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Sonia Draibe- Governo Dutra

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ECONOMIA 
FLORIANÓPOLIS/SC
Disciplina: formação Econômica do Brasil II
Prof. Silvio A F Cario
Graduanda: Geanny Paula Thiesen | Matrícula: 16102904
QUESTÕES PARA DEBATE
Draibe, S. Rumos e metamorfoses – um estudo sobre a constituição do Estado e as alternativas da industrialização no Brasil – 1930/1960 pg. 138-176.
1ª.) Por que no Governo Dutra não se procedeu o desarmamento da capacidade intervencionista e regulatória do Estado? 
2ª.) Explique, por que do ponto de vista quantitativo, o aparelho econômico do Estado sofreu movimento de expansão, destacando os principais órgãos criados e reestruturados.
3ª.) O que foi o Plano Salte do Governo Dutra? Aponte suas características – áreas privilegiadas e a estrutura e dificuldade de obtenção de financiamento 
4ª.) Explique a constituição da Comissão Técnica Mista Brasileiro-Americana de Estudos Econômicos – CMBEU – e seus objetivos? 
5ª.) Qual foi o posicionamento dos empresários – Classes Produtoras – a respeito das mudanças estruturais e econômicas propostas naquele período? 
6ª.) Discuta o alcance das reformas fiscal e bancária do Governo Dutra.
7ª.) Por que as empresas públicas no Governo Dutra – CVRD, CNA, FNM, CSN, CHESF não se constituíram numa alternativa de financiamento para os projetos de investimentos? 
8ª.) Discuta as posições intervencionistas e liberais, bem como as disputas de posições em órgãos de comando da política econômica do Governo Dutra.
Segundo Draibe no governo Dutra o organismo econômico e os instrumentos de intervenção estatal permaneceram praticamente os mesmos, mantendo-se no seu perfil o padrão intervencionista armado desde os anos de 1930, mas a sua dinâmica de funcionamento foi alterada. Sob o governo Dutra, não se procedeu, de fato, ao desarmamento da capacidade intervencionista e regulatória do Estado: o retorno aos termos mais liberais do pré 30 era uma impossibilidade história, por razões de diferentes níveis; em termos gerais, porque, em relação à Primeira República, eram muitos distintos os interesses econômicos e políticos, tanto quanto seu modelo de organização e expressão, que já operavam nas estruturas centralizadas do Estado Nacional. Após 1945 foram objetos de extinção ou neutralização exatamente os órgãos potencialmente capazes de cumprir funções centralizadoras de coordenação e planejamento.
Entre março e abril de 1946, para levar adiante o combate à inflação foram criadas a Comissão Central de Preços, no Ministério do Trabalho, Indústria e Comercio, e a Comissão Nacional do Trigo, no Itamarati. No mesmo ano, foram constituídas a Fundação da Casa Popular e a Divisão da Economia Cafeeira, órgão do Ministério da Fazenda que substituía o Departamento Nacional do Café. Em 1947, criaram-se a Comissão Executiva de Defesa da Borracha e a Comissão Consultativa de Intercâmbio Comercial com o Exterior. Em setembro de 1950 foi instalada a Comissão do Xisto Betuminoso e em novembro de o Conselho Nacional da Economia previsto pela Constituição de 1946. A comissão do Vale do São Francisco e o projeto de criação da Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia são iniciativas conhecidas desse período. Em janeiro de 1951, no ultimo mês do governo, foi criado o Conselho Nacional de pesquisas, cuja proposta era anterior a 1945 e que se destinava ao controle de recursos naturais considerados militarmente estratégicos, entre outras funções. 
Plano Salte foi uma tentativa de estabelecer, de forma coordenada e sistematizada, programas parciais de empreendimentos e obras públicas. O plano estabelecia em detalhe os projetos de investimento estatal nas áreas de saúde, alimentação, transporte e energia. Pretendia apenas ordenar os gastos de investimentos públicos que necessariamente ultrapassassem os prazos anuais de previsão orçamentária, e não previa um fluxo financeiro ajustado às exigências de recursos dos projetos, visto que não definia cronogramas de execução. Também foi elaborado sobre bases financeiras precárias e não teve apoio de nenhum órgão central de controle que garantisse sua execução. A base financeira do Plano Salte é precária, suas fontes financeiras eram dotações orçamentárias comuns, somadas àquelas determinadas pela Constituição. 
A Comissão Técnica Mistos Brasileiro-Americana de Estudos Econômicos foi constituída em 1948, com objetivo de estudar os elementos estruturais e conjunturais vistos como obstáculos ao desenvolvimento do país e, como inspiração maior, o desejo de elaborar para a América Latina um plano do teor do Plano Marshall. Segundo essa comissão, alguns dos fatores que impediam o desenvolvimento econômico era a taxa de natalidade elevada; carência de energia; dependência externa; falta de financiamento doméstico e inflação. 
Setores empresariais marcavam a sua posição: um projeto de desenvolvimento econômico que ultrapassasse o nível de mera modernização da infraestrutura; que integrasse a criação de indústrias de base e máquinas nacionais; que estabelecesse os limites dentro dos quais o Estado participaria na economia- indireta, preferencialmente, e quando necessário, de forma paritária com capitais privados; e que articulasse a associação com capitais estrangeiros privados e públicos.
A reforma do imposto de renda, como tentativa de alterar os esquemas de financiamento externo e de um projeto de reforma bancária constituíram, no governo Dutra, as medidas mais significativa para enfrentar os déficits orçamentários e reestruturar o sistema bancário e creditício do país. No substancial, a reforma constituiu na elevação de taxas proporcionais de algumas espécies de rendimento: aumentou-se a tributação real sobre as rendas de títulos ao portados, ou a residentes no exterior, e elevou-se o imposto complementar para as altas rendas.
As empresas públicas não constituíram um núcleo estratégico nos planos governamentais. É verdade que não foram desmobilizadas e privatizadas; mas também é certo que política governamental não ultrapassou o nível mínimo de seus requerimentos.
Não se pode afirmar que durante o governo Dutra, houve uma efetiva reversão liberal nas relações entre o Estado e a economia, a partir da queda do estado Novo e da reordenação democrática de 1946. As alterações no funcionamento do estado levam-nos antes a constatar que se mantiveram em funcionamento os mecanismos fundamentais de regulação e intervenção estatal, sejam aqueles definidores das relações capital e o trabalho, sejam os de controle da moeda e do crédito ou do comércio exterior, os de regulação da produção e consumo ou, finalmente as formas mais expressivas de intervencionismo econômico: as empresas estatais. Mais ainda encaminhou-se, no período, um plano, que, por limitado que fosse, estabelecia um patamar mínimo de coordenação das atividades econômicas do Estado. Nesse sentindo, pode-se dizer que o discurso liberal que parecia estar sendo enunciado por núcleo da direção política não tomou forma nem feição na materialidade.

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