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Contabilidade de Custos Autor: Dirceu Carneiro de Araujo Tema 05 Departamentalização no Siste- ma de Custos seç ões Tema 05 Departamentalização no Sistema de Custos ARAUJO, Dirceu Carneiro de. Contabilidade de Custos: Departamentalização no Sistema de Custos. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2018. SeçõesSeções LEITURAOBRIGATÓRIA FINALIZANDO REFERÊNCIAS GABARITO CONTEÚDOSEHABILIDADES AGORAÉASUAVEZ GLOSSÁRIOLINKSIMPORTANTES 4 Tema 05 Departamentalização no Sistema de Custos 5 Neste tema você vai tomar conhecimento da utilização da departamentalização no cálculo e gestão de custos. Você irá estudar os passos para se distribuir os custos diretos e indiretos na departamentalização. Estudará o que são departamentos de serviços ou auxiliares e os departamentos de produção. Estudará os critérios de rateios para diversos departamentos. Você irá calcular o custo pelo método de absorção e depois irá recalcular os custos utilizando a departamentalização. Estudará a forma de distribuir os custos dos departamentos de serviços para os departamentos de produção. Estudará o método de custeio RKW e seu cálculo. Por fim, vai estudar as vantagens e desvantagens do uso da departamentalização nas empresas. CONTEÚDOSEHABILIDADES 6 LEITURAOBRIGATÓRIA 1. Introdução Você já viu que, dependendo do tamanho da empresa, da natureza dos produtos, das quantidades produzidas, dos tipos de produtos fabricados, a complexidade do método de custeio a ser empregado na apropriação dos CIFs pode ser maior ou menor. Você já simulou o custeamento de um único produto e de vários produtos e pôde perceber que o detalhamento das contas que comporão o plano de contas para atender às demandas gerenciais é diferente, assim, é possível criar várias contas e vários grupos de contas para sumarizar e facilitar os cálculos e posterior análise dos custos. Em empresa de grande porte é comum existir a divisão das operações em vários departamentos, onde cada departamento vai possuir um responsável pelo gerenciamento e cada departamento vai se transformar em centros de custos, centros de responsabilidades ou mesmo centros de lucros, para controle de custos e atividades. Muitos sistemas informatizados na atualidade fornecem a opção de controle para cada elemento de custo, ou atividade, que serão integrados com os diversos subsistemas administrativos, financeiros e operacionais da empresa, totalizando cada produção com seu respectivo custo instantaneamente, diariamente. Isso facilita em muito o trabalho dos gestores de custo, mas ainda é possível encontrar empresas com menores recursos que utilizam ferramentas menos sofisticadas, como os mapas manuais. 2. Departamentalização e sua aplicação Departamentalização é a subdivisão de uma empresa em diversos segmentos, que são chamados de departamentos, onde são atribuídas diversas responsabilidades dentro do departamento, para este estudo você deve focar nos custos de produção. Departamento é a menor divisão de um processo administrativo, em que existe a atribuição de responsabilidade e acumulação de custos, realizando atividades homogêneas. Quando existe esta subdivisão para fins de cálculo e controle de custos, indica uma melhora no controle, pois menor será a unidade a ser administrada. 7 LEITURAOBRIGATÓRIA Quadro 1 – Exemplo de um organograma departamental Fonte: Elaborado pelo autor Este é um pequeno exemplo de uma departamentalização em uma empresa, você pode imaginar que o nível de detalhamento pode evoluir para vários quadros, com filiais, divisões, etc. Como os sistemas de custeios estudados, método por absorção e custeio variável, necessitam de apontamento preciso com algum nível de detalhamento, a transferência dos gastos de fabricação pelos diversos departamentos e posteriormente aos produtos fabricados é complexa. Existem vários métodos para realizar a distribuição dos gastos, mas, primordialmente, deve existir uma vinculação entre o uso do recurso de produção e o seu custeamento, que, por fim, vai valorar os estoques. A criação de planos de contas intermináveis é uma alternativa. Utilizando as mesmas estruturas da divisão administrativa, os gestores criam contas que são agrupadas pelos departamentos respectivamente, num processo todo informatizado. É o que se espera, mas num sistema mais simples o ideal é a criação de relatórios gerenciais, que serão arquivados na forma de documentação de cálculo dos custos. A divisão em departamentos para fins de controle de custos ocorre em regra em níveis hierárquicos: departamentos de serviços e departamentos de produção. Os departamentos de serviços são aqueles que prestam serviços para a produção, mas que não atuam na produção de produtos, exemplos: administração geral da fábrica, laboratórios, manutenção, controle de qualidade, tratamento de efluentes, transportes, refeitório, segurança do trabalho, etc. Os departamentos de produção são aqueles que de alguma forma ajudam na produção, transformação, acondicionamento, fracionamento dos produtos, sabendo que existem departamentos exclusivos de produção para determinado produto, ou departamentos que 8 LEITURAOBRIGATÓRIA efetuam produção conjunta de vários produtos. Exemplo: desenho, corte, solda, costura, pintura, montagem, embalagem, etc. Existe uma diversidade de departamentos e você pode imaginar que depende do tamanho da empresa, da quantidade de produtos, do tipo de produto, etc. 2.1 Distribuição dos Custos aos Departamentos Alguns passos serão necessários para a utilização da departamentalização: a) Separação dos gastos ocorridos em custos, despesas ou investimentos; b) Custeamento dos custos diretos ou variáveis aos produtos que se utilizam destes recursos; c) Identificação para quais departamentos os CIFs foram destinados, isso geralmente é feito por meio de rateios, exemplos: requisições ou apontamentos de nº de horas; d) Distribuir os custos dos departamentos de serviços ou auxiliares para os departamentos produtivos que utilizaram os seus serviços, por rateio; e) Por último, distribuir os custos dos departamentos produtivos para os produtos fabricados ou em fabricação, somente para aqueles produtos que utilizaram os serviços do departamento. Estes passos foram simplificados para fins didáticos, você pode imaginar que isso pode acontecer de forma automática, instantânea, se existirem sistemas informatizados ou manualmente nas empresas sem investimentos em softwares próprios. Pode, ainda, acontecer um grande volume de informações ou poucas informações, depende do tamanho da empresa e do número de produtos. Quando se pensa em distribuição de custos, temos: distribuição primária, distribuição secundária, base de rateio. A distribuição primária dos CIFs é quando se distribui os custos aos departamentos pela primeira vez. Quando a contabilidade possui um plano de contas que reflete a estrutura dos departamentos, existirá um crédito na conta de CIF, exemplo: energia elétrica, MO Indireta, etc. e um débito na conta específica de cada departamento. A distribuição secundária dos CIFs é quando você totaliza os custos de um departamento de serviço ou auxiliar e distribui para os departamentos de produção. Você já pode imaginar que a contabilidade irá registrar um crédito na conta do departamento de serviço ou auxiliar e um débito na conta do departamento de produção. 9 LEITURAOBRIGATÓRIA A escolha de bases de rateios ou de distribuição de custos. Você já sabe que existem muitas críticas a este modelo, nas aulas anteriores foram disponibilizados diversos artigos e vídeos tratando das críticas aos rateios arbitrários, mas é uma situação necessária para a distribuição dos custos e as bases de rateio são as mais diversas possíveis. Cabe ao controller ou gestor da empresa, empregandoas diversas técnicas de administração, escolher a melhor base de distribuição dos custos, levando sempre em consideração o processo produtivo de cada empresa, de cada departamento, por vezes de cada produto. Não existe uma fórmula que seja perfeita para todas as situações. 3. Como a Departamentalização Funciona na Prática? O estudo do cálculo de custos por departamento é uma atividade prática, vamos construir um exemplo “didático”: Suponha que uma empresa adote o custeio por absorção e produza dois produtos: Produto X e Produto Y. a) Custeio por absorção sem departamentalização Seguindo o roteiro da separação dos gastos, a empresa alocou seus custos diretos da seguinte forma: Tabela 1 – Alocação dos custos diretos Fonte: Adaptada de Neto (2009, p. 35) Você pode analisar que os custos diretos foram alocados diretamente aos produtos e que totalizam $ 430 mil. Os custos indiretos acumulados na contabilidade são os seguintes: 10 LEITURAOBRIGATÓRIA Tabela 1 – Alocação dos custos diretos Tabela 3 – Critério de rateio dos CIFs Tabela 4 – Total dos custos por absorção sem departamentalização Fonte: Adaptada de Neto (2009, p. 35) Fonte: Elaborada pelo autor Fonte: Elaborada pelo autor O setor responsável pelos apontamentos de custos estabeleceu que os CIFs serão alocados pelas horas trabalhadas pelos empregados, que totalizam: Você já entende que a base de rateio totaliza 3.500 e que o Produto X recebe $ 95 mil, que é 55% dos CIFs, e o Produto Y recebe $ 77 mil, que é 45% dos CIFs. Por fim, você já pode totalizar os custos dos produtos pelo método de custeio por absorção, somando os custos diretos com os custos indiretos, da seguinte forma: 11 LEITURAOBRIGATÓRIA Tabela 5 – Critérios de rateios dos CIFs com departamentalização Tabela 6 – Distribuição dos CIFs com departamentalização Fonte: Elaborada pelo autor Fonte: Elaborada pelo autor Esta parte já foi estudada na aula 3 e revista na aula 4, mas é sempre bom fixarmos este assunto, que causa tanta confusão no estudante. b) Custeio por absorção com departamentalização Ocorre que esta empresa possui três departamentos de produção, departamentos 1, 2 e 3, esta denominação é didática, poderia ser qualquer nomenclatura de departamento de produção, exemplo: corte, solda, pintura; desenho, corte, costura; serra, aparelhamento, montagem, etc. Depois de uma análise no processo produtivo, notou-se que o Produto Y não passa pelo departamento 2, os produtos não utilizam todos os recursos de maneira igual. Dessa forma, um novo estudo e apontamentos foram realizados, resultando nos seguintes critérios de rateio dos CIFs. Você pode notar que existe uma variedade de critérios de rateios e já estudou que, dependendo do tamanho da empresa, do volume de produtos, esta lista pode crescer, tanto no número de departamentos como de critérios de rateios. Agora você pode refazer os cálculos da distribuição dos CIFs pelos departamentos produtivos da seguinte forma: 12 LEITURAOBRIGATÓRIA Os valores foram arredondados para efeitos didáticos. Perceba que a Mão de obra indireta $ 25, foi distribuída da seguinte forma: Pega-se os $ 25 ÷ pelo total da base de rateio que é o nº de horas trabalhadas, 3.500 = preço unitário das horas $ 0,007142857, e multiplica-se o preço unitário da hora pelo nº de horas trabalhadas em cada departamento, dep. 1 = 1.000 horas x $ 0,007142857 = $ 7 mil (arredondado). E assim sucessivamente para todos os CIFs, cada linha do CIF tem sua base de rateio na Tabela 5. Agora que temos os CIFs distribuídos pelos departamentos, com base de rateio própria para cada CIF, resta-nos estudar como fica a distribuição dos CIFs aos produtos fabricados, que se sabe irá valorar o estoque. Estudos realizados apontaram que as horas trabalhadas foram consumidas pelos produtos da seguinte forma: Tabela 7 – Base de rateio dos CIFs aos produtos com departamentalização Tabela 8 – Apropriação do CIFs aos produtos com departamentalização Fonte: Elaborada pelo autor Fonte: Elaborada pelo autor Você pode perceber que cada produto utilizou uma quantidade de horas trabalhadas em cada departamento, devendo assim receber somente o valor correspondente a esta utilização. Pode-se calcular a distribuição dos CIFs de cada produto da seguinte forma: 13 LEITURAOBRIGATÓRIA Tabela 9 – Totalização dos custos por absorção com departamentalização Tabela 10 – Comparação entre apropriação de custos sem departamentalização e com departamentalização Fonte: Elaborada pelo autor Fonte: Adaptada de Neto (2009, p. 37) Perceba que cada produto, somente, recebeu o valor do CIF utilizado dentro do departamento que prestou serviços para a sua fabricação. Por exemplo, o departamento 2 não transferiu nenhum custo para o Produto Y, que não utilizou serviços daquele departamento. Para encerrar o cálculo do custo de fabricação dos produtos, vamos totalizar os custos diretos com os custos indiretos. É possível notar que existe uma diferença entre o custeio sem departamentalização e o realizado com departamentalização. Chame-se a atenção que a aplicação da departamentalização pode reduzir as arbitrariedades dos critérios de rateios ou pode acentuar distorções. É importante que fique claro que este método auxilia no cálculo e nas análises das possíveis distorções de valores que os sistemas de rateios proporcionam. Por fim, cabe demonstrar como ficou a distorção neste exemplo didático, entre o custeio sem departamentalização e o com departamentalização. Você pode notar que existe uma diferença de $ 13 mil no cálculo de custo dos produtos e percentualmente o Produto X aumentou 14%, enquanto o Produto Y reduziu 17%. Essa diferença, se não fosse utilizada a departamentalização, poderia distorcer a precificação do produto, deixando o Produto X muito barato, sem departamentalização, podendo levar a uma margem de contribuição negativa, e o Produto Y muito caro, podendo haver perda de competitividade deste produto. O estudo do(s) impacto(s) de qualquer departamentalização 14 LEITURAOBRIGATÓRIA ou alteração de base de rateio é muito importante para a correta gestão de custos. (NETO, 2009), (MARTINS, 2010), (RIBEIRO, 2013). c) Custeio por absorção com departamentos de serviços ou auxiliares Você já percebeu que o uso da departamentalização é uma ferramenta gerencial interessante do ponto de vista dos gestores e que a contabilidade importa a definição de seus departamentos para cálculo e controle de custos. Mas é necessário estudar o impacto dos departamentos de serviços ou auxiliares que vão gerar as distribuições primárias e secundárias no cálculo de custos. Com a ajuda de um exemplo didático será demonstrado como efetuar o cálculo e contabilização dos custos. Imagine que no exemplo do Item 3.b, a empresa apresente três departamentos auxiliares, chamados de: Administração geral, almoxarifado, laboratório, que prestam serviços para os departamentos produtivos da empresa. Como ficaria a distribuição dos custos? Seguindo o esquema básico, houve a separação dos gastos em custos e despesas, os custos diretos e variáveis já foram distribuídos aos produtos, Tabela 1. O passo seguinte será a distribuição primária, onde os CIFs serão distribuídos aos departamentos utilizando os seguintes critérios de rateio: Tabela 11 – Critérios de rateios para distribuição primária dos CIFs Fonte: Elaborada pelo autor Você pode notar que houve a inclusão de três novos departamentos, seguindo uma hierarquia de prestação de serviços, a adm. geral presta serviços para o almoxarifado, laboratório e para os departamentos de produção; o almoxarifado presta serviço para o laboratório e para produção e o laboratório somente presta serviços para a produção. Agora você pode fazer a distribuição dos custos. 15 LEITURAOBRIGATÓRIATabela 12 – Distribuição primária dos CIFs Tabela 13 – Distribuição secundária dos CIFs aos departamentos de produção Fonte: Elaborada pelo autor Fonte: Elaborada pelo autor Foram efetuados arredondamentos para fins didáticos. Observe que o valor dos CIFs ainda é $ 172.000, ocorre que o rateio segue os mesmos critérios, divide o total da linha 1, Tabela 12, $ 25.000, pelo total da linha 1, Tabela 11, 4.720 horas e multiplica pelas horas correspondentes de cada departamento. Assim, linha a linha da tabela 12, você efetua a distribuição primária dos CIFs aos departamentos, ou seja, faz o rateio dos CIFs. Agora que você já tem o total dos CIFs para os departamentos de serviços, adm. geral $ 3.136, almoxarifado $ 4.207 e laboratório $ 11.868, pode-se distribuir estes valores para os departamentos de produção, a chamada distribuição secundária Perceba que a Tabela 13 já traz nas três primeiras linhas os critérios de rateios e a quarta linha é o total dos CIFs acumulados na Tabela 12, para cada departamento. A distribuição parte do valor do primeiro departamento de serviço, adm. Geral, que é $ 3.136, divide-se pela linha 1 (Nº Horas trabalhadas) 4.280 e multiplica por cada elemento da linha 1, que 16 LEITURAOBRIGATÓRIA dará o custo para cada departamento. Você pode notar que a adm. Geral presta serviços para almoxarifado e laboratório e para os departamentos de produção. Assim, para os demais departamentos de serviços você procede da mesma forma. Ao final, totalizando os departamentos de produção, você obterá o total do CIFs distribuídos aos departamentos de produção, que serão então distribuídos aos produtos fabricados, na proporção do uso dos departamentos de produção, da seguinte forma: Tabela 14 – Base de rateio dos CIFs aos produtos fabricados Tabela 15 – Rateio dos CIFs dos departamentos de produção aos produtos Fonte: Elaborada pelo autor Fonte: Elaborada pelo autor Você se recorda que os custos dos departamentos de produção são distribuídos aos produtos pelo nº de horas trabalhadas nos departamentos de produção, assim, após novos estudos chegou-se à base de distribuição da Tabela 14. Agora que você já tem os custos de cada departamento totalizados na Tabela 13 e sua base na Tabela 14, é só fazer os rateios. Foram efetuados arredondamentos para fins didáticos. Perceba que o uso da departamentalização ajuda o gestor a distribuir os custos com qualidade, ou seja, existe um ajuste fino nos critérios de rateio, e a cada novo estudo, utilizando as ferramentas de gestão, de qualidade, os critérios de rateios vão se aproximando do rateio ideal. 17 LEITURAOBRIGATÓRIA Tabela 16 – Totalização dos custos aos produtos Fonte: Elaborada pelo autor Agora só falta totalizar os custos diretos e custos indiretos para a transferência dos custos para os estoques. Veja que os custos totais são os mesmos, mas que houve uma redistribuição dos CIFs, por conta do melhor apontamento e definição nas bases utilizadas para rateios. Você pode perceber a importância que a utilização de bases de rateios confiáveis tem para o cálculo e controle de custos e que é necessário que cada empresa estude o seu processo produtivo e estabeleça uma uniformidade de critérios de rateios. 4. Departamentalização e RKW (Reichskuratorium Für Wirtschaftlichtkeit) O RKW surgiu na Alemanha, no início do século XX, tinha como fundamento a tentativa de fixação do preço de venda, ou seja, o Estado, com base em projeções de custos, tentava fixar o preço final do produto. Nesta metodologia de cálculo de custos, os gastos totais, para efeitos de custos, inclui os custos e despesas totais. Assim, é comum você encontrar na literatura a afirmação que o RKW é uma derivação do custeio por absorção, logicamente incluindo as despesas. Então, todo o estudo do método de custeio por absorção pode e deve ser aplicado no RKW. Uma exigência desse método é a existência da departamentalização, onde os gastos são distribuídos primariamente aos departamentos e, após, aos centros produtivos, e assim chega aos produtos. Você percebe que a crítica aos rateios é mais acentuada neste método, que inclui as despesas, e não se pode definir preço de dentro para fora da empresa, quem regula o preço é o mercado. Mas, para efeito didático, vamos partir do pressuposto de que você já estudou o custeio por absorção e que somente vai agregar o valor das despesas aos produtos. Utilizando um 18 LEITURAOBRIGATÓRIA critério de rateio bem simples, o valor dos custos totais será a base de rateio das despesas aos produtos. Vamos utilizar os valores encontrados na Tabela 16, onde, após apropriarmos os custos diretos e indiretos, chegamos a um custo de fabricação de: Produto X $ 338.479 Produto Y $ 263.521 Total de $ 602.000 Suponha que as despesas totalizaram $ 100.000 e que sua distribuição seja o valor total dos custos imputados aos produtos. Tabela 17 – Rateio das despesas aos produtos no RKW Fonte: Elaborada pelo autor Valores arredondados para fins didáticos. Perceba que efetuar o rateio das despesas com base nos custos de produção resulta em $ 56.226 para o Produto X e $ 43.774 para o Produto Y. Cabe fazer a seguinte observação: se a produção e vendas forem iguais, ou seja, vender tudo o que se produz, o resultado da empresa não será alterado. Mas você já sabe que se as vendas forem menores que a produção e restarem produtos em estoques, o saldo dos estoques e o resultado final da empresa serão impactados pela imobilização das despesas. Por fim, este método é ideal para saber o quanto realmente cada produto consome de recursos da empresa, salvo as críticas pela arbitrariedade nos rateios. Mas, por não levar em consideração os princípios da contabilidade e não ser aceito pelas leis fiscais, não é utilizado pela Contabilidade Financeira. 19 LEITURAOBRIGATÓRIA 5. Aplicação do Método do Custeio variável ao Custo Padrão e no custo Meta Veja que a departamentalização, também, pode e deve ser utilizada para calcular um custo padrão ou mesmo o custo meta. Por ter sua aplicabilidade, predominantemente, na parte gerencial de uma empresa, este método é uma excelente ferramenta para antecipar o cálculo dos custos de uma empresa. 6. Vantagens e desvantagens da departamentalização Como vantagens podemos citar: ocorre um melhor controle de custos, devido à especialização de cada departamento, diminui a complexidade dos elementos de custos. Como desvantagens podemos citar: o crescimento da estrutura burocrática para controlar os sistemas de informações, pode dificultar a comunicação entre os departamentos, cresce o número de rateios. (CREPALDI, 2002), (MARTINS, 2010). 20 No artigo científico: Critério de rateio por departamentalização dos custos indiretos, com base no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES): estudo de caso no hospital Nelson Salles, os autores Francisco, Santos, Lyrio e Portugal abordam o tema da utilização da departamentalização num hospital, que dá uma noção muito interessante da utilização do custeio por absorção. Uma leitura fácil e inspiradora para o estudo dos conceitos e da problemática da gestão de custo e para produção de uma pesquisa científica. 2012. Disponível em: <https://anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/article/download/3776/3777>. Acesso em: 12 out. 2017. Leia o material Rateio de custos – Departamentalização Simples, publicado no site Contabilidade de Custos Decifrada, em que o autor Luiz Eduardo Santos apresenta uma conceituação da departamentalização e simula uma situação de custos. Uma leitura fácil, bem resumida e que sinaliza aspectos importantes para o estudo da departamentalização. Disponível em: <http://www.contabilidadedecifrada.com.br/upload/topico/pdf_envios/aula- 003010602-a-texto.pdf> . Acesso em: 12 out. 2017. Leia o material Rateio de custos – DepartamentalizaçãoSimples, publicado no site Contabilidade de Custos Decifrada, em que o autor Luiz Eduardo Santos apresenta uma conceituação da departamentalização e simula uma situação de custos. Uma leitura fácil, bem resumida e que sinaliza aspectos importantes para o estudo da departamentalização. Disponível em: <http://www.contabilidadedecifrada.com.br/upload/topico/pdf_envios/aula- 003010603-a-texto.pdf> . Acesso em: 12 out. 2017. No artigo: Contabilidade de custos: mensuração dos custos de serviços oferecidos por uma oficina, para a manutenção de um veículo, com o intuito de maximizar o resultado da concessionária Cont’s Car Serviços Ltda., as autoras, Oliveira, Franca e Moraes, abordam a questão da utilização do método RKW em uma empresa. Um trabalho de leitura fácil, que traz vários elementos para estudo dos iniciantes na Contabilidade de Custos, s/d. Disponível em: <http://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/artigo_-_jovana.pdf>. Acesso em: 12 out. 2017. LINKSIMPORTANTES 21 No artigo de Backes, Kuhn, et al. (2007), os autores apresentam um estudo de caso com o uso do sistema de custeio RKW em uma cooperativa agrícola, com o tema: Aplicação do método de custeio RKW em uma cooperativa agrícola, 2007, um trabalho de fácil leitura que traz uma pesquisa de campo muito interessante para o estudante de custos. Disponível em: <http://www.custoseagronegocioonline.com.br/especialv3/RKW.pdf>. Acesso em: 12 out. 2017. Assista ao vídeo Custeio departamental, de Jairo Garcia, que faz uma exposição muito boa a respeito da departamentalização no cálculo de custos. Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=rBummT-SyB4>. Acesso em 13 out. 2017. O professor Cosme Sérgio (2014) produz vários vídeos instrutivos para os iniciantes do estudo de Contabilidade e para candidatos ao exame de suficiência do CFC, com o tema: Cálculo de custos com departamentalização. Ele nos apresenta em detalhes como funciona o mecanismo da aplicação da departamentalização na contabilidade. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=QMuPkDxeJHw> . Acesso em: 13 out. 2017. O prof. Renato Erich Kleiber (2015), no vídeo Contabilidade de custos Martins capítulo 6, exercício 1 para sala de aula, contribui com boas explicações a respeito do sistema de contabilização na departamentalização, com exemplo resolvido na apresentação do livro de Eliseu Martins. Vale a pena assistir. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=fFGZVVWabEo>. Acesso em: 13 out. 2017. O Prof. Luiz Carlos Marques dos Anjos, no vídeo Departamentalização, apresenta o método do custeio variável utilizando o exemplo do livro do prof. Eliseu Martins, imperdível. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=hc58SHoxOc0>. Acesso em: 13 out. 2017. O trabalho apresentado por Nascimento, Gonçalves, et al., s/d, apresenta o sistema RKW com uma explicação facilitada para o iniciante no estudo de custos. Vale a pena assistir à apresentação. Disponível em: <http://slideplayer.com.br/slide/11621368/>. Acesso em: 13 out. 2017. LINKSIMPORTANTES 22 Instruções: Agora chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido. Bom estudo! AGORAÉASUAVEZ Questão 1: Descreva com suas palavras o que é depar- tamentalização no âmbito da Contabilidade de Custos. Questão 2: A distribuição dos custos diretamente aos departamentos de uma empresa é chama- da de: a) Distribuição primária. b) Distribuição secundária. c) Distribuição por direcionadores. d) Distribuição dos custos diretos. e) Distribuição por rateios reflexos. Questão 3: Sabe que o departamento de manutenção acumulou $ 100.000 de custos em deter- minado período. Na distribuição secundá- ria, o departamento de manutenção distri- bui seus custos para os departamentos 1 e 2, pela produção de cada departamento, 10.000 e 15.000, respectivamente. Qual a parcela de custo indireto do departamento de manutenção que vai ser agregada em cada produto? a) Produto 1 $ 20.000 e Produto 2 $ 80.000. b) Produto 1 $ 25.000 e Produto 2 $ 75.000. 23 AGORAÉASUAVEZ Questão 5: Explique o que são departamentos de servi- ços ou auxiliares e departamentos de produ- ção. Questão 4: Explique como devem, por sugestão, ser distribuídos os custos (diretos e indiretos) aos produtos utilizando-se da departamen- talização. c) Produto 1 $ 40.000 e Produto 2 $ 60.000. d) Produto 1 $ 60.000 e Produto 2 $ 40.000. e) Produto 1 $ 10.000 e Produto 2 $ 15.000. 24 FINALIZANDO Neste tema você tomou conhecimento da aplicação da departamentalização no cálculo e controle de custos nas empresas. Estudou os passos para a distribuição de custos diretos e indiretos quando se utiliza a departamentalização para cálculo de custos. Estudou a diferenciação entre departamentos de serviços ou auxiliares com os departamentos de produção. Pôde comparar o custo na departamentalização com o método de Custeio por Absorção, sua utilização para auxiliar os gestores na tomada de decisão. Você estudou o sistema de custeio RKW, comparando sua utilização com o método de custeio por absorção. Você aprendeu a contabilizar as transferências de custos para estoques e de estoques para os custos dos produtos vendidos. Por fim, você estudou algumas vantagens e desvantagens da utilização da departamentalização. 25 GLOSSÁRIO Sumarizar: “Sintetizar em tópicos; apresentar os principais; o mesmo que sumariar”. (AURÉLIO, 2017, s/p). Centros de custos: São divisões de uma empresa, que podem ser um departamento, uma divisão, são maneiras de agrupar receitas e despesas. Hierárquicos: Aquilo que tem ordem de preferência, em que existe uma ordenação. (AURÉLIO, 2017, s/p). Softwares: Utilizado no sentido de programas de computadores específicos para coleta de informações gerenciais e cálculos de custos. Distorção: “Alterar a forma ou as características habituais de; alterar o sentido de.” (AURÉLIO, 2017, s/p). 26 Questão 1 Resposta: Departamentalização é a subdivisão de uma empresa em diversos segmentos, que são chamados de departamentos, onde são atribuídas diversas responsabilidades dentro do departamento. Departamento é a menor divisão de um processo administrativo, em que existe a atribuição de responsabilidade e acumulação de custos, realizando atividades homogêneas. Questão 2 Resposta: Em nosso roteiro de distribuição de custos temos: 1 – os custos diretos, que são distribuídos diretamente aos produtos; 2 – a distribuição primária, que é a distribuição dos custos indiretos primeiramente aos departamentos; 3 – a distribuição secundária, que é a redistribuição dos custos dos departamentos de serviços ou auxiliares aos departamentos produtivos; e 4 – a redistribuição dos departamentos de produção aos produtos. Logo, a alternativa correta será a: letra A. Questão 3 Resposta: Estamos diante da aplicação da redistribuição dos CIFs aos departamentos de produção. Departamento de manutenção total = $ 100.000; GABARITO 27 GABARITO Questão 4 Resposta: Em nosso roteiro de distribuição de custos temos: 1 – Separação dos gastos em custos, despesas ou investimentos; 2 – Os custos diretos que são distribuídos diretamente aos produtos; 3 – A distribuição primária, que é a distribuição dos custos indiretos primeiramente aos departamentos; 4 – A distribuição secundária, que é a redistribuição dos custos dos departamentos de serviços ou auxiliares aos departamentos produtivos; e 5 – A redistribuição dos departamentos de produção aos produtos. Questão 5 Resposta: Os departamentos de serviços ou auxiliares são aqueles departamentos que prestam serviços a outros departamentose que não participam da produção. Já os departamentos de produção, como o nome já afirma, são aqueles que participam diretamente na produção dos produtos, quer seja beneficiando, modificando matérias- primas, acondicionando, fracionando produtos, pode receber os custos dos departamentos de serviços. E, finalmente, distribui seus valores para a produção. Departamento 1 Departamento 2 Total Produção 10.000 unid. 15.000 unid. 25.000 unid. Dep. Manutenção $ 40.000 $ 60.000 $ 100.000 Divide $ 100.000 por 25.000 unid. = $ 4 por unid. Multiplica pelas quantidades produzidas. Logo, a alternativa correta será a: letra C. 28 REFERÊNCIAS ANJOS, L. D. Departamentalização. Youtube, 2015. Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=hc58SHoxOc0>. Acesso em: 13 out. 2017. AURÉLIO, D. Dicionário do Aurélio Online. Dicionário do Aurélio Online, 23 ago. 2017. Disponível em: <https://dicionariodoaurelio.com/>. BACKES, R. G. et al. Aplicação do método de custeio. custoseagronegocioonline, 2007. 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