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Resenha a ética protestante e o espirito do capitalismo

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Introdução I
preocupar em colocar o Ocidente como os mais racionais do que outros tipos de conhecimentos da época. Esse interesse em dizer que “N” coisas só existiram no ocidente é para designar na página 4 que o “impulso para o ganho” a “ânsia do lucro” ganância etc. existe em cocheiros, artistas mendigos garçom em ambos os países. Ou seja o capitalismo em si se adapta e agrega essas características para sí, mas isso não é o espírito do capitalismo. Então o que é?
Tendo em vista de que tudo se desenvolveu para um capitalismo com uma organização racional assentada no trabalho livre nunca antes havia se visto. E novamente ele vai fazer comparações com outras formas de trabalhos que se encontraram em outros países para expressar que no Ocidente foi diferente.
Capítulo I
O autor irá trabalhar a forma de dominação exercida pela igreja católica por muito tempo nos países baixos e na inglaterra no século XVII como o controle eclesiástico mais insuportável do indivíduo que até então já pôde existir. O contrário já se notava com os movimentos protestantes onde se reclamava pela causa da falta de controle. A classe média burguesa trouxe não um combate mas uma aclamação pela tirania dos Puritanos. (p. 20 e 21)
Em relação a distinção da formação do protestante e do católico existia uma grande diferença pois se encontrava muito mais pessoas protestantes oriunda das diferenças entre suas heranças distinções presente mesmo na instrução básica. (p. 21)
Em função do ensinamento diferenciado nos meios religiosos e nas peculiaridades mentais e espirituais adquiridas nesse meio.
As famílias católicas tinham tendência de permanecer ou ir para o artesanato.
As famílias protestantes tinham tendência de ir para os rumos industriais. (p. 22)
“Coma ou durma bem”. Essa frase se remete a diferença existente entre o estilo de vida desejado por católicos e protestantes. O primeiro prefere uma vida mais tranquila mesmo que implique em uma menor renda, já o segundo prefere o oposto. (p. 23)
Ascético - aquele que se dedica a uma vida espiritual.
Capítulo V
Para entendê-la (ascense) se é necessário recorrer primeiramente aos escritos teológicos pois em um tempo onde a influência do sacerdote era muito grande quase que total, exercia uma força sob a formação do caráter nacional decisiva. (p. 110)
Weber toma o protestantismo ascético como um todo e destaca Richard Baxter que em sua opinião se destaca. Ler itens na página 110 e 111.
Saint’s Everlasting Rest ou Christian Directory de Baxter destacam-se por ver a riqueza como um perigo de ganância e egoísmo destacando os elementos Ebioníticos, ao contrário do que se via em Calvino que não via isso na riqueza. Ler na página 111 
Ebionismo: do grego ebion - é uma palavra que se refere aos pobres presentes em várias religiões cristãs.
O cuidado contra as coisas que podem afastar o homem de Deus como por exemplo o gozo da riqueza o ócio e a sensualidade é como se fosse a desistência de se santificar. Para se santificar o homem deve fazer o que lhe foi destinado como diz na página 112 “Trabalhar o dia todo em favor do que lhe foi destinado”. (p. 112)
Tirar tempo para descansar conversar aleatoriamente dormir além do necessário ou seja ter cuidado com a perda de tempo na vida social pois a vida é curta demais para desperdiçar com momentos que não seja para se santificar para Deus e essa santificação está representada pelo trabalho que dignifica. (p. 112)
Na Página 112 e 113 fala-se de um esboço feito por Baxter falando para se trabalhar físico e mental mais duro e consistente ainda com a ideia de santificação, lembra-me uma frase conhecida na atualidade nas igrejas protestantes “ Mente vazia é oficina do diabo” justamente colocando a ocupação das pessoas inteiramente no trabalho pois se ela estiver com a mente ocupada a vontade da carne será suplantada e se manterá longe do pecado. Até mesmo o sexo, que só é permitido após o casamento, é apenas para “crescer e multiplicar” . Em um processo de tortura moral e contra todas as “tentações” deve se ocupar trabalhando energicamente em sua vocação. (p. 112)
Outra expressão bem cristã é a usada por paulo “Quem não trabalha não deve comer” reafirma a necessidade de se dedicar ao trabalho e a falta de vontade de trabalhar é um sintoma da ausência do estado de graça. Nem mesmo os ricos estavam livres do trabalho pois essa ordem divina era para todos mesmo que não precisasse disso para seu sustento. Dividiu-se assim as formas de trabalho por classes sociais .(como que a sociedade lhe dava com quem não queria trabalhar?) (p. 113 e 114)
Essa Divisão do trabalho já havia sido abordada por São Tomás de Aquino como divinos planos de Deus. Lutero via essa divisão como uma vontade divina juntamente com a permanência de cada uma em sua posição concedida por Deus. (p. 114) OBS: Isso ocasionou em divisões que chegam até hoje presentes na formação da sociedade contemporânea através de uma longa história de favorecimento socioeconômico.
Já entre os puritanos essa divisão deve-se conhecer através dos resultados. divisão de Baxter que lembra as ideias de Adam Smith (Ler na página 114 e 115) 
Link ascese intramundana
Baxter deixa isso bem claro quando afirma que uma fora de uma vocação bem sucedida a pessoa passa mais tempo na vadiagem do que produzindo. ( Marcação na página 115)
Ler a dicotomia entre a percepção puritana e a concepção de Lutero página 115.
A vocação com sua consequente aprovação de Deus¹ é orientada para a produção dos bens coletivamente² mas antes disso existe uma terceira consequência ou objetivo por assim dizer a ser alcançado como uma forma de resposta de Deus ou de oportunidade de Deus. Essa terceira é o LUCRO, Diante de uma oportunidade o cristão verdadeiro deve saber reconhecer uma oportunidade e aproveita-la. Se a pessoa não aproveitar a chance que é divinamente dada, é como se tivesse recusando a vontade de Deus.
Buscar riqueza é algo moralmente condenável, porém quando se atribui a Deus o motivo de alcançar a riqueza e moralmente aceito, isso lembra testemunhos televisivos de pessoas que (teologia da prosperidade) falam que enriqueceram por que entraram na denominação fulana e Deus abençoe seu negócio sua vida e ela prosperou. tudo isso respaldado na parábola dos talentos:
Link A predestinação e a ascese
Mateus 25:14—30 — A Parábola dos Talentos
14 Pois será como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens.
15 A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro, um, a cada um segundo a sua própria capacidade; e, então, partiu.
16 O que recebera cinco talentos saiu imediatamente a negociar com eles e ganhou outros cinco.
17 Do mesmo modo, o que recebera dois ganhou outros dois.
18 Mas o que recebera um, saindo, abriu uma cova e escondeu o dinheiro do seu senhor.
19 Depois de muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles.
20 Então, aproximando-se o que recebera cinco talentos, entregou outros cinco, dizendo: Senhor, confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que ganhei.
21 Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
22 E, aproximando-se também o que recebera dois talentos, disse: Senhor, dois talentos me confiaste; aqui tens outros dois que ganhei.
23 Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
24 Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste,
25 receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu.
26 Respondeu-lhe, porém, o senhor: Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei?
27 Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros, e eu, ao voltar, receberia com juros o que é meu.
28 Tirai-lhe, pois, o talentoe dai-o ao que tem dez.
29 Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.
30 E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes.
Isso veio muito bem a calhar para os homens de negócio que eram os burgueses que ascendiam no século XVII. Dessa época veio as frases “Self-made man” e “God blesseth his trade” que significa “homem que venceu com o próprio esforço” e “Deus abençoe seus comercio”(p.117)
Classificando o que era divino e o que era da carne os puritanos rejeitaram os apócrifos que nada mais é algo que foi considerado suspeito pela áspera distinções. O antigo testamento não perde total valor depois do novo testamento, somente alguns quesitos cerimoniais que serviram somente aos judeus naquele momento histórico o restante continua tendo valia e deve ser obedecido. (p. 118)
Os judeus participavam do capitalismo segundo weber de forma “aventureira” e em virtude desse Ethos da organização racional do capital que foi pega pelos puritanos e adaptada ao seu propósito. (p. 118)
Como isso pode ter tido influência no desenvolvimento do estilo de vida capitalista? 
Bom teve início com os puritanos reivindicações como de que aos domingos fora das horas de cultos se pudesse divertir-se praticar algum tipo de lazer, é claro que houveram punições por parte do rei, mais isso incitou uma contenda entre a sociedade monárquica-feudal que defendia o direito a lazer para quem as queria e os burgueses que surgiam ali que protegiam as questões morais que se atingiria através do trabalho.
Os puritanos eram contra o esporte que não estava trazendo benefícios ao corpo. Agora os impulsos indisciplinados se servisse apenas de diversão despertando orgulho e o extinto era totalmente reprovado. se estabelece que os puritanos eram contrários as artes plásticas ao teatro e a os gastos com luxo. Pois o homem é apenas um guardião dos bens que lhe foram confiados por Deus. (perseguiram artistas plásticos que faziam pinturas de santos etc.) A inquisição protestante não teve: 
A. Johann Von Dollinger
“Historicamente não há nada mais errado do que a afirmação de que a Reforma foi um movimento em favor da liberdade intelectual. O contrário exato é a verdade. Para eles próprios, é verdade, luteranos e calvinistas reivindicaram a liberdade de consciência... mas para conceder a outras pessoas nunca lhes ocorreu enquanto eles estavam do lado mais forte. A extirpação completa da Igreja Católica, e de fato de tudo o que estava em seu caminho, era considerado pelos reformadores como algo totalmente natural.” (Grisar, VI, 268-269; Dollinger: Kirche und Kirchen, 1861, 68)
B. Preserved Smith (S)
“Se alguém ainda abriga o preconceito tradicional que os primeiros protestantes eram mais liberais ele deve ser desenganado. Salvo por algumas palavras esplêndidas de Lutero, confinadas aos primeiros anos, quando ele era impotente, não há quase nada a ser encontrado entre os principais reformadores a favor da liberdade de consciência. Assim que eles detinham o poder de perseguir, eles perseguiam.” (Smith, 177).
Apesar de tudo isso libertava as pessoas psicologicamente de grilhões fazendo com que se tornar ricos ganhar dinheiro fosse algo desejável e aprovados por Deus. (p. 119 a 122)
Bom a combinação de ser contra qualquer tipo de luxúria ou gastos com algo que não fosse para a glorificação de Deus e o incentivo ao trabalho e a busca por riquezas resultou em acúmulo de capital através de uma compulsão Ascética. (Ascese da compulsão pela riqueza) No entanto muito além do simples acúmulo de capital a influência da concepção puritana resulta no desenvolvimento de uma vida econômica racional e burguesa sendo assim o berço do moderno “homem econômico” (p. 124 e 125)
Outro critério para a santificação era a doação (marcação na página 126). E isso é de extrema importância para o crescimento da religião segundo Wesley.
O ascese religioso estabelecia novas éticas profissionais para os burgueses especificamente. ler p 227.
Calvino tinha a opinião que somente de a massa operária fosse mantida pobre que ela se conservaria temente a Deus.
A ética medieval não somente tolerava a mendicância como também os valorizava como classe, já os puritanos consequentemente participaram de dura legislações para os pobres o que fez com que nem houvesse mendicância em seus seios.
A organização ascética protestante em geral não produziu nada de novo porém não se preocupou com isso ela produziu normas que por sí só foram eficientes conseguindo atingir sua sanção psicológica através da concepção do trabalho como vocação. Por outro lado ela legalizou essa vontade de trabalhar atribuindo também uma vocação a atividade do empresário. (é muito diferente com os dias atuais? Acho que não) Segundo essa relação os puritanos se apresentavam contrários a toda e qualquer relação com os cortesãos e empresários que tinham uma ética própria e comercial burguesa. Isso residual entre a ética econômica puritana e judaica e o verdadeiro ethos econômico da burguesia estava no primeiro. (p. 128, 129 e 130)
O espírito do capitalismo moderno nasceu junto com o espírito de ascese cristã, essa ideia de o trabalho ser ascético não é nova porém é certo que após o tornasse profissionais dos puritanos saiu do mosteiro para interagir com toda a sociedade transformou como nunca antes na história humana as formas de trabalho e acúmulo de capital estimulados pelo desejo de acúmulo de bens e éticas diferenciadas para cada grupo de classe. Isso fez para que o período de transição do feudalismo para o capitalismo fosse sustentado pelo espírito protestante e hoje o já solido capitalismo não precisa desse suporte para existir. Como vai ser o passo seguinte é um verdadeiro mistério, o ponto seguinte para Weber seria apontar para o significado do racionalismo cético apenas aflorando por este esboço.
Então o Espírito do capitalismo moderno é a própria ética protestante que proporcionou a criação racional do trabalho livre que era uma forma de santificação e libertou as pessoas dos grilhões de não poder acumular riquezas fazendo com que elas deslumbrarem isso como vontade de Deus. Porém devemos ver isso com olhar atento pois por um lado libertou uma das mãos acorrentadas por grilhões e jogou em uma cela sustentada pela necessidade constante de se trabalhar e acumular riqueza, não para sí e sim para um outro grupo que era favorecido em virtude dessa ascese.
Introdução
Por que ascece e capitalismo?
No meio do contexto onde a mentalidade puritana ascética era cultivada as relações de trabalho apresentavam um desenvolvimento peculiar. Havia uma noção muito forte de valor no trabalho, uma ética que vinha atrelada aos valores, hábitos e a mentalidade religiosa daquele povo.
Weber enxerga que no centro da mentalidade puritana ascética, o capitalismo se consolidava de uma maneira peculiar e mais sólida. Por isso ele busca dedicar um capítulo inteiro analisando os hábitos, costumes e a compreensão teológica e religiosa que estava por trás dos movimentos ascetas com o objetivo de encontrar as razões que explicavam o desenvolvimento do capitalismo no contexto onde essa mentalidade era cultivada.
Weber busca analisar os autores, líderes e influenciadores que estavam a frente destes movimentos para entender a visão teológica deles, dentre eles: Richard Baxter, John Wesley e Calvino. Além disso ele vai buscar na prática cotidiana destes indivíduos uma compreensão de como a visão acerca do trabalho e das relações econômicas se manifestavam de maneira concreta, levando aos resultados que ele já enxergara, e que basicamente consistia no florecimento do capitalismo de uma maneira nunca antes vista.
Richard Baxter
Richard Baxter foi um líder do puritanismo inglês, um sacerdote e escritor, como conhecido como “o chefe dos protestantes intelectuais da Inglaterra”.
Devido sua grande importância Weber o utiliza como principal base de análise acerca da mentalidade ascéticado puritanismo inglês. Nas palavras de Weber:
“Richard Baxter destaca-se entre muitos outros propagadores literários da ética puritana por sua posição eminentemente prática e irênica, bem como pelo reconhecimento universal que seus trabalhos tiveram já em seu tempo, sempre com repetidas reedições e traduções.”
Baxter foi de grande contribuição para a visão ascética com sua concepção religiosa que enxergava no prazer e no acúmulo de riquezas práticas que afastavam de Deus, diferente da concepção calvinista clássica que enxerga o acúmulo como legítimo.
“A riqueza como tal é um grave perigo, suas tentações são contínuas, a ambição por ela não só não tem sentido diante da significação suprema do reino de Deus, como ainda é moralmente reprovável.”
Entretanto, a noção metódica e a dedicação ao trabalho como valor em si mesmo, tendo como objetivo a glória de Deus, estão presentes em Baxter. Essa posição controversa foi um dos principais elementos na criação de uma ética de trabalho que favorece a economia burguesa.
Ascese intramundana
a vida ascética dos puritanos ainda que em essência tivesse a mesma ideia e se pautava nos mesmos objetivos que os ascetas monásticos católicos, se destacava e se diferenciava no que tange ao método utilizado e a aplicação dessa ascese no dia a dia. Como consequência das objeções da reforma, a ideia de que a igreja católica era, de alguma forma, detentora institucional do monopólio das relações com Deus e que somente atuando através dela se glorificava a Deus é quebrada e no meio das seitas protestantes se forma uma nova noção sobre como glorificar a Deus com suas ações.
Essa noção pode ser representada de forma eficaz em um diálogo que Lutero tem com um cidadão comum, onde o cidadão chega e pergunta a Lutero o que ele poderia fazer para glorificar a Deus, e Lutero responde com uma pergunta: ele pergunta ao homem qual era sua profissão, o homem responde dizendo ser sapateiro e Lutero diz que ele deveria então ir por em prática sua tarefa profissional da forma mais eficaz possível, dando a entender que assim ele iria glorificar a Deus. Não era mais necessário o exercício de uma chamado específico e que se restringia ao trabalho clerical, mas no cerne da mentalidade protestante a glória de Deus pode ser encontrada até nas mais minuciosas ações cotidianas do homem.
Essa noção de que há a capacidade de se fazer a vontade de Deus nas relações seculares é muito importante para entendermos o fenômeno da ascese nesse contexto puritano e também sua relação com o capitalismo e o trabalho, como enxergamos numa citação do Weber já no fim do livro:
“Pois a ascese, ao se transferir das celas dos mosteiros para a vida profissional, passou a dominar a moralidade intramundana e assim contribuiu [com sua parte] para edificar esse poderoso cosmos da ordem econômica moderna.”
A predestinação e a ascese
É importante também entendermos o que está por trás de todo esse alarmismo ascético dos puritanos e o por que que eles vieram a adotar um cotidiano e uma mentalidade diferentes de outros grupos protestantes. A razão disso, na verdade, se encontra na perspectiva teológica que a visão calvinista tem acerca da soteriologia.
O que é soteriologia? É o estudo do fenômeno da salvação na teologia cristã - o estudo sobre como Deus executa o plano de salvação, elemento importantíssimo para a cosmovisão cristã. Na soteriologia calvinista há uma ênfase na doutrina da predestinação e eleição e na negação do livro árbitro, ou seja, eles acreditam que Deus antes da fundação do mundo elegeu alguns homens para serem posteriormente salvos e que todo o processo de salvação ocorre somente nos que foram eleitos. Toda essa visão é resumida nos cinco pontos do Calvinismo que é conhecido como Tulip.
Os cinco pontos do Calvinismo
Weber não adentra de maneira tão profunda neste capítulo em uma análise sobre os pontos específicos da soteriologia calvinista, mas aqui decidi explicar o conceito da Tulip para que a noção do que de fato representa a predestinação, uma termo deveras vago e controverso, na visão dos puritanos ascéticos.
Depravação Total: o homem, contaminado pelo pecado original, nasce pecador e completamente afastado de Deus.
Eleição Incondicional: Deus, elege incondicionalmente alguns homens para serem salvos de sua condenação ao inferno, os predestinando para o céu.
Expiação Limitada: Deus envia Cristo para morrer por aqueles, e somente aqueles, que foram eleitos.
Graça Irresistível: a graça advinda do sacrifício de Cristo chega ao homem eleito de maneira que ele é incapaz de negar o evangelho.
Perseverança dos Santos: os eleitos com a ajuda do Espírito Santo perseveram até o fim dos dias e são efetivamente salvos.
A problemática dessa visão vem do fato de que o homem não tem domínio algum sobre o processo de salvação o que faz o homem ter incerteza de seu próprio destino após a morte. Afinal, se Deus elegeu alguns para a salvação como eu saberei se sou de fato eleito? Porém, os puritanos acreditavam que havia sim a capacidade de se obter uma certeza da salvação através do atestado de suas ações. Mas não era tão simples. Como assim? Eles acreditavam que o eleito deveria dar sinais de sua própria eleição e que somente assim ele teria consciência de sua própria salvação. Essa visão, inclusive, tem como base a própria passagem bíblica que diz que dos frutos conhecereis a árvore.
Diferente dos Calvinistas tradicionais, os puritanos ascéticos encontram na vida reclusa uma forma de lidar com o elemento da salvação. Isso foi mais um dos aspectos que contribuíram para a criação de uma rotina racionalizada.
Em suma, entendendo a mentalidade religiosa por trás do homem asceta nós podemos compreender a origem de seu ascetismo. Estar constantemente vivendo uma vida métodica, racionalizada e de sacrifícios, rejeitando prazeres, e se dedicando de maneira constante a tudo o que de alguma forma agrade a Deus era a forma como eles entendiam que poderiam testar a própria salvação. Se na visão deles a salvação vinha da eleição e a eleição precisava ser testada, o homem eleito precisaria estar o tempo todo demonstrando os sinais de sua eleição o que fazia com que esse modo de vida ascético se tornasse importantíssimo para a consciência espiritual dos puritanos e dos religiosos que Weber analisa no capítulo Ascese e Capitalismo.
Ascese e vocação
A noção de ascece é crucial também para entendermos a visão acerca da vocação na perspectiva puritana. Tanto na tradição Luterana quanto na tradição calvinista existe o entendimento de que Deus pode ser adorado através do exercício da vocação. Isso por si só já traz uma noção de trabalho que tende a elevar o valor do exercício das relações econômicas. A coisa intensifica quando nós analisamos o fato de que na tradição calvinista existe um elemento peculiar na noção de vocação que explica muito do modo de vida racionalizado e metódico que estes homens e mulheres que compartilhavam de tal visão cultivavam.
Enquanto na perspectiva luterana existe o entendimento de que a vocação é uma manifestação de seu destino natural designado por Deus através da própria natureza e que o exercício da vocação é simplesmente se conformar diante sua própria identidade, o que já é visto também como algo positivo, na perspectiva calvinista existe uma ênfase na noção de vocação como mandamento. A sua profissão e sua vocação não são meros detalhes de sua natureza, mas uma ordem direta do próprio Deus para com o homem. A princípio, pode parecer que não haja tanta diferença, mas essa presença divina mais direta e pessoal no entendimento da vocação acaba por trazer consequências psicológicas significativas para o desenvolvimento da noção de trabalho no contexto puritano.
Em suma, a vocação deixa de ser um detalhe de sua vida que pode ser instrumentalizado para gloficar a Deus, a vocação se torna, na verdade, um exercício da ascece. Pois ao enxergar o trabalho como mandamento, cumpri-ló se torna um dever espiritual e uma forma de não apenas se aproximar de Deus, mas de não pecar contra eleinstigando sua ira.
O racionalismo métodico, a divisão do trabalho, a vocação como sinal de eleição e o Espírito do Capitalismo
Ao analisarmos a noção teológica de salvação dos religiosos ascéticos puritanos, e entendermos como eles compreendiam a vocação nós podemos finalmente encontrar o paralelo entre os pontos e compreender de uma maneira mais clara o modo de vida métodico e racionalizado e a relação disso com o trabalho. Os puritanos ascéticos tinham como maior dever gloficar a Deus em cada ação, em cada ato. O exercício de tal coisa seria nada mais nada menos do que colocar em prova sua eleição.
Eles que viviam uma vida de rejeição ao prazer, ao gozo, a tudo o que de nenhuma forma trouxesse sacrifico e gerasse resultados racionais, mas que tivesse como finalidade o agrado do homem e não a glória de Deus, enxergavam nesse estilo de vida a chance de demonstrar os sinais da salvação. Afinal, tudo se resumia em ter consciência ou não de sua salvação. Aspecto que vem da noção soteriológica que eles adotavam.
Quando nós entendemos o conceito de vocação como mandamento nós automaticamente podemos encontrar a relação que o trabalho tinha com a salvação. O trabalho era para os ascéticos uma das formas de atestar a própria salvação. Isso explica o porquê do trabalho ser tão valioso.
Nós podemos compreender como que toda a mentalidade religiosa ascética foi peça fundamental para o desenvolvimento do capitalismo. O capitalismo necessitava de uma ética que ligasse o homem ao novo sistema econômico criando um novo “homem economico”. A própria noção de vocação que os ascéticos possuíam era semelhante a divisão do trabalho que Adam Smith expõe na sua obra A Riqueza das Nações. A ideia de que você deve se dedicar a uma vocação específica e que isso irá ser essencial para uma produção métodica que irá favorecer o bem comum e, no caso, irá glorificar a Deus.
O capitalismo precisava de uma ética de trabalho, algo que trouxesse sentido a ideia de que produzir era valioso, e foi dessa fonte religiosa que o capitalismo conseguiu beber para se estabilizar de uma maneira sólida. A Ética Protestante ascética elevava a noção da produção capitalista a um nível acima da ideia do lucro por si, mas da ideia da produção como um valor em si mesmo. O religioso ascético nem se quer via no acúmulo um valor em si mesmo e enxergava o uso da renda para fins prazerosos como um pecado, o que Weber ainda analisa como um paradoxo que já era apontado por John Wesley, porém a relação da ação produtiva com o próprio Deus se tornou peça fundamental para se formar uma ética do trabalho que trouxesse um significado transcendental para o capitalismo. Trabalhar não era visto como uma necessidade econômica, uma forma de sobreviver, uma obrigação social. Trabalhar havia se tornado uma obrigação moral, e quanto mais se trabalhava mais certo ficava o homem de sua salvação. Essa mentalidade deu base para o que, até hoje, podemos chamar de Espírito do Capitalismo.

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