Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Tratamento Cirúrgico do Linfedema Waldemy Silva 16/05/2003 Página 1 de 15 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL:http://www.lava.med.br/livro Tratamento Cirúrgico do Linfedema Waldemy Silva INTRODUÇÃO A escolha de um tratamento eficaz para o Linfedema encontra dificuldades face ao conhecimento parcial da fisiopatologia e à imprecisão dos meios de diagnósticos. Além do mais há fatores, tais como linfangites persistentes, bloqueios neoplásicos irremovíveis, fibroses acentuadas, que impedem a reversibilidade do processo. Os meios conservadores, tais como a Terapêutica postural, o uso de medicamentos com indicação precisa, a Terapia física descongestiva, a Compressão pneumática intermitente e as Meias de contensão elástica constituem o arsenal de que dispomos e que tem a nossa preferência. O Tratamento Cirúrgico constitui um procedimento de exceção e suas indicações são muito limitadas. Para isto precisa que se leve em conta uma Classificação etiológica, como a que utilizamos há bastante tempo 21 (Figura 1), além de uma classificação evolutiva, como a de MOWLEM (Figura 2) que possibilita distinguir o estadiamento da doença. Dessa forma, a indicação cirúrgica fica limitada a alguns casos da Fase 2 e aos da Fase 3, quando há fibrose acentuada do tecido subcutâneo, com aspecto elefantiásico do membro, constituindo uma forma clínica deformante e ao mesmo tempo incapacitante para as atividades diárias do paciente, sobretudo profissionais. Figura 1 - Classificação etiológica. Tratamento Cirúrgico do Linfedema Waldemy Silva 16/05/2003 Página 2 de 15 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL:http://www.lava.med.br/livro Figura 2 - Classificação Evolutiva As intervenções cirúrgicas para o Linfedema são classificadas por KINMONTH em "fisiológicas" e "excisionais". As primeiras têm como objetivo remediar a falta de drenagem linfática, ao passo que as segundas tentam promover a ressecção do tecido patológico. A primeira tentativa de criar novos canais linfáticos coube a HANDLEY , que introduziu fios de seda no subcutâneo e denominou o procedimento de Linfangioplastia. A idéia foi retomada por outros, que apenas substituíram o material utilizado: tubos de borracha, fáscia lata, tubos de polietileno, fio de nylon ou de dacron. DEGNI chegou ao requinte de criar uma rede de fios de nylon, estabelecendo o que denominou de "unidade triangular de drenagem". Utilizamos essa técnica e os resultados foram desastrosos. (Figura 3) e (Figura 4). Figura 3 - Operação de drenagem tipo HANDLEY e DEGNI Figura 4 - Recorrência do Linfedema 2 anos após a cirurgia de drenagem com rede de Nylon. KONDOLEON, que afirma tomar por base o "princípio de Lanz", concede uma forma de drenagem da linfa dos tecidos superficiais para os profundos, praticando incisões longitudinais na face interna e externa da perna, seguidas da retirada de uma faixa do fáscia profundo, a fim de deixar os músculos expostos e em contato direto com o subcutâneo linfedematoso. Essa técnica foi realizada e divulgada em todo o mundo, sendo SISTRUNK em dos seus maiores apologistas. Com uma experiência de 40 pacientes em 10 anos, preferia realizar incisões elípticas, ressecando parte do tecido fibroso e da aponeurose, transformando-a em uma operação mista. Chega a afirmar que "quanto mais tecido removido, melhor é o resultado". A operação original de LINDOLEON foi redescoberta por NOEL THOMPSON sob a denominação sofisticada de "transposição linfática". Descrita como uma "operação fisiológica", consiste no sepultamento de um retalho de pele, desprovido de epiderme, na massa muscular da perna. Além de muito Tratamento Cirúrgico do Linfedema Waldemy Silva 16/05/2003 Página 3 de 15 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL:http://www.lava.med.br/livro utilizadas na Inglaterra, foi objeto de um estudo, orientado por VERMEULEN e sob o patrocínio do conselho de pesquisa medica da Nova Zelândia e da OMS, em 21 filarióticos portadores de Elefantíase dos membros inferiores. Os resultados foram praticamente nulos e nunca houve prova segura da drenagem pretendida (Figura 5). Figura 5 - Esquemas das Operações de KONDOLLEON e de THOMPSON No Brasil, BOUBACI e Col. estudaram 17 pacientes, obtendo melhores resultados nos casos em que associaram uma ressecção mais ampla do tecido fibrosado, antes da tunelização da pele. Outra forma de derivar a linfa para uma região sadia foi criar uma espécie de "ponte", buscando contornar o suposto obstáculo. As estruturas mais utilizadas foram à pele, sob a forma de retalhos pediculados, fáscia lata e até mesmo o grande epiploo (Figura 6). Figura 6 - Esquema das Operações de GILLIES e de GOLDSMITH. Vale comentar que os autores, num esforço de imaginação de ficção cientifica, na tentativa de resolver uma condição patológica complexa, como é o Linfedema, não levam em conta que a reação de fibrose em torno de fios, tubos, pele, é a regra, face ao papel do tecido conjuntivo de preencher espaço, durante o processo de cicatrização. Nessas circunstancias, a drenagem não se fará e mesmo se houver alguma, será temporária e inefetiva, pois não removera o excesso de proteina, que é o que interessa na linfodinâmica. Além do mais, os tubos, transformados em falsos vasos linfáticos, são totalmente avalvulados, fator que deve ser considerado, na fisiologia do sistema linfático. As agressões ao sistema linfático e, conseqüentemente, aos pacientes portadores de Linfedema, têm sido de tal ordem que não é sem razão que CARNOCHAN, em 1852, efetuou, segundo ele com sucesso, a ligadura da artéria femoral para tratar uma Elefantíase do membro inferior. ANASTOMOSES LINFÁTICO-VENOSAS E MICROCIRURGIA LINFÁTICA A partir dos trabalhos experimentais de NIELUBOWICZ e OLSZEWSKI que criam uma anastomose cirúrgica entre um linfonodo e uma veia, assim como de outros pesquisadores que conseguem uma anastomose entre troncos linfáticos e uma veia periférica, cresce a esperança de se estabelecer uma derivação linfovenosa direta (Figura 7). As operações se multiplicam, tanto aqui no Brasil como no Exterior, apesar de os resultados serem, na maioria das vezes, inconcludentes. Tratamento Cirúrgico do Linfedema Waldemy Silva 16/05/2003 Página 4 de 15 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL:http://www.lava.med.br/livro Figura 7 - Esquema das Operações de NIELJBOWICZ e de DEGNI. O advento da microcirurgia linfa'tica tem estimulado esse tipo de operação. As publicações se sucedem a partir de vários centros médicos. Em estudo realizado no Hospital São Vicente, da Austrália, O'BRIEN e col. apresentam o resultado tardio de 134 pacientes submetidos a anastomoses microlinfáticovenosas, sendo 116 mulheres e 18 homens. A causa mais freqüente do linfedema foi o traumatismo cirúrgico e/ou irradiação pós-cirurgia de Câncer de mama. Destacam dois grupos acompanhados durante pelo menos 6 meses e no máximo 5 anos: 52 pacientes foram submetidos exclusivamente a microcirurgia linfática e 38 pacientes realizaram também uma cirurgia complementar, denominada de "redução segmentar", de menor ou maior porte. Do ponto de vista objetivo, ou seja levando em conta as medidas, 42% do grupo microlinfáticopuro tiveram uma redução de no mínimo 10% do volume do membro linfedematoso, da mesma forma que 60% dos pacientes do grupo da cirurgia de redução. Todos os casos foram catalogados como linfedema obstrutivo. BAUMISTER e SIUDA, da universidade de Munique, Alemanha, utilizam uma técnica microcirurgica que consiste em recolher segmentos de vasos linfáticos, sob a forma de enxerto livre, para anastomoses à distância, por interposição, buscando contornar o possível obstáculo e compensar o déficit de carga linfática em determinada região linfedematosa. Durante 6 anos observaram o comportamento de 55 pacientes, sendo 37 portadores de linfedema pós-mastectomia e 18 com linfedema do membro inferior. A eficiência funcional e a patência dos enxertos linfáticos foram avaliados por mensurações volumétricas e pela linfocintolografia em 30 pacientes, mas não apresentam o percentual de comprovação da perviedade dos enxertos. Na opinião dos AA., "a capacidade de transporte do sistema linfático está na dependência do número de vasos linfáticos em funcionamento". No meu modo de ver, se essa afirmativa é verdadeira, não é fácil aceitar a premissa de que alguns linfáticos transplantados sejam capazes de promover uma drenagem satisfatória. Já há algum tempo, venho insistindo no papel dos linfonodos na regulação do fluxo da linfa, assim como na capacidade de regeneração dos vasos linfáticos, para explicar porque um grande número de pacientes submetidos a uma mastectomia, inclusive com irradiação subseqüente, não apresenta linfedema e, se o fazem é de forma transitória. CAMPISI, da escola universitária de medicina e cirurgia, de Gênova, Itália, emprega diversas variantes de técnica para o tratamento do linfedema dos membros superiores e inferiores e julga importante considerar dois tipos de microcirurgia linfática: a de derivação e a de reconstrução. Afirma que "de 1973 a 1996, tratou de 745 pacientes que sofriam de edema linfático, com um resultado positivo de 81,5%, de regressão do edema, pelo menos 5 anos depois da cirurgia". Estabelece que "Nossa filosofia de trabalho, por conseguinte, baseia-se em uma combinação racional dos quatro elementos da terapia para o edema linfático: Terapia medica, Terapia física, Termoterapia e Microcirurgica". O grifo é nosso. Na sua experiência, o "o tempo necessário para obter-se uma regressão significativa do edema e reduzido consideravelmente se comparado com o tempo para obter-se a regressão o mesmo edema utilizando-se só o tratamento conservador". O fato de a linfocintilografia mostrar redução do refluxo dérmico, desaparecimento do traçador no local da microanastomose e o fígado captar o traçador, não é, na minha opinião, suficiente para demonstrar a eficácia, por si só, da intervenção cirúrgica. Além o mais, sabe-se que a linfocintilografia só é capaz de mostrar as vias linfáticas e não os vasos linfáticos propriamente ditos. CIRURGIA EXCISIONAL Quando o processo patológico avança e o Linfedema torna-se progressivo a ponto de as alterações cutâneas tomarem um aspecto elefantiásico, com deformidades Tratamento Cirúrgico do Linfedema Waldemy Silva 16/05/2003 Página 5 de 15 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL:http://www.lava.med.br/livro incapacitantes, cabe estudar a possibilidade de realizar uma operação excisional. CHARLES propõe uma ressecção do tecido fibrosado, seguida de enxerto de pele na mesma sessão operatória. Para atingir esse objetivo há várias técnicas e variantes. O enxerto pode ser livre, de espessura subtotal, retirado do próprio membro ou de outra parte do corpo. Para uns a pele deve ser aplicada na mesma sessão operatória e para outros deve ser conservada,estéril e congelada, para uso posterior. A modificação de GIBSON e TOUGH, que usa a pele elefantiásica como enxerto livre, após remoção do tecido dermatofibroso estendido numa mesa auxiliar, foi a que inspirou o Professor ROMERO MARQUES a realizar, desenvolver e divulgar, com a colaboração dos seus Assistentes, a Cirurgia da Elefantíase dos membros inferiores no país. (Figura 8) Figura 8 - Operação de CHARLES e Variantes JANTET, TAYLOR e KINMONTH publicam uma série de 24 pacientes operados, obtendo 69% de resultados satisfatórios e destacam como objetivos principais: reduzir o peso e melhorar a forma do membro comprometido, diminuir a incidência dos acessos inflamatórios e tornar possível aos portadores de Elefantíase vestir roupas normais e usar calçados. Com a denominação de "Linfangiectomia superficial total", SERVELLE descreve uma técnica que consiste em praticar incisões elípticas ao longo da face externa e interna de todo o membro inferior, a partir da raiz da coxa, afirmando que os resultados são muito bons, apesar de opiniões divergentes de outros autores. Na sua publicação mais recente apresenta uma colossal casuística de 652 pacientes operados e todos com resultado satisfatório. Desconheço outra publicação que comprove isto. MAYALL defende a técnica de Josias de Freitas, que consiste em promover uma ressecação do tecido fibredematoso, para em seguida usar a pele decorticada como enxerto, mantendo um retalho pediculado ao nível do joelho. Em 1985, escrevemos uma tese para concurso de professor titular de cirurgia vascular da UFPE, na qual analisamos os resultados tardios (10 a 17 anos) de 60 pacientes portadores de elefantíase dos membros inferiores, empregando três técnicas que utilizam a pele local como enxerto (Figura 9). Figura 9 - Capa da Tese. O número de complicações, tais como eliminação parcial ou total do enxerto, formação de úlceras, reaparecimento de áreas de fibrose e até mesmo da Elefantíase do pé, foi elevado fazendo com que os maus resultados chegassem a um percentual de 48,33%. (Figuras 10 e 11) Tratamento Cirúrgico do Linfedema Waldemy Silva 16/05/2003 Página 6 de 15 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL:http://www.lava.med.br/livro Figura 10 - Tabelas: Complicações pós-operatórias Figura 11 - Tabela: Classificações dos Resultados Com base nos dados obtidos, verificamos que o emprego do duplo pedículo (técnica pessoal) mostra vantagens, pois facilita a "pega" do enxerto e reduz as complicações pós- operatórias. Realizada com o paciente em decúbito ventral, simplifica bastante a técnica cirúrgica, evitando particularmente o uso inconveniente do estribo calcaneano ou de qualquer suporte especial, além de dispensar um auxiliar no campo operatório exclusivamente para manter a volumosa perna elevada. As fotos que ilustram o texto mostram formas diversas de Elefantíase, de menor ou maior porte, sempre deformantes, atingindo a perna e o pé. Incluímos também fotos de pacientes no pós-operatório tardio, algumas de aspecto razoável e outras de mau resultado. (Figura 12) Figura 12 - Foto pré-operatória. Figura 13 - Foto pré-operatória Figura 14 - Foto pré-operatória. Tratamento Cirúrgico do Linfedema Waldemy Silva 16/05/2003 Página 7 de 15 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL:http://www.lava.med.br/livro Figura 15 - Foto pré-operatória. Deve-se atentar para o fato que a Cirurgia da Elefantíase não deve ser encarada como uma cirurgia estética, como princípio básico, e sim como uma cirurgia da necessidade, para facilitar a função do membro comprometido. Há cerca de 10 anos estamos procedendo ao estudo de uma nova série,atualmente com 12 casos operados, nos quais a correção do pé elefantiásico é realizada num segundo tempo operatório, um ano ou mais depois da decorticação da perna. Até aqui os resultados parecem um pouco melhores, sobretudo no que diz respeito à incorporação do enxerto bipediculado e à redução significativa da permanência hospitalar. Contudo, continua a ser uma forma de tratamento muito agressivo, que exige da equipe esforço e dedicação, ao lado dos cuidados modernos de reanimação. (FiguraS 16,17,18,19,20,21,22,23 e 24). Figura 16 - Foto: Paciente de pé com incisão marcada . Figura 17 - Técnica cirúrgica: Incisão. Tratamento Cirúrgico do Linfedema Waldemy Silva 16/05/2003 Página 8 de 15 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL:http://www.lava.med.br/livro Figura 18 - Técnica cirúrgica: Dissecção com bisturi elétrico. Figura 19 - Técnica cirúrgica: Dissecção completa. Retalho pronto para decorticação do tecido elefantiásico Figura 20 - Técnica cirúrgica: Sutura final. Figura 21 - Técnica cirúrgica: Gessado protetor. Figura 22 - Técnica cirúrgica: Peça operatória. Tratamento Cirúrgico do Linfedema Waldemy Silva 16/05/2003 Página 9 de 15 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL:http://www.lava.med.br/livro Figura 23 - Foto pós-operatória (30 dias). Necrose superficial com tecido de granulação. Figura 24 - Foto de uma paciente 6 meses depois do tempo operatório da perna Para a correção da Elefantíase do pé, tomei por base a técnica descrita por DAINTREE JOHOSON e PFLUG, que preconizam a cirurgia em três tempos operatórios (Figuras 25 e 26). Figura 25 - Cirurgia da Elefantíase do pé. Retalhos já dissecados. Eletrocoagulação de Verrucose linfostática dos artelhos Figura 26 - Retalhos do pé já suturados com drenagem a vácuo. Tratamento Cirúrgico do Linfedema Waldemy Silva 16/05/2003 Página 10 de 15 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL:http://www.lava.med.br/livro Confesso que ainda não estou seguro de que esta seja a melhor maneira de preceder. Certo é que o tratamento cirúrgico do linfedema, mesmo considerando a forma elefantisiáca, terá sempre adeptos e críticos. PROCEDIMENTOS CIRURGICOS SUPLEMENTARES Em certas circunstancias, cirurgias de pequeno porte podem contribuir para melhorar ou amenizar o processo e até mesmo controlar sua evolução. Assim acontece com o LINFEDEMA POR BRIDA AMNIÓTICA, quando se consegue eliminar a constriccao tissular "em anel" e utilizar em seguida meios conservadores para o tratamento. Pode haver associação com outra condição mórbida congênita, como no caso PÉ VARO, que deve ser corrigido por meios ortopédicos, a fim de possibilitar a marcha da criança, essencial também para a estabilização do linfedema, durante o seu desenvolvimento corporal (Figuras 27,28,29 e 30). Figura 27 - Linfedema por Brida amniótica. Recém- nascido com Pé varo e Sindactilia Figura 28 - Linfedema por Brida amniótica: Aparelho ortopédico de apoio. Figura 29 - Linfedema por Brida amniótica: Calçado de correção Figura 30 - Linfedema por Brida amniótica: Criança durante a marcha, antes da Correção do Pé varo. Tratamento Cirúrgico do Linfedema Waldemy Silva 16/05/2003 Página 11 de 15 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL:http://www.lava.med.br/livro Na VERRUGOSE LINFOSTÁTICA, podemos realizar, com o bisturi elétrico, uma ressecção laminar da pele, com uma técnica que denomino de decorticação superficial, com o objetivo de promover um aspecto menos desgracioso da pele e prevenindo infecções focais nas dobras cutâneas (Figura 31). Figura 31 - Linfedema e Verrucose linfostática No LINFEDEMA ASSOCIADO A UMA ANGIODISPLASIA, sobretudo pacientes jovens, podemos obter resultado satisfatório com pequenas ressecções, em estágios sucessivos, que poderíamos chamar de cosméticas (Figuras 32,33,34 e 35). Figura 32 - Linfedema e Angiodisplastia - Criança com 6 meses Figura 33 - Linfedema e Angiodisplastia - Criança com 9 meses. Figura 34 - Linfedema e Angiodisplastia - Criança com 18 meses. Tratamento Cirúrgico do Linfedema Waldemy Silva 16/05/2003 Página 12 de 15 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL:http://www.lava.med.br/livro Figura 35 - Linfedema e Angiodisplastia - Criança com 5 anos No LINFEDEMA PÓS-MASTECTOMIA, preferimos métodos conservadores, de conformidade com a larga experiência de GUEDES NETO e Col., do instituto Brasileiro de controle do Câncer e do serviço de cirurgia vascular, da Santa Casa de São Paulo, que mantém um protocolo muito bem elaborado. Em alguns casos cirurgias corretivas, ao nível de braço, podem ter indicação. Somos partidários da reabilitação física no tratamento e na profilaxia do câncer de mama, bem como do linfedema como complicação (Figura 36). Figura 36 - Linfedema e pós-mastectomia Há intervenções cirúrgicas atípicas, ditadas pela experiência de quem lida com o assunto, transformadas às em verdadeiras táticas cirúrgicas. Ressecções parciais, em elipse, nas faces laterais da perna, são admissíveis, quando as disseccoes são limitadas, caso contrário podem piorar o linfedema, deixando cicatrizes de aspecto muito desagradáveis. Nas formas elefantisiácas, ditas gigantes, ressecções laterais ao nível da coxa podem ser úteis para permitir a marcha, sobretudo (Figuras 37 e 38) quando o paciente já se submeteu a outras operações excisionais. Figura 37 - Elefantíase de grande porte antes de Cirurgia ao nível da coxa. Figura 38 - Mesmo caso com maior aproximação. Tratamento Cirúrgico do Linfedema Waldemy Silva 16/05/2003 Página 13 de 15 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL:http://www.lava.med.br/livro Lamentavelmente, há situações em que somos forçados a realizar uma amputação. ELEFANTIASE DA PAREDE ABDOMINAL Uma forma rara de linfedema secundário, tipo inflamatório, com sucessivas linfagites de repetição, é a localizada na parede abdominal e que já descrevemos em publicação anterior. Neste caso foi empregada uma técnica que lembra uma dermolipectomia abdominal ampliada, realizada pelo cirurgião plástico professor PERSEU LEMOS, com a nossa colaboração (Figuras 39 e 40). Figura 39 - Elefantíase da parede abdominal: Pré- operatório. Figura 40 - Elefantíase da parede abdominal: Pós- operatório. CONSIDERAÇÕES FINAIS É indispensável organizar um programa hospitalar especial, com equipes multidisciplinares, composta de médicos, assistentes sociais, psicólogos fisioterapeutas e enfermeira, como se vem tentando há vários anos no serviço de cirurgia vascular do hospital da clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, a fim de melhorar os princípios básicos de higiene, inclusive em visitas domiciliares, procurando prevenir os acessos de linfagite, tão importantes na evolução do linfedema. REFERÊNCIAS 1. Baumeister RG, Studa S. Treatment of lymphedemes by microsurgical Lymphatic grafting: What is proved? Plast Reconstr Surg 1990;85(1):64-74. discussion 75- 6. 2. BouabciAS. A cirurgia de Thompson no tratamento dos linfedemas dos membros inferiores. Rev Hosp Med São Paulo 1984;39(1):40-43. 3. Camargo MC, Marx AG. Reabilitação física no câncer de mama. São Paulo: Roca; 2000. 4. Campisi C. Linfáticos: reabilitação atual para o tratamento do Edema linfático. Rev Bras Flebol Linfol 1997;4(1):11-16. Tratamento Cirúrgico do Linfedema Waldemy Silva 16/05/2003 Página 14 de 15 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL:http://www.lava.med.br/livro 5. Charles RH. Elephantiasis of the leg. In: Latham A and ENGLISH TCA System of treatment. London: Churchill; 1991. p. 516-29. 6. Daintree JH, PFLUG J. The swollen leg: cause and treatment. London: William Heinemann Medical Books; 1975. p. 236-249. 7. Degni M. New technique of drainage of the subcutaneous tissue of the limbs with nylon net for treatment of lymphedema. VASA 1974;3(3):329-341, Bern - 1974. 8. Guedes Neto HJ, et alli. Considerações sobre Linfedema pós-mastectomia. Cir Vasc Angiol 1995;11:107-110. 9. Gibson T, Tough JS. A simplified one-stage operation for the correction of lymphedema of the leg. Arch Sug 1995;71(6):809-817. 10. Handley WS. Lymphangioplasty: a new method for the relief of the brawny arm of breast-cancer and for similar conditions of lymphatic edema. Lancet 1908;1:783-785. 11. Jantet GH, Taylor GH, Kinmonth JB. Operations for primary lymphedema of the lower limbs: results after 1-9 years. J Cardiovasc Surg 1961;2(1):27-36. 12. Kinmonth JB. The limphatics: diseases, limphography and surgery. London: Edward Arnold Ltda; 1972. 13. Kondoleon E. Die operative behandlung der elephantiastischen oedeme. Zentralbl F Chir 1912;39(12):1022-1025. 14. Kondeleon E. Die Dauerrersultate der chirurgischern Behandlung der elephantiastischen lymphödem. Munchen Med Wchnschr 1915;62(4):541-542. 15. Mayall RC. Tratamento dos linfedemas. Rev. Brasil Cardiovasc 1969;5:329-346. 16. Mowlem R. The treatment of lymphedema. Br J Plast Surg 1948;1:48-55. 17. Nielubowicz J, Olszwski W. Surgical lympho-venous shunts for decompression of secondary lymphedema. J Cardiovasc Surg 1996;37(special issue):1-384. 18. O'Brien BM. Long-term results after microlymphatico-venous anastosomoses for the treatment of obstructive lymphedema. Plast Reconstr Surg 1990;85(4):562-72. 19. Servelle M. Surgical treatment of lymphedema: a report of 652 case. Surgery 1987;101(4):485-495. 20. Silva W. Elefantíase dos membros inferiores. contribuição ao tratamento cirúrgico. Tese - Professor Titular da Disciplina de Cirurgia Vascular da UFPE, Recife, 1985. 21. Silva W. Li nfedema dos membros inferiores. in: Moraes IN, Mello JB, Nahas P. Residente de cirurgia. São Paulo: Roca; 1992. p. 1009-1012. 22. Silva W. Doenças dos linfáticos. In: Lane JC, Bellen BV. O exame de paciente vascular São Paulo: BYK; 1995. Capítulo 13. p. 121-129. 23. Sistrunk WE. Further experience with the Kondoleon operation for elephantiasis. JAMA 1918;71:800-806. 24. Sistrunk WE. Contribution to Plastic Surgery. Ann Surg 1927;85:185-193. 25. Thompson N. Surgical treatment of chronic lymphedema of the lower limb. with preliminary report of new operation. Br Med J 1962;2(17):1566- 1573. 26. Thompson N. The surgical treatment of chronic lymphedema of the extremities. Surg Clin North Am 1967;47(5):445-503. 27. Vermeulen WJ. Experience with the Thompson Procedure as treatment for filarial elephantiasis of the extremities. in: Clodius L. Lymphedema. Supplement to "Lymphology". Stuttgart: Georg Thieme Publishers; 1977. Capítulo 9; p. 121-129. 28. Carnochan JM. Elephantiasis Arabum of the right inferior extremity successfully treated by ligature of the femoral artery. New York J Med 1852;9(2):161-169. Versão prévia publicada: Nenhuma Conflito de interesse: Nenhum declarado. Fontes de fomento: Nenhuma declarada. Data da última modificação: 15 de junho de 2001. Como citar este capítulo: Silva W. Tratamento cirúrgico do lindefema. In: Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www.lava.med.br/livro Sobre o autor: Tratamento Cirúrgico do Linfedema Waldemy Silva 16/05/2003 Página 15 de 15 Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL:http://www.lava.med.br/livro Waldemy Silva Professor Titular da Disciplina de Cirurgia Vascular da Unverisidade Federal de Pernambuco, Recife, Brasil. Endereço para correspondência: Rua Samuel Pinto 90, apto. 202 Boa Vista 50.050-240 Recife, PE. Fone/fax: +81 3221 3289
Compartilhar