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( Câncer de Endométrio ( Introdução e epidemiologia: - O câncer de endométrio é uma malignidade que afeta o corpo do útero (inicilamente) - Dentre os tumores malignos do corpo do útero, o câncer de endométrio é o mais frequente (CA de endométrio corresponde a 96% dos cânceres do corpo do útero!!) - Nos países desenvolvidos o CA de endométrio é o 2º câncer ginecológico mais frequente (1º o CA de mama e 2º o Ca de endométrio), no Brasil, dentre os cânceres ginecológicos o 1º é o CA de mama, depois o CA de colo do útero e 3º o CA de endométrio. (resumindo, o CA de endométrio é um câncer frequente e importante na mulher) - No CA de endométrio típico (adenocarcinoma endometrióide) a paciente costuma ter sintomas logo no início, o que a motiva a procurar tratamento médico, permitindo um diagnóstico e tratamento precoces. Por isso geralmente esse tipo de câncer tem melhor prognóstico. Os CA de endométrio não típicos (ex: adenocarcinoma células claras, etc) costumam ter prognóstico menos favorável e diagnóstico mais tardio. - É um câncer típico da mulher mais “velha”, acima dos 50-60 anos, na pós-menopausa (câncer típico da mulher na pós-menopausa, com pico de incidência entre 50-60 anos, mas pode ocorrer antes da menopausa e na Peri-menopausa também) - É um tumor estrogênio dependente (principalmente em situações na qual o estrogênio esta presente atuando e a progesterona não esta presente e atuando em oposição ao estrogênio) - Paciente típica: mulher com mais de 60 anos, pós-menopausa, OBESA, hipertensa e diabética. (dentre essa tríade: OBESIDADE, hipertensão e diabetes o que realmente merece destaque é a obesidade, pois o tecido gorduroso acumula estrogênio e libera o hormônio por longo tempo após a menopausa. O quadro de hipertensão e diabetes podem ou não estar presentes e geralmente acompanham o quadro de obesidade da paciente). Mas deve-se lembrar que o CA e endométrio pode surgir na mulher pré-menopausa/ Peri-menopausa (5% é ates dos 40 anos). ( Fatores de Risco: - Obesidade: é um dos fatores de risco mais importante. O risco parece ser 7x maior em obesas. A explicação parece ser que os androgênios produzidos pela mulher vão sofrer conversão em estrogênio no tecido gorduroso, sendo assim a mulher permanece sob ação de muito estrogênio mesmo após a menopausa (aumentando muito a janela estrogênica e somado a isso não existe progesterona para fazer “oposição ao estrogênio”). Na aula o professor falou que diabetes melitos também é um risco isolado para câncer de endométrio. - Anovulação crônica (ciclos anovulatórios), síndrome dos ovários policísticos, terapia de reposição hormonal só com estrogênios: [O estrogênio tem uma importante função de promover a proliferação das células endometriais, mas é a progesterona a responsável por promover o amadurecimento dessas células endometriais em desenvolvimento (resumindo: o estrogênio promove a proliferação endometrial, mas é a progesterona que promove o amadurecimento do endométrio/células endometriais em proliferação. Por isso é tão importante que coexistam estrogênio e progesterona.). Agora imagine uma situação na qual só existe o estrogênio atuando e mandando ver na proliferação celular e enquanto isso não existe a progesterona promovendo amadurecimento... isso aumenta muito o risco e desenvolver o câncer de endométrio.... Anovulação crônica (ciclos anovulatórios), síndrome dos ovários policísticos, terapia de reposição hormonal (pós menopausa) só com estrogênios... todas essas são situações na qual só existe estrogênio atuando e a progesterona não vai promover o amadurecimento do endometrio] “situações na qual a ação prolongada do estrogênio sem a progesterona para se opor” - Situações em que a janela de exposição ao estrogênio está aumentada: menarca precoce e menopausa tardia, nuliparidade. - Outros: tumores hipersecretores de estrogênio, história familiar de CA de endométrio, Síndrome de Lynch tipo II, uso de tamoxifeno(tem ação pró-estrogênica no utero), presença de lesões pre-neoplasicas no endométrio (tal como pólipos endometriais, hiperplasia endometrial com atipia. ( Fatores de proteção: (fatores que diminuem a chance da mulher desenvolver o CA e endométrio) - Multiparidade: diminuição de 9 meses da janela estrogênica (menor exposição ao estrogênio durante cada gravidez) - Uso de Anticoncepcionais orais: a paciente que usou pílula ao longo da vida esta parcialmente protegida (cada 1 ano regular de uso promove alguma proteção por 10 anos) - Tabagismo (diminui a chance, mas ninguém vai fumar pra se proteger!!) - Associar PROGESTERONA na Terapia de reposição hormonal após a menopausa ( Fisiopatologia: Pode-se dizer que existem 2 tipos de câncer de endométrio: o Tipo I e o Tipo II O tipo I: é o mais frequente e costuma surgir naquela mulher perimenopausa/ pós menopausa. Essa mulher tem história de exposição prolongada ao estrogênio, sem a oposição da progesterona; evolução para hiperplasia endometrial, geralmente simples, e que tende a se tornar complexa, aparecimento de atipia celular e por fim evolução para o câncer. O subtipo histológico geralmente é o adenocarcinoma endometrióide, o diagnóstico costuma ser precoce e o prognóstico mais favorável. O tipo II: o câncer de endométrio tipo II tem uma origem mais genética, não possui relação com história de exposição ao estrogênio/ausência de progesterona e surge no endométrio independente de existir hiperplasia endometrial, podendo surgir no endométrio atrófico. Apresenta uma variedade maior de subtipos histológicos e costuma ter um diagnóstico mais tardio e um prognóstico pior. ( Propagação/disseminação do câncer: As vias de disseminação podem ser: - Crescimento e infiltração direta do tumor em outros tecidos adjacentes; - Disseminação pela via linfática (a chance pode chegar a 23% se o câncer já atingiu mais da metade do miométrio); - Disseminação Hematogênica (vai afetar principalmente pulmão e depois fígado, cérebro e ossos); - Disseminação transtubária (células neoplásicas usam as tubas para se disseminar para o abdome) (Desses 4 modos é o crescimento e infiltração em tecidos adjacentes e a via linfática os dois mais importantes meios de disseminação) ( Tipos Histológicos: Adenocarcinoma endometrióide (é o tipo histológico mais comum “clássico” e que tem o melhor prognóstico) Outros: Adenocarcinoma com diferenciação escamosa; Adenocarcinoma mucinoso Adenocarcinoma seroso Adenocarcinoma de células claras Carcinoma epidermóide Carcinoma indiferenciado ( Lesões pré-neoplásicas: Pólipos endometriais: (existe cerca de 0,3 – 15% de chance de evolução para malignidade) Hiperplasia endometrial simples ou complexa, com ou sem atipia Tipo de hiperplasia chance de progressão para CA de endométrio - Hiperplasia endometrial simples (sem atipia) ------------------------ 1 % - Hiperplasia endometrial simples COM atipia ------------------------ 8 % - Hiperplasia endometrial complexa (sem atipia) ------------------------ 3 % -Hiperplasia endometrial complexa COM atipia ------------------------ 29 % (na hiperplasia simples o tecido endometrial esta hiperplasiado, porem a arquitetura desse endométrio ainda se assemelha bastante ao endométrio normal, já na hiperplasia complexa a arquitetura do endométrio está bastante alterada em relação ao endométrio normal, já existe um desarranjo arquitetural importante) Neoplasia endometrial intraepitelial ( Como fazer o tratamento das lesões pré-neoplasicas??? - Vai depender da presença ou ausência de atipia: * Hiperplasia sem atipia: o tratamento será medicamentoso,com o uso de progesterona, objetivando diminuir a espessura do endométrio (geralmente é uma paciente acima dos 50, que não quer mais filhos; ela pode optar por histerectomia se quiser) * Hiperplasia COM atipia: se existe hiperplasia com atipia (simples ou complexa), e a mulher já tem filhos ou não deseja engravidar, o tratamento de escolha é cirúrgico, histerectomia!.... Mas se a mulher deseja engravidar, você trata com progesterona em doses altas ate ela engravidar e após o parto reavalia a necessidade da histerectomia. ( Quadro Clínico: a) Sinais e Sintomas: - Sangramento uterino irregular (se a mulher ainda não passou pela menopausa ela pode apresentar sangramento uterino irregular, ex: metrorragia ou polimenorréia ou hipermenorréia... etc) ou sangramento uterino pós menopausa (é o sintoma mais comum a 90% das pacientes, mas não estará presente em todas) - Leucorréia, pós menopausa principalmente (pode ser purulenta e/ou sanguinolenta) - Dor pélvica e sintomas urinários podem ocorrer (principalmente nos casos mais avançados) - Massa pélvica pode surgir (principalmente nos casos mais avançados) - outros: linfonodos inguinais aumentados (tumorações inguinais), fístulas, alterações de hábitos intestinais, emagrecimento, sinais de fraqueza, etc. b) Exame físico: * Ao exame especular: - Achado de sangramento pelo orifício externo do útero; - Secreção purulenta/sanguinolenta; - Tumoração parida (casos avançados), - metástase para colo do útero ou vagina; * Ao toque vaginal/retal: - O toque vaginal pode identificar um útero aumentado de tamanho, endurecido, pelve congelada; - O toque retal pode identificar a disseminação do tumor para os paramétrios e septo reto vaginal. c) Exames Complementares: 1- USG transvaginal: (geralmente é o primeiro exame a ser solicitado quando se deseja investigar um possível câncer de endométrio, de preferência escolher o US transvaginal.) (Achados do US transvaginal...) - Espessamento endometrial (principal achado, é o sinal mais importante!!): na mulher pós-menopausa considera-se espessamento endometrial se a espessura estiver > ou = 5mm, porem se a mulher faz reposição hormonal esse numero sobe para 8-10mm - Aumento de volume uterino; - Coleções líquidas intra-uterinas - Se realizado o Doppler pode-se encontrar vasos com baixa resistência ao fluxo sanguíneo (neovascularização do tumor). 2- RNM (é um exame que pode ser solicitado, mas não dá diagnóstico de câncer, porem é útil para avaliar localização/extensão do tumor, infiltração em outros tecidos (paramétrios, bexiga, etc), 3- TC: pode ser solicitado mas é um exame pouco útil para investigação (melhor a ressonância que a TC) 4- O diagnóstico definitivo só será obtido através de algum método de coleta de material para exame histopatológico (biopsia); Pode-se optar por curetagem uterina (cavidade inteira) ou então por videohisteroscopia (é o padrão ouro!! Pois alem de visualizar a lesão coleta material para exame histopatológico). Em aula o professor citou que no Brasil tem se optado muito pela “AMIU” (Aspiração Manual Intra Uterina) como um método de colher material para exame histopatológico (5- Outros exames podem ser eventualmente solicitados, principalmente quando se deseja avaliar a extensão do câncer mais avançado: cistoscopia, retosigmoidoscopia, colonoscopia ...) Se o resultado do histopatológico vier positivo... O negócio agora é tratar ... ( Tratamento: 1- Tratamento cirúrgico (junto com estadiamento): o tratamento do câncer de endométrio é cirúrgico!! E junto com a cirurgia também se faz o estadiamento do câncer (o ESTADIAMENTO DO CÂNCER DE ENDOMÉTRIO É CIRÚRGICO). Faz-se uma laparotomia, coleta de líquido peritonial (lavado peritonial, para pesquisa de líquido peritonial), investigação de todas as estruturas intra abdominais, Histerectomia total abdominal, salpingooforectomia bilateral, retirada de linfonodos pélvicos e para-aórticos (linfadenectomia pélvica e para-aortica), retirada de omento, biopsias peritoniais múltiplas, retirada de todas as massas tumorais que se encontrar. (o tratamento do câncer de endométrio é cirúrgico, associado ou não a radioterapia, quimioterapia ou hormonioterapia...) 2- Radioterapia: - usada como tratamento paliativo nos casos de doença metastática (estádio IV) (não é possível a cirurgia) - usada no resgate de recidivas pélvicas e vaginais - usada em pacientes pós-operatório com risco elevado de recidiva (ex: já afetou os linfonodos pelvicos) 3- Quimioterapia: - existem múltiplos esquemas quimioterápicos (cisplatina, doxorrubicina, taxol, carboplatina) - quimioterapia pode ser benéfica para pacientes com doença em estádio avançado (estádios III e IV) 4- Hormonioterapia: - Pode ser útil para doença avançada/recidivada; - medroxiprogesterona (200mg dia) Obs (aula): no tipo II é feito a cirurgia e depois a radio e quimioterapia. ( Estadiamento (pelo FIGO) 0 - CA in situ I- Confinado ao corpo do útero I.a – limitado ao endométrio I.b – invadiu menos da metade da espessura do endométrio I.c – invadiu mais de 50% da espessura do endométrio II- Afeta corpo e colo do útero II.a – apenas envolvimento glandular endocervical II.b – invadiu o estroma cervical III- Disseminação regional (para fora do útero, mas ainda restrito à pelve) III.a – o tumor invade a serosa e/ou anexos e citologia peritonial positiva III.b – metástase vaginal III.c – metástase para linfonodos pélvicos e para-aórticos IV- Doença pélvica avançada e/ou distante(metástases à distência) IV.a – invasão da bexiga e/ou mucosa intestinal IV.b – metástases à distância incluindo tecidos intra-abdominias e linfonodos inguinais. ( Grau de diferenciação: Para todos os estádios, o grau de diferenciação celular é avaliado e classificado como: G1 (bem diferenciado), G2 (moderadamente diferenciado) e G3 (pouco diferenciado). ( Seguimento (dito em aula) 1º ano pós tratamento: acompanha a paciente de 4/4 meses; 2º ano acompanha a paciente de 6/6 meses; 3º ano em diante acompanha a paciente anualmente
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