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Resenha Tim Ingold Trazendo as coisas de volta a vida

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Resenha do texto:
INGOLD, Tim. 1989. "Ferramentas, mentes e máquinas. Um passeio pela filosofia da tecnologia"(tradução de Joana Cabral de Oliveira, ms.)
INGOLD, Tim. 2012. "Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo de materiais". Horizontes Antropológicos, v. 18 (37). Acessível em http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832012000100002
Warlison Cavichioli da Silva¹
O grande questionamento do autor está em torno da ideia sobre: As “Máquinas fazem história?” Essa pergunta parece ser bem óbvia na respostas previamente formuladas por nós que somos de uma sociedade conhecedora da história Ocidental, porém o que acontecia quando os trabalhos eram inteiramente braçais? qual é essa diferença entre o trabalho que envolve as máquinas e as formas inteiramente desenvolvidas pelos homens?
Fazendo uma análise etimológica o autor conclui que a palavra grega tekhnë significa arte e a palavra logos significa quadro derivado da aplicação da razão. Na forma clássica essas duas palavras foram utilizadas para designar “arte da razão” o que nos dias contemporâneos não convém essa ordem, mas sim o inverso o que seria; “razão da arte” isso que pode implicar em uma ocultação da arte pela razão. Esse é o sentido da palavra tecnologia atualmente grosseiramente falando.
A troca do significado de tekhnë fez com que a formas como concebemos “a relação entre os seres humanos e suas atividades”. Essa mudança foi muito forte e a visão mecanicista da natureza fez com que o relacionamento do artesão e com a matéria foi suplantado pela produção mecânica que é inerte a sensibilidade humana.
O autor faz a distinção entre as o artesão e os operários além de estabelecer as distinções entre o engenheiro que projeta o objeto antes de ele ser construído e os técnicos responsáveis pela execução de sua construção. Enquanto um tem aptidão para planejar e projetar o outro tem a capacidade da construção desse projeto, que deverá sair conforme foi planejado anteriormente.
INGOLD conclui que 	independente se a atividade é realizado por máquinas ou pela força dos músculos do ser humano “Qualquer que seja a força motriz, onde os movimentos de um aparato instrumental para a execução de um determinado projeto estão independentemente previstos em suas condições iniciais e seguem um percurso definido, estamos lidando com uma máquina de performance.”
A literatura de história e filosofia da tecnologia procuram a definição sobre a palavra tecnologia como algo que vai muito além de sua etimologia assim como a antropologia procura uma definição também para a palavra cultura. Além dessa procura por significados o autor propõe uma visão ampla sobre a tecnologia com a ciência. As questões que Singer, Hall e Holmyard estudavam em História da Tecnologia que buscava entender "como as coisas são comumente feitas ou produzidas" e "que coisas são feitas ou produzidas". O que fundamenta, o “como” e “o que” pertencem a ciência e não a tecnologia. A partir dessa informação o autor recorre ao pensamento de Layton, onde fala sobre “que tipo de conhecimento poderia ter informado as actividades de fabricação das sociedades pré-modernas” já que a tecnologia como "o conhecimento sistemático das artes industriais, concomitantemente e complementar à ciência”.
Ainda outra definição para a ideia de Tecnologia é mencionada, agora segundo Burns que “reconhece que existe uma maior discrepância entre usos históricos e sociológicos que ligam a tecnologia com o surgimento da ciência e da indústria mecanizada no mundo Ocidental moderno, e o uso mais amplo de antropólogos e arqueólogos que iriam aplicar o conceito aos povos de todos os tempos e lugares”. 
Mumford trás a definição de “tecnologia-como-objeto”, sub uma noção de “técnicas” pensando uma perspectiva de uma área de sobreposição entre instrumentos e artefatos. O instrumento é qualquer coisa que pode ser levado por um ser vivo na realização de um projeto e ambos são construídos com um propósito. Um exemplo prático é a pedra, ela é um objeto mas não é uma técnica, já um artefato construído com um propósito construído especificamente para algum fim também não é uma técnica.
O autor procura também definir máquina estabelecendo diferença entre elas e as ferramentas. Ele começa a dizer as funções das ferramentas no passado e como eram utilizadas. e de acordo com Marx, a máquina “é composta de três partes essencialmente distintas, a máquina do motor, o mecanismo de transmissão, e a ferramenta mecânica ou máquina de trabalho " ele também observou a equivalência do poder dos homens e o poder das máquinas.
Para não nos prendermos mais ainda apenas neste texto que por sinal é riquíssimo em informações, de tal forma que me sinto constrangido em não contemplar todos os detalhes, contudo vamos nos concentrar em outros pontos importantes do próximo conteúdo a ser estudado. 
No artigo “Trazendo as Coisas de Volta a Vida: Emaranhado Criativos em um mundo de Matéria” INGOLD faz uma citação de Paul Klee, pintor que fala que a arte não busca replicar as formas já acabadas ela busca se unir às forças que trazem à tona a forma. Para Aristóteles deve-se juntar formas. Essa ideia com o passar do tempo passou a ser desacreditada pois a forma passou a ser vista como algo imposta e ainda segundo Klee, “forma é morte” e “dar forma é vida” e o objetivo de INGOLD é justamente de restaurar a vida em um mundo que segundo Miller está sendo morto por teóricos que estão interessados naquilo que as pessoas fazem com seus objetos.
O seu artigo propõe cinco elementos. Primeiro o autor afirma que o mundo que habitamos é composto não por objetos e sim por coisas. Em segundo lugar ele irá definir o que entende por vida. em terceiro lugar ele defenderá que o foco nos processos vitais exige uma abordagem não matéria mas sim de fluxo de matéria. Em quarto, determinar movimentos pelos quais esse caminho é criativo. E a quinta e mostrar que não existem redes de conexões entre uma coisa e outra.
Ele começa a definir o que é objeto e o que é coisa. Lembremos que coisas e objetos já foram mencionados no texto anterior. O autor compara uma sala com o mundo em que habitamos, uma forma bem restrita, onde fazendo o psicólogo James Gibson sugere que um mundo (sala) sem seus objetos não haveria nada a se fazer a não ser caminhar sob o chão e o céu, assim como é uma sala ou quarto que não tem mobília. Para Ingold, esse modo de compreensão é controverso pelo fato de conceber apenas um mundo aberto livre de qualquer objeto justamente como um deserto. Porém o autor propõe sair da sala, e aí se depara com uma floresta encontra muitas árvores. Elas são objetos? E seu tronco? E os musgos? E os insetos que vivem nelas? E os pássaros que fazem seus ninhos? Enfim, existem várias possibilidades que não se encaixam na definição de objetos. A partir desse questionamento Heidegger coloca a definição de objeto como um fato consumado. E a coisa por sua vez é um “acontecer” que se encontra em um lugar onde vários “aconteceres” se entrelaçam. E no meio dessa coisificação no mundo nós participamos e somos envolvidos, entrelaçados por ela.
Gibson vê a pedra que é levada pela corrente das águas como uma pedra-na-água, uma árvore exposta ao vento como uma árvore -no-ar. Curiosamente vê as nuvens como objetos que estão repousadas no céu assim como as árvores como objetos repousados na terra. Porém sabemos que as nuvens não são objetos. Mas o que vale para coisas que crescem e se formam com quase ou nenhuma interferência humana se aplica também às estruturas mais artificiais. Para exemplificar isso o autor utiliza o exemplo de um prédio que está suscetível ao clima, fungos, pássaros, etc. Assim como as árvores na natureza, mas ele foi construído artificialmente.
O autor estabelece paradigmas para designar-se a matéria e a materialidade. Uma pedra por sua vez, segundo Christopher Tilley é vista como “materialidade bruta”, um agregado amorfo de matéria. Para poder adquirir uma materialidade esse pedaço de pedra deve adquirir sentido dentro de um contextosocial e histórico ideia compartilhada pelo arqueólogo Joshua Pollard.
Para concluir gostaria de mencionar um artigo produzido por Manuel Lemos chamado “De Volta aos Átomos” onde se fala de um movimento que está sendo visto segundo ele como uma nova revolução industrial, e que encara uma nova maneira com que as pessoas se relaciona com os seus objetos. Pois a partir de um ponto em que já digitalizamos tudo o que podíamos vivemos um movimento contrário no qual percebemos que a indústria preocupada em atender somente a grande numeros de pessoas forçando as pessoas se adaptarem a sua produção de bens de consumo estar por um fio, pois o maker é aquele preocupado em fazer o seu utensílio a partir da sua necessidade e essa necessidade não é necessariamente ditada pelo mercado. Ele é que projeta e quem ao mesmo tempo produz a partir das formas tecnológicas e matérias primas disponíveis em sua realidade local. Acontece uma união entre o que é o artesão, operário e engenheiro e muda a relação da pessoa com o sua ferramenta tecnológica, é por isso esse texto tem grande relação com os dois textos de Ingold. 
Referencia 
LEMOS, Manuel. DE VOLTA AOS ÁTOMOS: Movimento Maker, Hardware Livre e o surgimento de uma nova revolução industrial. 16. ed. São Paulo: Centro de Memória Documentação e Referência Itaú Cultural, 2014. 20-34 p. v. 16. Disponível em: <http://blog.fazedores.com/wp-content/uploads/2014/07/OBSERVATORIO16_0.pdf>. Acesso em: 01 jul. 2017.
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¹Discente do Curso de Antropologia junto a Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA sob o número de matrícula 201400384.

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