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A APLICAÇÃO DO INSTITUTO DO ABANDONO NO PROCESSO DE DESFAZIMENTO DE BENS INSERVÍVEIS E IRRECUPERÁVEIS NO ÂMBITO DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MATO GROSSO DO SUL.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL 
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM CIÊNCIAS POLICIAIS 
E GESTÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA 
 
 A APLICAÇÃO DO INSTITUTO DO ABANDONO NO PROCESSO DE DESFAZIMENTO DE BENS 
INSERVÍVEIS E IRRECUPERÁVEIS NO ÂMBITO DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MATO 
GROSSO DO SUL. 
 
Silvio Romero Benites 
Capitão Bombeiro Militar, Graduado em Tecnologia em Processos 
Gerenciais pela Uniasselvi, discente do Curso de Pós-Graduação Lato 
Sensu em Ciências Policiais e Gestão em Segurança Pública 
email: silvioromero1070@hotmail.com 
 
Joaquim Carlos Klein de Alencar 
Mestre em Educação, Professor da Universidade 
Estadual de Mato Grosso do Sul 
email:Joaquim@uems.br 
SUMÁRIO – 1. Introdução; 2. Gestão de Patrimônio Público; 3 Conclusão; 4.Referências. 
 
RESUMO: Este artigo apresenta um estudo sobre o processo de desfazimento de bens móveis 
inservíveis do patrimônio público, alinhados aos princípios constitucionais vigentes. Tem por objetivo 
apresentar uma proposta/ação para promover de forma adequada o desfazimento definitivo de bens 
inservíveis que ainda estão sob guarda e controle patrimonial do Corpo de Bombeiros Militar de Mato 
Grosso do Sul. A metodologia adotada é pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória. Os resultados 
alcançados, apresenta uma proposta que inclui o instituto do abandono para de fato alcançar o objetivo 
central, considerando a necessidade de renunciar em definitivo todo material inservível, embora 
possuam partes economicamente aproveitáveis, considerando que algumas vezes podem representar 
lucros, se realizado seu desfazimento através de leilões. 
 
 
Palavras-chave: Desfazimento; Bens móveis inservíveis; Instituto do Abandono; Gestão Patrimonial 
 
ABSTRACT: This article presents a study about the process of depletion of movable assets inservable 
from the public patrimony, in line with the prevailing constitutional principles. Its objective is to present a 
proposal to adequately promote the definitive disbanding of waste goods that are still under guard and 
patrimonial control of the Military Fire Brigade of Mato Grosso do Sul. The methodology adopted is 
qualitative, descriptive and exploratory research. The results achieved present a proposal that includes 
the abandonment institute in order to reach the central objective, considering that sometimes they 
can represent profits, if done by means of auctions. 
 
Keywords: Depletion; Insectible movable property; Institute of Abandonment; Patrimonial management 
 
1 Introdução 
Esse trabalho apresenta uma análise acerca do processo de desfazimento e baixa de bens 
inservíveis, obsoletos e ociosos do patrimônio permanente disponibilizado para uso do Corpo de 
Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso do Sul (CBMMS) por não servirem mais à finalidade para 
a qual foram adquiridos. O desfazimento de bens desgastados e inservíveis para a administração 
pública é realizado quando não há motivo para que o bem permaneça integrado ao patrimônio do 
órgão. Todavia, a possibilidade de exclusão, depende expressamente de autorização por meio de 
processo de baixa e desfazimento. 
 O objetivo central desse estudo é apresentar uma proposta/ação para o desfazimento 
definitivo de bens móveis classificados como inservíveis, que ainda persistem no controle do patrimônio 
permanente disponível ao CBMMS. Por meio dos objetivos específicos, foram identificados: quais são 
os procedimentos adotados pela corporação para disposição final dos bens inservíveis; quais as 
causas da morosidade no processo de desfazimento e baixa patrimonial no CBMMS. 
A discussão do tema é relevante, por observar que o desfazimento e consequente baixa 
patrimonial de bens inservíveis, obsoletos e ociosos do patrimônio permanente disponível ao Corpo de 
Bombeiros Militar Estado de Mato Grosso do Sul (CBMMS), tem se revelado moroso e ineficiente, em 
boa parte das fases do processo, por exigir a guarda, o controle e o trabalho do sistema logístico da 
Corporação, por longo tempo, consequentemente, o Estado acaba sendo onerado por dispender 
recursos humanos e financeiros para proteger um patrimônio que não mais atende à finalidade 
originária e, conseqüentemente, ao interesse público. Sendo assim, esse estudo é justificado pela 
necessidade de assegurar os princípios da economicidade, da eficiência e eficácia nos processos de 
exclusão de um bem inservível do acervo patrimonial público, de acordo com a legislação vigente e 
expressamente regulamentado o seu processo de desfazimento no âmbito do CBMMS. 
 A metodologia adotada é a abordagem qualitativa, descritiva e exploratória. Não requer uso 
de métodos estatísticos. Visa descrever situações semelhantes e proporcionar maior proximidade com 
o tema em estudo. Para tanto, recorre-se a análise bibliográfica do ordenamento jurídico (Constituição, 
leis, decretos, portarias e resoluções) livros e artigos que discorrem sobre a temática e análise 
documental de manuais e compêndios de administração e logística de material e também ao Projeto de 
Perassoli (2016), que mostra na prática o processo de desfazimento de sucatas existentes nas escolas 
da Rede Estadual de Ensino do estado de Mato Grosso do Sul, por meio da realização de leilão, 
evidenciando os resultados (sem êxito) das ações desenvolvidas. 
 A estrutura desse trabalho contempla estudos sobre os princípios básicos da gestão de 
patrimônio público; os princípios da administração pública aplicáveis na gestão de patrimônio; o atual 
ordenamento jurídico aplicável ao controle e ao desfazimento do patrimônio público; o modelo gerencial 
aplicado à gestão do patrimônio; o instituto do abandono no processo de desfazimento de bens 
inservíveis; o processo de desfazimento e baixa patrimonial no CBMMS e por fim apresenta a proposta 
para assegurar, no âmbito da Corporação CBMMS, o binômio eficiência e economicidade, no tocante 
aos processos de desfazimento e baixa patrimonial de materiais permanentes inservíveis, 
irrecuperáveis e antieconômicos. 
 
2. Gestão de patrimônio público 
 A Gestão do patrimônio público tem buscado garantir a otimização dos recursos, viabilizando 
o controle burocrático, buscando soluções alinhadas aos princípios da Constituição Federal. Gerir a 
coisa pública de forma eficiente, além de preceito legal, é um desafio apresentado constantemente ao 
administrador público frente às necessidades que surgem em ritmo acelerado. 
 No que concerne à definição de patrimônio, Meirelles (2008) afirma que se deve observar 
antecipadamente o conceito de bem, uma vez que este é amplo e abrange tudo aquilo que tem valor 
econômico ou moral e, que seja suscetível de proteção jurídica. Tratando-se, de entidades públicas, o 
patrimônio pode ser definido como o conjunto de todas as coisas corpóreas ou incorpóreas que 
pertençam à mesma. 
No mesmo sentido, reafirma Martins apud Mukai (2000, p. 17): 
Patrimônio Público é o conjunto de bens, dinheiro, valores e direitos pertencentes aos entes 
públicos (União, Estados, Distrito Federal e Munícipios), através da administração direta ou 
indireta e fundacional, cuja a conservação seja de interesse público e difuso, estando não só 
os administradores, como também os administrados, vinculados à sua proteção e defesa. 
Tais elementos, mesmo sob a posse de particular, nunca perderão a qualidade de domínio 
público dada sua origem: a coisa pública. 
 Todo bem público, para que possa atingir suas finalidades, está sujeito ao controle por 
imperatividade da Lei, seja ele corpóreo e incorpóreo, móvel, imóvel ou semovente sendo o controle do 
patrimônio público ferramenta indispensável ao gestor, não podendo abdicar-se dele em nenhuma 
esfera da administração. 
 Em relação a este controle, a Lei Complementar de ResponsabilidadeFiscal (LRF) nº 
101/2000, trouxe, dentre os parâmetros inovadores na administração pública, a preocupação com a 
gestão fiscal e patrimonial, estabelecendo normas detalhadas e imperativas da administração das 
finanças públicas dos Poderes da União, dos Estados Federados, do Distrito Federal e dos Municípios, 
abrangendo órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive empresas controladas e 
estatais dependentes (art. 2º incisos e alíneas) (BRASIL, 2000). 
 Mello (2007), explica que existe função administrativa quando alguém está investido no dever 
de satisfazer dadas finalidades em prol do interesse de outrem, necessitando, para tanto, manejar 
poderes requeridos para supri-las. Sendo do interesse da administração pública satisfazer a 
coletividade, os agentes públicos no exercício da função administrativa, estão submetidos à satisfação 
de outrem. Desse modo, é legitimo o atendimento dos interesses públicos, na medida em que o 
administrador mantenha sua a atenção voltada aos preceitos legais, ajustando-os aos interesses 
coletivos que dispõem a administração pública, sem os quais incorrerá em infrações legais e éticas no 
desempenho de suas funções. 
 
2.1 Os princípios da administração pública aplicáveis à gestão de patrimônio 
 Para compreender os Princípios da Administração Pública, torna-se crucial entender que os 
princípios são verdades ou juízos valorativos para o ordenamento jurídico, visto que a Constituição 
Federal (CF) com redação dada pela Emenda Constitucional 19/1998 (EC 19/1998), para o artigo 37, 
passou a incorporar o princípio da eficiência como um dos princípios norteadores da administração 
pública, fazendo com que a Administração Pública direta e indireta, passasse a obedecer também aos 
princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência (BRASIL, 1988). 
 Outras legislações ampliam a lista de princípios que norteiam a administração pública, como 
a Lei nº 9.784/1999, que trata sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Pública 
Federal, que diz no artigo 2º: “a Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da 
legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, 
contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência” (BRASIL, 1999). 
 Com destaque, o princípio da legalidade, impõe à administração pública obediência à Lei. Por 
esse princípio, nada pode ser feito ou deixar de ser feito senão em virtude da Lei. Conforme expressa o 
inciso XXXIX, do artigo 5º da Constituição Federal: "Não há crime, nem pena, sem lei anterior que os 
defina" (BRASIL, 1988). Assim, por meio do princípio da legalidade, todos os cidadãos estão protegidos 
pelos atos cometidos pelo Estado e por outros indivíduos, uma vez que esse princípio atribui ao 
indivíduo à obrigação de realizar algo, não apenas em virtude da lei, mas de forma que não haja abuso 
de poder. 
 A Lei Federal n° 8.987/1995, a qual incita a prestação de serviços públicos de qualidade, em 
consonância com o artigo 175, da CF, evidencia que a concessão dos serviços públicos deve atender 
ao interesse público de modo eficiente, com a prestação de serviço adequado, assim como excelência 
na administração dos serviços prestados. 
 Por não ser objeto deste artigo, tratar dos conceitos de todos os princípios da administração 
pública, serão enfatizados os princípios da eficiência e da economicidade1, por apontar relação com o 
 
1 Vocábulo economicidade se vincula, no domínio das ciências econômicas e de gestão. Associado ao desempenho 
desempenho qualitativo. Trata-se da obtenção do melhor resultado estratégico possível de uma determinada alocação de 
recursos financeiros, econômicos e/ou patrimoniais em um dado cenário socioeconômico (BUGARIN, 2004). 
tema pesquisado, na perspectiva de encontrar caminhos para o controle eficiente dos bens móveis 
dispensáveis do controle patrimonial do CBMMS. 
 O princípio constitucional da eficiência na administração pública, inserido explicitamente no 
art. 37 da CF pela EC 19/1998, verifica-se como direito do cidadão e dever do agente público. Orienta 
um modelo de administração gerencial para a administração pública, que se assemelha a 
economicidade. Na definição de Meirelles (2002, p. 94) a eficiência é um dever que se impõe a todo 
agente público, e não se regozija apenas "...em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo 
resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimento das necessidades da comunidade 
e seus membros". 
 Contudo, no âmbito da Administração Pública, a aplicação do Princípio da Eficiência ainda 
requer esforço, por exigir do administrador público postura no tratamento com a coisa pública que, e 
por sua vez, esse novo princípio, não foi suficientemente debatido pela doutrina. Não há reflexão 
satisfatória, por exemplo, a respeito das exigências práticas e consequências legais que o referido 
princípio trouxe para a gestão pública, para que se possa exigir a qualidade dos serviços provenientes 
do Poder Público. 
 A par dessa análise, verifica-se com Mello (1999), que o princípio da eficiência, embora 
esteja agregado ao artigo 37 da Constituição Federal, não pode ser aplicado de forma absoluta, senão 
associado ao princípio da legalidade, pois, concretamente a eficiência é dever da administração por 
excelência. Neste sentido, a eficiência é apenas uma particularidade de um princípio mais amplo, há 
muito discutido no direito italiano: princípio da boa administração. 
 Para fins de registros contábeis, o princípio da economicidade, citado no artigo 70 da CF/88, 
como um dos itens relacionados com as finanças públicas, representa a efetivação de um resultado 
esperado com o menor custo possível. Procura agregar qualidade e celeridade ao custo mínimo do 
serviço prestado: 
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e 
das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, 
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo 
Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada 
Poder [grifo nosso] (BRASIL, 1988). 
 A ideia de economicidade envolve diretamente a administração pública, assegurando custos 
operacionais mínimos ao realizar as funções que lhe são atribuídas. Assim, quando o controle de 
patrimônio for aplicado de forma meramente formal e importar em dispêndio ao Estado, de maneira que 
o seu custo seja superior ao risco, este deve ser suprimido em razão do princípio da economicidade. 
 Para o Tribunal de Contas da União (TCU), a economicidade prevista na Lei Orgânica do 
TCU nº 8.443/1992, é a ocorrência de baixos custos. Sendo a economicidade, assim como a 
eficiência, indicadores que medem a relação entre a quantidade de produto e o custo dos insumos do 
processo (BRASIL, 1992). 
 De acordo com Bugarin (2004), nomeadamente a Constituição Federal de 1988 ampliou a 
atuação do TCU, como órgão de controle externo, inserindo avaliação criteriosa dos gastos públicos, 
tendo o texto constitucional, legitimado no ordenamento jurídico a noção gerencial de eficiência e 
eficiência, eficácia e efetividade, impondo assim, o princípio da economicidade integrado ao princípio 
da legalidade, devidamente legitimado no artigo 70 da Constituição Federal. 
 Ao considerar que o procedimento formal da administração patrimonial ordena planejar, 
organizar, cuidar e promover o controle de materiais permanentes, evidencia-se nesse estudo a 
importância dos princípios constitucionais da eficiência e da economicidade. Sendo possível 
compreender que o princípioda economicidade já é uma consequência do princípio da eficiência, posto 
que uma ação gerida com eficiência, conduz à racionalidade das ações administrativas 
 
2.2 Princípios da eficiência e da economicidade 
 É certo compreender que mesmo sendo a administração pública responsável pelo controle 
dos seus bens, não se exige correspondência exata entre o planejamento dos serviços e sua efetiva 
execução, entretanto, por observar que a administração deve atender ao interesse público de modo 
eficiente, com excelência na prestação de serviços e observância aos princípios aqui expostos há de se 
levar em conta, sobe a ótica da celeridade, a necessária importância do princípio da eficiência para 
promover a relação custo/beneficio e consequentemente a economicidade. 
 Partindo da definição dada por Bugarin (2004), a ideia de economicidade orienta conseguir os 
melhores resultados possíveis com os meios disponíveis. Seria econômico ter rendimento máximo com 
os recursos disponíveis. Assim, a economicidade está ligada ao princípio da eficiência. Ao observar o 
disposto no artigo 37 da Constituição Federal (BRASIL, 1988), o princípio da eficiência se pauta na 
administração pública prevendo a maneira correta e produtiva do agente da Administração agir, na 
gestão da coisa pública, com vistas à boa qualidade da prestação dos serviços em prol da satisfação 
do cidadão. 
 A materialização desses princípios pode ser definida com clareza na administração pública, 
quando da utilização de bens desgastados e obsoletos para atender aos seus cidadãos, não está 
cumprindo tais princípios, sobretudo o princípio da economicidade, notadamente, a reparação daqueles 
bens se torna demasiadamente onerosa aos cofres públicos. Há, então, nesses casos, um binômio, 
que se traduz em gasto elevado x má prestação de serviços pelo Poder Público. 
 
2.3 O ordenamento jurídico atual aplicável ao controle e ao desfazimento do patrimônio público 
 O patrimônio público é composto por todos os bens móveis e imóveis, pertencentes ou sob a 
guarda das pessoas jurídicas de direito público, que concorrem para a prestação de serviços públicos, 
ou à exploração econômica por entidades do setor público e suas obrigações (BRASIL, 2012). Os bens 
móveis são definidos no artigo 82 do Código Civil como: “[...] os bens suscetíveis de movimento 
próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-
social” (BRASIL, 2002a). 
 Inicialmente, têm-se as normas positivadas na Constituição Federal de 1988, que norteiam as 
demais legislações a respeito do tema, senão vejamos: 
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da 
União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, 
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será 
exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de 
controle interno de cada Poder [grifo nosso] (BRASIL, 1988). 
 
 Tem-se ainda no âmbito da Administração Pública Federal, o Decreto n° 99.658/1990, que 
estabelece normas de desfazimento de bens do patrimônio público, por não servirem mais à finalidade 
que foram destinados. Podendo ser retirado por transferência, cessão, alienação (venda, permuta e 
doação) e inutilização ou abandono. De acordo com o parágrafo Único do artigo 3º desse Decreto, os 
bens considerados genericamente inservíveis, para a repartição que o detém, são classificados como: 
a)Ocioso - quando, embora em perfeitas condições de uso, não estiver sendo aproveitado; b) 
Recuperável - quando sua recuperação for possível e orçar, no âmbito, a cinquenta por cento 
de seu valor de mercado; c) Antieconômico - quando sua manutenção for onerosa, ou seu 
rendimento precário, em virtude de uso prolongado, desgaste prematuro ou obsoletismo; 
d)Irrecuperável - quando não mais puder ser utilizado para o fim a que se destina devido a 
perda de suas características ou em razão da inviabilidade econômica de sua recuperação 
(BRASIL, 1990) 
 Ao observar as classificações dos bens inservíveis o agente público tem condição de evitar o 
descarte de um material em bom estado como um bem antieconômico ou irrecuperável. Essa 
classificação deve ser realizada em consonância com as normas para alienação de bens, contidas na 
Lei nº 8.666/93, que reconhece como "alienação", todo e qualquer tipo de transferência de bens a 
terceiros (art. 6º, IV). A alienação de bens móveis da Administração Pública, de acordo com o artigo 17, 
inciso II da Lei 8.666/1993, quando devidamente justificada, depende de avaliação e licitação. Sendo a 
licitação dispensada em casos específicos (inciso II) (BRASIL, 1993a). 
 A Portaria da Secretaria do Tesouro Nacional STN n° 448/2002, assegurando a apropriação 
contábil para todas as esferas de governo, trouxe no artigo 2º e respectivos incisos, conceitos que 
classificam os materiais destinados para o cumprimento das funções públicas, como material de 
consumo e material permanente, sendo: 
Art. 2º - I - Material de Consumo, aquele que, em razão de seu uso corrente e da definição 
da Lei n. 4.320/64, perde normalmente sua identidade física e/ou tem sua utilização limitada 
a dois anos; II - Material Permanente, aquele que, em razão de seu uso corrente, não perde 
a sua identidade física, e/ou tem uma durabilidade superior a dois anos. 
 Importante ressaltar que nos incisos XV e XVI do artigo 2º do Decreto Estadual nº 
12.207/2006, que trata sobre administração e controle de bens que compõem o acervo patrimonial dos 
órgãos públicos do Estado de Mato Grosso do Sul, também classifica o conjunto de bens móveis 
como material de consumo e material permanente com o mesmo teor da Portaria STN n° 448/2002 
(BRASIL, 2006). 
 Destaca-se também, a Portaria da Secretaria do Tesouro Nacional STN n° 437/2012, que 
aprova a 5ª edição do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP), de uso 
obrigatório, que consolidam a necessidade de padronização e demonstração dos procedimentos 
contábeis e apoio à gestão patrimonial, nas esferas federal, estadual e municipal, consoante à Lei 
Complementar nº 101/2000, de Responsabilidade Fiscal (BRASIL, 2012a). 
 O Volume II do Manual, intitulado Procedimentos Contábeis Patrimoniais, descreve rotinas de 
registros e evidenciação da composição patrimonial, para alcançar o cumprimento do objetivo de 
padronização dos procedimentos e racionalização de aspectos e métodos patrimoniais relacionados às 
variações patrimoniais públicas em conformidade com os princípios e normas contábeis, como forma 
de promover o controle do patrimônio dos Governos Federal, Estadual, Distrital e Municipal, 
observados no artigo 2º da Portaria STN 437/2012, a saber: 
Art. 2º A Parte II do MCASP (Procedimentos Contábeis Patrimoniais) aborda os aspectos 
relacionados ao reconhecimento, mensuração, registro, apuração, avaliação e controle do 
patrimônio público, adequando-os aos dispositivos legais vigentes e aos padrões 
internacionais de contabilidade do setor público. 
Parágrafo único. As variações patrimoniais serão reconhecidas pelo regime de competência, 
visando garantir o reconhecimento de todos os ativos e passivos das entidades que integram 
o setor público, conduzir a contabilidade do setor público brasileiro aos padrões 
internacionais e ampliar a transparência sobre as contas públicas (BRASIL, 2012a) 
 No âmbito do Estado de Mato Grosso do Sul, a Constituição do Estado de 1989, em seu 
artigo 75, reproduziu em quase sua integralidade o disposto no art. 70, da CF/88, senão vejamos: 
Art. 75. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Estado 
e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, àlegitimidade, à 
economicidade, à aplicação de subvenções e a renúncias de receitas, será exercida pela 
Assembleia Legislativa, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de 
cada Poder (BRASIL, 1989) 
 O Decreto Estadual nº 12.207/2006, reconhece no artigo 24 que: " O bem considerado 
obsoleto, ocioso, antieconômico ou inservível para órgão ou entidade a que pertença poderá entrar em 
processo de desfazimento". O Parágrafo 1º desse mesmo artigo estabelece que todo bem destinado ao 
processo de desfazimento deve atender às seguintes condições: 
Decreto 12.207/2006 art. 24, § 1º: I - ociosidade, quando, embora em condições perfeitas 
de uso, não estiver sendo aproveitado; II - obsolescência, quando, embora em condições 
de uso, o bem não satisfaça mais as exigências técnicas do órgão ou entidade a que 
pertence por estar tecnologicamente ultrapassado; III - antieconomicidade, quando sua 
manutenção ou recuperação for onerosa ou seu rendimento precário, em virtude de uso 
prolongado ou desgaste prematuro; IV - inservibilidade, quando não mais puder ser 
utilizado para o fim a que se destina, em razão de inviabilidade de recuperação ou risco de 
perecimento [grifo nosso] (BRASIL, 2006). 
 
 O referido Decreto ainda estabelece que todo procedimento deve ser realizado por órgãos e 
entidades da administração pública estadual e a iniciativa do desfazimento dos bens, deve ser da 
unidade responsável por sua guarda e manutenção, formalizada por meio de processo devidamente 
justificado (art. 25, § Único). Para a instauração de processo próprio para o desfazimento, a autoridade 
competente do respectivo órgão interessado, deverá eleger uma comissão integrada, no mínimo, por 
três servidores, devidamente capacitados e, sempre que possível em exercício na localidade em que 
se encontra o material relacionado. A comissão deve proceder exame pericial minucioso e declarar por 
meio de documento que o material inservível obedece aos critérios para desfazimento (art. 26, § único) 
(BRASIL, 2006). 
 
2.4 Modelo gerencial aplicado à gestão do patrimônio 
 O modelo de administração pública gerencial busca romper com o modelo burocrático, que 
preserva o Estado como um produtor de bens e serviços, devendo obedecer aos princípios da 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, conforme prevê o artigo 37 da CF, 
sendo o princípio da legalidade o de maior relevância, na medida em que o agente público e o próprio 
Estado só pode atuar nos limites permitidos por lei (BRASIL, 1988). 
 O modelo gerencial pleiteado pela administração pública passou a considerar o Estado uma 
grande empresa cujos serviços são destinados aos seus clientes, outrora cidadãos. Essa iniciativa 
mudou o foco do princípio da legalidade e controle dos procedimentos, para o princípio da eficiência, 
inserido na CF por meio EC nº 19/1998 (SCHIER, 2004). Nesse modelo de administração, o 
cumprimento de metas e o emprego eficaz do dinheiro público, busca a eficiência dos serviços, a 
avaliação de desempenho e o controle de resultados, como consequência dos avanços tecnológicos e 
da nova organização política e econômica mundial. 
 De acordo com Bresser- Pereira (1996), a reforma administrativa, definidas no Plano Diretor 
da Reforma do Aparelho do Estado de 1995, distingue as atividades exclusivas do Estado das 
atividades sociais e científicas. Em sua proposta, o Estado deve executar as primeiras e financiar a 
execução das outras, por meio de organizações públicas não estatais, de forma que possa tornar a 
administração pública, mais eficiente e de melhor qualidade, aproximando-a do mercado privado de 
trabalho. 
 Ao dissertar sobre a Reforma do Estado em 1995, o então Presidente da República Fernando 
Henrique Cardoso externou que, reformar o Estado não significa desmantelá-lo. Pelo contrário, a 
reforma jamais poderia significar uma desorganização do sistema administrativo e do sistema político 
de decisões e, muito menos, é claro, levar a diminuição do seu poder de liderar o processo de 
mudanças, definindo o seu rumo (BRESSER-PEREIRA; SPINK, 2011). 
 De acordo com Bresser-Pereira (2000), esse modelo, que serviu de base para que 
discussões das relações da reforma com a cidadania e a democracia, ultrapassou fronteiras. Por meio 
do Conselho Latino Americano de Administração para o Desenvolvimento (CLAD), estendeu-se para a 
América Latina com a aprovação do documento "Uma nova gestão pública para a América Latina" em 
1998. No livro Reforma do Estado para a cidadania (Bresser-Pereira, 1998), dentre as discussões 
centrais, relaciona a reforma gerencial com a defesa do patrimônio público, define o que é a 
administração pública gerencial e demonstra como esse tipo de reforma só é viável no regime 
democrático. 
 No Estado de Mato Grosso do Sul, houve importante avanço no incentivo à 
desburocratização. Por meio do Decreto n° 14.160/2015, foi instituído o Comitê de Estadual de 
Desburocratização (CED), vinculado à Secretaria de Administração, para desburocratizar os processos 
organizacionais do Poder Executivo, conforme expressa o artigo 1º desse Decreto: 
 Art. 1º Fica instituído o Comitê Estadual de Desburocratização (CED), para proposição, 
elaboração e acompanhamento da Política Estadual de Desburocratização, vinculado à 
Secretaria de Estado de Administração e Desburocratização, com a finalidade de propor 
diretrizes que visem desburocratizar os processos organizacionais do Poder 
Executivo, viabilizando a implantação de medidas eficazes à simplificação e à 
celeridade do trabalho governamental, com foco nas relações do Governo do Estado 
com os cidadãos, empresas e entre seus órgãos e entidades [ grifo nosso] (BRASIL, 
2015) 
 
 Portanto, deve a Administração Pública Estadual pautar-se na eficiência dos serviços e no 
controle de resultados, eliminar etapas desnecessárias, requisições, relatórios e documentos que o 
setor já possui, com a finalidade de promover a implantação de medidas voltadas à simplificação e à 
celeridade do trabalho governamental, considerando a necessidade de estabelecer relações entre 
cidadãos, empresas e órgãos do poder público. 
 
2.5 O instituto do abandono no processo de desfazimento de bens inservíveis 
 Considerando a necessidade de realizar o processo de desfazimento de bens móveis 
classificados como inservíveis, irrecuperáveis, cuja manutenção é considerada antieconômica, para a 
Administração Pública Direta e Indireta, em consonância com a legislação vigente, compreende-se que 
esse processo deve ser feito com observância primeira, ao Decreto Federal nº 99.658/1990, que 
 regulamenta no âmbito da administração pública federal, o reaproveitamento, a movimentação, a 
 alienação e outras formas de desfazimento de material. 
 Partindo desse pressuposto, além de observar o que estabelece o artigo 3º do Decreto 
99.658/1990, citado na integra no item 4 desse estudo, outro aspecto observado com rigor, que 
contempla o interesse desse estudo está expressamente citado no artigo 16: 
Art. 16. Verificada a impossibilidade ou a inconveniência da alienação de material 
classificado como irrecuperável, a autoridade competente determinará sua descarga 
patrimonial e sua inutilização ou abandono, após a retirada das partes economicamente 
aproveitáveis, porventura existentes, que serão incorporados ao patrimônio [grifo 
nosso] (BRASIL, 1990). 
 O instituto do abandono, reconhecido como outra forma de desfazimento no Decreto 
99.658/1990, pressupõe "renúncia ao direito de propriedade do material" (artigo 3º, V), mediante a 
necessidade de a Administração Pública documentar por meio de Termos de Inutilização ou de 
Justificativa de Abandono, os quais integrarão o respectivo processo de desfazimento (artigo18) 
(BRASIL, 1990). 
 Diante dessas evidencias, o eventual desfazimento ocorrerá apenas de maneira parcial, pois, 
verificada a impossibilidade ou a inconveniência da alienação de material classificado como 
irrecuperável, a descarga patrimonial ou abandono, só será efetuada, após a retirada das partes 
economicamente aproveitáveis, que serão incorporados ao patrimônio, como por exemplo, uma cadeira 
de madeira, somente a madeira poderia ser objeto do desfazimento, enquanto a parte metálica deverá 
ser armazenada. 
 Observa-se, a inviabilidade de realizar efetivamente o desfazimento de bens que, embora 
reconhecidos claramente como inservíveis/irrecuperáveis, possuem, em tese, partes valorizadas para 
reaproveitamento futuro, como por exemplo, o material ferroso de uma cadeira, materiais metálicos e 
peças de geladeira, aparelho de fax entre outros. Essas partes, reconhecidas como materiais passíveis 
de venda em leilão, denotariam em princípio, "vantagem econômica" para a Administração Pública, 
devendo continuar integradas ao patrimônio público e guardadas por prazo indeterminado. 
 Por outro lado, a manutenção desse processo de desfazimento, tem representado custo para 
o estado e fere os princípios da Economicidade e da Eficiência. Ressalta-se, violar um princípio é muito 
mais grave que transgredir uma norma posta conforme leciona Mello (2010, p. 53): 
A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento 
obrigatório, mas a todo um sistema de comando. É a mais grave forma de ilegalidade ou de 
inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque representam 
insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais, contumélia 
irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra. Isso porque, com 
ofendê-lo, abatem-se as vigas que sustêm e alui-se toda a estrutura nelas esforçada. 
 No mesmo sentido, ensina Meirelles (2006, p. 88), "cumprir simplesmente a lei na frieza de 
seu texto não é o mesmo que atendê-la na sua letra e no seu espírito". Desta forma, é necessário que 
se busque a orientação dos princípios do Direito e também da moral, para que ao legal se ajuste o 
honesto e o conveniente ao interesse público. 
 Ao reconhecer que o desfazimento por inutilização e abandono, representa armazenamento 
de material inconveniente para uso da Administração Pública, sob risco, prejuízo e inconveniência de 
qualquer natureza, é perfeitamente possível a aplicação do instituto do abandono para os materiais 
classificados como inservíveis ou irrecuperáveis vez que somente assim alcança-se a Eficiência e 
Economicidade que a Administração Pública deve se pautar. 
 
2.6 Processo de desfazimento e baixa patrimonial no CBMMS 
 Em 1993, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso do Sul (CBMMS), 
estabeleceu por meio da Portaria de nº 013/BM-1, normas para o Sistema de Administração 
Patrimonial e de Logística de Material (SIALMA), no âmbito do CBMMS. Essa Portaria aprovou 
diretrizes para gerir o patrimônio permanente da corporação, desde sua aquisição, recebimento, 
distribuição, movimentação e codificação, estabelecendo níveis de controle, responsabilidades quando 
a guarda e dos processos de baixa de materiais (BRASIL, 1993b). 
 A Portaria traz com detalhes os procedimentos a serem adotados na gestão de bens 
patrimoniais. Todavia verifica-se a dificuldade na persecução da eficiência administrativa na gestão de 
patrimônio, dentro da corporação quanto à baixa e a exclusão da carga quando direcionada a materiais 
cuja característica se enquadra em componentes de material ferroso e bens de tecnologia (informática), 
a legislação ordena para a sua alienação, não raras as vezes que o processo de desfazimento fica 
descontinuado. 
 Na prática, o armazenamento desses materiais é suportado por longos anos nos quartéis do 
CBMMS, tendo em vista o excesso burocrático para a realização de leilão das sobras 
"economicamente aproveitáveis" dos objetos de desfazimento. Some-se a isso que para a realização 
do Leilão dessas peças, consoante art. 30, inciso III, do Decreto Estadual 12.207/2006, evidencia-se o 
elevado custo para recolhimento desses produtos e conseqüente realização da venda. 
 Primeiro, porque os trâmites necessários para realização de eventuais leilões, pode 
representar custos equivalentes ou superiores ao montante eventualmente arrecadado com a venda 
dos lotes. Segundo, porque a demora ou até mesmo a ausência de eventuais leilões implicam ao 
administrador/servidor público a sua guarda e armazenamento, demandando gastos com o seu 
controle e armazenagem, bem como recursos humanos para a supervisão desses materiais inservíveis 
e irrecuperáveis. Ou seja, além de se confirmar a ausência de vantagem econômica com a guarda 
desses objetos, há comprovadamente o gasto elevado, seja de tempo, dinheiro e espaço que poderia 
ser aproveitado em benefício do interesse público. 
 Diante dessa realidade, verifica-se que a proposta de administração gerencial para promover 
a desburocratização e a modernização da máquina pública, em prol de uma gestão de qualidade, 
moderna e eficiente, caminha a passos curtos. Para o êxito do modelo gerencial delineado 
efetivamente em 1995, pelo Ministério da Administração Federal e da Reforma do Estado, torna-se 
fundamental buscar mudanças indispensáveis de ordem global. Entretanto, conforme assevera Catalá 
(2011), é impossível promover liderança sem se desligar de ideias velhas, não é possível promover 
reformas isoladas. Sem o desenvolvimento institucional não há como garantir avanços eventualmente 
alçados por algum gestor público. 
 Neste sentido, a problemática identificada neste trabalho, no que concerne ao desfazimento 
do patrimônio inservível e irrecuperável sob a administração do CBMMS, é a burocracia, fato que 
comprova a não inserção do modelo gerencial. A conservação desse sistema, aponta para a falta de 
flexibilização pela perpetuação de processos regrados, para manter a guarda e a gestão de materiais 
que não atendem mais às necessidades preconizadas quando da sua inclusão na carga. Por outro 
lado, os processos de leilão desses materiais, exceto os veículos, revelam-se antieconômicos e, muitas 
vezes incapazes de atingir o objetivo final o desfazimento e consequente baixa patrimonial. 
 Tais evidências tem se mostrado cristalinas no projeto do servidor público Alessandro José 
Perassoli, vencedor do 3º lugar do concurso do XI PRÊMIO SUL-MATO-GROSSENSE DE GESTÃO 
PÚBLICA-IDEIAS INOVADORAS IMPLEMENTÀVEIS, na categoria "Ideias Inovadoras 
Implementáveis", organizado pela Fundação Escola de Governo de Mato Grosso do Sul, em parceria 
com a Secretaria de Estado de Administração e Desburocratização (SAD) em Campo Grande-MS, no 
ano de 2016. 
 Centrado na discussão a respeito da manutenção e logística de recolhimento dos materiais 
ferrosos classificados como bens inservíveis e irrecuperáveis (materiais sucateados), o autor abordou a 
relação custo e benefício para o recolhimento de materiais sucateados de todas as escolas estaduais e 
municipais do Estado de Mato Grosso do Sul. Comparou tais custos com o valor obtido do leilão 
desses materiais e, por fim, formulou-se uma alternativa a esse modelo atual (PERASSOLI, 2016). 
 Para fins específicos desse estudo, estabeleceu-se para comparações, o custo operacional 
do projeto (quadro 01) que resultou no total de R$ 291.035,30 (duzentos e noventa e um mil, trinta e 
cinco reais e trinta centavos) o valor arrecadado em leilão realizado no dia 26/04/2016 com os materiais 
inservíveis e irrecuperáveis oriundos dessas escolas, o qual resultou num montante de 
aproximadamente R$ 51.930,00 (cinquenta e um mil novecentos e trinta reais) (PERASSOLI, 2016).
Quadro01 - Custo operacional anual do recolhimento de material 
Item Unidade Quant. Valor Unitário Total 
Combustível Litro 50.000 R$ 3,35 R$ 167.500,00 
Kit troca de óleo com filtro Unidade 30 R$ 528,51 R$ 15.855,30 
Pneus Unidade 56 R$ 1.000,00 R$ 56.000,00 
Diárias Unidade 624 R$ 70,00 R$ 43.680,00 
Manutenção – mecânica e 
elétrica. 
Unidade 4 caminhões R$ 2.000,00 R$ 8.000,00 
Total Geral 
 
R$ 291.035,30 
Fonte: Perassoli (2016) 
 
 De acordo com o levantamento apresentado no Projeto, Perassoli (2016) revelou que o 
desfazimento das sucatas recolhidas das escolas, causou prejuízo em decorrência do excesso de 
burocracia e ordenamentos jurídicos defasados para os tramites a destinação de bens classificados 
como inservíveis e irrecuperáveis. Observou ainda que, os custos operacionais para a realização de 
um leilão, incluindo a elaboração de edital, contratação de leiloeiro, recolhimento e transporte desses 
bens para a formação dos lotes, bem como a formação dos respectivos lotes, é equivalente ou mesmo 
superior ao valor arrecadado com o certame. 
 Assim, em comparação à problemática identificada no processo de desfazimento de bens 
inservíveis do CBMMS, por nenhuma ótica se justifica a realização desses leilões, mostrando-se 
verdadeiramente contrário aos princípios constitucionais da Eficiência e Economicidade, consoante os 
custos expostos acima. 
3 Conclusão 
 A Administração Pública, nos dias atuais, apresenta quatro importantes paradigmas a serem 
alcançados pelo gestor público em quaisquer de suas ações: a eficiência, a eficácia, a efetividade e a 
economicidade. Quando se aborda a administração e a logística de materiais, o pensamento, mais do 
que nunca deve ser o mesmo. Afinal, trata-se do patrimônio sagrado do povo. 
 Ao considerar que a renúncia ao direito de propriedade consiste no abandono ou inutilização 
do bem, quando verificada a impossibilidade de uso, um bem público classificado como 
irrecuperável/inservível, embora possua partes economicamente aproveitáveis, deve ser objeto de 
abandono por parte da Administração Pública. Isto porque a sua alienação, conforme exposto no 
presente trabalho, revelou-se contrária aos Princípios da Eficiência e Economicidade. 
 Assim, se a retirada dessas partes economicamente aproveitáveis de bens classificados 
como inservíveis ou irrecuperáveis para consequente incorporação ao patrimônio e posteriormente 
alienação, conforme disposto no art. 16, caput, do Decreto 99.658/90, vier ferir os princípios da 
eficiência e da eficácia, afetando o zelo pela economicidade, que deve pautar a conduta do agente 
público, não há por que não aplicar o instituto do abandono do bem. Aliás, esta é a atitude esperada 
daquele que possui o dever de zelar pelo interesse público. 
 É um desafio adotar ao processo burocrático da administração pública, as premissas do 
modelo da administração gerencial, que visa promover descentralizações políticas e administrativas, ao 
invés de manter o controle por meio de processos que mais parecer cumprir regras, do que administrar 
para a eficiência dos serviços prestados. Assim, o interesse desse estudo abraça os pressupostos da 
eficiência e da economicidade para suplantar a morosidade e a ineficácia dos processos de controle e 
desfazimento dos bens que não atendem mais o interesse público. 
 Portanto, conclui-se como proposta/ação, que a regulamentação e efetivação do instituto do 
abandono por completo dos bens permanentes móveis classificados como inservíveis e irrecuperáveis 
no âmbito da gestão patrimonial e logística do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul, é 
urgente e necessária, como forma segura e legal de garantia dos princípios que devem pautar, a 
conduta do agente público. 
 Todavia, é desafio fundamental, neste cenário encontrar o caminho que agregue todos esses 
princípios à legalidade, propiciando ao administrador as condições para que seja capaz de suplantar a 
mera interpretação fria e restrita da letra da lei. Todo patrimônio público classificados como bens 
permanentes móveis, por sua natureza, passará, necessariamente, por processos de inclusão e 
exclusão. Esses processos devem ser céleres, eficientes, eficazes, atenderem ao princípio da 
economicidade e da eficiência. Afinal, parafraseando Mello (2010), transgredir um princípio é muito 
mais grave do que desrespeitar uma regra qualquer. 
 
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