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Prof.ª VERÔNICA DE SOUZA MANHÃES Enfermeira especialista e mestre em Terapia Intensiva e-mail: veronica.manhaes@live.estacio.br Ensino Clínico em Saúde do Adulto Idoso Teórico UNIDADE I – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO CLIENTE IDOSO - parte 2 O IDOSO E A DOENÇA DE ALZHEIMER A Doença de Alzheimer é chamada algumas vezes de demência degenerativa primária ou demência senil do tipo Alzheimer (DSTA). É uma doença neurológica degenerativa, progressiva e irreversível. Não é exclusiva da pessoa idosa, embora a idade avançada seja considerada um fator de risco. Seu início pode acontecer aos 40 e/ou 50 anos. FISIOPATOLOGIA A etiologia da doença ainda encontra-se em estudo, mas afirma-se que as alterações são de ordens neuropatológicas e bioquímicas específicas, que incluem perda de conexões entre neurônios, formação de emaranhados neurofibrilares e placas de amiloides são as principais características identificadas no Alzheimer. ALTERAÇÕES NEUROPATOLÓGICAS O exame neuropatológico é até hoje o único método diagnóstico definitivo para a Doença de Alzheimer (DA). O exame macroscópico do cérebro na DA revela atrofia que, embora seja difusa, não é uniforme, mostrando–se mais proeminente nas regiões frontais, temporais e parietais, afetando, sobretudo as áreas corticais associativas. As alterações microscópicas incluem perda neuronal e degeneração sináptica intensa. A perda neuronal ocorre, sobretudo nas camadas piramidais do córtex cerebral e afeta principalmente as estruturas límbicas e os córtices associativos, com relativa preservação das áreas corticais primárias (motora, somatosensitiva e visual). •PLACAS SENIS (PS) E EMARANHADOS NEUROFIBRILARES (ENF) NA PATOGENIA DA DOENÇA DE ALZHEIMER (DA) A DA caracteriza-se pela presença de duas lesões principais, as placas senis e os emaranhados neurofibrilares. Muita discussão tem havido na literatura a respeito do papel desempenhado por essas estruturas. Sabe-se atualmente que essas estruturas não são apenas marcadoras da degeneração neuronal, mas que de alguma forma interagem entre si e participam do processo que resulta em morte celular. QUADRO CLÍNICO E EVOLUÇÃO DA DA A evolução da Doença de Alzheimer acontece diferentemente em cada indivíduo. É uma doença crônica e, na maioria das vezes, de caráter irreversível, que tem progressão variada: de 2 a 20 anos. Na maioria dos casos leva de oito a dez anos. Atualmente não existe cura para a doença. Os tratamentos são feitos com o objetivo de retardar ao máximo a evolução da doença e de garantir uma qualidade de vida satisfatória tanto para o paciente como para sua família. De um modo geral, os pacientes passam pelos seguintes estágios: 1º - Estágio (2 à 4 anos): Alterações da memória que se manifestam, inicialmente, como esquecimento frequente por parte do idoso em saber onde estão as coisas que ele costuma guardar; A verificação repetidas vezes de uma tarefa feita; A demora, mais do que o tempo normal, para executar uma atividade rotineira; Episódios de desorientação no tempo e no espaço. 2º - Estágio (Fase intermediária entre 3 à 5 anos): Dificuldades de expressão na fala e na escrita, na compreensão do que está escrito ou do que é dito; Perda da capacidade de executar movimentos adequados para realizar tarefas simples como sentar-se e depois deitar-se, levantar e começar a andar; Acentua-se o esquecimento e o idoso começa a perder a capacidade de reconhecer nomes e funções de objetos; Começa a não reconhecer as pessoas, reclama de roubo de objetos, repete frases ou palavras sem interrupção; Faz coisas sem sentido aparente; Tem dificuldade para dizer o que quer, o que sente, e não consegue entender direto o que lhe é pedido ou explicado. O nível de dependência aumenta, passa a ficar dependente de outra pessoa para realizar hábitos rotineiros. 3º Estágio (Fase Final de 1 à 3 anos após a fase anterior): Idoso não reconhece mais as pessoas do seu convívio diário e, às vezes, não reconhece mais a sua própria imagem refletida no espelho; Quase não tem mais iniciativa; Tem dificuldade de movimentar-se, de caminhar; Pode não conseguir mais controlar a eliminação de urina ou de fezes, tendo que usar fraldas; Acaba ficando no leito (terminal), onde o idoso é incapaz de comunicar-se e não consegue mais, mastigar ou engolir, sendo necessário, em alguns casos o uso de sonda nasogástrica ou mesmo de gastrostomia sob avaliação de uma junta interdisciplinar de profissionais. AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA Os sintomas clínicos, e eletroencefalografia (EEG), a tomografia computadorizada (TC), a ressonância magnética (RM) e o exame do líquido cefalorraquidiano (LCR) e do sangue podem excluir ou sustentar o diagnóstico. EEG - As alterações nem sempre são específicas. TC e a RM - São muito úteis para excluir hematoma, tumores cerebrais, derrame e atrofia, mas não são confiáveis para a definição do diagnóstico definitivo da DA. Exame de sangue e do LCR É possível excluir infecções e às alterações químicas, porém os achados não são específicos o suficiente para firmar o diagnóstico. INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM - Suporte da função cognitiva; - Promovendo a segurança física; - Reduzindo a ansiedade e agitação; - Melhorando a comunicação; - Promovendo a independência nas atividades de autocuidado; - Providenciando a socialização e as necessidades de privacidade; - Providenciando a nutrição adequada; - Providenciando o equilíbrio entre a atividade e o repouso; - Apoio e orientação aos familiares. PORTANTO É IMPORTANTE ATENTAR E PROMOVER: 1- Individualidade: Conhecer e levar em consideração a história da pessoa; 2- Independência: Mesmo que custe três vezes mais o tempo para auxiliar o paciente a vestir-se, deve-se estimular cada oportunidade para o autocuidado; 3- Liberdade: Enfermagem deve atentar para que, em nome da eficiência e segurança, não sejam impostas restrições muito severas à liberdade a ponto da qualidade de vida tornar-se mínima; 4- Dignidade: Estes pacientes devem ser respeitados como um adulto, incluindo o cuidado com a roupa, penteado, uso do nome, privacidade e confidencialidade. OBSERVAÇÕES RELEVANTES Há certos pontos da avaliação de enfermagem que merecem destaque durante a anamnese por se tratar de itens que fundamentarão qualquer tomada de decisão em relação ao diagnóstico de enfermagem e a consequente prescrição de cuidados de enfermagem para o caso específico do paciente com DA. Tais pontos são: Avaliação das atividades da vida diária; Avaliação das atividades instrumentais da vida diária; Avaliação dos déficits sensoriais; Avaliação das condições psico-comportamentais; Avaliação da situação familiar e suportes sociais disponíveis. BIBLIOGRAFIA BÁSICA BRUNNER e SUDDARTH. Tratado de Enfermagem Médico – Cirúrgico. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,2009. JOHNSON, M. et al. Diagnósticos, Resultados e Intervenções de Enfermagem: Ligações entre NANDA, NOC e NIC. Porto Alegre: Artmed, 2005. LIPPINCOTT, W. & W. Enfermagem Médico – Cirúrgica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. BRÊTAS, A. C. P.; GAMBA, M. A. Enfermagem e Saúde do Adulto. São Paulo: Manole, 2006. GOLDENZWAIG, N. R. S. C. Administração de Medicamentos na Enfermagem. 8ª Edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. NANDA. Diagnóstico em Enfermagem da NANDA. Porto Alegre: Artmed, 2009. SPARKS, S. R. M.; TAYLOR, C. M. Manual de Diagnóstico em Enfermagem. 7ª Edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
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