
nem mesmo o relógio do Sol poderia registrar 
o desaparecimento do ermitão e, muito menos, 
o que ele fez em sua caminhada pelo mundo. 
Num lindo dia, daqueles em que o verde cobria 
todo o semiárido baiano, o alto da montanha 
estava, ainda, mais lindo para recebê-lo. Ao 
cair da noite, pôde vislumbrar que havia cinco 
estrelas cintilantes, que se destacavam no céu. 
Ali sentado, recebeu sua sexta revelação, e uma 
estrela projetou, novamente, aquele farol de luz 
esplendoroso, possibilitando-lhe que, naquele 
instante, pudesse ler a seguinte mensagem: “sou 
a essência que lhe trago o dom de aprender a 
pensar, com isso, poderá, novamente, “re-ligar-
se” ao Criador, não a confundindo com a religião 
comum: Eu sou a filosofia e a teogonia, teosofia 
que dá ao homem as possibilidades de acessar sua 
consciência superior, conhecer o céu e a terra e seus 
mistérios (cosmogênese e antropogênese). Com 
isso, poderá mergulhar para dentro de si e tornar-
se mais criativo. Junto comigo, trago uma 
das minhas irmãs, a 7ª estrela, que lhe 
revelará a arte da cura por um ramo do 
conhecimento, ainda, pouco praticado 
pelos homens – a medicina teúrgica 
(palavra de origem grega, que significa 
Obra, Magia Divina)”. 
O ermitão ficou, completamente, em 
êxtase, no entanto percebeu que todo seu aprendizado 
não fazia sentido algum isoladamente. Sua 
visão, ainda, era fragmentada com um monte 
de disciplinas, que não se conectavam, não 
interagiam umas com as outras. Novamente, a 
presença de “Cronos”, o deus do tempo, fez um 
único dia da vida do ermitão ser uma eternidade e 
o atormenta tanto, que ele retornou à montanha 
e pos-se a pedir, incessantemente, que as estrelas 
lhe dessem a chave do conhecimento secreto, para 
resolver tal enigma. 
Maquiavel
Fevereiro - Maio/2012 16
Neste dia, de tanto suplicar (e a súplica de um 
sertanejo sábio tem o poder de uma medicina teúrgica), 
fez jus a seu pedido, caso semelhante ao que acontecera 
a Esculápio de Epidauro, que renasceu das cinzas, ou, 
mesmo, ao estalo de Vieira (padre Antônio Vieira).
Eis a revelação provinda da 8ª estrela: “eu sou o poder 
sintetizador, unificador e integrador de todas as revelações 
que você recebeu das sete estrelas, minhas projeções. Para 
que possa “enrique-SER”, ou seja, aplicar o conhecimento 
recebido, deverá vivenciar a metáfora: um por todos e todos 
por um, não a luta pelo poder, mas a luta pelo dever. Daqui 
pra frente, a jornada é sua, e lembre-se sempre: a quem 
muito for dado, muito lhe será cobrado”.
Conta-se que, depois de muito tempo, o ermitão 
casou-se e teve oito filhos, e os batizou com o nome 
dos sete ramos do conhecimento da Árvore da 
Vida, que lhe fora revelado. Tornou-se um grande 
pensador e, hoje, caminha pelo mundo, ensinando seu 
método de aprendizagem denominado de “o farol do 
conhecimento”, divulgando que todos os saberes são 
analógicos. 
Embora de conteúdos diferentes, encontramos, 
nesses saberes, semelhanças, inclusive, contendo o bem, 
o bom e o belo, para serem integrados de forma eclética e, 
sincreticamente, aplicados no dia a dia de cada um. Sem 
dúvida alguma, trata-se de uma visão sistêmica, integral 
e holística, na qual as múltiplas disciplinas, quaisquer 
que sejam, interagem de forma multidisciplinar, inter 
e transdisciplinar. O farol do conhecimento é móvel 
e, como tal, gira 360 graus, iluminando a escuridão 
provocada pelo apedeutismo, que tanto atrasa o 
desenvolvimento do ser humano. A educação é o farol 
do conhecimento, cujo potencial vai além do farol de 
Alexandria. A educação não tem fronteira, é a fonte de 
toda Criação, e os limites, a ela impostos, são produtos 
da ganância dos homens, para dominar os povos. Esse 
conhecimento é incorruptível e volta, sempre, ao seio dos 
homens, como fez Prometeu ao nos entregar as chamas 
desse fogo (Este prometeu e cumpriu). A educação é o 
farol do conhecimento; os educadores, suas cores e luzes; 
e as sete estrelas são suasmúltiplas disciplinas. Cada 
escola possui um farol do conhecimento, réplica perfeita 
daquele contido nas estrelas. Todas as escolas possuem 
a mesma essência, e nenhum educador pode arrogar o 
direito de dizer que a sua, ou seu método, é melhor do 
que o outro, e, sim, compartilhar suas experiências e 
qualificar o que os outros estão fazendo. Assim como 
o ermitão era conhecido como Glorioso, o mesmo 
significado para o nome Euclídes, assim, também, todos 
os educadores são gloriosos, e suas ferramentas são os 
diversos ramos do conhecimento, verdadeiras Cunhas, 
capazes de erguer, remover e transformar os maiores 
pesos da ignorância do ser humano. 
Educação, família e sociedade é uma tríade perfeita 
à medida que cada uma delas cumpra seu verdadeiro 
papel. Que a família o faça através do amor, a escola 
pela inteligência e a sociedade pelo trabalho. Amor sem 
sabedoria cria protecionismo sem os devidos limites. 
São Mestres e pais bonzinhos, não justos. A inteligência 
sem amor torna o homem distante e frio em seus 
relacionamentos, mas, também, amor e sabedoria sem o 
trabalho (ação) não gera, absolutamente, nada; é como 
um livro fechado e trancado numa biblioteca. Escola, 
família e sociedade constituem o palco da vida onde se 
desenrolam os saberes, sintetizados pelas revelações das 
estrelas; em suas interrelações, é que se dá a harmonia 
tão desejada de todos os educadores, para que a educação 
não seja mais o bode expiatório de toda sociedade, 
porque nosso país é como disse Jorge Amado: “Eu sou 
muito otimista, muito. O Brasil é um país com uma força 
enorme. Nós somos um continente, meu amor. Nós não 
somos um paísinho, nós somos um continente, com um povo 
extraordinário”. 
Antonio Conselheiro disse, por volta de 1900: “Há 
de chover uma grande chuva de estrelas e aí será o fim 
do mundo”. Primeira tradução: é o fim, a morte pela 
transformação do ser humano, através das estrelas do 
conhecimento, citado na lenda, tendo à frente a educação 
como farol a iluminar o grande espetáculo da criação 
Divina, mas, também, pode ser o aviso, há tempos, 
anunciado pelos grandes sábios. Ou mudamos pelo amor, 
ou pela dor, mas mudamos.
Essa lenda é uma homenagem a todos os educadores 
baianos e a todos os educadores brasileiros, que, com 
dignidade, fazem da educação seu principal baluarte. 
“O sertanejo é, antes de tudo, um forte”, disse Euclídes 
da Cunha. Os educadores, além de fortes, são, também, 
persistentes e sábios, para que possam transformar 
pequenas estrelas em grandes Sóis. Há uma condição 
“sine qua non”, para que tudo isso possa acontecer, que 
se encerra na frase do Prof. Henrique José de Souza: “O 
homem não é sábio porque sabe, ele é sábio porque ama. 
Em essência, esse amor é pleno de sabedoria”.
Fevereiro - Maio/2012 17
A LIDERANÇA NO TERCEIRO MILÊNIO
“Reconstruir é o brado que nos compete! Sim, reconstruir o homem, o pensamento, a moral, os costumes; 
reconstruir o lar, a escola, o caráter, para que o cérebro se transmute ao lado do coração. Só assim a 
humanidade se tornará digna do estado de consciência exigido pela nova civilização.”
(Professor Henrique José de Souza.)
É imperioso que esse brado da reconstrução encontre 
eco na mente e no coração de cada membro da Sociedade 
Brasileira de Eubiose e de cada cidadão do mundo, sintonizado 
com os ditames da Era de “Aquarius”. Urge que cada um 
desses assuma a liderança de uma parcela da humanidade, de 
forma a satisfazer as exigências transformacionais do novo 
Ciclo.
Entendemos, no entanto, que essa liderança deva se 
mostrar hábil e eficiente, encontrando-se, necessariamente, 
embasada em técnicas e conceitos testados e validados 
através dos tempos. Percebemos, ainda, que a reconstrução 
do homem, do pensamento, da moral, dos costumes, do 
lar, da escola, e do caráter passa, necessariamente, pela 
estreita vereda da significação, do autogerenciamento e do 
autoconhecimento.
Assim, iniciamos uma série de artigos que apontam como 
objetivo abordagens e tendências históricas da liderança, 
fomentando o relacionamento de Liderança com Significação, 
Autogerenciamento e Autoconhecimento, de modo a se 
tornarem cenários inseparáveis. Nesse trajeto, reforçaremos 
a conceituação de liderança como um estado dinâmico no 
domínio espaço-tempo. 
Tomando como ponto de partida a abordagem dos traços, 
dos estilos e dos contextos, ultrapassaremos os conjuntos 
situacionais e o enfoque servil até aportarmos na tão almejada 
Liderança Transformacional. Compartilharemos, entre 
outras, as ideias e propostas de Bernard Bass, Joseph Host, 
Maslow, Holander Fieder, até alcançarmos James C. Hunter, 
que definiu Liderança como a “habilidade de influenciar 
pessoas para trabalharem entusiasticamente, visando ao bem 
comum, inspirando confiança por meio da força do caráter”. E, 
assim, preparamos o caminho para Viktor Frankl, que colocou 
liderança como um “Relacionamento de estímulo mútuo 
que eleva os seguidores à condição de líderes de si mesmos”. 
Intentamos, com todo esse desenvolvimento, alcançar o marco 
sem retorno, onde, unicamente, o irrestrito autoconhecimento 
pode nos permitir continuar e alcançar a verdadeira liderança, 
que tem como base o encontro pleno consigo mesmo. 
INTRODUÇÃO
A procura da liderança é constante e viva em todos os 
setores da sociedade. No entanto, a incapacidade de preencher 
a riqueza de atributos e comportamentos, desejados àqueles 
que se propõem à posição de líderes, resulta na falta de 
liderança capaz e eficaz, nos governos, nas indústrias, nas 
empresas, nas religiões, nos esportes, na educação, bem como 
nas demais formas de organização humana. 
A liderança tornou-se quase uma obsessão. Os livros se 
amontoam nas prateleiras das livrarias e, a cada mês, mais 
e mais títulos são acrescentados. Hoje, 02 de dezembro de 
2011, digitando “leadership”, no Google, em 26 segundos, 
fomos brindados com, aproximadamente, 123 milhões de 
referências!!! 
Bernard Bass e Ralph Stogdill (1990) catalogaram 7.000 
estudos sobre liderança. Penner (2001) pressupõe que esse 
número já deveria ter ultrapassado a casa dos 12.000 estudos. 
E estamos aqui falando de trabalhos que introduzem ou 
propõem algo de novo nesse assunto, ou seja, não são, apenas, 
coletâneas ou releituras do já realizado.
É fato que o evento da liderança existe desde o início dos 
tempos. O homem é um ser, essencialmente, social. Assim, 
desde o alvorecer das civilizações, sempre, buscou formatos 
organizacionais, que visassem a fins específicos, fossem 
grupais ou individuais. Sabemos que toda ação demanda 
esforços e, também, que maior probabilidade de êxito teríamos 
se lográssemos construir e manter estruturas grupais coesas e, 
uniformemente, direcionadas. 
Em qualquer grupo, formal ou informal, cada indivíduo 
desempenha um papel particular e uma função conjunta. Em 
qualquer aliança, sempre, aflorará, alguém cujo desempenho e 
posição são essenciais ao êxito do grupo como um todo. Está, 
assim, caracterizada a liderança como um elemento natural 
e espontâneo da função de influenciar outros para se atingir 
objetivos comuns. 
Toda literatura, sempre, orbita na figura dos heróis, 
personagens de caracteres especiais, que conduzem outros a 
metas específicas. Seres que atuam como espelho, caminho e 
meio, para valores oportunos na situação em apreço. Ou, em 
outras palavras, líderes. 
Silvio Piantino
Fevereiro - Maio/2012 18
Uma pesquisa literária remontando à Grécia antiga, 
representada por “A República” de Platão, pela “Odisseia” 
e pela “Ilíada” de Homero, ou ao extremo Oriente, com sua 
epopéia MahaBharata, passando pelos livros do Antigo 
Testamento e de todas as outras religiões, irrefutavelmente, 
comprova essa afirmação. O que dizer de seres mitológicos 
como Ulisses, Arjuna, Krisnha, Rama, Abraão, Zoroastro, 
Tupã e outros mais? A históriahumana está, também, repleta 
desses personagens. Quem nunca se inspirou em Gandhi, 
Júlio César, Aknaton, Marco Polo, Joana d´Arc, Alexandre, o 
Grande, Dalai Lama ou Churchill? 
Apesar de tão vasto manancial teórico, poucos assuntos 
são tão controversos quanto este, não havendo, até agora, um 
modelo de liderança universalmente aceito, independente da 
época, posição geográfica ou situação avaliada. Cada nova 
abordagem critica aspectos e reforça partes das anteriores. É 
como se cada proponente acrescentasse uma pedra ao edifício 
conceitual da liderança, contribuindo, assim, com seu quinhão 
para a conclusão do todo.
Fiedler, assim, expressou-se sobre esse tema: “Um estilo 
de liderança não é, em si mesmo, melhor ou pior do que outro, 
nem, tampouco, existe um tipo de comportamento em liderança 
apropriado para todas as condições. Dessa forma, quase todo 
mundo poderia ser capaz de ter sucesso como líder em algumas 
situações e quase todo mundo está apto a falhar em outras” 
(FIEDLER, 1967, p.115).
Bernard Bass (1990) afirma, textualmente, que “Existem 
quase tantas definições de liderança quantas pessoas que 
tentaram definir o conceito”. Já Joseph Rost (1993) vai ainda 
mais longe, afirmando, com um senso de humor ímpar, 
que “Os eruditos não sabem o que eles estão estudando, e os 
praticantes não sabem o que eles estão fazendo”.
Sabemos que tudo, na vida, evolui, o mesmo, 
necessariamente, devendo se aplicar à liderança. Acreditamos 
que, nesse terceiro milênio, deveríamos alcançar patamares 
relacionais mais elevados, objetivando um processo 
transformacional de si e do outro. Acreditamos que não nos 
sustenta mais o mero atendimento de metas e objetivos. Ao 
final do processo há de existir, com igual ênfase, evolução e 
engrandecimento humano. 
Somos, assim, atraídos pela questão: Qual o caminho a ser 
trilhado pelo líder no processo transformacional de si mesmo e 
de sua equipe? 
Aqui chegamos ao objetivo geral deste trabalho, como 
sendo a identificação de uma postura de Liderança, que prime 
pela transformação holística, grupal e individual, baseada no 
tripé: Significação, Autogerenciamento e Autoconhecimento.
Como objetivos específicos, poderíamos detalhar os 
seguintes tópicos:
Conceituar e caracterizar a liderança;I. 
Apresentar modelos básicos utilizados através dos II. 
tempos, reforçando a sua linha evolucional;
Diferenciar Líder e Gestor;III. 
Conceituar liderança como um estado dinâmico no IV. 
domínio espaço/tempo;
Demonstrar a importância da significação na V. 
motivação individual;
Demonstrar a importância do autogerenciamento no VI. 
convívio das pessoas;
Demonstrar a importância do autoconhecimento, VII. 
como identificação das limitações e potencialidades, tanto de si 
como dos outros. 
Cremos se explicar a escolha desse tema no diferencial 
que uma liderança adequada, sempre, apresentou em todos os 
aspectos da vida humana, tanto no âmbito profissional como 
no pessoal. 
Acreditamos, assim, que todo esforço, no sentido de lançar 
mais um pouco de luz em tão complexo como relevante tema, 
seria mais que plenamente justificável. 
De forma a atingirmos nosso intento, valemo-nos 
da Metodologia Bibliográfica, Exploratória, baseando-
nos em pesquisas em sites de instituições e organizações 
especializadas nesse assunto. Os artigos e publicações foram 
selecionados com base em autores renomados e considerados 
como autoridades nesse assunto. Entre tais: Bernard Bass, 
Joseph Host, Maslow, Holander Fieder, Yukl, James C. Hunter 
e Victor Frankl. 
REFERÊNCIAS 
BASS, Bernard M. Bass, Ruth Bass. The Bass handbook 
of leadership: theory, research, and managerial applications, 
1990. 
FIEDLER, F. (1967). A theory of leadership effectiveness. 
New York: McGraw-Hill 
PENNER, David S. Revisão Literária Sobre Liderança. 
2001. Disponível em <http://www.unisa.br/cbel/
artigos04/09_david_penner.pdf>. Acesso em 25 de agosto de 
2010.
ROST, Joseph C. Leadership for the Twenty-First Century, 
1993.
Fevereiro - Maio/2012 19
As grandes transformações: sinais e 
indícios 
A interação entre o ser humano e a Natureza vem 
de tempos imemoriais. A partir do momento em que os 
homens romperam o elo original, que os ligava às forças 
naturais e às demais criaturas, destacando-se destas através 
do intelecto, essa mesma interação passou a gerar uma 
importante produção artística, literária, filosófica, religiosa 
e, mais recentemente, científica. Através da diversidade 
humana, essa relação adquiriu, ao longo dos tempos e das 
civilizações, aspectos muito diversos, que ora proporcionaram 
uma harmonia e proximidade, ora geraram alheamento 
e até desarmonia, como é o caso de nossa civilização, 
essencialmente, urbana e industrial, completamente 
divorciada da “Máquina do Mundo”, na cosmovisão 
renascentista de Luís de Camões em Os Lusíadas. Assim fala a 
deusa Tétis a Vasco da Gama no alto de uma montanha da Ilha 
dos Amores, para onde havia sido conduzido para contemplar 
a harmonia universal:
"Vês aqui a grande Máquina do Mundo,
etérea e elemental, que fabricada
assim foi do Saber, alto e profundo,
que é sem princípio e meta limitada.
Quem cerca em derredor este rotundo
globo e sua superfície tão limada,
é Deus: mas o que é Deus ninguém o entende,
que a tanto o engenho humano não se estende".1
Com efeito, segundo diversos estudos realizados 
nos últimos anos por comissões de especialistas criadas 
pela ONU, governos e entidades privadas para análise 
das questões ambientais – onde a par das biológicas se 
encontram, também, as climáticas – o resgate de uma relação 
equilibrada, harmoniosa, de toda atividade humana com a 
Natureza ou meio ambiente já não é opção: é uma necessidade 
e uma obrigação de todos, de modo a evitar ou, pelo menos, 
minimizar catástrofes ambientais e, inevitavelmente, sociais. 
Já a caminho da tão esperada Conferência Mundial das Nações 
Unidas Rio+20 (Junho 2012), todos os estudos realizados 
desde a conferência original revelam, de modo conclusivo, os 
danos da ação humana sobre o meio ambiente perpetrados 
nas últimas décadas, numa escala que está se aproximando, 
perigosamente, do limite irreversível dos chamados serviços 
naturais.
Será que nossa civilização, essencialmente, urbana 
se encontra tão afastada assim, da Natureza e de uma 
relação harmônica entre o ser humano e o meio ambiente? 
EUBIOSE: Consciência da Natureza e Natureza da Consciência
“Os chacras em número de sete, como os astros ou planetas, como o espectro solar, etc.,
não são mais do que “as forças sutis da natureza”. Para conhecê-los e
manejá-los é preciso ser um Adepto.”
(Prof. Henrique José de Souza.)
– questionarão alguns. O próprio termo “civilização” – 
originado do latino “civile” (conjunto organizado de indivíduos 
ou “cives” vivendo sob leis comuns), agrupados normalmente 
em uma “urbs” (cidade) – fala, claramente, sobre essa 
perspectiva herdada da Antiguidade, que o Cristianismo, no 
Ocidente, perpetuou até hoje: o centro conceitual do mundo 
humano não é a Natureza com o Homem dentro dela; pelo 
contrário situa-se num polo oposto dela, fora dela, um “Deus 
ex machina”, mais com perfil de imperador tirano, sentado 
num trono urbano e isolado da realidade humana e natural por 
elevadas muralhas. Não é sem razão que Fernando Pessoa, em 
um de seus ensaios, sob o raro heterônimo “António Mora”, 
escreveu: “A Igreja Católica não deriva, não descende do 
Império Romano. A Igreja Católica é o Império Romano.” 2 
Por outro lado, mesmo abstraindo as emissões nocivas 
de origem urbana e industrial e o acúmulo de lixo nos lugares 
mais inesperados, existe algo que denuncia, desde logo, esse 
afastamento: o fato de se considerar, com toda a naturalidade, 
o ser humano por um lado, e a Natureza por outro, não 
será revelador sobre o grau de fragmentação conceitual das 
sociedades

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