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MATERIAL DE DIREITO ADMINISTRATIVO I COM PROF ILTON LEAO - UCSAL

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DIREITO ADMINISTRATIVO I
PROFESSOR ILTON LEÃO
AULA 01
NOCÕES INTRODUTÓRIAS DO DIREITO ADMINISTRATIVO
Direito nada mais é do que o conjunto de regras impostas coativamente pelo Estado permitindo a convivência harmônica dos seres em sociedade.
Somente com fins didáticos, para organização do estudo, há a divisão do direito em ramos. O Direito Administrativo é um ramo do direito internacional, pois se preocupa com as relações dentro do Estado, do território nacional. Direito interno, em oposição ao direito internacional; Vale lembrar que este é um conjunto de normas superiores acolhida por outras nações.
1. Introdução
O Direito Administrativo é um ramo do direito público, uma vez que se preocupa com as relações do Estado na satisfação do interesse público. 
CUIDADO:
	O direito administrativo é um ramo do direito público, mas não podemos confundir a “regra de direito público” com a expressão “regras de ordem pública” que tem um conceito distinto.
1. A regra de direito público:
 São regras imodificável pela vontade das partes e atua apenas no ramo de direito público
2. A regra de ordem pública:
 É aquela imposta coativamente e que não pode ser afastada pela vontade das partes. Logo, ela é imperativa e inafastável pela vontade das partes. A diferença da primeira é que aquela existe apenas no âmbito público, enquanto que esta existe também no âmbito privado.
Exemplo: 
 		As normas de impedimento de casamento não podem ser afastadas pela vontade das partes --> esse é um exemplo de regras de ordem pública que está prevista no âmbito privado.
Obs.: Toda regra de Direito Público é também Regra de Ordem Pública, mas o inverso não é verdadeiro, pois se encontram Regras de Ordem Pública também no Direito Privado.
2. Teorias sobre o Direito Administrativo
 	O que significa Direito Administrativo? 
Várias teorias foram criadas para definir Direito Administrativo e, para definir uma disciplina é necessária a definição do objeto da matéria. Vamos a um breve resumo.
	O direito administrativo tem como base a escola legalista (exegética): o direito administrativo tem como base apenas o estudo de leis, não tendo aplicação os princípios. Tal escola foi superada, pois hoje no Brasil se estudam também princípios.
2.1. Teoria legalista
A escola de serviço público tinha como objeto de estudo toda atuação do Estado, o que era o conceito então de serviço público. Para essa época o Estado apenas exercia serviço público. Cumpre lembrar que tal escola abrangia ainda as atividades de indústria e comércio.
Percebe-se que o estudo da escola do serviço público é muito ampla, abrangente, não sendo aceita pela doutrina brasileira, uma vez que afasta os demais ramos do direito. Nós estudamos o Estado em algumas atividades, mas não em toda atuação.
2.2 Teoria/Escola do serviço público
Segundo esse critério, o direito administrativo somente tinha como objeto de estudo a atuação do Poder Executivo (aqui não se estudam os outros Poderes). Ora, é verdade que quem mais administra mesmo é o Poder Executivo, mas se o Poder Judiciário faz concurso, tal é direito administrativo. Logo, temos que estudar também o direito administrativo dos outros Poderes. 
	O que importa ser estudado é a atividade administrativa, independentemente onde se encontra.
2.3 Critério do Poder Executivo
Para esse critério o direito administrativo se preocupava com todas as relações jurídicas do Estado. Tal linha de pensamento é muito ampla, por isso não foi aceitado pelo Brasil.
2.4 Critério das relações jurídicas
O critério teleológico afirma que o direito administrativo é um conjunto harmônico de regras e princípios. Essa acepção foi acolhida no Brasil, porém, a doutrina afirmava que esse critério precisa ser complementado: é um conjunto de regras e princípios que estuda o que? Por si só, o critério teleológico é insuficiente.
2.5 Critério Teleológico (Oswaldo Aranha Bandeira de Mello)
	Segundo o critério negativo, o direito administrativo é definido por exclusão: retiramos o que é função legislativa e jurisdicional e, o que sobrar, é função administrativa. Esse critério é correto? Sim, mas precisa de um complemento de saber o que sobra.
2.6 Critério residual (negativo)
	De acordo com essa teoria, a pergunta é: o direito administrativo se preocupa com o Estado social ou o Estado em sua atividade jurídica. Exemplo: o Brasil faz uma política para ajudar os desabrigados da chuva na região serrana do RJ. Ora, a escolha da política social é estudada pelo direito administrativo?
	Segundo esse critério a escolha da política pública, do Estado social não é objeto de estudo do direito administrativo; o que o ramo estuda é a implementação jurídica da política pública. Tal critério foi aceito pelo Brasil, porém foi dito insuficiente.
2.7 Critério de distinção entre atividade jurídica e atividade social do Estado
 
	O critério da Administração Pública é o mais aceito no Brasil. Hely Lopes afirmava que o Direito Administrativo é um conjunto harmônico de regras e princípios que regem os órgãos, agentes e atividade administrativa, não importando qual o Poder que exerça esta atividade, realizando de forma direta, concreta e imediata os fins desejados pelo Estado.
a) Realização direta: independe de provocação do interessado. O Direito Administrativo não se preocupa com a função indireta do Estado (Função Jurisdicional). Ainda que não exista requerimento o Estado pode agir. Exemplo: desapropriação de propriedade particular. Uma pergunta: se o Estado executa de forma direta, qual a função que é excluída? A função jurisdicional, que não é objeto de estudo do direito administrativo (juiz só trabalha se for provocado).
b) Realização concreta: o Direito Administrativo não se preocupa com a atuação abstrata do Estado (Função Legislativa). Exemplo: ato de nomeação em concurso público produz efeitos concretos. É o oposto da função abstrata do Poder Legislativo, onde a lei tem destinatários indeterminados, enquanto que a realização concreta tem destinatários determinados. Exclui-se aqui a função legislativa.
c) Realização imediata: tem como objetivo atividade jurídica do Estado, uma vez que no direito administrativo não há interesse na atividade social do Estado. A função mediata do Estado é a função social! A função imediata é a função jurídica.
	Quem define no Brasil os fins do Estado? É o direito constitucional, sendo que o administrativo realiza os fins, objetivos propostos pelo primeiro.
2.8 Critério da Administração Pública (Hely Lopes Meirelles)
Fonte é aquilo que leva a criação de uma regra. E quais são as regras de direito administrativo? Há uma divergência com relação às fontes, mas basicamente são:
a) Lei em sentido amplo (espécie normativa): o nosso ordenamento jurídico está organizado em uma estrutura escalonada ou hierarquizada --> as normas inferiores devem ser compatíveis com as superiores. Todas devem ser compatíveis com a CF/88: O STF ao definir essas hierarquia afirmou que as normas brasileiras guardam uma “relação de compatibilidade vertical.
3. Fontes do Direito Administrativo
b) Doutrina: é o resultado do trabalho dos nossos estudiosos.
c) Jurisprudência: quando o tribunal profere julgamentos retirados no mesmo sentido, constitui jurisprudência. Exemplo: a súmula é verdadeira consolidação de uma jurisprudência sedimentada. É diferente de acórdão, que é um julgamento isolado de um tribunal. 
d) Costume: é a prática habitual acreditando ser ela obrigatória. No Brasil, o costume ser como fonte, porém, não cria nem exime obrigação
e) Princípios gerais do direito: são regras que estão na base do nosso ordenamento jurídico, muitas vezes implicitamente, não servindo apenas para o direito administrativo, mas para todos os ramos. Exemplos: ninguém pode causar dano a outrem, mas se causar, há direito de indenização; é vedado o enriquecimento ilícito; ninguém pode se beneficiar da própria torpeza, etc.
Praticado um ato administrativo, quem pode rever ou controlaro ato? Vamos para o direito comparado onde encontramos dois sistemas:
4. Mecanismos de Controle (sistemas administrativos)
Quando a Administração pratica o ato administrativo, quem vai rever, em regra, é a própria Administração. Exemplo: contratos de locação são resolvidos na própria Administração. Excepcionalmente, o Judiciário pode rever o ato, em situações ligadas:
a) Ao estado e capacidade das pessoas;
b) Atividade pública de caráter privado (feita pelo Estado e que segue o regime privado);
c) Questões ligadas à propriedade privada;
d) Repressão penal.
4.1 Contencioso Administrativo (sistema francês): 
É o adotado pelo Brasil, sendo que o que predomina é o controle pelo Poder Judiciário, em regra. Ora, então, praticado um ato administrativo o Judiciário vai controlá-lo. Agora, aqui vai um exemplo: servidor público desvia dinheiro e é demitido pela Administração; indignado o ex-servidor recorre ao Judiciário, que pode revisar a decisão; todavia, o contrário não pode ocorrer, pois, no sistema de jurisdição única quem tem a última palavra é o Poder Judiciário. Sempre foi o sistema adotado pelo Brasil. Tentou-se pela EC 07/77 adotar o contencioso administrativo, porém, foi inoperante, nunca saindo do papel.
4.2. Jurisdição única:
5.1 Estado
	Estado é a pessoa jurídica - que tem personalidade - de direito público. Existia no Brasil antigamente a teoria da dupla personalidade que afirmava que o Estado tinha duas caras: quando o Estado estiver na atividade pública, tem personalidade de Direito Público; quando estiver na atividade privada, tem personalidade de Direito Privado. Tal teoria está ultrapassada, não sendo utilizada mais hoje (a ESAF adora!).
	Elementos do Estado: povo, território e governo.
5. Estado, Governo e Administração
	Governo: é o comando, direção do Estado. Para que nosso Estado seja independente, nosso Governo tem que ser soberano. Soberania é independência na ordem internacional e supremacia na ordem interna.
	O que o Estado de Direito? Estado de Direito é um estado politicamente organizado e que vai cumprir as suas próprias leis. O Brasil tem um governo soberano e constitui-se em estado de direito.
	Além disso, temos que tomar cuidado: pensou em estado, lembrou em função de governo. O Estado exerce na tripartição do Poderes funções típicas e atípicas. A doutrina moderna entende que além do moderno tradicional temos uma 4ª função moderna que é a função de governo. (...)	
5.2 Governo
Mas, antes de tudo, o que significa função pública? É exercer atividade em nome do interesse do povo. As funções do Estado são divididas em típicas e atípicas. De acordo com a velha tripartição de Montesquieu cada função foi atribuída a um poder:
Poder Legislativo: a função típica é legislar, que tem o poder de inovar o ordenamento jurídico (função abstrata e geral) Alguns autores ainda colocam também como função típica a de fiscalizar, através do tribunais de contas e das CPI’s.
Poder Judiciário: a função principal é solucionar conflitos, resolver a lide. A função jurisdicional é verdadeira função indireta do Estado ( = que depende de provocação), concreta e individual. Cumpre ressaltar excepcionalmente o controle de constitucionalidade na via abstrata como exemplo de Judiciário atuando de forma abstrata.
* Na função jurisdicional há a produção de “intangibilidade jurídica” (imutabilidade jurídica, impossibilidade de mudança ou coisa julgada), pois a decisão jurisdicional é a única definitiva.
Poder Executivo: tem como função típica administrar, aplicar o direito vigente, não inovando-o. É uma função direta, pois não depende de provocação, sendo também função concreta, podendo suas decisões serem revistas pelo Poder Judiciário. Cumpre salientar que, excepcionalmente o Executivo legisla através das conhecidas medidas provisórias.
Coisa julgada administrativa: é uma imutabilidade na via administrativa, não cabendo mais recurso.
Função de governo (política): existem alguns decisões, de acordo com os doutrinadores modernos não se encaixam nas funções tradicionais de Montesquieu. Exemplo: sanção/veto do Presidente da República, decretar guerra, estado de defesa, estado de sítio, celebração de paz etc. --> são verdadeiras decisões políticas. Quem elabora bem essa tese é Celso Antônio Bandeira de Mello. São funções que estão acima de simples administração
Administração é o aparelhamento do Estado, a máquina administrativa. O Estado é a pessoa jurídica, a Administração é a máquina, que realiza as vontades do Estado. Alguns autores como Celso Antônio e Diógenes Gasparini distinguem Administração Pública em dois conceitos:
Critério formal / subjetivo / orgânico: conjunto de órgãos, agentes e bens que compõem o Estado. É a própria Administração em maiúsculo.
Critério material / objetivo: é a atividade de administrar. administração em minúsculo.
5.3 Administração
FIM! 
DIREITO ADMINISTRATIVOI 
PROFESSOR ILTON LEÃO
AULA 02
REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO
Regime jurídico-administrativo é o conjunto sistematizado de princípios e regras que compõem o direito administrativo. E quantos princípios compõem a lista do nosso regime? Não há uma definição na doutrina de quantos e de quais são os princípios administrativos. Existem muitos semelhantes, inclusive, que se completam. O fato é que todos os princípios guardam entre si coerência, conotação lógica.
1. Introdução
	Teoria da ponderação dos interesses: no nosso ordenamento jurídico temos duas situações: regras e princípios. Quando raciocinamos regra, teremos ela aplicável ao caso concreto. Exemplo: aplico a regra “A” ao caso concreto, que, por consequência nenhuma outra regra vai servir para a mesma situação. Se pensamos em princípios, no mesmo caso concreto, posso ter a aplicação de mais de um, não existindo princípios absolutos, que serão aplicados sempre. Pondera-se qual é o mais importante em determinada situação, de acordo com os interesses que estão presentes. Agora, é possível que na mesma situação exista a prevalência de um princípio sobre outro, ou aplicar ambos ao mesmo tempo --> é a ponderação dos interesses.
	
2. Teoria da ponderação dos interesses
A corrente da teoria da ponderação dos interesses é nova para o Direito Administrativo, sendo já aplicada na jurisprudência. Um exemplo concreto: desde 1988 é obrigatório no Brasil para o preenchimento de cargo público a exigência de concurso. Imagine que um servidor foi nomeado ontem sem essa exigência --> essa nomeação é um ato ilegal passível de anulação, aplicando-se o princípio da ilegalidade. Agora imagine que o servidor foi nomeado em 1989; 20 anos depois a matéria é levada à análise do STJ que no caso concreto afirma que a nomeação é ilegal, todavia o STJ pondera entre o princípio da legalidade e o da segurança jurídica dos atos por esse servidor praticado. O STJ decidiu então manter o servidor no cargo aplicando a segurança jurídica e a boa-fé, uma vez que o servidor desconhecia da ilegalidade, face ao novo ordenamento jurídico.
	Celso Antônio Bandeira de Mello criou a expressão “pedras de toque” do direito administrativo afirmando que os princípios da supremacia do interesse público e da indisponibilidade do interesse público são os sustentáculos do direito administrativo e servem de base para todos os outros princípios.
	Qual o conceito de interesse público? O conceito é bastante divergente na doutrina e, por isso, vamos formar um conceito básico para concursos, de Alice Gonçalves Borges, professora da UFBH; o interesse público é o interesse que predomina entre os seres em sociedade, sendo o somatório dos interesses individuais representando o interesse da maioria na sociedade.
3. Pedras de toque do direito administrativo
O que é o interesse público primário e interesse público secundário? E qual deles deve prevalecer?
Interesse público primário é a vontade efetiva do povo. É a vontade social.
Interesse público secundário é a vontade do estado. O estado enquantopessoa jurídica.
* Se existir divergência entre estes interesses deve prevalecer o interesse primário. Ex: arrecadar cada vez mais (cobrança arbitrária) é interesse secundário e não é interesse primário. Assim, a cobrança abusiva de tributos não deve prevalecer.
	Supremacia do interesse público nada mais é do que a superioridade do interesse público face aos interesses individuais. Em razão desse princípio a Administração Pública tem algumas prerrogativas, tendo tratamento diferenciado em algumas questões.
	A supremacia não é do Estado nem do administrador, e sim do interesse público (o CESPE gosta de fazer essa cilada).
	Exemplo: decido abrir uma padaria, mas, por lá passeiam ratos e baratas; o Poder Público pode fechar a padaria por si só, sem medidas judiciais. Isso porque o ato administrativo é auto-executável, sendo praticado com base da supremacia do interesse público.
	Exemplo: estou cansado de prestar concursos e decido abrir uma boate, que não respeita os limites legais do som, não tendo a vizinhança mais sossego. O Poder Público pode interditar a boate, face ao poder de polícia que a Administração Pública possui, justificado também pela supremacia do interesse público.
	 Interesse Público é princípio implícito no texto constitucional (não está expresso na CRFB/88).
4. Princípio da Supremacia (sobreposição) do Interesse Público
Exemplo: nos contratos administrativos as cláusulas exorbitantes, como aplicar penalidade, fiscalizar a relação, rescisão e alteração unilateral do contrato --> tudo isso justificado pela supremacia do interesse público.
Exemplo: o Poder Público pode requisitar meu imóvel para abrigar aqueles que ficaram sem casa, por causa da chuva --> é a requisição. Desapropria, e depois indeniza, nos termos do art. 5º, XXV da CF/88.
	Para uma corrente minoritária, nascente no Direito Administrativo, o princípio da supremacia do direito público deve ser eliminado, pois, na verdade justifica vários atos abusivos. A professora Marinela, juntamente com Maria Sylvia Di Pietro critica essa corrente, pois o fato não é desconstruir o princípio em questão, e sim aplicá-lo de forma correta no dia-a-dia. 
OBS: A Supremacia do Interesse Público é princípio implícito no texto constitucional (não está expresso na CRFB/88).
	Segundo este princípio, o administrador não pode dispor, abrir mão do interesse público. O administrador não tem liberalidade, não pode jogar fora o interesse público.
	O princípio da indisponibilidade decorre do fato do administrador exercer função pública, assim exerce atividade em nome e no interesse do povo. 
	O direito não é do administrador, desta forma, ele não tem liberdade sobre o que não lhe pertence. Ex: se o administrador não se utiliza da licitação, abrindo mão de escolher a proposta mais vantajosa --> fraude à licitação viola o princípio da indisponibilidade. Outro exemplo seria se a administração não faz concurso público, abusando dos cargos temporários e comissionados também viola o princípio da indisponibilidade.
	O administrador de hoje não pode criar obstáculo para o administrador de amanhã  é um princípio geral do direito. Antigamente os chefes gastavam tudo e deixavam o prejuízo para o seu sucessor. Hoje, o princípio da indisponibilidade, juntamente com a Lei de Responsabilidade Fiscal, cria mecanismos para evitar esses abusos.
5. Princípio da indisponibilidade do interesse público
Quais são os princípios mínimos do direito administrativo? O art. 37, caput, da CRFB/88, com redação disposta pela EC 19/98 (Reforma Administrativa), dispôs 5 princípios que a Administração Pública, direta e indireta das três esferas do Estado, tem que obedecer.
	Os princípios enumerados neste caput são chamados de princípios mínimos da Administração Pública (o mínimo que o Administrador tem que obedecer). São eles: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência (LIMPE).
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
	Inclusive, o caput do art. 37 foi alterado pela EC 19/1998, que incluiu o princípio da eficiência. Vamos estudar cada um dos princípios mínimos.
	O Estado Democrático de Direito é aquele politicamente organizado que obedece suas próprias leis. Na verdade, o princípio da legalidade é a base desse tipo de Estado.O constituinte repete a legalidade em vários trechos da Constituição:
Art. 5º, II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
6. Princípio da legalidade
A legalidade se apresenta em dois enfoques:
a) Legalidade para o direito privado: o particular pode tudo, salvo o que estiver vedado em lei. (a FCC adora este conceito). É o critério de não-contradição à lei.
b) Legalidade para o direito público: o administrador só pode fazer aquilo que a lei autoriza. É o critério de subordinação à lei. Ex: o administrador não pode conceder aumento ou criar cargo por decreto (inconstitucional, pois só pode via lei).
* O administrador não é um “boneco de olhos fechados”, pois, apesar de só poder fazer o que esta na lei, ele tem liberdade nos limites da lei (discricionariedade administrativa).
	“Administrar é aplicar a lei de ofício”. Que princípio é esse? É o princípio da legalidade, segundo Seabra Fagundes. Na verdade, administrar é só o que está na lei; é a legalidade para o direito público.
Princípio da legalidade x Princípio da reserva legal.
Os doutrinadores afirmam que o princípio da legalidade é mais amplo do que o princípio da reserva legal. Escolher a espécie normativa é apenas uma parte da legalidade.
	Hoje quando falamos de controle de legalidade, revisão da legalidade, estamos controlando o que? A legalidade hoje é entendida em sentido amplo: legalidade é o controle da aplicação da lei, mas também controle de regras e princípios constitucionais.
	Conceito: o administrador não pode agir de forma pessoal; deve haver ausência de subjetividade.
	Questão de concurso: cite dois exemplos de institutos que estão expressos na Constituição Federal e que representem impessoalidade? Concurso público e licitação são os grandes exemplos de impessoalidade na CRFB/88. Nestes casos o administrador escolhe o melhor candidato ou proposta. Ora, mas concurso público não é uma modalidade de licitação? O STJ já decidiu que concurso público não tem nada haver com licitação, sendo institutos com objetivos distintos: no concurso a finalidade é provimento de cargo público; já o concurso modalidade licitação da Lei 8.666/90 visa a escolha de trabalho técnico ou científico. 
7. Princípio da impessoalidade
Segundo Celso Antônio Bandeira de Melo, o princípio da impessoalidade traduz a ideia de que “a Administração tem que tratar a todos sem discriminações benéficas ou detrimentosas; nem favoritismos, nem perseguições são toleráveis. Simpatias ou animosidades pessoais, políticas ou ideológicas não podem interferir na atividade administrativa.”
	“O princípio da impessoalidade está ligado ao princípio da isonomia ou igualdade constitucional; enquanto o princípio da moralidade relaciona-se com a lealdade e boa-fé. Caiu no MP-MG e a assertiva é verdadeira.
	Exemplo: você precisa de uma certidão negativa de débitos da Fazenda Municipal para um concurso público e o servidor, em nome do prefeito, emite! Ss atos administrativos são atos impessoais, não sendo do agente, e sim da pessoa jurídica a que ele pertence.
“Princípio da impessoalidade e o princípio da finalidade.Disserte sobre a divergência” (2ª fase do MP/PE). Na verdade, o princípio da finalidade tem uma divergência com o princípio da impessoalidade no que tange à doutrina clássica e à doutrina moderna que têm entendimentos diferentes:
a) Segundo a doutrina tradicional, Hely Lopes Meirelles afirmava que antes da CF/88 haviam os princípios da finalidade e da imparcialidade. Com o advento da CF/88 substituíram-se esses pelo princípio da impessoalidade.
b) Segundo a doutrina moderna, Celso Antônio Bandeira de Melo, impessoalidade e finalidade significam princípios autônomos, em separado. Na verdade, impessoalidade é ausência de subjetividade, não buscar interesses pessoais, enquanto que finalidade é a necessidade do administrador buscar a vontade maior, o objetivo da lei. Mas será que o legislador pode cumprir a lei, sem cumprir a sua vontade? Ou será que dá pra cumprir o espírito da lei sem respeitar a lei? Na verdade, os autores modernos afirmam que não, e que o princípio da finalidade está ligado ao princípio da legalidade.
 * Art. 2º da Lei 9784/99 reforça a ideia de finalidade como princípio autônomo:
 
Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
* Atualmente a doutrina moderna é a que prevalece.
	Conceito: segundo a doutrina brasileira o princípio da moralidade tem conceito vago, indeterminado. A legalidade está ligada à ideia de honestidade, lealdade, boa-fé, obediência aos padrões éticos (condutas éticas) e à probidade administrativa.
	Raramente o judiciário retira um ato administrativo do ordenamento jurídico por violação a moralidade pois afirma que é um princípio muito vago ou aberto. Desta forma, o judiciário sempre agrega outro princípio à moralidade para invalidar um ato administrativo. O judiciário tem dificuldade de aplicar este princípio isoladamente.
8. Princípio da moralidade
Se o administrador age de forma imoral, está agindo com improbidade administrativa? Sim, é perfeitamente possível: a violação à moralidade caracteriza como improbidade, nos termos do art. 11 da Lei 8.429/92:
 Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência;
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em segredo;
IV - negar publicidade aos atos oficiais;
V - frustrar a licitude de concurso público;
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
a) Moralidade comum: é a correção de atitude. É a regra do certo e errado dentro do convívio comum. Exemplo: mulher ir para a missa de microssaia. 
b) Moralidade administrativa: é mais rigorosa, pois exige correção de atitudes e que o administrador seja também um bom administrador (correção de atitudes + boa administração). 
* Boa administração = moralidade administrativa e eficiência.
Tendo pela lei liberdade para agir o administrador tem que escolher a melhor alternativa. Está ligado ao princípio da eficiência, pois todos os princípios administrativos estão co-relacionados.
Moralidade administrativa ≠ moralidade comum.
	Proibição do nepotismo no Brasil representa aplicação de quais princípios?
	O nepotismo começa a mais discutido a partir da EC 45/2004, emenda da Reforma do Poder Judiciário que, entre novidades, trouxe a criação do CNJ e do CNMP, que são órgãos de controle da atividade administrativo.
	O CNJ e o CNMP proibiram o nepotismo no judiciário e no Ministério Público. Nos dois casos foram editadas resoluções, proibindo o nepotismo com relação a cônjuge/companheiro e parentes próximos, em casos de facilidade (sem concurso ou licitação). A resolução que mais marcou foi a Resolução de n. 07 do CNJ, seguida pela de n. 9 e 21. Já no CNMP forma as resoluções de n. 1, 7, 21 e 28. 
	Os tribunais resistiram, inicialmente, mas foram exonerando seus parentes. Todavia, começou a existir o nepotismo cruzado: parentes de tribunais federais no âmbito estadual e vice e versa. Era o nepotismo cruzado, proibido consequentemente pelo CNJ e CNMP em resoluções posteriores.
8.1. Nepotismo no Brasil
A resolução n. 07 do CNJ foi analisada pelo STF na ADC nº 12 e resolveu três questões importantes:
A proibição do nepotismo no Brasil é inconstitucional e proibi-lo representa a aplicação dos princípios da impessoalidade, moralidade, eficiência e isonomia;
É sim competência do CNJ e do CNMP exonerar servidores nestas condições, pois foram criados para fazer controle administrativo de seus respectivos órgãos;
O CNJ e o CNMP podem disciplinar tais situações por resolução, pois a resolução é um ato normativo (matéria baseada na CRFB/88).
Quando o STF julgou a ADC nº 12 restou na casa um grande desejo de legislar sobre o nepotismo. O Supremo queria resolver a questão de verdade, pois o CNJ proíbe para o Judiciário e o CNMP para o Ministério Público. E o resto da Administração? Por isso, o STF editou a súmula vinculante nº 13 para resolver de vez a matéria:
"A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal."
A professora Fernanda Marinela acha que está súmula foi escrita de forma precipitada, pois proibiu demais impossibilitando a fiscalização.
Vamos explicar por partes a súmula vinculante: 
	1. O parentesco proibido pela súmula vinculante é: 
a) de cônjuge companheiro;
b) parentes em linha retal / colateral por afinidade até o 3º grau.
2. Não é permitido, de acordo com a súmula vinculante: 
a) Nomeante x nomeado exercendo cargo em comissão ou confiança. O cargo em comissão era o antigo cargo de confiança de antes da CRFB/88 e é o cargo de livre nomeação e livre exoneração e pode ser preenchido por qualquer pessoa. Tal cargo serve para direção, chefia e assessoramento.
b) Nomeante x nomeado se este for exercer função gratificada. A função gratificada é a função de confiança e só pode ser ocupada por quem ter cargo efetivo. O servidor recebe a remuneração do cargo que ocupa somado a uma gratificação por exercer a função de confiança. Tal função também é de direção, chefia e assessoramento.
c) a súmula de vinculante também proíbe o parentesco entre servidor que possua cargo de direção, chefia e assessoramento. Exemplo: se pai e filho estão em cargo em comissão e o filho em outro cargo em comissão na mesma pessoa jurídica, também não pode. Mas o pai não nomeou o filho! Não precisa! Eles não podem estar na mesma pessoa jurídica em funções gratificadas. Mas o pai é técnico chefe de secretaria do TRF em Manaus e o filho é técnico assessor de gabinete do TRF em Porto Alegre. Não pode, pois estão na mesma pessoa jurídica.
3. A súmula também veda o ajuste mediante vedações recíprocas. É a proibição do nepotismo cruzado.
Obs.: O parentesco só é problema se não for por concurso. Por concurso pode ser parente. Foi proibido o parentesco nos cargos por comissão, contrações temporárias e contrataçõesdiretas sem licitação (dispensa e inexigibilidade).
 
Obs.: Um prefeito pode nomear um irmão secretário de saúde e outro secretário de infra-estrutura? Pode, de acordo o STF. A súmula que proíbe o nepotismo não é aplicada aos agentes políticos!
Sentidos do princípio da publicidade:
1. A publicidade inicia-se com a ciência ao titular do interesse, no caso, o povo. 
O administrador exerce função pública; se o interesse é do povo, o administrador representando nossos interesses precisa nos comunicar sobre o que é feito.
9. Princípio da publicidade
2. Condição de eficácia, requisito para produção de efeitos. 
* O princípio da publicidade significa ciência / conhecimento, ao titular do interesse. Exemplo: Administração celebra um contrato administrativo com empresa “X”. Assinado tal contrato o administrador esqueceu de publicar o instrumento. Esse contrato é válido? Sim, sendo a publicação apenas condição de eficácia. O contrato será válido, apenas não produzirá efeitos; só o produzirá no momento em que é publicado (art. 61, p.u., da Lei 8666/93)
Art. 61., Parágrafo único. A publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, que é condição indispensável para sua eficácia, será providenciada pela Administração até o quinto dia útil do mês seguinte ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o disposto no art. 26 desta Lei.
3. Publicidade significa início de contagem de prazo, pois o prazo para defesa só pode correr a partir do conhecimento.
 Exemplo: administrador celebra um contrato de merenda escolar. A empresa contratada precisará de um prazo para começar a entregar a merenda e se adaptar. Imaginemos que o contrato estipule o prazo de 30 dias. Esse prazo começa a contar a partir de quando? Qual é o marco inicial, o termo? A partir da assinatura do contrato ou com a publicação? Ora, se o contrato só produz efeitos a partir da publicação, sendo esta condição de eficácia, é tranquilo afirmar que o prazo só começa a correr a partir da publicação do contrato administrativo. Outro exemplo é: sou multado por alta velocidade no trânsito. O prazo para a defesa é de 30 dias. Qual o termo inicial para a fluência do prazo? A partir do recebimento na residência da notificação da infração praticada.
4. A publicidade viabiliza a fiscalização, o controle do particular sobre a Administração Pública. 
A partir do momento que eu tenho consciência do que está acontecendo na Administração Pública, posso fiscalizar a sua atividade. Exemplo: contas municipais devem ficar à disposição do cidadão no prazo de 60 dias para fiscalização e questionamento, nos termos do art. 31, §3º da CF/88:
§ 3º - As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.
 
“A licitação na modalidade convite não tem publicidade.” Esse assertiva estava em um concurso CESPE e é falsa, pois no convite há publicidade; o que não existe nesta modalidade é publicação de edital, e sim envio de carta-convite. Cuidado pois a publicidade ≠ publicação. Quando eu abro as portas da licitação, mando a correspondência para o interessado, faço ciência pessoal, a publicidade está sendo atendida; o que não há é publicação do instrumento convocatório. O conceito de publicidade é bem mais amplo do que a publicação.
	A Constituição Federal estabelece algumas exceções ao princípio da publicidade. Vejamos:
Art. 5º, X da CF/88: - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
 
Art. 5º, XXXIII: - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado --> segurança da sociedade e do Estado;
 
Art. 5º, LX: LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem. Exemplo: estou precisando fazer uma cirurgia grande e à procura de um médico, e você acha uma médico, mas é informado no CFM que ele está sendo processado por erro laboral --> por isso que tais situações correm em segredo de justiça, pois senão, antes do provimento final, a carreira do médico seria abalada. 
Exemplo: cansei de prestar concurso e resolvo adquirir uma empresa; para isso procuro informações no órgão públicos sobre a mesma. O órgão me nega essa informação. Qual é o remédio constitucional cabível? Cuidado! Não é habeas data, uma vez que este é só usado para obter / retificar informações pessoais. Para tutelar o direito líquido e certo de informação o remédio é o mandado de segurança. Vejamos o inciso XXXIII do art. 5º: 
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
Vamos analisar a redação do art. 37, §1º da CF/88 que estabelece a regra da publicidade no âmbito administrativo: 
§1º. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
O administrador tem por esse artigo duas obrigações: 
a) o administrador deve dar publicidade;
b) a publicidade deve ser com caráter educativo, informativo ou de orientação social. E se o administrador não publicar os seus atos ou fazer da publicação de promoção pessoal? Incorre em improbidade administrativa, nos termos do art. 11 da Lei 8.429/92:
 
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência;
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em segredo;
IV - negar publicidade aos atos oficiais;
V - frustrar a licitude de concurso público;
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
Nomes de bens públicos: a regra é homenagear uma pessoa importante que fez a história daquela região. O administrador começou a colocar nome de pessoas vivas, em trocas: deputado estadual negocia com o prefeito, etc. --> isso representa promoção pessoal, sendo improbidade administrativa.
	Exemplo: na campanha um candidato a governador tinha como símbolo a cor verde-limão. Quando ele se elege decide pintar a cidade toda de verde-limão --> também é caso de improbidade administrativa.
	Segundo o STJ, para se falar em promoção pessoal tem que haver uma análise com bom senso. O constar em uma placa do simples nome do administrador não significa necessariamente promoção pessoal e, portanto, improbidade (é perdoável). A jurisprudência tem abrandado a proibição do art. 37, § 1º.
	Significa, porém, promoção pessoal e, por conseguinte, improbidade administrativa: símbolo de campanha nos carros da administração, utilização de cores específicas usadas na campanha para promoção do administrador.
	O princípio da eficiência ganha roupagemde princípio expresso a partir da EC 19/1998 (reforma administrativa) no caput do art. 37. Cuidado: o CESPE está indagando qual o número da emenda constitucional e trocando de 19 para 20. A EC nº 20 (reforma da previdência) que também é de 1998, alterou a parte de aposentadoria dos servidores públicos.
10. Princípio da eficiência
Antes da EC nº 19 a administração já devia obedecer a eficiência (princípio constitucional implícito), já sendo inclusive prevista expressamente na legislação infraconstitucional. Vejamos a Lei 8.987/95 que estabelecia expressamente o art. 6º:
Art. 6oToda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.
§ 1oServiço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.
De acordo com a Lei 8.987/95 a eficiência tem os seguintes sentidos:
a) Ausência de desperdício
b) Produtividade
c) Agilidade, presteza
d) Economia (gastar o menos possível, para obter o melhor possível
O serviço público deve ser eficiente quanto aos meios e eficiente quanto aos resultados.
	O constituinte reformador, para tornar a eficiência uma realidade mexeu em algumas questões, através da EC 19/98:
 
1. Em 1998 existia uma ideia que o servidor público só é acomodado pois tem estabilidade; por isso a EC 19 altera o art. 41 e os requisitos para a perda do cargo. Vejamos:
 
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; 
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. 
Art. 41 da CF/88 esquematizado
2. A EC 19 também partiu da ideia de se perguntar se seria eficiente tudo que se arrecada para pagar pessoal? Ora, e como fica a infraestrutura, pesquisa, desenvolvimento, etc.? A emenda nº 19 alterou o art. 169, que passou a ter a seguinte redação e remeteu a Lei complementar para resolver a questão. Vejamos o art. 169:
 
Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar. (LC 101/00, Lei de Responsabilidade Fiscal)
§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas: 
I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes; 
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista. 
§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste artigo para a adaptação aos parâmetros ali previstos, serão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem os referidos limites. 
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências: 
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança; 
II - exoneração dos servidores não estáveis. 
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal. 
§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus a indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço. 
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos. 
§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º.
3. Não pode o administrador gastar tudo com funcionário. Tem limites. (dispostos na LC 101/00, art. 19)
 
Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados:
I - União: 50% (cinqüenta por cento);
II - Estados: 60% (sessenta por cento);
III - Municípios: 60% (sessenta por cento).
§ 1º Na verificação do atendimento dos limites definidos neste artigo, não serão computadas as despesas:
I - de indenização por demissão de servidores ou empregados;
II - relativas a incentivos à demissão voluntária;
III - derivadas da aplicação do disposto no inciso II do § 6º do art. 57 da Constituição;
IV - decorrentes de decisão judicial e da competência de período anterior ao da apuração a que se refere o § 2º do art. 18;
V - com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e Roraima, custeadas com recursos transferidos pela União na forma dos incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e do art. 31 da Emenda Constitucional nº 19;
VI - com inativos, ainda que por intermédio de fundo específico, custeadas por recursos provenientes:
a) da arrecadação de contribuições dos segurados;
b) da compensação financeira de que trata o § 9º do art. 201 da Constituição;
c) das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado a tal finalidade, inclusive o produto da alienação de bens, direitos e ativos, bem como seu superávit financeiro.
§ 2º Observado o disposto no inciso IV do § 1º, as despesas com pessoal decorrentes de sentenças judiciais serão incluídas no limite do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20.
* Só pode gastar com folha de pagamento até o limite de:
- União: 50%
- Estados e Municípios: 60%
* Se já estiver acima dos limites dispostos no art. 19 da LRF, o administrador tem que reduzir na seguinte ordem (art. 169, § 3º da CRFB/88):
1. Cargo em comissão e função de confiança (mínimo de 20%): se quiser reduzir mais do que este percentual é atitude discricionária do administrador;
2. Servidores não-estáveis: quantos forem necessário (pode ser até 100%), de acordo com a necessidade;
3. Servidores estáveis
* Só se pode passar a cortar cargos de uma categoria para a seguinte se já tiver esgotado a hipótese legal de “enxugamento” da categoria anterior.
* Todas as hipóteses acima dispostas são de exoneração. Demissão é pena por falta grave e precisa de procedimento administrativo disciplinar com obediência à ampla defesa para ser efetuada.
* Servidor estável quando perde o cargo tem direito à indenização (art. 169, § 5º).
§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus a indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço. 
(...)
 
* Somente o servidor ESTÁVEL é que terá direito à indenização.
* Se houver extinção de cargo por motivo de enxugamento da máquina só se pode criar o novo cargo com as mesmas atribuições após quatro anos, para evitar casos de vingança com inimigos (art. 169, § 6º):
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguaisou assemelhadas pelo prazo de quatro anos. 
	
	Exemplo: Administração Pública construiu um hospital, mas gastou milhões. Isso é eficiente? A eficiência tem que estar presente nos dois momentos: não adianta gastar uma fortuna e obter bons resultados, assim como não adianta gastar uma ninharia e obter resultados pífios. A ideia de eficiência é: meios + resultados = gastar o menor valor possível e obter resultados eficientes.
	Apesar das alterações da emenda constitucional nº 19/1997, a eficiência tem um conceito muito fluido. Representou muito mais uma utopia, um desabafo do constituinte reformador, que não se tornou realidade.
	Estudamos todos os princípios do art. 37, caput. Vamos estudar outros princípios espalhados pela Constituição
Conceito: isonomia significa tratar os iguais de formal igual e os desiguais de formal desigual, na medida das suas desigualdades. Muito belo o conceito, porém, de difícil preencher seu conteúdo: definir os iguais, desiguais e a dose de desigualdade.
	É um princípio de difícil caracterização. Para isso é preciso:
a) Primeiro identificar o fator de distinção.
b) E depois verificar se está compatível com o objetivo. Se não estiver em conformidade com o objetivo da norma há ofensa ao princípio da isonomia.
11. Princípio da isonomia
Vamos aplicar essa diferenciação a um caso concreto. Vejamos vários exemplos:
1. Deficiente físico que não pode fazer concurso para salva-vidas não viola o princípio da isonomia, pois a deficiência impede o exercício da profissão. Vejamos: o fator de discriminação: deficiência física; o objetivo da norma: provimento de cargo de salva-vidas.
2. Edital de concurso de polícia exclusivamente para polícia feminina. Esta regra compromete a isonomia? Não, pois o fator de discriminação (apenas mulheres), com o objetivo da norma - em algumas situações, o Estado precisa de uma parte da polícia ser feminina para atender seus fins, ex vis, revista íntima feminina.
a) Para que um requisito no edital não viole a isonomia, a jurisprudência estabeleceu algumas normas:
b) o requisito deve estar previsto na lei da carreira;
c) o requisito tem que ser compatível com as atribuições do cargo. Exemplo: limite de idade de 26 anos em concurso público, por causa das atribuições físicas é possível. Nesses termos, a súmula 683 do STF:
 
Súmula 683 do STF. O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
 
* No concurso de polícia civil do SP para o concurso de delegado tentaram limitar a altura dos candidatos em, no mínimo, 1,50m. A jurisprudência entendeu ferir a isonomia.
3. Concurso para gari x quantidade de dentes. Viola a isonomia. 
4. Exame psicotécnico em concurso de polícia federal. A nossa jurisprudência discute bastante (ver vídeo no INJUR). O psicotécnico deve estar na lei da carreira, ser compatível com as atribuições do cargo e deve ser previsto no edital. Além disso, a jurisprudência do STJ entende que o exame deve ser realizado de forma objetiva. De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello indaga que “que certeza existe quanto a essa tal sanidade, adequação social, estabelecida no exame psicotécnico? ”
5. Prova de capacidade física. Exercício de barra, diferenciação entre homem e mulher. Não viola a isonomia: desiguais, tratados de forma desiguais.
 
	O art. 5º, LV da CF/88 engloba ambos:
 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
 
	Os princípios do contraditório e da ampla defesa estão bem cristalizados na nossa jurisprudência. Na via administrativa tais princípios ainda estão nascendo, sendo uma novidade a partir da CF/88. A inobservância deles caracteriza hoje a maior causa de nulidade de processos administrativos.
	Contraditório significa dar à parte conhecimento, ciência do processo. Constitui a bilateralidade da relação jurídica processual (quando se chama a parte demandada ao processo). Na via judicial o primeiro ato de contato da parte com o processo é a citação; na via administrativa não há ser tecnicismo formal. O que existe é citação, intimação e notificação tratadas como sinônimo.
	
12. Princípio do contraditório e da ampla defesa
A ampla defesa significa a oportunidade da parte de fazer sua defesa. Se a parte vai ou não exercer sua é defesa é outro problema, mas ela tem o direito de ter a oportunidade. Para que a ampla defesa ocorra é necessário de algumas exigências ou condições; Segundo Odete Medauar, os desdobramentos da ampla defesa - exigências - são:
 
1. Defesa prévia: a parte tem que defender-se antes da aplicação da sanção final. Para que a defesa prévia seja efetiva é necessário:
a) Pena pré-determinada;
Procedimento pré-determinado.
 
2. Garantia de informação: a parte tem que se informar sobre o conteúdo do processo para poder realizar a defesa. Mas o administrador é obrigado a dar cópias dos documentos? Segundo o STJ a parte não tem direito a cópias do processo administrativo, mas a administração tem que viabilizar tal reprodução. Quem arca com os custos da cópia é a parte.. Cuidado: não há “carga” de processos administrativos, não podendo levar para casa o original.
 
3. Produção de provas: a parte tem que poder produzir prova que vai participar da formação de juízo do administrador. Significa que tem que se abrir a possibilidade de produção de provas e o administrador tem que analisar todas as provas produzidas para efeitos seu convencimento. 
4. Direito de interposição de recurso: o recurso administrativo pode ser impetrado independentemente de previsão específica. Pode ser impetrado mesmo que não exista um recurso específico. Ex: edital de concurso que afirma que de alguma das fases não cabe recurso ofende a ampla defesa. O espelho de prova é indispensável para a impetração do recurso sob pena de ofender a ampla defesa --> é caso de controle de legalidade de atos administrativos.
* O STF e STJ entendem que a exigência de depósito prévio para recorrer ofende a ampla defesa, sendo inconstitucional. Foi decisão em processo administrativo tributário, mas o entendimento pode ser estendido a todos os processos administrativos.
* Súmula vinculante nº 3:
 
Súmula Vinculante nº 03 : NOS PROCESSOS PERANTE O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO ASSEGURAM-SE O CONTRADITÓRIO E A AMPLA DEFESA QUANDO DA DECISÃO PUDER RESULTAR ANULAÇÃO OU REVOGAÇÃO DE ATO ADMINISTRATIVO QUE BENEFICIE O INTERESSADO, EXCETUADA A APRECIAÇÃO DA LEGALIDADE DO ATO DE CONCESSÃO INICIAL DE APOSENTADORIA, REFORMA E PENSÃO.
* Esta súmula abrange duas situações diferentes:
 a) Atos já acabados que chegam ao Tribunal de Contas para serem controlados: quando esta discussão puder implicar anulação ou revogação e puder prejudicar direitos de alguém, a parte tem que ter direito de participar. Exemplo: contrato de merenda escolar que já está em andamento é levado para análise no tribunal de contas que percebe uma fraude. O administrador é chamado para prestar esclarecimento e fica em discussão com o TC. Se a decisão for pela extinção do contrato quem será atingida é a empresa que presta o serviço; logo, tal empresa deve ser trazida ao tribunal de contas para garantir o contraditório do processo.
b) Ato que concede aposentaria depende 2 manifestações de vontade (ato complexo). O Tribunal de Contas não exerce controle, mas participa da formação do ato (Administração + Tribunal de Contas). Neste caso não precisa de contraditório e ampla defesa. O contraditório não será exercido no Tribunal de Contas, mas no âmbito da Administração. O ato aqui não se aperfeiçoou, não é ato administrativo perfeito, por isso que não há o direito ao contraditório. Exemplo citado pela súmula: ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. Na prática se dá da seguinte forma: o servidor pede a aposentadoria e o órgão da Administração concedee o servidor já vai para casa; mas, para completar o ato e torná-lo perfeito, precisa da manifestação do respectivo tribunal de contas. Só que os TC’s estão demorando muito. 
 (...)
Em um caso recente, após 10 anos de aposentado e recebendo proventos o tribunal de contas afirma que a aposentadoria é ilegal. A matéria foi levada ao STF que entendeu que o Tribunal de Contas demorou muito, e que essas questões devem ser analisadas, no máximo, no prazo razoável de 5 anos. Se em 5 anos o TC não faz a revisão, o STF entende que o TC deve abrir um novo processo para dar o contraditório e a ampla defesa ao servidor aposentado (coisa que o servidor não teria, se o TC respeitasse o prazo). Perceba que essa decisão é uma verdadeira forma de temperar a súmula vinculante nº 03. Cuidado: a súmula não foi alterada. O STF proferiu essa decisão em dois recursos extraordinários: o MS 25.116 e MS 26.053.
STF, MS 25.116
EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. ATO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. NEGATIVA DE REGISTRO A APOSENTADORIA. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA. GARANTIAS CONSTITUCIONAIS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. 
1. O impetrante se volta contra o acórdão do TCU, publicado no Diário Oficial da União. Não exatamente contra o IBGE, para que este comprove o recolhimento das questionadas contribuições previdenciárias. Preliminar de ilegitimidade passiva rejeitada.
 2. Infundada alegação de carência de ação, por ausência de direito líquido e certo. Preliminar que se confunde com o mérito da impetração. 
3. A inércia da Corte de Contas, por mais de cinco anos, a contar da aposentadoria, consolidou afirmativamente a expectativa do ex-servidor quanto ao recebimento de verba de caráter alimentar. Esse aspecto temporal diz intimamente com:
 a) o princípio da segurança jurídica, projeção objetiva do princípio da dignidade da pessoa humana e elemento conceitual do Estado de Direito; 
b) a lealdade, um dos conteúdos do princípio constitucional da moralidade administrativa (caput do art. 37). São de se reconhecer, portanto, certas situações jurídicas subjetivas ante o Poder Público, mormente quando tais situações se formalizam por ato de qualquer das instâncias administrativas desse Poder, como se dá com o ato formal de aposentadoria. 
4. A manifestação do órgão constitucional de controle externo há de se formalizar em tempo que não desborde das pautas elementares da razoabilidade. Todo o Direito Positivo é permeado por essa preocupação com o tempo enquanto figura jurídica, para que sua prolongada passagem em aberto não opere como fator de séria instabilidade inter-subjetiva ou mesmo intergrupal. A própria Constituição Federal de 1988 dá conta de institutos que têm no perfazimento de um certo lapso temporal a sua própria razão de ser. Pelo que existe uma espécie de tempo constitucional médio que resume em si, objetivamente, o desejado critério da razoabilidade. Tempo que é de cinco anos (inciso XXIX do art. 7º e arts. 183 e 191 da CF; bem como art. 19 do ADCT). 
5. O prazo de cinco anos é de ser aplicado aos processos de contas que tenham por objeto o exame de legalidade dos atos concessivos de aposentadorias, reformas e pensões. Transcorrido in albis o interregno qüinqüenal, a contar da aposentadoria, é de se convocar os particulares para participarem do processo de seu interesse, a fim de desfrutar das garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa (inciso LV do art. 5º). 
6. Segurança concedida.
5. Defesa técnica: quem realiza a defesa técnica é o advogado regularmente inscrito na OAB. A Lei 8112/90 fala que a presença do advogado é facultativa. Era o padrão brasileiro. Vejamos o art. 156 da referida lei:
Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o processo pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular quesitos, quando se tratar de prova pericial.
* Após esta lei, a jurisprudência do STJ já fala na presença do advogado como imprescindível ao processo administrativo, por ser processo e não mais procedimento, consoante ao art. 5º, CRFB/88:
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
* Em estudo os tribunais observaram que o advogado contribui para a regularidade do processo e que, quando ele estava presente, o índice de nulidade dos processos administrativos diminuiu. Assim, o STJ editou a súmula 343 que afirmava que a presença do advogado seria obrigatória em todas as fases do processo administrativo disciplinar. Esta orientação representa a realidade atual. 
 
Súmula 343 do STJ: É obrigatória a presença de advogado em todas as fases do processo administrativo disciplinar.
* Consoante esta súmula, todos os servidores demitidos em processo administrativo disciplinar sem a presença de advogado no processo, este processo seria nulo e todos os servidores teriam direito à reintegração com direito retroativo à todas as vantagens pagas. Assim quando a matéria chegou ao STF, percebeu-se que seria um gasto reintegrar esses servidores, sendo isso sustentado oralmente pelo AGU). Este tribunal então editou a súmula vinculante nº 5: 
Súmula Vinculante nº 5: “A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição”.
* Marinela afirma que esta súmula foi um retrocesso de pelo menos 10 anos para a nossa jurisprudência, no tocante ao processo administrativo, pois a realidade construída em todos os anos após a Lei 8.112/90 foi destruída com apenas uma súmula, por claro interesse político e econômico.
	Princípio da razoabilidade nada mais é do que coerência, congruência, lógica, proibindo as condutas tresloucadas. 
	No princípio da proporcionalidade a ideia principal é de equilíbrio: o administrador tem que agir de forma equilibrada. Para os administrativistas brasileiros a proporcionalidade está embutida, dentro da razoabilidade, por isso agir de forma equilibrada também significa agir com coerência. Os atos e as medidas inerentes a eles devem ser sempre equilibrados. Exemplo: Estado vigia uma passeata e, nela ocorre um tumulto; o Estado mata então todo mundo --> não é uma medida proporcional. Outro exemplo é o servidor comete ato ilícito punível administrativamente com uma pena de advertência, em regra. Todavia, o órgão sanciona uma demissão. Não é proporcional.
	Pensou em proporcionalidade é também preciso o equilíbrio entre os benefícios e prejuízos: é necessário mais benefício do que prejuízo nas medidas tomadas, ex vis, uma cidade “X” está precisando de um lixão. O governo o instala, apesar das infelicidades dos vizinhos da área, mas era necessário e a área não era amplamente habitada. Tal é uma medida proporcional.
13. Princípio da razoabilidade e proporcionalidade
A razoabilidade e a proporcionalidade são princípios implícitos na Constituição Federal e explícitos na lei ordinária na Lei 9784/99, art. 2º:
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência
Alguns entendem que o art. 5º, LXXVIII - que foi introduzido pela EC 45/2004 - passou a tratar de razoabilidade explicitamente no texto constitucional:
 
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
 
* Apesar da discussão, alguns autores afirmam que, na verdade, o supracitado inciso não apresenta o princípio da razoabilidade de forma expressa, e sim o princípio da celeridade no processo.
O princípio da razoabilidade e proporcionalidade hoje limitam a atividade do administrador que, hoje, não pode tomar qualquer decisão,e sim a decisão deve ser sempre razoável e proporcional. Exemplo: o Município “X” precisa de escola e hospital e só tem dinheiro para um deles: o administrador decide construir o hospital. Essa decisão é razoável? A resposta é sim. Mas se só tiver dinheiro para o hospital e construir uma praça, o Judiciário pode rever essa decisão? Temos que estabelecer duas premissas:
 
a) O Poder Judiciário pode rever qualquer ato administrativo no que tange à legalidade em sentido amplo (lei + regras constitucionais).
b) O Poder Judiciário não pode rever o mérito administrativo. O mérito = conveniência + oportunidade do ato administrativo. Voltando ao exemplo do administrador que decide construir uma praça, ao invés do único hospital para a cidade --> essa decisão contraria os princípios implícitos na CF/88 da razoabilidade e da proporcionalidade. Nesse caso o Judiciário pode rever, pois é rever um princípio implícito na CF e explícito na lei ordinária e, por isso, é um controle de legalidade, e não do mérito administrativo.
O Poder Judiciário não pode rever o mérito administrativo: essa é a regra, todavia, por vias tortas os magistrados acabam atingindo-o (como no caso acima, sob fundamento de ofensa à razoabilidade). No Brasil havia um problema muito grande com a utilização de políticas públicas pelo administrador, que realizava a que bem queria. O entendimento que prevalecia no Judiciário era que o assunto estava na seara do mérito administrativo e, portanto, não poderia imiscuir-se. Um belo dia depois de tantos desmandos o Judiciário deu um “chega” no administrador afirmando que ele deveria escolher uma política pública razoável, pois controle da razoabilidade é um controle de legalidade e o Judiciário pode sim controlar nesse aspecto. Essa questão foi muito bem discutida no STF na ADPF 45.
	Pelo princípio da continuidade a atividade pública não pode ser interrompida, sendo prestada de forma contínua, ininterrupta. Para Celso Antônio Bandeira de Melo o Estado tem obrigação de desempenhar atividade pública, e o administrador tem esse dever de fornecer tal serviço.
	O princípio da continuidade tem duas discussões críticas: o direito de greve para servidores públicos e o corte face ao inadimplemento de tarifa de um serviço público. Vamos analisá-los mais abaixo.
14. Princípio da continuidade
14.1 Direito de greve
 
	Servidor público tem direito de greve hoje? Sim, a regra está no art. 37, VII da CF:
 
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica;
 
	Qual o número da lei específica que disciplina o direito de greve? Vale salientar que o dispositivo fala de lei específica, ou seja, uma lei ordinária, todavia cumpre lembrar que esse inciso foi alterado pela EC nº 19/1998: anteriormente era necessária uma lei complementar específica! Até hoje essa lei não foi editada. E aí? O servidor pode fazer greve? Essa norma constitucional é uma norma de eficácia limitada - que eu não posso exercer o direito previsto nela, sem que haja uma lei reguladora - ou é uma lei de eficácia contida - posso exercer o direito nela previsto mas que pode ser complementado com a lei específica.
	
O STF reconheceu que o art. 37, VII da CRFB/88 é uma norma de eficácia limitada. Desta forma, como não havia lei, a greve era ilegal, o que geraria desconto dos dias não trabalhos e compensação de horas; entretanto, a simples greve não gerava d demissão (que é uma sanção por falta grave), pois só se estaria a exercer um direito (mesmo que não regulamentado). Se o grevista quebrasse materiais ou aparelhos da Administração, poderia ser demitido. Da mesma forma, o grevista não poderia ser demitido por abandono de cargo se se afastasse por mais de 30 dias, haja vista a ausência do requisito subjetivo do animus para o abandono (abandono de cargo: abandono por mais de 30 dias + animus de abandono).
	
Diversos mandados de injunção chegaram ao STF, que comunicava a inexistência de lei específica da greve dos servidores públicos ao Congresso Nacional que continuava inerte; isso perdurou por muito tempo. O Presidente da República na época, Luiz Inácio Lula da Silva deu uma declaração afirmando que o direito de greve do servidor público deveria ser extinto. Isso repercutiu muito e houve uma onda de greves públicas 
	Até que um dia o STF decidiu (MI 708) que servidor público poderia fazer greve tendo como respaldo a lei de greve do trabalhador da iniciativa privada (lei 7.783/89). A priori, este MI teria efeitos inter partes, porém o STF admite que tal decisão serve para os demais servidores (efeitos erga omnes): as mesmas regras aplicadas ao servidor privado - Lei. 7.783/89 - será aplicada ao servidor público, no que couber. ver o Mandado de Injunção, nº 708, onde pela primeira vez o STF adotou a teoria concretista para o MI. Ver também os MI 670 e 712.
Atualmente, muitos órgãos públicos estão demitindo servidores públicos que fazem greve. Os tribunais, quando acionados, mandam o servidor voltar ao trabalho, pois demissão é medida punitiva disciplinar, e não porque fez greve. Todavia, se durante a greve ele pratica uma infração grave, como, por exemplo, quebrar tudo, pode ser demitido.
	A Lei 7.783/89 e a decisão do STF não são suficientes hoje para aplicá-la aos servidores públicos. Por isso, atualmente, o STJ tem uma jurisprudência já consolidada por este assunto. Vejamos os principais pontos que vem sendo resolvidos:
O STJ vem decidindo pela legalidade da greve dos servidores públicos, desde que não afete o princípio da continuidade da supremacia do interesse público.
Percentual da greve pra não comprometer o serviço: não há um percentual fixo, mas pela leitura dos julgados é possível concluir que:
Justiça eleitoral: deve manter 80% dos servidores;
Justiça federal: 60% do efetivo, incluindo aqui cargos comissionados e funções gratificadas;
Médicos em hospital público: no mínimo 50% do quadro deve continuar laborando durante o movimento paredista.
Se a greve desrespeitar o percentual fixado na decisão é cabível multa diária.
Em decisão recente a 1ª turma do TJ entendeu que não pode mais descontar dos grevistas os dias não trabalhados (embora a 3ª seção tenha entendimento consolidado de que é possível). Ao que parece a jurisprudência terá alterações. Devemos ficar atentos!
Obs.: Alguns constitucionalistas defendem que, após esta decisão do STF a norma do art. 37, VII da CRFB/88 passou a ser de eficácia contida. Marinela não concorda com esta decisão, pois quem define se a lei é limitada ou contida é o legislador constitucional. A regulamentação de uma lei não a transforma a norma limitada em contida.
Obs.: Exceptio non adimpleti contractus (exceção do contrato não cumprido): Se uma parte não cumpriu suas obrigações não pode cobrar que a outra parte cumpra as suas. A exceptio non adimplent contractus é aplicável aos contratos administrativos. Porém, de acordo com a doutrina moderna é aplicada de forma diferenciada em nome do princípio da continuidade, só sendo aplicada quando o inadimplemento ultrapasse 90 dias (art. 78, XV, lei 8.666/93).
Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:
XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão do cumprimento de suas obrigações até que seja normalizada a situação;
	Hely Lopes defendia que a exceptio non adimpleti contractus não era aplicada aos contratos administrativos (ele faleceu antes da edição da edição da Lei 8.666/93).
14.2 Corte do serviço público
	Algo que afeta o princípio da continuidade é o corte do serviço público por inadimplemento do usuário. O Corte de serviço público é possível? A maioria doutrina admite a possibilidade de corte do serviço público e usa como fundamento do art. 6, §3º da lei8.987/95 (Concessões e Permissões). 
Art. 6º, § 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando:
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.
Desta forma, autoriza-se a descontinuidade em três situações:
a) Em caso de urgência (independentemente de comunicação prévia);
b) Dependendo de comunicação prévia:
Desobediência das normas técnicas que comprometam o serviço.
Em caso de inadimplemento.
Em caso de inadimplemento a corrente minoritária entende que não é possível o corte usando como fundamento o CDC (arts. 22 e 42):
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código.
Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
A corrente majoritária diz que o corte do serviço do inadimplente é, na verdade, preservação ao princípio da continuidade, pois se não puder cortar o serviço do inadimplente a empresa poderá fechar e comprometer o serviço do adimplente. 
	O inadimplente e o adimplente são desiguais, devendo ser tratados desigualmente sob pena de ferir ao princípio da isonomia. Exceção à regra acima seria no caso no inadimplente que depende da energia para sobreviver (máquina respiratória). Neste caso o serviço não deverá ser cortado em defesa da vida. Caso a Administração não pague a energia poderá ter sua energia cortada, salvo nos logradouros públicos, hospitais, etc.
	O princípio da autotutela significa que os atos administrativos podem ser revistos pela administração. A administração pode rever os seus atos. Tem dois sentidos: 
a) Ato ilegal é retirado por anulação.
b) Ato inconveniente é retirado por revogação.
 
	
15. Princípio da Autotutela
Vejamos as súmulas 346 e 473 do STF:
 
Súmula 346 do STF: A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PODE DECLARAR A NULIDADE DOS SEUS PRÓPRIOS ATOS.
 
Súmula 473, do STF: A ADMINISTRAÇÃO PODE ANULAR SEUS PRÓPRIOS ATOS, QUANDO EIVADOS DE VÍCIOS QUE OS TORNAM ILEGAIS, PORQUE DELES NÃO SE ORIGINAM DIREITOS; OU REVOGÁ-LOS, POR MOTIVO DE CONVENIÊNCIA OU OPORTUNIDADE, RESPEITADOS OS DIREITOS ADQUIRIDOS, E RESSALVADA, EM TODOS OS CASOS, A APRECIAÇÃO JUDICIAL.
 
	Segundo Maria Sylvia Di Pietro, a autotutela também significa o dever de zelo/cuidado da administração, tanto dos bens (patrimônio) quanto dos interesses públicos.
	Pelo princípio da especialidade, pessoas jurídicas da Administração Direta (União, Estados, DF, Municípios, ou seja, os entes políticos), criam as pessoas jurídicas da Administração Indireta que são as autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista. Cuidado: Concessionária e Permissionária não compõem a Administração Pública, pois são pessoas jurídicas de Direito Privado que prestam serviço público por delegação.
	Pela especialidade as pessoas jurídicas da administração indireta estão vinculadas às finalidades para as quais foram criadas. Uma pergunta: é possível modificar a finalidade da Pessoa Jurídica da Administração Indireta? O que a lei determinou o administrador não pode modificar. Só a lei pode modificar a finalidade das pessoas jurídicas da Administração Indireta. 
16. Princípio da especialidade
Obs.: É possível modificar a finalidade da Pessoa Jurídica da Administração Indireta?
* Paralelismo das formas – Somente a Lei pode modificar a finalidade, ou seja, o Administrador não pode modificar.
* O que a lei determinou o administrador não pode modificar.
* Só a lei pode modificar a finalidade das pessoas jurídicas da Administração Indireta.
	O princípio da presunção de legitimidade também á chamado de presunção de legalidade ou veracidade. A doutrina afirma que este princípio deve ser lido como:
Presunção de legitimidade (consoante as regras morais)
Presunção de legalidade (consoante as regras legais)
Presunção de veracidade 
	
17. Princípio da presunção de legitimidade
 Os atos administrativos são presumidamente verdadeiros. É uma presunção relativa, pois admite prova em contrário. O ônus da prova é do administrado (que alega).
	A conseqüência prática da presunção de legitimidade é a aplicação imediata dos atos administrativos. As leis são aplicadas de imediato por sua presunção de constitucionalidade.
	Os atos administrativos são presumidamente verdadeiros. É uma presunção relativa “júris tantum”, pois admite prova em contrário. Aqui vale lembrar que o ônus da prova é do administrado (que alega).
	A consequência prática da presunção de legitimidade é a aplicação imediata dos atos administrativos As leis são aplicadas de imediato por sua presunção de constitucionalidade.
FIM! 
DIREITO ADMINISTRATIVOI 
PROFESSOR ILTON LEÃO
AULA 02
PODERES ADMINISTRATIVOS
	Poderes da administração significam prerrogativas, instrumentos para a busca do interesse público que se concretizam com a prática de atos administrativos.
	Poderes da administração ≠ poderes do estado. Poderes do Estado são elementos estruturais, orgânicos ou organizacionais do estado. São os poderes legislativo, executivo e judiciário. Já os Poderes da Administração são prerrogativas e instrumentos. Os poderes administrativos são os seguintes:
a) Poder de polícia;
b) Poder hierárquico;
c) Poder disciplinar e 
d) Poder regulamentar.
1. Introdução
1. São poderes de exercício obrigatório, por isso, chamados de Poderes-Deveres. Celso Antonio fala que o certo é dever-poder, pois a ênfase maior é no dever do administrador.
 
2. São poderes irrenunciáveis. Representam encargos ou obrigações (o Administrador exerce um munus público). O poder é do povo, por isso que não pode o administrador renunciá-lo O Administrador exerce uma função pública, da qual não pode abrir mão.
* O administrador de hoje não pode criar entraves para a futura Administração Pública. Abrir mão do poder significa prejudicar o futuro, o que não é possível.
2. Características gerais dos poderes da Administração
3. Os poderes da Administração devem ser aplicados nos limites da lei:
a) As regras de competência devem ser respeitadas. A autoridade deve ser a competente para o ato que realiza. A competência é definida em lei ou pela própria Constituição.
b) Necessidade + adequação + eficiência da medida tomada. O ato realizado pelo administrador deve ser necessário e adequado para a situação fática. É o atendimento do pedido da proporcionalidade. Por exemplo: passeata que está gerando tumulto --> o administrador para conter mata os manifestantes. É desproporcional.
Obs.: O que acontece se o administrador extrapola o exercício do poder? É o caso de abuso de poder, o que gera a responsabilização da autoridade pública. O abuso pode ser dar por ação ou omissão. Aqui cumpre lembrar de uma distinção doutrinária, mas que é cobrada para concursos: as espécies de abuso de poder:
a) Excesso de poder. A autoridade extrapola os limites de sua competência . Exemplo: delegado recebe uma ordem judicial de prisão de José e realiza o ato, mas ao prendê-lo, dar uma surra. Perceba que o delegado era competente para prender, mas não para dar surra. É um excesso de poder.
b) Desvio de finalidade (de poder): é vício ideológico, vício subjetivo, defeito na vontade.

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