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Direito Civil AVA ANHANGUERA

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Prévia do material em texto

Direito Civil
SEÇÃO 2
ESPELHO DE CORREÇÃO
Seção 2
Direito Civil
Contando com todos os esclarecimentos e informações expostos 
até o momento, vamos à resolução comentada para a solicitação de 
sua cliente Helena?
Inicialmente, precisamos identifi car qual é o documento/peça a 
ser produzido, para o que devemos observar: qual o objetivo da 
cliente ao lhe pedir uma resposta a seus questionamentos? Ela será 
apresentada em algum processo? Quais serão os efeitos pretendidos 
com tal resposta?
Do que foi narrado, verifi ca-se que ela deseja obter as respostas tão 
somente para apresentar ao seu fi lho, na intenção de demonstrar-
lhe qual é o entendimento doutrinário e jurisprudencial sobre seus 
direitos perante o acervo deixado pelo seu marido, de modo que, 
neste momento, não será utilizado dentro de um processo judicial, 
estando a cliente ciente de que a resposta não terá efeitos vinculativos. 
Sendo assim, conclui-se que deve ser elaborado um parecer, para 
expor a resposta ao questionamento da sua cliente.
Na oportunidade, deverá ser lembrado que, embora não haja forma 
estabelecida na lei para um parecer, ele deve ter a estrutura mínima 
sugerida em nosso estudo. 
Na fundamentação, será necessário expor as noções preliminares 
sobre a sucessão legítima, com as defi nições sobre capacidade e 
Na prática!
2
NPJ - NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA
DIREITO CIVIL - ESPELHO DE CORREÇÃO - SEÇÃO 2
legitimidade para suceder, bem como a ordem da vocação hereditária 
e a condição, em especial, do cônjuge como herdeiro, estabelecida 
no Código Civil. 
Lembre-se de que, ao chamar o cônjuge para herdar junto aos 
descendentes, o legislador optou por condicionar seu direito ao 
regime de bens vigente no casamento dele com o autor da herança; 
o que, impreterivelmente, exige-nos tratar dos regimes de bens e a 
diferença entre meação e herança. 
Com tais distinções, deve-se aplicá-las no caso concreto para 
identificar se a cliente tem direitos hereditários sobre os bens 
deixados pelo marido e, sobre quais bens ela teria direito. 
Diante da discussão doutrinária e jurisprudencial sobre o assunto, 
apresentada em nosso estudo, necessário elucidá-la para, então, 
concluir a resposta desejada pela cliente. 
Sendo assim, passemos à elaboração do parecer para explicar a 
Helena sobre seus direitos hereditários.
33
Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 2NPJ 
Parecer 01/2016
Ementa: Cônjuge supérstite – direitos hereditários 
– vocação hereditária – regime da separação 
convencional de bens
I. Relatório
A Consulente Helena Soares Rocha Lima informou que foi 
casada com Henrique Andrade Lima, falecido em 20/04/2016, 
com quem era casado no regime da separação convencional de 
bens, há 25 anos. 
Eles tinham dois fi lhos, Rogério e Camila, ambos maiores e capazes. 
Henrique não deixou testamento, mas deixou alguns bens e uma 
dívida, quais sejam: 
(i) Um apartamento em São Paulo/SP, adquirido recentemente, 
onde domiciliava com a Helena;
(ii) Um apartamento em Ubatuba/SP, adquirido com o dinheiro 
da venda de um imóvel herdado por seus pais; 
(iii) Uma sala comercial em São Paulo/SP, adquirida há 10 anos, 
por compra e venda; 
(iv) Uma casa em Belo Horizonte, recebida por herança de seus pais; 
(v) Uma quantia depositada em um fundo de investimento; 
Questão de ordem!
44
Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 2NPJ 
(vi) Uma dívida, representada por uma nota promissória, no valor 
de R$ 150.000,00, devida a Joaquim Araújo Santos. 
Embora não tivesse certeza, a Consulente estimava que o 
patrimônio a ser partilhado, já abatida a dívida, alcançaria o 
montante de R$ 2.700.000,00, aproximadamente.
Diante de tal situação, ela deseja saber se tem direitos hereditários 
sobre os bens deixados por seu marido e, se tiver, sobre quais 
bens ela teria. 
II. Fundamentação jurídica
Inicialmente, é importante designar que se considera sucessão 
hereditária a transmissão de direitos e deveres a sucessores, 
herdeiros ou legatários, em razão da morte do proprietário/titular 
deles, sendo o direito à herança garantido constitucionalmente 
pelo art. 5º, inciso XXX, da Constituição Federal.
O art. 1.784 do Código Civil, ao preceituar o princípio do droit de 
saisine, estabelece que, uma vez aberta a sucessão, a herança 
transmite-se, desde logo, aos herdeiros, o que lhes garante a 
posse indireta do patrimônio deixado causa mortis pelo falecido, 
de forma imediata, independentemente de qualquer formalidade 
ou requerimento. Apenas o herdeiro legatário – que é aquele 
beneficiário de coisa certa, individualizada em testamento - 
consoante art. 1923, §1º, do Código Civil, que deverá requerer 
previamente para que assuma a posse da coisa legada.
Contudo, a propriedade dos bens somente é transferida 
mediante a realização do inventário, para o qual é necessário 
observar todos os requisitos legais previstos em lei, sabendo que 
os bens serão transmitidos aos sujeitos passivos da transmissão 
hereditária, quais sejam, os herdeiros legítimos (definidos no 
art. 1.829, do Código Civil), dentre os quais estão os herdeiros 
55
Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 2NPJ 
necessários, cuja participação é obrigatória (conforme dispõe 
o art. 1.845, do Código Civil), e os herdeiros instituídos por 
testamento (como admitido pelo art. 1.857, do Código Civil), que 
podem ser os testamentários, agraciados com uma quota-parte 
ideal da herança, e os herdeiros legatários, aos quais caberá um 
direito ou um bem específico.
Considerando as informações trazidas pela cliente, verifica-se 
que, o caso em análise, se trata de uma sucessão legítima, tendo 
em vista que o falecido Henrique não deixou testamento, de 
modo que a sucessão causa mortis se dará por força da lei. 
Em assim sendo, faz-se necessário observar as disposições legais 
que definem quem pode e deve ser chamado a suceder, pelo 
que, considerando o questionamento da consulente, passamos 
a analisar cada um dos elementos necessários para alcançarmos 
a conclusão final.
II.1. Da capacidade para suceder
 
O Código Civil delibera a capacidade para a suceder, como a 
identificação de quem tem a aptidão específica para receber a 
herança, identificando, em seu art. 1.798, que todas as pessoas 
nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão 
têm a especial capacidade para suceder, devendo serem capazes 
e dignas – estas entendidas como aquelas que não tenham sido 
excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários, por decisão 
judicial, nos casos previstos no art. 1.814 do Código Civil – no 
momento da abertura da sucessão para que, de fato, sejam 
investidas nos direitos e obrigações que lhe forem transmitidos.
Verifica-se, portanto, que a Consulente possui capacidade e 
legitimidade para receber, já que é capaz, não foi declarada 
como indigna, e já era nascida à época da abertura da sucessão.
66
Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 2NPJ 
II.2. Da vocação hereditária do cônjuge
 
O Código Civil, além de estabelecer a capacidade para 
suceder, define quem serão chamados a receber a herança 
e, especialmente, quando serão chamados, ao prever no art. 
1.829, a ordem da vocação hereditária, dispondo a preferência 
de quem deverá ser chamado, nos seguintes termos:
“Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na 
ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge 
sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no 
regime da comunhão universal, ou no da separação 
obrigatória de bens (artigo 1.640, parágrafo único); ou 
se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança 
não houver deixado bens particulares;II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais”. 
 
Observa-se que a forma de chamamento é estabelecida por 
meio de classes, quais sejam, descendentes, ascendentes, 
cônjuge, colaterais e Estado (art. 1.844 do Código Civil). Tais 
classes são excludentes entre si, de modo que a mais próxima 
exclui a mais remota, com exceção apenas das possibilidades de 
concorrência do cônjuge, no inciso I.
Os primeiros a se beneficiarem na sucessão legítima são os 
descendentes. Porém, se há também o cônjuge supérstite, ele 
será chamado em concorrência, tendo optado o legislador 
por usar o regime de bens como critério para confirmar ou 
não tal concorrência. 
O cônjuge também será chamado quando, não havendo 
77
Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 2NPJ 
descendentes, houver ascendentes, hipótese em que também 
haverá concorrência e, independentemente do regime de bens 
adotado pelo casal, conforme inciso II, dos referidos 1.829 e 1.836.
E, quando o falecido não deixar descendentes nem ascendentes, 
o cônjuge herdará sozinho – mais uma vez, independentemente 
do regime de bens –, conforme estabelece o inciso III, do 
supracitado art.1.829, confirmado pelo art.1.838.
Considerando que, no caso em comento, o falecido deixou sua 
esposa Helena, ora Consulente, e seus filhos, Rogério e Camila, 
tem-se que estamos diante da hipótese prevista no inciso I, ou 
seja, temos descendentes e cônjuge supérstite. Sendo assim, 
passamos à análise do seu texto. 
Em uma interpretação literal, tem-se que o referido dispositivo 
dispõe que:
a) Se há apenas descendentes, eles serão chamados a suceder, 
sem qualquer concorrência, em primeira ordem. 
b) Se há descendentes e cônjuge supérstite, em regra, ambos 
serão chamados a suceder, em concorrência e em primeira 
ordem; mas, como exceção, o cônjuge não será chamado, 
nem em concorrência, quando o regime de bens vigente no 
casamento com o autor da herança for entre os seguintes:
(b.1) o regime da comunhão universal;
(b.2) o regime da separação obrigatória de bens;
(b.3) o regime da comunhão parcial, quando o autor da herança 
não houver deixado bens particulares.
Verifica-se que a intenção do legislador foi exatamente 
contrapor a comunicação dos bens no casamento à da herança 
após o óbito de um dos cônjuges, buscando, talvez, a ideia de 
que o cônjuge supérstite não poderia receber duas vezes (isto 
é, participar na meação e na herança). Assim é possível concluir, 
88
Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 2NPJ 
pois na primeira hipótese (b.1) o cônjuge já recebe meação, assim 
como na terceira (b.3) quando existir apenas bens comuns. 
Observa-se que o legislador dispõe que não haverá concorrência 
quando o regime for da separação obrigatória de bens – ou 
seja, aquele imposto nos casos previstos em lei, no art. 1.640 do 
Código Civil (não obstante tenha havido um erro de remissão, 
ao ser mencionado o art. 1.641). 
Mas, em nada diz quando o regime for da separação convencional 
de bens. Logo, não estando este ressalvado, concluir-se-ia que o 
cônjuge sobrevivente que foi casado pelo regime da separação 
de bens, convencionalmente escolhido pelos nubentes, herdará. 
Todavia, há uma constante discussão sobre esta conclusão, 
sobre o que se expõe a seguir.
Para compreensão do tema, necessário esclarecer os efeitos da 
escolha do regime convencional da separação de bens, destacando 
a diferença entre meação e herança, para conseguirmos 
compreender a vinculação que o legislador faz ao estabelecer 
regime de bens como critério da vocação do cônjuge.
II.1. Regime da separação convencional de bens
Como cediço, sendo existente e válido, o casamento terá 
eficácia jurídica, estando apto a produzir seus efeitos (arts. 1.565 
e seguintes do Código Civil), os quais abrangem aspectos sociais, 
pessoais e patrimoniais. 
Os efeitos patrimoniais encontram respaldo no regime de bens 
do casamento, na medida em que é ele que dita as regras quanto 
à comunicação, total ou parcial, ou à separação dos bens dos 
cônjuges. O regime de bens, também chamado de “estatuto 
patrimonial dos cônjuges”, é tratado no Código Civil nos artigos 
99
Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 2NPJ 
1.639 a 1.688, que compõem o subtítulo I do Direito Patrimonial 
relativo ao Direito de Família. 
Verifica-se que os regimes de bens podem ser classificados 
quanto ao objeto, pelo qual eles se distinguem pela comunicação, 
ou não, dos patrimônios dos cônjuges, quais sejam: comunhão 
e separação. Com base neste critério, o legislador disponibilizou 
quatro regimes, cujas regras estão previstas no Código Civil: 
regime de comunhão parcial, regime de comunhão universal, 
regime de participação final nos aquestos e regime de separação 
de bens, sobre os quais falaremos a seguir. 
E, permitiu, ainda, a combinação de diferentes regras para 
melhor conveniência dos cônjuges.
Pode também ser classificado quanto à origem, verifica-se 
a identificação do meio por qual o regime de bens é definido, 
podendo ser por disposição da lei, chamando de regime legal; ou 
por escolha dos nubentes, chamado de regime convencional. 
Quando foi convencional, é admitida a livre escolha dos 
nubentes, quando eles deverão consigná-lo mediante lavratura 
da escritura pública de pacto antenupcial, durante o processo de 
habilitação para o casamento, conforme artigos 1.653 a 1.657 do 
Código Civil, dispondo regras de conteúdo patrimonial, sendo 
vedadas, contudo, estipulações que versem sobre as relações 
pessoais dos nubentes.
Ressalta-se que, quando for possível escolher o regime de bens, 
a legislação permite, inclusive, que os nubentes combinem 
diferentes regras para melhor conveniência dos cônjuges, não 
sendo obrigados a submeterem-se a todas aquelas previstas 
expressamente para cada um dos regimes. 
Em algumas situações, contudo, a lei impõe qual será o regime 
de bens a vigorar entre os nubentes, tratando-se assim de 
um regime legal, prevalecendo o caráter de obrigatoriedade 
à submissão de um regime em determinadas situações. Assim 
1010
Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 2NPJ 
ocorre quando os noivos não escolhem livremente algum dos 
regimes de bens previstos em lei, inexistindo o pacto antenupcial, 
ou se nula for a convenção firmada (art. 1.640, Código Civil), 
hipótese em que vigorará o regime da comunhão parcial. 
Da mesma forma, o Código Civil estabelece a obrigatoriedade 
do regime de separação de bens, nos casos de casamento de 
pessoas que o contraírem com a inobservância das causas 
suspensivas da celebração do casamento (arts.1.641, inciso 
I, 1.523 e 1.524 do Código Civil); quando algum dos nubentes 
possuir mais de setenta anos de idade (art. 1.641, inciso II do 
Código Civil); e quando os nubentes dependam de suprimento 
judicial, sendo devido em caso de denegação do consenso de 
representante legal, enquanto não o obtiver, ou não lhes for 
suprido o consentimento por representante legal (arts. 1.641, 
inciso III, 1.517, 1.519, 1.634, inciso III, 1.747, inciso I, e 1.774, todos 
do Código Civil).
Visto isto, analisemos o regime de bens adotado pela Consulente 
e seu falecido marido, qual seja, o regime da separação de bens.
O regime da separação de bens está disciplinado nos arts. 1.687 
e 1.688 do Código Civil e define a inexistência da comunhão 
dos bens dos cônjuges, quer sejam anteriores ou posteriores 
à celebração do casamento, pelo que cada qual possui seu 
patrimônio particular e o administra de forma exclusiva. 
Ele pode ser estabelecido de forma convencional ou por 
disposição legal, sendo, assim, obrigatório,nos termos do art. 
1.641 do Código Civil, nos casos impostos pela legislação.
Ressalta-se que, na hipótese de o regime da separação ser 
imposto por disposição legal, a Súmula 377 do Supremo 
Tribunal Federal, embora contrária ao texto da lei, firmou o 
entendimento de que há comunicação dos bens adquiridos na 
constância do casamento.
Vale observar que o cônjuge, no regime da separação 
1111
Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 2NPJ 
convencional de bens, não tem direito à metade dos bens 
comuns, isto é, à meação, já que inexiste comunicação entre 
quaisquer bens e, portanto, já não o tem mesmo enquanto vivo 
estava o autor da herança, desde quando celebrado o casamento. 
Ou seja, não tinha meação na vigência da sociedade conjugal, 
também não lhe advindo, portanto, successionis causa. 
A herança, por sua vez, é entendida como uma universalidade de 
direito e assim definida por lei, compreendendo um complexo 
de relações jurídicas dotadas de valor econômico, conforme se 
depreende dos artigos 91 e 1.791 do Código Civil. Trata-se, assim, 
de um conjunto patrimonial transmitido em razão da morte do 
seu então proprietário, o qual também é chamado de “acervo 
hereditário”, “massa” ou “monte”, correspondendo, portanto, a 
todo o acervo patrimonial, de ativos e passivos, deixado pelo 
falecido a ser sucedido pelos e partilhado entre os herdeiros. 
A herança identifica exatamente o saldo patrimonial (positivo 
ou negativo) deixado por alguém que, enquanto vivo, pôde 
livremente dispor, construir, alienar e adquirir bens e obrigações. 
Desse modo, é possível constatar que a herança surge tão 
somente com o falecimento do seu autor, que é quando ocorre 
a abertura da sucessão, nos termos do art. 1.784 do Código Civil. 
Percebe-se, portanto, que, enquanto a meação já existe desde o 
casamento, o mesmo não ocorre com a herança, que, somente 
surge com o falecimento do outro cônjuge. A distinção é tão 
nítida que, no caso de deserdação, disciplinado pelos artigos 
1.961 a 1.965 do Código Civil, a meação do cônjuge sobrevivente 
é inatingível, pois ela lhe pertence por direito próprio, em razão 
do seu casamento. Já enquanto a deserdação retira-lhe o direito 
à herança, que decorre do óbito. 
Ou seja, ao pensarmos na sucessão de um dos cônjuges, temos 
que entender que o direito à meação estará garantido, mesmo 
enquanto vivos forem os cônjuges, desde a vigência da sociedade 
conjugal, não lhe advindo, portanto, successionis causa. 
1212
Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 2NPJ 
O fim da sociedade conjugal, quer seja com o divórcio ou com 
a morte do cônjuge, apenas põe fim ao estado de indivisão 
quando o regime previa a comunicação dos bens, permitindo 
sejam discriminados e individuados cada um dos bens. 
Ao analisar o patrimônio deixado por uma pessoa falecida que 
era casada, deve-se identificar o patrimônio comum e o que 
pertence a cada um dos cônjuges, não porque um faleceu, mas 
porque aquela porção ideal do patrimônio já lhe pertencia em 
decorrência do regime adotado que definia a comunicabilidade. 
Exclui-se ou não a meação devida ao cônjuge sobrevivente para 
que se identifique o patrimônio partilhável no restante. 
Neste sentido, quando o regime de bens escolhido estabelece 
a comunhão de bens, a meação de um dos cônjuges é devida 
independentemente do falecimento do outro. É do monte 
partilhável que se extrairá a herança dos legítimos sucessores.
Assim, a sucessão hereditária versará sobre o patrimônio deixado 
pelo de cujus, destacada, se for o caso, a meação, a qual será 
entregue ao cônjuge sobrevivente também pelo procedimento 
do inventário de todo o acervo.
A distinção é importante, pois o art. 1.829, inciso I, do diploma 
civilista usou o regime de bens como critério para chamar o 
cônjuge como herdeiro e disciplinar sua concorrência com os 
descendentes na sucessão. Porém, ao contrário do que pode 
ser deduzido por um leigo, não foi mantida uma equivalência 
entre a existência da comunicação (meação) e a transmissão 
pela morte (herança) dos bens. 
Diante desses esclarecimentos, tem-se que, aquele casado no 
regime da separação convencional de bens não possui direito 
à meação, já que inexiste comunhão entre os bens. E, não 
havendo, todo acervo patrimonial que um dos cônjuges deixar 
ao falecer, será considerado herança e, portanto, partilhável 
integralmente por seus herdeiros. Logo, o cônjuge supérstite terá 
1313
Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 2NPJ 
direitos hereditários sobre todo o acervo, em concorrência com 
os descendentes, partilhando-se em partes iguais entre eles.
II.2.1. Entendimento jurisprudencial
 
O assunto é controverso e já foi entendido de forma contrária, 
no sentido de que o cônjuge então casado no regime da 
separação convencional de bens não deve herdar, conforme 
se verifica na decisão:
“(...) O regime de separação obrigatória de bens, 
previsto no art. 1.829, inc. I, do CC/02, é gênero 
que congrega duas espécies: (i) separação legal; (ii) 
separação convencional. Uma decorre da lei e a outra 
da vontade das partes, e ambas obrigam os cônjuges, 
uma vez estipulado o regime de separação de bens, 
à sua observância. - Não remanesce, para o cônjuge 
casado mediante separação de bens, direito à meação, 
tampouco à concorrência sucessória, respeitando-se 
o regime de bens estipulado, que obriga as partes na 
vida e na morte. Nos dois casos, portanto, o cônjuge 
sobrevivente não é herdeiro necessário” (REsp 992749 
/ MS, Recurso Especial nº 2007/0229597-9. Relatora: 
Ministra Nancy Andrighi. DP 05/02/2010).
 Contudo, verifica-se que tal interpretação é contra legem 
a partir do momento em que, além de abranger o âmbito de 
uma restrição (já que a regra é a concorrência), ignora o artigo 
1.845 do Código Civil, que estabelece que o cônjuge é herdeiro 
necessário, de modo que nenhum ato de mera vontade, como 
um pacto antenupcial, pode lhe retirar tal direito. Ademais, na 
ausência de descendentes e ascendentes, o cônjuge sobrevivente 
herdará sozinho independente do regime de bens, como dispõe 
o inciso III do mesmo artigo 1.829, reiterado pelo art. 1.838, 
1414
Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 2NPJ 
ambos do Código Civil. Ou seja, a vontade disposta no pacto 
antenupcial não pode influenciar na vocação hereditária. 
Neste sentido, foi publicado o Enunciado 270, da III Jornada de 
Direito Civil - que entendeu:
“O art. 1.829, inc. I, só assegura ao cônjuge sobrevivente 
o direito de concorrência com os descendentes do autor 
da herança quando casados no regime da separação 
convencional de bens ou, se casados nos regimes da 
comunhão parcial ou participação final nos aquestos, 
o falecido possuísse bens particulares, hipóteses em 
que a concorrência se restringe a tais bens, devendo os 
bens comuns (meação) ser partilhados exclusivamente 
entre os descendentes”. 
Assim, a Corte mudou seu posicionamento e, com outra 
importante decisão publicada em 19/11/2014, foi esclarecido que:
 “(...) 6. O regime da separação convencional de bens 
escolhido livremente pelos nubentes à luz do princípio da 
autonomia de vontade (por meio do pacto antenupcial), 
não se confunde com o regime da separação legal ou 
obrigatória de bens, que é imposto de forma cogente 
pela legislação (art. 1.641 do Código Civil), e no qual 
efetivamente não há concorrência do cônjuge com o 
descendente. 7. Aplicação da máxima de hermenêutica 
de que não pode o intérprete restringir onde a lei 
não excepcionou, sob pena de violação do dogma 
da separação dos Poderes (art. 2º da Constituição 
Federal de 1988). 8. O novo Código Civil, ao ampliar 
os direitos do cônjuge sobrevivente, assegurou ao 
casadopela comunhão parcial cota na herança dos 
bens particulares, ainda que os únicos deixados pelo 
falecido, direito que pelas mesmas razões deve ser 
conferido ao casado pela separação convencional, cujo 
patrimônio é, inexoravelmente, composto somente por 
acervo particular”. (REsp 1472945 / RJ, Recurso Especial 
2013/0335003-3. Relator Ministro Ricardo Villas Bôas 
Cueva. DP 19/11/2014).
1515
Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 2NPJ 
Ainda que a jurisprudência não tenha sido pacificada, a nova 
orientação já foi, inclusive, confirmada por outros julgados 
também do Superior Tribunal de Justiça, REsp 1430763 / SP, e 
REsp 1294404 / RS.
III. Conclusão
Diante de todas as informações expostas alhures, conclui-se, 
assim que, aquele casado no regime da separação convencional 
de bens não terá direito à meação, já que inexistem bens 
comuns e o patrimônio detido por cada um dos cônjuges, a eles 
pertencem de modo exclusivo. 
Mas, por não estar abrangido na exceção do inciso I, do art. 
1.829, do Código Civil, o cônjuge nesta mesma situação herdará. 
Logo, a Consulente tem direito a herdar, em concorrência com 
os descendentes do falecido marido (isto é, seus filhos), de modo 
que todo o acervo patrimonial deixado por ele deverá ser dividido 
em partes iguais entre eles, embora tal entendimento não seja 
pacífico na jurisprudência, mas revela o posicionamento atual.
 
É o parecer, s.m.j., do que pode sofrer censura e receber 
posicionamentos contrários.
 
São Paulo/SP, 15 de maio de 2016.
[Assinatura do Advogado]
[Número de Inscrição na OAB]
1616
Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 2NPJ 
Perguntas:
Questão 01: Quem tem capacidade e legitimidade para suceder?
Resposta: Conforme art. 1.798, todas as pessoas nascidas ou já 
concebidas no momento da abertura da sucessão têm a especial 
capacidade para suceder, devendo elas serem capazes e dignas 
– estas entendidas como aquelas que não tenham sido excluídos 
da sucessão os herdeiros ou legatários, por decisão judicial, nos 
casos previstos no art. 1.814 do Código Civil – no momento da 
abertura da sucessão para que, de fato, sejam investidas nos 
direitos e obrigações que lhes forem transmitidos.
Questão 02: Todos que têm capacidade e legitimidade para 
suceder serão chamados para participar da herança?
Resposta: Não. O Código Civil estabelece a ordem da vocação 
hereditária, que é entendida como a defi nição do chamamento 
ou a convocação da(s) pessoa(s) com direito na sucessão, para 
que venha receber a herança ou o quinhão que lhe cabe. 
A lei determina a ordem pela qual serão chamados os herdeiros 
na forma estabelecida no art. 1.829 do Código Civil.
Observa-se que a forma de chamamento é estabelecida por meio 
de classes, quais sejam, descendentes, ascendentes, cônjuge, 
colaterais e Estado (art. 1.844 do Código Civil). Tais classes são 
excludentes entre si, de modo que a mais próxima exclui a mais 
remota, com exceção apenas das possibilidades de concorrência 
do cônjuge, no inciso I.
Questão 03: O cônjuge casado no regime da comunhão universal 
pode ser chamado a herdar?
Resolução comentada
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Resposta: Sim. Embora o inciso I, do art. 1.829, do Código Civil, 
estabelece que o cônjuge casado no regime da comunhão universal 
de bens não herdará, ele assim o faz, como uma exceção vinculada 
à situação em que há concorrência com os descendentes. Mas, 
não havendo descendentes, nem ascendentes, em terceiro lugar, 
o cônjuge, independentemente do regime de bens, será chamado 
a suceder, recebendo a integralidade do acervo inventariado.]
Questão 04: Os descendentes podem ser excluídos da sucessão 
por mera vontade do autor da herança?
Resposta: Não. Sendo o art. 1.845 do Código Civil, são herdeiros 
necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge, de 
modo que, consoante o art. 1.846, subsequente, aos herdeiros 
necessários é garantida, de pleno direito, a metade dos bens da 
herança, constituindo a legítima.
Questão 05: No regime da separação de bens, é garantido aos 
cônjuges direito à meação?
Resposta: Não. O regime de bens respeitará a disciplina prevista 
nos arts. 1.687 e 1.688 do Código Civil, que estabelecem a 
inexistência da comunhão dos bens dos cônjuges, quer sejam 
anteriores ou posteriores à celebração do casamento, pelo que 
cada qual possui seu patrimônio particular e o administra de forma 
exclusiva. Contudo, vale ressaltar que, tratando-se de regime 
obrigatório da separação de bens, isto é, quando este regime é 
imposto por lei, conforme teor da Súmula 377 do Supremo Tribunal 
Federal, entende-se que há comunicação dos bens adquiridos na 
constância do casamento.
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