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1. Filosofia do Atendimento Conceitos e Suporte Intensivo

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FILOSOFIA DO ATENDIMENTO - CONCEITOS E SUPORTE INTENSIVO
“A preocupação com o homem e com seu destino deve sempre constituir a motivação principal de todos os esforços tecnológicos e científicos. Jamais esqueçam isto em meio a seus diagramas e equações. A mais bela e a mais profunda emoção que podemos experimentar é o sentido do mistério em benefício do homem. É aí que se encontra a semente de toda verdadeira ciência” (ALBERT EINSTEIN).
 O estigma da doença neurológica, dita incapacitante, e a falta de centros preparados para o manejo destes pacientes, acabam retardando o início do tratamento, que, em muitos hospitais, resume-se na simples observação clínica em um "canto" da enfermaria geral. É lá que o paciente, privado de suas funções encefálicas, permanece à própria sorte, perdendo a oportunidade de melhorar, ou mesmo reverter seu quadro. Posteriormente, também não é orientado quanto à importância da reabilitação para poder retornar, em melhores condições, ao convívio familiar.
Esta situação pode e deve mudar. O tratamento inicial eficaz é fundamental para a diminuição da morbi-mortalidade das doenças do Sistema Nervoso influenciando diretamente no prognóstico. 
A Terapia Intensiva Neurológica assim como a Medicina não podem ser subestimados como prática pessoal: “OS MÉDICOS SÃO PESSOAS QUE DÃO MEDICAMENTOS QUE MAL CONHECEM, PARA CURAR DOENÇAS QUE CONHECEM MENOS AINDA, PARA SERES HUMANOS DOS QUAIS NÃO SABEM ABSOLUTAMENTE NADA“ (François Marie Voltaire 1694-1778).
A Terapia Intensiva Neurológica é uma conduta especializada na avaliação, diagnóstico precoce, monitoração adequada e tratamento precoce das doenças do Sistema Nervoso, central ou periférico, independente de sua etiologia (vascular, traumática, neoplásica, desmielinizante, congênita, metabólica, nutricional, degenerativa, inflamatória, infecciosa, etc). 
Deve-se priorizar o controle rigoroso do hemometabolismo cerebral. A manutenção das necessidades metabólicas cerebrais é fundamental para o tratamento de qualquer situação que altere a perfusão encefálica, evitando a progressão do dano isquêmico.
Como no Discurse de la Methode, precisamos medir, mensurar e monitorar: “EM CIÊNCIA, O QUE VALE NÃO SÃO SÓ OPINIÕES. HÁ QUE HAVER EMBASAMENTO E SUSTENTAÇÃO POR DADOS CONCRETOS. TUDO QUE FOR MENSURÁVEL DEVE SER REALIZADO PARA O BEM DA CIÊNCIA. PARA QUE SE FAÇA CIÊNCIA SÃO NECESSÁRIAS MEDIDAS CUJA VALIDAÇÃO SEJA INDUBITÁVEL. AFIRMATIVAS NÃO SUSTENTADAS VIRAM OPINIÃO“ (René Descartes 1596-1650).
A lesão isquêmica é o evento final mais comum para a destruição do tecido cerebral, quer por ação primária ou secundária, de forma difusa ou focal e ocorrendo em conseqüência de alterações permanentes ou temporárias no fluxo sanguíneo cerebral, potencialmente presentes em todas as doenças neurológicas. Apesar da sua extrema complexidade funcional, o encéfalo apresenta um metabolismo energético relativamente simples. Sua enorme avidez e dependência pelos nutrientes básicos, O2 e glicose, revelam sua vulnerabilidade aos processos isquêmicos. Quanto maior for a queda do fluxo sanguíneo e o tempo de isquemia, para um determinado estado metabólico, maior será a lesão cerebral primária ou secundária. O metabolismo encefálico depende da relação adequada entre o consumo e a oferta de oxigênio e glicose. É através da rigorosa e intensiva monitoração destes parâmetros, que vamos conseguir preservar a função encefálica, agindo precocemente nas alterações do hemometabolismo cerebral. “EM CIÊNCIA O QUE VALE É O CONHECIMENTO ADQUIRIDO A PARTIR DE ANÁLISES CRITERIOSAS QUE SE SUSTENTAM PELA RAZÃO INDISCUTIVEL DA MEDIDA REALIZADA COM PRECISÃO. A ORIENTAÇÃO DA CIÊNCIA PELO BOM SENSO É PERIGOSA, POR SER DÁDIVA DE DEUS, E TODOS A POSSUEM!!! FOI A PARTIR DO BOM SENSO QUE SE CONCLUIU QUE A TERRA ERA PLANA E QUE O SOL EM TORNO DELA GIRAVA“ (René Descartes 1596-1650).
Obviamente que além desses cuidados extremamente específicos, as medidas para evitar a lesão cerebral estendem-se ao controle clínico rigoroso, sendo de importância fundamental o suporte ventilatório e hemodinâmico adequado, a fisioterapia precoce, o controle hidroeletrolítico e nutricional e a prevenção de infecções. Assim, os pacientes, através de medidas intervencionistas, têm a chance de uma melhor recuperação, pelo controle e prevenção precoce das complicações clínicas e neurológicas. 
	O ponto central é a preocupação constante de oferecer as melhores condições de tratamento com o menor custo. Isto envolve uma otimização e humanização do atendimento, com atenção especial aos seguintes pontos: recursos humanos, técnicos, de informática e ambientais. “MEDICINA NÃO É SÓ ARTE, É CIÊNCIA E COMO TAL DEVE SER APLICADA. DEVE SER SUSTENTADA POR CONHECIMENTOS E PERCEPÇÃO ADEQUADA. PARA SABER AGIR E DIFERENCIAR-SE DO PRÁTICO QUE DEPENDE DO BOM SENSO!!! DEVE SER SUSTENTADA POR EVIDÊNCIAS DE BENEFICÊNCIA“ (Euryclides Zerbini 1912-1993).
Na Terapia Intensiva Neurológica estimulamos uma visão global das necessidades do paciente, o atendimento intervencionista, a adoção de medidas preventivas e o trabalho em equipe, onde cada um contribui com seu potencial máximo para o tratamento. Tudo isto dentro de um ambiente de trabalho adequado e agradável. Regularmente são realizados cursos de reciclagem, com ênfase na discussão dos aspectos psicológicos envolvidos com o manejo de pacientes confusos e desorientados.
A Terapia Intensiva Neurológica dispõe de protocolos próprios e enfatiza a profilaxia de escaras, trombose venosa e lesões laringo-traqueais. Empregar equipamentos que garantam uma monitoração completa de nosso paciente, com ênfase especial no controle do hemometabolismo cerebral.
A soma dos recursos humanos, científicos e técnicos proporciona as condições ideais para realizarmos um diagnóstico precoce e, com ele realizado, poder iniciar o tratamento adequado. É preciso ter no inconsciente essa seqüência de examinar, diagnosticar, monitorar e tratar, conseguindo informações adequadas de forma rápida, segura e dinâmica.
A Terapia Intensiva Neurológica seria a expansão sem especialização desta filosofia de trabalho multiprofissional, que é a Medicina Intensiva, respaldada em conhecimento científico geral e especializado, munida de equipamentos de monitorição, e cuja terapêutica converge para o bem estar do paciente. Assim, além de tratar da sua doença de base, preocupamo-nos com uma série de medidas preventivas e, sobretudo, com a prevenção da Lesão Secundária.
O estetoscópio, a lanterna, o martelinho, nossas mãos, nossos ouvidos ainda são excelentes recursos e fundamentais na avaliação de nossos pacientes. Entretanto, não vamos esquecer que a mensuração adequada e intensiva do maior número possível de parâmetros, é o que torna nossa medicina ciência, e que, enquanto for somente arte e bom senso será frágil frente às surpresas desagradáveis da evolução de um paciente neurocrítico.
“O GRANDE MISTÉRIO DA MEDICINA ESTÁ EM APLICÁ-LA COM ARTE E RIGOR TECNICO, JÁ QUE, FUNDAMENTADOS NO ESPÍRITO DE HUMANIZAÇÃO, EMPREGAMOS CIÊNCIA DA MAIOR QUALIDADE VISANDO O BEM ESTAR DO HOMEM” (Sir Willian Osler 1849-1919).

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