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Projeto Final Saudações, caro leitor(a). Como não nos conhecemos, vou te contar como vim parar aqui. Cerca de 6 meses atrás tomei a decisão de perseguir um antigo sonho, cursar Ciência da Computação. Pretendo iniciar minha segunda graduação (sou engenheiro civil) no início do próximo ano, mas já comecei meus estudos através dos cursos online gratuitos existentes em plataformas como Coursera, edX, Udacity, etc. Recentemente descobri uma iniciativa muito interessante da comunidade online chamada OSSU - Open Source Society University (Universidade da Comunidade Open Source). Trata-se da simulação do currículo de um curso de graduação em Ciências da Computação baseado em cursos online gratuitos, assim como este que finalizamos. Os idealizadores da OSSU elegeram o curso Aprendendo a Aprender como um preparativo para a jornada de estudos e estou muito feliz que tenha finalizado este curso. Dito isto, vamos ao que interessa. Aprendendo a Aprender: Projeto Final Tão importante quanto elencar as técnicas que auxiliam o aprendizado é, também, conhecer as técnicas que não trazem benefícios justificáveis, podendo até mesmo iludir o estudante ao transmitir uma falsa sensação de entendimento (ilusão de competência). À seguir, busquei fazer a minha leitura das 10 regras do bom e do mau estudo, compiladas no curso Aprendendo a Aprender. Este conteúdo foi extraído da obra APRENDENDO A APRENDER - COMO TER SUCESSO EM MATEMÁTICA, CIÊNCIAS E QUALQUER OUTRA MATÉRIA (Mesmo se Você foi Reprovado em Álgebra), por Barbara Oakley, Editora INFOPRESS, 2015. AS 10 REGRAS DO MAU ESTUDO (COMO MELHORA-LAS) Interessante esclarecer o conceito de ilusão de competência antes de iniciarmos. Ilusões de competência são situações onde acreditamos que estamos aprendendo alguma coisa ao utilizar determinada técnica de estudo quando, na verdade, estamos apenas nos iludindo. Este conceito ficará mais claro ao ler as 10 regras de como se sabotar, à seguir. 1. Releitura passiva - sentar passivamente e correr os olhos pelas páginas. A releitura passiva é um desperdício de tempo. Apenas reler o texto na esperança de reter mais informações não é a maneira mais produtiva para aproveitar seu tempo de estudo. Para que a releitura seja realmente útil, tente relembrar a ideia principal que cada parágrafo traz antes de lê-lo. Com isso você estará testando seu prévio entendimento e praticando a primeira técnica para o bom estudo: recordar/relembrar. 2. Deixar que os textos destacados confundam você. O ato, em si, de destacar o texto transmite uma ideia de que aquela informação está sendo gravada no cérebro. Esta técnica não passa de uma ilusão de competência, a menos que você consiga comprovar esta técnica se submetendo a mini-testes (questões, relembrar, explicar o assunto a alguém), o que remete à segunda técnica para o bom estudo: teste a si mesmo. 3. Apenas olhar para a solução de um problema e pensar que você sabe como resolvê-lo. Se apenas olhar a solução de um problema realmente fosse eficiente, os livros didáticos não trariam exercícios para serem resolvidos por conta própria. O “dever de casa” é fundamental para consolidação do conhecimento. O ato de resolver um exercício, principalmente sem consultar o livro didático, é a melhor maneira de testar seu entendimento, consolidar as informações e se preparar para uma prova. 4. Esperar até o último minuto para estudar. Essa técnica é, talvez, a maior enganação quanto a aquisição de conhecimento. Você pode até ser aprovado em alguma disciplina utilizando essa técnica. Eu mesmo fiz isso algumas vezes durante meu curso de Engenharia Civil. E por isso posso dizer: não passa de uma enganação. Quando precisei do conhecimento outra vez, tive que recorrer aos livros e aprender realmente, visto que não havia nada em minha memória para que fosse recordado. 5. Resolver repetidamente problemas do mesmo tipo que você já sabe como resolver. Talvez a insegurança leve algumas pessoas a praticar essa técnica movidas por pensamentos como “será que eu aprendi?” (que é um questionamento saudável a se fazer no processo de aprendizagem). Porém, se você já sabe como resolver, dê um passo adiante e não perca mais tempo. Se programar para que seja possível, algum tempo depois, refazer (repetindo) uma série de exercícios, tanto é benéfico para o aprendizado quanto para lhe dar a segurança de que você será testado novamente antes de uma prova, por exemplo. Reforçando: algum tempo depois. Com isso você também estará utilizando a quarta regra para o bom estudo: repetições espaçadas. 6. Deixar sessões de estudos com os amigos se transformarem em sessões de conversa. Você deve ser honesto com o seu propósito o tempo todo. A clara sensação de enganar a si mesmo não traz benefício algum ao aprendizado. Reunir com amigos para estudar e transformar esse momento em reunião social não tem sentido. Melhor seria irem pra um local mais apropriado para reuniões sociais. Para que uma sessão de estudos em grupo seja eficiente, é interessante que se tenha uma espécie de guia que possibilite a todos os integrantes do grupo saber como se comportar, interagir e avançarem juntos durante a sessão. Por exemplo: os primeiros 10 minutos para leitura superficial da lista de exercícios e anotações que julgarem importantes; em seguida 5 minutos para solução do primeiro exercício sozinhos; logo após passem a discutir sobre a solução do exercício até que todos estejam alinhados. Mesmo que pareça muito engessado, esse guia permite que cada um se adeque a um padrão que possibilite a todos tentar resolver por si só, sem interferências, e posteriormente discutir as soluções com todos, consolidando visões diferentes sobre a questão. As primeiras sessões podem requerer mais esforço, mas depois de algumas sessões esse grupo de estudos estará com um rendimento otimizado e muito produtivo. 7. Deixar de ler o livro texto antes de começar a trabalhar os problemas. Essa técnica deveria produzir a mesma sensação de se imaginar entrando em um mar agitado sem saber nadar. O livro é como um professor de natação que te guiará até as respostas, evitando que você fique se debatendo e desperdiçando o seu tempo. No entanto, é interessante que se dê uma rápida olhada no capítulo todo antes de iniciar a leitura, para ter uma noção do que será aprendido. 8. Não esclarecer dúvidas com seus professores ou colegas. Dúvidas só existem para ser sanadas. As dúvidas são a garantia de que você ainda não dominou o assunto, é o alarme que o seu cérebro toca pra te lembrar de procurar entender aquela parte do raciocínio que ainda não está clara. Nada melhor para sanar essa dúvida do que um professor, monitor ou até mesmo um colega que entendeu aquela parte do assunto. Perguntar aos outros pode parecer constrangedor para algumas pessoas, mas falhar em um teste é muito mais constrangedor, sem dúvidas. O que você prefere: vencer a vergonha ou falhar em um teste? 9. Pensar que você pode aprender profundamente quando você está sendo constantemente distraído. Qualquer distração reduz sua capacidade de foco. Imagine-se participando de uma corrida: as distrações são como buracos na pista. Caso você ‘caia’ em um distração a chance de ser ultrapassado por outro competidor ou se machucar é grande. Você dificilmente terá um bom desempenho ao final da corrida se ficar ‘caindo em distrações’. O mesmo raciocínio vale para o estudo. 10. Não dormir o suficiente. Este é o pior erro que se pode cometer, sob pena de invalidar todo esforço prévio antes do teste. Você pode ter estudado aplicando boas técnicas, ter se testado anteriormente e ter uma boa expectativa para a prova. O simples fato de não dormir bem e estar não estar descansado para o momento do exame pode pôr tudo a perder. É durante o sono que as neurotoxinas são ‘lavadas’ de nosso cérebro, permitindo que as conexões neurais necessárias para o pensamento rápido sejam feitas no dia seguinte.Além disso, durante o sono o nosso cérebro trabalha no modo difuso construindo ligações que consolidam as informações e os blocos de memória construídos em sessões de estudo e prática. Vamos então analisar o que devemos fazer para obter sucesso em nossos estudos. AS 10 REGRAS DO BOM ESTUDO 1. Relembre: depois de ler um parágrafo, relembre as principais ideias, sem olhar pra ele. Ao final da página, repita o procedimento relembrando as principais ideias de toda a página. A habilidade de gerar as ideias dentro de você mesmo é um ótimo indicador de aprendizado. 2. Teste a si mesmo: descubra se você realmente aprendeu. Teste-se o tempo todo. 3. Divida seus problemas: dividir o problema em partes permite, ao final, entender como funciona sua solução. Depois de resolve-lo por completo, repita. Tenha certeza que é capaz de resolve-lo por inteiro, passo a passo. 4. Faça repetições espaçadas: o cérebro é como um músculo, ele é capaz de lidar com uma quantidade limitada de exercícios por dia. Dessa forma, faça como um atleta e pratique diariamente em pequenas doses para que seu cérebro se fortaleça ao longo do tempo e melhore seu desempenho. É interessante que o espaçamento seja gradativo, aumentando com o passar dos dias, garantindo inclusive que a técnica de relembrar consolide a memória. 5. Alterne diferentes técnicas de resolução de problemas durante sua prática: esta é uma técnica contra-intuitiva pois os livros geralmente não são estruturados dessa forma. Os livros trazem uma cadeia sequencial de ensino, o que faz sentido no momento do primeiro entendimento. Misturar e trabalhar diferentes tipos de problemas nos ensina como e quando usar uma determinada técnica para solução do problema. 6. Faça pausas: é normal ‘travarmos’ em algum momento da solução de problemas ou não entender algum conceito quando você o conhece pela primeira vez. Esse fato corrobora, inclusive, a necessidade da prática espaçada no aprendizado. Quando ocorrer a frustração, faça uma pausa, permitindo que o modo difuso do seu cérebro (subconsciente) também trabalhe. Quantas vezes você já experimentou a sensação de, após algum tempo, entender alguma coisa ‘do nada’? Acredite no modo difuso do seu cérebro. Dê trabalho a ele! 7. Use questionamentos explicativos e analogias simples: sempre que você estiver estudando um novo assunto, principalmente quando o esforço aplicado não estiver produzindo os resultados esperados, imagine como você poderia explicar aquele assunto para uma criança de 10 anos. Exercite essa técnica, explique em voz alta pra essa criança imaginária (crianças de verdade tendem a produzir muita distração!). De repente você estará buscando analogias que tornem a explicação mais fácil, bem como palavras mais simples, o que te levará a ter um entendimento melhor. 8. Foco: evite distrações quando for estudar. Utilizar a técnica de Pomodoro nessa etapa é muito útil. Consiste em configurar um temporizador (seja através de cronômetro, alarme ou aplicativo específico) para um período normalmente de 25 minutos de foco total seguido de uma pausa de 5 minutos, para então reiniciar o ciclo. O interessante é ter um tempo maior no qual você se dedique com foco, evitando todo e qualquer sinal de distração (celular, whatsapp, televisão, rádio e afins). Após o período de foco você terá uma pausa onde poderá checar sua vida social e, como um bônus, induzir seu cérebro a trabalhar em modo difuso com as informações trabalhadas durante o período de modo focado. Outro benefício desta técnica, além de intercalar entre os modos focado e difuso, é que você divide sua sessão de estudo ou resolução de problemas em etapas, dando mais atenção ao processo de estudo do que o produto deste. Muitas vezes ao se pensar no trabalho final a ser realizado criamos uma barreira, internamente entendida como o desconforto de uma dor física, que geralmente nos leva a procrastinar. 9. Comece pelo o mais difícil: esta é outra técnica contra-intuitiva. Os livros, por terem a missão de ensinar pela primeira vez, geralmente utilizam uma abordagem sequencial sobre o assunto, permitindo que o leitor construa o entendimento de maneira organizada. Porém, na hora de resolver exercícios, comece pelo mais difícil. Você certamente estará mais descansado no início da prática de exercícios e poderá tirar proveito disso. Caso não consiga resolver na primeira abordagem, passe para um exercício mais simples. Dessa forma você vai focar sua atenção em outras informações e deixará o modo difuso do seu cérebro trabalhando com aquele problema mais complicado. Quando você retornar ao problema inicial possivelmente terá um entendimento melhor do que na primeira abordagem, te auxiliando em sua solução. O mais importante dessa técnica é não passar muito tempo lutando para encontrar a solução. Gaste entre 1 e 2 minutos e passe adiante. 10. Faça uma comparação mental: lembre de onde você veio e então imagine onde os seus estudos irão leva-lo. Seja o seu maior apoiador, não o sabotador. Busque maneiras de se estimular positivamente quando estiver pouco motivado, seja através de frases de efeito, fotos que traduzam seus objetivos ou te estimulem a buscar mais. Compare o seu eu passado com o seu eu futuro e persista no sonho! Por fim, vou compartilhar com vocês uma técnica muito interessante que conheci (antes do curso Aprendendo a Aprender), de um físico ganhador do Prêmio Nobel chamado Richard Feynman. A técnica é conhecida como Os 4 Passos Para Aprender Tudo o Que Quiser. Aproveito para agradecer o pessoal do Integrando Conhecimento que me cedeu, gentilmente, a referência ao vídeo que eles têm no YouTube sobre a técnica em questão (clique aqui e veja o vídeo). Aproveitem para se inscrever no canal deles, além de visitar a página na web. Feynman defendia que existem dois tipos de sabedoria: a que é focada em saber apenas o nome de alguma coisa e a que é focada em saber, de fato, alguma coisa. Vamos aos quatro passos para saber, de fato, alguma coisa: 1. Escolha um conceito ou tema: Escolha qualquer tema que queira aprender. Qualquer um. Anote-o em uma folha. Aqui você começa a desenvolver uma ideia geral sobre o tema. 2. Escreva sobre o tema como se estivesse ensinando uma criança: Em seguida escreva tudo o que você sabe sobre esse tema. Mas faça de uma maneira que até mesmo uma criança possa aprender, usando palavras simples e esclarecendo todos os detalhes, afinal você está ensinando uma criança, e não um adulto. 3. Volte no tema e pesquise sobre ele: Ao executar o passo anterior deverá ficar claro pra você que existem algumas informações confusas e até mesmo lacunas no seu conhecimento sobre o tema. É aí que você vai realmente aprender. Volte às fontes de informação sobre o tema e pesquise o que ainda gerar dúvidas. Continue preenchendo os vazios do item anterior com palavras simples e todos os detalhes possíveis até se sentir satisfeito. 4. Revise e simplifique ainda mais: Revise o que escreveu e simplifique ainda mais. Não utilize jargões, eles devem ser traduzidos em palavras simples. Leia em voz alta e se imagine explicando pra uma criança. Se soar complicado ou confuso, talvez você não tenha entendido alguma parte muito bem. Então crie analogias que expliquem os conceitos, elas asseguram o entendimento do assunto e fortalecem sua compreensão. Perceberam como a técnica do Feynman traz vários assuntos abordados no curso Aprendendo a Aprender? É isso! Obrigado pela atenção! Fontes (retiradas do vídeo cedido pela equipe do Integrando Conhecimento): [1] Livraria Cultura: Feynman – A natureza do gênio. [2] Cal Newport: Anotações de Feynman. [3] Cal Newport: The Feynman notebook method. [4] University College London: Learning on steroids with Richard Feynman. [5] BBC: 4 passos para aprender tudo que você quiser, segundo um Nobel da Física [6] Curiosity: Learn Anything In Four Steps With The Feynman Technique
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